31 de Julho a 02 de Agosto de 2008 IMPACTO AMBIENTAL: ESTUDO DE CASO EM UMA INDÚSTRIA DE REVESTIMENTOS ESPECIAIS Jaqueline Rossato (Univali) [email protected] Antonia Egídia de Souza (Univali) [email protected] Hamilton Luiz Correa (FEA/USP) [email protected] Leonardo Leocádio (EGC/UFSC) [email protected] Resumo A pressão por um meio ambiente mais limpo leva os gestores a adotarem mecanismos que contribuam para avaliar o impacto ambiental provocado pelos negócios. Diante dessa constatação o objetivo do artigo consiste em investigar os impactos ambientais gerados no processo produtivo de uma empresa do setor de revestimentos especiais. Para realizar a pesquisa utilizou-se a abordagem qualitativa e como estratégia estudo de caso. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas em profundidade com os gestores e colaboradores envolvidos no processo produtivo da empresa e observação in loco. Para a análise dos dados utilizou-se a técnica de análise de conteúdo. Os resultados obtidos revelam que a empresa em estudo apresenta um processo de gestão baseado na Norma ISO 9001/2000. Em função desse fato percebe-se que a rotina de trabalho é orientada para a excelência operacional, e embora a empresa aplique no processo produtivo algumas ações que contribui para reduzir os impactos ambientais causados pelo negócio, a pesquisa não evidenciou um sistema de gestão ambiental formalizado e nem mecanismos de avaliação de impacto ambiental. IV CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Responsabilidade Socioambiental das Organizações Brasileiras Niterói, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02 de agosto de 2008 Abstract The pressure for a cleaner environment encourages managers to adopt mechanisms that help to assess the environmental impact caused by business. Given this finding the purpose of the article is to investigate the environmental impacts generaated in the production process of a company in the sector of special coatings. To conduct the survey used to the qualitative approach and strategy as a case study. The data collection was done through in-depth interviews with managers and employees involved in the production process and the company’s observation on the spot. For the analysis of the data used is the technique of analysis of content. The results show that the company presents a study in the management process based on ISO 9001/2000. In light of that fact realizes that the routine of work is geared to operational excellence, and although the company applied in the production process contributes to some actions that reduce the environmental impacts caused by business, the research did not demonstrate an environmental management system formalized and no mechanisms for environmental impact assessment. Palavras-chaves: Sustentabilidade; gestão ambiental; indicadores de sustentabilidade ambiental IV CNEG 2 IV CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Responsabilidade Socioambiental das Organizações Brasileiras Niterói, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02 de agosto de 2008 1. INTRODUÇÃO Atualmente, o homem é responsável pela degradação ambiental e pelo colapso ecológico que o planeta terra está passando. Essa verdade tem se espalhado por todos os meios de comunicação, tem sido tema de debates acalorados em sala de aula, nos bares, nos bastidores da política, em fim, permeia toda a sociedade. É nesse cenário que a preocupação com o meio ambiente tornou-se estratégico para um número significativo de empresas e o sistema de gestão ambiental um diferencial competitivo. As empresas precisam investir em tecnologia, adotar processos eficientes e estabelecer políticas que permitam o fornecimento de bens e serviços a preços competitivos que satisfaçam as necessidades humanas e tragam qualidade de vida, ao mesmo tempo em que reduz progressivamente o impacto ambiental e o consumo de recursos ao longo do ciclo de vida, a um nível, no mínimo, equivalente à capacidade de sustentação estimada da terra. Nesse sentido, as empresas não podem mais avaliar seu desempenho considerando apenas seu resultado financeiro, empresas sustentáveis devem ser capazes de medir seus resultados considerando aspectos econômicos, ambientais e sociais. Como o impacto ambiental é causado pela ação antrópica e a sustentabilidade é tarefa de toda a sociedade, as empresas conscientes dessa situação passaram a incluir ferramentas de gestão que contribui para reduzir esses impactos. Assim sendo, surge a gestão ambiental como fator de sustentabilidade, objetivando garantir que todos os processos organizacionais funcionem em compatibilidade com o meio ambiente. Dessa forma, a proposta da pesquisa foi investigar os impactos ambientais gerados no processo produtivo de uma empresa da indústria de revestimentos especiais. Além disso, a pesquisa também busca levantar que ações estão sendo implementadas e que contribuem para a sustentabilidade ambiental. IV CNEG 3 IV CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Responsabilidade Socioambiental das Organizações Brasileiras Niterói, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02 de agosto de 2008 2. REVISÃO TEÓRICA Para sustentar a proposta do presente trabalho e tomar conhecimento da importância de um sistema de gestão ambiental no âmbito organizacional, adotou-se a figura 1 para direcionar as discussões entre autores, pesquisadores e estudiosos sobre o tema abordado. Sustentabilidade ETHOS GRI ISE ISO 14001 Gestão Ambiental Indicadores de sustentabilidade ambiental Figura 1 – Sistema de gestão ambiental no âmbito organizacional Fonte: Elaborado pelos autores. 2.1 SUSTENTABILIDADE Sustentabilidade é um termo que se originou na década de 1980, da conscientização dos países da necessidade de promover o crescimento de suas economias sem destruir o meio ambiente ou sacrificar o bem-estar das futuras gerações. Este termo transformou, sobretudo, o mundo dos negócios. Na prática, Savitz e Weber (2007), argumentam que a sustentabilidade pode ser encarada como a arte de fazer negócios num mundo interdependente. O termo sustentabilidade apresenta uma diversidade e complexidade, e este deve servir como fator motivador e criador de novas visões e não como obstáculo na procura do melhor entendimento. Na visão de Van Bellen (2005), alcançar o progresso em direção a sustentabilidade é uma escolha da sociedade, das organizações, das comunidades e dos indivíduos. IV CNEG 4 IV CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Responsabilidade Socioambiental das Organizações Brasileiras Niterói, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02 de agosto de 2008 Sustentabilidade, portanto, passa a ser fator fundamental da gestão inteligente, sendo algo fácil de ignorar ou assumir como inevitável, num mundo em que o resultado financeiro é visto como a única medida de sucesso (CAPRA, 2005). As empresas não podem avaliar seu sucesso considerando apenas seu resultado financeiro, organizações sustentáveis devem ser capazes de medir seus resultados considerando aspectos econômicos, ambientais e sociais, que para Savitz e Weber (2007) remete ao entendimento do Tríplice Resultado, que capta em números e palavras a extensão em que as empresas criam ou não criam valor para seus acionistas e para a sociedade. Muitas empresas comprometidas com as questões ambientais estão percebendo que o consumidor está mudando de atitude e busca saber qual o impacto gerado pelos produtos adquiridos e estão se antecipando e fazendo uma conta tripla destes impactos, conhecida como Triple bottom line ou People, Planet, Profit, sendo People – pessoas direta e indiretamente envolvidas; Planet – meio ambiente e impactos; e Profit – retorno financeiro (BROWN, DILLARD e MARSHALL Scott, 2006). Como o impacto ambiental é causado pela ação antrópica e a sustentabilidade é tarefa de toda a sociedade, nesse sentido as empresas definem e implementam estratégias que venham contribuir para reduzir esses impactos. Diante disso surge as ferramentas de gestão que permitem implementar a avaliar essas estratégias. 2.1.1 GESTÃO AMBIENTAL Gestão ambiental é a administração das atividades a fim de utilizar da melhor maneira os recursos naturais, preservando a biodiversidade e amenizando os impactos ambientais. Segundo Barbieri (2006), pode ser entendida como diretrizes e atividades administrativas e operacionais com o objetivo de obter efeitos positivos sobre o meio ambiente, reduzindo ou eliminando os danos ou problemas causados pela ação do homem, ou ainda evitando que eles surjam. Além disso, para Capra (2005), as empresas devem criar sistemas de produção e distribuição capazes de reverter a perda e aumentar o estoque de capital natural, o que significará uma reavaliação fundamental dos papéis e das responsabilidades empresariais. Ao entrar no mérito da evolução da preocupação dos gestores quanto às questões ambientais, pode-se perceber que vários foram os eventos que contribuíram para seu IV CNEG 5 IV CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Responsabilidade Socioambiental das Organizações Brasileiras Niterói, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02 de agosto de 2008 aparecimento. Na década de 1970, foi fundado o chamado Clube de Roma, que divulgou um relatório denominado “Os Limites para o Crescimento” elaborado por meio de simulações matemáticas, onde foram feitas projeções de crescimento populacional, poluição e esgotamento de recursos naturais da terra. (BARBIERI, 2006). Nessa mesma época Moura (2002) comenta que aumentaram as atividades de regulamentação e de controle ambiental. As preocupações com o impacto ambiental ainda de acordo com Barbieri (2006) ocorrem em forma de ondas. A primeira acontece no início do século XX e vai até 1972. Nesse período, prevalece um tratamento pontual das questões ambientais e desvinculado de qualquer preocupação com os processos de desenvolvimento. Com a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo em 1972, começa a segunda fase que se estende até 1992, e se caracteriza pela busca de uma nova relação entre ambiente e desenvolvimento. Uma das principais contribuições da Conferência de Estocolmo em 1972 foi colocar em pauta a relação entre meio ambiente e formas de desenvolvimento, de modo que, não é mais possível falar seriamente em desenvolvimento sem considerar o meio ambiente e viceversa, surgindo um novo conceito de desenvolvimento, denominado desenvolvimento sustentável (BARBIERI, 2006). Como decorrência dessa conferência foi criado o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e instituído o dia 5 de junho como Dia Internacional do Meio Ambiente (PNUMA, 2007). Na terceira fase houve um grande impulso com relação à consciência ambiental na maioria dos países na década de 90. Como um evento importante da década, cita-se a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, no Rio de Janeiro, também conhecida como Cúpula da Terra, Rio 92, ou Eco 92, onde foi “proposto a criação junto a International Organization for Standardization (ISO – Organização Internacional para Normalização) de um grupo especial para estudar as normas ambientais” (D’AVIGNON, 1996). Nesse sentido a solução dos problemas ambientais, ou sua minimização exige uma nova atitude dos empresários e administradores, que devem passar a considerar o meio ambiente em suas decisões. Algumas soluções devem ser escolhidas a partir de abordagens distintas, como reduzir, reaproveitar, tratar e dispor de três maneiras, com a reciclagem, recuperação e reutilização (VALLE, 2002). IV CNEG 6 IV CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Responsabilidade Socioambiental das Organizações Brasileiras Niterói, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02 de agosto de 2008 Além das ações que os gestores precisam realiza para reduzir ou mitigar o impacto ambiental é necessário estabelecer indicadores de avaliação que permita monitorar esses impactos. 