Enviado por Do utilizador11573

eudaimonia é a doutrina ética grega que afirma a busca da felicidade como fundamento da Ética

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eudaimonia é a doutrina ética grega que afirma a busca da felicidade
como fundamento da Ética.
As
palavras eudaimonismo ou eudaimonia dizem
respeito
a
uma doutrina que prega a felicidade como a finalidade da vida
humana. Segundo Aristóteles, a felicidade é uma finalidade (telos)
maior e comum a todos os seres racionais. Nessa concepção
teleológica (que busca apontar finalidades para as ações práticas),
todas as ações humanas ocorrem visando a alcançar algum estágio de
felicidade. Essa busca, porém, não dá ao ser humano a plena liberdade
de ação, pois essa deve estar em conformidade com a felicidade dos
outros.
Etimologia
Eudaimonia é uma palavra de origem grega formada a partir dos
vocábulos Eu (o bem ou aquilo que é bom) e Daemon (deus, ou gênio,
intermediário entre os homens e as divindades superiores). Na
cultura grega, o Daemon seria a entidade capaz de guiar o caminho
das pessoas.
Traduções equivocadas relacionam Daemon a demônio, mas esse
sentido não se sustenta. O Daemon era a entidade que traria a luz e a
sabedoria divina à humanidade, por ser a ponte entre os deuses e os
seres humanos. Em uma tradução livre, podemos dizer
que eudaimonia é a “ética da felicidade” ou o “voltar-se para a
felicidade”, pois é uma espécie de doutrina que coloca como
finalidade última a sabedoria prática necessária para que o agir
humano alcance o bem supremo.
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A eudaimonia aristotélica está baseada na excelência da ação humana,
que possibilita a virtude por meio do que Aristóteles chamou
de mediania ou justa medida da ação. Uma ação virtuosa é a que
se esquiva dos vícios, por falta de algo ou excesso de algo, e promove
a ação prudente, capaz de levar à felicidade. Sócrates também passa,
em suas falas nos diálogos platônicos, especialmente em A República,
a ideia de que a virtude deve ser o fim maior das ações práticas para
que se chegue a um estado de felicidade.
Aristóteles, o conhecimento e a felicidade
Para Aristóteles, a felicidade tinha relação com a vida contemplativa.
Para sermos precisos, devemos entender o que Aristóteles entende
por felicidade. A felicidade deve estar em conformidade com a boa
vida, e essa nada mais é que a vida contemplativa, ou a vida do
filósofo. Para o filósofo e a cultura grega em geral, o trabalho não era
considerado algo bom, por isso, na organização social grega, ele era
reservado aos não cidadãos (escravos) e aos cidadãos produtores
(artesãos).
Nessa hierarquia, logo acima dos que trabalhavam vinham os
soldados, depois os políticos e, finalmente, acima de todos estava o
filósofo, que deveria concentrar toda a sua energia nas atividades de
contemplação do intelecto e do espírito humano. Ou seja,
deveria concentrar-se no conhecimento.
Por isso, podemos chamar o eudaimonismo aristotélico
de intelectualista, pois coloca como finalidade da vida humana a busca
pela contemplação do conhecimento. Além de Aristóteles,
o Sócrates platônico apresenta importantes reflexões acerca
da eudaimonia em sua perspectiva ética baseada na virtude.
Sócrates, a Ética e a felicidade
Sócrates relacionou a felicidade com as ações moderadas e a Justiça.
Os estudos de Ética (tal como a conhecemos hoje, ou seja, um campo
do saber filosófico que estuda a moral para então determinar como a
sociedade deve agir) surgiram ainda na Antiguidade Clássica,
precisamente com Aristóteles, em seu livro Ética a Nicômaco. Porém,
considera-se de extrema importância histórica para o surgimento da
Ética outro pensador grego, Sócrates, o eterno questionador.
Sabe-se que, por meio dos diálogos platônicos, Sócrates saía pelas
ruas de Atenas interrogando as pessoas sobre o que seriam valores da
vida cotidiana, e muitas vezes esses questionamentos diziam respeito
a valores morais como o bem e a virtude.
Suas conclusões eram sempre previsíveis: as pessoas não sabiam a
verdade a respeito de tais valores, pois sempre acabavam
respondendo insatisfatoriamente e contradizendo-se. Tudo o que os
cidadãos atenienses sabiam advinha da moral cultural herdada
socialmente, o que caracterizava um conhecimento, de certo
modo, dogmático,
vezes, irracional.
não
questionado, preconceituoso e,
muitas
Podemos dizer que a defesa de Sócrates por uma busca da sabedoria
geral dos cidadãos (motivo pelo qual o filósofo andava pelas ruas de
Atenas conversando com as pessoas e utilizando os seus métodos —
ironia e maiêutica), visava a um fim claro: a moderação, a prudência e
a justiça. Para ele, ações moderadas e a justiça geral, principalmente
por parte de quem governava e participava da vida pública, eram
aspectos que, de algum modo, levariam as pessoas à felicidade.
Portanto, não se pode dizer que a felicidade defendida pelos antigos
como maior finalidade, alcançada por meio da eudaimonia, era uma
felicidade vulgar e egoísta, baseada na vida prazerosa, luxuosa e na
conquista e usufruto de bens materiais. Ao contrário, era a ação
baseada numa sabedoria prática, guiada pela razão, que levaria
à justiça e ao bem geral.
Eudaimonia e hedonismo
Epicuro foi o filósofo que desenvolveu o epicurismo, uma adaptação
do hedonismo clássico.
Ainda na Antiguidade, surgiu outra doutrina capaz de inspirar a vida
prática com vistas à conquista da felicidade, a saber, o hedonismo. O
hedonismo, do grego hedonê (prazer), é a busca dos prazeres como
objetivo de uma vida feliz.
O hedonismo foi modificado e disseminado entre as escolas filosóficas
helenísticas, principalmente o epicurismo. Epicuro fez significativas
transformações no hedonismo, pois ele submeteu a busca pelo
prazer à racionalidade e à moderação. Segundo o filósofo grego,
buscar os prazeres naturais com moderação era um meio de alcance
da felicidade.
Há, porém, uma significativa diferença entre o hedonismo e
a eudaimonia, pois ele defende a busca da felicidade por meio de
ações que visem ao bem comum, o bem político, aquele defende a
busca pelo prazer individual como meio de chegar à felicidade.
É importante salientar que o hedonismo antigo e o epicurismo não
defendem a busca do prazer desmedido, como ocorre no hedonismo
moderno propagado pelo Marquês de Sade, que evidencia o egoísmo
e a indiferença com o sofrimento alheio como meios de alcance
do prazer.
O hedonismo antigo é voltado para ações individuais, mas aponta a
necessidade dessas ações serem racionalizadas, pensando sempre no
bem, no mal e no sofrimento que o indivíduo pode causar a si , mesmo
que esse seja um sofrimento indireto derivado da culpa ao causar
danos aos outros.
Por fim, o que diferencia o hedonismo do eudemonismo é a
simples delimitação da ação prática, pois, num caso,
o indivíduo é enxergado e valorizado, enquanto, no outro, ele tenta
visar à coletividade, à política, à sociedade, ao bem geral etc.
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