1 Mary Silvia Oliveira Costa TRATAMENTO ORTODÔNTICO ASSOCIADO À PERIODONTIA Monografia apresentada a Universidade Cruzeiro do Sul como requisito parcial à obtenção do Título de Especialista em Ortodontia. Araçatuba - SP 2009 2 Sumário Resumo .................................................................................................. 03 Abstract ................................................................................................... 04 1. Introdução ........................................................................................... 05 2. Revisão de Literatura .......................................................................... 06 3. Discussão ........................................................................................... 12 4. Conclusões ......................................................................................... 14 Referências ............................................................................................. 15 3 Resumo O objetivo comum da Ortodontia e Periodontia é preservar os dentes e o periodonto em condições anatômicas e funcionais aceitáveis. O tratamento multidisciplinar requer integração e qualificação dos especialistas. O ortodontista deve aplicar forças leves, intermitentes, controlar a oclusão procurando posições dentárias que favoreçam um tratamento periodontal mais aceitável e somente iniciar o tratamento ortodôntico se houver um bom controle de placa bacteriana e periodontite inativa. O periodontista tem a missão de diagnosticar e liberar os casos de doença periodontal e durante o tratamento ortodôntico realizar manutenções periodontais em intervalos mais curtos. O paciente deve ser conscientizado pelos profissionais sobre sua responsabilidade frente à própria saúde e uma adequada conduta em higiene bucal. Palavras chave: Ortodontia, periodontia, tratamento. 4 Abstract The common objective of the orthodontic and periodontics is preserve the teeth and the periodontium acceptable anatomical and functional conditions. The multidisciplinary treatment need qualify and integrates specialists. The orthodontist should utilize slight and intermittent forces and rigorous control of the occlusion looking for favorable tooth position to an acceptable periodontal treatment and only start orthodontic treatment if there is good control of plaque and periodontal disease dormant. The periodontist objective has the diagnostic and liberation the cases of periodontal diseases and during orthodontic treatment realizes periodontal maintenance in a shorter time space. The patient should be educated by professionals about their responsibility towards their own health and proper conduct in oral hygiene. Key words: Orthodontic, periodontics, treatment. 5 1 INTRODUÇÃO Inicialmente a terapêutica ortodôntica visava apenas a correção do mau posicionamento dentário, desvinculando esta especialidade do contexto geral de oclusão e conseqüente dissociação do binômio tratamento ortodôntico x saúde geral. Essa conduta levou a insucesso, representado por aumento do índice de cáries e instalação ou agravamento de doença periodontal. Atualmente, o tratamento ortodôntico associado com a periodontia, pode transformar pacientes com dentes antiestéticos, com presença de espaços, periodonto inflamado, em pacientes com sorrisos e dentes atraentes. Mas o tratamento ortodôntico nesses tipos de pacientes apresenta várias limitações, como: perda exagerada do suporte ósseo e a dificuldade de se obter uma ancoragem satisfatória devido às perdas de elementos dentários. Muitas vezes o tratamento ortodôntico é um coadjuvante no tratamento periodontal. Dependendo da gravidade do problema periodontal, é possível, com a ortodontia, melhorar o nível ósseo. Em muitos casos é essencial corrigir posições dentárias (apinhamentos, inclinações) em adultos e adolescentes para permitir uma melhor saúde das estruturas periodontais. Durante o tratamento ortodôntico, a aplicação das forças conduz a resposta no ligamento periodontal com reabsorção e neoformação óssea, que devem ser controladas, evitando agravar a doença periodontal preexistente. Devido ao longo período de tratamento que o paciente ortodôntico permanece, o profissional tem tempo mais do que necessário para que consiga motivar seu paciente quanto a mudanças de comportamento, resultando na escolha de hábitos mais saudáveis. Assim, o sucesso do tratamento ortodôntico está em corrigir a oclusão da maneira mais satisfatória possível sem, contudo, alterar a higidez pré-existente dos dentes e tecidos de suporte. Para que os danos nos tecidos sejam mínimos durante um tratamento ortodôntico, os seguintes pressupostos deveriam ser observados: baixo risco de periodontite; baixo risco de cárie; instrução e motivação do paciente; sistema de acompanhamento eficiente. A proposta do presente trabalho é realizar uma revisão literária sobre tratamento ortodôntico associado a Periodontia. 