Apostila PCB

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Técnicas de Projeto de
Compatibilidade Eletromagnética (CEM)
no desenvolvimento de
Placas de Circuito Impresso
Prof. Rodrigo Cutri
2005
Técnicas de Projeto de Compatibilidade Eletromagnética (CEM) no desenvolvimento de Placas de
Circuito Impresso – Prof. Rodrigo Cutri
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Índice :
1 . Introdução ................................................................................... 5
2. Comportamento não-ideal dos componentes ..................................... 6
2.1 Efeito Pelicular .................................................................................... 6
2.2 Espaçamento entre os terminais dos componentes.............................. 6
2.3 Análise da influência da variação da freqüência no comportamento
dos Resistores ............................................................................................ 8
2.4 Análise da influência da variação da freqüência no comportamento
dos Capacitores ........................................................................................ 10
2.5 Análise da influência da variação da freqüência no comportamento
dos Indutores............................................................................................ 12
3. PROBLEMAS DE EMC x LAYOUT ............................................ 13
3.1 Desacoplamento................................................................................. 14
3.2 Impedância de Plano de Terra e Trilhas num PCB ........................... 18
3.3 Crosstalk ............................................................................................ 23
3.4 Efeitos de Linhas de Transmissão ..................................................... 25
3.5 Descargas Eletrostáticas .................................................................... 27
4. Observações sobre a elaboração de um layout de PCB....................... 29
5. Bibliografia ................................................................................ 30
Técnicas de Projeto de Compatibilidade Eletromagnética (CEM) no desenvolvimento de Placas de
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Técnicas de Projeto de Compatibilidade Eletromagnética (CEM) no desenvolvimento de Placas de
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1 . Introdução
A Eletrônica de Potência é o campo da engenharia que usa a eletrônica para processar a
energia utilizada em diversos equipamentos elétricos, utilizando freqüências maiores
que as da rede (50/60 Hz) e processando sinais elevados de tensões e correntes não
senoidais. Geram-se assim sinais elétricos e campos eletromagnéticos, conduzidos ou
irradiados, que podem vir a afetar prejudicialmente outros equipamentos próximos.
Além de emitir interferências eletromagnéticas, os circuitos de controle podem ser
afetados por interferências provenientes de outros circuitos ou fenômenos naturais.
Estes fenômenos são casos de estudo de compatibilidade eletromagnética. A
Compatibilidade Eletromagnética é a capacidade de sistemas elétricos e eletrônicos,
equipamentos e dispositivos de operar num ambiente eletromagnético sem sofrer ou
causar degradações inaceitáveis devidas à interferência magnética. A energia
eletromagnética
pode se propagar pelo espaço, sendo este fenômeno chamado de
Emissão Irradiada, ou pelos cabos e conexões, chamado Emissão Conduzida.
As etapas relevantes ao estudo da Interferência Eletromagnética na Eletrônica de
Potência dividem-se aproximadamente em 1/3 no desenvolvimento do esquema elétrico;
1/3 na escolha dos componentes e 1/3 no layout e montagem dos componentes na placa
de circuito impresso.
A importância de um bom layout na confecção de placas de circuito impresso é de
fundamental importância a fim de evitar/atenuar as interferências eletromagnéticas no
circuito. Deve-se utilizar com parcimônia as rotinas de auto-roteamento dos softwares
de confecção de placas, pois geralmente estes apenas fazem as conexões dos nós não se
preocupando com outros aspectos como as influências e interferências eletromagnéticas
entre os componentes.
Este trabalho expõe e analisa, sob um ponto de vista qualitativo, as causas e
conseqüências das interferências eletromagnéticas quando da concepção de um layout
de uma placa de circuito impresso, conhecida simplesmente por PCB (Printed Circuit
Board).
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Primeiramente analisa-se o comportamento de alguns dos principais
componentes
eletrônicos sob a influência de altas freqüências. A seguir destacam-se alguns dos
principais problemas encontrados e as soluções adotadas.
