UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ENGENHARIA ELÉTRICA E DE COMPUTAÇÃO DEPARTAMENTO DE SISTEMAS E ENERGIA DRIELE PLENTZ DA SILVA RIBEIRO GESTÃO INTELIGENTE DE ENERGIA EM CONSUMIDORES RESIDENCIAIS CAMPINAS 2016 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ENGENHARIA ELÉTRICA E DE COMPUTAÇÃO DEPARTAMENTO DE SISTEMAS E ENERGIA DRIELE PLENTZ DA SILVA RIBEIRO GESTÃO INTELIGENTE DE ENERGIA EM CONSUMIDORES RESIDENCIAIS Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos Pereira da Silva Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação da Universidade Estadual de Campinas para obtenção do título de Mestra em Engenharia Elétrica, área de concentração em Energia Elétrica. Este exemplar corresponde à versão final da dissertação de mestrado defendida pela aluna Driele Plentz da Silva Ribeiro, e orientada pelo Prof. Dr. Luiz Carlos Pereira da Silva. __________________________________ Prof. Dr. Luiz Carlos Pereira da Silva CAMPINAS 2016 COMISSÃO JULGADORA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO Candidato: Driele Plentz da Silva Ribeiro RA: 083443 Data da Defesa: 23 de setembro de 2016 Título da Tese: “Gestão Inteligente De Energia Em Consumidores Residenciais”. Prof. Dr. Luiz Carlos Pereira da Silva (Presidente, FEEC/UNICAMP) Prof. Dr. João Paulo Abreu Vieira (UFPA) Prof. Dr. Leandro Tiago Manera (FEEC/UNICAMP) A ata de defesa, com as respectivas assinaturas dos membros da Comissão Julgadora, encontra-se no processo de vida acadêmica do aluno. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus por me dar a capacidade intelectual para desenvolver este trabalho. Ao meu orientador, o Prof. Dr. Luiz Carlos Pereira da Silva que me deu todo o apoio e incentivo para a realização deste trabalho. À Profa. Dra. Leopoldina de Faria Ribeiro (in memorian), minha avó, por todo ensinamento sobre matemática e sobre a vida. Ao Prof. Dr. Jaime Freitas Ribeiro, meu avô, pelo apoio fundamental na realização deste mestrado. Aos meus pais Jaime de Faria Ribeiro e Ana Celi Plentz da Silva Ribeiro e minha avó Wera Edith Plentz (in memorian) pelo apoio e dedicação. Ao meu namorado e colega Paulo Azevedo de Melo Junior pela ajuda mútua em trabalhos realizados. Aos colegas Marcelo Cardoso Sales Martins e Pedro Pablo Vergara Barrios pela ajuda no projeto. Ao colega Daniel da Conceição Pinheiro pelo fornecimento de dados. A todos os colegas dos laboratórios LE19 e LE23. Agradeço também à CAPES pelo apoio financeiro. RESUMO Este trabalho apresenta ferramentas de gerenciamento de energia em consumidores residenciais que sugerem alterações de hábitos de consumo aos usuários, visando à redução de custos com a conta de energia elétrica. A simulação sugere os melhores horários de utilização para equipamentos que podem ter seu uso deslocado e ajustes horários dos parâmetros para equipamentos com parâmetros ajustáveis. O modelo desenvolvido também inclui o uso de microgeração distribuída, que pode ser solar ou eólica. Para prever a quantidade de energia gerada, são utilizados dados climáticos de um ano meteorológico típico. Essa quantidade é calculada através de um software de simulação chamado GridLAB-D. O GridLAB-D também é usado para calcular o consumo do HVAC, que depende dos dados climáticos e dos ajustes sugeridos. Para equipamentos que não são considerados na simulação (cargas não controláveis) utiliza-se o consumo médio da região, de acordo com a Pesquisa de Equipamentos e Hábitos de Uso do Procel. Dois tipos de tarifas são considerados: convencional e branca (horária). Para testar os métodos em diferentes climas, duas cidades foram escolhidas: Santa Maria – RS e Belém – PA. A simulação usa Otimização por Enxame de Partículas e sua variante cooperativa para encontrar as soluções. Foram desenvolvidos três métodos complementares ao longo do projeto. O primeiro método foca no gerenciamento do consumo de um sistema HVAC (Heating, Cooling and Air Conditioning). O segundo método faz o gerenciamento, de forma não coordenada, do consumo do HVAC e de outras cargas (bomba da piscina, chuveiro elétrico, secador de cabelo, lavadora de roupas, lavadora de louças, panela elétrica e equipamentos recarregáveis) em uma interface, onde os usuários podem configurar suas características e obter como resposta as sugestões de consumo. O terceiro método visa integrar o gerenciamento do consumo da bomba da piscina, do chuveiro elétrico, da lavadora de roupas e da lavadora de louças, com o gerenciamento do consumo do HVAC e de baterias de armazenamento. Os resultados mostraram que fazer o gerenciamento do consumo de uma residência pode reduzir significativamente os gastos com a conta de energia elétrica. Palavras-chave: Sistema de Gerenciamento de Energia, Uso Eficiente da Energia, Conservação de Energia, Energias Renováveis. ABSTRACT This work presents energy management tools for residential consumers that suggest ways of consumption to the users in order to reduce costs in the electricity bill. The simulation procedures suggest the best time of use for equipments which can be shifted and hourly adjustments of parameters for equipments with adjustable parameters. The developed model also includes the use of distributed microgeneration, which can be photovoltaic or wind systems. In order to preview the amount of power generation, weather data of a typical meteorological year are used. This amount is calculated by a simulation software called GridLAB-D. GridLAB-D is also used to calculate the HVAC consumption, which depends on the weather data and the adjustment suggests. For equipments that are not considered in the simulation, the Procel-Eletrobras report on Consumer Habits and Ownership of Appliances Research is used. Two tariff types are used: Conventional and White (time of use). To test the methods in different weathers, two cities were chosen: Santa Maria – RS and Belém – PA. The simulation uses Particle Swarm Optimization and its cooperative variant to find the solutions. Three complementary methods were developed during the project. The first method focuses on consumption management of a HVAC (Heating, Cooling and Air Conditioning) system. The second method makes the consumption management, in an uncoordinated way, of the HVAC and other loads (pool pump, electric shower, hair dryer, washing machine, dishwasher, rice cooker and rechargeable equipments) using an interface, where the users configure their characteristics and get an answer with the consumption suggestions. The third method aims to coordinate the consumption management of the pool pump, electric shower, washing machine and dishwasher to the consumption management of the HVAC and storage batteries. The results showed that managing the consumption of a home can significantly reduce the spent with the electric energy bill. Keywords: Energy Management Systems, Energy Efficiency, Energy Conservation, Renewable Energy. LISTA DE FIGURAS Figura 1. Casa inteligente com SRGE ..................................................................................................................... 19 Figura 2. Células fotovoltaicas (Adaptado de [43]) ............................................................................................... 28 Figura 3. Painéis instalados no telhado e no chão (Fontes: [44] e [45]) ................................................................ 28 Figura 4. Rolo de filme fino e sua aplicação (Fontes: [46]) .................................................................................... 29 Figura 5. Vidro fotovoltaico aplicado em um prédio (Fonte: [47]) ........................................................................ 29 Figura 6. Exemplo de curvas características I – V .................................................................................................. 30 Figura 7. Ligações e componentes de um sistema FV conectado à rede (Adaptado de [40]) ............................... 31 Figura 8. Turbinas eólicas de tamanhos micro, mini e household respectivamente (Fontes: [51, 52, 53]) ........... 32 Figura 9. Exemplos de turbina eólica de eixo vertical. (Fonte: [54]) ...................................................................... 33 Figura 10. Classificação Upwind e Downwind em turbinas de eixo vertical. (Fonte: [55]) .................................... 33 Figura 11. Rede Inteligente (Adaptado de [65]) .................................................................................................... 37 Figura 12. Participação dos eletrodomésticos no consumo residencial brasileiro. (Adaptado de [66]) ................ 38 Figura 13. Curva de Carga Diária Média Residencial no Brasil (Fonte: [66]) ......................................................... 