UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE DESENHO TÉCNICO CURSO DE GRADUAÇÃO EM DESENHO INDUSTRIAL WASHINGTON QUEIROZ DOS SANTOS SISTEMA DE SEPARAÇÃO DE LIXO RECICLÁVEL DA MORADIA ESTUDANTIL DA UFF Niterói 2019 WASHINGTON QUEIROZ DOS SANTOS SISTEMA DE SEPARAÇÃO DE LIXO RECICLÁVEL DA MORADIA ESTUDANTIL DA UFF Trabalho de conclusão de curso apresentado em 26 de novembro de 2019, como requisito parcial para a obtenção do grau de bacharel em Desenho Industrial pela Universidade Federal Fluminense. Orientador Acadêmico Prof. Dr. Ricardo Pereira Gonçalves Niterói 2019/2 WASHINGTON QUEIROZ DOS SANTOS SISTEMA DE SEPARAÇÃO DE LIXO RECICLÁVEL DA MORADIA ESTUDANTIL DA UFF Trabalho de conclusão de curso apresentado em 26 de novembro de 2019, como requisito parcial para a obtenção do grau de bacharel em Desenho Industrial pela Universidade Federal Fluminense. Trabalho aprovado em _____ de __________ de _____. BANCA EXAMINADORA Prof. Dr. Ricardo Pereira Gonçalves (Orientador Acadêmico) Universidade Federal Fluminense Prof. Dr. João Carlos Lutz Barbosa (Avaliador) Universidade Federal Fluminense Prof. Dr. Regina Célia de Souza Pereira (Avaliador) Universidade Federal Fluminense Com muita satisfação, dedico este trabalho aos meus irmãos Ivan e Inailson pelo apoio e guarida que me deram durante todo o curso AGRADECIMENTOS Quero começar agradecendo à minha querida mãe que, mesmo com as dificuldades da vida, soube superá-las e ainda assim, ser a minha base de apoio. Obrigado pela singela sabedoria e exemplo de integridade. Grato ao meu pai pelo zelo, incentivo e pelo empenho em enfrentar as incansáveis batalhas no labor diário para que eu, quando mais jovem me atirasse apenas às preocupaçoes dos bancos escolares. Obrigado aos meus irmãos pela compreensão e afeto, não permitindo que eu continuasse sozinho nessa caminhada. Que possamos compreender que as estruturas que nos impedem residem no campo psicológico. Muito obrigado pela força. Obrigado ao professor Ricardo pelas orientações, compreensão e serenidade. Desde então, tem se tornado uma referência para mim. Um agradecimento a todos os professores do curso de Desenho industrial da UFF pela excelência e comprometimento com a profissão, e por compartilharem um pouco dos seus conhecimentos conosco. Gratidão a todo o corpo de funcionários que fazem o curso de Desenho industrial acontecer. E por fim, obrigado à vida! Melhor professora. “Eu sou o que me cerca. Se eu não preservar o que me cerca, eu não me preservo.” (José Ortega y Gasset) RESUMO SANTOS, Washington Queiroz. Sistema de separação de lixo reciclável da moradia estudantil da UFF. Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2019. (Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação.) Este trabalho de conclusão de curso apresenta um projeto de separação do lixo reciclável na moradia de estudantes da Universidade Federal Fluminense em Niterói.o principal objetivo é estimular nos residentes e funcionários o hábito de separar os resíduos e encaminhá-los a um destino final que seja considerado ecologicamente aceitável. Além disso, pretende-se empregar consideravelmente meios de comunicação visual, para que os ocupantes sejam munidos de suficientes informações quanto à prática de fazer a separação do lixo e seu descarte, tornando-o consciente do caminho percorrido pelo lixo, do início ao fim. O projeto de separação do lixo foi concebido para ser executado na moradia estudantil. Diversas observações e estudos foram realizados a fim de compreender o percurso do lixo, desde sua origem, dentro da moradia até seu destino final. Ao iniciar com os moradores dentro dos apartamentos, até terminar coletado por uma empresa terceirizada. Sabemos que essa trajetória não tem fim com a empresa de coleta; na verdade, continua. O projeto vem cooperar para que os resíduos descartados possam ser reutilizados futuramente ao passar por processos de reciclagem, e por isso, causando menos dano para o meio ambiente. Concluiu-se que o descarte distraído do lixo na moradia representa um problema sério, e ele existe por três razões: 1. A ausência de uma coleta seletiva no local. 2. A falta de lixeiras seletivas nos apartamentos e a negligência com as poucas que se encontram nos espaços interno e externo. 3. A carência de informação sobre resíduos recicláveis e sobre como fazer a separação. Logo, com essas informações, o projeto abordou o problema propondo alternativas que pudessem corrigir esses pontos. Palavras-chaves: Resíduos sólidos. Coleta seletiva. Sustentabilidade. Separação do lixo. Desenvolvimento sustentável. Lixo. Design sustentável.projeto de produto. ABSTRACT SANTOS, Washington Queiroz. Sistema de separação de lixo reciclável da moradia estudantil da UFF. Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2019. (Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação.) This course project presents a project for the separation of recyclable waste in the student housing of the Fluminense Federal University in Niterói. The main objective is to encourage residents and employees to separate the waste and send it to a final destination that is considered ecologically acceptable. In addition, it is intended to employ considerably visual media, so that occupants are provided with sufficient information about the practice of separating waste and its disposal, making it aware of the path taken by the waste from start to finish. The waste sorting project was designed to be run in the student housing. Several observations and studies have been carried out in order to understand the waste route, from its origin, inside the house to its final destination. Starting with the residents inside the apartments, until it ends up collected by a third party company. We know that this trajectory does not end with the collection company, in fact, it continues. The project cooperates so that discarded waste can be reused in the future through recycling processes, thus causing less damage to the environment. It was concluded that the distracted disposal of household waste represents a serious problem, and it exists for three reasons: 1. The absence of selective collection at the site. 2. The lack of selective trash bins in the apartments and the neglect of the few that are found indoors and outdoors. 3. Lack of information on recyclable waste and how to sort it. Therefore, with this information, the project approached the problem by proposing alternatives that could correct these points. Keywords: Solid waste. Selective collect. Sustainability. Garbage separation. Sustainable development. Trash. Sustainable design.product design. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Distribuição dos municípios que não fazem destinação de resíduos sólidos. ...................................................................................................................... 18 Figura 2 - Visualização do aplicativo (a) e funcionários da Biothanks coletando materiais (b). ............................................................................................................. 23 Figura 3 - Moradia estudantil da UFF localizada no campus Gragoatá em Niterói. .. 24 Figura 4 - Lixeiras seletivas (a) e comum (b) no ambiente interno da moradia estudantil da UFF. ..................................................................................................... 25 Figura 5 - Contêineres de 240L se localizam na parte externa da moradia. ............. 26 Figura 6 - Funcionários de empresa terceirizada recolhendo o lixo da moradia. ...... 26 Figura 7 - Caracterização serial do sistema. ............................................................. 29 Figura 8 - Ordenação hierárquica do sistema. .......................................................... 30 Figura 9. Expansão do sistema. ................................................................................ 30 Figura 10 - Modelagem comunicacional do sistema. ................................................ 31 Figura 11 - Problema informacional. ......................................................................... 32 Figura 12- Problemas cognitivos. .............................................................................. 33 Figura 13 - Problemas biológicos. ............................................................................. 33 Figura 14 - Problemas naturais ................................................................................. 34 Figura 15 - Problemas gerenciais.............................................................................. 34 Figura 16 - Cesto de lixo para coleta seletiva ProntoBox. ......................................... 37 Figura 17 - Lixeira reciclagem coleta seletiva tampa vai e vem ................................ 38 Figura 18 - Lixeira metálica ao ar livre. ..................................................................... 38 Figura 19 - Lixeira modular Edge. ............................................................................. 39 Figura 20 - Cartaz especificando as separações do lixo. .......................................... 41 Figura 21 - Duas imagens de cartazes com propostas semelhantes.Fonte: https://www.pinterest.co.uk/pin/537898749235607944/?autologin=true ................... 41 Figura 22 - Similares de folders informando e orientando. ........................................ 42 Figura 23 - Vista frontal dos modelos antropométricos, maior homem. .................... 43 Figura 24 - Vista frontal dos modelos antropométricos, menor mulher. .................... 