2.1.2 INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE Sendo a gestão ambiental uma questão de sobrevivência das empresas sustentáveis, busca-se fazer uma análise e avaliar a melhor forma de gerir esta questão. Cada organização adota a gestão que melhor se adapta à sua missão e estratégias. Assim, os indicadores de gestão surgem para auxiliar as empresas quanto ao controle dos impactos ambientais causados por suas atividades, produtos e ou serviços, criando valor aos stakholders e ao mesmo tempo contribuindo para o desenvolvimento sustentável. As questões relacionadas com o meio ambiente, até pouco tempo, eram enfrentadas pela definição de padrões e limites de emissões que deviam ser respeitados pelos geradores dos impactos ambientais. Valle (2002) afirma que não havia uma abordagem sistêmica do problema ambiental que relacionasse causas e efeitos de forma abrangente. Este mesmo autor relata que um novo passo para a abordagem sistêmica das atividades relacionadas com o meio ambiente foi dado em 1992, pela Bristish Standards Institution (BSI), com a homologação da norma BS 7750 que introduziu procedimentos para estabelecer um Sistema de Gestão Ambiental nas organizações. Um novo comitê técnico, TC-207, incumbido de elaborar normas internacionais que assegurem a abordagem sistêmica à gestão ambiental e possibilitasse a certificação ambiental de organizações e de produtos foi constituído em 1993, pela ISO (ALBERTON, 2003). O comitê técnico tem sede no Canadá e é composto de seis subcomitês (SC) e um grupo de trabalho (WG), sediados em países diferentes e designados a desenvolver normas de assuntos específicos. Essa nova série recebeu a designação de ISO 14000, a exemplo das normas ISO 9000, aplica-se tanto às atividades industriais como às atividades extrativistas, agroindustriais e de serviços (VALLE, 2002). A ISO 14000 é uma forma abrangente e holística de administrar o meio ambiente que inclui regulamentos, prevenção de poluição, conservação de recursos, e proteção ambiental (MOREIRA, 2006). Esta forma de administrar o meio ambiente é conhecida IV CNEG 7 IV CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Responsabilidade Socioambiental das Organizações Brasileiras Niterói, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02 de agosto de 2008 internacionalmente e tem caráter voluntário, nenhuma empresa está obrigada a adotar esta gestão e segundo a norma ISO 14001, pode resultar em investimento e não custo, gerando retorno a curto, médio ou longo prazo. Antes de iniciar o processo de implantação do SGA, Abreu (2000) afirma ser necessário verificar o estágio atual da empresa, no que se refere às questões ambientais. Esta etapa é denominada por algumas empresas de Análise Crítica Preparatória ou Diagnóstico Preliminar, Revisão Inicial ou ainda, Auditoria Preliminar. As etapas seguintes passam pela definição da Política Ambiental, Planejamento, implementação e operação, monitoramento e ações corretivas e, revisão ou análise crítica, que segundo D’Avignon (1996), passa a ser indispensável para a avaliação permanente da política estabelecida. Além das empresas precisarem, na atualidade, lidar com as ferramentas de gestão ambiental, elas também necessitam acompanhar os indicadores de sustentabilidade desenvolvidos por instituições como a Bovespa, o Instituto Ethos e o GRI. O ISE é um índice que mede o retorno total de uma carteira teórica composta por ações de empresas com reconhecido comprometimento com a responsabilidade social e a sustentabilidade empresarial, e serve como referencial para os investimentos socialmente responsáveis, onde os investidores encontram empresas socialmente responsáveis,sustentáveis e rentáveis para aplicar seus recursos. A BOVESPA em conjunto com várias instituições – ABRAPP, ANBID, APIMEC, IBGC, IFC, Instituto ETHOS e Ministério do Meio Ambiente – também criou este índice com o propósito de atuar como promotor das boas práticas no meio empresarial brasileiro e que tem a Bolsa como responsável pelo cálculo e pela gestão técnica do índice. O Centro de Estudos de Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (CES-FGV) é quem avalia a performance das empresas listadas na BOVESPA, utilizando o conceito do “triple bottom line” (desenvolvido pela empresa de consultoria inglesa SustainAbility) e mais três grupos de indicadores que analisam critérios gerais, de natureza do produto e de governança corporativa. As dimensões ambiental, social e econômico-financeira foram divididas em quatro conjuntos de critérios, sendo os critérios de política com indicadores de comprometimento, os de gestão com indicadores de programas, metas e monitoramento e os critérios de desempenho e cumprimento legal (BOVESPA, 2007). IV CNEG 8 IV CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Responsabilidade Socioambiental das Organizações Brasileiras Niterói, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02 de agosto de 2008 O Instituto Ethos e Responsabilidade Social é uma organização não governamental criada por empresários do setor privado com a missão de mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente responsável, contribuindo para uma sociedade sustentável e justa. Surge assim a iniciativa de elaborar um relatório que abranja as questões financeiras, econômicas, ambientais e sociais relacionadas à gestão do negócio. Este relatório assume duas principais vertentes: o de ser uma ferramenta de gestão permitindo uma melhor mensuração do desempenho da organização e o de ser uma ferramenta de diálogo com os stakholders, que objetiva a construção e o estreitamento das relações com as partes interessadas. Em âmbito nacional, o modelo de balanço social mais difundido é o do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), e internacionalmente, o modelo mais disseminado pelo mundo é o Global Reporting Initiative (GRI). A escolha do modelo garante à organização uma orientação segura sobre o que informar, comparabilidade nacional ou internacional e o alinhamento dos compromissos ambientais e sociais