39 Figura 14. Curvas de carga diárias médias residenciais por região (Fonte: [66]) .................................................. 40 Figura 15. Matriz Elétrica Brasileira (Adaptado de: [68], [69] e [4]) ..................................................................... 42 Figura 16. Modalidades tarifárias para consumidores residenciais. (Adaptado de [73]) ..................................... 46 Figura 17. Comparação da PSO (Fontes: [80] e [81]) ............................................................................................ 48 Figura 18. Pseudo-código da CPSO [84] ................................................................................................................ 49 Figura 19. Abrangência da ferramenta GridLAB-D [88] ........................................................................................ 51 Figura 20. ETP modelo térmico para uma casa típica (Adaptado de [95]) ............................................................ 54 Figura 21. Potência fornecida pelos geradores ..................................................................................................... 61 Figura 22. Representação da partícula do método 1 ............................................................................................ 62 Figura 23. Esquema do Método 1 .......................................................................................................................... 63 Figura 24. Comparativo de custos sem GD – Belém .............................................................................................. 64 Figura 25. Comparativo de custos com GD - Belém .............................................................................................. 64 Figura 26. Comparativo de custos - Santa Maria .................................................................................................. 65 Figura 27. Esquema do Metódo 2 .......................................................................................................................... 66 Figura 28. Protótipo da interface .......................................................................................................................... 67 Figura 29. Campo da interface referente ao chuveiro elétrico .............................................................................. 67 Figura 30. Campo da interface referente ao HVAC ............................................................................................... 68 Figura 31. Campos modalidade tarifária, bandeira tarifária, cidade e geração distribuída ................................. 69 Figura 32. Ajustes de temperatura do HVAC sugerido para o Cenário 1 ............................................................... 72 Figura 33. Ajustes de temperatura do HVAC sugerido para o Cenário 2 ............................................................... 73 Figura 34. Esquema do Metódo 3 .......................................................................................................................... 74 Figura 35. Vetores prêmio de restrição ................................................................................................................. 76 Figura 36. Cronogramas das cargas deslocáveis para Santa Maria ...................................................................... 77 Figura 37. Perfil de carga da bateria para Santa Maria ........................................................................................ 77 Figura 38. Potência consumida pelo HVAC e temperatura do ar .......................................................................... 78 Figura 39. Evolução do fitness para o programa CPSO de Santa Maria ................................................................ 78 Figura 40. Cronogramas das cargas deslocáveis para Belém................................................................................ 79 Figura 41. Perfil de carga da bateria para Belém .................................................................................................. 79 Figura 42. Potência do HVAC e temperatura do ar para Belém ............................................................................ 80 Figura 43. Evolução do fitness para Belém ............................................................................................................ 80 Figura 44. Resultados para o HVAC e a bateria ..................................................................................................... 81 LISTA DE TABELAS Tabela 1. Definições de Edifício de Energia Zero. (Fonte: [14]) ............................................................................. 20 Tabela 2. Definições para a GD segundo o CIRED [37] .......................................................................................... 25 Tabela 3. Definições da Resolução Normativa Nº687 [2] ...................................................................................... 26 Tabela 4. Tecnologias para a GD [38] .................................................................................................................... 27 Tabela 5. Características de turbinas eólicas de pequena escala [50] .................................................................. 32 Tabela 6. Capacidade instalada por fonte (Fonte: [68]) ........................................................................................ 41 Tabela 7. Capacidade instalada de GD (Fonte: [68]) ............................................................................................. 41 Tabela 8. Consumo de energia elétrica por setor .................................................................................................. 43 Tabela 9. Definição das principais estruturas do GridLAB-D [64, 91] .................................................................... 52 Tabela 10. Dados climáticos de Belém em novembro ........................................................................................... 58 Tabela 11. Dados climáticos de Santa Maria em julho.......................................................................................... 59 Tabela 12. Tarifas Celpa [99] ................................................................................................................................. 60 Tabela 13. Tarifas AES Sul [100] ............................................................................................................................ 60 Tabela 14. Características de consumo das cargas deslocáveis ............................................................................ 68 Tabela 15. Características dos cenários simulados ............................................................................................... 70 Tabela 16. Características comuns dos cenários simulados .................................................................................. 70 Tabela 17. Características comuns dos cenários simulados - equipamentos ........................................................ 70 Tabela 18. Hábitos de consumo dos casos base .................................................................................................... 71 Tabela 19. Sugestões dos horários de uso para as cargas deslocáveis no Cenário 1 ............................................ 71 Tabela 20. Sugestões dos horários de uso para as cargas deslocáveis no Cenário 2 no Cenário .......................... 72 Tabela 21. Especificação das cargas deslocáveis .................................................................................................. 75 Tabela 22. Caso de referência ............................................................................................................................... 76 Tabela 23. Consumo mensal .................................................................................................................................. 