6 2 REVISAO DA LITERATURA Reitan (1960) fez algumas observações que podem ser transcritas da seguinte forma: A contração das estruturas fibrosas após o movimento dentário ortodôntico deve ser considerada uma reação tecidual normal. Após um movimento de inclinação, esta contração pode produzir áreas acelulares comprimidas nos lados de tração. A reabsorção óssea subjacente resultante pode aumentar a tendência à recidiva. A mecânica envolvida em um movimento de corpo tende a favorecer uma reabsorção óssea indireta no lado de pressão. Após a rotação, a tensão e deslocamento das estruturas supraalveolares podem persistir mesmo após a contenção. O tratamento precoce ou sobre-rotação podem evitar as tendências à recidiva em grande parte. A reação dos tecidos de sustentação às forças ortodônticas é um problema discutido com freqüência. Sabe-se geralmente que dentes mal posicionados podem ser movimentados mais rápido em alguns casos que em outros. A magnitude da força é um fator a ser considerado nesta relação. Sabe-se menos ainda sobre como os tecidos responderão a variações na direção da força aplicada a fim de verificar os efeitos dessa magnitude. Khouw e Goldhaber (1970) relacionaram alterações na vascularização do ligamento periodontal à remodelação óssea. Após 24h da aplicação de força, no ligamento periodontal, a compressão levou à oclusão parcial ou total dos vasos; no lado de tensão os vasos estavam consideravelmente estendidos. Com dois dias as diferenças estavam menores. Após sete dias a vascularização aumentada ainda estava presente no ligamento periodontal no lado de tensão, neste momento apresentava como característica a neoformação óssea. No lado de pressão, enquanto a reabsorção óssea era evidente, a vascularização tinha sido restabelecida. A densidade de vasos foi bem maior que as regiões controle, que não sofreram movimento ortodôntico. Brown (1973) propôs estudar os efeitos da verticalização de molares em locais que apresentavam defeitos ósseos periodontais em humanos. A resposta histológica ao movimento dentário foi o alargamento do espaço periodontal, confirmado clinicamente pela mobilidade e uma perda de definição radiográfica da lâmina dura. De acordo com o artigo de Gazit e Lieberman (1980) sobre oclusão e considerações ortodônticas com envolvimento periodontal relataram que o mau posicionamento dentário como um fator contribuinte à destruição periodontal e como resultado final da doença periodontal foi sugerido há muito tempo. Já em 1930, Neustadt recomendou o uso da terapia ortodôntica como adjunto à correção da periodontite. Ingber (1974) mostrou que a erupção forçada por meios ortodônticos tem sido efetuada por muitos anos para tracionar dentes e que este princípio vem sendo aplicado recentemente para corrigir defeitos intra- 7 ósseos de uma ou duas paredes isoladas. É possível diminuir ou mesmo eliminar um defeito ósseo isolado de uma parede, pois a crista óssea alveolar acompanha o movimento ortodôntico, assim como ocorre neoformação óssea na região apical. Também com a redução da altura coronária, há uma melhora significante na proporção coroa/raiz. Investigações mais atuais afirmam que o movimento de intrusão, quando realizado nos casos de pacientes periodontopatas, tende a proporcionar ganho de inserção e conseqüente melhora do problema, sendo importante para tanto que a doença periodontal esteja ausente no momento da movimentação, haja eficiente controle de placa bacteriana e seja aplicada uma força bastante leve (5 – 10g), contínua e dentro dos limites biológicos de segurança. Ericsson et al. mostraram que a intrusão de dentes contaminados por placa leva à formação de defeitos ósseos adicionais. Thilander (1982) mostrou que: a) por meio de movimentos ortodônticos de inclinação pode-se migrar subgengivalmente a placa que estava localizada na região supragengival, possibilitando a formação de bolsas intra-ósseas. Mas com o dente livre de placa, usando-se a mesma força, estas