para toda a sociedade. A Global Reporting Initiative (GRI) é uma organização não-governamental internacional, com sede em Amsterdã, na Holanda, cuja missão é desenvolver e disseminar diretrizes para a elaboração de relatórios de sustentabilidade utilizadas voluntariamente por empresas do mundo todo. Em termos práticos, o GRI produz diretrizes para elaboração de relatórios de sustentabilidade, focando não apenas o conteúdo final, mas também seu processo de elaboração, que deve pautar-se por uma série de princípios relacionados à sustentabilidade, à responsabilidade empresarial e às boas práticas de governança (ETHOS, 2007). O relatório de sustentabilidade baseado nas diretrizes do GRI divulga os resultados obtidos, num determinado período, com o propósito de criar padrão de referência, como um benchmarking, além de demonstrar e comparar como a organização influencia e é influenciada por expectativas de desenvolvimento sustentável e de outras organizações. Embora, não haja uma análise definitiva acerca da relação custo/benefício da elaboração de um relatório de sustentabilidade, o Instituto Ethos (2007) acredita que a aceitação desse tipo de publicação pode gerar benefícios internos e externos que superam os custos reais ou percebidos. A transparência e o diálogo aberto sobre o desempenho, prioridade e sustentabilidade futura da empresa ajudam a fortalecer parcerias e construir confiança e, motiva naturalmente empregados e gestores a agirem de forma a garantir que no próximo IV CNEG 9 IV CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Responsabilidade Socioambiental das Organizações Brasileiras Niterói, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02 de agosto de 2008 relatório os números sejam melhores. E, como o sucesso de uma empresa depende da reputação de sua marca, o relatório apresentado por ela é mais uma ferramenta que permite identificá-la como uma organização ética. 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS A pesquisa teve um enfoque qualitativo descritivo. O estudo de caso foi a maneira escolhida para conduzir a investigação, pois permite avaliar em profundidade características do ambiente organizacional. No entender de Yin (1994) e Godoy (1995) essa estratégia visa ao exame detalhado de um ambiente, de um sujeito ou de uma situação em particular. Os participantes da pesquisa foram os gestores e colaborados envolvidos no processo produtivo da empresa Alfa, assim denominados pelos pesquisadores, a fim de resguardar informações estratégicas. Essa empresa está situada na Grande Florianópolis/SC e pertence ao ramo de revestimentos especiais. A coleta de dados ocorreu a partir de entrevista em profundidade com os gestores e colaboradores da empresa, em março de 2008. Utilizou-se também observação in loco. A análise dos dados ocorreu por meio de análise de conteúdo, técnica adequada para estudo de caso e para entender as questões relacionadas com os impactos ambientais. Foram consideradas as seguintes categorias: aspectos minerais, água, energia, efluentes e resíduos, produção e serviços, conformidade. É oportuno dizer também que, apesar dos indicadores apresentados no referencial teórico abordarem outras dimensões (social e econômico), a pesquisa focou somente os aspectos ambientais. Cabe ressaltar que por se tratar de um estudo de caso a possibilidade de generalização dos resultados para outras organizações torna-se limitada. 4. RESULTADO DA PESQUISA Este capítulo tem como finalidade apresentar os aspectos ambientais presentes no processo produtivo da empresa Alfa e que ações estão sendo implementadas que contribuem para o desenvolvimento sustentável. IV CNEG 10 IV CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Responsabilidade Socioambiental das Organizações Brasileiras Niterói, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02 de agosto de 2008 4.1 A EMPRESA ALFA Localizada em Santa Catarina, a empresa Alfa produz revestimentos artesanais de forma industrial. Possui atualmente certificação ISO 9001/2000, que garante um reconhecimento a excelência da empresa em todos os processos de gestão implantados. Especializada na produção de revestimentos especiais em mármores, cerâmicas e porcelanatos, é responsável por grande parte da produção nacional de mosaicos, com produção mensal acima de 500 mil peças. A empresa Alfa possui aproximadamente 250 revendas especializadas em acabamentos. Entre seus principais clientes estão indústrias cerâmicas, lojas, e home centers. A empresa também exporta para países como EUA, Chile, Jamaica, México, Emirados Árabes, Bolívia, Uruguai, Arábia Saudita e conta com aproximadamente 250 funcionários. 4.2 DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS Em um primeiro momento da pesquisa foi realizado o mapeamento do processo produtivo e o levantamento do impacto ambiental ocasionado. Os processos de fabricação empregados nos diversos produtos assemelham-se parcialmente, podendo diferir de acordo com o tipo de peça ou material desejado. O processo produtivo da empresa Alfa, resumidamente, inicia com a implantação do pedido pelos representantes e transmitidos à área Comercial, via pedido on-line ou via e-mail, e em seguida a área Comercial realiza o cadastramento e a consulta do cliente, registrando o pedido no sistema. Com o pedido registrado, são verificadas as exigências dos clientes e caso as exigências dos clientes ainda não estejam cadastradas nos padrões da empresa, estas deverão ser desenvolvidas pela área de Projetos e encaminhadas para o cliente para aprovação e posterior encaminhamento à área de PPCP (Planejamento, Programação e Controle da Produção), para a programação de produção. Caso o pedido seja de produtos que compõem a linha padronizada da empresa, verifica-se a disponibilidade em estoque e, existindo, o pedido é finalizado com a emissão da nota fiscal e expedição do produto. Por outro lado, não existindo a disponibilidade em estoque, o pedido é encaminhado para a área de PPCP para programação