2. Comportamento não-ideal dos componentes
Neste item, primeiramente discute-se qual a influência da freqüência e do espaçamento
entre os terminais no comportamento dos componentes. A seguir, é apresentado
sucintamente qual o comportamento dos principais componentes eletrônicos (resistor,
indutor e capacitor) quando da variação da freqüência do sinal aplicado sobre os
mesmos.
2.1 Efeito Pelicular
Os condutores de um sistema (vias e ilhas de uma PCB) apresentam um comportamento
longe do ideal, (ou seja, o comportamento do sinal transmitido pode sofrer influências
que não estavam previstas) quando sujeitos a trabalhar em altas freqüências. O efeito
pelicular é uma das causas desse desvio de comportamento. Ele consiste na
transmissão do sinal apenas na camada mais externa do condutor. A transmissão do
sinal pela da área do condutor vai diminuindo conforme se aumenta a freqüência do
sinal transmitido, ou seja, quanto maior a freqüência, menor área útil da secção do
condutor estará sendo utilizada para a transmissão do sinal. Caso o sinal produza uma
corrente do tipo contínua ou com baixas freqüências a distribuição do sinal é
praticamente uniforme sobre todas as seções das vias e ilhas.
2.2 Espaçamento entre os terminais dos componentes
O espaçamento entre os terminais dos componentes é uma outra causa no desvio do
comportamento ideal dos componentes. O aumento do espaçamento entre os
componentes provoca em altas freqüências a adição de efeitos indutivos e capacitivos
que devem ser considerados para a análise dos componentes (Figs.2-1 e 2-2). Uma
solução para evitar/atenuar o aparecimento destas indutâncias e capacitâncias parasitas é
a utilização de componentes que permitem sua soldagem diretamente a placa,
minimizando-se ao máximo o tamanho de seus terminais.
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(a)
comprimento
do terminal
i
Componente
Terminais
(b)
comprimento
do terminal
L
Componente
Terminais
Fig.2-1 Modelamento dos efeitos dos campos magnéticos devido aos terminais dos
componentes: (a) modelo físico (b) circuito equivalente
(a)
comprimento
do terminal
+++++++
+
Terminais
V
Componente
- - - - - - -
(b)
Terminais
comprimento
do terminal
C
Componente
Fig.2-2 Modelamento dos efeitos dos campos elétricos devido aos terminais dos
componentes: (a) modelo físico (b) circuito equivalente
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2.3 Análise da influência da variação da freqüência no
comportamento dos Resistores
Os resistores são basicamente construídos de três formas: com carbono, com fio
enrolado e com filme. A resposta em freqüência ideal de um resistor é dada pela Fig.23.
R
(b)
(a)
Z
Z
R
0
f
f
Fig.2-3 Resposta em freqüência da impedância de um resistor ideal: (a) módulo (b) fase
Na maioria dos circuitos eletrônicos, os resistores de carbono são os mais utilizados,
pois não estão sujeitos a alterações com altas freqüências, apresentando como
desvantagem a alta tolerância. Resistores de fio enrolado apresentam uma precisão de
resistência maior, mas devido à sua forma construtiva apresentam uma indutância em
série com o elemento resistivo. Esta indutância tem seu efeito acentuado em altas
freqüências de chaveamento e rápidos tempos de subida e descida do sinal (di/dt
elevados). Além da indutância própria devido ao processo construtivo, contribui a
indutância e a capacitância devido ao espaçamento dos terminais conforme visto no
item 2.2. A curva de resposta em freqüência do resistor é apresentada na Fig.2-4 .
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(a)
L(terminal)
Terminais
R
C(terminal)
C(terminal)
L(terminal)
(b)
R
(c)
Z
Z
90
R
0
-90
f
f1
f
f2
f1
f2
FIG.2.4 – Comportamento não ideal do Resistor
Observa-se nas Figs. 2-4 e 2-5 que sob determinadas freqüências o resistor passa a
apresentar comportamento mais capacitivo (f1<f<f2) ou indutivo (f>f2).