43 Figura 25 - Símbolos gráficos da coleta seletiva. ...................................................... 45 Figura 26 - Modelo virtual da primeira alternativa. .................................................... 46 Figura 27 - Modelo virtual da segunda alternativa. .................................................... 47 Figura 28 - Modelo virtual da terceira alternativa. ..................................................... 48 Figura 29 - Modelo virtual da quarta alternativa. ....................................................... 49 Figura 30 - Modelo virtual da alternativa escolhida. .................................................. 51 Figura 31 - Vista do modelo virtual com suas peças separadas. .............................. 51 . Figura 32 - Primeira e segunda concepções de cartazes ....................................... 52 Figura 33 - Terceira concepção de cartaz. ................................................................ 52 Figura 34 - (a) Panfleto para distribuição. (b) Sugestão de grupo para mídias sociais. .................................................................................................................................. 53 Figura 35 - Modelo do cartaz finalizado .................................................................... 54 Figura 36 - Modelo final. ............................................................................................ 54 Figura 37 - Fachada da Ecoenel. .............................................................................. 55 Figura 38 - Vista do Mockup...................................................................................... 57 Figura 39 - Testes do mockup com a menor mulher (1,56m) .................................... 58 Figura 40 - Testes do mockup com o maior homem (1,89m) .................................... 58 Figura 41 – (a) Costrução da estrutura e (b) dos recipientes. ................................... 59 Figura 42- Construção da estrutura........................................................................... 60 Figura 43 - (a) Moldura. (b) Chapa de MDF (c) Papel paraná. .................................. 61 Figura 44- Modelo final .............................................................................................. 62 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Distribuição dos municípios segundo as variáveis selecionadas dos resíduos sólidos - 2008 ............................................................................................. 18 Tabela 2 – Tabela GUT ............................................................................................. 35 Tabela 3. Tabela PNI. ............................................................................................... 39 Tabela 4 - Matriz Decisória........................................................................................ 50 Tabela 5 - Tabela de Materiais. ................................................................................. 56 Tabela 6 - Custos de Materiais.................................................................................. 61 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS Abrelpe Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos CLIN Enel GDI Especiais Companhia de Limpeza de Niterói Ente nazionale per l'energia elettrica Graduação em Desenho Industrial IBGE Instituto Brasileiro deGeografia e Estatística PNRS Política Nacional de Resíduos Sólidos MMA TDT UFF Ministério do Meio Ambiente Departamento de Desenho Técnico Universidade Federal Fluminense SUMÁRIO INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 14 1 IMERSÃO .......................................................................................................... 16 1.1 Elaboração da proposta do projeto .................................................................... 16 1.2 Tema .................................................................................................................. 17 1.3 Justificativa......................................................................................................... 17 1.4 Resultados esperados ....................................................................................... 20 1.5 Relevância ......................................................................................................... 21 1.6 Estado da arte publicado.................................................................................... 22 1.7 Contexto ............................................................................................................. 23 1.8 Definição do problema ....................................................................................... 27 1.9 Identificação do usuário ..................................................................................... 27 2 ERGONOMIA..................................................................................................... 29 2.1 Introdução .......................................................................................................... 29 2.2 Apreciação ergonômica ..................................................................................... 29 2.2.1 2.2.2 Sistematização ............................................................................................ 29 Problematização ......................................................................................... 31 2.3 Parecer ergonômico ........................................................................................... 35 2.3.1 Tabela GUT ................................................................................................ 35 2.3.3 Conclusão ................................................................................................... 35 2.3.2 3 Sugestões preliminares de melhoria ........................................................... 35 LEVANTAMENTO DE DADOS ......................................................................... 37 3.1 Similares ............................................................................................................ 37 3.2 Análise e síntese ................................................................................................ 40 3.3 Similares de informativos ................................................................................... 40 3.4 Parâmetros antropométricos .............................................................................. 43 4 IDEAÇÃO........................................................................................................... 44 4.1 Apresentação do conceito projetual ................................................................... 44 4.2 Modelagem verbal .............................................................................................. 44 4.3 Requisitos .......................................................................................................... 45 4.4 Restrições .......................................................................................................... 45 4.5 Geração de alternativas ..................................................................................... 46 4.6 Seleção de alternativa ........................................................................................ 49 4.7 Alternativa escolhida .......................................................................................... 50 4.7.1 Modelo virtual da alternativa escolhida ....................................................... 51 4.8 Alternativas de comunicação visual ................................................................... 52 4.9 Modelos selecionados e finalizados ................................................................... 54 4.10 Coleta seletiva.................................................................................................... 55 4.11 Materiais............................................................................................................. 56 5 MATERIALIZAÇÃO ........................................................................................... 57 5.1 Mockup............................................................................................................... 57 5.2 Testes antropométricos ...................................................................................... 57 6 PRODUÇÃO ...................................................................................................... 59 6.1 Desenvolvimento do modelo .............................................................................. 59 6.2 Levantamento de materiais ................................................................................ 60 6.3 Levantamento de custos .................................................................................... 61 6.4 Protótipo ............................................................................................................. 62 7 DETALHAMENTO TÉCNICO ............................................................................ 63 7.1 Desenho técnico ................................................................................................ 