BIOQUÍMICA I 2010/2011 Ensino teórico - 1º ano Mestrado Integrado em Medicina 14ª aula teórica Complexo da piruvato desidrogenase (PDH) e ciclo de Krebs. 15/11/2010 Bibliografia Stryer, Biochemistry, 5ª Ed, 2006, Capítulo 17 1 As vias metabólicas do Piruvato Transaminase glutâmico-pirúvica Glucose ↓ ↓ Glicólise ↓ Piruvato Transaminação Alanina Carboxilação Piruvato carboxilase Oxaloacetato Redução Lactato desidrogenase Lactato Descarboxilação oxidativa Piruvato desidrogenase Acetil-CoA TCA Objectivos 1. Analisar a PDH sob o ponto de vista estrutural e funcional 2. Explicar a importância do acetil-coenzima-A como molécula chave do metabolismo 3. Descrever o mecanismo de regulação da PDH 4. Analisar o ciclo de Krebs 5. Descrever os mecanismos de regulação do ciclo de Krebs 2 Transporte de piruvato (membrana mitocondrial interna, MMI) Espaço Intermembranar Matriz Piruvato OH- MEM MIM (permeável a pequenas moléculas e iões) (impermeável a pequenas moléculas e iões, incluindo H+) Acção da piruvato desidrogenase - um complexo enzimático (E1, E2, E3) - (irreversível) E1 - piruvato desidrogenase E2 - dihidrolipoil transcetilase E3 - dihidrolipoil desidrogenase P Activa na forma desfosforilada! 3 As gorduras não são convertidas em hidratos de carbono Porquê? Porque conversão Acetil-CoA → Piruvato Complexo da Piruvato Desidrogenase (PDH) (matriz mitocondrial) Complexo enzimático E1, E2, E3 utiliza 5 cofactores e 4 vitaminas: • Tiamina pirofosfato (TPP) • Coenzima A • Ácido lipóico • NAD • FAD Tiamina (vit B1) TPP Riboflavina (vit B2) FAD Niacina (vit B3 = ác. nicotínico) NAD Ácido pantoténico (vit B5) CoA 4 Tiamina pirofosfato (TPP) cofactor de várias enzimas: Piruvato desidrogenase (articula Glicólise C. Krebs) α-Cetoglutarato desidrogenase (C. Krebs) Transcetolase (Via das Pentoses) Deficiência em vit B1 TPP causa Beriberi Complexo da Piruvato Desidrogenase (PDH) Enzima Cofactor Reacção catalizada Piruvato E1 desidrogenase TPP Descarboxilação oxidativa do piruvato Di-hidro-lipoil transacetilase Lipoamida CoA-SH Transferência de um grupo acetil para CoA FAD NAD+ Regeneração da forma oxidada da lipoamida E2 Di-hidro-lipoil E3 desidrogenase 5 E3 FAD E1 E2 Regulação da actividade do Complexo da Piruvato Desidrogenase 1. Inibição pelo produto: Acetil-CoA e NADH Acetil-CoA Trans-acetilase NADH Di-hidro-lipoil desidrogenase CoA e NAD+ revertem a inibição ↑ Piruvato activa a PDH 2. Regulação por nucleótidos: GTP (inactiva) e AMP (activa) A actividade de PDH decresce quando a célula possui carga energética ↑ 6 3. Regulação por fosforilação reversível: - Inactivação por fosforilação num resíduo de Serina (PDH desfosforilada) Activadores: Mg2+, Ca2+ PDH activa PDH fosfatase Inactivadores PDH ↑ ATP/ADP ↑ Acetil-CoA/CoA ↑ NADH/NAD+ Fosforilação Activadores: ↑Acetil-CoA/CoA ↑ NADH/NAD+ PDH cinase Inibidores: Piruvato, ADP PDH inactiva (PDH fosforilada) O acetil-CoA é um metabolito convergente 7 Ciclo de Krebs (TCA) Produz equivalentes redutores (NADH e FADH2) para o processo da fosforilação oxidativa (síntese ATP), que ocorre na MIM Ocorre na matriz mitocondrial. Oxidação do Acetil CoA pelo TCA e transferência de epara NAD+ e FAD TCA (ciclo de Krebs) Citrato sintetase ⇓ 1 NADH + H+ e FADH2 (6C) ⇓ 2 Oxidados na CRM Aconitase (4C) ⇓ ATP 3 8 Isocitrato desidrogenase Malato desidrogenase 7 alfa–Cetoglutarato desidrogenase Fumarase 4 6 5 1ª Etapa – 1 2ª etapa – 2-5 3ª Etapa – 6-8 Succinato desidrogenase Succinil-CoA sintetase (4C) 8 TCA 3 NADH 1 FADH2 1 GTP (ATP) 2 CO2 3 NADH 9 ATP (7,5) (1,5) 1 FADH2 2 ATP 11 ATP (9) + 1 ATP (GTP) (1) 1 NADH 3 ATP (PDH) (2,5) 15 ATP (12,5) O ciclo só opera em aerobiose, apesar do O2 molecular não participar directamente no ciclo. A regeneração de NAD+ e FAD requer a transferência de e- até ao O2 molecular (CRM) α–Cetoglutarato desidrogenase - α-Cetoglutarato desidrogenase (TPP) - Di-hidrolipoil transuccinilase (ácido lipoico) - Di-hidrolipoil desidrogenase (FAD) 9 Regulação Enzimática do TCA pyruvate carboxylase - Citrato sintetase - Isocitrato desidrogenase - α-Cetoglutarato desidrogenase ATP Fora do ciclo: - Piruvato desidrogenase - Piruvato carboxilase ⊗ inibição activação Gluconeogénese ATP é um inibidor alostérico de várias enzimas do Ciclo de Krebs O TCA fornece precursores para a Biossíntese 10 O ciclo de Krebs é anfibólico – opera quer nos processos catabólicos quer anabólicos Interacção do TCA com o metabolismo dos ácidos gordos e aminoácidos 11 As reacções anapleróticas servem para repor intermediários do TCA utilizados na biossíntese de outros compostos (a mais importante é catalizada pela piruvato carboxilase) (Biotina) Défice de enzimas do TCA Défice da Fumarase (Bourgeron et al., J. Clin. Investigation, 1994) Rötig et al., 1997 Mutação no gene que codifica fumarase: - Encefalopatia progressiva - Intermediários do TCA na urina: - fumarato - succinato - alfa-KG - citrato - malato Ataxia de Friedreich (FRDA): é uma doença degenerativa, autossómica recessiva, caracterizada por ataxia cerebelosa progressiva, disartria, ausência de reflexos tendinosos, fraqueza proximal dos membros inferiores e cardiomiopatia hipertrófica (Durr et al., 1996), causada principalmente pela expressão de uma sequência repetitiva GAA, no primeiro intrão do gene frataxina, localizado no cromossoma 9q13 (Chamberlain et al., 1989; Campuzano et al., 1996). O gene mutado provoca alterações na actividade das enzimas mitocondriais (complexos I, II e III) e da aconitase, associadas a (Fe-S), no coração (e possivelmente no cérebro) em doentes com FRDA. O défice nas enzimas dependente de Fe-S em FRDA deve estar relacionada com o aumento do conteúdo de ferro mitocondrial no coração dos doentes, visto que as proteínas Fe-S são muito sensíveis aos radicais livres de oxigénio. A FRDA deverá, portanto, estar associada a uma alteração do metabolismo energético mitocondrial, codificado pelo núcleo (Rötig et al., 1997). M Grazina (Tese de Doutoramento, 2006) 12