bolsas não se formavam; b) as forças ortodônticas não foram capazes de provocar inflamação gengival nas regiões dentárias onde o suporte periodontal estava acentuadamente reduzido, porém sem inflamação. Concluiu que o fator mais importante no início, progresso, e reincidência da doença periodontal é a presença do biofilme. c) Na presença do biofilme, forças similares (movimento de corpo) não foram capazes de converter uma inflamação gengival em uma periodontite destrutiva e progressiva. d) não existem diferenças significantes entre o tecido conjuntivo supra-alveolar formado antes ou depois dos movimentos de inclinação com relação à prevenção da recidiva. e) O tecido conjuntivo formado após os movimentos de inclinação não tem capacidade de prevenir a recidiva. Melsen (1986) estudou em macacos as reações dos tecidos periodontais após movimento dentário de intrusão e avaliou como a higiene bucal pode influenciar nestas reações. Por meio de arco segmentado, incisivos superiores e pré-molares foram submetidos à erupção forçada por oito semanas seguidas de 12 semanas de intrusão. A conclusão é que foi possível aumentar o osso alveolar pela extrusão e que este osso pode ser mantido 8 durante a intrusão. A intrusão pode então constituir um método terapêutico confiável no tratamento ortodôntico de pacientes adultos com uma condição periodontal saudável. Por outro lado, a presença de inflamação gengival poderá resultar na perda da altura de osso alveolar. Considerou favorável o tratamento de defeitos intra-ósseos por meio de erupção forçada. Melsen et al. (1988) realizaram um estudo para investigar a reação tecidual relacionada à intrusão ortodôntica de dentes com periodonto reduzido e avaliar a influência da higiene bucal sobre esta reação. Com base nos resultados apresentados pelos autores, a combinação de intrusão ortodôntica e tratamento periodontal parece ser um método pelo qual a melhoria da condição periodontal pode ser obtida, desde que ambos sistema de força biomecânica e higiene bucal sejam mantidos sob controle. Boyd et al (1989) realizaram um estudo longitudinal monitorando as condições periodontais em 20 adultos e 20 adolescentes submetidos ao tratamento ortodôntico corretivo. Após a remoção do aparelho, este padrão não foi mais significante estatisticamente. Para a perda de inserção, não houve diferenças significantes entre adolescentes, adultos com tecidos periodontais normais ou adultos com tecidos periodontais reduzidos, porém sadios. Wennström et al. (1993) analisaram em cães o efeito do movimento dentário ortodôntico sobre o nível de inserção tecidual conjuntiva em sítios com bolsa intra-óssea. Os resultados mostraram que o tratamento ortodôntico, envolvendo movimento de translação dos dentes com bolsas infraósseas inflamadas, pode aumentar a quantidade de perda de inserção tecidual conjuntiva. Burstone (1995) afirmou que um aparelho deve ser cuidadosamente projetado para alcançar os movimentos e posições dos dentes nas três dimensões do espaço. Para que os movimentos dentários desejados sejam alcançados, é necessário um sistema de força adequado. Os fatores relacionados são a constância, o momento e a magnitude da força. Definida a relação entre o sistema de força e movimento dentário desejado, o aparelho ortodôntico poderá ser desenhado especificamente para liberar o sistema de força apropriado. Definiu centro de rotação como o ponto sobre o qual um dente gira. Dependendo do sistema de força aplicado pode variar, podendo estar em qualquer posição dentro ou fora de um dente. Por exemplo, a retração 9 de um incisivo pode ocorrer diferentemente, baseada na localização do centro de rotação. O tipo de movimento dentário mais desejado é aquele produzido por uma força relativamente constante e dentro de um limite ótimo. Ducan (1997) analisou que o reposicionamento dos dentes que sofreram destruição periodontal só é possível se qualquer inflamação periodontal for eliminada e devidamente controlada. O tratamento ortodôntico é contra-indicado na presença de doença periodontal ativa, em que a colaboração do paciente não é total e onde a oclusão impede que os dentes sejam estabilizados e contidos em suas novas posições. Mathews e Kokich (1997) afirmaram que após o término do tratamento ortodôntico, em dentes que apresentam defeitos ósseos, além da estabilização por no mínimo seis meses, é também necessário uma reavaliação periodontal. Romero et al. (2000) concluíram