82 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ADE AG A-life ANEEL AVAC BEV CLTD CONFAZ CSV DER DES DG DOE/OE DR DSM EEQZ EEZ EMS EUA FV GD GLD GLM HEMS HVAC IEA Inmetro Armazenamento Distribuído de Energia Algoritmos Genéticos Artificial Life Agência Nacional de Energia Elétrica Aquecimento, ventilação e ar-condicionado Battery Electric Vehicles Cooling Load Temperature Difference Conselho Nacional de Política Fazendária Comma-separated values Distributed Energy Resources Distributed Energy Storage Distributed Generation U.S. Department of Energy Office of Electricity Delivery and Energy Reliability Demand Response Demand Side Management Edifício de Energia Quase Zero Edifício de Energia Zero Energy Management System Estados Unidos da América Fotovoltaico Geração Distribuída Gerenciamento pelo Lado da Demanda GridLAB-D Modeling Home Energy Management System Heating, Cooling and Air Conditioning NZEB International Energy Agency Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia Net Zero Energy Building ONS Operador Nacional do Sistema PABX PHEV Private Automatic Branch Exchange Plug-in Hybrid Electric Vehicles Programação Linear Inteira PLI PLIM PNNL PROCEL PSO RD RED Programação Linear Inteira Mista Pacific Northwest National Laboratory Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica Particle Swarm Optimization Resposta da Demanda Recursos Energéticos Distribuídos RI SG SGE SRGE STC SWERA TE TMY TUSD VEB VEHP ZEB Rede Inteligente Smart Grid Sistema de Gerenciamento de Energia Sistema Residencial de Gerenciamento de Energia Standard Test Conditions Solar and Wind Energy Resource Assessment Tarifa de Energia Typical Meteorological year) Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição Veículos Elétricos à Bateria Veículos Elétricos Híbridos Plugáveis Zero Energy Building SUMÁRIO 1. 2. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 15 1.1. CONTEXTO E MOTIVAÇÃO .............................................................................. 15 1.2. OBJETIVO ....................................................................................................... 16 1.3. METODOLOGIA ............................................................................................... 16 1.4. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ........................................................................ 17 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA E EMBASAMENTO TEÓRICO ............................. 18 2.1. 2.1.1. GERENCIAMENTO DE ENERGIA EM UMA CASA INTELIGENTE ..................... 18 2.1.2. EXEMPLOS DE SISTEMAS RESIDENCIAIS DE GERENCIAMENTO DE ENERGIA 21 2.2. 3. GERENCIAMENTO DE E NERGIA ...................................................................... 18 RECURSOS ENERGÉTICOS DISTRIBUÍDOS ....................................................... 24 2.2.1. GERAÇÃO DISTRIBUÍDA ............................................................................. 24 2.2.2. ARMAZENAMENTO DISTRIBUÍDO DE ENERGIA .......................................... 34 2.2.3. RESPOSTA DA DEMANDA ............................................................................ 36 2.3. CARACTERIZAÇÃO DE CARGAS RESIDENCIAIS ............................................... 37 2.4. ENERGIA ELÉTRICA NO BRASIL E O SETOR RESIDENCIAL ............................. 40 2.5. TARIFAS PARA CONSUMIDORES RESIDENCIAIS .............................................. 43 FERRAMENTAS UTILIZADAS ...................................................................... 47 3.1. OTIMIZAÇÃO POR ENXAME DE PARTÍCULAS .................................................. 47 3.1.1. 3.2. OTIMIZAÇÃO POR ENXAME DE PARTÍCULAS COOPERATIVA ..................... 49 GRIDLAB-D ................................................................................................... 50 3.2.1. MÓDULO CLIMA ........................................................................................ 52 3.2.2. MÓDULO RESIDENCIAL .............................................................................. 53 3.2.3. 4. MÓDULO GERADORES ............................................................................... 56 MÉTODOS E RESULTADOS ......................................................................... 58 4.1. MÉTODO 1: GERENCIAMENTO DO CONSUMO DO HVAC ................................ 61 4.2. MÉTODO 2: GERENCIAMENTO DO CONSUMO DO HVAC E DE OUTRAS CARGAS 65 4.3. MÉTODO 3: GERENCIAMENTO INTEGRADO DO CONSUMO DO HVAC, DE BATERIAS E DE OUTRAS CARGAS) .............................................................................. 73 4.3.1 CUSTO MENSAL ............................................................................................. 81 5. CONCLUSÕES ............................................................................................. 84 5.1. PUBLICAÇÕES ................................................................................................. 87 REFERÊNCIAS ................................................................................................... 90 15 1. INTRODUÇÃO 1.1. CONTEXTO E MOTIVAÇÃO Existe uma tendência global de mudança de paradigma em relação ao consumo da energia elétrica. No Brasil já existem novas formas de enxergar esse consumo, inclusive para consumidores residenciais. Anteriormente a única possibilidade em relação à rede elétrica era o consumo da energia. Hoje, já existe a possibilidade de gerar energia, conectar essa Geração Distribuída (GD) à rede e obter crédito positivo de consumo que pode ser abatido em futuras contas de energia [1, 2]. Outras possibilidades para a cobrança da energia elétrica também estão surgindo. A ANEEL já aprovou um tipo de tarifação horária para consumidores residenciais: a tarifa branca. Esse tipo de tarifa, opcional ao consumidor, tem preços diferentes para diferentes horas do dia [3]. Essa mudança na maneira de se gerar e consumir energia é impulsionada por países que tem a matriz elétrica baseada em combustíveis fósseis e/ou energia nuclear, e querem reduzir essa dependência. Esse não é o caso da matriz elétrica brasileira, que é baseada em uma energia renovável: a hidrelétrica. Apesar de ser renovável, a geração de energia através de hidrelétricas é sazonal e depende fortemente das condições climáticas e das chuvas. Além disso, a construção de hidrelétricas gera grandes impactos ambientais, por necessitar da construção de reservatórios que causam alagamentos. Tudo isso torna importante a diversificação do parque gerador. Atualmente a alternativa à energia hidrelétrica é a energia termoelétrica. Quando há um longo período de seca, a participação da energia termoelétrica aumenta e a de hidrelétrica diminui, como aconteceu em 2014 [4]. A energia gerada por termoelétricas, além de ser poluente, é mais cara. Essa diferença de preço começou a ser repassada ao consumidor através de bandeiras tarifárias na conta de energia, que preveem aumentos na conta se a geração de energia vigente for mais cara. Além das bandeiras tarifárias, aumentos sucessivos na conta estão viabilizando cada vez mais a instalação de GD. O fato do consumidor ter opções sobre a cobrança do consumo gera a Resposta da Demanda (RD), que é a mudança dos hábitos de consumo em resposta a algum incentivo, incluindo mudança na tarifa [5]. A RD e os Recursos Energéticos Distribuídos (RED) incentivam o uso de um sistema de gerenciamento que maximize o potencial de consumo de energia ao mesmo tempo que reduz gastos. Esse trabalho propõe ferramentas de 16 gerenciamento de energia que auxiliam o consumidor residencial a tomar decisões sobre seus hábitos de consumo, levando em conta essas novas oportunidades que o setor elétrico proporciona. 1.2. OBJETIVO O objetivo principal deste projeto é desenvolver métodos para fazer o gerenciamento de energia em um consumidor residencial apontando o melhor modo de utilização para seus equipamentos elétricos. Este apontamento pode ser feito através de sugestões para os horários de uso ou ajustes dos parâmetros desses equipamentos. O gerenciamento visa reduzir os gastos com a conta de energia elétrica, levando em conta seu preço e os RED presentes na residência. As respostas apresentadas podem fazer parte de um sistema automático, porém o projeto é focado na obtenção dessas respostas e não na automatização do sistema, tendo o usuário a opção de fazer os ajustes sugeridos manualmente. 1.3. METODOLOGIA Ao longo deste projeto de mestrado foram desenvolvidos 3 métodos complementares que visam atingir o objetivo. Cada método resultou uma publicação em congresso [6, 7, 8]. O primeiro método consiste em fazer a gestão do consumo de um sistema HVAC (Heating, Cooling and Air Conditioning), sugerindo ajustes horários para a temperatura de banda morta do equipamento. No segundo método é desenvolvida uma interface para a interação com o usuário e são adicionadas novas cargas à simulação: bomba da piscina, chuveiro elétrico, secador de cabelo, lavadora de roupas, lavadora de louças, panela elétrica e equipamentos recarregáveis. Para esses equipamentos é apontado o horário de uso, porém de forma não coordenada à simulação do HVAC. O terceiro método integra as simulações dos dois tipos de carga, e adiciona baterias de armazenamento, sendo assim mais completo, uma vez que a decisão do uso de um equipamento leva em conta a operação de todos os demais. Todos os métodos usam a Otimização por Enxame de Partículas (do inglês Particle Swarm Optimization, PSO) para obter as soluções e o software GridLAB-D para fazer a estimativa de geração e a modelagem térmica. O terceiro método também inclui uma vertente cooperativa da PSO que faz a integração entre as soluções. 