dQa - Componente c_ Relatório de monitorização

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QUERCUS- ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE CONSERVAÇÃO
DA NATUREZA
Monitorização e avaliação da qualidade das águas
superficiais
Janeiro de 2016
dQa- Cidadania para o Acompanhamento das Políticas Públicas da Água
Monitorização e avaliação da qualidade das águas superficiais
Índice 1 Objectivos ..................................................................................................................... 3 2 Metodologia................................................................................................................... 3 2.1 Locais de amostragem........................................................................................... 4 2.2 Elementos físico-químicos ................................................................................... 10 2.2.1 Frequência de amostragem .......................................................................... 10 2.2.2 Parâmetros avaliados e métodos de análise ................................................ 11 2.2.3 Metodologia de recolha das amostras .......................................................... 12 2.3 Elementos biológicos – Invertebrados Bentónicos .............................................. 14 2.4 Elementos hidromorfológicos – Qualidade do Bosque Ripário ........................... 14 3 Resultados .................................................................................................................. 16 3.1.1 Elementos químicos e físico-químicos ......................................................... 16 3.1.2 Elementos biológicos – Invertebrados Bentónicos ....................................... 18 3.1.3 Elementos hidromorfológicos ....................................................................... 19 a) Ribeira dos Milagres (02/09/2015) ................................................................... 19 b) Rio Almonda (07/09/2015) ............................................................................... 20 c) Rio Alviela (07/09/2015) ................................................................................... 21 d) Ribeira da Lage (21/09/2015)........................................................................... 22 e) Rio Sizandro (21/09/2015) ............................................................................... 23 f) Ribeira de Odelouca (11/09/2015) ................................................................... 24 g) Rio Ave (13/11/2015) ....................................................................................... 25 4 Estado Ecológico ........................................................................................................ 26 5 Considerações finais ................................................................................................... 27 6 Referências bibliográficas ........................................................................................... 28 2
dQa- Cidadania para o Acompanhamento das Políticas Públicas da Água
Monitorização e avaliação da qualidade das águas superficiais
1 Objectivos
O projecto “dQa – Cidadania para o Acompanhamento das Políticas Públicas da Água” inclui
uma componente dedicada à monitorização da qualidade da água em rios e ribeiras
considerados problemáticos. Nesse sentido, a equipa do projecto realizou uma campanha
de monitorização da qualidade ecológica de sete rios e ribeiras portugueses – Ave, Agudim
(conhecida por Ribeira dos Milagres), Almonda, Alviela, Sizandro, Parreiras (conhecida por
Ribeira da Laje) e Odelouca.
O presente documento corresponde ao relatório referente à campanha de monitorização
realizada para dar cumprimento à componente c. do projecto dQa – Cidadania para o
Acompanhamento das Políticas Públicas da Água, apoiado pelo Programa Cidadania Activa
(financiado pela Noruega, Liechtenstein e Islândia e gerido pela Fundação Calouste
Gulbenkian).
Com vista ao acompanhamento do cumprimento dos objectivos estabelecidos na legislação
e da eficácia das medidas estabelecidas nos Planos de Gestão de Região Hidrográfica
(PGRH), toda a monitorização foi realizada de acordo com os parâmetros e critérios
definidos na Lei da Água (Lei n.º 58/2005 de 29 de Dezembro, que transpôs para a
legislação nacional a Directiva Quadro da Água), tendo incidido sobre diferentes elementos
de qualidade, o que incluiu elementos químicos e físico-químicos gerais, elementos
biológicos (macroinvertebrados bentónicos) e elementos hidromorfológicos (habitat ripário).
2 Metodologia
Na definição da metodologia de execução dos trabalhos foi necessário ter em conta os
diferentes elementos a monitorizar, nomeadamente elementos físico-químicos, biológicos e
hidromorfológicos.
O primeiro passo aplicado incluiu a selecção das sub-bacias a monitorizar, tendo sido
seleccionadas as seguintes:
- Rio Ave
- Ribeira dos Milagres
- Rio Sizandro
- Rio Alviela
3
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Monitorização e avaliação da qualidade das águas superficiais
- Rio Almonda
- Ribeira da Laje
- Ribeira de Odelouca
Uma vez seleccionadas as sub-bacias, foi necessário definir os locais de amostragem e as
metodologias a aplicar para cada um dos elementos monitorizados e que se apresentam
abaixo.
2.1 Locais de amostragem
Para a recolha de amostras e respectiva monitorização dos parâmetros físico-químicos
foram seleccionados dois pontos por cada sub-bacia a monitorizar.
A escolha dos locais de amostragem teve em atenção as condições de acesso, como por
exemplo estradas ou pontes, a observação da profundidade dos pontos de recolha e
características naturais e/ou artificiais, como por exemplo a presença de açudes.
No caso das sub-bacias do Almonda, Alviela e Arade, houve a necessidade de escolher
novos locais de amostragem por se considerar que os locais inicialmente definidos
apresentavam problemas de acesso ou não seriam representativos da qualidade da água,
como foi o caso do ponto 13 b) no rio Arade, por se localizar numa zona de influência de
marés.
Os locais identificados no Quadro 1 são meramente indicativos, tendo a recolha das
amostras sido sempre realizada o mais próximo possível da zona assinalada, excepto
quando as condições do terreno ou climatéricas não o permitiram.
Para os elementos hidromorfológicos foram adicionados dois pontos intermédios em cada
bacia, resultando num total de quatro pontos por bacia. A selecção dos locais teve em conta
a representatividade do troço, a facilidade de acesso e a visibilidade. Estes critérios
resultaram na alteração de alguns locais de amostragem para este parâmetro, que podem
ser observados nas figuras que se seguem.