63 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 67 14 INTRODUÇÃO O lixo desde tempos remotos sempre foi sinônimo de problema, embora não contasse com a demasiada atenção que lhe é conferida nos dias de hoje. No mundo moderno, ele continua sendo um problema de magnitude alta, mas também é percebido como oportunidade. Hoje o lixo gera renda através da indústria da reciclagem; ainda assim, continua sendo um inconveniente desafio a ser enfrentado pelo homem. Para que esse lixo chegue ao processo de reutilização é necessário que os diversos atores sociais, produtores e consumidores, garantam-lhes este retorno. Mas é aqui que o problema se torna evidente. Tanto o problema, como a solução encontram-se no indivíduo e é sabendo disso que o projeto tem sua aplicação voltada para o espécime. A moradia estudantil da UFF acolhe 314 residentes e também funcionários. Um espaço que gera lixo e desfaz, mas de maneira desordenada. Pensando nisso, a iniciativa de implementar um sistema de separação do lixo foi aventada e prontamente atendida pelos administradores. O projeto propõe atuar no armazenamento, coleta e divulgação de informações de maneira sistemática para que os ocupantes sintam-se integrados e motivados. Este trabalho compete descrever os objetivos, metodologias e resultados obtidos durante a elaboração do projeto. O objetivo aqui consiste em remodelar toda uma ação voltada para o descarte do lixo produzido no prédio. Para que este resultado seja alcançado é necessário iniciar com uma fase exploratória para compreender melhor o problema e só então, propor a melhor alternativa capaz de resolvê-lo. No primeiro cápitulo, o estágio de imersão permite que esta fase de exploração aconteça. Discorrer sobre a as motivações que justificaram o emprego do tema, os resultados esperados e conhecer a rotina do local foram de fundamental importância para a definição do problema. Nesta etapa compreende-se os motivos de não haver uma separação do lixo; entende-se hábitos e comportamentos dos residentes, além de uma série de outros fatores. No segundo cápitulo, aborda-se a fase ergonômica do processo. A cadeia de eventos é posta de maneira sistematizada estabelecendo entrads e saídas, bem 15 como identificando possíveis resultados desproporcionais; o que leva os moradores a produzirem o lixo é obviamente o consumo que ilustra o processo de entrada e que, por sua vez o sistema de saída indica a retirada ou coleta desse lixo. No terceiro cápitulo, é apresentada a fase de levantamento de dados onde alguns similares com a função de armazenamento de do lixo e objetos de divulgação são analisados. Estas informações são muito importantes porque ajuda a conhecer as soluções oferecidas para problemas semelhantes. Os similares catalogados são examinados para saber se existe uma potencialidade de atender ou não aquilo que se propõe. A fase de ideação surge no quarto cápitulo. É nesta etapa que é apresentado o conceito que surge como proposta aos estudos feitos nas fases anteriores. Neste cápitulo é onde o projeto começa a ser explicado de maneira mais clara e objetiva. Requisitos e restrições impostas orientam os esboços conceituais. Com o conceito definido e a alternativa seleciona, chega-se na materialização do projeto, visto aqui no cápitulo cinco. Aqui se constrói um modelo de testes com o objetivo de analisar o comportamento do modelo físico; o quanto se afasta ou não daquilo que foi apresentado em papel. Nosso modelo é um conjunto de lixeiras em resposta a uma necessidade de armazenamento dos resíduos sólidos. Feitos os testes dimensionais e antropométricos do modelo físico, chegamos no cápitulo 6 onde exibe-se a produção do produto em seu estágio final. Aqui foi necessário registrar como foi o desenvolvimento, o levantamento de materiais e o protótipo sendo utilizado como forma de aferir sua funcionalidade. Por fim, no sétimo e último cápitulo é apresentado o detalhamento técnico em que desenhos bidimensionais do produto é apresentado em escalas, com descrições de materiais. 16 1 1.1 IMERSÃO Elaboração da proposta do projeto A maneira como o lixo é produzido, descartado, acumulado e coletado na moradia estudantil da UFF se mostra um problema que merece atenção e cabe respostas. Ao estudá-lo através de observações assistemáticas realizadas dentro do ambiente coletivo, verificou-se que o desequílibrio tem origem nas práticas e costumes de moradores e funcionários quanto ao modo de desfazer-se de seu lixo; somado a isso, a falta de uma coleta seletiva inibe qualquer iniciativa individual ou coletiva em separar os resíduos. Na ausência de uma política de separação dos resíduos produzidos no espaço interno, moradores e funcionários não tem outra alternativa que não seja acondiciona-los juntos – orgânicos e recicláveis – em um único recipiente para depois descartá-los de igual modo. A carência de informação e sinalização nos vasilhames destinados a receber o material descartado revigora a minguada experiência que a maioria tem sobre separar e deitar fora o lixo que produz. Portanto, em resposta a esta disfunção torna-se necessário apresentar e implementar medidas que assegure controle e manejo adequados dos resíduos sólidos. A proposta de separar o lixo tem como principal obstáculo a porta de saída, revelado na inexistência de uma coleta segregada do lixo. Desse modo, a proposta tem como ponto de partida garantir que o lixo recolhido no ambiente tenha um destino final apropriado; em seguida, permitir que as informações necessárias cheguem aos moradores e funcionários para que separem e descartem seu lixo de maneira ambientalmente correta. O projeto procura também, seguir diretrizes e orientações. A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), tem como objetivo, de maneira resumida, promover a redução de resíduos, compartilhar responsabilidades e determinar uma destinação adequada a eles. É nesta conjuntura que o projeto procura viabilizar localmente, práticas que possam vir a contribuir para uma vida sustentável de modo que os desequilíbrios ambientais sejam atenuados. 17 1.2 Tema Com a finalidade de desenvolver uma atividade profissional focada no desenvolvimento sustentável, acenou-se para o desejo de unir o interesse profissional ao projeto acadêmico, de maneira que o propósito seja viabilizar, dentro de um espaço de convivência, o descarte adequado do lixo originado no local, tornando-o menos oneroso para o meio ambiente. Assim, o tema se orienta no desenvolvimento de um Sistema que possa contribuir no processo de descarte do lixo produzido pelos residentes da moradia estudantil da UFF de Niterói com o objetivo de atender uma necessidade observada. A coleta seletiva ainda não é uma realidade vivenciada pelos moradores. Ainda que, mesmo sendo parte integrante do campus, o prédio estudantil não é contemplado pelo serviço de recolhimento do lixo de forma segregada executado pela empresa ENEL que recolhe os descartes de todas as instituições que se encontram dentro do mesmo campus universitário mediante acordo entre empresa e Universidade. O projeto tem como título Sistema de separação de lixo reciclável no ambiente da Moradia Estudantil da UFF. Enfatiza a importância de um descarte feito de forma adequada e responsável, para que esses materiais passíveis de serem reciclados não apresentem dificuldades e/ou perigos quando manuseados por funcionários durante o recolhimento, assim como também deve facilitar no processo de separação já nos centros de reciclagem. 1.3 Justificativa A grande quantidade de lixo gerado pela população tem ocasionado diversas consequências negativas. Gera custos elevados no seu tratamento e na disposição final inadequada em ambientes naturais como os lixões a céu aberto, causando degradações ambientais irreversíveis. O enorme volume de lixo produzido através das atividades humanas resultou em graves efeitos negativos para o homem e a natureza, como: contaminação do solo, ar e água; proliferação de vetores transmissores de doenças, enchentes, entre outros. Para chegar até aqui, o lixo percorre caminhos que se iniciam em pontos de origens distintas e um deles é o ambiente doméstico. Ao acumular o lixo dentro de 18 casa, o homem situa-se como provedor e também responsável pelo seu destino final. É de fundamental importância conter a geração de resíduos e permitir um tratamento adequado do lixo. A pesquisa nacional de saneamento básico de 2008, do IBGE revela que o total de resíduos sólidos coletados em todo o país passou por um aumento de 31,7% de toneladas coletadas ao dia no período de 2000 a 2008. É importante observar que a maior parte de todo esse amontoado tem como destino os grandes lixões e aterros sanitários, fazendo com que aqueles empregados de maneira imprópria em seu destino final acabem gerando impactos sociais, econômicos e ambientais provocando prejuízos para a população e o meio ambiente. Os resíduos que não possuem destino final apropriado representam sérios problemas ambientais e também à saúde humana. A tabela abaixo mostra a distribuição dos resíduos sólidos. A grande maioria dos municípios brasileiros fazem a destinação final de seu lixo, enquanto uma pequena parcela não o faz. Tabela 1 – Distribuição dos municípios segundo as variáveis selecionadas dos resíduos sólidos - 2008 Variáveis selecionadas dos resíduos Distribuição de municípios sólidos Total 5564 Não fazem distinção 114 Fazem distinção Sem manejo de resíduos sólidos 5448 2 Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, 2008 Figura 1 - Distribuição dos municípios que não fazem destinação de resíduos sólidos. Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, 2008 19 Desta minoria, grande parte encontra-se no sul e sudeste do Brasil, conforme mostra o gráfico acima. Neste contexto, as regiões sul e sudeste concentram-se um maior número de entidades coletoras do país. Por serem as duas regiões mais industrializadas, os dados refletem essa condição. O manejo de resíduos sólidos nessas áreas é mais completo e organizado de forma que o impacto ambiental nesta porção do país receba maior controle. Cabe observar que dentro do processo de manejo dos resíduos sólidos, que compreende sua coleta, transporte e destinação final, as etapas da coleta e da destinação final são consideradas aquelas mais importantes, uma vez que o peso de resíduos coletados e o destino que lhes é dado interferem direta e indiretamente no cotidiano da sociedade e também do meio ambiente1. Relacionado à questão dos resíduos sólidos, um recurso que apresenta-se como alternativa é a reciclagem de resíduos. Com a pretensão de atender ás determinações da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que reúne um conjunto de diretrizes e ações com o objetivo de, junto ao governo federal promover uma ação integrada e um gerenciamento de resíduos sólidos. Art. 4º A Política Nacional de Resíduos Sólidos reúne o conjunto de princípios, objetivos, instrumentos, diretrizes, metas e ações adotados pelo Governo Federal, isoladamente ou em regime de cooperação com Estados, Distrito Federal, Municípios ou particulares, com vistas à gestão integrada e ao gerenciamento ambientalmente adequado dos resíduos sólidos2. A cidade de Niterói, situada no leste do Estado do Rio de Janeiro tem procurado esforçar-se no sentido de atender essas determinações através de implementação de leis municipais como a Lei nº 2.730 de 21 de setembro de 2010, que institui o Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil e a resolução nº 01/2010 da Companhia de Limpeza Urbana de Niterói – Norma técnica para resíduos sólidos e excedentes/extraordinários e de serviço de saúde. O município conta com uma população estimada em 487.327, segundo o censo de 2010 do IBGE, sendo a sexta cidade mais populosa do Estado do Rio de Janeiro. Se caracteriza como uma cidade de população flutuante, de “migração NETA, Maria Amélia Vilanova. Manejo de resíduos sólidos. Brasil, Atlas de saneamento 2011. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv53096_cap9.pdf>. Acesso em 08. Abr. 2019 2 Política nacional dos resíduos sólidos. 2 ed. – Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2012. p. 12. 1 20 pendular” por fazer parte da região metropolitana, grande número de pessoas que residem em Niterói e regiões vizinhas e também trabalham na cidade do Rio de Janeiro influenciam a mobilidade espacial; isto contribui na geração de resíduos sólidos urbanos, em que a estimativa populacional acabe por considerar o fluxo dessa dinâmica, de forma que o dimensionamento dos projetos de limpeza e coleta da cidade evoque esta característica. Niterói se defronta com um imenso desafio de aplicar a Política Nacional de Resíduos Sólidos; a reciclagem representa uma alternativa à destinação do lixo, contribuindo para a preservação do meio ambiente, além de consistir uma fonte de renda. Um recurso importante que carece de um maior comprometimento da população, uma vez que é resultado da ação de catadores autônomos ou vinculados a alguma associação. Refletindo o cenário nacional, a reciclagem no município ainda é considerada baixa, em números; segundo a Companhia de Limpeza Urbana de Niterói, este número chega a 3%; uma soma de forças que inclui a entidade, o setor comercial e Enel que executa um programa de coleta oferecendo redução de tarifa de energia em troca de materiais recicláveis. Ocupando a terceira posição entre as que produzem lixo no Estado do Rio de Janeiro, segundo a CLIN, a cidade de Niterói atingiu em 2011, um total de 700 toneladas diárias de lixo. Por mês são coletadas cerca de 200 toneladas de resíduos recicláveis domiciliares, representando cerca de 2% de todo o lixo doméstico. Assim, a formulação de um projeto, cuja finalidade seja contribuir para a redução da geração de resíduos sólidos deve seguir as diretrizes da Política Municipal de Resíduos Sólidos; adequar-se aos objetivos em sua especificidade e de maneira integrada, visando observar, controlar e recuperar o meio ambiente. 1.4 Resultados esperados No ambiente estudado é possível encontrar recipientes para receber o lixo separado, mas os resíduos encontrados são diversos e misturados, evidenciando assim a falta de preocupação ou conhecimento dos moradores no momento do descarte. Diante de problemas observados como este, o projeto passou a ter um foco no usuário, propondo desenvolver formas de induzi-los à prática da educação ambiental. 21 Espera-se que os residentes e funcionários tenham amplo conhecimento das consequências de um descarte inadequado de resíduos sólido; a importância da reciclagem e reutilização de objetos antes considerados inúteis; adquira o costume de gerar pequenas quantidades de lixo; repensar hábitos de consumo, promovendo uma nova visão voltada para odesenvolvimento de uma vida sustentável. 1.5 Relevância Decorrente de atividades humanas, o lixo apresenta-se como um grande desafio a ser enfrentado. Ele corresponde a todos os resíduos gerados pelo homem com seus hábitos de consumo tendo como propulsor a crescente produção industrial concebendo cada vez mais produtos para atender a essa demanda consumista; acrescente-se a isso, a explosão demográfica e o aumento da expectativa de vida das populações, além de outros fatores também contribuem com aumentos exponenciais do lixo no mundo. No Brasil grande parte do lixo produzido vai parar nos lixões, favorecendo o aumento da poluição, ocorrência de doenças e degradação ambiental entre outras consequências negativas como contaminação do solo, ar e água e etc. Todos esses problemas são resultados de um descarte inadequado por parte das pessoas e instituições; a separação do lixo destinado à reciclagem ainda é algo distante da realidade necessária com objetivos de promover uma redução nos impactos causados pela acumulação desenfreada do lixo. Segundo dados do portal saneamento verde, o Brasil produziu em 2012, 64 milhões de toneladas de resíduos, dos quais 24 milhões foram descartados de forma inapropriada. Informa ainda que, 240 mil toneladas de lixo são produzidas por dia no país e cada brasileiro produz em média 383 kg de lixo ao longo do ano. Os dados são do ano de 2012. São números gigantes que vem para comprovar que o ser humano, antes de tomar qualquer iniciativa deve ter a preocupação de reciclar a si próprio, reestruturando hábitos e atitudes levando em consideração as capacidades limitantes do planeta. Ao abordar a urgente necessidade de se atentar para o problema do lixo não podemos deixar de lado um componente considerado bastante nocivo e muito presente em todos os aspectos e costumes da vida humana: o plástico. Este material que veio para simplificar a vida em sociedade é também a causa de muitos problemas; o lixo gerado por ele se tornou um dos desafios enfrentados pela sociedade moderna. Seu descarte ainda que aconteça de forma 22 responsável em alguns lugares, configura-se como uma batalha frente ao seu uso diário e consumo desenfreado, resultante de sua extensa produção de alcance global. Recortando para um nível regional, o Brasil é o 4º maior produtor de lixo plástico do mundo, segundo artigo da Forbes publicado em março de 2019. Aponta que o país produz anualmente 11,3 milhões de toneladas ficando atrás de países como Estados Unidos, China e Índia. O artigo registra ainda um estudo da WWF em parceria com o Banco Mundial informando que de todo o lixo plástico descartado no país, apenas 1,28% é reciclado, colocando o país em uma posição muito da média que é de 9%. Em uma amostra de 10 países que mais produzem lixo plástico, o Brasil é o único que não atinge os 5% de reciclagem. Nos Estados Unidos, maior produtor de lixo plástico do mundo, a taxa de reciclagem é de 34,6% enquanto na China, 21,9%. Toneladas de lixo plásticos ainda são descartadas de maneira inadequada no país sem nenhuma preocupação ambiental. No Brasil, segundo dados do Banco Mundial, mais de 2,4 milhões de toneladas de plástico são descartadas de forma irregular, sem qualquer tipo de tratamento, em lixões a céu aberto. Outros 7,7 milhões de toneladas vão para aterros sanitários e mais de 1 milhão de toneladas sequer são recolhidas pelos sistemas de coleta. (Forbes,2019) Para alcançar uma condição satisfatória no que diz respeito ao problema do lixo é preciso que haja uma intervenção coletiva envolvendo atores do poder público e da sociedade com a incumbência de implementar ações com objetivo de solucionar o problema em questão. 