17 1.4. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO Essa dissertação é composta de 5 capítulos. O Capítulo 1 (Introdução) apresenta uma breve exposição sobre o contexto e a motivação que levaram a confecção deste trabalho, o objetivo do projeto e a metodologia utilizada. O Capítulo 2 (Revisão Bibliográfica e Embasamento Teórico) faz uma revisão bibliográfica de temas importantes para esse projeto e fornece um embasamento teórico necessário para a compreensão da aplicabilidade dos métodos. O Capítulo 3 (Ferramentas Utilizadas) mostra as ferramentas utilizadas para desenvolver o projeto: o método de otimização PSO e o software GridLAB-D. Este capítulo explica as ferramentas focando em suas aplicações no projeto. O Capítulo 4 (Métodos e Resultados) apresenta os 3 métodos desenvolvidos. Este capítulo possui 3 seções, cada seção apresenta um método e os resultados obtidos com sua implementação. O Capítulo 5 (Conclusões) apresenta as conclusões gerais, as principais contribuições e possíveis trabalhos futuros que podem complementar esse projeto. 18 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA E EMBASAMENTO TEÓRICO 2.1. GERENCIAMENTO DE ENERGIA Gerenciamento de energia é a organização do consumo de energia visando algum objetivo, como, por exemplo, eficiência energética e/ou redução de custos. A energia gerenciada pode ser de qualquer tipo, mas a energia elétrica é o alvo principal. Esse gerenciamento pode ser feito por um Sistema de Gerenciamento de Energia (SGE), em inglês Energy Management System (EMS). O SGE integra microprocessadores, painéis, cabos de comunicação e programas de aplicação de software [9]. Esses sistemas não são considerados tecnologia nova, estando presentes no setor energético há muitas décadas para aplicações na geração, transmissão e distribuição de energia [10]. Em edifícios, centrais de SGEs variam em nível de complexidade podendo fornecer informação e controlar remotamente sistemas de ar condicionado, segurança e incêndio, entre outros equipamentos. Essas centrais começaram com equipamentos que ligavam e desligavam componentes de alguns sistemas do edifício (ar-condicionado, incêndio, segurança) conforme um cronograma pré-definido [9] e evoluíram para sistemas capazes de otimizar o uso dos equipamentos e os integrar através da internet. 2.1.1. GERENCIAMENTO DE ENERGIA EM UMA CASA INTELIGENTE Uma casa inteligente, em inglês Smart House, pode ser descrita como uma casa que é equipada com objetos inteligentes, que podem ser interligados através de uma rede doméstica, ligados ao mundo exterior através da Internet, e/ou programados de forma automática. Objetos inteligentes tornam possível a interação e a observação por parte do usuário. Originalmente, a tecnologia da casa inteligente foi usada para controlar os sistemas relacionados ao ambiente, como iluminação e aquecimento, mas recentemente o uso da tecnologia inteligente se desenvolveu, a ponto de ser possível conectar quase qualquer equipamento elétrico ao sistema. Além disso, essa tecnologia não se refere simplesmente a ligar e desligar os equipamentos, mas sim a possibilidade de monitorar o ambiente interno e as atividades realizadas enquanto a casa é ocupada. O resultado dessas modificações é que uma casa inteligente pode agora monitorar as atividades de seus habitantes, operar 19 dispositivos de forma independente conforme um padrão pré-definido ou de acordo com o usuário [11]. Esses sistemas inteligentes de gerenciamento de energia são chamados de Sistemas Residenciais de Gerenciamento de Energia (SRGE), do inglês Home Energy Management Systems (HEMS). A Resposta da Demanda (RD), o Gerenciamento pelo Lado da Demanda (GLD), a redução do consumo no horário de pico e o deslocamento de carga são soluções para ajudar o operador da rede, que tem incentivado o desenvolvimento de SRGEs mais robustos e inteligentes [10]. Uma casa inteligente com um SRGE é capaz de gerenciar eletrodomésticos, geradores de energia, baterias de armazenamento, veículos elétricos e medidores inteligentes (Figura 1). Figura 1. Casa inteligente com SRGE Também existe a definição de Casa Energeticamente Inteligente, em inglês Energy-Smart House, que prioriza a eficiência energética em sua estrutura física. Uma verdadeira eficiência energética só pode ser atingida se contemplar todos os aspectos de uma casa como sua 20 localização, sua estrutura e seus sistemas. Uma Casa Energeticamente Inteligente possui acabamento, iluminação e janelas de alta performance e sistemas de ar-condicionado e água quente mais eficientes [12]. Na classificação de casas que levam em conta a eficiência energética também existe o termo Edifício de Energia Zero (EEZ), do inglês Zero Energy Building (ZEB) ou Net Zero Energy Building (NZEB). Esse termo é bem abrangente e vem acompanhado de várias definições dependendo dos objetivos do projeto (Tabela 1). Outro tipo de construção que pode ser considerada é o Edifício de Energia Quase Zero (EEQZ). Não existe uma definição formal para esse tipo de edifício, sendo que a principal definição é a do Parlamento Europeu, que está empenhado em melhorar significativamente a eficiência energética dos edifícios na União Europeia. Segundo o Parlamento Europeu, um EEQZ é um edifício com um desempenho energético muito elevado, tendo suas necessidades de energia quase nulas ou muito pequenas que deverão ser cobertas em grande parte por energia proveniente de fontes renováveis, incluindo energia produzida no local ou nas proximidades [13]. Ou seja, esse tipo de edifício também possui medidas de eficiência energética e geração distribuída, mas não gera o suficiente para suprir todo o consumo. Tabela 1. Definições de Edifício de Energia Zero. (Fonte: [14]) Energia Zero no Local (Net Zero Site Energy) Energia Zero na Fonte (Net Zero Source Energy) Energia Zero no Custo (Net Zero Energy Costs) Energia Zero nas Emissões (Net Zero Energy Emissions) Edifícios que geram toda a energia que consomem anualmente, no próprio local. Edifícios que geram localmente pelo menos toda a energia primária a ser consumida. Isto significa que ele deve gerar energia suficiente para compensar as perdas na geração (eficiência na conversão da energia primária em energia útil) na transmissão e distribuição desta energia. Edifícios em que os custos com a energia são zero, já que as receitas provenientes com a venda de energia à rede cobrem os custos com a aquisição da mesma, incluindo custos de disponibilidade da rede, demanda, taxas e encargos. São edifícios que compensam as emissões de gases do efeito estufa causadas pelo consumo de energia de fontes poluentes, ao gerar energia a partir de fontes renováveis livres de emissões para compensar este consumo. 21 No Brasil existe o Selo Procel de Edificações, emitido pelo Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (PROCEL), que permite identificar edificações com melhores classificações em eficiência energética. Este Selo avalia edifícios comerciais, de serviços e públicos quanto a envoltória, a iluminação e o condicionamento de ar e Unidades Habitacionais quanto a envoltória e o sistema de aquecimento de água. Ele é aplicado nas etapas de projeto e de edificação construída [15]. 2.1.2. EXEMPLOS DE SISTEMAS RESIDENCIAIS DE GERENCIAMENTO DE ENERGIA Sistemas de otimização vem sendo desenvolvidos por pesquisadores do mundo todo, visando aumentar a eficiência energética e reduzir gastos com o consumo de eletricidade em uma residência. Pedrasa et. al. propõem em [16] uma técnica de modelagem de serviços de energia que funciona com uma plataforma de simulação que maximiza o potencial dos Recursos Energéticos Distribuídos (RED) e dos serviços de energia. A plataforma propõe uma estratégia que fornece valores diferentes para os serviços de energia de acordo com a disponibilidade possível dos RED enquanto o custo é minimizado. A técnica utilizada é a PSO binária e canônica. Em [17], os autores melhoram a técnica utilizando algumas variações da PSO, como a PSO Coevolutiva e com repulsão entre as partículas. Esta dissertação de mestrado teve grande influência do trabalho desses autores. Goya et. al. em [18] focam em operar as cargas controláveis, bateria e unidades térmicas de maneira coordenada, usando busca Tabu, ou do inglês Tabu Search (TS). A otimização é dividida em duas partes: primeiro a carga é controlada pelo controlador de carga e de bateria, depois o cronograma das unidades térmicas é decidido com base na primeira resposta. Tanaka et. al. apresentam em [19] uma metodologia para otimizar a operação de uma Rede Inteligente (RI) para minimizar a flutuação do fluxo de