de produção; nesta IV CNEG 11 IV CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Responsabilidade Socioambiental das Organizações Brasileiras Niterói, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02 de agosto de 2008 etapa verifica-se a necessidade da produção ser realizada pela área Peças Especiais, ou pela área de produção comumente utilizada; o que as difere é o tipo de produto produzido e a que pedido se refere, sendo que a área de Peças Especiais produz na sua maioria produtos fora dos padrões da empresa, desenvolvidos pela área de Projetos destinados a atender pedidos especiais, de produção única, personalizados para atender a exigência de um cliente. Seguindo o processo a partir da programação da produção, o PPCP compromete a necessidade de material a ser utilizado para atender determinado pedido, com isso a informação é recebida na área de Compras para aquisição ou não do material; a escolha pela aquisição ou não é determinada pela necessidade de reposição do estoque. Tendo disponível o material necessário para a produção, é feita a separação da matéria-prima para atender determinado lote de produção, que segue para a área Corte; o material cortado passa pelo secador e é encaminhado para a Montagem; após montado, passa pelo secador e em seguida é plastificado e embalado, finalizando na Expedição. Como critério de apresentação dos resultados da pesquisa, foi analisado o principal processo da cadeia produtiva baseando-se nos indicadores de sustentabilidade ambiental. 4.2.1 ENTRADA DE MATERIAIS, ARMAZENAMENTO E SEPARAÇÃO Todos os materiais e seus respectivos fornecedores que compõem os revestimentos especiais são criteriosamente selecionados, atendendo aos padrões de qualidade existentes com base na ISO 9001/2000. Grande parte da matéria-prima utilizada no processo de fabricação do mosaico é natural e obtida por mineração. A principal matéria-prima é o mármore, importado de diversos países, entre eles Itália, Espanha, Portugal, China, Grécia, Turquia, entre outros. Esta matéria-prima chega à empresa no formato de peças e é classificada quanto a sua tonalidade e espessura e sua gestão é feita em metros. O transporte da matéria-prima importada é realizado via marítimo, e do porto para a empresa, via terrestre. Este material permanece estocado em galpões e sua transferência para o processo é feita via transporte manual. A fim de se tornar uma empresa de revestimentos especiais única, a empresa Alfa busca inovar e diversificar os materiais que irão compor o mosaico, com isso outros materiais IV CNEG 12 IV CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Responsabilidade Socioambiental das Organizações Brasileiras Niterói, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02 de agosto de 2008 fazem parte da matéria-prima, entre eles o vidro, a cerâmica, a resina, o porcelanato, além dos materiais como tela, cola, embalagens somando um total de 650 tipos de matérias-primas. Os materiais classificados como de uso e consumo, aproximadamente 600 itens, geralmente adquiridos no mercado interno, são armazenados no almoxarifado de materiais. O controle de entrada destes materiais dá-se por meio eletrônico, onde é gerada uma requisição que é a cópia do pedido de compra e fica em poder do almoxarife, que é responsável por receber o material, conferir se a mercadoria está de acordo com o pedido, armazenar o material e posteriormente disponibilizar para os demais setores da empresa. A empresa não possui um inventário de todos os resíduos gerados, porém observou-se que este processo gera resíduos principalmente oriundos do transporte e manuseio dos materiais, peças trincadas e/ou quebradas, resíduos de embalagens (papelão, isopor, manta, plástico bolha, filme), pallets de madeira quebrados, além de ruídos dos transportes que não afeta os colaboradores nem a comunidade localizada no entorno. Classifica-se também como entradas os consumos de água e energia elétrica da empresa, gerenciados pela área de Suprimentos, que controla os contratos de prestação de serviço e programa os desembolsos referentes ao consumo. A fonte de abastecimento de água é a rede pública, e no processo é utilizada principalmente no corte das peças, apresentando uma média de consumo de 1100m³/mês. A indústria de revestimentos especiais é também um grande consumidor de energia elétrica, com um consumo aproximado de 7318kwh/mês. A água e a energia elétrica são empregadas nas instalações da empresa que possui uma área de 3.324 m² construídos e é composta por seis galpões somando uma área total de 12.740 m². 4.2.2 CORTE E SECAGEM No processo produtivo, a área do Corte é a parte seguinte à separação da matériaprima, onde o mosaico começa ganhar forma. Este processo é subdividido em nove tipos de cortes, dependendo do tipo de peça, formato e pedido a ser atendido. A área de Corte recebe do PPCP uma ordem de produção que indica qual o tipo de material a ser cortado, em qual quantidade e formato. O líder do Corte é responsável por distribuir estas ordens de produção IV CNEG 13 IV CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Responsabilidade Socioambiental das Organizações Brasileiras Niterói, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02 de agosto de 2008 aos operadores das máquinas que irão recolher o material já separado pela Matéria-Prima e cortar. Os cortes podem ser: Corte manual: o operador da máquina regula as dimensões de corte de acordo com a ordem de produção e corta o material com disco diamantado e água, o que evita a formação de poeira e o aquecimento do disco que sofre abrasão durante o corte; Corte irregular: este tipo de corte manual é realizado na máquina bizantina, operada por uma pessoa; Corte Semi-automática: este tipo de corte é realizado por dois operadores. Este processo de corte e o corte manual dão formas retas às peças, chamados assim, cortes retos, o que não permite formas curvilíneas a peça; Profile: tipo de corte de acabamento. Depois de cortada a peça no corte