As imagens seguintes apresentam a localização dos diferentes pontos em cada uma das
sub-bacias seleccionadas. Os locais assinalados a vermelho correspondem aos pontos de
4
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amostragem dos elementos físico-químicos, químicos e biológicos; os locais assinalados a
amarelo correspondem aos pontos de amostragem dos elementos hidromorfológicos.
Quadro 1. Locais seleccionados para a amostragem dos elementos químicos, físico-químicos,
biológicos (excepção dos rios Ave e Arade - não foi realizada a monitorização deste elemento) e
hidromorfológicos.
Rio/Ribeira
Locais de amostragem
Local
Identificação
RH 2 – Cávado, Ave e
Leça
Rio Ave
1
2
Trofa (jusante)
Santo Tirso (montante)
RH 5 – Tejo e Ribeiras
do Oeste
Ribeiras do Oeste
Ribeira dos Milagres
Rio Sizandro
4
5
6
Ponte da Pedra (a montante da confluência com
o Rio Lis)
Chã
Varatojo (junto à ETAR de Torres Vedras)
Runa
7a
Ponte (Raposeira)
7b
Vaqueiros
8
Ponte de S. Vicente do Paúl
9a
Aqueduto da EPAL (jusante de Torres Novas)
Ponte Nova, junto ao Torres Shopping (jusante
de Torres Novas)
Ponte da quinta do Paúl (a montante do Paúl do
Boquilobo)
3
Tejo
Rio Alviela
Rio Almonda
9b
10
11
Laje
12
Oeiras (junto ao Jardim Municipal de Oeiras)
13 a)
13 b)
14
15
EM1152 (montante de Silves)
A jusante de Silves, junto ao parque ribeirinho
Odelouca Montante (jusante da Barragem)
Odelouca Jusante
Ribeira da Laje
RH 8 - Ribeiras do
Algarve
Rio Arade
Ribeira de Odelouca
5
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Figura 1. Rio Ave
Figura 2. Ribeira dos Milagres
6
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Figura 3. Rio Sizandro
Figura 4. Rio Alviela
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Figura 5. Rio Almonda
Figura 6. Ribeira da Laje
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Figura 7. Sub-bacia do Arade – Rio Arade
Figura 8. Sub-Bacia do Arade – Ribeira de Odelouca
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2.2 Elementos físico-químicos
Para a monitorização dos elementos físico-químicos, foram aplicados os “Critérios para a
Classificação do Estado das Massas de Água Superficiais” do INAG definidos no âmbito da
aplicação das directrizes definidas pela Directiva Quadro da Água.
2.2.1
Frequência de amostragem
Procurou-se que a frequência da amostragem fosse trimestral, o que nem sempre foi
possível devido às condições climatéricas, uma vez que, após os períodos de chuva foi
necessário aguardar para que houvesse uma regularização do caudal, de forma a que as
amostras fossem representativas da qualidade da água. As monitorizações decorreram
entre Julho de 2014 e Novembro de 2016, de acordo com a calendarização que consta no
quadro seguinte.
Quadro 2. Calendarização da recolha de amostras
Rio/Ribeira Datas das recolhas de amostras Pontos de amostragem 2014 2015 1 13/01 15/05 13/11 2 13/01 15/05 13/11 Ribeira dos 3 25/7 21/10 16/02 03/06 11/11 Milagres 4 25/7 21/10 16/02 03/06 11/11 5 04/08 28/01 29/04 27/07 27/11 6 04/08 28/01 29/04 27/07 27/11 7a 28/07 7b 04/12 25/03 01/07 19/11 8 28/07 04/12 25/03 01/07 19/11 9a 28/07 9b 04/12 25/03 01/07 19/11 10 28/07 04/12 25/03 01/07 19/11 Ribeira da 11 04/08 28/01 29/04 27/07 27/11 Laje 12 04/08 28/01 29/04 27/07 27/11 13a 06/11 12/03 13b 06/11 14 12/03 28/05 11/09 15 06/11 12/03 28/05 11/09 Rio Ave Rio Sizandro Rio Alviela Rio Almonda Rio Arade/ Ribeira de Odelouca 10
2.2.2
Parâmetros avaliados e métodos de análise
Parte dos parâmetros monitorizados constam no Quadro 3 e foram seleccionados com base
nos “Critérios para a Classificação das Massas de Água Superficiais” definidos pelo INAG,
I.P. (INAG, 2009).
Os parâmetros determinados em campo foram medidos com recurso a um equipamento
multiparamétrico Hanna 9828S da Hanna Instruments.
Os restantes parâmetros foram analisados em laboratório com recursos a Kits de teste
Spectroquant® da Merk, tendo sido seguidos os seguintes métodos:
Azoto Amoniacal - ISO 7150-1:1984
Azoto total - EN ISO 11905-1:1997
CBO5 - Método Manométrico (Sistema OxiTop)
CQO - ISO 15705:2002
Fósforo total- EN ISO6878:2004
Nitratos - DIN38405-9:2011
Nitritos - DIN 38402 A51
Ortofosfatos total - EN ISO6878:2004
SST - EN 872:2005
Quadro 3. Parâmetros monitorizados (INAG, 2009)
Parâmetros Unidades Determinação “in situ” (multiparamétrico) Oxigénio dissolvido mg O₂/L pH Escala de Sorensen Taxa de Saturação em Oxigénio % saturação de O₂ Determinação em laboratório Azoto Amoniacal Carência Bioquímica de Oxigénio (CBO₅) Fósforo Total Nitratos mg NH₄/L mg O₂/L mg P/L mg NO₃/L dQa- Cidadania para o Acompanhamento das Políticas Públicas da Água
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Além dos parâmetros definidos em INAG,I.P. (2009), foram ainda monitorizados outros
parâmetros físico-químicos por se considerar que seriam importantes na avaliação das
condições gerais dos cursos de água monitorizados.
