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Biodiversidade
1-Introdução
A biodiversidade do planeta é imensa. Já foram descritas aproximadamente
1,75 milhões de espécies, essa biodiversidade representa apenas uma pequena
fração do número total de espécies estimadas pelos pesquisadores. Acredita-se
que há no mundo entre 3,4 milhões a 110 milhões de espécies de seres vivos.
Dessa forma, há muito que se fazer para conhecer e catalogar essas novas
espécies que podem apresentar grande relevância biológica. Para se ter uma
ideia, no Brasil, segundo estimativas otimistas, seriam necessários oitocentos
anos para catalogar as espécies de seres vivos existentes e ainda desconhecidas
dos taxonomistas brasileiros.
A maior responsabilidade sobre a preservação da diversidade biológica
recai sobre os dezessete países Megadiversos, que em conjunto abrigam
aproximadamente 70%
das espécies
de
seres
vivos do planeta. São
representados pelos seguintes países: África do Sul, Austrália, Brasil, China,
Colômbia, Equador, Estados Unidos, Filipinas, Índia, Indonésia, Madagascar,
Malásia, México, Papua-Nova Guiné, Peru, República Democrática do Congo e
Venezuela.
Wikimedia Commons – imagem de uso livre.
Os 17 países megadiversos, segundo o World Conservation Monitoring Centre
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De todos os países Megadiversos o Brasil se destaca apresentando a maior
biodiversidade do planeta, citando alguns números: 2.500 espécies de peixes (1º
lugar em biodiversidade), 887 anfíbios (1º lugar), répteis 727 (2º lugar) aves 1.834
(3º lugar), 680 mamíferos (1º lugar), 45.000 plantas com flores e frutos (1º lugar).
De um modo geral considerando outros grupos biológicos estima-se que o
Brasil detenha 20% das espécies biológicas existentes no planeta.
2-Importância da Biodiversidade
Cada espécie de ser vivo apresenta o seu valor intrínseco e um patrimônio
genético único, representa um elo na intrincada malha de interdependência da
vida.
Moralmente, todos os seres vivos têm direito à vida. Fazem parte da história
dos povos e estão ligados a fortes tradições culturais, por exemplo, no Japão, as
cerejeiras são reverenciadas na época de sua floração, simbolizam a perfeição e a
procura da superação; para o povo japonês, cada botão floral quer mostrar o seu
máximo potencial ao desabrochar. Considere as consequências culturais de uma
extinção das cerejeiras no Japão.
No Brasil, quem não se sensibiliza com a beleza das orquídeas, da vitóriarégia, que faz parte do folclore nacional, ou dos ipês em época de florada?
Além desses valores mais subjetivos é a biodiversidade que assegura a
sobrevivência humana, quase toda alimentação humana depende de vegetais e
proteína de origem animal.
Cerca de 50% dos medicamentos comercializados têm seu princípio ativo
baseado em substâncias extraídas de seres vivos.
Os combustíveis fósseis foram formados em épocas remotas pela matéria
orgânica presente nos organismos da época.
Os biocombustíveis são gerados pela atividade metabólica dos seres vivos.
Devemos ressaltar também a importância dos chamados “serviços
ambientais” prestados pelos seres vivos: sequestro e fixação de carbono,
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amenização de impactos climáticos, garantia da qualidade da água, participação
nos ciclos biogeoquímicos, polinização etc.
Segundo estimativas, a perda de biodiversidade representa prejuízos entre
US$ 500.000.000 a US$ 33.000.000.000.000 (quase o dobro do Produto Interno
Bruto Mundial) por ano.
3-Ameaças à Biodiversidade
As principais causas da perda de biodiversidade são:
# Fragmentação dos habitats naturais: sobretudo por ações antrópicas como o
desflorestamento, a urbanização e a construção de obras de infraestrutura
(rodovias, ferrovias, usinas hidroelétricas);
# Introdução de espécies exóticas: espécies que apresentam elevado potencial
biótico e levam vantagem competitiva em relação aos grupos nativos.
# Poluição: por alterar substancialmente os habitats pode reduzir drasticamente o
número de seres vivos dos ambientes, podemos citar, por exemplo, a eutrofização
de trechos do rio Tietê.
# Caça e pesca predatória: retiram um número exagerado de indivíduos de forma
sistemática e sem respeitar os períodos de reprodução; tendem a esgotar o
estoque biológico da espécie.
# Alterações climáticas: o efeito estufa tem provocado a elevação da
temperatura ambiental, que causa o derretimento das calotas polares, assim, as
“ilhas de gelo” estão mais afastadas entre si. Como tais refúgios abrigam ursos
polares do Hemisfério Norte para o repouso dos animais durante a caça, muitos
ursos têm morrido de fatiga por ter seu habitat perturbado.
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# Consumismo: utilizar produtos de forma desnecessária, ou descartar aparelhos
após pouco tempo de uso, só por estarem fora de “moda” (a obsolênscia
programada) causa grande prejuízo ambiental, pois para elaboração de novos
produtos serão gastos mais matérias primas e energia, gerando desgaste
ambiental.
4-Alternativas para a Preservação da Biodiversidade
A Convenção Sobre a Diversidade Biológica
Devido a grande importância da biodiversidade governos, populações e
empresas precisam se mobilizar para a preservação dos grandes Biomas
mundiais e para o desenvolvimento econômico sustentado.
A Convenção Sobre a Diversidade Biológica (CDB) realizada em 1993,
contou 175 países signatários. Foi um marco importante para a preservação da
Biodiversidade Global.
A CDB apresenta normas, diretrizes e princípios para orientar os países a
proteger
os
seus
recursos
biológicos,
sua
biodiversidade
e
promover
desenvolvimento sustentado.
O Brasil participa da Convenção Sobre a Diversidade Biológica segundo o
decreto Nº 2519 de 16 de março de 1998.
São algumas das diretrizes relacionadas à Convenção Sobre a Diversidade
Biológica para o Brasil: preservar 30% da área da Floresta Amazônica em
Unidades de Conservação Biológica. Os Biomas – Cerrado, Caatinga, Mata
Atlântica, Pantanal, Pampas, Zonas Costeiras e Marinhas- devem apresentar, pelo
menos, 10% de sua área em Unidade de Conservação Biológica. As Unidades de
Conservação precisam abranger pelo menos 66% das Áreas Prioritárias para a
Conservação Biológica. Todas as espécies ameaçadas de extinção necessitam
ser protegidas em Unidades de Conservação Biológica.
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Sistema Nacional de Conservação da Natureza (SNUC)
O Sistema Nacional de Conservação da Natureza foi instituído com a
promulgação da Lei Nº 9.985 de 18 de julho de 2000. O SNUC representa um
sistema com estudos avançados para a criação e gestão de Unidades de
Conservação (municipal, estadual e federal), permite a participação da
comunidade em pontos importantes da gestão das unidades, possibilitando o
diálogo entre a sociedade civil e o governo para a preservação da Diversidade
Biológica do Brasil.
Unidades de Conservação
As Unidades de Conservação são criadas em áreas relevantes para a
preservação ambiental (Hotspots e Grandes Regiões Naturais da Terra), protegem
a vegetação, as águas e os recursos naturais inscritos na reserva.
As Unidades de Conservação podem ser de dois tipos:
# Unidades de Proteção Integral: O grau de proteção é maior, não sendo
possível o uso direto dos recursos ambientais, assim, a intervenção humana deve
ser a mínima possível. Só são utilizados os recursos indiretos do bioma, por
exemplo, observação e coleta de dados para a pesquisa científica, atividades
associadas à educação ambiental. As Unidades de Proteção Integral são
representadas pelos: Parque Ecológico, Estação Ecológica, Reserva Biológica,
Monumento Natural e Reserva de Vida Silvestre.
# Unidades de Uso Sustentável: permite-se o uso sustentável dos recursos
ambientais, assegurando a capacidade de recuperação ambiental e o equilíbrio do
Bioma. Os benefícios precisam ser partilhados com a comunidade local.
Se enquadram como Unidades de Uso Sustentável: Área de Proteção
Ambiental, Floresta Nacional, Reserva de Desenvolvimento Sustentável, Reserva
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Extrativista, Reserva de Fauna, Área Relevante de Interesse Ecológico e Reserva
Particular de Patrimônio Natural.
Áreas Prioritárias para a Conservação Biológica
Representam áreas nas quais a conservação biológica é prioritária, são
subdivididas em:
# Hotspots: são áreas que apresentam elevada biodiversidade, grande número
de espécies endêmicas e possuem grande parte do seu território devastado.
São representados pelos: Andes Tropicais, Bacia do Mediterrâneo, Cáucaso,
Cerrado, Chifre da África, Filipinas, Florestas Valdívias, Floresta Pinho-Encino,
Florestas da Guiné, Florestas de Afromonteine, Ghats Ocidentais, Himalaia, Ilhas
do Caribe, Ilhas da Polinésia e Micronésia, Ilhas da Melanésia Oriental, Japão,
Karoo das Plantas Suculentas, Madagasgar, Mata Atlântica, Mesoamérica,
Montanhas do Arco Oriental, Maputaland-Pondoland-Albany, Montanhas do
Centro-Sul da China, Montanhas da Ásia Central, Nova Caledônia, Nova Zelândia,
Província Florística da Califórnia, Província Florística do Cabo, Regiões da IndoBirmânia, Região Irano-Anatólica, Sudoeste da Austrália, Sunda, Tmbes-ChocoMagdalena, Wallacea.
# Grandes Regiões Naturais da Terra: são áreas amplas, bem preservadas e
com grande biodiversidade. No Brasil, temos como exemplo a Floresta Amazônica
e o Pantanal.
Desenvolvimento Sustentável
São práticas voltadas para o crescimento econômico, preocupadas com a
repartição dos benefícios sociais e a conservação do meio ambiente.
Há empresas trabalhando dessa forma na extração de essências vegetais e
óleos essenciais para a indústria de cosméticos. A retirada de materiais é
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realizada de modo parcimonioso, gera divisa para a população local, que passa a
interagir e viver a educação ambiental com as práticas cotidianas, muitas famílias
que trabalham nesse extrativismo vegetal, anteriormente se dedicavam a
derrubada de árvores para a venda de madeira de lei.
Educação Ambiental
A União das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(UNESCO) desenvolve projetos associados à educação ambiental em vários
colégios e instituições educacionais por meio de parcerias.
O ano de 2010 foi considerado pela UNESCO o Ano Internacional da
Biodiversidade, procurou, por uma série de ações, sensiblizar e conscientizar a
população sobre a importância da Biodiversidade.
Logotipo do Ano Internacional da Biodiversidade
Fonte: www.peaunesco.com.br Acesso em: 21/01/2011
A UNESCO considera relevante a divulgação de projetos educacionais, pois
um cidadão consciente pode se posicionar melhor sobre os debates relacionados
à preservação ambiental e empreender ações positivas para o bem comum da
sociedade e do ambiente.
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Fonte: www.peaunesco.com.br Acesso em: 21/01/2011
Imagens sobre biodiversidade.
Resumindo:
Ações positivas para a preservação da biodiversidade:
# Ampliação do número de Unidades de Conservação;
# Maior atenção às espécies ameaçadas de extinção;
# Incentivo às atividades relacionadas ao desenvolvimento sustentável;
# Pagamento por prestação de serviços ambientais: preservação de áreas de
Florestas Nativas nas propriedades rurais e manutenção de Mata de galeria.
Estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo remuneram agricultores
que desenvolvem projetos associados à preservação da Biodiversidade;
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# Consumo consciente e economia de energia;
# Educação ambiental como matéria regular na Educação Básica, ensinada de
forma significativa.
Biomas Brasileiros
A preservação dos Biomas brasileiros é fundamental para salvaguardar a
biodiversidade do Brasil, permitindo que gerações futuras também convivam com
a exuberância de formas de vida existentes em nosso país.
A tabela abaixo mostra a porcentagem de área preservada em relação a
área original do bioma.
BIOMA
ÁREA QUE RESTA EM RELAÇÃO
AO TOTAL ORIGINAL
Pantanal
86,7%
Floresta Amazônica
83%
Caatinga
62,8%
Cerrado
60,4%
Pampas
41,4%
Mata Atlântica
26,7%
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A seguir, mostraremos a porcentagem do bioma protegido em Unidades de
Conservação, dessa forma visualiza-se quais biomas necessitam maior atenção.
BIOMA
%TOTAL EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO (2009)
Pantanal
5%
Floresta Amazônica
27,5%
Caatinga
10%
Cerrado
9,1%
Pampas
3,4%
Mata Atlântica
10,7%
Marinho
0,8%
De acordo com as metas estabelecidas pela Convenção Sobre a
Diversidade Biológica, os biomas que precisam criar mais Unidades de
Conservação são os: Pampas, Pantanal e Marinho.
A preservação ambiental envolve a participação de todos e começa pela
educação.
Fontes Consultadas:
www.planalto.gov.br
www.mma.gov.br/
www.peaunesco.com.br
SCARANO, F. E COL. Biodiversidade, Scientific American Brasil, São Paulo,
especial nº 39, p. 1-82, 2010.
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