1.6 Estado da arte publicado Há diversos artigos e informações atualmente sobre coleta seletiva. Em um artigo publicado pelo portal G1 em 20 de outubro de 2019, uma startup de São Paulo aplicou o modelo dos aplicativos de transportes para fazer uma intermediação entre catadores autônomos e pessoas que não sabem ou não dispõem de opções para desfazerem seu lixo de forma que provoque menos impacto no meio ambiente. A plataforma de nome Biothanks funciona da seguinte forma: o cliente paga o serviço no próprio aplicativo e o preço varia de acordo com o peso e a característica do resíduo; o coletor recebe sua gratificação em uma conta digital ou por meio de um cartão pré-pago e a startup fica com 5% do valor de cada coleta. “Você entra na 23 plataforma, diz qual é o seu endereço, coloca qual é o resíduo que você tem pra retirar, no caso do exemplo seria entulho. A solicitação é disparada para os nossos coletores e aquele que geograficamente estiver mais perto aceita a sua solicitação.” Explica Fernando Vargas, um dos sócios da empresa. (a) (b) Figura 2 - Visualização do aplicativo (a) e funcionários da Biothanks coletando materiais (b). FONTE: https://g1.globo.com/economia/pme/pequenas-empresas-grandesnegocios/noticia/2019/10/20/startup-cria-aplicativo-para-coleta-de-residuos.ghtml Ele e seu parceiro, o empresário Marcel Wars investiram R$ 937 mil reais no serviço; destacam que a plataforma promove a retirada de entulhos, móveis, papelão e plásticos ou recicláveis e que no futuro, outros resíduos com pneus e podas de árvores, por exemplo, farão parte da lista de materiais coletados. Para atender um mercado crescente no Brasil e seguindo as tendências de inovação tecnológica, os sócios empresários apresentam a Biothanks como um meio de reduzir os impactos negativos ao meio ambiente ocasionados por uma alta produção de resíduos e uma baixa taxa de reciclagem e reutilização. De acordo com a matéria, o país é o quarto maior produtor de lixo plástico do mundo; produz 290 mil toneladas de resíduos de construção civil. A startup paulista surge neste contexto e decide enfrentar o problema propondo técnicas atuais de inovação. A reportagem revela uma alternativa interessante e revolucionária, porém, não menciona se o destino final dos resíduos é feito de maneira sustentável. 1.7 Contexto Foi feito um levantamento interno em conjunto com a direção da moradia estudantil, a qual passou informações referentes à estrutura do prédio além de toda a dinâmica de produção, descarte e coleta do lixo. A moradia estudantil da UFF de 24 Niterói foi inaugurada em setembro de 2013. Localiza-se no campus do Gragoatá em Niterói e é composta de vinte alas/apartamentos, além de espaços coletivos, cozinha, refeitório e salas de estudos e informática distribuídos em dois pavimentos. O prédio tem capacidade para trezentos e quatorze alunos residentes mas possui hoje um total de duzentos e setenta e nove, além de treze funcionários. Figura 3 - Moradia estudantil da UFF localizada no campus Gragoatá em Niterói. Fonte: http://www.uff.br/?q=moradia-estudantil-no-grupo-assistencia-estudantil Segundo dados da direção, o local produz em média 5.500 litros de lixo a cada semana; este lixo é retirado diariamente pela empresa Resgate Ambiental. Apesar de existir em todo o espaço ocupado, recipientes de lixo para coleta seletiva, não há dentro da habitação nenhuma ação voltada à separação do lixo. Esse ponto se agrava quando se sabe que nas alas/apartamentos, os residentes estocam seus lixos orgânicos e aqueles passíveis de reciclagem em um mesmo recipiente. Em uma população de quase trezentos moradores, além de funcionários e eventuais visitas deitar o lixo fora dessa maneira torna-se oneroso para quem, na outra ponta da cadeia depende do manuseio do lixo para sobreviver, no caso, os trabalhadores da indústria de reciclagem; nunca é demais também lembrar dos problemas que esse comportamento causa ao meio ambiente. O serviço de coleta prestado à moradia apenas dar continuidade a um modelo de despejo inadequado dos detritus. A empresa recolhe esse amontoado de mistura de lixo que fica armazenado nos conteineres localizados na parte externa do prédio. Segundo o departamento de 25 comunicação da empresa, a mesma retira o lixo da moradia e também de diversos outros lugares e encaminha os detritos para centros de tratamentos nas cidades de Itaboraí e São Gonçalo, mas não tem conhecimento do que acontece com o lixo depois. A Resgate Ambiental informou que não tem parceria com nenhuma outra empresa ou cooperativa de reciclagem. Assim, é evidente que o problema tem início na fonte; a moradia estudantil não tem coleta seletiva, apesar de alguns espaços da UFF, dentro do Gragoatá – mesmo local em que se encontra a moradia – serem contemplados por essa natureza de serviço realizado pela empresa Enel3 que por sua vez, recompensa a instituição acadêmica através de abonos nas contas de energia elétrica. Portanto, se no processo de recolhimento do lixo inexistem recursos que viabilizem uma distribuição ambientalmente adequada dos materiais, é de se esperar que o moradores e funcionários, isentos de qualquer pressão ou responsabilidade não faça a separação do lixo que produz. Não havendo uma política de separação dos resíduos na moradia, não há também nenhuma preocupação da parte do morador em segregar e classificar o lixo que produz. (a) (b) Figura 4 - Lixeiras seletivas (a) e comum (b) no ambiente interno da moradia estudantil da UFF. Fonte: O autor Quanto ao lixo gerado pelos moradores, são acondicionados em recipientes adequados, localizados no interior de cada ala/apartamento. Os resíduos são diversos; de produtos suscetíveis a passarem por processo de reciclagem e/ou de reutilização como plásticos, vidros e papéis, até descartes impossíveis de serem recuperados como papel higiênico e produtos farmacêuticos, além de lixo orgânico 3 Ente nazionale per l'energia eletrica, empresa de geração e distribuição de Energia elétrica e gás natural. 26 em grande quantidade e aqueles considerados nocivos e tóxicos como os eletrônicos. Recipientes voltados para o descarte seletivo do lixo estão distribuídos em espaços comuns da residência. Como já foi dito que moradores e funcionários não costumam separar o lixo durante o descarte, estes recipientes são utilizados para comportar resíduos de diversas características exercendo função de lixeira comum abrigando orgânicos e recicláveis. Muitos deles encontram-se em condições degradáveis. Figura 5 - Contêineres de 240L se localizam na parte externa da moradia. Fonte: O autor Figura 6 - Funcionários de empresa terceirizada recolhendo o lixo da moradia. Fonte: O autor 27 1.8 Definição do problema Como afirma Platcher (2012), definir um problema é identifica-lo ainda no início, características do usuário e suas variáveis de ordem técnica, econômica, social e psicológica. É perceber uma situação dissonante da população usuária na sua interação com o objeto de estudo dentro de um ambiente. O problema é revelado no momento em que se percebe o modo como é feito o descarte dos resíduos sólidos gerados na moradia estudantil da Universidade Federal Fluminense de Niterói. Esse aglomerado de lixo produzido no local é motivado pelo hábito de consumo dos residentes e funcionários, somados àqueles trazidos de fora em virtude de frequentes visitas. Uma rotina bastante corrida dos residentes que são também estudantes, uma ausência de educação ambiental e a falta de conhecimento das consequências devastadoras no meio ambiente provocadas pela má disposição do lixo, contribuem com a maneira irracional pela qual os residentes e funcionários se desfazem de seus objetos. O desafio urge prover como solução, motivá-los a desenvolver o hábito de descartar seu lixo de forma consciente. Assim, a necessidade observada tenderá a um equilíbrio no que antes havia um desajuste. 1.9 Identificação do usuário Os usuários compõem-se de funcionários e alunos residentes oriundos de famílias de baixa renda e distantes de sua residência natural a um raio de 30 km. Todos com mátriculas ativas na Universidade Federal Fluminense. Compreendem uma faixa etária que se estende dos 18 aos 60 anos de idade e são de ambos os sexos. Os alunos ocupam o espaço durante o período letivo, regressando às suas cidades de origem durante o período de recesso - época em que ocorre uma redução considerável de pessoas no local. Os funcionários ocupam o prédio em regime transitório, somente enquanto - exercem suas atividades, voltando para suas casas no final do dia. Profissionais da área de segurança permanecem durante 24 horas. 28 São duzentos e setenta e nove moradores mais quinze funcionários em atividades no momento, um total de duzentos e noventa e quatro usuários dispostos no local. O prédio tem capacidade para trezentos e quatorze moradores. 29 2 2.1 ERGONOMIA Introdução A metodologia aplicada aqui é a proposta por Anamoraes e Mont´Alvão (2012) que apresenta uma abordagem sistêmica e sistemática visando otimizar a relação humano-sistema. 2.2 Apreciação ergonômica 2.2.1 Sistematização Caracterização serial do Sistema Figura 7 - Caracterização serial do sistema. Fonte: O autor 30 Ordenação hierárquica do sistema Figura 8 - Ordenação hierárquica do sistema. Fonte: O autor Expansão do Sistema Figura 9. Expansão do sistema. Fonte: O autor 31 Modelagem comunicacional do Sistema Figura 10 - Modelagem comunicacional do sistema. Fonte: O autor 2.2.2 Problematização Segundo Moraes e Mont’Alvão (2012), um compilado de informações é necessário para a identificaão de um problema. Compreender o sistema, dividindo-o de forma categorizada é possível encontrar caminhos que possibilitem fornecer mecanismos para uma abordagem mais precisa. Na identificação da situação, procura-se levantar a maior quantidade de informação possível sobre a situação, de forma a permitir, em primeiro lugar, uma definição clara e objetiva do problema; em segundo lugar, a análise do meio ambiente; e, finalmente, a delimitação da área de atuação. (MORAES e MONTALVÃO, 2012, p.125) Assim, a situação deve ser explorada o máximo possível seguindo uma lógica de afunilamento da situação. No caso estudado, obteve-se diversas informações; primeiro, de âmbito geral identificando entradas e saídas, passando pela relação existente entre usários e o problema investigado, terminando com uma análise expressa de similares encontrados no local. 