Alguns desses parâmetros foram avaliados in situ através de uma sonda multiparamétrica e
os restantes foram sempre analisados em laboratório através dos métodos já mencionados
anteriormente. No Quadro 4 estão identificados os referidos parâmetros.
Quadro 4. Restantes parâmetros monitorizados
Parâmetros Unidades Determinação in situ (multiparamétrico) Temperatura Sólidos Dissolvidos Totais Salinidade ⁰C mg/L PSU Determinação em laboratório Azoto total Carência Química de Oxigénio (CQO) Nitritos Ortofosfatos total Sólidos Suspensos Totais 2.2.3
mg N/L mg O₂/L Mg NO2/L mg PO4/L mg/L Metodologia de recolha das amostras
A recolha das amostras foi feita em locais onde se considerou estarem garantidas as
condições de mistura da água, de modo a que fosse necessária a recolha de uma única
amostra.
As condições de mistura foram confirmadas através de medições de temperatura, ou outras
variáveis de determinação rápida, num pequeno troço do rio ou ribeira, o mais próximo
possível do local escolhido para a amostragem.
Nos locais onde se verificava a existência de rápidos ou quedas de água, as amostras
foram, sempre que possível, recolhidas a jusante desses obstáculos, com excepção para a
medição do oxigénio dissolvido que foi efectuada a montante dos mesmos, uma vez que a
agitação da água influencia um aumento dos valores desse parâmetro.
12
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Monitorização e avaliação da qualidade das águas superficiais
A colheita das amostras foi feita, sempre que a profundidade do rio o permitia, a uma
profundidade 20 a 30 cm da coluna de água, sendo que, nas colheitas feitas a partir das
margens, foi necessário o auxílio de um varão extensível associado a um frasco de recolha.
Em qualquer das situações, a colheita da amostra foi sempre antecedida pelo
enxaguamento do recipiente de amostragem por 3 vezes com a água do local.
Foram sempre utilizados os mesmos frascos de recolha para os mesmos parâmetros, não
ocorrendo a troca de frascos entre locais de amostragem.
As medições realizadas com a sonda multiparamétrica foram realizadas no mesmo local
onde foi realizada a colheita de amostras para análise em laboratório.
Ø Acondicionamento das amostras:
Nitritos e Nitratos, Azoto amoniacal, Azoto total, Fósforo total, Ortofosfatos
As amostras foram recolhidas em frascos de polietileno, sendo conservadas durante o
transporte em mala térmica refrigerada entre 2 e 4 ºC até à sua análise.
O tempo máximo de espera para a análise das amostras foi de 24h.
Carência Bioquímica de Oxigénio (CBO)
As amostras para análise de CBO foram recolhidas em frascos de polietileno castanho,
completamente cheio, tendo sido posteriormente mantidas a uma temperatura ≤ 4ºC e
transportadas até ao laboratório até 6 horas após a amostragem.
A análise das amostras foi realizada em equipamento OXI TOP, que regista de forma
automática os valores de pressão negativa que são criados no espaço vazio das garrafas e
que está relacionada com a quantidade de CBO5.
Na parte interior dos medidores foram colocadas pastilhas de hidróxido de sódio, NaOH, que
absorvem o dióxido de carbono que se vai libertando. A incubadora possui tabuleiros
magnéticos que possibilitam uma agitação contínua da amostra ao longo dos 5 dias do
ensaio.
13
dQa- Cidadania para o Acompanhamento das Políticas Públicas da Água
Monitorização e avaliação da qualidade das águas superficiais
Carência química de oxigénio (CQO)
As amostras foram recolhidas em frascos de polietileno, sendo posteriormente transportadas
em mala térmica refrigerada a uma temperatura inferior ou igual a 4ºC. Nos casos em que
não era possível a análise num curto espaço de tempo, as amostras foram conservadas por
acidificação a pH < 2 com ácido sulfúrico.
2.3 Elementos biológicos – Invertebrados Bentónicos
A metodologia de amostragem, triagem e identificação teve por base o que se encontra
definido no “Manual para a avaliação biológica da qualidade da água em sistemas fluviais
segundo a Directiva Quadro da Água” (INAG, I.P. 2008) e utilizou-se o Índice Português de
Invertebrados (IPtI) definido em “Critérios para a classificação do estado das massas de
água superficiais – Rios e Albufeiras” (INAG, I.P. 2009), e que se debruça na composição
das comunidades de invertebrados. Apenas o rRo Ave não foi alvo deste estudo devido à
tipologia que lhe está associada nos pontos seleccionados.
A amostragem foi efectuada uma vez, na Primavera, foi tida em conta a representatividade
de cada habitat no troço correspondente, a triagem foi realizada in vivo e a fixação
efectuada em álcool a 75%.
Recorreu-se ao Índice Português de Invertebrados do Sul (IPtIS) pois todas as tipologias de
massa de água avaliadas sobre este parâmetro lhe correspondem.
2.4 Elementos hidromorfológicos – Qualidade do Bosque Ripário
Por habitat ripário entende-se toda a vegetação presente nas margens de um determinado
curso de água. Este tipo de habitat apresenta-se como um elemento chave para o
funcionamento dos rios, quer por proporcionar alimento e refúgio para várias espécies, quer
pela sua contribuição na manutenção de uma elevada biodiversidade. A vegetação
ribeirinha desempenha ainda um importante papel na protecção das águas da contaminação
difusa proveniente dos terrenos agrícolas e no controlo da temperatura das águas.
14
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Monitorização e avaliação da qualidade das águas superficiais
A avaliação da qualidade do habitat ripário foi efectuada in situ, em quatro pontos de
amostragem por cada curso de água, através do cálculo do índice QBR - Qualidade do
Bosque Ripário (Munné et al. 2003).