(a) Dc
R
C(terminal)
(b)
R
b) f =
1
2πR.Cter min al
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C(terminal)
L(terminal)
(c)
R
c) f =
1
2π Lter min al .Cter min al
(d)
R
→ ∞
d) f 
FIG.2-5 – Comportamento do Resistor p/ várias freqüências
2.4 Análise da influência da variação da freqüência no
comportamento dos Capacitores
A resposta em freqüência ideal de um capacitor é dada pela Fig.2-6.
C
(b)
(a)
Z
Z
-20 dB/dec
-90
f
f
Fig.2-6 Resposta em freqüência da impedância de um capacitor ideal:
(a) módulo (b) fase
Onde sua impedância é dada por Z=1/(wC) Fase : -90º .
Segue abaixo seu modelo levando em conta suas não idealidades :
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L(terminal)
Terminais
Rplacas
C(terminal)
Rdielétrico
C
L
Área A
Dielétrico
FIG.2-7 – Aspectos construtivos do Capacitor
C(terminal)
L(terminal)
(a)
R
(b)
Z
Z
90
0
-90
f
fo
f
fo
FIG.2.8 – Comportamento não ideal do Capacitor
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11
fo =
1
2π Lter min al .C
2.5 Análise da influência da variação da freqüência no
comportamento dos Indutores
O comportamento ideal de um indutor seria :
L
(b)
(a)
Z
Z
+20 dB/dec
+90
f
f
Fig.2-9 Resposta em freqüência da impedância de um indutor ideal:
(a) módulo (b) fase
Onde sua impedância é dada por Z=wL Fase : 90º .
Segue abaixo seu modelo levando em conta suas não idealidades :
C(paralelo)
L(terminal)
(a)
Rparalelo
(b)
Z
Z
90
0
-90
Rparalelo
f1
f2
f
f
f1
f2
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f1 =
R paralelo
2πL
f2 =
1
2π L .C paralelo
FIG.10 – Comportamento do Indutor p/ várias frequências
Observa-se na Figs. 2-10 que sob determinadas freqüências o indutor passa a apresentar
comportamento mais resistivo (f<f1) ou capacititvo (f>f2).
3. PROBLEMAS DE EMC x LAYOUT
Muitos problemas de EMC podem ser minimizados no projeto de uma placa de circuito
impresso pela atenção dispensada ao layout . Abaixo se seguem alguns procedimentos
que devem ser utilizados e sua posterior explicação :
- Desacoplamento
- Impedância de Plano de Terra e Trilhas num PCB
- CROSSTALK
- Efeitos de Linhas de Transmissão
- Descargas Eletrostáticas
- Emissões irradiadas
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3.1 Desacoplamento
O desacoplamento é necessário quando o gate de um semicondutor, ou outro dispositivo
(chaves), necessita de uma demanda de corrente que ocorre com um tempo de
comutação muito rápido (alto di/dt) . Se a fonte de tensão deve manter o nível de tensão
durante a demanda de corrente, então, uma baixa impedância é necessária . Entretanto, é
ainda indesejável permitir que a fonte de tensão sozinha gerar pulsos rápidos de corrente
que estarão presentes nas vias do PCB podendo ocorrer crosstalks (acoplamento
eletromagnético) nas trilhas . Um capacitor de desacoplamento colocado próximo ao
dispositivo é utilizado para suprir a demanda necessária de corrente, o capacitor deve ter
capacidade suficiente para manter a tensão acima de um nível mínimo mas crucialmente
também deve ter baixa auto-indutância (Fig.11 e 12) .
FIG.11 – Desacoplamento
FIG.12 – Capacitor de Desacoplamento
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No chaveamento dos circuitos (nível alto para nível baixo ou nível baixo para nível alto
– Fig.13) há a formação de loops de corrente que aumentam a possibilidade de
interferências eletromagnéticas. Loops de corrente são prejudiciais, pois os campos
magnéticos induzidos na região intermediária ao loop estão no mesmo sentido (as
correntes estão em sentidos contrários (regra da mão direita)). O ideal é diminuir as
áreas internas ao loop minimizando possíveis induções em outros ramos do circuito.