potência no ponto de interconexão, com a possibilidade de reduzir o consumo e o custo da eletricidade. O sistema consiste de gerador fotovoltaico (FV) bomba de calor, bateria, coletor solar e carga. O método de otimização utilizado é o TS. Em [20] e [21], Tanaka et al. apresentam uma metodologia semelhante. Mohsenian-Rad et. al. apresentam em [22] um sistema de GLD autônomo e distribuído entre os usuários, que tem a vantagem da infraestrutura de comunicação digital em dois 22 sentidos visando a futura RI. Os autores usaram a teoria dos jogos e formularam um jogo do cronograma do consumo de energia, onde os jogadores são os usuários e suas estratégias são os cronogramas diários dos seus eletrodomésticos e cargas. O objetivo do jogo é reduzir o consumo de energia, o custo da energia e a diferença entre o consumo do horário de pico e dos outros horários. Fernandes et. al. apresentam em [23] uma abordagem com Algoritmos Genéticos (AG) que gerencia o consumo de uma residência fazendo o uso do sistema SCADA desenvolvido pelos autores. O gerenciamento de consumo é feito reduzindo ou cortando cargas para manter o consumo de potência dentro de um limite. Esse consumo é determinado de acordo com a estratégia do consumidor e levando em conta a microgeração renovável, o preço da energia, as solicitações de suprimentos, e as preferências do consumidor. A proposta é comparada com uma abordagem não-linear inteira mista. Barbato et. al. propõem em [24] modelos de planejamento diário ótimo das cargas de uma única casa e de um grupo de casas. Modelos não-cooperativos são utilizados para o planejamento das cargas de uma casa, com o objetivo final de minimizar a conta de energia. Uma variante preventiva é também apresentada onde algumas atividades dos eletrodomésticos podem ser interrompidas em algumas fases do ciclo de funcionamento. Modelos cooperativos são definidos para unir o gerenciamento de energia de um grupo de usuários para facilmente diminuir a demanda de potência máxima agregada, reduzindo assim a absorção do pico. O método de otimização utilizado é a Programação Linear Inteira (PLI). Em [25] os autores apresentam uma metodologia semelhante. Shahgoshtasbi e Jamshidi apresentam em [26] um novo EMS para uma casa inteligente. A partir de entradas da rede e usando um algoritmo inteligente, busca-se encontrar o consumo de energia eficiente e efetivo. O comportamento e as preferências do usuário também são considerados e o cronograma ótimo de energia é encontrado de acordo com a noção dinâmica de preço. Essa abordagem é útil especialmente em um sistema de preço dinâmico no qual o usuário não conhece a mudança do consumo de energia. O EMS tem duas partes: a parte fuzzy e a parte da tabela de pesquisa inteligente. A parte fuzzy é baseada em suas regras fuzzy e as entradas fazem as saídas adequadas para a tabela de pesquisa inteligente. A segunda parte, cujo núcleo é uma rede neural associativa, é capaz de mapear entradas para as saídas 23 desejadas. Em [27] os autores fazem uma versão modificada do EMS, onde cada eletrodoméstico tem sua tabela de pesquisa. Bozchalui et. al. apresentam em [28] modelos de otimização matemática de eletrodomésticos que podem ser prontamente incorporados em tecnologias automáticas de tomada de decisão em RIs, e podem resolver eficientemente em uma fração do tempo real para otimizar o controle da maioria das cargas residenciais, armazenamento e produção de componentes enquanto considera as preferências do usuário e o nível de conforto. O desenvolvimento dos modelos matemáticos resultou em problemas de otimização de Programação Linear Inteira Mista (PLIM) com funções objetivo de minimização do consumo de energia, do custo total da eletricidade e gás, das emissões, da carga de pico, e/ou quaisquer combinações desses objetivos, considerando as preferências do usuário. Yoza et. al. propõem em [29] que as cargas de uma casa inteligente como bombas de calor, baterias e veículos elétricos (VE) sejam usadas como cargas controláveis. A casa também possui painéis FV e coletores solares. O planejamento de operação ótima desses equipamentos é decidido com o propósito de minimizar o custo operacional durante um dia. O método de otimização utilizado é o TS. Miyagi et. al., propõem em [30] um método de compartilhamento ótimo de carga usando controle droop e controle fuzzy para uma casa inteligente que é equipada com um sistema FV, VE, bateria e HEMS. O compartilhamento ótimo de carga é alcançado mudando as características droop de cada inversor que está conectado ao sistema FV, à bateria, e VE usando controle fuzzy. Wang et. al. propõem em [31] um algoritmo que usa PLIM para determinar o valor da inércia térmica na RD para beneficiar os usuários. A energia consumida para esfriar uma casa inteligente é otimizada para minimizar os custos de esfriar as cargas térmicas. Modelos térmicos de um e dois parâmetros são integrados à otimização. A otimização da carga térmica para manter a casa inteligente dentro do nível de conforto térmico é formulada como uma PLIM em uma política de preço dinâmico. Yoon et. al. desenvolveram uma estratégia de controle para os HVACs que responde aos preços em tempo real para reduzir a carga no pico [32]. A proposta baseia-se em um controle dinâmico de resposta da demanda, em inglês Dynamic Demand Response Controller (DDRC), que muda a temperatura de set-point do controle da carga HVAC dependendo do preço de 24 varejo da eletricidade publicado a cada 15 minutos e desloca parcialmente algumas dessas cargas para fora do pico. 2.2. RECURSOS ENERGÉTICOS DISTRIBUÍDOS De acordo com o Instituto de Engenheiro Eletricistas e Eletrônicos, em inglês Institute of Electrical and Electronics Engineers (IEEE), REDs, do inglês Distributed Energy Resources (DER), são fontes de potência elétrica que não estão diretamente conectadas ao sistema de transmissão e podem incluir tanto tecnologias de geração quanto de armazenamento [33]. Os RED podem ser inseridos do lado da demanda ou do lado do fornecimento [34]. Eles incluem a Geração Distribuída (GD), do inglês Distributed Generation (DG); o Armazenamento Distribuído de Energia (ADE), do inglês Distributed Energy Storage (DES); e a Resposta da Demanda (RD), do inglês Demand Response (DR) [35]. 2.2.1. GERAÇÃO DISTRIBUÍDA Apesar do termo GD ser relativamente novo, seu conceito não é. Durante o desenvolvimento inicial dos sistemas elétricos as usinas se localizavam próximas aos consumidores. A geração centralizada, em usinas localizadas à grande distância do consumidor, só foi possível após algumas inovações tecnológicas. Esses sistemas se tornaram economicamente viáveis porque geram ganhos de escala e redução dos custos unitários, além de serem considerados mais seguros. Usinas afastadas dos centros de consumo, interligadas por sistemas de transmissão geram mais segurança no fornecimento, uma vez que a falha de uma usina pode ser compensada por outra [36]. O termo GD vem acompanhado de muitas definições, que podem variar quanto ao nível de tensão da conexão à rede, à capacidade de geração, aos serviços fornecidos, à tecnologia de geração, ao modo de operação, à área de fornecimento de energia e à propriedade [36]. A Tabela 2 mostra as definições de GD apresentadas em uma pesquisa para a Conferência Internacional em Eletricidade Distribuída, em inglês International Conference on Electricity Distribution (CIRED) [37]. O Conselho Internacional em Grandes Sistemas de Eletricidade, em inglês International Council on Large Electric Systems (CIGRÉ), define GD como sendo usualmente conectada à rede de distribuição, não planejada e não despachada de forma central 25 e com capacidade máxima entre 50 MW e 100 MW [37]. O IEEE, define GD como instalações de geração elétrica conectadas ao sistema elétrico de potência através de um ponto de acoplamento comum e como um tipo de RED [33]. Ackermann et al. define GD como uma fonte de potência elétrica conectada diretamente à rede de distribuição ou do lado do medidor referente ao consumidor [38]. Tabela 2. Definições para a GD segundo o CIRED [37] País Austrália Áustria Bélgica República Tcheca Dinamarca Finlândia França Alemanha Grécia Índia Itália Holanda Polônia Portugal Espanha Reino Unido Definição para GD Conectada à rede de distribuição (até 132 kV), a qual é capaz de suprir diretamente a demanda de consumidores locais. Geralmente até 10 MW, conectada em redes de média tensão (1 - 35 kV em CA). É aquela que não está inclusa no sistema nacional de produção coordenada (geração não despachada por um agente central). Conectada à rede de distribuição (até 110 kV) e até uma determinada potência nominal. Não é subordinada aos centros de despacho de carga regionais. É aquela