Análise de crescimento em cenoura, cv. Brasília, cultivada na primavera, em Jaboticabal-SP. Talita Fazzari França1; Fabiana Camargo dos Reis2; Arthur Bernardes Cecílio Filho3 1 Aluna do curso de Agronomia, Unesp, campus de Jaboticabal-SP; campus de Jaboticabal-SP; 3 2 Aluna do curso de Agronomia, Unesp, Prof. Dr., UNESP - Depto. Produção Vegetal, Via de acesso Prof. Paulo Donato Castellane, s/n, 14.884-900 Jaboticabal-SP. [email protected] RESUMO O objetivo do trabalho foi avaliar o crescimento de cenoura, cv. Brasília, através da altura da planta, número de folhas, projeção da copa no solo, massa seca da parte aérea e massa fresca da raiz. O experimento foi realizado na UNESP, campus de Jaboticabal, SP. Plantas foram coletadas a cada 10 dias, após o desbaste (10, 20, 30, 40, 50, 60 e 70 dias após o desbaste). Maiores incrementos em altura e número de folhas foram observados até 40 dias após o desbaste, enquanto que maiores incrementos de massa seca da parte aérea e massa fresca de raiz após 40 dias do desbaste. PALAVRAS CHAVE: Daucus carota, desenvolvimernto, crescimento. ABSTRACT Growth analysis in carrot (to cultivate Brasília), cultivated in the spring, in JaboticabalSP. The objective of the work went to evaluate the carrot growth, cv. Brasília, through the height of the plant, number of leaves, projection of the cup in the soil, dry mass of the aerial part and fresh mass of the root. The experiment was carried out at UNESP, campus Jaboticabal, SP, Brazil. For so much it was made direct sowing in stonemason on the 9/15/2003. After roughing, plants were collected every 10 days (10, 20, 30, 40, 50, 60, 70 and days after roughing). Largest increments at height and number of leaves were observed until 40 days after roughing, whereas largest increments of aerial part dry mass (APDM) and tuberous root fresh mass were observed after 40 days of roughing. KEYWORDS: Daucus carota, development, growth. A cenoura (Daucus carota) é a principal hortaliça de expressão econômica da família Apiaceae, com cultivos em todo o território brasileiro. A planta é constituída por uma raiz tuberosa, carnuda, lisa, reta, sem ramificações, de formato cilíndrico ou cônico, de coloração alaranjada. Apresenta um tufo de folhas, em posição vertical e quando em pleno vigor vegetativo, alcança de 30 a 60cm de altura. A colheita em geral, é realizada 3 a 4 meses após a semeadura. Dentre as cultivares de cenoura produzidas em nosso país para cultivo de primavera, verão, segundo Nascimento & Vieira (1992), a cv. Brasília tem se destacado, sendo plantada, em praticamente, todo território nacional. A análise quantitativa de crescimento se constitui uma ferramenta que, bem utilizada, é um complemento de grande utilidade na análise experimental. Ela torna-se muito importante nas pesquisas ligadas à produtividade vegetal, tanto com características intrínsecas de uma determinada espécie vegetal, quanto na avaliação da influência dos fatores ambientais ou técnicas sobre a espécie em questão (Lucchesi, 1984). É um método que descreve as condições morfo-fisiológicas da planta em diferentes intervalos de tempo, entre duas amostras sucessivas e se propõe a acompanhar a dinâmica da produção fotossintética, avaliada por meio da acumulação de matéria seca (Magalhães, 1979). MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na área experimental do Setor de Olericultura e Plantas Aromático-Medicinais, do Departamento de Produção Vegetal, da UNESP, campus de Jaboticabal, SP, no período de setembro a dezembro de 2003. O solo da área experimental é um Latossolo Vermelho Eutroférrico típico, com textura muito argilosa A moderado caulinítico-oxídico (ANDREOLI & CENTURION, 1999) e a análise química, revelou: pH (CaCl2) = 5,3; P(resina) = 98mg.dm-3; 31; 38 e 7mmolc.dm-3, respectivamente de K, Ca e Mg e V = 62%. O preparo do solo constou de aração, gradagem e formação dos canteiros com rotoencanteiradora. Não foi feita calagem. A adubação de plantio foi feita com aplicação de 100 gramas por m2 de fertilizante NPK 4-30-16. As adubações de cobertura constaram de aplicação de 3g/m de nitrato de amônio mais 3g/m de cloreto de potássio, aos 25 dias após a semeadura (DAS) e 4g/m de nitrato de amônio e 4g/m de cloreto de potássio, aos 40 e 55 DAS. Foi feita irrigação por aspersão. A semeadura da cenoura, cultivar Brasília, foi realizada no dia 15/09/2003, em espaçamento de 0,25m entrelinhas. Posteriormente, aos 25 DAS foi realizado desbaste para adequar o espaçamento entre plantas na linha em 0,05m. Plantas foram coletadas aos 10, 20, 30, 40, 50, 60 e 70 dias após o desbaste, avaliandose a altura da planta (cm), o número de folhas por planta, a projeção da copa no solo (cm), massa seca da parte aérea (g/planta) e massa fresca da raiz (g/planta). Os dados foram submetidos à análise de regressão no Programa ESTAT, do Departamento de Ciências Exatas da Unesp, campus de Jaboticabal. Foram escolhidas as equações de ajuste que se apresentaram significativas e com maior coeficiente de determinação. RESULTADOS E DISCUSSÃO As curvas que representam a evolução da altura e número de folhas da cenoura ajustaram-se à regressão cúbica (Figura 1). A altura e número de folhas máximos foram alcançados com, respectivamente, 65 e 68 dias após o desbaste (DAD), cerca de 90 a 93 dias após a semeadura. 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 10 12 10 8 6 4 Número de folhas/planta Altura (cm) Yaltura = 9,014286 - 0,2199471X + 0,03055159X 2- 0,0002953704X 3 R2= 0,9607** Ynº folhas = 2,0 + 0,1059788X+ 0,002535714X 2 - 0,00003240741X 3 R2= 0,9796** 2 0 20 30 40 50 60 70 Nº de dias após o desbaste Altura Nº de folhas Figura 1. Altura de plantas e número de folhas de cenoura em função do número de dias após o desbaste. Unesp, Jaboticabal-SP, 2004. Os maiores incrementos em altura e número de folhas foram observados até 40 dias após o desbaste (65 dias de ciclo), quando as plantas apresentavam 70% e 76,5%, respectivamente, do máximo atingido nestas características. A projeção da parte aérea da planta no solo atingiu 85% do seu máximo logo aos 40 DAD (Figura 2). A massa seca da parte aérea (MSPA) apresentou comportamento quadrático mediante a evolução do ciclo. Até 30 DAD foram observados elevados incrementos em MSPA. Entretanto, mesmo nas avaliações subseqüentes, os incrementos foram bastante altos, observando-se na última época (70 DAD) incremento de 40% na massa seca da parte aérea, em relação aos 60 DAD (Tabela 1). Comportamento semelhante a MSPA teve a massa fresca da raiz (MFR), com forte incremento a partir de 30 dias após o desbaste, cerca de 55 dias de ciclo (Figura 2). 30 120 25 100 20 80 15 60 10 40 5 20 0 MSPA e MFR (g/planta) Projeção da copa (cm) Yproj. da copa = -6,719048 + 1,731680X - 0,03473810X 2 + 0,0002379630X 3 R2= 0,9802** YMSPA = 0,08761905 - 0,03933452X + 0,002847500X 2 R2= 0,9902** YMFR = 3,173810 - 0,7835885X + 0,03166829X 2 R2= 0,9486** 0 10 20 30 40 50 60 70 Nº de dias após o desbaste Projeção da copa MSPA MFR Figura 2. Massa seca da parte aérea (MSPA), massa fresca da raiz (MFR) e projeção da parte aérea sobre o solo, de plantas de cenoura, em função do número de dias após o desbaste. Unesp, Jaboticabal-SP, 2004. Tabela 1. Incremento percentual das características da planta de cenoura, altura (ALT), número de folhas (NF), projeção da parte aérea (PPA), massa seca da parte aérea (MSPA) e massa sesca da raiz (MFR), entre as datas de amostragem de plantas (número de dias após o desbaste). Jaboticabal, Unesp, 2004. DAD* ALT NF 10 20 51,5 48,6 30 51,5 35,1 40 37,6 24,8 50 24,1 16,6 60 12,1 9,4 70 0,0 2,3 * DAD = número de dias após o desbaste PPA 116 28 9 3 3 10 MSPA 234 108 70 52 42 MFR 4700 175 92 63 48 Constata-se que na época em que há forte incremento massa fresca da raiz, estas taxas de incremento em altura, número de folhas e projeção da parte aérea (Tabela 1), são fortemente reduzidas, muito embora sejam constatados consideráveis incrementos na parte aérea. O incremento em peso das raízes nos últimos 10 dias de ciclo foram de 47,5% (103,5g/70,16g), o que equivale à produção adicional de 20 toneladas por hectare; considerando-se uma população de 600.000 plantas por hectare. LITERATURA CITADA ANDREOLI, I.; CENTURION, J. F. Levantamento detalhado dos solos da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Jaboticabal. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO, 27, 1999, Brasília. Anais. Brasília: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 1999. 32p. (TO25-3 CDROM). BENINCASA, M. M. P. Análise de crescimento de planta. Jaboticabal: FUNEP, 1988.42p. CAMARGO, L. S. As hortaliças e seu cultivo. Fundação Cargill, Campinas, SP, 2-4/124-130/216217, 1992. LUCCHESI,A. A. Utilização prática da análise vegetal. Anais da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, v.41, p.181-201, 1984. MAGALHÃES, A. C. N. Análise quantitativa de crescimento. In: FERRI, M.G (Coord.). Fisiologia Vegetal. São Paulo: EPU e EDUSP, 1979. v.1, p.331-50. 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