Uma das formas de se diminuir loops de corrente em CIs é através da adição de um
capacitor de desacoplamento em paralelo com o mesmo (Fig.14).
(a)
+5V
Terra
(b)
+5V
Terra
FIG.14 – Loops de corrente quando os gates da chave mudam de estado : (a) alto-parabaixo; (b) baixo-para-alto
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(a)
+5V
C
C
Terra
(b)
+5V
C
C
Terra
FIG.15 – Loops de corrente quando os gates da chave mudam de estado com capacitor
de desacoplamento : (a) alto-para-baixo; (b) baixo-para-alto
Capacitores de desacoplamento devem suportar correntes de alta freqüência e possuir
baixa indutância, por essa razão capacitores de disco cerâmicos ou capacitores
multicamadas cerâmicos são preferidos . Ele deve suportar toda a corrente requerida
pelo CI durante o chaveamento, assim, o valor mínimo da capacitância pode ser
calculado por : C =
dI .dt
.
dV
Onde dV é o transitório de tensão na tensão fornecida causada pelo transitório de
corrente ocorrido no tempo dt. Por exemplo, se um CI requere uma corrente transitória
de 50 mA por 2 ns e deseja-se limitar o transitório da fonte de tensão em menos de 0.1
V, o capacitor deve ter um valor de no mínimo 0.001 uF .
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A maioria dos projetistas tende a utilizar capacitores de desacoplamento que são
maiores que os necessários.
Todos os capacitores possuem indutâncias em série com sua capacitância. A indutância
é resultado da estrutura do capacitor, dos terminais do capacitor e dos caminhos
externos utilizados para conectar o capacitor aos terminais do CI. Por causa desta
combinação de capacitância e indutância, o capacitor em alguma freqüência se tornará
auto-ressonante. A auto freqüência de ressonância do capacitor tem uma impedância
muito baixa e representa um efetivo caminho de passagem para a corrente . Acima da
freqüência de auto ressonância o circuito se torna indutivo e sua impedância cresce com
a freqüência e conseqüentemente sua performance piora como capacitor de
desacoplamento. A freqüência de ressonância de um circuito LC série pode ser
calculada pela equação f =
1
2.π . L.C
.
Apresenta-se a seguir um exemplo:
Considere o caso de um capacitor de desacoplamento de 0.001 uF com uma indutância
interna de 1 nH. Se a indutância dos segmentos que conectam o capacitor ao CI for
próxima de 30 nH, o circuito será auto-ressonante em aproximadamente 29 MHz.
Para a mesma indutância um capacitor de maior valor terá uma freqüência de
ressonância menor. Assim um capacitor de desacoplamento com maior capacitância não
é a saída quando se tem baixa indutância. Da mesma forma, um capacitor menor não
teria capacidade de corrente necessária para o transitório não resolvendo assim o
problema da freqüência de ressonância. Na prática, existe um valor ótimo para cada
aplicação determinado empiricamente. Muitos experimentos foram efetuados com CIs
de 14 e 16 pinos para encontrar esse valor ótimo. Geralmente o ruído mínimo na tensão
ocorre para valores de 470 a 1000 pF . O melhor tipo (ou valor) pode ser encontrado
medindo-se o ruído de tensão considerando-se vários tipos de capacitor. O menor
capacitor que realizar a tarefa será a escolha mais adequada.
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A seguir apresenta-se uma tabela com valores típicos de capacitores de desacoplamento
em aplicações com circuitos lógicos :
Família
Corrente Requerida (mA)
dV=20%
dt=
C (capacitor de
Lógica
Chaveamento
de NIR**
tempo
desacoplamento)
(mV)
subida
(pF)
Drive *
(ns)
CMOS
1
1
200
50
500
TTL
16
8
80
10
3000
STTL
30
20
60
3
2500
LSTTL
8
11
60
8
2500
ECL-10K
1
6
20
2
700
* Para um fanout de 5 gates
** Nível de Imunidade ao Ruído (V=L.di/dt) onde L = indutância dos terminais do capacitor , das trilhas
e dos terminais do CI (loop).