conectada ao nível de tensão entre 400 V e 20 kV. Conectada à rede de distribuição e capaz de suprir a demanda de consumidores locais diretamente. É conectada nos seguintes níveis de tensão: 400 V, 15 e 20 kV. Não há uma definição rigorosa, porém, trata-se principalmente de geração solar, eólica e PCHs conectadas em redes de até 20 kV (para parques eólicos, até 110 kV). Conectada em sistemas de distribuição, cujo planejamento e despacho não é centralizado. Novas fontes de energia renováveis, conectadas em até 11 kV. Conectada nos sistemas de distribuição (de 400 V até 150 kV). Geração de propriedade das concessionárias de distribuição, indústrias ou ainda em sociedades entre ambas, mas não considerada no planejamento nacional do sistema (conectadas em até 150 kV). Não despachável e conectada em até 110 kV. Potência de até 10 MW (com exceção das unidades de geração integrada de calor e energia termoelétrica), sistemas de co-geração e fontes renováveis, conectada em qualquer nível de tensão. Conectada aos sistemas de distribuição. Conectada aos sistemas de distribuição (até 132 kV). Pode ser despachada. No Brasil, a ANEEL define GD como sendo “centrais geradoras de energia elétrica, de qualquer potência, com instalações conectadas diretamente no sistema elétrico de distribuição 26 ou através de instalações de consumidores, podendo operar em paralelo ou de forma isolada e despachadas – ou não – pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) ” [39]. Para baixa tensão, a ANEEL publicou a Resolução Normativa Nº482 [1], e sua revisão (Resolução Normativa Nº687) [2], para regulamentar o uso de GD. A Resolução Normativa Nº687 define microgeração distribuída, minigeração distribuída e o sistema de compensação de energia conforme Tabela 3. Tabela 3. Definições da Resolução Normativa Nº687 [2] microgeração distribuída minigeração distribuída sistema de compensação de energia elétrica “Central geradora de energia elétrica, com potência instalada menor ou igual a 75 kW e que utilize cogeração qualificada, conforme regulamentação da ANEEL, ou fontes renováveis de energia elétrica, conectada na rede de distribuição por meio de instalações de unidades consumidoras. ” “Central geradora de energia elétrica, com potência instalada superior a 75 kW e menor ou igual a 3 MW para fontes hídricas ou menor ou igual a 5 MW para cogeração qualificada, conforme regulamentação da ANEEL, ou para as demais fontes renováveis de energia elétrica, conectada na rede de distribuição por meio de instalações de unidades consumidoras. ” “Sistema no qual a energia ativa injetada por unidade consumidora com microgeração ou minigeração distribuída é cedida, por meio de empréstimo gratuito, à distribuidora local e posteriormente compensada com o consumo de energia elétrica ativa. ” O prazo para o consumo do empréstimo é de 60 meses. A Resolução Normativa Nº687 [2] também define geração compartilhada. A partir desta resolução é possível compartilhar a GD, dentro da mesma área de concessão, através de um consórcio ou cooperativa. As pessoas, físicas ou jurídicas, que fazem parte do consórcio ou da cooperativa, podem usar a energia gerada em um local comum para compensar a energia consumida em outros locais. Ainda é possível o autoconsumo remoto, ou seja, o consumidor pode instalar GD em um local próprio e compensar essa energia gerada em outro local de sua propriedade. Existem várias tecnologias que podem ser empregadas na GD, conforme Tabela 4. Para o setor residencial, a principal fonte de energia a ser considerada é a solar fotovoltaica, seguida dos geradores eólicos. 27 Tabela 4. Tecnologias para a GD [38] Tecnologia Tamanho típico por módulo 35MW – 400 MW Turbina de ciclo de gás combinado 5kW – 10MW Máquinas de combustão interna 1MW – 250MW Turbina de combustão 35kW – 1MW Micro-turbinas Renováveis 1MW – 100MW Pequena hidroelétrica Micro hidroelétrica 25kW - 1MW Turbina eólica 200 W – 3MW Módulos fotovoltaicos 20 W – 100kW Solar térmico, receptor central 1MW – 10MW Solar térmico, sistema Lutz 10MW – 80MW Biomassa, por exemplo, baseada em 100kW – 20MW gaseificação Células combustíveis, ácido fosfórico 200kW – 2MW Células combustíveis, Carbonato fundido 250kW – 2MW Células combustíveis, troca de prótons 1kW – 250kW Células combustíveis, óxido sólido 250kW – 5MW Geotérmica 5MW – 100MW Energia do oceano 100 kW – 1MW Motor Stirling 2.2.1.1. 2kW – 10kW GERAÇÃO SOLAR FOTOVOLTAICA EM CONSUMIDORES RESIDENCIAIS O potencial de utilização dos sistemas FV no Brasil é alto comparado a países que já tem muitos sistemas em funcionamento. A potência gerada pelo sistema FV é proporcional à insolação na região. O Brasil apresenta valores de insolação diária entre 4500 Wh/m² e 6000 Wh/m². Na Alemanha, onde 7,5% da energia consumida é proveniente de fontes FV, a insolação fica em torno de 3500 Wh/m² [40, 41]. 28 A energia solar FV é coletada através células capazes de transformar energia solar em elétrica. As tecnologias de células FV mais comuns encontradas no mercado são a do silício monocristalino, a do silício policristalino e a do filme fino de silício [40]. A Figura 2 mostra as células de silício monocristalino, policristalino e filme fino. As células FV são agrupadas em módulos, painéis ou placas que podem ser colocadas em telhados, lajes, em algum espaço não utilizado. A Figura 3 mostra painéis FV montados em um telhado e no chão. A tecnologia de filme fino também permite a fabricação de rolos maleáveis que podem ser adaptados à arquitetura das construções, como mostra a Figura 4. Também existe a tecnologia de vidros fotovoltaicos, que podem ser fabricados com filme fino ou silício cristalino [42]. A Figura 5 mostra uma aplicação para os vidros fotovoltaicos. Figura 2. Células fotovoltaicas (Adaptado de [43]) Figura 3. Painéis instalados no telhado e no chão (Fontes: [44] e [45]) 29 Figura 4. Rolo de filme fino e sua aplicação (Fontes: [46]) Figura 5. Vidro fotovoltaico aplicado em um prédio (Fonte: [47]) Apesar das diversas soluções existentes para o uso da energia solar FV, a mais utilizada é o painel. Em consumidores residenciais, esses painéis podem ser instalados no chão, em lajes ou no telhado. No chão e em lajes a instalação é parecida, sendo necessária uma estrutura de apoio. Como essa estrutura deve ser construída, os painéis podem ser instalados de forma a gerar mais energia ao longo do ano, voltados para o norte geográfico e com inclinação de acordo com a latitude. A instalação no telhado geralmente é mais prática por aproveitar sua inclinação, mas nesse caso não é possível maximizar o potencial de geração. A fixação dos 30 módulos no telhado é fácil, utiliza poucos componentes e é feita com técnicas semelhantes às empregadas na instalação de coletores solares térmicos. O painel FV gera uma corrente contínua e sua tensão elétrica depende de sua corrente e vice-versa. A relação entre a corrente e a tensão é exemplificada no gráfico da Figura 6. A corrente de curto-circuito é a corrente correspondente à tensão igual a zero Volts, a tensão em aberto é a tensão correspondente à corrente igual a zero Ampère e o ponto de máxima potência é o ponto onde a multiplicação das duas é máxima. A curva característica também muda de acordo com a temperatura e a irradiação. As especificações do painel que são testadas em laboratório geralmente estão no padrão Standard Test Conditions (STC), que considera irradiância de 1000W/m² e temperatura de 25ºC da célula solar [40]. Figura 6. Exemplo de curvas características I – V A conexão do sistema FV à rede elétrica é simples mas exige alguns requisitos de proteção, como apresentado na Figura 7. Os módulos podem ser ligados em conjunto e devem ser conectados à rede elétrica através de um inversor CC-CA específico para este fim. Um agrupamento de módulos é chamado de arranjo, conjunto ou array e um conjunto de módulos em série é chamado de string. Na ligação dos módulos em série, a tensão do sistema corresponde à soma das tensões nos módulos e a corrente é a mesma. Na ligação dos módulos em paralelo acontece o contrário, a corrente fornecida pelo conjunto é a soma das correntes de cada módulo e a tensão é a mesma. 