32 Categorização dos problemas ergonômicos Para melhor compreender o problema, a visita ao local é indispensável. Ocorre na fase de Apreciação ergonômica em que à medida que os problemas tornam-se conhecidos, são arrolados em categorias para melhor defini-los e classifica-los. [...] durante a apreciação ergonômica, cumpre ter como orientação categorias de problemas que compreendem deficiências e faltas e falhas específicas. Com as categorias de problemas em mente, torna-se mais fácil e eficiente para o ergonomista realizar observações assistemáticas em campo e propor questões durante a entrevista focalizada. (Moraes e Mont´Alvão, 2012, p. 129) Seguindo Moraes e Mont´Alvão, os problemas foram delimitados e e pautados de forma categórica de modo que fosse possível classifica-los. Figura 11 - Problema informacional. Fonte: O autor Problemas informacionais/visuais Dificuldades na identificação de informações. As lixeiras, em sua maioria apresentam-se sem sinalização ou com sinalização parcial que informe o tipo de resíduo que deve ser acondicionado, fazendo com que resíduos de diferentes constituições materiais sejam despejados em recipientes inadequados pelos moradores e funcionários. O aparente estado de descuido de muitas delas dificultam qualquer meio de informação. 33 Figura 12- Problemas cognitivos. Fonte: O autor Problemas cognitivos Dificuldade na seleção de informações. Como muitas lixeiras não oferecem instrumentos que facilitem a compreensão do usuário quanto a maneira adequada de desfazer-se dos resíduos, ele se mostra hesitante em distinguir o recipiente correto. Muitos usuários não estão ainda familiarizados com a relação entre os resíduos apropriados e suas correspondentes cores. Falta informação neste sentido. Figura 13 - Problemas biológicos. Fonte: O autor Problemas biológicos Recipientes sujos favorecem a proliferação de germes e fungos, podendo contaminar o usuário durante o contato. 34 Problemas naturais Figura 14 - Problemas naturais Fonte: O autor A frequente exposição ao sol e à chuva das lixeiras que se encontram fora do prédio propiciam a sua degradação. Figura 15 - Problemas gerenciais. Fonte: O autor Problemas gerenciais Recipientes quebrados e deteriorados evidenciam a inexistência de uma gestão participativa. Delimitação especial reduzia devido à obstáculos causados por objetos próximos. Reparos ou substituição das lixeiras nao foram efetuadas desde que o prédio passou a funcionar e a frequencia de manutenção é considerada baixa, segundo relato de funcionários. 35 2.3 Parecer ergonômico O critério utilizado é a tabela GUT proposta por Kepner e Tregoe. (Anamaria e Mont’Alvão, 2012) 2.3.1 Tabela GUT De acordo com os resultados mostrados na tabela, os problemas que seguem uma ordem de prioridade são os biológicos, gerenciais, informacionais, cognitivos e naturais. Assim, problemas de natureza higiênica e administrativa se destacam merecendo uma maior atenção, pois reforçam uma dificuldade apresentada pelo usuário em sua interação com os mecanismos envolvidos na situação problema. Problema Informacionais Cognitivos Biológicos Naturais Gerenciais Gravidade 3 3 4 2 4 Tabela 2 – Tabela GUT Urgência 3 4 5 1 4 Fonte: O autor Tendência 4 2 4 1 3 GxUxT 36 24 80 2 48 2.3.2 Sugestões preliminares de melhoria Tendo conhecimento dos problemas envolvidos, sugere-se um mecanismo que agregue informacões para estimular no usuário o hábito de separar os resíduos; ao mesmo tempo, invocar uma participação mais efetiva do setor administrativo observando a importância de preservar a saúde do usuário quando este se encontra em processo de interação com a situação estudada. 2.3.3 Conclusão Assim, diante da formulação do problema do qual se propôs uma solução entre diversas outras apuradas, as conclusões obtidas são de que o lixo produzido é dever de todos e, por isso torna-se necessária uma ampla campanha de conscientização e educação ambiental. Como resposta ao desafio aqui apresentado na forma de lidar com os resíduos gerados pelos moradores e funcionários da Moradia Estudantil da UFF, cogitou-se lançar como solução para o prolema um sistema de separação do lixo tendo como produto principal uma lixeira seletiva. 36 O projeto tem como objetivo propor uma solução priorizando o problema biológico que envolve a proliferação de germes e fungos, podendo contaminar o usuário em sua relação com o sistema-alvo. Ainda assim, os demais problemas também deverão ser considerados, na sua possibilidade, a fim de alcançar uma solução mais próxima possível de sua totalidade. 37 3 LEVANTAMENTO DE DADOS Para análise de similares, diferentes produtos encontrados no mercado foram pesquisados. Para atender uma proposta que pudesse estimular nos usuários a prática de separar o lixo de maneira consciente e responsável, foram selecionados produtos que sugerissem essa preocupação. Foram observados a capacidade de emitir sinais e informações aos usuários de modo que sejam motivados a atender o objetivo do projeto. 3.1 Similares Cesto de lixo para coleta seletiva ProntoBox Conjunto de 04 coletores com capacidade de 90 litros cada um e produzido em polipropileno corrugado opaco. Preço: R$ 349,00 Figura 16 - Cesto de lixo para coleta seletiva ProntoBox. Fonte:https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-1071910584-cesto-lixo-coleta-seletivareciclagem-4-lixeiras-90-litros-_JM 38 Lixeira reciclagem coleta seletiva Tampa vai e vem Conjunto modular com 05 unidades com capacidade de 50 litros cada uma. Material em polipropileno. Preço: R$ 87,20 Figura 17 - Lixeira reciclagem coleta seletiva tampa vai e vem Fonte: https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-1131980657-lixeira-reciclagem-coletaseletiva-50l-tampa-vai-e-vem_JM?quantity=1&variation=29758344231&onAttributesExp=true Lixeira metálica ao ar livre Conjunto com dois recipientes conjugados para recicláveis e não recicláveis, sem tampa. Feito totalmente em aço inoxidável com capacidade de 45 litros para cada recipiente. Preço: US$ 112,00 Figura 18 - Lixeira metálica ao ar livre. Fonte: https://www.recycleaway.com/Edge-Two-Stream-Recycling-WasteStation_p_1670.html 39 Lixeira modular Edge Projetada para uso interno. Feita de material de aço inoxidável e tampa preta revestida em pó, articulada e equipada com trava de triângulo. Recebe resíduos, recicláveis, papel, latas e garrafas. Preço: US$ 1,389.00 Figura 19 - Lixeira modular Edge. Fonte: https://www.recycleaway.com/Edge-Three-Stream-Waste-and-RecyclingStation_p_1671.html Produto Positivo Tabela 3. Tabela PNI. 1. É prático e compactado Cesto de lixo ProtoBox 2. Ocupa pouco espaço 3. Permite ser montada pelo usuário Lixeira de tampa vai e vem Lixeira metálica ao ar livre 1. A tampa previne odores e evita entrada de insetos 2. Feita de material resistente 1. Compacta e resistente 2. Feita com apenas um material Negativo 1. Pouca resistência 2. Desaconselhável em ambiente externo 3. Não e fácilde limpar Interessante 1. Chega dobrada para o usuário montar 2. Material reutilizável 1. Necessário mais informações detalhando o que deve ou não separar. Ex.: nem todo vidro pode ser reciclado. 1. Tampa basculante faz que o usuário não entre em contato como os resíduos 1. Tem apenas duas opções de separação de resíduos 2. Muito pesado 1. Design modern e agradável 40 Lixeira modular Edge 3.2 1. É modular, podendo ser usado de forma separada 2. É leve e resistente 1. Não separa os resíduos por materiais, mas por serem ou não recicláveis 1. Compartimentos se conectam através de um clipe de conexão Fonte: O autor Análise e síntese Após fazer uma análise dos similares pesquisados, verificou-se que todos eles não dispunham de um sistema de informação mais completo e detalhado, de maneira que o usuário não se acometa em dúvidas sobre o que deve ou não ser descartado nos recipientes adequados. Os sinais emitidos pelos produtos que simbolizam uma relação entre as cores e os tipos de resíduos a serem desfeitos são claros e perfeitamente compreendidos pelo usuário. O problema é que muitos desconhecem que nem todo material está sujeito à reciclagem, e que o mesmo deve passar por um processo de higienização antes de ser estocado em seu devido recipiente. Com isto, a informação torna-se incompleta, embora eficiente na maioria das vezes. Portanto, diante dos dados observados, estipula-se a necessidade de desenvolver um produto que tenha como foco o usuário, enfatizando a importância de fazer-lhe chegar uma informação mais detalhada possível no que diz respeito a maneira de separar e preparar os resíduos antes de descartá-los. 3.3 Similares de informativos Foram reunidos e analisados alguns informativos gráficos sobre coleta seletiva. Cartazes foram elaborados com o objetivo de melhor esclarecer quanto à maneira correta de separar o lixo. Disposto em categorias, os resíduos são classificados de acordo com sua constituição e caracteristicas, com os respectivos recipientes em que devem ser depositados. Os folders trazem as mesmas informações dos cartazes, mas também sobre procedimentos de descarte; atualiza o usuário a cerca do destino final do lixo por ele jogado fora; informa sobre consequências ambientais, responsabilidade no consumo, leis e normas referentes ao lixo. 41 Figura 20 - Cartaz especificando as separações do lixo. Fonte: https://zlportal.com.br/index.php/en/post-detail/227/Saiba-o-que-%C3%A9-ColetaSeletiva- (a) (b) Figura 21 - Duas imagens de cartazes com propostas semelhantes.Fonte: https://www.pinterest.co.uk/pin/537898749235607944/?autologin=true 42 (a) (b) Figura 22 - Similares de folders informando e orientando. Fonte: https://morungabasp.blogspot.com/2017/11/orientacoes-para-separar-lixoreciclavel.html Os produtos gráficos foram organizados e compilados aqui como forma de demonstrar e também, de analisar um recurso proposto pelo projeto. A comunicação visual deve contribuir em apoio ao produto físico. No estudo do problema, constatouse que as lixeiras seletivas que se encontram dentro do espaço da moradia estudantil, não dispoem de nenhuma comunicação, orientando ou informando como se deve – e por que – fazer a separação do lixo. 43 3.4 Parâmetros antropométricos O desenvolvimento dos parâmetros antropométricos foi baseado no livro As medidas do homem e da mulher de Henry Dreyfuss, (2007) Figura 23 - Vista frontal dos modelos antropométricos, maior homem. Fonte: Dreyfuss, (2007) Figura 24 - Vista frontal dos modelos antropométricos, menor mulher. Fonte: Dreyfuss, (2007) 44 4 4.1 IDEAÇÃO Apresentação do conceito projetual Segundo Romeiro (2010), no projeto conceitual há a transformação da linguagem verbal em linguagem geométrica. É quando todos os dados e informações reunidas começam a ganhar corpo na medida em que soluções são definidas oferecendo uma diretriz para o projeto detalhado. Assim, as concepções apresentadas aqui buscam determinar aspectos funcionais, considerando a ergonomia e a estética do produto. 