Este índice tem em conta os seguintes aspectos:
•
O grau de cobertura vegetal ripária;
•
A estrutura vertical da vegetação;
•
A qualidade e a diversidade da cobertura vegetal;
•
O grau de naturalidade do curso de água.
Os rios e ribeiras monitorizados foram posteriormente classificados de acordo com o Quadro
5.
Quadro 5. Critérios de classificação dos cursos de água
com base nos valores determinados pelo índice QBR.
Amplitude de valores > 90 75-­‐90 55-­‐70 30-­‐50 0-­‐25 Classe I II III IV V Excelente Bom Moderado Deficiente Mau Significado em termos de qualidade Bosque ribeirinho sem alterações, estado natural Bosque ribeirinho ligeiramente alterado, boa qualidade Início de importante alteração, qualidade aceitável Forte alteração, má qualidade Degradação extrema, péssima qualidade Para cada curso de água, foram seleccionados 4 pontos de amostragem, os quais se
tentaram espaçar de forma a incluir os dois locais de amostragem para os restantes
parâmetros. As pontes e caminhos de acesso aos locais de observação não foram
contabilizados na pontuação do QBR, por indicação dos autores.
Todos os cursos de água avaliados têm carácter permanente, pelo que foi utilizada a ficha
de caracterização correspondente. A avaliação foi efectuada durante o mês de Setembro de
2015.
15
dQa- Cidadania para o Acompanhamento das Políticas Públicas da Água
Monitorização e avaliação da qualidade das águas superficiais
3 Resultados
3.1.1
Elementos químicos e físico-químicos
De acordo com INAG, I.P. (2009), os elementos químicos e físico-químicos de suporte aos
elementos biológicos integram a avaliação das condições gerais dos cursos de água que
incluem a monitorização de sete parâmetros, através dos quais se avaliam as condições de
oxigenação, o estado de acidificação e as condições relativas a nutrientes de uma massa de
água.
Cada um destes parâmetros tem definidos limiares que permitem classificar o estado
ecológico, sendo que, de acordo com a metodologia utilizada, apenas é possível distinguir
entre dois estados, “Bom ou superior” e “Inferior a bom”.
No quadro abaixo estão identificados os sete parâmetros monitorizados e os respectivos
limiares que permitem distinguir entre os estados “Bom ou superior” e “Inferior a bom”.
Quadro 6. Limiares máximos, para os parâmetros físico-químicos gerais
para o estabelecimento do Bom Estado Ecológico em Rios
Limites para o Bom estado Agrupamento Norte Tipos: M, N1 Q 100 km2, N1 S 100 km2, N2, N3, N4 Agrupamento Sul Tipos: L, S1 Q 100 km2, S1 S 100 km2, S2, S3, S4 Oxigénio Dissolvido (1) ≥5 mg O2/L ≥5 mg O2/L Taxa de Saturação em Oxigénio (1) entre 60% e 120% entre 60% e 120% Carência Bioquímica de Oxigénio (CBO5) (1) ≤6 mg O2/L ≤6 mg O2/L pH (1) Entre 6 e 9* Entre 6 e 9* Azoto Amoniacal (1) ≤1 mg NH4/L ≤1 mg NH4/L Nitratos (2) ≤25 mg NO3/L ≤25 mg NO3/L Fósforo Total (2) ≤0,10 mg P/L ≤0,13 mg P/L Parâmetros (1) – 80% das amostras se a frequência for mensal ou superior
(2) - Média Anual
*- Os limites indicados poderão ser ultrapassados caso ocorram naturalmente
Com base na média dos resultados obtidos na monitorização de cada parâmetro foram
obtidas as classificações apresentadas no Quadro 7.
16
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Monitorização e avaliação da qualidade das águas superficiais
Quadro 7. Classificação do estado ecológico dos cursos de água
para cada um dos principais parâmetros analisados
Rio Parâmetros Azoto Amoniacal Carência Bioquímica de Oxigénio (CBO5) Fósforo Total Nitratos pH Oxigénio Dissolvido Taxa de Saturação em Oxigénio CLASSIFICAÇÃO GLOBAL Ave Milagres Almonda Alviela Sizandro Laje Odelouca Bom ou Inferior a Inferior a Inferior a Inferior a Bom ou Bom ou superior Bom Bom Bom Bom superior superior Bom ou Inferior a Inferior a Bom ou Bom ou Bom ou Bom ou superior Bom Bom superior superior superior superior Inferior a Bom Inferior a Bom Bom ou superior Bom ou superior Inferior a Bom Inferior a Bom Bom ou superior Bom ou superior Inferior a Bom Bom ou superior Bom ou superior Inferior a Bom Inferior a Bom Inferior a Bom Bom ou superior Bom ou superior Inferior a Bom Bom ou superior Bom ou superior Bom ou superior Inferior a Bom Inferior a Bom Bom ou superior Bom ou superior Inferior a Bom Inferior a Bom Bom ou superior Bom ou superior Bom ou Bom ou Inferior a Bom ou Bom ou Bom ou Bom ou superior superior Bom superior superior superior superior Inferior Inferior a Inferior a Inferior a Inferior a Inferior a Inferior a a Bom Bom Bom Bom Bom Bom Bom Os resultados obtidos permitiram perceber que todos os cursos de água monitorizados
continuam a sofrer pressões significativas responsáveis por diversas formas de poluição
pontual e difusa.
A monitorização realizada permitiu identificar concentrações elevadas de nutrientes, como o
Fósforo e os derivados do Azoto (Nitratos), que resultam sobretudo da aplicação de más
práticas agrícolas, com uso excessivo de fertilizantes. No Rio Almonda e na Ribeira dos
Milagres, foram detectadas cargas orgânicas (CBO5) que terão a sua origem na rejeição de
águas residuais não tratadas de origem urbana, industrial e pecuária. As cargas orgânicas
observadas são particularmente elevadas no Rio Almonda, tendo sido corroboradas pelas
condições de oxigenação encontradas em algumas amostragens, em que a taxa de
saturação de oxigénio e a concentração de oxigénio dissolvido apresentaram valores iguais
ou muito próximos de zero.
