ORIENTAÇÕES DE ENFERMEIROS ACERCA DOS FATORES DE RISCO PARA O CÂNCER DE COLO DE ÚTERO (1) Meller, Tiago R. S. ; Cardoso, ElenaraRibeiro(2);Salbego, Cléton(3); Oliveski, Cínthia Cristina(4); Rebés, Gabriel Panassolo(5);Rosanelli, Cleci L. S. P(6). (1) Acadêmico do curso de Graduação em Enfermagem, Bolsista do Programa de Educação Tutorial PET Enfermagem; Universidade Federal de Santa Maria/Campus Palmeira das Missões; Palmeira das Missões, RS; [email protected]; (2) Enfermeira. Egressa do Curso de Enfermagem da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. UNIJUÍ[email protected]; (3) Enfermeiro, mestre em Enfermagem pela Universidade Federal de Santa Maria, professor do Departamento de Ciências da Saúde, curso de Enfermagem; Universidade Federal de Santa Maria/Campus Palmeira das Missões; Palmeira das Missões, RS; [email protected]; (4) Biólogo. Bel. biopatologia pela ULBRA Canoas/RS e Especialista: Gestão em Saúde Pública UFSM Santa Maria/[email protected]; (5) Enfermeira, Especialista em Urgência, Emergência e Trauma pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ) e em Gestão em Saúde e Controle de Infecção pela Faculdade Método de São Paulo (FAMESP). Docente do Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria/Campus Palmeira das Missões; Palmeira das Missões, [email protected]; (6) Enfermeira, Doutora em Ciências pela Universidade federal de São Paulo - UNIFESP. Docente do Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria/Campus Palmeira das Missões; Palmeira das Missões, [email protected]; Palavras-Chave: Enfermeiros, Câncer de colo de útero, Fatores de risco do câncer de colo de útero. INTRODUÇÃO No Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer - INCA, o Câncer de Colo de Útero(CCU) é o segundo mais incidente na população feminina, excetuando-se o câncer de pele não melanoma,com taxa bruta de mortalidade de 4,71/100 mil mulheres (INCA, 2016). Em uma perspectiva epidemiológica, a literatura mostra que existe íntima relação entre o CCU, o comportamento sexual das mulheres e a transmissão de agentes infecciosos. A Organização Mundial de Saúde (OMS) assinala os fatores de risco como: fatores sociais, ambientais e hábitos de vida como os de maior incidência para essa patologia, destacando-se as baixas condições socioeconômicas, início precoce da atividade sexual, multiplicidade de parceiros, tabagismo, precárias condições de higiene e uso prolongado de contraceptivos orais (BRASIL, 2006). Diante da realidade ora posta acerca do aumento da incidência dos casos de CCU, à equipe de saúde cabe reconhecer o direito a informação deste grupo, bem como valorizar suas queixas. Nesse contexto, faz-se necessário que o enfermeiro conheça os fatores de risco para o desenvolvimento de CCU e implemente ações por meio de orientações à esta população. Com vistas à problemática apresentada, o objetivo desse estudo é identificar e discutir as orientações prestadas por enfermeiros às mulheres acerca dos fatores de risco que predispõe o câncer uterino, à luz do Programa de Controle do Câncer de colo do Útero, do Ministério da Saúde. METODOLOGIA Estudo de caráter qualitativo descritivo. Participaram do estudo, nove enfermeiros, atuantes na atenção básica de um município do noroeste do estado Rio Grande do Sul/Brasil. Os critérios de inclusão para participar do estudo foram: estar adscrito a Secretaria Municipal de Saúde, não estar gozando de férias ou licença saúde e aceitar, voluntariamente, fazer parte da pesquisa. A coleta dos dados ocorreu nos meses de março e abril de 2013. O instrumento utilizado foi entrevista aberta com uma questão norteadora: “Fale-me quais são as orientações que você presta às mulheres a cerca dos fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de colo de útero?”.As entrevistas foram gravadas e transcritas na íntegra e interrompidas quando os relatos começaram a se repetir. A análise das informações se deu por meio da ordenação, na qual se procederam a leitura, releitura e organização dos relatos; classificação dos dados com identificação dos aspectos relevantes em relação ao tema do estudo e análise final (MINAYO, 2012). Na última etapa, foi realizada a articulação dos dados, em que emergiu uma categoria de análise denominada: Orientações às mulheres sobre fatores de risco para o desenvolvimento de CCU. RESULTADOS E DISCUSSÃO Em relação às ações em saúde implementadas pelos enfermeiros que fazem parte deste estudo, no intuito de orientar as mulheres que acessam o serviço acerca dos fatores de risco que predispõe o CCU, mesmo não sendo unânime, uma dentre elas, foi em relação ao uso do preservativo, pois este é um fator de proteção, na medida em que, constitui-se em uma barreira que evita doenças sexualmente transmissíveis (OLIVEIRA et al., 2006). Anais do 8º Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa Outro aspecto destacado pelos depoentes, e que vem ao encontro da literatura, é em relação às orientações relativas ao uso ininterrupto do anticoncepcional, visto que