manual ou semi- automático, a peça passa por uma máquina chamada profile que dá corte superficial deixando a peça com aparência arredondada nos dois lados, dando o acabamento na peça; Rodapé: tipo de corte de acabamento. Este tipo de corte é posterior ao corte manual ou semi-automático, onde a peça ganha forma arredondada de um lado; Escopiar: este é o tipo de corte que divide a peça ao meio. Neste processo a peça é mais espessa, e em seguida é divida em duas partes. Neste corte é considerado uma perda de 4mm na espessura, que corresponde à espessura do disco de corte; Calibrar: este corte é utilizado para deixar as peças na espessura desejada ou corrigir as superfícies irregulares naturais da peça ou geradas com os outros tipos de corte; Corte bisotê: tipo de corte que tira as arestas cortantes da peça “corte vivo”. Este processo elimina os defeitos do corte dando acabamento à peça; e Corte Jato d’água: este tipo de corte é o mais moderno, realizado com uma máquina de corte com jatos de água e abrasivo, que garante maior precisão nos formatos e pode cortar diversos tipos de materiais, como aço, madeira, granito, vidro, entre outros. Neste processo verificou-se o uso constante de água e energia elétrica, sendo que a água empregada passa por um tratamento de decantação e é reutilizada no processo. Os ruídos estão presentes especialmente nesta etapa do processo produtivo, e é exigido dos colaboradores o uso de protetores auriculares, porém não afeta a comunidade localizada IV CNEG 14 IV CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Responsabilidade Socioambiental das Organizações Brasileiras Niterói, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02 de agosto de 2008 aos arredores da fábrica. Verificou-se também que os resíduos gerados neste processo são oriundos da quebra das peças no momento do corte, e efluentes oriundos da limpeza dos equipamentos. Após o corte, algumas peças passam pelo processo de envelhecimento; neste processo as peças são mergulhadas em uma betoneira com areia fina e brita para a formação de um efeito envelhecido na peça. Como as peças durante o corte são molhadas para evitar a formação de poeira e quebra, o passo seguinte é a secagem das peças para serem encaminhadas à área de Montagem. As peças ficam em média duas horas no forno a uma temperatura constante de 80° C, exceto o porcelanato que é um tipo de material que não absorve água. Nesta etapa do processo é gerada a emissão de gases, porém a empresa não tem este dado mensurado. Retiradas do secador, as peças são encaminhadas ao processo de Montagem e sua transferência é feita via transporte manual. 4.2.3 MONTAGEM Este é um processo totalmente artesanal que necessita de muita atenção com a riqueza de detalhes que a montagem exige. Ao receber a ordem de produção do Corte, o líder de Montagem é o responsável por distribuir às montadoras por ordem de prioridade de entrega, e é responsabilidade do movimentador de peças abastecer as mesas das montadoras com o material necessário para a montagem. A montagem é feita com o auxilio de um gabarito - uma espécie de forma de borracha de silicone onde está o desenho do mosaico pretendido - ou uma plotagem em tamanho natural. As montadoras recebem as ordens de produção e as peças cortadas, e a partir daí o processo consiste basicamente em encaixar as peças nos locais indicados pelo gabarito; após encaixada as peças, estas são cobertas com uma tela e cola e são levadas ao forno pelo movimentador de gabaritos. O telado passa por um forno a uma temperatura constante de 70º C durante aproximadamente dez minutos para a secagem da cola. Depois de coladas, as peças retornam para as montadoras, que irão colocar a manta e retirar o gabarito, e em seguida são colocadas nas mesas auxiliares para a avaliação do Controle de Qualidade. Após aprovação das peças, as montadoras fazem a limpeza da peça IV CNEG 15 IV CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Responsabilidade Socioambiental das Organizações Brasileiras Niterói, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02 de agosto de 2008 retirando o excesso de tela e cola, e impermeabilizam o produto, quando necessário. O responsável pela avaliação libera a peça para o processo seguinte, que é a plastificação e embalagem, acompanhada de uma ficha contendo informações sobre a quantidade, tipo de embalagem, entre outras informações que auxiliam no processo seguinte. As peças e suas respectivas fichas são colocadas em um pallet e ficam à espera do recolhimento para a embalagem. Como resultado da análise deste processo com base nos indicadores de sustentabilidade ambiental, foi possível identificar a geração de resíduos sólidos, originados da limpeza da peça, porém a empresa não possui um inventário de todos os resíduos gerados pelo processo. Neste processo não é gerado nenhum tipo de efluente líquido. 4.2.4 CLASSIFICAÇÃO E EMBALAGEM Este processo consiste basicamente em inspecionar o produto e caso esteja conforme, prepará-lo para ser expedido. A classificação ou avaliação é realizada pelo Controle de Qualidade, que inspeciona a peça durante todo o processo. Após a aprovação no processo de montagem, o material é preparado para a etapa seguinte, que é a Plastificação e Embalagem. Neste processo as peças são conferidas com a ficha contendo informações sobre a quantidade, tipo de embalagem, entre outras informações que auxiliam na embalagem. Após embaladas, as peças são colocadas juntamente com uma ficha de entrada na expedição em um pallet e ficam à espera do recolhimento para a Expedição. Pode-se observar que a empresa não possui um inventário de todos os resíduos originados neste processo, e que não possui um sistema de gestão ambiental formalizado. Porém, aplica algumas ações que contribuem com a preservação do meio ambiente, separando os resíduos originados principalmente das sobras de plásticos e papelões que são vendidos para reciclagem. Esta etapa do processo também não origina efluentes líquidos. 