Os restantes parâmetros analisados, que não estão incluídos nos critérios de classificação
INAG, I.P. (2009) permitiram identificar cargas orgânicas (CQO) elevadas em praticamente
todos os cursos de água, sendo especialmente elevadas na Ribeira dos Milagres e no Rio
17
dQa- Cidadania para o Acompanhamento das Políticas Públicas da Água
Monitorização e avaliação da qualidade das águas superficiais
Almonda. Foram também determinados, em todos os cursos de água com excepção da
Ribeira de Odelouca, níveis elevados de Azoto, proveniente sobretudo de poluição difusa.
3.1.2
Elementos biológicos – Invertebrados Bentónicos
As comunidades de macroinvertebrados bentónicos têm sido largamente utilizadas para
avaliar a qualidade biológica de ecossistemas de água correntes devido à sua grande
diversidade taxonómica, à qual se associa uma acentuada sensibilidade a factores
ecológicos, nomeadamente no que se refere a especificidade para certos habitats e às suas
diferentes sensibilidades a vários tipos de pressões humanas (contaminação química e
orgânica, acidificação, degradação morfológica, etc.).
A metodologia utilizada na amostragem, triagem e identificação de macroinvertebrados
bentónicos teve por base o que se encontra definido pelo “Manual para a avaliação biológica
da qualidade da água em sistemas fluviais segundo a Directiva Quadro da Água”.
Os resultados para este parâmetro encontram-se resumidos no Quadro 8.
Quadro 8. Tabela de resultados da monitorização do
elemento biológico “Invertebrados Bentónicos”.
Almonda Laje Odelouca Sizandro Alviela Milagres Nº Taxa 4 13 22 18 14 18 Nº organismos 12468 678 942 1959 333 12885 Equitabilidade 0,101 0,510 0,604 0,603 0,573 0,379 IBMWP 8 47 109 67 56 68 IPtS 0,069 0,371 0,770 0,565 0,432 0,543 Classificação (segundo Ipt) Mau Medíocre Bom Bom Medíocre Razoável Do total de sub-bacias analisadas, apenas duas, as sub-bacias dos rios Odelouca e
Sizandro, apresentam classificação de “Bom”, tendo as restantes classificação inferior a
bom. A classificação de qualidade está ligada aos Taxa identificados, ao número de
diferentes Taxa obtidos e à equitabilidade. A equitabilidade diz respeito à diversidade de
18
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Monitorização e avaliação da qualidade das águas superficiais
Taxa e à relação de abundância dos diferentes Taxa de uma comunidade, cujo valor é
reduzido para comunidades com abundâncias muito distintas.
Os rios com classificação inferior a bom apresentam famílias de organismos muito
resistentes à poluição, entre elas a família Chironomidae, Simulidae, Culicidae, Hydrobiidae
e a subclasse Oligochaeta e poucos representantes de organismos sensíveis à poluição,
como sejam os organismos das classes Odonata, Trichoptera e Plecoptera. O Rio Almonda
apenas apresentou quatro famílias, compostas por organismos muito resistentes à poluição.
A diversidade de Taxa está também dependente da diversidade e estabilidade de habitats,
nomeadamente macrófitas, matéria orgânica particulada, blocos, pedras, cascalho e areia.
Os rios com classificação inferior são regularmente perturbados pela actividade humana,
têm evidências de artificalização e de poluição química e orgânica, o que, em conjunto,
estarão na origem da reduzida classificação.
Embora o Rio Sizandro tenha um historial de poluição orgânica, os resultados obtidos para
os elementos biológicos indicam boa qualidade, o que pode apontar para uma recuperação
gradual do estado ecológico. O Rio Odelouca apresenta bom estado ecológico estando este
valor relacionado com a reduzida presença humana. Assinala-se a presença de potenciais
fontes de poluição orgânica ao longo do rio, e ainda de espécies vegetais exóticas, no
entanto, o leito do curso de água apresenta variedade de substracto que contribui para a
diversidade de taxa de invertebrados bentónicos.
3.1.3
Elementos hidromorfológicos
Apresentam-se os resultados para cada bacia hidrográfica e a descrição das observações
efectuadas.
a) Ribeira dos Milagres (02/09/2015)
A todos os locais corresponde a tipologia de rios 2: margens com potencialidade intermédia
para suportar uma zona vegetal, troços médios de rios.
O coberto vegetal é inferior a 50% e a conectividade com o ecossistema florestal inferior a
50%. Geralmente, o coberto vegetal está circunscrito às margens, ocorrendo uma ocupação
da restante zona ripária pela actividade agrícola. Cobertura arbórea entre 50 a 75% e
presença significativa de arbustos nas margens.
19
dQa- Cidadania para o Acompanhamento das Políticas Públicas da Água
Monitorização e avaliação da qualidade das águas superficiais
O número de espécies arbóreas autóctones é no máximo
QBR – Ribeira Milagres
de 3, no ponto A e C, e inferior nos restantes, sendo que
A
40
Deficiente
existem em todos os pontos, e de forma geral ao longo
B
50
Deficiente
da
C
25
Mau
D
25
Mau
ribeira,
comunidades
extensas
de
exóticas,
nomeadamente Arundo donax (cana), e poucas espécies
de arbustos autóctones. Nos pontos C e D, existem
estruturas construídas pelo Homem e no ponto C
encontram-se depósitos de resíduos. Exceptuando em B,
existem evidências de alterações das margens, provavelmente fruto da ocupação agrícola, e
açudes.