31 O inversor para conexão à rede possui um sistema eletrônico de controle sofisticado que o transforma em uma fonte de corrente. A função desse sistema é garantir a qualidade da energia elétrica, fornecendo em sua saída uma corrente em formato senoidal sincronizada com a tensão da rede. Em caso de falta de energia na rede elétrica, o inversor deve se desconectar, para a segurança de equipamentos e pessoas que estejam fazendo manutenção [40]. Figura 7. Ligações e componentes de um sistema FV conectado à rede (Adaptado de [40]) 2.2.1.2. GERAÇÃO DE ENERGIA EÓLICA EM CONSUMIDORES RESIDENCIAIS O aproveitamento do vento para gerar energia e trabalho não é recente. Desde a antiguidade o vento é utilizado para mover barcos a vela. Existem registros Persas apontando que moinhos de vento eram utilizados para moagem de grãos e bombeamento de água desde o século VII d.C. Para geração de eletricidade, a primeira turbina eólica foi construída por volta dos anos 1890, mas foi a partir da década de 1970 que a tecnologia evoluiu [48]. Hoje existem grandes turbinas gerando eletricidade em extensos parques de geração eólica, mas também é possível gerar eletricidade em pequena escala através de microturbinas. 32 Em consumidores residenciais são utilizadas turbinas de escala pequena, que podem ter três tamanhos: micro, mini e household. As características de cada classe de tamanho são apresentadas na Tabela 5. As microturbinas são as menores e geralmente possuem diâmetros menores que 1,25 m. As miniturbinas, com menos de três metros de diâmetro, tem um tamanho intermediário. As turbinas do tamanho household são as maiores das pequenas turbinas e abrangem um amplo espectro [49]. A Figura 8 mostra exemplos de cada classe de pequenas turbinas. Tabela 5. Características de turbinas eólicas de pequena escala [50] Classe de tamanho Diâmetro do rotor (m) Área varrida (m²) Micro 0,5 - 1,25 Mini Household Potência Nominal (kW) Mínima Máxima 0,5 - 1,2 0,04 0,25 1,25 - 3 1,2 - 7,1 0,25 1,4 3 - 10 7 - 79 1,4 16 Figura 8. Turbinas eólicas de tamanhos micro, mini e household respectivamente (Fontes: [51, 52, 53]) As turbinas eólicas convencionais são de eixo horizontal e possuem três hélices, mas existem outros tipos de turbinas. As turbinas de eixo vertical não apresentam problemas com orientação do vento e seu gerador pode ser instalado no solo. A maior desvantagem desse tipo de turbina é sua montagem próxima ao solo, onde a velocidade dos ventos é menor [49]. A Figura 9 mostra exemplo de turbinas com eixo vertical. As turbinas de eixo horizontal podem ser classificadas como upwind e downwind (Figura 10). As turbinas upwind ficam posicionadas de frente para a direção do vento e possuem alguns dispositivos para apontar o rotor na direção certa. Pequenas turbinas possuem uma pá 33 de orientação para seu direcionamento, e turbinas maiores possuem um sistema de controle de alinhamento (Yaw control). As turbinas downwind não precisam de sistema de direcionamento, mas a turbulência devido a sua torre é maior [50]. Figura 9. Exemplos de turbina eólica de eixo vertical. (Fonte: [54]) Figura 10. Classificação Upwind e Downwind em turbinas de eixo vertical. (Fonte: [55]) As turbinas de eixo horizontal também podem apresentar diferentes números de hélices. Turbinas eólicas precisam de apenas uma hélice para funcionar. Um maior número de hélices traz mais estabilidade ao sistema, mas aumenta os custos. A maior parte das turbinas possui três hélices, porém existem turbinas com uma ou duas hélices e turbinas com mais hélices. Turbinas com menos hélices geralmente são turbinas maiores, porque isso faz diferença no 34 custo de fabricação, e turbinas com múltiplas hélices geralmente são de pequeno porte [49, 50]. No começo dos anos 1980 o mais comum era que as pequenas turbinas eólicas fossem construídas com geradores de indução assíncronos. Esses geradores usam a energia da rede elétrica para magnetizar seu campo então as tensões e correntes produzidas são sincronizadas com a rede. Atualmente a maioria das pequenas turbinas para conexão pelo consumidor possuem geradores de imãs permanentes e alimentam um inversor que fornece energia para a rede. Assim como nos sistemas FV, o inversor deve ser específico para a conexão à rede, ou seja, deve ser capaz de entregar energia de qualidade, colocando as tensões e correntes do gerador no padrão da energia entregue pela concessionária [50]. 2.2.2. ARMAZENAMENTO DISTRIBUÍDO DE ENERGIA ADEs são sistemas de armazenamento de energia estacionários que ficam localizados no usuário ou perto dele. Esses sistemas são tipicamente utilizados em aplicações críticas, como data centers, para o caso de falta de energia na rede elétrica. Mas também é possível utilizar esses sistemas para deslocar o consumo de energia elétrica do horário de pico para outros horários mais convenientes. As vantagens dessa utilização incluem a redução no gasto com energia; a possibilidade de usar o sistema em caso de falta de energia; maior uso de geradores mais limpos e eficientes, mas que são capazes de gerar apenas em determinados horários; alivio de sobrecargas no sistema elétrico; e ajuda às concessionárias a gerenciar o pico da demanda, melhorar o fator de carga, e melhorar a confiabilidade e qualidade no suprimento de eletricidade. O armazenamento de energia elétrica geralmente consiste em transformá-la em outro tipo de energia, como química, potencial ou cinética. As tecnologias usualmente empregadas são: Baterias; Volante de inércia, do inglês flywheel; Ar-comprimido; Bombas hidráulicas; Capacitores; Geração de hidrogênio; Armazenamento de energia magnética através de supercondutores. 35 As baterias consistem no meio mais comum de armazenar energia. As tecnologias consolidadas para fabricação de baterias são chumbo-ácido, níquel-cádmio e níquel-metalhíbrido. Tecnologias mais recentes incluem íons de lítio, sódio-cloreto de níquel, sódio enxofre, redução de vanádio e zinco-bromo [56]. As baterias mais utilizadas no ADE são baterias estacionárias de chumbo-ácido. Essas baterias são próprias para aplicação estacionária, podendo ser utilizadas em: PABX (do inglês Private Automatic Branch Exchange), energia solar, centrais telefônicas, subestações elétricas, centrais de computador (no-breaks), e estações de telecomunicação de pequeno porte [57]. Além dessas aplicações, elas também podem ser utilizadas para armazenamento de energia com objetivo de deslocamento de carga. Variáveis relacionadas com o ADE em baterias, tais como valores de máximo e mínimo estado de carga, capacidade de carga e descarga e as taxas limites das rampas de subida e descida, são representadas pelas Equações 1, 2, 3, 4 e 5 [58]. 𝑆𝑂𝐶 𝑡 = 𝑆𝑂𝐶 𝑡−1 . (1 − 𝛿) + 𝑡 𝑃𝐵𝐴𝑇 ={ 𝑡 𝑃𝐵𝐴𝑇 . ∆𝑡. 𝜂𝐵𝐴𝑇 𝐶𝐵𝐴𝑇 . 𝑉𝐵𝐴𝑇 𝑡 +𝑃𝐵𝐴𝑇 , 𝑐𝑎𝑟𝑟𝑒𝑔𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑡 −𝑃𝐵𝐴𝑇 , 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑎𝑟𝑟𝑒𝑔𝑎𝑛𝑑𝑜 (1) (2) 𝑡 𝑡 𝑡 𝑃𝐵𝐴𝑇,𝑚𝑖𝑛 ≤ 𝑃𝐵𝐴𝑇 ≤ 𝑃𝐵𝐴𝑇,𝑚𝑎𝑥 (3) 𝑅𝑈𝐵𝐴𝑇 = 𝑅𝐷𝐵𝐴𝑇 = 0,2. 𝐶𝐵𝐴𝑇 . 𝑉𝐵𝐴𝑇 (4) 𝑆𝑂𝐶𝑚𝑖𝑛 ≤ 𝑆𝑂𝐶 𝑡 ≤ 𝑆𝑂𝐶𝑚𝑎𝑥 (5) Onde: 𝑆𝑂𝐶 é o estado de carga, 𝛿 é a taxa de auto descarga, 𝑃𝐵𝐴𝑇 é a potência de fornecimento, ∆𝑡 é o tempo de carregamento, 𝜂𝐵𝐴𝑇 é a eficiência da bateria, 𝐶𝐵𝐴𝑇 é a capacidade da bateria, 𝑉𝐵𝐴𝑇 é a tensão nominal, 𝑅𝑈𝐵𝐴𝑇 é a taxa limite da rampa de subida e 𝑅𝐷𝐵𝐴𝑇 é a taxa limite da rampa de descida. Outro tipo de baterias que podem ser utilizadas para fazer deslocamento de carga são as baterias presentes nos Veículos Elétricos à Bateria (VEB), do inglês Battery Electric Vehicles (BEV), e nos Veículos Elétricos Híbridos Plugáveis (VEHP), do inglês Plug-in Hybrid Electric Vehicles (PHEV). Esses veículos possuem um motor elétrico que é alimentado por baterias previamente carregadas na rede elétrica. Essas baterias também podem fornecer energia à rede, se descarregadas com o veículo conectado [59]. Deste modo, o veículo pode funcionar como ADE. 36 2.2.3. RESPOSTA DA DEMANDA De acordo com [5] “RD pode ser definida como mudanças no uso da eletricidade e dos padrões normais de consumo, pelos consumidores finais, em resposta a mudanças no preço da eletricidade ao longo do tempo”. O Departamento de Energia dos Estados Unidos da América (EUA) acrescenta em [60] que DR também pode ser a mudança nos hábitos de consumo para pagamentos de incentivo designados a induzir a redução do consumo em horários com maiores preços ou quando a confiabilidade do sistema é comprometida. A Agência Internacional de Energia (IEA, do inglês International Energy Agency) tem uma definição mais voltada para o mercado, dizendo que DR se refere a um conjunto de estratégias que podem ser usadas em mercados de energia elétrica competitivos para aumentar a participação dos consumidores na definição dos preços [61]. Essa mudança nos hábitos do consumidor, prevista na RD, pode ser de três formas [5]: 1. Reduzindo o consumo no horário de pico, quando a energia é mais cara, e não alterando o consumo nos outros períodos. Essa opção pode diminuir o conforto do usuário, porque uma das maneiras de fazer isso é mudando o termostato dos aquecedores e condicionadores de ar; 2. Reduzindo o consumo no horário de pico, e deslocando o consumo para outros períodos de energia mais barata; 3. Usando GD para compensar a energia consumida. Pelo lado da concessionária de energia