3.2 Impedância de Plano de Terra e Trilhas num PCB
Abaixo são apresentados dois possíveis layouts de circuitos analógicos :
FIG.16 – Mudança de referência de aterramento
No primeiro (Fig.16-1), a referência a terra faz com que a corrente flua através de um
caminho que inclui a impedância Zb, provocando assim uma queda de tensão em série
com o sinal, que pode causar uma instabilidade e uma distorção ao mesmo. Como pode
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ser observado na figura ao lado (Fig.16-2), o simples ato de modificar o ponto de
referência remove o problema.
FIG.17 – Referência de aterramento
No circuito superior (Fig.17) , o potencial de cada aterramento (A,B,C) é afetado pelas
correntes dos outros circuitos. O que provoca um acoplamento de impedância comum,
que pode vir a se tornar um problema quando houver diferenças significativas entre as
correntes dos circuitos. O melhor arranjo seria o qual tivéssemos múltiplos pontos de
aterramento , minimizando significamente
as interferências de modo comum e
diferencial .
A redução da impedância de terra diminui as chances de instabilidade ou distorções nos
sinais transmitidos nas vias. Um plano contínuo de terra oferece uma significativa
redução da impedância comparada com a de uma única trilha do PCB . As baixas
resistência e indutância do plano de terra reduzem a impedância da fonte reduzindo o
ruído associado ao loop de terra. Deve-se lembrar que em altas freqüências, aparece
ainda o efeito pelicular que aumenta a impedância de terra. Em situações em que um
não é possível a obtenção de um plano de terra a melhor solução é fazer ao menos uma
malha (grid) de terra no PCB (Fig.18) .
FIG.18 – Grid de Terra
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Uma boa solução para a construção de um plano de terra é a utilização da tecnologia
multi-layer. O uso da construção multi-layer melhora a performance do PCB em relação
aos problemas de EMC. A impedância e a indutância do plano de terra nesta
configuração são muito menores do que a de uma série de trilhas, além de que os
crosstalks entre clocks e sinais são reduzidos devido a proximidade com o plano de terra
(Figs.19 e 20).
a)
+5V
CI
CI
Terra
Área de Loop
condutor do sinal
b)
+5V
CI
CI
Terra
Terra
c)
Plano de sinais
Plano de terra
Plano +5V
PCB
FIG.19 – Redução das áreas de loop devido ao aterramento – (a) Uma configuração com
grande área de interferência; (b) uma área de interferência menor usando um retorno
exclusivo; (c) uso de planos intermediários (multilayer) para reduzir o loop de área do
caminho de retorno do sinal
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FIG.20 – Multilayer
O controle do aterramento das PCBs é muito importante e deve ser contemplado na
etapa de layout. Uma solução é apresentada no exemplo a seguir:
No primeiro layout (Fig.21-a) não são levadas em consideração a influência do sinal
digital, geralmente com grandes pulsos de corrente,
sobre o CI analógico, mais
sensível, devido a impedância comum de aterramento. No segundo layout (Fig.21-b)
esta questão é considerada provendo-se um terra separado para o CI analógico e o CI
digital.
a)
b)
FIG.21 – Necessidade de terras separados – (a) layout sem separação (b) layout com
separação de terras
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Loops de corrente são potenciais emissores e receptores de interferências causadas por
fontes de tensão que possuem geralmente grande conteúdo harmônico em suas
correntes. A diminuição das áreas de loop, através da aproximação das vias de ida e
retorno do sinal, ajudam a diminuir a possibilidade destas interferências (Fig.22).
FIG.22 – Diminuição de Loops aproximando as vias
Os loops de área causados pelas distâncias entre as vias de clock e sinais e seus
respectivos retornos podem ser minimizados pelo uso de terras intercalados (retornos)
adjacentes aos mesmos (Figs.23 e 24).