Como notas gerais do curso de água, refere-se a ocupação agrícola até próximo do curso
de
água,
presença
relevante
de
suiniculturas,
ecossistema
florestal
adjacente
maioritariamente composto por eucaliptos e presença de grande número de pontes e
açudes.
Apresenta-se ainda uma breve de lista de algumas das espécies vegetais encontradas nos
vários locais amostrados: Arundo donax (cana), Quercus faginea (carvalho português), Salix
atrocinerea (borrazeira negra), salix spp. (outros salgueiros), Pinus sp. (pinheiro), Rubus
spp. (silvas), Rosa canina (roseira brava), Olea europea (oliveira), Prunus sp. (gingeira),
Populus x (choupo provavelmente híbrido), Alnus glutinosa (amieiro), Sambucus nigra
(sabugueiro), Arundo donax (cana), Equisetum telmateia (cavalinha), Castanea sativa
(castanheiro), Acacia melanoxylon (austrália), Typha angustifolia (tabúa), Eucalyptus
globulus (eucalipto), Pinus pinaster (pinheiro bravo), Hedera helix (hera).
b) Rio Almonda (07/09/2015)
A todos os locais corresponde a tipologia de rios 2 - margens com potencialidade intermédia
para suportar uma zona vegetal, troços médios de rios.
O coberto vegetal do corredor ripário é de cerca de 20%, e é inexistente a conectividade
deste com o ecossistema florestal adjacente. A, B e D têm cobertura arbórea superior a 75%
e C entre 50 a 75%. A percentagem de coberto arbóreo é, portanto, bastante variável ao
longo deste curso. A concentração de helófitos e arbustos nas margens é também variável,
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sendo superior nos locais com menor cobertura arbórea. Apenas D tem boa conexão entre o
estrato arbóreo e o sub-coberto arbustivo.
QBR – Rio Almonda
O número de espécies arbóreas em A e B é de apenas dois e
A
60
Moderado
B
60
Moderado
comunidade forma um contínuo vegetal de pelo menos 50%,
C
65
Moderado
embora
D
50
Deficiente
exóticas. No ponto D, existe um pequeno depósito de
em C e D é de pelo menos três. Em todos os locais, a
estejam
presentes
comunidades
de
espécies
resíduos.
De forma geral, o canal do rio não sofreu modificações consideráveis e não existem, nos
pontos amostrados, estruturas sólidas nem açudes. O corredor ripário limita-se às margens
e tem uma largura de 4 a 5 metros, exceptuando em A.
Apresenta-se uma breve de lista de algumas das espécies vegetais encontradas nos vários
locais amostrados: Populus nigra (choupo negro), Salix neotrycha ou Salix alba, Rubus spp.
(silva), Arundo donax (cana), Fraxinus sp. (freixo), Crataegus monogyna (pilriteiro), Alnus
glutinosa (amieiro).
c) Rio Alviela (07/09/2015)
A todos os locais corresponde a tipologia de rios 2 - margens com potencialidade intermédia
para suportar uma zona vegetal, troços médios de rios.
Este curso de água possui leitos de cheia consideravelmente largos (geralmente 100 metros
em cada margem), quase sempre ocupados por campos agrícolas que confinam o corredor
ripário a 3 ou menos metros em cada margem e condicionam de forma relevante a
ocupação helofítica e arbustiva.
QBR – Rio Alviela
A cobertura vegetal é reduzida, entre 10 a 50% (excepto em B -
A
70
Moderado
entre 50 a 80%) e a conectividade com o ecossistema florestal
B
25
Mau
adjacente é praticamente inexistente em todos os locais
C
65
Moderado
amostrados. Do coberto vegetal existente, existe uma grande
D
55
moderado
percentagem de coberto arbóreo, sendo que em B, onde o
coberto arbóreo é inferior, existe uma boa conexão entre este e o
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sub-coberto arbustivo. Apenas no local A existe uma boa concentração de helófitos e
arbustos (< 50%). No ponto D praticamente não existe vegetação rasteira.
O número de espécies autóctones é reduzido, mais concretamente, 3 nos locais A e B e 2
nos locais C e D. O número de indivíduos de espécies autóctones é, também, geralmente
reduzido (excepto em A) e a presença de comunidades de espécies alóctones é elevada em
todos os locais, nomeadamente, de Arundo donax (cana) e de Ailanthus altissima (espanta
lobos).
Os pontos C e D não apresentam alterações do canal do rio, já em A e B existem alterações
e também presença de estruturas dentro do rio e um açude (em A). Adicionalmente, referese, no local B, a existência de extensas comunidades de exóticas invasoras,
nomeadamente, Arundo donax e Ailanthus altissima.
Apresenta-se uma breve de lista de algumas das espécies vegetais encontradas nos vários
locais amostrados: Iris pseudacorus (lírio de água), Populus nigra (choupo negro), Salix alba
(salgueiro-branco), Alnus glutinosa (amieiro), Salix sp. (salgueiro), Fraxinus sp. (freixo),
Alnus glutinosa (amieiro), Arundo donax (cana), Ailanthus altissima (espanta lobos).
d) Ribeira da Lage (21/09/2015)
Os pontos A, B e D são de tipologia 2 enquanto o ponto E corresponde à tipologia 3.
Os pontos A e B, a montante, encontram-se em zonas sujeitas a menor pressão, enquanto
os pontos D e E, a jusante, encontram-se fortemente impactados pela pressão urbana.
QBR – Ribeira da Lage
Os pontos A e B têm cobertura vegetal entre 50 a 80%,
A
15
Mau
enquanto os pontos D e E têm a cobertura entre 10 e 50%. Esta
B
30
Deficiente
diferença deve-se à pressão urbana evidente nos dois pontos a
C
5
Mau
D
0
Mau
jusante. Também o mesmo comportamento se verifica no que
toca à conectividade com o ecossistema florestal, sendo que
nos dois pontos a jusante esta conectividade é inexistente.