que a colaboração de vários especialistas tem sido essencial na prática odontopediátrica. Em ortodontia, esta colaboração é indispensável quando o paciente apresenta problemas periodontais. Às vezes em pacientes saudáveis que não sofram de doenças periodontais, complicações periodontais podem ocorrer durante terapia ortodôntica com aparelhos fixos. Apresentaram casos de 2 pacientes jovens que sofreram procedimentos periodontais para complementação dos resultados de tratamento ortodôntico. Kalafatás (2002) enfatizou a Ortodontia e a Periodontia como especialidades intimamente conectadas, pois as movimentações dentárias ocorrem a expensas de estruturas anátomo-patológicas do periodonto. Pacientes com história pregressa de periodontites ou gengivites, necessariamente devem ser submetidos à terapia periodontal prévia ao tratamento ortodôntico. Dependendo do caso, inclusive durante o tratamento ortodôntico, há necessidade de acompanhamento periodontal. Independente do tipo de paciente, periodontopata ou não, deve haver um bom controle de placa bacteriana, a fim de obter sucesso no tratamento ortodôntico e para o próprio paciente. No tratamento ortodôntico e na terapia periodontal, o paciente deverá ficar em acompanhamento com o periodontista por mais 4 meses antes e após o tratamento ortodôntico, tempo mínimo suficiente para obter resultados dos tecidos periodontais e do controle mecânico da placa realizado pelo 10 paciente. Segundo Anderson Calheiros et al.(2005), considera-se apto ao tratamento ortodôntico aquele paciente cujos problemas periodontais encontram-se controlados, sem sangramento gengival a sondagem, com boa higiene bucal, mesmo que o periodonto encontra-se reduzido. Pois ao realizar o movimento dentário em condições periodontais impróprias, o problema periodontal será exacerbado aumentando a perda de inserção periodontal. De acordo com o trabalho de Rocha et al.(2005) a movimentação dentária em pacientes com comprometimento periodontal não é contraindicado, sendo necessário avaliar a condição do periodonto e estabelecer o plano de tratamento apropriado, além de restabelecer e manter a saúde periodontal durante o tratamento ortodôntico, diminuindo os riscos de efeitos adversos. Chambrone & Goldenberg (2006) citam em seu estudo que a movimentação ortodôntica dos dentes não parece provocar alterações significativas sobre a quantidade de gengiva inserida e mucosa alveolar. Entretanto, um correto diagnóstico e plano de tratamento podem minimizar áreas de gengivite, hiperplasia gengival ou retração gengival. Maeda (2007) observou que pacientes periodontalmente afetados podem ter um tratamento interdisciplinar, na Periodontia, Prótese e Ortodontia. O tratamento ortodôntico destes pacientes é possível, e acarretaria supressão da inflamação e interferências oclusais e um bom ambiente para reabilitação reparadora. Uma abordagem diferente para o tratamento ortodôntico destes pacientes é exigida, estabilizando sistema de ancoragem, sistemas de força, minimizando a retenção de biofilme durante o tratamento. Os autores apresentaram um caso de uma paciente de 49 anos com periodontite avançada, na qual conseguiram resultados estéticos e funcionais obtidos por tratamento com ortodontia, bem como tratamento periodontal, incluindo a regeneração tecidual guiada e implante. Ghezzi et al. (2008) trataram 14 pacientes com defeitos intraósseos e migração dentária patológica com regeneração tecidual guiada e posterior tratamento ortodôntico, avaliando a validade desta abordagem multidisciplinar. Concluíram que dentro dos limites da presente investigação, existe a possibilidade de se realizar um tratamento combinado ortodôntico- 11 periodontal proporcionando melhorias estéticas realinhamentos preservando até a altura papilar. como resultado de 12 3 DISCUSSAO Vários artigos consultados, baseados em experiência clínica e na literatura, mostraram que é possível tratar de maneira eficiente os casos de pacientes com má-oclusao associados com problemas periodontais leves ou avançados, a partir de uma abordagem multidisciplinar e adequação da mecânica ortodôntica à necessidade de cada indivíduo, como foi observado nos trabalhos citados de Anderson Calheiros et al., Rocha et al. e Chambrone & Goldenberg. O tratamento ortodôntico além de não apresentar restrição para pacientes periodontopatas controlados, também atua como coadjuvante no tratamento periodontal para melhorar os níveis ósseos. Para