toxicologia Fenol 1. Introdução Fenol é também conhecido como ácido carbólico. É utilizado na fabricação de anti-sépticos, desinfetantes, solventes e resinas para madeiras e plásticos. Excetuando as exposições ocupacionais, raramente o homem é exposto a concentrações de fenol no ambiente em níveis suficientes para causar efeitos adversos (1). 2. Toxicocinética Por ser lipofílico, apresenta rápida absorção pulmonar, gastrintestinal e cutânea, mesmo através da pele intacta. Distribui-se por todos os tecidos, com concentrações mais altas no fígado. Sua meia-vida é de 1 a 5 horas. Em trabalhos experimentais, 90% da dose absorvida de fenol é excretada dentro de um período de 24h. Cerca de 52% do fenol absorvido é eliminado inalterado na urina, sendo o restante excretado conjugado aos ácidos glicurônico e sulfúrico (2,3). 3. Considerações Clínicas O fenol rompe as paredes celulares e desnatura proteínas. Exposição tópica ao fenol resulta em placas marrons e indolores na pele e placas claras nas mucosas. A ingestão resulta em queimaduras na mucosa gastrintestinal e pode manifestar-se com náuseas, vômitos, diarréia, dor abdominal, hematêmese e hematoquezia. A inalação pode levar à tosse, estridor laríngeo e edema agudo de pulmão. A exposição aguda é acompanhada de depressão do sistema nervoso central com convulsões ou coma, taquicardia, arritmias ventriculares, hipotensão, hipotermia, acidose metabólica e necrose tubular aguda (4). No passado, exposição crônica foi associada a quadro de “marasmo” pelo fenol, sendo descrito disfagia, diarréia, lesões orofaríngeas, urina escura, anorexia, cefaléia, vertigem, salivação e dores musculares (4). Entretanto, dados atuais não sugerem efeitos cumulativos importantes na exposição crônica (3,6). O fenol não é classificado como carcinogênico (6,7). 4. Monitorização A técnica mais utilizada para detecção do fenol é a cromatografia gasosa.. A American Conference of Governmental Industrial Hygienists determina como indicador de exposição biológica a dosagem do fenol urinário. A excreção do fenol intacto e conjugado pode ser utilizada como índice de exposição, mas deve ser observado que existem outras condições que podem alterar a excreção urinária do fenol (vide tabela 1). Assim, fenol urinário elevado não é um indicador específico da exposição ao fenol. Deve-se ainda ressaltar a ampla faixa de valores normais que podem ser encontrados na determinação do fenol urinário (0,5 a 81 mg/l) na população não exposta (6,8). -1- toxicologia Tabela 1: Fatores que alteram a excreção do fenol urinário (6,8) Medicamentos, que são metabolizados a fenol, podem elevar a excreção urinária do fenol. Ex.: Fenilsalicilatos, Barbitúricos. Consumo de Etanol aumenta a excreção do Fenol. Exposições simultâneas ao tolueno e ao benzeno diminuem a excreção do Fenol, pois o tolueno suprime a biotransformação do benzeno a fenol. Ingestão de Benzoato de Sódio, usado como conservante de alimentos, aumenta a excreção do Fenol. Não obstante a existência destas limitações, no Brasil, a NR-7 determina a dosagem do fenol urinário como indicador biológico para exposição ao fenol, considerando valores de referência aqueles até 20 mg/g creatinina e IBMP (índice biológico máximo permitido) valores até 250 mg/g creatinina. Estabelece, ainda, que a urina deve ser coletada no final do último dia da jornada de trabalho (9). O Instituto de Patologia Clínica Hermes Pardini realiza: Fenol: urina de final de jornada ou urina de 24h. Método: cromatografia gasosa Valor de referência: até 20 mg/g creatinina (NR-7). IBMP: 250 mg/g creatinina (NR-7). 5. Referências 1. EPA working group. Environmental Protection Agency 197. 1981. 2. Nomoto Y, Fugita T, Kitani Y. Serum and urine levels of phenol following phenol bloks. Can J Anaesth. 1987; 34: 307-10. 3. International Programme on Chemical Safety. Poisons information monograph 412 chemical. Phenol. INCHEM. www.inchem.org/documents/pims/chemi cal/pim412.htm 4. Sue Y-J, Delaney KA, Antiseptics, Disinfectants and sterilants Agents. Phenol. Ford: Clinical Toxicology, 1st ed. 2001; 752-3. 5. Goes, RC. Fenol In: Goes, RC. Toxicologia Industrial. Um guia prático para prevenção e primeiros socorros. 1998: 128-130.. 6. International Programme on Chemical Safety. Enviromental Health Criteria 161. INCHEM. www.inchem.org/documents/ehc/ehc/ehc 161.htm 7. WHO working group. Health Criteria 151. 1995. Enviromental 8. Tietz NW. Phenol. In: Tietz NW. Clinical guide to laboratory tests. 3 th. 1991: 4789. 9. NR-7. Quadro I – Anexo I. Parâmetros para controle biológico da exposição a alguns agentes químicos. Lei nº 6.514 de 22 de dezembro de 1977. Assessoria Científica -2-