Em todos os pontos a cobertura arbórea é inferior a 50% e a cobertura de arbustos é muito
reduzida. Apenas o ponto C tem concentração de helófitos relevantes e o ponto B tem boa
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conexão entre coberto arbóreo e sub-coberto arbustivo. Nos dois pontos mais a jusante (C e
D), as árvores e arbustos distribuem-se sem continuidade, fruto da pressão urbana
existente.
O número de espécies de árvores autóctones é de um ou dois em todos os pontos, sendo
portanto um número bastante reduzido. Para além deste número reduzido estão sempre
presentes comunidades de espécies exóticas invasoras, nomeadamente o Arundo donax
(cana), e encontram-se estruturas construídas pelo Homem nos vários pontos, com
excepção do ponto B. No ponto D foram encontrados depósitos de resíduos.
No ponto C, identifica-se a presença de um açude, uma ponte, um muro de betão na
margem direita e alguma agricultura na margem esquerda. No ponto D, o rio encontra-se
totalmente canalizado.
Apresenta-se uma breve de lista de algumas das espécies vegetais encontradas nos vários
locais amostrados: Arundo donax (cana), Fraxinus spp (freixo), Salix spp (salgueiro),
Populus alba (choupo branco), Eucaliptus globulus (eucalipto), Bambusa sp.(bambu).
e) Rio Sizandro (21/09/2015)
Devido às intervenções que se encontravam a ser realizadas no local correspondente ao
ponto C, as margens encontravam-se totalmente desprovidas de vegetação ripária.
Os pontos A e B encontram-se com coberto vegetal inferior a 50% e o ponto D entre 50 a
80%. Em todos os locais, a conectividade entre o ecosssitema ripário e o ecossistema
florestal é inexistente e deve-se à elevada pressão agrícola, responsável ainda pela
reduzida largura do corredor ripário.
QBR – Rio Sizandro
A
50
Deficiente
B
35
Deficiente
C
0
inexistente
D
15
Mau
Do coberto vegetal identificado no parágrafo anterior, a cobertura
arbórea é inferior a 50% sendo o restante composto por arbustos.
Em todos os pontos se detectou a presença de vegetação
helofítica. O ponto D é o mais impactado pela exploração agrícola
que originou distribuição sem continuidade, inexistência de
vegetação rasteira consolidada e uma distribuição regular das
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espécies arbóras. No entanto, a margem direita encontra-se neste momento em processo
de regeneração natural resultado do abandono do terreno.
No ponto A, identificou-se um número relevante de espécies de árvores autóctones, mas a
espécie invasora Arundo donax (cana) ocupa mais de 80% das margens do troço. Nos
restantes locais apenas duas espécies de árvores autóctones foram identificadas, mas
também se assinala a presença de comunidades de espécies invasoras, nomeadamente de
Arundo donax.
Em nenhum ponto caracterizado se assinalam estruturas construídas pelo Homem, mas
detectam-se intervenções nas margens, tendo ocorrido uso de maquinaria pesada, e que
resultou na elevação das margens e aumento da profundidade do leito.
De forma geral, o ecossistema ripário deste curso de água encontra-se extremamente
afectado pela pressão agrícola e pela presença de espécies exóticas invasoras,
principalmente de Arundo donax, exceptuando o troço de rio que passa pela cidade de
Torres Vedras, onde as intervenções realizadas, passadas e recentes, originam a
canalização e linearização do canal e a artificialização das vertentes.
f) Ribeira Odelouca (11/09/2015)
Todos os pontos foram considerados de tipologia 3 - vertentes capazes de suportar um
bosque ripário extenso e que corresponde a troços baixos de rios.
QBR – Ribeira Odelouca
Os pontos A, B e C têm a sua zona ripária restrita pela
A
75
Bom
ocupação agrícola. No ponto D, devido ao declive das
B
10
Mau
margens, não se verifica a mesma taxa de ocupação, pelo
C
50
Deficiente
que o coberto vegetal ripário ocupa maior área. Em todos os
D
75
Bom
locais a conectividade entre este ecossistema e a floresta
adjacente é muito reduzida ou inexistente.
Em termos de estrutura da cobertura, verifica-se que a percentagem de cobertura arbórea é
elevada apenas no ponto A, mas mais reduzida nos restantes locais. Verifica-se, com
excepção do ponto B, presença relevante de vegetação helofítica e uma boa conexão entre
os estratos arbóreo e arbustivo.
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Monitorização e avaliação da qualidade das águas superficiais
No ponto A, identificaram-se três espécies de árvores autóctones, nomeadamente Salix
atrocinerea, Fraxinus sp. e Alnus glutinosa, sendo no entanto a área ocupada pela Acacia
dealbata muito superior e com elevada densidade. A existência de comunidades de
espécies exóticas invasoras de Arundo donax e Acacia spp. é transversal a todos os locais
amostrados, enquanto as espécies de Salix atrocinerea., Fraxinus spp. e tamarix spp. têm
número reduzido de indivíduos.
Quanto ao canal, não existem modificações consideráveis das margens e do leito desta
ribeira.
Apresenta-se uma breve de lista de algumas das espécies vegetais encontradas nos vários
locais amostrados: Salix atrocinerea (Borrazeira negra), Fraxinus spp. (Freixo) e Alnus
glutinosa (Amieiro), Acacia dealbata (Mimosa), Acacia spp., Arundo donax (Cana), Tamarix
africana (Tamargueira).
g) Rio Ave (13/11/2015)
Todos os pontos foram considerados de tipologia 2 – margens com uma potencialidade
intermédia de supotar um bosque ripário; troços médios de rios.