FIG.23 – O uso de terras intercalados (retornos) nos planos reduzem os loops de área
(a) grandes loops de área
(b) pequenos loops de área
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FIG.24 – Vias de Clock e sinais e seus respectivos retornos
(a) grandes loops de área
(b) pequenos loops de área
3.3 Crosstalk
Crosstalk é o nome dado ao acoplamento eletromagnético entre ilhas do PCB que
estejam muito próximas umas das outras causando interferências internas ao próprio
sistema. Veja um caso típico:
Para evitar problemas causados por eletricidade estática é importante que o PCB esteja
próximo e paralelo ao plano de terra do chassi ou da caixa metálica que envolve o
equipamento, bem como colocar as conexões dos cabos num lugar do PCB (Fig.25), por
exemplo, considere uma descarga eletrostática se propagando através de uma base
metálica onde o equipamento esteja apoiado, o campo elétrico da onda próximo a
superfície da base deve ser perpendicular para satisfazer as condições de contorno de
campo elétrico tangencial nulo na superfície de um condutor perfeito. Colocar o PCB na
posição vertical significa que o campo magnético da descarga eletrostática estará
possivelmente perpendicular ao plano do loop do circuito. O apropriado layout de
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acondiconamento do PCB em estruturas metálicas ou não metálicas ajuda a previnir o
acoplamento do campo elétrico (capacitivo) ou magnético (indutivo) para os circuitos
de qualquer descarga eletrostática induzida no interior do equipamento .
Cabo em área periférica
+
V
-
FIG.25 – Importância do Terra local
Crosstalk entre vias paralelas
O circuito mostrado abaixo (Fig.26) representa o modelo para a análise do crosstsalk, as
resistências da carga e da fonte tanto as que produzem a interferências como as que
sofrem com ela devem ser definidas. Consideráveis reduções no acoplamento capacitivo
devido ao crosstalk são obtidas com a proximidade ao plano de terra.
FIG.26 – Crosstalk devido ao acoplamento entre os condutores (Fonte do campo
induzido e Vítima do campo induzido) e o plano de terra (acoplamento capacitivo).
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3.4 Efeitos de Linhas de Transmissão
Quando o tempo de propagação de uma trilha de PCB é similar em magnitude ao tempo
de transição de um dispositivo podem ocorrer oscilações, distorções do sinal e aumento
do crosstalk nas adjacências do mesmo. Nestas condições a trilha deve ser tratada como
uma linha de transmissão e determinada qual sua impedância característica para impedir
reflexões . São apresentadas a seguir duas tabelas, a primeira relaciona os tempos de
subida dos sinais típicos das principais famílias de circuitos integrados, a segunda, os
tempos de chaveamento.
Tempo de subida do sinal para CIs de acordo com as Famílias Lógicas (estimativa)
Família
Tempo de subida
Comprimento da trilha para efeitos de linha de
(ns)
Transmissão (cm)
4000B
40
365
74HC
6
53
74LS
6
53
74ALS
3,5
30
74AC
3
25
74AS
1,5
12
Imunidade das Famílias Lógicas (estimativa)
Família
Largura mínima de chaveamento (ns) para
um pulso de 3V
74HC
5,5
74LS
8
74ALS
5
74AC
2,5
74AS
1
Em virtude de termos diversos blocos de um circuito operando em freqüências distintas,
é recomendado que se faça um zoneamento (Figs.27 e 28) da área total do PCB,
distribuindo os circuitos em regiões separadas de acordo com a velocidade de trabalho
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do mesmo. Isso ajuda a minimizar possíveis interferências causadas por efeitos de
linhas de transmissão em trilhas. Além do zoneamento, a blindagem eletromagnética de
determinadas regiões pode ajudar a minimizar os efeitos eletromagnéticos.
FIG.27 – Zoneamento
CABO
CONECTOR
CABO
C
O
N
E
C
T
O
R
Componentes
de alta
velocidade
Componentes
de média velocidade
C
O
N
E
C
T
O
R
CABO
Componentes
de baixa velocidade
CONECTOR
CABO
FIG.28 – Zoneamento do PCB de acordo com a velocidade dos circuitos.