tanto a magnitude da força é um fator a ser considerado nesta relação, Reitan (1960) e o controle de placa é fundamental de acordo com as investigações de Ericsson et al., Thilander (1982), Melsen (1986) e Melsen et al. (1988). Em pacientes adultos com tecidos periodontais normais ou adultos com tecidos periodontais reduzidos submetidos ao tratamento ortodôntico corretivo, não houve diferenças significantes, desde que o periodonto esteja sadio, Boyd et al (1989). Em contrapartida, um tratamento ortodôntico mal planejado, com movimentações dentárias em periodonto inflamadado pode acentuar as perdas de inserção tecidual conjuntiva Wennström et al. (1993) e impossibilita o reposicionamento dos dentes que sofreram destruição periodontal, Ducan (1997). Para Burstone (1995) o tipo de movimento dentário mais desejado é aquele produzido por uma força relativamente constante e dentro de um limite ótimo. Para Romero et al. (2000) é indispensável, em ortodontia, a colaboração de vários especialistas quando o paciente apresenta problemas periodontais e que um paciente com periodonto sadio pode apresentar complicações periodontais durante a terapia de aparelho fixo, exigindo para tanto uma intensiva profilaxia. Não é correto que o dentista assuma sozinho a responsabilidade da saúde bucal de seu paciente. O paciente deve entender que ele participa 13 ativamente para o sucesso do tratamento, porém é de responsabilidade do profissional motivar o paciente para que pratique uma higiene bucal eficaz, diariamente. Neste aspecto, é dever do profissional alertar o paciente quanto à indicação ou contra-indicação do tratamento e sobre toda responsabilidade que o mesmo possui sobre a manutenção da própria saúde. Além disso, o ortodontista não pode ater-se apenas às correções estéticas e funcionais da oclusão. É necessário que todo um programa funcional e eficiente de educação e prevenção seja montado para que o paciente inicie o tratamento em condições de saúde e assim se mantenha, até além do período de contenção ortodôntica. 14 4 CONCLUSOES Previamente ao tratamento ortodôntico é imprescindível que a adequação do meio bucal tenha sido obtida, com todas as restaurações e extrações necessárias executadas e principalmente com a periodontite totalmente controlada. Em relação à parte mecânica do tratamento, deve-se cuidar para que as forças aplicadas sejam suaves e intermitentes permitindo dessa forma um bom controle do movimento. Tendo esses cuidados, uma efetiva movimentação dentária pode ser obtida, sem que, contudo danos adicionais sejam causados aos tecidos de suporte e às raízes dos dentes envolvidos. Um dos requisitos mais importantes para iniciar um tratamento ortodôntico, em pacientes tratados periodontalmente são: motivação do paciente, controle da doença periodontal e uma boa comunicação entre especialistas. Desde o início do tratamento ortodôntico é necessário ter um estreito relacionamento com o periodontista para estabelecer uma efetiva manutenção periodontal, atendendo às necessidades individuais de cada caso e assegurar mínimos danos aos tecidos durante a terapia ortodôntica. É prioritário que o paciente esteja envolvido no tratamento e seja uma influência crítica sobre a evolução de sua doença e da abordagem, sendo importante que o mesmo esteja motivado e com bom nível de colaboração, para um bom controle da placa bacteriana. Se bem motivados, os pacientes podem receber benefícios além do período de tratamento, perpetuando as orientações recebidas, que devem se resumir na conscientização do paciente sobre sua responsabilidade frente à própria saúde e numa adequada conduta em higiene bucal. Se qualquer um desses tópicos não for atendido, o ortodontista não deve iniciar o tratamento com aparelhos fixos e, sim, adiá-lo pelo tempo necessário, até que essas exigências sejam alcançadas. Se a higiene bucal do paciente piorar muito durante o tratamento ortodôntico, sejam quais forem as razões, ou se houver o estabelecimento de extensivas destruições periodontais, o ortodontista deve ter a coragem de interromper o tratamento. 15 5 Referencias bibliográficas: BOYD, R.L., et al. Periodontal implications of orthodontic treatment in adults with reduced or normal periodontal tissues versus those of adolescents. Am. J. Orthod. Dentofac. Orthoped., v.96, n.3, p-191-199, 1989. BROWN, S. 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Mary Silvia Oliveira Costa Araçatuba (SP), novembro de 2009 18