potencial do araribá no desenvolvimento de fitoterápico

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POTENCIAL DO ARARIBÁ NO DESENVOLVIMENTO DE FITOTERÁPICO: EXTRAÇÃO DE
FENOIS E TANINOS TOTAIS
Roberto Carlos de Sá Silva
[email protected]
Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais - UNITAU
Gokithi Akisue
Matheus Diniz Gonçalves Coelho
[email protected]
Faculdade de Pindamonhangaba - FAPI
Júlio César Raposo de Almeida
[email protected]
Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais - UNITAU
Ana Aparecida da Silva Almeida
[email protected]
Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais - UNITAU
Resumo. O desenvolvimento de fitoterápicos inclui várias etapas e processos interdisciplinares e
multidisciplinares como a etnobotânica, agronomia, ecologia, química, fitoquímica, farmacologia,
toxicologia, biotecnologia, química orgânica, tecnologia farmacêutica até ensaios clínicos. A
caracterização de plantas ricas em taninos tem interessado a indústria farmacêutica que busca de
fontes de taninos condensados para o tratamento e/ou suplementação da dieta dos ovinos, como
métodos de controle de endoparasitas. O objetivo do presente trabalho foi extrair e quantificar as
substâncias tanantes presentes nas folhas, na casca e lenho do araribá. Para tanto, extratos
etanólicos a 70% de cada parte da planta foram preparados e concentrados e utilizados para a
determinação do teor de fenóis e taninos totais pelo método de Folin-Ciocalteu, seguido pelo
método da precipitação da caseína, baseada na propriedade que os taninos possuem de se
ligarem às proteínas formando complexos. Os extratos de araribá apresentaram quantidades
expressivas de fenóis totais nas folhas, nas cascas e no lenho; bem como de taninos totais nas
folhas, nas cascas e no lenho. Conclui-se que o araribá é uma espécie arbórea com viabilidade
para a exploração na extração de taninos e fenóis.
Palavras-chave: método de Folin-Ciocalteu,fitoterápico, flavonoides, Centrolobium tomentosum
The 4th International Congress on University-Industry Cooperation – Taubate, SP – Brazil – December 5th through 7th, 2012
ISBN 978-85-62326-96-7
1. INTRODUÇÃO
O desenvolvimento de fitoterápicos inclui várias etapas e processos interdisciplinares e
multidisciplinares como a etnobotânica, agronomia, ecologia, química, fitoquímica, farmacologia,
toxicologia, biotecnologia, química orgânica, tecnologia farmacêutica até ensaios clínicos.
Taninos são polifenóis que ocorrem naturalmente em plantas, sendo responsáveis pela
sensação adstringente do vinho ou da fruta verde, bem como pelas cores das flores e folhas.Sua
principal característica é a precipitação de proteínas através da formação de complexos químicos.
Para o conhecimento das substâncias ativas de plantas, um dos aspectos que deve ser
observado consiste na preparação de extratos vegetais, visando o isolamento de seus
constituintes químicos ativos.
O araribá (Centrolobium tomentosum) é uma espécie arbórea nativa da Mata Atlântica, que
produz frutos alados e madeira de boa qualidade. Do ponto de vista qualitativo há necessidade de
se conhecer as classes de constituintes químicos dessa espécie, e modo a sugerir seu
aproveitamento na indústria de fármacos e suplementos alimentares.
Atualmente várias pesquisas estão sendo conduzidas para o uso de plantas que sejam fontes
de taninos condensados na suplementação dos ovinos, como um dos métodos alternativos de
controle de endoparasitas. As forrageiras ou extratos de plantas ricas em taninos, quando
fornecidas aos ruminantes, melhoram a absorção protéica desses animais.
Este trabalho teve como objetivo a extração e determinação do teor de fenóis e taninos totais
nos componentes de plantas dde araribá (folhas, cascas e lenho).
2. MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizadas amostras de casca, de folhas e do lenho de plantas de araribá coletados em
um fragmento de cerrado, pertencente ao campus do Departamento de Ciências Agrárias da
Universidade de Taubaté, localizado a 23º 00´ S e 41º 35´W, no bairro Itaim, na cidade de
Taubaté, no Estado de São Paulo, Brasil.
As amostras foram coletadas no mês de maio de 2012. As cascas e o lenho foram retirados a
2 metros do solo e as folhas maduras obtidas dos galhos coletados.
As amostras foram secas em estufa com circulação forçada de ar a 50ºC por 48 horas. Os
materiais secos foram picados, triturados e em seguida pulverizados em moinho de facas. Após
procedeu-se a extração e percolação utilizando etanol a 70% v/v como líquido extrator. Os
extratos fluidos foram concentrados no evaporador rotacionado até obtenção dos extratos
concentrados. Os extratos concentrados foram colocados em estufa a 60ºC até apresentarem
peso constante
Os teores de fenóis e taninos totais foram determinados nos extratos etanólicos a 70%,
utilizando-se o método de Folin-Ciocalteau (1927) seguido do método de precipitação de
proteínas. Os ensaios colorimétricos foram realizados em tubos de ensaio onde foram
adicionados: 50 µL do extrato diluído para cada amostra (em triplicata), 450 µL de água destilada,
250 µL do reagente Folin-Ciocalteu (1N) e 1,25 mL de carbonato de sódio a 20%. Os tubos foram
agitados e a leitura foi efetuada após 40 minutos em espectrofotômetro (Spectrum – modelo SP
1105) em absorbância a 725 nm. O teor de fenóis totais foi calculado em equivalente de ácido
tânico, de acordo com a curva de calibração, considerado a média das leituras, e o resultado
expresso em mg.g‾¹ de extrato concentrado.
Para a determinação dos taninos totais, que consistiu em se adicionar a um erlenmeyer de 50
mL, 1 g de caseína em pó, 6 mL de extratos diluídos e 6 mL de água destilada, que foram
mantidos sob agitação constante por 3 horas a 25ºC. Em seguida as amostras foram filtradas em
papel Whatman 9 cm e uma alíquota do filtrado foi retirada para determinação dos fenóis residuais
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pelo método Folin-Ciocalteu.O teor de taninos totais correspondeu à diferença entre o valor
encontrado nessa leitura e o obtido na determinação dos fenóis totais
Para a identificação química de taninos gálicos (hidrolisáveis), e para pesquisa de taninos
condensados (catequínicos) foi empregado o reativo de Wasicki (Akisue, 2002).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Tabela 1 apresenta o rendimento médio das diferentes partes do araribá. Verificou-se que
as folhas produziram maior rendimento de extrato concentrado, comparado a casca e lenho.
Rendimentos baixos na extração de fenólicos, na ordem de 4%, foram encontrados em madeira
(lenho) de Eucalyptus por Chang (2000), de modo que a extração de fenólicos a partir da madeira
do araribá oferece potencial significativo a ser explorado.
Tabela 1. Rendimento médio do material vegetal
araribá.
Folha
Amostra seca (g)
718,0
Extrato concentrado (g)
233,0
seco e extratos concentrado de partes do
Casca
541,0
55,0
Lenho
771,0
57,0
Quanto aos teores totais de fenóis e taninos (Tabela 2), observou-se maior teor de fenóis e
taninos totais nas folhas do araribá, seguido dos valores determinados na casca e no lenho. Tais
resultados diferem dos resultados obtidos por Bastos (1952) em que o teor de taninos
determinados na casca do araribá foi superior ao de outras partes da planta. Há muitos aspectos
ecológicos a serem considerados nos estudos de presença de taninos em plantas. Held (1997)
refere que para plantas de acácia, que ocorrem savanas sul-africanas, há variação no teor de
taninos, quando estas árvores são predadas pelos antílopes, que aumentam em cerca de 30
minutos após a predação. Monteiro et al.(1995) referem a existência de correlação positiva entre
altura e diâmetro de leguminosas arbóreas da caatinga e o teor d e fenóis totais e taninos.
Tabela 2. Teores de fenóis totais e taninos totais em partes do araribá.
Folha
Casca
Fenois totais no extrato concentrado (mg.g‾¹)
8,2
5,5
Fenois totais (g.Kg‾¹de amostra seca)
5,9
3,0
Taninos totais no extrato concentrado (mg.g‾¹)
4,4
3,1
Taninos totais (g.Kg‾¹ de amostra seca)
3,2
1,7
Lenho
3,4
2,6
1,6
1,3
4. CONCLUSÃO
O araribá apresenta potencial para a extração de compostos tânicos.
As folhas de araribá concentram mais compostos tânicos que a casca e o lenho.
Estudos futuros que permitam verifiquem a influência de fatores ambientais, os quais podem
afetar a produção de compostos tânicos , poderão orientar programas de manejo sustentável do
araribá
REFERÊNCIAS
The 4th International Congress on University-Industry Cooperation – Taubate, SP – Brazil – December 5th through 7th, 2012
ISBN 978-85-62326-96-7
Akisue, G. Farmacognosia. 2002. Curso de identificação de drogas vegetais. São Paulo:
Pharmakon. 100p.
Bastos, H.M. 1952. Contribuição para o conhecimento dendrológico das espécies do gênero
Centrolobium. Arquivos do Serviço Florestal, Rio de Janeiro, v.6,p. 125-186.
Chang, R. 2000 Análise dos compostos fenólicos da madeira do E. grandis e do E. urophylla do
Triângulo Mineiro. Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, 2000. 105 p. Dissertação
(Mestrado em Química) – Universidade Federal de Uberlândia.
Folin, O.; Ciocalteu, V. 1927 On tyrosine and tryptophane determination in proteins.. J Biol Chem,
v.73, p. 424-427.
Heldt, H. 1997Plant Biochemistry and Molecular Biology, University Press: Oxford, 199p.
Monteiro, J.M.; Albuquerque, U.P; Araujo, E.L.; Cavalcanti de Amorin, E.L. 2005. Taninos: uma
abordagem de química à ecologia. Quim Nova v.28, p. 892-896.
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