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3.5 Descargas Eletrostáticas
O corpo humano é uma das fontes mais comuns de eletricidade estática . A pele possui
condutividade e distribui as cargas através da superfície do corpo. A capacitância total
do corpo humano está por volta de 100 pF entre os pés e a terra , 50 pF para outros
objetos aterrados e 50 pF em contato com o espaço. A tensão pode variar de poucos kV
até 25 kV. A resistência em série pode variar de poucas centenas de ohms a milhares de
ohms. O simples contato de um corpo carregado eletrostaticamente com componentes
de uma PCB pode vir a causar uma descarga eletrostática nos mesmo danificando-os. O
correto manuseio e um ambiente de trabalho bem aterrado são as melhores
recomendações para evitar maiores conseqüências, por exemplo:
Plugar ou desplugar placas são uma das causas comuns de descargas eletrostáticas. A
placa abaixo (Fig.29-a) tem trilhas que são tocadas pela mão do usuário que transfere
sua descarga eletrostática para as trilhas da placa podendo danificá-la. Uma solução é
apresentada na placa (Fig.29-b) que tem em sua periferia um “anel de guarda” que é
conectado a terra, se o usuário for pegar a placa com a mão, a descarga eletrostática é
então transferida a terra .
(a)
(b)
FIG.29 – Descarga Eletrostática(2)
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3.6 Emissões irradiadas
A circulação de correntes elétricas em condutores provoca o aparecimento de campos
eletromagnéticos que podem vir a causar interferências em outras partes do circuito.
Nas etapas de observação de possíveis causas deve ser analisada a forma de conexão
entre as placas, pois o cabo de conexão pode ser também a fonte de emissões irradiadas
(Fig.30-a). Uma solução empregada neste caso é a diminuição da corrente de
interconexão através de um buffer visando minimizar esse efeito (Fig.30-b) .
FIG.30 – Conexão entre placas
(a) corrente de interconexão elevada pode ser fonte de grandes emissões irradias (figura superior)
(b) a diminuição da corrente de interconexão minimiza a fonte de possíveis emissões irradias (figura
inferior)
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4. Observações sobre a elaboração de um layout de PCB
Após a breve análise das diversas causas de interferências que devem ser observadas na
elaboração de um layout (Fig.31), apresenta-se abaixo uma lista com algumas
recomendações gerais:
-Loops áreas contendo altas correntes devem ser minimizados;
-Cada circuito integrado deve possuir um capacitor de desacoplamento;
-Vias de força devem ser separadas das vias de sinais;
-O layout do PCB deve ser demarcado para separar os circuitos ruidosos dos sensíveis;
-Os pontos de terra dos circuitos digitais devem ter a menor indutância possível;
-preferencialmente deve-se utilizar planos de terra;
-Vias de clock devem possuir linhas de terras adjacentes de retorno .
Seguem abaixo algumas recomendações específicas para a redução de problemas
associados a compatibilidade eletromagnética :
- Cabos devem estar próximos dos planos de terra;
- As áreas de Loop devem ser minimizadas;
- Deve-se utilizar blindagem localizada quando possível;
- Deve-se prover o desacoplamento dos CIs;
- Deve-se procurar na fase de projeto prover meios para que a transição de nível lógico
seja mais lenta.
- Deve-se prever o uso de planos de terra e força;
- Deve-se planejar cuidadosamente caminhos de terra;
- As fontes causadoras de possíveis ruídos devem ser previamente identificadas e
isoladas;
FIG.31 – Correção de Problemas de EMI
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5. Bibliografia
•
Considerations in Designing the Printed Circuits Boards of Switching Power
Supplies ; Muriel Bittencourt de Liz
•
Introduction to Electromagnetic , Clayton R. Paul , 1992
•
Engineering Electromagnetic Compatibility , V. Prasad Kodali , 1996
•
Noise Reduction Techniques in Electronic Systems , Henry W.Ott , 1988
•
EMI Control in the Design of PCB ands Backplanes , Donald R.J. White , 1982
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