4.2 Modelagem verbal O projeto tem o objetivo de promover a separação do lixo gerado dentro do ambiente da moradia estudantil da UFF de Niterói. Apresenta como proposta, estimular no residente hábitos voltados para o descarte consciente dos resíduos que produzem com a finalidade de implementar um programa de coleta seletiva no local. Também visa contribuir para a indústria da reciclagem, pois, a separação dos resíduos ainda na fonte geradora, contribui facilitando o trabalho do funcionário responsável por separá-lo no centro de triagem; também o protege dos resíduos nocivos e perigosos durante o processo de manipulação. Assim, de acordo com as informações obtidas e reconhecimento do local e seus costumes, análise ergonômica, requisitos e restrições, pôde-se concluir as especificações do produto. Dividido em duas partes, o projeto considerou duas abordagens simultâneas: o produto físico em si, acompanhado de um sistema de informação. São eles: conjunto de lixeiras seletivas e um sistema de comunicação visual. O conjunto de lixeiras tem a função de acondicionar os resíduos secos destinados à reciclagem. Para isso, o produto deverá ser seguro e informativo no aspecto visual obedecendo a Resolução CONAMA nº 275/2001, que estabelece o código de cores para diferentes tipos de resíduos na coleta seletiva. Deve apresentar medidas de acordo com o conforto previsto na elaboração dos parâmetros antropométricos, segundo Dreyfuss (2007), para que seja possível 45 armazenar os objetos depositados e permitir o alcance e manuseio da parte do usuário, evitando incomôdo durante o uso. O sistema de comunicação visual será composto de materiais com representação gráfica, no sentido de informar e orientar os usuários. Estes elementos visuais serão expostos na forma de banner, panfletos e interações através de canais digitais como o facebook. 4.3 Requisitos Armazenar os diversos resíduos sólidos segregados de acordo com sua constituição material; Facilitar o entendimento do usário quanto a maneira de descartar os resíduos; Informar de forma clara e detalhada quais materiais devem ser acondicionados em seus respectivos recipientes; Orientar e manter o usário informado sobre a importância de separar os resíduos sólidos; Transmitir um conceito assimilado pelo público. sustentável empregando sinais Figura 25 - Símbolos gráficos da coleta seletiva. Fonte: O autor 4.4 Restrições Dimensões antropométricas adequadas; Orientações da Resolução CONAMA nº 275/2001 facilmente 46 4.5 Geração de alternativas As alternativas foram geradas ao longo do ano em um processo que teve início no primeiro período para o desenvolvimento do Projeto 6. A partir de informações adquiridas, de análises do problema e um estudo de context ambiental, elaborou-se diversos conceitos, dos quais foram selecionados alguns, expostos logo abaixo. A geração das alternativas norteou-se por critérios e requisitos como: Capacidade de armazenar resíduos; Possuir durabilidade e resistência; Possa fornecer informações de maneira clara e objetiva. Questões antropométricas foram consideradas durante o desenvolvimento dos desenhos conceituais; dimensões, peso e forma, sempre observando a funcionalidade do produto foram determinantes no processo de geração e escolha de alternativas. Como o produto selecionado tinha o objetivo de abordar práticas com finalidades sustentáveis, normas e regulamentações foram consultadas e estabelecidas como parte das restrições envolvidas. Alternativa 1 Figura 26 - Modelo virtual da primeira alternativa. Fonte: O autor Esta primeira alternativa é composta de quatro recipientes separados e envovidos, cada uma, em estrutura com um furo circular na parte superior para receber os resíduos descartados. É um conjunto modular que pode ser utilizado separadamente em ambientes distintos. 47 Este modelo foi pensado para o usuário dispensar seu lixo de forma imediata evitando o contato com o produto. Os recipients são fixos à estrutura através de um Sistema de pivô permitindo que rotacioná-los para facilitar a limpeza e retirada dos resíduos. Alternativa 2 Figura 27 - Modelo virtual da segunda alternativa. Fonte: O autor Também apresenta um conceito modular tornando possível ser utilizado individualmente ou em conjunto. Possui um Sistema de fechamento composto de uma tampa de vedação sobre uma outra, projetados para vedar e, ao mesmo tempo segurar o saco plástico que ficará no interior do recipiente. Sua altura foi prolongada para cumprir a função de prender e segurar o saco de forma que ele não fique aparente.a tampa de vedação tem a função de obstruir a entrada quando fechada e permitir um espaço que pode ser usado para colar informações quando aberta. Para retirar ou colocar o saco plástico é só levanter o conjunto de tampas. 48 Alternativa 3 Figura 28 - Modelo virtual da terceira alternativa. Fonte: O autor A terceira alternativa é composta por quatro lixeiras de formato cilíndrico sob uma grande cápsula protetora com entradas circulares que tem a função de receber os resíduos descartados. Para fazer a manutenção, colocar ou tirar o saco plástico, é preciso levantar a parte frontal da cápsula que além de abrigar as lixeiras, prende e oculta os sacos plásticos de maneira que eles não fiquem expostos. As lixeiras são encaixadas em peças cilindricas menores que, por sua vez, são fixadas na base. 49 Alternativa 4 Figura 29 - Modelo virtual da quarta alternativa. Fonte: O autor A alternativa quatro segue um conceito semelhante à alternativa mencionada acima. Ela é composta de quatro lixeiras ou recipientes com uma peça estrutural envolta. A estrutura divide-se em quatro compartimentos internos separados por peças retangulares que possuem barras de encaixe para apoiar e fazer deslizar os recipientes que também traz consigo o mesmo sistema de peças de encaixe. Cada recipiente ocupará um compartimento. As lixeiras possuem um Sistema de barras de encaixes conforme mencionado acima, permitindo que deslizem no eixo horizontal para frente para manutenção e troca de sacos plásticos; um par de pegadores frontais que, ao se estender na parte interna tem a função de de ajudar a prender e segurar o saco plástico. Este, prende- se a um par de barras que lembra muito um sistema de alças de cesta de supermercados. As barras são fixas no recipiente por meio de pivô. 4.6 Seleção de alternativa Para definir o melhor conceito que se aplica a proposta do projeto foi elaborada uma matriz decisoria abordando os seguintes tópicos: Facilidade de limpeza: Por se tratar de um produto que estará sempre em contato com os resíduos dispensados pelo usuário, o conceito deve apresentar rapidez e facilidade na limpeza. Capacidade de armazenamento: Voltado para a separação dos resíduos, o produto deve ocupar uma posição intermediária entre o 50 descarte e a coleta. Assim, é necessário que o conceito disponha de mecanismos eficazes para estocar e abrigar os resíduos dispensados até sua retirada, observando condições de higiene. Potencial de comunicação: Se o produto tem condições de passer informações eficazes aos usuários para que esses sintam-se impelidos a se desfazerem de seus resíduos de maneira adequada conforme aquilo que se espera da proposta e, se as mesmas informações alcançam seu objetivo que é chegar ao usuário de forma clara e objetiva. Interatividade com o usuário: A maneira como o usuário deve interagir com o produto, se terá contato ou não no momento em que for se desfazer de seu lixo; se o design do produto é claramente informativo quanto à sua funcionalidade; a possibilidade do usuário sugerir melhorias e orientações por meio de um feedback. 4.7 Alternativa escolhida Para uma melhor captação das características imprescíndiveis que devem conter no projeto, optou-se por utilizar a tabela de matriz decisória como método de seleção de escolhas. Atribuiu-se pesos em cada tópico levantado acima com o objetivo de atingir a meta proposta. Tabela 4 - Matriz Decisória Alternativa Alternativa Alternativa Alternativa 3 3 2 2 3 3 1 3 2 3 1 2 2 2 2 2 2 2 2 3 18 21 18 26 Peso Facilidade de limpeza Capacidade de armazenamento Potencial de comunicação Interatividade com o usuário Total 1 2 3 4 51 De acordo com a tabela 3, a alternativa 4 é a que melhor se apresenta como solução para o problema, considerando os requisitos de capacidade de armazenamento e interatividade com o usuário como de relevante importância. 