este uso durante cinco anos ou mais, está relacionado a uma maior incidência do câncer in situ e do carcinoma invasor do colo (NOBILE e TACLA, 2005). Contraceptivos orais são hormônios esteroides na forma de contraceptivos, comumente administrados em mulheres durante a fase reprodutiva, que aumentam a atividade transformadora dos oncogenes do HPV, bem como interferem na resolução eficiente de lesões causadas por vírus na cérvix uterina (BRITO e GALVÃO, 2010). Além disso, outra orientação prestada se refere à necessidade da realização do exame citopatológico, sendo esta a principal estratégia utilizada para detecção precoce do CCU no Brasil, conhecido popularmente como exame de Papanicolau (CASARIN e PICCOLI, 2011). Também enfatiza-se nas falas dos depoentes a orientação em relação a evitar múltiplos parceiros sexuais, na medida em que a incidência de lesões precursoras para o CCU está diretamente relacionada ao número de parceiros sexuais masculinos. Os entrevistados destacam ainda, a relação do HPV como agente infeccioso sendo a transmissão sexual a mais comum. Estima-se que o número de mulheres portadoras do DNA do vírus HPV em todo o mundo chega a 291 milhões. No Brasil, estudos destacam que o perfil de prevalência da infecção por HPV como de alto risco, semelhante a dos países subdesenvolvidos que é de 17,8% a 27%, com uma prevalência maior nas mulheres na faixa etária abaixo de 35 anos e entre 35 a 65 anos, as taxas permanecem de 12% a 15% (NAKAGAWA, SCHIRMER E BARBIERI, 2014). O tabagismo enquadra-se em outra orientação prestada pelos depoentes, visto que junto à mulher ele é uma das principais causas de mortes prematuras, incapacidade, infertilidade e CCU, menopausa precoce, dismenorréia e irregularidades menstruais (Brasil, 2010). Destaca-se ainda que o uso de anticoncepcionais associado ao cigarro aumenta em 10 vezes o risco de sofrer derrame cerebral e infarto (BRASIL, 2006). Outro aspecto mencionado com vistas a orientar as mulheres para minimizar os riscos de desenvolver o CCU, foi em relação a necessidade ou cuidado que a mulher deve ter em relação á higiene intima. Estudo realizado por Albring, Brentano & Vargas (2006), apontam que o habito de higiene inadequado, entre outros, são fatores de risco que podem contribuir para o desenvolvimento de infecções e HPV, levando a ocorrência de CCU. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente estudo evidenciou que os enfermeiros de ESF e UBS, orientam as mulheres para a prevenção do CCU, conforme o Ministério da Saúde. No entanto, não se percebe a integralidade de todos os itens preconizados. Espera-se que este estudo possa subsidiar ações em saúde por parte dos profissionais com vistas a implementarem, de forma efetiva e integral, atentando para linguagem adequada ao nível socioeconômico das mulheres atendidas, todas as orientações preconizadas pelo Ministério para a prevenção e minimização dos agravos. REFERÊNCIAS a.Periódicos ALBRING, Luciana; Brentano, Jaime Ebert; Vargas, Vera Regina Andrade. O câncer do colo do útero, o Papilomavírus Humano, (HPV) e seus fatores de risco e as mulheres indígenas Guarani: estudo de revisão. RBAC, vol. 38(2): 87-90, 2006.http://www.sbac.org.br/pt/pdfs/rbac/rbac_38_02/rbac3802_05.pdf. BRASIL. Ministério da Saúde. Controle dos Cânceres do colo do útero e da Mama: Caderno de Atenção Básica – nº 13. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. BRITO, DANIELE MARY SILVA , GALVÃO MARLI TERESINHA GIMENIZ GALVÃO. FATORES DE RISCO PARA CÂNCER DE COLO UTERINO EM MULHERES COM HIV. Rev.Rene.Fortaleza,V.11, n.1, p 191.199, jan-mar 2010,pev. Rene. Fortaleza, v. 11, n. 1, p. 191-199, jan./mar.2010; Casarin, Micheli Renata; Piccoli. Jaqueline da Costa Escobar. Educação em Saúde para Prevenção do Câncer de Colo do Útero em Mulheres do Município de Santo Ângelo/RS. Revista ciência e saúde, 2011. NAKAGAWA, Janete TamaniTomiyoshi; SCHIRMER, Janine ; BARBIERI Márcia. Vírus HPV e câncer de colo de útero. RevBrasEnferm, Brasília 2010 mar-abr; 63(2): 307-11; OLIVEIRA, Márcia Maria Hiluy Nicolau de, SILVA, Antônio Augusto Moura da; BRITO, Luciane Maria Oliveira, Liberata Campos Coimbra. Cobertura e fatores associados à não realização do exame preventivo de Papanicolaou em São Luís, Maranhão. Rev Bras Epidemiol 2006; 9(3): 325-34. b.Internet BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Estimativa 2010: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2009. 98 p. Disponível em: http://www.inca.gov.br/estimativa/2010/estimativa20091201.pdf Acesso em: 2013. INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER (INCA). Estimativas de incidência e mortalidade por câncer no Brasil. Rio de Janeiro (Brasil): INCA; 2012. Disponível em: <http://www.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=336>. Acessado em: 17 out. 2016. c.Livros MINAYO, M.C.S. Pesquisa social: teoria, métodos e criatividade. 20.ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2002. Anais do 8º Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa