42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 1 ASPECTOS MORFOLÓGICOS E MORFOMÉTRICOS DA GLÂNDULA UROPIGIANA EM CURICACAS (THERISTICUS CAUDATUS) LUANA CÉLIA STUNITZ DA SILVA1 1 Docente do Departamento de Medicina Veterinária, UNICENTRO-PR Resumo: Objetivou-se neste estudo descrever os aspectos morfológicos e morfométricos da glândula uropigiana da curicaca (Theristicus caudatus) por meio da dissecação em 7 animais adultos que vieram a óbito por causas naturais. Morfologicamente tal glândula possuía um formato em “V” com a presença de dois lobos. Os valores médios encontrados foram: 1,35 cm (sd: ±0,13 cm) para o comprimento do lobo direito, 1,03 cm (sd: ±0,14 cm) para a largura do lobo direito, 1,35 cm (sd: ±0,11 cm) para o comprimento do lobo esquerdo e 1,01 cm (sd: ±0,14 cm) para a largura do lobo esquerdo. Os dados obtidos nesta pesquisa elucidam a morfologia macroscópica da glândula uropigiana da curicaca (Theristicus caudatus). Palavras-chaves: Anatomia veterinária, aves selvagens, pele MORPHOLOGICAL AND MORPHOMETRIC ASPECTS OF THE UROPYGIAL GLAND IN BUFF-NECKED IBIS (THERISTICUS CAUDATUS) Abstract: The aim of this study was to describe the morphological and morphometric aspects of uropygial gland in buff-necked ibis (Theristicus caudatus) through dissection in 7 adult animals that died of natural causes. Morphologically the gland had such a format "V" with the presence of two lobes. The mean values were: 1.35 cm (sd: ± 0.13 cm) to the length of the right lobe, 1.03 cm (sd: ± 0.14 cm) to the width of the right lobe, 1.35 cm (sd: ± 0.11 cm) to the length of the left lobe and 1.01 0842 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 2 cm (sd: ± 0.14 cm) the width of the left lobe. The data obtained in this study elucidate the macroscopic morphology of uropygial gland in buffnecked ibis (Theristicus caudatus). Key-words: Veterinary anatomy, wild birds, skin Introdução A pele das aves é mais fina do que a de mamíferos de mesma massa corpórea e sua própria epiderme age como um órgão secretor sebáceo. Uma das poucas glândulas tegumentares presentes nas aves é a glândula uropigiana, a qual é bilobada com tamanho e formato variáveis conforme a espécie. Esta glândula é vestigial nos adultos das espécies, por exemplo, das famílias Struthionidae, Rheidae, Casuaridae, Dromaidae e em algumas de Columbidae e Psittacidae (Johnston, 1988). A secreção sebácea produzida por tal glândula é utilizada na impermeabilização das penas (Nickel et al., 1997). Entretanto não há uma correlação clara entre o tamanho da glândula e a natureza aquática ou terrestre da espécie aviária (Montalti e Salibián, 2000). Ademais existe também um papel de controle populacional de fungos, bactérias e ectoparasitas na pele atribuídos a tal glândula (Moyer, 2003). O objetivo deste estudo foi a descrição morfológica e morfométrica da glândula uropigiana na espécie Theristicus caudatus (curicaca). Material e Métodos Foram utilizados 7 espécimes adultos de curicacas (Theristicus caudatus), 5 machos e 2 fêmeas, que vieram a óbito por causas naturais e foram doados para estudos anatômicos. Os animais foram fixados em formaldeído 10% para posterior retirada da glândula uropigiana e mensuração do seu comprimento e largura utilizando-se um paquímetro 0843 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 3 analógico. Todos os resultados obtidos foram analisados por média aritmética e desvio padrão (sd). Resultados Topograficamente a glândula uropigiana localizava-se dorsalmente às últimas vértebras caudais e ao pigóstilo (Figura 1A). Possuía um formato em “V” estando constituída por