4.7.1 Modelo virtual da alternativa escolhida Figura 30 - Modelo virtual da alternativa escolhida. Fonte: O autor Figura 31 - Vista do modelo virtual com suas peças separadas. Fonte: O autor 52 4.8 Alternativas de comunicação visual Para a comunicação visual, concebeu-se alguns modelos de cartazes em que terão a função de propagar informações e orientações para o usuário. Este recurso vai de encontro às soluções propostas no tópico Sugestões preliminares de melhorias. Durante a fase de exploração, constatou-se que, embora o ambiente dispunha de uma quantidade considerável de lixeiras seletivas – cinco no total – estas, todavia, são utilizadas como recipientes comuns passando a receber misturas de lixo reciclável, não reciclável e orgânicos. Este comportamento do usuário está relacionado a uma ausência de educação ambiental que se reforça pela falta de informação sobre a maneira adequada de se desfazer do lixo, problema constatado e mencionado na Definição do problema. (a) (b) . Figura 32 - Primeira e segunda concepções de cartazes Fonte: O autor Figura 33 - Terceira concepção de cartaz. Fonte: O autor 53 A idéia de comunicação visual compreende, além do banner, a criação de um grupo em rede social e a concepção e distribuição de panfletos. Estes boletins informativos serão disseminados entre moradores nas alas/apartamentos e fixados em murais postos em espaços coletivos; tem a finalidade de divulger, orientar e informar sobre coletas seletivas, separação de lixo e açoes de sustentabilidade. A rede social também será um meio de comunicar e propagar informações, com a diferença que possibilitará a interação quase em tempo real entre os membros, gerando discussões e assim, fortalecendo a comunicação. A mídia que se pretende empregar é o facebook e a intenção é que o grupo seja composto por todos aqueles que vivem a realidade da moradia estudantil; entende-se, moradores e funcionários. (a) (b) Figura 34 - (a) Panfleto para distribuição. (b) Sugestão de grupo para mídias sociais. Fontes: (a) O autor. (b) https://arquivosocial.com.br/grupos-do-facebook/ 54 4.9 Modelos selecionados e finalizados Figura 35 - Modelo do cartaz finalizado Fonte: O autor. Figura 36 - Modelo final. Fonte: O autor 55 4.10 Coleta seletiva Dentre outras medidas já apontadas, a coleta seletiva é mais uma sugestão elencada na modelagem verbal como alternativa ao problema verificado. Faz parte do projeto introduzir uma ação de coleta organizada para que a saída do sistema encontre um complemento finalizando assim, o ciclo de modo organizado. A UFF mantém uma parceria com a Enel no plano de ações sustentáveis. A Ecoenel, uma extensão da empresa voltada para práticas de sustentabilidade, recolhe os resíduos sólidos da instituição acadêmica e em troca concede um bonus na conta de luz. Há diversos pontos de coleta da Ecoenel espalhados em alguns Estados do páis; em relação à parceria com a universidade, a empresa faz a coleta diretamente no campus. É parte do programa de separação de lixo reciclável da moradia estudantil da UFF ampliar esta cooperação. Figura 37 - Fachada da Ecoenel. Fonte: https://www.enel.com.br/pt/Sustentabilidade/iniciativas/archive/ecoenel.html 56 4.11 Materiais Para os produtos físicos foram especificados os seguintes materiais: BANNER Tabela 5 - Tabela de Materiais. LIXEIRAS SELETIVAS Aço escovado 15mm esp. PANFLETO 2 peças de 1,37x0,316m Lona de vinil 1,30x0,90m Bastão de madeira Ø19mm 1,50 de comprimento 2 peças de 0,90x0,316m 3 peças 0,90x0,314m 1 peça de 1,00x0,02m e 2mm esp. Barras de aluminio Ø3mm Nylon poliamida PA 66 comp. e 2mm Papel reciclado 57 5 5.1 MATERIALIZAÇÃO Mockup O mockup foi construido na escala 1:1 com o objetivo de validar as dimensões e efetuar testes ergonômicos, considerando o maior homem e a menor mulher, conforme Dreyfuss, (2007). Para a construção do simulador foram utilizados os seguintes materiais: Isopor 8mm Cola compactor Espetos de bambum médio. Figura 38 - Vista do Mockup. Fonte: O autor 5.2 Testes antropométricos Por meio de registros fotográficos, pôde-se realizer os testes mencionados acima; dando enfase às características funcionais exigidas na fase de problematização e implementadas durante o desenvolvimento do modelo conceitual. Movimentos como a ação de ddescartar os resíduos, puxar e recolher o recipiente para fazer a manutenção, bem como o ato de de colocar e retirar o saco plástico foram observados por entender que são estes os movimentos mais corriqueiros durante o uso do produto em destaque. 58 Figura 39 - Testes do mockup com a menor mulher (1,56m) Fonte: O autor Figura 40 - Testes do mockup com o maior homem (1,89m) Fonte: O autor 59 6 6.1 PRODUÇÃO Desenvolvimento do modelo Foi concebido em tamanho real um modelo que permitisse verificar as dimensões e condições de usabilidade requeridas no projeto. Na ausência dos materiais selecionados, foram utilizados outros de características similares ou próximas. Para a estrutura, o aglomerado MDF se mostrou eficiente em reproduzir a rigidez do aço. Os recipientes foram representados com isopor reforçado internamente com papel paraná. (a) (b) Figura 41 – (a) Costrução da estrutura e (b) dos recipientes. Fonte: O autor 60 (a) Figura 42- Construção da estrutura Fonte: O autor. 6.2 (b) Levantamento de materiais Para que a realização do projeto possa ser aplicado em um plano real, ou seja, para executá-lo, foram escolhidos os materiais especificados na Tabela 5. No entanto, para fazer um estudo de usabilidade recorreu-se a materiais que suas propriedades fossem constituídas de características que assemelhassem ou tivesse proximidade com o real. Logo, para realizer o referido teste, serviu-se dos seguintes objetos: Placas de MDF com espessuras de 15mm e 6mm; Papel paraná de 3mm de espessura. Moldura de pinus 2,70m de comprimento Cola instantânea média viscosidade Cola branca Acrilex 61 (a) (b) (c) Figura 43 - (a) Moldura. (b) Chapa de MDF (c) Papel paraná. Fonte: O autor 6.3 Levantamento de custos Material Placa de MDF 15mm Placa de MDF 6mm Moldura pinus Papel paraná Cola instatânea 100g Cola Acrilex Total Tabela 6 - Custos de Materiais Quantidade 1,44m2x88,55 2,74x1,82m 1 unidade 2 unidades 1 unidade 1 unidade Preço R$ 127,51 R$ 130,00 R$ 16,14 R$ 39,90 R$ 31,90 R$ 4,85 R$ 350,30 62 6.4 Protótipo Figura 44- Modelo final Fonte: O autor. 63 7 7.1 DETALHAMENTO TÉCNICO Desenho técnico 64 65 66 67 REFERÊNCIAS AMBROSE, Gavin; HARRIS, Paul; tradução Edson Furmankiewicz. Fundamentos de design criativo. Porto Alegre: Bookman, 2009. DREYFUSS, Henry. As medidas do homem e da mulher: Fatores humanos em design. Porto Alegre: Bookman, 2007. EINGENHEER, Emílio Maciel. Lixo: A limpeza urbana através dos tempos. Rio de janeiro: Elsevier, 2009. FILHO, Eduardo Romeiro et al. Projeto do produto. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. MORAES, Anamaria de; MONT´ALVÃO, Cláudia. Ergonomia: Conceitos e aplicações. Rio de Janeiro: 2AB, 2009. PLATCHEK, Elizabeth Regina. Design industrial: Metodologia de ecodesign para o desenvolvimento de produtos sustentáveis. São Paulo: Atlas, 2012. NETA, Maria Amélia Vilanova. Manejo de resíduos sólidos. Brasil, Atlas de saneamento 2011. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv53096_cap9.pdf>. Acesso em 08. Abr. 2019 Blog Morungaba. Morungaba. Disponível em: <https://morungabasp.blogspot.com/2017/11/orientacoes-para-separar-lixoreciclavel.html>Acesso em 08. Nov. 2019 Cesto de lixo coleta seletiva reciclagem 4 lixeiras 90 litros. Disponível em: <https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-1071910584-cesto-lixo-coleta-seletivareciclagem-4-lixeiras-90-litros-_JM> Acesso em 08. Ago. 2019 Lixo: Um grave problema no mundo moderno. Ministério do Meio Ambiente. Disponível em: <https://www.mma.gov.br/estruturas/sedr_proecotur/_publicacao/140_publicacao090 62009031109.pdf> Acesso em 10. Abr. 2019 Portal Enel. Programa Ecoenel. Disponível em: < https://www.enel.com.br/pt/Sustentabilidade/iniciativas/archive/ecoenel.html > Acesso em 12. Out. 2019 Portal Mercado Livre. Lixeira reciclagem Coleta seletiva 50l tampa Vai e Vem. Disponível em <https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-1131980657-lixeirareciclagem-coleta-seletiva-50l-tampa-vai-e-vem_JM?quantity=1&variation=29758344231&onAttributesExp=true> Acesso em 15. Mai. 2019 Portal de Notícias G1. Startup cria aplicativo para coleta de resíduos. Disponível em: <https://g1.globo.com/economia/pme/pequenas-empresas-grandes- 68 negocios/noticia/2019/10/20/startup-cria-aplicativo-para-coleta-de-residuos.ghtml > Acesso em 29. Out. 2019 Portal Pinterest. Cartaz. Disponível em: <https://www.pinterest.co.uk/pin/537898749235607944/?autologin=true> Acesso em 05. Nov. 2019 Portal Recycleway. Lixeira metálica ao ar livre. Disponível em: <https://www.recycleaway.com/Edge-Two-Stream-Recycling-WasteStation_p_1670.html> Acesso em 03. Set. 2019 Portal Recycleway. Lixeira modular Edge. Disponível em: <https://www.recycleaway.com/Keene-Sideload-Double-RecyclingStation_p_1994.html> Acesso em 14. Jul. 2019 Portal UFF. Moradia Estudantil. Disponível em:< http://www.uff.br/?q=moradiaestudantil-no-grupo-assistencia-estudantil> Acesso em 14. Jul. 2019 Portal zlportal. Saiba o que é coleta seletiva. Disponível em: <https://zlportal.com.br/index.php/en/post-detail/227/Saiba-o-que-%C3%A9-ColetaSeletiva-> Acesso em 29. Out. 2019 69