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CÂM ARA DOS DEPUTADOS
Relíquia do Coração de São Camilo em Cachoeiro
Senhora Presidente Rose de Freitas, senhoras e senhores deputados.
Participei, nesta segunda-feira, dia 30, com orgulho e emoção, na minha
Cachoeiro de Itapemerim, das comemorações pelos 90 anos da chegada dos
primeiros missionários camilianos ao País. A relíquia do Coração de São Camilo de
Lellis – padroeiro dos enfermos e dos profissionais de Saúde - percorreu neste mês
as cidades onde os camilianos atuam nas áreas hospitalar, educacional, assistencial
e religiosa. Durante quatro dias, Cachoeiro homenageou, com celebração
eucarística, missa celebrada pelo Bispo Diocesano, Dom Dario Campos, procissão e
momento cultural com a Pastoral da Juventude. Nesta tarde, a Assembléia
Legislativa do Estado do Espírito Santo promove uma sessão especial em
homenagem ao Santo.
Num mundo marcado pela intervenção da ciência e tecnologia, que facilmente
esquece ou coloca em segundo plano o fator humano no processo de cuidar, é
muito saudável resgatar a voz profética do cuidado samaritano de Camilo de Lellis.
Seu exemplo de vida é inspiração para nós no cuidado dos doentes e sofredores,
num mundo cada vez mais sem alma.
Ficou célebre seu grito, junto aos profissionais de saúde de sua época
(Século 16), que ainda hoje, quatro séculos depois, não perdeu sua atualidade:
“mais coração nas mãos, irmão”. Na visão de São Camilo, a competência
profissional técnico-científica representada pelas mãos, tem que estar aliada à
competência humano-ética, em última análise, ao coração. Essa é a perspectiva da
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filosofia camiliana do cuidar. O amor busca a técnica e a ciência para melhor servir e
cuidar de quem mais precisa ou está em situação de vulnerabilidade.
Para São Camilo de Lellis, o processo de cuidar tem como medida a
sensibilidade feminina quando diz: “Desejamos, com a graça de Deus, servir a todos
os enfermos com o mesmo amor de uma mãe amorosa para com seu filho único
enfermo”.
No dia da morte de São Camilo, na noite de 14 de julho de 1614, os médicos
que dele cuidavam e o conheciam muito bem, julgaram que um coração tão
extraordinário não poderia desaparecer. Junto aos padres que o assistiam no
momento de sua partida, tomaram a decisão de retirar o coração do seu corpo para
preservá-lo. Nas palavras de Sanzio Cicatelli, um dos seus biógrafos, o coração de
Camilo “parecia um rubi e era tão grande que despertou a admiração de todos que o
viram”. O Padre Mancini, que era o Prefeito da Casa Real, afirmou que “antes do
enterro, o corpo foi aberto para investigar a causa da morte. Como já tinha fama de
santidade foi decidido pela conservação do coração, na espera de que um dia
fossem reconhecidas suas virtudes extraordinárias. Assim, na minha presença, foi
colocado num recipiente e coberto com aromas e, em seguida, posto numa caixa de
cipreste”.
Esse coração de São Camilo – que ora nos visita – foi preservado como
relíquia, ao longo dos séculos, numa urna de vidro, dentro de um relicário dourado,
no quarto onde morreu. Este local foi depois transformado em Capela na Casa Geral
dos Camilianos em Roma. A relíquia do coração de São Camilo muito raramente é
levada para fora de Roma. Nossos agradecimentos, portanto, aos padres João,
Américo e Júnior e ao camiliano leigo José Bessa, pró-reitor do Centro Universitário
São Camilo em Cachoeiro de Itapemirim. Sem o trabalho abnegado desses devotos
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não seria possível uma homenagem tão justa e sincera a um homem de Deus que
se entregou, com humildade, aos doentes e profissionais da saúde.
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