O ponto A tem duas margens consideravelmente diferentes, encontrando-se a margem
direita desprovida quase totalmente, de vegetação ripária resultante da pressão urbana –
mais concretamente, pela existência de um parque urbano ao longo desta margem; a
margem esquerda encontra-se densamente ocupada por vegetação ripária arbórea e
arbustiva, no entanto, o perfil observado sugire a existência de muro nesta margem, embora
não existam evidências concretas.
QBR – Rio Ave
Dos quatro pontos observados, apenas B tem cobertura vegetal
A 45 Deficiente
superior a 80% enquanto os restantes têm cobertura próxima ou
B 65 Moderado
inferior a 10%. A conectividade com o ecossistema florestal é
C 20 Mau
D 25 Mau
praticamente inexistente.
Em termos de avaliação da estrutura da cobertura, verifica-se que
apenas no ponto C existe cobertura arbórea superior a 75%, A e B tem coberto arbóreo
entre 25 a 50% e D tem coberto arbóreo inferior a 50 e arbustos em menos de 25%. Em
25
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Monitorização e avaliação da qualidade das águas superficiais
quase todos os pontos existem arbustos nas margens, embora estes se distribuam em
manchas sem apresentar continuidade. No ponto C observa-se regularidade dos pés de
árvores e quase inexistência de vegetação rasteira.
Nos pontos A, B e D encontram-se pelo menos 4 espécies de árvores autóctones diferentes,
nomeadamente o freixo, o salgueiro, o choupo, o amieiro e o carvalho, enquanto no ponto C
apenas existem o choupo e o salgueiro (borrazeira negra). Em todos os locais existem
estruturas construídas pelo Homem e não existem depósitos de resíduos. Apenas no ponto
C não existem espécies exóticas, verificando-se a existência nos restantes pontos de uma
comunidade de bambu (em A) e presença de robínia, plátano, Ailanthus altissima e mimosa
(em A, B e D).
Em nenhum dos pontos se registam alterações do canal de grande relevância, no entanto
apenas no ponto A se considerou a total inexistência de modificações.
Do ponto de vista global, a caracterização destes locais à qual se juntou a observação do
canal entre os vários pontos caracterizados, revela que é transversal a pressão agrícola que
reduz o ecossistema ripário a poucos metros, a existência das espécies exóticas invasoras
robínia e mimosa e a presença de açudes que se distanciam entre eles em algumas
centenas de metros. Importa referir que a dispersão das espécies invasoras está ainda
limitada a pequenos aglomerados pelo que a implementação de acções de controlo e
erradicação adequadas pode condicionar positivamente e de forma preventiva a sua
dispersão.
4 Estado Ecológico
De acordo com os critérios definidos na Directiva Quadro da Água, a definição do Estado
Ecológico dos cursos de água resulta da combinação das classificações dos diferentes
elementos
monitorizados,
sendo
determinada
pelo
elemento
que
apresente
pior
classificação, ou seja, o elemento mais afectado pela actividade humana.
Nesse sentido, foi determinado o Estado Ecológico de cada um dos rios e ribeiras
monitorizados estando o mesmo apresentado no Quadro 5.
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Monitorização e avaliação da qualidade das águas superficiais
Quadro 5. Classificação do estado ecológico de cada um dos cursos de água.
Ave
Elementos Físico- Inferior a
químicos gerais
Bom
Elementos
N.A.
biológicos
Inferior a
Estado ecológico
Bom
Milagres
Inferior a
Bom
Sizandro Alviela
Inferior a Inferior a
Bom
Bom
Almonda Laje
Odelouca
Inferior a Inferior a Inferior a
Bom
Bom
Bom
Razoável Bom
Medíocre Mau
Medíocre Bom
Inferior a
Bom
Inferior a
Bom
Inferior a Inferior a
Bom
Bom
Inferior a
Bom
Inferior a
Bom
5 Considerações finais
Nos cursos de água analisados não é aparente que exista sensibilidade para a importância
e protecção do ecossistema ripário.
Esta falta de sensibilidade é revelada pela pressão exercida pela ocupação agrícola, que
restringe a largura do corredor ripário a poucos metros e sempre inferior à largura máxima
potencial, e pela pressão nos ambientes urbanos. Estas pressões levam à redução da
dimensão do corredor, à expansão de espécies exóticas invasoras e consequente redução
da biodiversidade.
Ao longo da campanha de monitorização, verificou-se a presença de espécies autóctones
características destes ecossistemas, como o salgueiro, o freixo, o amieiro e o choupo negro,
mas com comunidades muito reduzidas, muitas vezes limitadas a poucos exemplares,
enquanto se verificam comunidades extensas de espécies invasoras. Os rios do centro
possuem problemas graves de proliferação de Arundo donax (cana), e a Ribeira de
Odelouca possui problemas de proliferação de Arundo donax e Acacia dealbata (mimosa). O
Rio Ave apresenta ocupação reduzida de espécies invasoras, pelo que uma intervenção
adequada e atempada pode prevenir a sua expansão.
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dQa- Cidadania para o Acompanhamento das Políticas Públicas da Água
Monitorização e avaliação da qualidade das águas superficiais
6 Referências bibliográficas
INAG, I.P. “Critérios para a classificação do estado das massas de água superficiais
– Rios e Albufeiras.” 2009.
INAG, I.P. “Manual para a avaliação biológica da qualidade da água em sistemas
fluviais segundo a Directiva Quadro da Água.” 2008.
Munné, A., N. Prat, C. Solà, N. Bonada, e M. Rieradevall. “A simple field method for
assessing the ecological quality of riparian habitat in rivers and streams: QBR
index.” Aquatic Conservation: Marine and freshwater ecosystems, 2003.
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