dois lobos envoltos por uma cápsula de tecido conjuntivo (Figura 1B). Ademais apresentava penas circundando totalmente as duas papilas por onde fluiria a secreção sebácea (Figura 1C). O valor médio para o comprimento do lobo direito foi de 1,35 cm (sd: ±0,13 cm) e para a largura do lobo direito foi de 1,03 cm (sd: ±0,14 cm). Para o lobo esquerdo o valor médio do comprimento foi de 1,35 cm (sd: ±0,11 cm) e largura do lobo esquerdo foi de 1,01 cm (sd: ±0,14 cm). Em um corte em sentido longitudinal observou-se a presença de uma cavidade central em coloração amarelada que coletava em sua periferia a secreção advinda dos túbulos (Figura 2A). E em um corte transversal notou-se a presença da mesma cavidade central amarelada com a cápsula de tecido conjuntivo (Figura 2B). Figura 1. Imagens da vista dorsal da glândula uropigiana da curicaca (Theristicus caudatus). A- Localização topográfica dorsal às últimas vértebras caudais e ao pigóstilo. B- Presença de cápsula de tecido 0844 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 4 conjuntivo (1) envolvendo os dois lobos da glândula (2,3) em formato de “V”. C- Presença de folículos de penas (setas) circundando totalmente as duas papilas (*) de liberação da secreção sebácea. Figura 2. Imagens de corte longitudinal e transversal da glândula uropigiana da curicaca (Theristicus caudatus). A. Corte longitudinal presença de uma cavidade central amarelada (1) coletando a secreção a partir dos túbulos em sua periferia (*) e presença da cápsula de tecido conjuntivo (2). B. Corte transversal – presença da cavidade central amarelada (1) e cápsula de tecido conjuntivo (2). Discussão A presença de uma cápsula de tecido conjuntivo circundando os dois lobos da glândula uropigiana bem como a sua posição anatômica na curicaca corroboram com as descrições para aves domésticas efetuadas por Nickel et al (1997). A conformação da glândula uropigiana ora observada é similar ao encontrado para aves aquáticas, porém destoam das conformações ovais em galinhas e a uma pequena noz em patos e gansos (Nickel et al., 1997). A observação de que internamente em cada lobo ocorria uma cavidade central coletando a secreção dos túbulos, arranjados radialmente na periferia, a qual por sua vez desembocava em uma papila dupla coincide com o relato de Salibian e Montalti (2009). Contudo contrariando ao que foi descrito no trabalho ora 0845 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 5 apresentando com a presença de duas papilas as descrições na literatura apontam que tal papila geralmente é única nas aves (Sawad, 2006). Conclusão Os dados obtidos nesta pesquisa elucidam a morfologia macroscópica da glândula uropigiana da curicaca (Theristicus caudatus). Servindo assim de subsídio no conhecimento da anatomia do tegumento comum da espécie bem como para estudos de anatomia comparada. Referências JOHNSTON, D.W. A morphological atlas of the avian uropygial gland. Bulletin of the British Museum of Natural History (Zoology), v. 54, n. 55, p. 199-259,1988. MOYER, B.R., ROCK, A.N.; CLAYTON, D.H. Experimental test of the importance of preen oil in rock doves (Columba livia). The Auk, v. 120, n. 2, p. 490-496, 2003. NICKEL, A.; SCHUMMER, A.; SEIFERLE, E. Anatomy of the domestic birds. Berlin-Hamburg: Verlag Paul Parey, 1997. SALIBIAN, A.; MONTALTI, D. Physiological and biochemical aspects of the avian uropygial gland. Brazilian Journal of Biology, v.69, n.2, p.437-46, 2009. SAWAD, A. A. Morphological and Histological Study of Uropygial Gland in Moorhen (G. gallinula C. choropus). International Journal of Poultry Science, v.5, n.10, p.938-941, 2006. 0846