Nutrição Nitrogenada no Milho Fertilizado com Uréia Tratada com Inibidor de Urease Ricardo S. Okumura*, Odair J. Marques, Deivid L. Reche, Renan S. de Souza e Dyane C. Queiroz. Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Agronomia, Programa de Pósgraduação em Agronomia (PGA), Av. Colombo, 5790, bloco J-45, CEP 87020-900, Maringá – PR. *Autor para correspondência: [email protected]. Palavras-chave: NBPT, Zea mays, diagnose foliar, épocas de amostragem. INTRODUÇÃO O manejo do fertilizante nitrogenado é uma das práticas agrícolas mais estudadas com o intuito de melhorar a sua eficiência no campo e a uréia é atualmente o fertilizante mais utilizado na cultura do milho e ela está sujeita a elevadas perdas de nitrogênio (N) por volatilização (LARA CABEZAS et al., 1997). Uma alternativa de se aumentar a eficiência na utilização do N aplicado como fertilizante é conhecer a melhor época e dose de N a ser disponibilizado para a planta. Para que isso ocorra se faz necessária uma metodologia de detecção precoce do estado nutricional da cultura para que seja possível a intervenção em estádios fenológicos que ainda permitam respostas econômicas em relação a adubação com N em cobertura. O recomendado para a cultura do milho é a análise da folha abaixo e oposta a espiga principal, no estádio VT (pleno florescimento) (MALAVOLTA, 2006), entretanto, a avaliação realizada nesse período somente propicia a correção da deficiência, se constatada, em anos posteriores. Diante disso, Iversen et al. (1985) sugeriram que a deficiência de N pode ser detectada no estádio vegetativo V6, sendo observada correlação entre o rendimento da cultura com o teor de N-nitrato (N-NO3-) no colmo. No entanto, as condições de umidade, intensidade de luz e variações entre híbridos têm grande influência neste método (IVERSEN et al., 1985). Dessa forma, o presente trabalho teve por objetivo avaliar, em condições de campo, o efeito da aplicação em cobertura de doses crescentes de uréia (U) tratado com N(N-butil) tiofosfórico triamida (NBPT) no desenvolvimento e produtividade do milho, sob sistema plantio direto (SPD). MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido à campo em lavoura comercial, na safra de milho de 2007/2008, no município de Mauá da Serra - Pr. O clima é do tipo subtropical Cfb, segundo a classificação de Köeppen, as coordenadas geográficas são 23°58' S e 51°19' W e a altitude média é de 847 m, e o solo é classificado como LATOSSOLO Vermelho distroférrico, cultivado por 30 anos sob SPD. As parcelas constituíram-se de 6 linhas de 0,70 m de espaçamento e 8,0m de comprimento, considerando como área útil as 4 linhas centrais, desprezando 1,5m em cada extremidade. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados com 6 tratamentos sendo eles constituídos pelas 6 doses de N em cobertura (0, 40, 80, 120, 160 e 200 kg ha-1) e em 5 repetições. O milho híbrido simples da Pioneer 30F53 foi semeado em 03/10/2007, com XXVIII Congresso Nacional de Milho e Sorgo, 2010, Goiânia: Associação Brasileira de Milho e Sorgo. CD-Rom 2165 objetivo de atingir uma população média de 70.000 plantas ha-1. A adubação de sulco foi com 40, 90 e 60 kg ha-1 de N, P2O5 e K2O, respectivamente. A emergência das plântulas ocorreu 7 dias após a semeadura, e o controle de plantas daninhas e insetos-pragas foram realizados conforme recomendações para a cultura. A aplicação em cobertura com U+NBPT foi realizada manualmente 25 dias após emergência, no estádio fenológico V4. As amostragens do tecido vegetal da planta foram realizadas em dois períodos, a primeira 38 DAE (estádio V9), objetivando estratificar a planta em diferentes partes em um mesmo período, com isso coletou-se apenas a nervura central das folhas 1, 2 e 3 (F.1-3); 4 e 5 (F.4-5) e 7, 8 e 9 (F.7-9), já a folha 6 (F.6) foi coletada inteira, a contagem iniciou da base para o ápice da planta. A segunda amostragem foi feita 68 DAE (estádio VT), coletando a folha índice inteira, que é a folha abaixo e oposta à espiga principal. A análise química, para avaliar o teor de N-total foi realizada segundo metodologia descrita por Malavolta (2006). O teor de N-NO3- e N-amônio (N-NH4+) foi determinado pelo método proposto por Bremner e Keeney (1965) citado por Mantovani et al. (2005). Para a determinação do melhor tecido para avaliar o estado nutricional em relação ao nutriente N, seguiu a metodologia preconizada por Malavolta (1980), que consiste em detectar o órgão com maior sensibilidade à mudança na disponibilidade do nutriente no solo. Para isso, determinou-se a diferença entre o maior e o menor teor de N-total encontrado dentro de cada órgão ou posição da folha e, considerou-se o mais sensível aquele que apresentou a maior diferença. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e de regressão. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os teores de N-total e de N-NO3-, com exceção apenas N-NO3- na F.1-3, se ajustaram de forma linear positiva, com o aumento das doses de N (Tabela 1), mostrando que tanto o N-total como o N-NO3-, que é a forma de N absorvida do solo, representam parâmetros interessantes para avaliar o estado nutricional do N, sugerindo que há várias formas de avaliação do nível de N no milho. Segundo Rambo et al. (2004), os parâmetros da planta mais estudados no intuito de indicar o nível de N no milho, para predição da necessidade de adubação de cobertura, são o teor de N-NO3- no colmo da planta, o teor de N-total na folha e o teor relativo de clorofila na folha. XXVIII Congresso Nacional de Milho e Sorgo, 2010, Goiânia: Associação Brasileira de Milho e Sorgo. CD-Rom 2166 Tabela 1 - Equação de regressão dos teores de N-NH4+, N-NO3- e N-total na folha índice (IND), folha 6 (F.6), folhas 1, 2 e 3 (F.1-3), folhas 4 e 5 (F.4-5) e folhas 7, 8 e 9 (F.7-9) em função das doses de uréia tratada com NBPT. Folha IND (68 DAE) F.6 (38 DAE) F.1-3 (38 DAE) F.4-5 (38 DAE) F.7-9 (38 DAE) (1) significativo e (2) Variável N-NH4+ N-NO3N-total N-NH4+ N-NO3N-total N-NH4+ N-NO3N-total N-NH4+ N-NO3N-total N-NH4+ N-NO3N-total Equação da Regressão n.s. (2) Y = 9,52 + 0,095x Y = 27,50 + 0,042x Y = 1,79 + 0,0064x Y = 6,49 + 0,074x Y = 29,09 + 0,037x n.s. n.s. Y = 16,05 + 0,022x n.s. Y = 4,39 + 0,020x Y = 14,94 + 0,026x n.s. Y = 5,86 + 0,042x Y = 14,60 + 0,029x R2 (%) 0,78 (1) 0,94 (1) 0,83 (1) 0,89 (1) 0,79 (1) 0,67 (1) 0,76 (1) 0,74 (1) 0,75 (1) 0,76 (1) não significativo, em nível de 5 % de probabilidade pelo teste F. A folha F.6 foi o único órgão que resultou em ajustes de regressão lineares positivos para as três formas de N analisado (Tabela 1), este parâmetro tem a grande vantagem de ter sido obtido no 38° DAE enquanto que o Índice (IND) foi no 68° DAE. Na tentativa de encontrar a melhor época e posição da folha para fins de avaliação do estado nutricional do N, baseado na metodologia citada por Malavolta (1980), a folha F.6 coletada no 38° DAE foi a mais sensível à mudança na disponibilidade de N no solo (Tabela 2). Tabela 2 - Determinação da melhor posição da folha para avaliação do estado nutricional em relação ao nitrogênio baseado na metodologia apresentado pelo MALAVOLTA (1980). Folha A B A-B* -1 ------------------------------------- g kg ---------------------------------IND (68 DAE) 41,3 25,2 16,1 F.6 (38 DAE) 38,5 16,1 22,4 F.1-3 (38 DAE) 22,4 10,5 11,9 F.4-5 (38 DAE) 21,4 9,5 11,9 F.7-9 (38 DAE) 23,5 8,4 15,1 A - Maior teor médio de N-total dentro de cada posição da folha B - Menor teor médio de N-total dentro de cada posição da folha A-B = Diferença entre o maior e o menor teor de N-total *O órgão que apresentar a maior diferença entre o maior e o menor teor, considera-se o órgão mais sensível à mudança na disponibilidade de N no solo, neste caso foi a F.6. Esse resultado sugere uma alternativa em relação ao preconizado por Malavolta (2006) que relata que a folha que melhor representa o estado nutricional do milho é a folha abaixo e oposta à espiga principal, na fase do florescimento da cultura, que é a folha índice. Portanto, do ponto de vista prático a folha F.6 coletada com 38 DAE é mais interessante do que a folha índice (IND) amostrado aos 68 DAE, pois permite, caso seja XXVIII Congresso Nacional de Milho e Sorgo, 2010, Goiânia: Associação Brasileira de Milho e Sorgo. CD-Rom 2167 detectado baixo teor de N na planta, alguma medida de correção, como a aplicação adicional em cobertura de fertilizante nitrogenado (BINDER et al., 2000). Vale salientar que é nesse período de 38 DAE que ocorre o aumento do desenvolvimento do sistema radicular, sendo observada a melhor resposta da planta à utilização de fertilizantes N (FANCELLI e DOURADO NETO, 2000). Com base nisso, pode-se sanar um dos principais problemas do atual sistema de recomendação da adubação nitrogenada, que é o cálculo da determinação da quantidade de N a ser aplicada no milho, que é definida antes da semeadura (RAMBO et al., 2004) e, utilizando a folha F.6 como referência para o método de análise de N na planta, pode ser realizado o monitoramento deste elemento precocemente, isto é, durante o desenvolvimento da cultura e, conseqüentemente, minimizando os problemas de sub ou superestimação da demanda nitrogenada pela cultura do milho. CONCLUSÃO O teor de N-NO3- na folha pode ser um parâmetro utilizado para avaliar o estado nutricional de N na planta, assim como o teor de N-total, que é o parâmetro preconizado atualmente. A folha F.6 coletada no 38° DAE constitui o melhor tecido para avaliação do estado nutricional do N, sendo mais sensível à mudança na disponibilidade do elemento no solo do que a folha Índice amostrada no 68° DAE, o que do ponto de vista prático, permite correções na adubação nitrogenada de cobertura. LITERATURA CITADA BINDER, D.L.; SANDER, D.H.; WALTERS, D.T. Maize response to time of nitrogen application as affected by level of nitrogen deficiency. Agronomy Journal, v. 92, p. 12281236, 2000. FANCELLI, A.L.; DOURADO NETO, D. Produção de milho. Guaíba: Agropecuária. 2000. 360p. IVERSEN, K.V.; FOX, R.H.; PIEKIELEK, W.P. The relationships of nitrate concentrations in young corn stalks to soil nitrogen availability and grain yields. Agronomy Journal, v. 77, p. 927-932, 1985. LARA CABEZAS, W.A.R.; KORNDORFER, G.H.; MOTTA, S.A. Volatilização de NNH3 na cultura de milho: I. Efeito da irrigação e substituição parcial da uréia por sulfato de amônio. 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