4.2.5 EXPEDIÇÃO A entrada do produto na expedição e feita pela empilhadeira, o conferente recebe o produto com sua respectiva “ficha de entrada na expedição”, confere e repassa para o controle IV CNEG 16 IV CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Responsabilidade Socioambiental das Organizações Brasileiras Niterói, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02 de agosto de 2008 de qualidade avaliar o produto e a quantidade. Esta é a ultima avaliação que o produto recebe, objetivando garantir uma adequação com os requisitos de qualidade desejados, incluindo um perfeito embalamento. Estando liberado pelo controle de qualidade, o conferente verifica se o produto é para estoque ou para atender algum pedido. Caso seja para estoque, armazena o material em porta-pallets; caso seja para atender pedido já programado, deixa o produto separado no pátio e troca a “ficha de entrada na expedição” pelo “pedido de emissão de nota fiscal” e, em seguida, embala o produto com filme stretch, palletiza e o produto permanece na espera da emissão da nota fiscal. As notas fiscais são emitidas duas vezes por dia e o responsável por essa emissão contata a transportadora. Após liberadas, estas notas são entregues para o conferente fazer a troca do “pedido de emissão da nota fiscal” pela nota fiscal e, com a chegada da transportadora, o conferente expede o produto. A empresa não possui um inventário de todos os resíduos gerados pelo processo, porém observou-se que este processo gera resíduos principalmente oriundos do transporte e manuseio dos materiais, pallets de madeira quebrados, além de ruídos e emissão de gases dos transportes que não afeta os colaboradores nem a comunidade localizada no entorno. 4.3 SÍNTESE DOS PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS GERADOS NO PROCESSO PRODUTIVO Tomando como base os indicadores de sustentabilidade apresentados no referencial teórico, na figura 2 sintetiza-se os resultados da investigação dos impactos ambientais da empresa Alfa, pertencente à indústria de revestimentos especiais, relatados no tópico anterior. Cabe ressaltar que apesar dos indicadores citados contemplarem outras variáveis (econômico e social) a investigação realizada focou somente as questões ambientais. IV CNEG 17 IV CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Responsabilidade Socioambiental das Organizações Brasileiras Niterói, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02 de agosto de 2008 Aspectos: Matreiais Aspectos: Energia Caminhões Empilhadeiras Empilhadeiras Energia elétrica Materiais de Embalagem (papelão, isopor, manta, plástico bolha, filme) Pallet de madeira Entrada da Matéria-Prima Armazenamento e Separação de Materiais Aspectos: Água Água Energia elétrica Corte Energia elétrica Secagem Aspectos: Gases e material particulado Ruídos Vibrações Resíduos oriundos do transporte e manuseio dos materiais Ruídos Vibrações Peças trincadas e/ou quebradas Resíduos de embalagens (papelão, isopor, manta, plástico bolha, filme) Pallets de madeira quebrados Resíduos oriundos do transporte e manuseio dos materiais Ruídos Vibrações Peças trincadas e/ou quebradas Resíduos e efluentes oriundos da limpeza dos equipamentos e mármores Biodiversidade Aspectos: Emissões, Efluentes e Resíduos Cola Tela Impermeabilizantes Energia Elétrica Aspectos: Produtos e Serviços Materiais de Embalagem (papelão, isopor, manta, plástico bolha, filme) Pallet de madeira Montagem Secagem Classificação e Embalagem Aspectos: Conformidade Empilhadeiras Caminhões Expedição Emissões Atmosféricas Calor Resíduos do material de montagem e lavagem dos equipamentos da linha de montagem Peças trincadas e/ou quebradas Emissões atmosféricas Calor Resíduos de embalagens (papelão, isopor, manta, plástico bolha, filme) Pallets de madeira quebrados Peças trincadas e/ou quebradas Gases e material particulado Ruídos Vibrações Resíduos oriundos do transporte e manuseio dos materiais Figura 2 - Mapa dos impactos ambientais gerados pela empresa Alfa. Fonte: Elaborado pelos autores Cabe destacar que os impactos gerados pelos processos administrativos da empresa não foram levantados pela pesquisa. O que se observou foi às principais etapas de produção da empresa Alfa. IV CNEG 18 IV CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Responsabilidade Socioambiental das Organizações Brasileiras Niterói, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02 de agosto de 2008 No processo de entrada de materiais, armazenamento e separação, verificou-se que este processo gera resíduos, principalmente oriundos do transporte e manuseio dos materiais, peças trincadas e/ou quebradas, resíduos de embalagens (papelão, isopor, manta, plástico bolha, filme), pallets de madeira quebrados, além de ruídos dos transportes que não afeta os colaboradores nem a comunidade localizada no entorno. No corte, maior gerador de impacto ambiental no processo produtivo, foi possível perceber que os resíduos gerados são provenientes da quebra das peças no momento do corte, e efluentes oriundos da limpeza dos equipamentos e do corte das peças, porém a água utilizada no processo passa por um tratamento de decantação e é reutilizada. Há ainda a emissão de gases, porém a empresa não tem este dado mensurado. Na montagem, plastificação e embalagem, foi possível identificar a geração de resíduos sólidos, originados da limpeza das peças, e que não possui um sistema de gestão ambiental formalizado. Porém, aplica algumas ações que estão em consonância com as boas práticas de gestão ambiental, separando os resíduos originados principalmente das sobras de plásticos e papelões que são vendidos para reciclagem. Nestes processos não são gerados nenhum tipo de efluente líquido. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Sendo a gestão ambiental um dos pilares das empresas sustentáveis, busca-se fazer uma análise e avaliar a melhor forma de gerir esta questão. Atualmente, existem diversos modelos, instrumentos e ferramentas de gestão ambiental, porém não existe um modelo único ou padrão que sirva para todas as empresas; cada organização adota a gestão que melhor se adapta à sua missão e estratégias. Nesse sentido, as empresas necessitam lidar com as ferramentas de gestão ambiental, além de acompanhar os indicadores de sustentabilidade desenvolvidos por instituições como o Instituto Ethos, a BOVESPA e o GRI, objetivando uma melhor mensuração do desempenho da organização e diálogo com os stakholders, que permite a construção e o estreitamento das relações com as partes interessadas. Embora não haja uma análise definitiva acerca da relação custo/benefício da elaboração de um relatório de sustentabilidade, o Instituto Ethos (2007) acredita que a IV CNEG 19 IV CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Responsabilidade Socioambiental das Organizações Brasileiras Niterói, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02 de agosto de 2008 aceitação desse tipo de publicação pode gerar benefícios internos e externos que superam os custos reais ou percebidos. A transparência e o diálogo aberto sobre o desempenho, prioridade e sustentabilidade futura da empresa ajudam a fortalecer parcerias e construir confiança, além de motivar naturalmente empregados e gestores a agirem de forma a garantir que no próximo relatório os números sejam melhores. E, como o desempenho de uma empresa também depende da sua visibilidade no mercado, o relatório por ela apresentado é mais uma ferramenta que permite identificá-la como uma organização ética e sustentável. Os resultados obtidos nesta pesquisa revelam que a empresa em estudo apresenta um processo de gestão baseado na Norma ISO 9001/2000, o que faz com que sua rotina de trabalho seja orientada à organização e excelência operacional. Entretanto, a empresa não possui um sistema de gestão ambiental formalizado, apesar de aplica no seu processo produtivo algumas ações que contribuem para a sustentabilidade ambiental. Observa-se que a empresa está se estruturando para uma adequação ambiental, e que esta questão não figura como tarefa difícil de execução, pois os danos causados ao meio ambiente por suas atividades podem ser facilmente reduzidos e controlados através da adoção de algumas condutas, como a redução do consumo de água e energia elétrica, a destinação dos resíduos industriais para locais preparados ecologicamente para este fim, entre outras mudanças de cultura e comportamento organizacional. Portanto, sendo a sustentabilidade um fator fundamental da gestão inteligente (CAPRA, 2005), as organizações necessitam exercer práticas ambientalmente corretas, espalhadas por todos os processos da empresa, sendo tratadas como uma questão natural, espontânea, rotineira e duradoura. Nesse sentido, a direção da empresa precisa comprometerse e exigir um engajamento de todos os envolvidos direta ou indiretamente nos processos produtivos. IV CNEG 20 IV CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Responsabilidade Socioambiental das Organizações Brasileiras Niterói, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02 de agosto de 2008 6. REFERÊNCIAS ABREU, D. Sem Ela, Nada Feito: educação ambiental e a ISO 14001. Salvador: Casa da Qualidade, 2000. ALBERTON, A. Meio Ambiente e Desempenho Econômico-Financeiro: o impacto da ISO 14001 nas Empresas Brasileiras. 2003. 307 p. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (PPGEP), Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC, 2003. BARBIERI, J. C. Gestão Ambiental Empresarial: conceitos, modelos e instrumentos. São Paulo: Saraiva, 2006. BOVESPA, Bolsa de Valores de São Paulo. Disponível em: <http://www.bovespa.com.br.>. Acesso em: 03 nov. 2007. BROWN, D.; DILLARD J. R. e MARSHALL S., (2006). Triple Bottom Line: a business metaphor for a social construct. School of Business Administration. Portland State University . www.recercat.net/handle, acesso em 16 de novembro de 2007. CIMM. Centro de Informação Metal Mecânica. Disponível em: <http://www.cimm.com.br>. Acesso em: 02 nov. 2007. CAPRA, F. Capitalismo Natural: criando a próxima revolução industrial. 13ª Ed. São Paulo: Editora Cultrix, 2005. D’AVIGNON, A. Normas Ambientais ISO 14000. Como influenciar sua empresa. 2ª Ed. Revisada e ampliada. Rio de Janeiro: CNI, DAMPI, 1996. ETHOS, I. Disponível em: <http://www.ethos.org.br>. Acesso em: 04 out. 2007. GODOY, A. Pesquisa qualitativa: tipos fundamentais. Revista de Administração de Empresas, vol 35, n 3. São Paulo: FGV, maio-jun 1995. p. 20-29. Disponível em: www.rae.br/rae/index.cfm?FuseAction=Artigo&ID=461&Secao=ARTIGOS&Volume=35&n umero=3&Ano=1995. Acesso em: ago, 2007. HARRINGTON, H. J., KNIGHT, A. A Implementação da ISO 14000: como atualizar o sistema de gestão ambiental com eficácia. São Paulo: Editora Atlas, 2001. MOREIRA, M. S. Estratégia e implantação do sistema de gestão ambiental: modelo ISO 14000. 3 ed. Nova Lima: INDG Tecnologia e Serviços Ltda, 2006. IV CNEG 21 IV CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Responsabilidade Socioambiental das Organizações Brasileiras Niterói, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02 de agosto de 2008 MOURA, L. A. A. Qualidade e Gestão Ambiental: sugestões para implantação das normas ISO 14000 nas empresas. 3ª Ed. Revista e ampliada. São Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 2002. PNUMA, Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Disponível em: <http://www.pnuma.org>. Acesso em: 26 Ago. 2007. SAVITZ, ANDREW W., WEBER, KARL. A Empresa Sustentável: o verdadeiro sucesso é o lucro com responsabilidade social e ambiental. Tradução de Afonso Celso da Cunha Serra. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. YIN, R. Case study research: desing and methods. Londres: Sage, 1994. VALLE, C. E. Qualidade Ambiental: ISO 14000. 4ª Ed. Revisada e ampliada. São Paulo: Editora SENAC São Paulo, 2002. VAN B., HANS M. Indicadores de Sustentabilidade: uma análise comparativa. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2005. IV CNEG 22