elétrica é usado o termo GLD, do inglês Demandside Management (DSM). GLD é definido como o planejamento, implementação e monitoramento das atividades da concessionária voltadas para influenciar o consumidor a usar a energia elétrica de modo a produzir as mudanças desejadas em sua curva de carga, ou seja, mudanças no tamanho e no tempo de uso das cargas. Esse é um termo bem abrangente que inclui gerenciamento de carga, conservação de energia, GD e ajustes no mercado [62]. GLD abrange tudo o que é feito no lado da demanda de um sistema de energia, desde troca de lâmpadas e eletrodomésticos por mais eficientes até complexos sistemas de gerenciamento de carga [63]. Um GLD mais complexo pode estar associado a RIs, que são redes onde a energia flui de forma multidirecional, ou seja, em todas as direções: das grandes usinas para os consumidores, das fontes renováveis distribuídas pela rede para os consumidores e da geração 37 residencial para a rede [64]. A rede de energia elétrica do futuro vai ser capaz de integrar a cogeração das indústrias, os edifícios de energia zero e as casas inteligentes com veículos elétricos aos sistemas de geração centralizada e transmissão, conforme Figura 11. COGERAÇÃO EDIFÍCIOS DE ENERGIA ZERO CASAS INTELIGENTES Figura 11. Rede Inteligente (Adaptado de [65]) 2.3. CARACTERIZAÇÃO DE CARGAS RESIDENCIAIS Segundo a Pesquisa de Posse de Equipamentos e Hábitos de Uso realizada em 2005 pelo PROCEL [66], os eletrodomésticos com maior participação no consumo das residências são: o chuveiro elétrico, a geladeira e o condicionamento ambiental. O condicionamento ambiental se refere a aparelhos convencionais, que resfriam o ambiente, e aparelhos que podem funcionar com ciclo reverso, que resfriam e aquecem o ambiente. Essa pesquisa, apesar de desatualizada, ainda é a principal referência para os hábitos de consumo dos brasileiros. A Figura 12 mostra a participação dos eletrodomésticos no consumo residencial. Em [66], o PROCEL também apresenta curvas de carga diárias, que representam um consumidor hipotético, podendo ter dois significados: “trata-se da divisão da curva de carga diária típica da classe residencial do país ou da região, respectivamente, pelo número de consumidores atendidos ou, ainda, reflete o consumo diário de energia elétrica de tal consumidor, considerando as frações dos equipamentos possuídos e expandidos para o 38 universo de consumidores, bem como os hábitos de uso, que foram distribuídos ao longo de um dia típico, conforme declaração obtida por amostragem”. Lâmpadas 14% Chuveiro elétrico 24% Freezer 5% Geladeira 22% Condicionamento ambiental 20% Ferro 3% Som 3% TV 9% Figura 12. Participação dos eletrodomésticos no consumo residencial brasileiro. (Adaptado de [66]) A Figura 13 e a Figura 14 mostram as curvas de carga diárias para o Brasil e para suas regiões. Essas curvas apresentam dois picos, um de manhã e outro no começo da noite. Na Figura 13 referente ao Brasil, pode-se observar um alto consumo para o chuveiro elétrico e para o condicionamento ambiental, principalmente nos horários de pico. A TV e as lâmpadas são mais utilizadas no período noturno, a geladeira e o freezer têm um consumo médio constante, e os outros equipamentos tem parcela menor no consumo dispersa ao longo do dia. A Figura 14 mostra as peculiaridades de cada região. A região norte, por ser a região mais quente, é a que menos utiliza o chuveiro elétrico, seguida da região nordeste. Essas regiões apresentam um grande consumo para o condicionamento de ar, assim como a região sul. O consumo dos outros eletrodomésticos não apresenta diferenças significativas. Algumas cargas residenciais podem ser controladas de acordo com algumas restrições técnicas, da preferência do usuário e da qualidade do serviço que deve ser entregue. Deve ser verificado se é possível adiar, adiantar ou interromper os ciclos de trabalho, assim como se a carga tem parâmetros termostáticos controláveis [67]. Segundo [67], as cargas residenciais podem ser divididas em quatro grupos: 39 Cargas incontroláveis ou não-controláveis: cargas que não podem ser alvo de nenhum tipo de ação automática de RD; Cargas reparametrizáveis: cargas controladas por termostato que podem ter seus parâmetros de temperatura modificados; Figura 13. Curva de Carga Diária Média Residencial no Brasil (Fonte: [66]) Cargas interrompíveis: cargas cujo ciclo pode ser interrompido durante um curto período de tempo; Cargas deslocáveis: cargas que podem ser utilizadas em outro período do dia e podem ter seu uso adiantado ou adiado. Cargas cujo uso pode ser gerenciado são chamadas de cargas gerenciáveis e cargas cujo uso não pode ser gerenciado são chamadas de cargas não gerenciáveis. Não há uma definição fixa para a escolha do grupo a que cada carga pertence, ficando a critério do usuário essa classificação. Um usuário mais flexível pode aceitar gerenciar vários de seus equipamentos, já um usuário conservador pode aceitar o gerenciamento de poucos equipamentos. Cargas gerenciáveis podem ser cargas controláveis ou cargas que podem ter o uso sugerido. Cargas não gerenciáveis são cargas incontroláveis para as quais o usuário não aceita sugestão de uso. 40 Figura 14. Curvas de carga diárias médias residenciais por região (Fonte: [66]) 2.4. ENERGIA ELÉTRICA NO BRASIL E O SETOR RESIDENCIAL A geração de energia no Brasil ainda é baseada em geração centralizada, e a principal fonte de geração no Brasil é a hidrelétrica, porém esse cenário está mudando aos poucos. A Tabela 6 mostra o crescimento da capacidade instalada por fonte, mas não inclui GD. 41 Tabela 6. Capacidade instalada por fonte (Fonte: [68]) 2014 (MW) 2015 (MW) Δ 2014/2015 Hidrelétrica 89.195 91.650 2,8% Biomassa, gás, petróleo e 37.827 39.564 4,6% Nuclear 1.990 1.990 0,0% Eólica 4.903 7.633 56,2% Solar 15 21 42,3% 133.914 140.858 5,2% Fonte carvão Capacidade disponível A capacidade instalada da maioria das fontes aumentou, apenas a energia nuclear não foi expandida. As novas fontes de energia renovável, solar e eólica, apresentaram um aumento expressivo em sua capacidade instalada. A energia eólica já vem ganhando espaço há algum tempo, e agora a energia solar também apresenta grande crescimento. A Tabela 7 mostra a capacidade instalada de GD em 2015. Tabela 7. Capacidade instalada de GD (Fonte: [68]) Fonte 2015 (MW) Hidráulica 0,8 Térmica 2,3 Eólica 0,1 Solar 13,3 Capacidade disponível 16,5 A capacidade instalada de GD ainda representa 0,01% da geração centralizada, mas está se tornando cada vez mais presente. A Figura 15 mostra a Matriz Elétrica Brasileira para 2013, 2014 e 2015. 42 Brasil (2015) Nuclear (2,4%) Carvão e derivados¹ (4,5%) Derivados de Petróleo (4,8%) Gás Natural 12,9%) Solar Fotovoltaica (0,01%) Eólica (3,5%) Hidráulica² (64,0%) Biomassa³ (8,0%) 1 Inclui gás de coqueria 2 Inclui importação 3 Inclui lenha, bagaço de cana, lixívia e outras fontes primárias Brasil (2013) Brasil (2014) Derivados Nuclear de (2,5%) Petróleo (5,7%) Carvão e derivados¹ (4,3%) Derivados de Petróleo (5,3%) Gás Natural (11,3%) Eólica (1,1%) Gás Natural (13,0%) Eólica (2,0%) Biomassa³ (7,4%) Nuclear Carvão e (2,5%) derivados¹ (2,6%) Biomassa³ (6,6%) Hidráulica² (65,2%) Hidráulica² (70,6%) Figura 15. Matriz Elétrica Brasileira (Adaptado de: [68], [69] e [4]) A participação da principal energia utilizada, a hidráulica, diminuiu entre 2013 e 2015. Isso aconteceu principalmente devido às condições climáticas desfavoráveis a esse tipo de geração, apesar do aumento da capacidade instalada. Em contrapartida, os outros tipos de energia renovável aumentaram sua participação no mesmo período. Os aumentos mais significativos são das participações das energias solar fotovoltaica e eólica. A participação da energia eólica aumentou mais que três vezes no período, e a energia solar começa a aparecer na matriz elétrica de 2015. A participação da biomassa também aumentou, passando de 6,6% em 2013 para 8,0% em 2015. As fontes de energia não-renováveis tiveram um aumento considerável de 2013 para 2014 para suprir a necessidade de abastecimento no período de 43 seca. Porém, em 2015, a participação das fontes não-renováveis não teve um aumento significativo. A Tabela 8 mostra consumo de energia elétrica no Brasil por setor. O consumo de energia elétrica diminuiu de 2014 para 2015 devido, dentre outros fatores, à crise econômica que o país tem enfrentado. O setor residencial é o segundo maior consumidor do país. Depois de um período de sucessivos aumentos no consumo, o setor apresentou uma queda em 2015. Essa reação aconteceu com o aumento da taxa desemprego, do custo da energia elétrica e da crise hídrica, que ajudou na conscientização das pessoas em relação ao consumo excessivo de energia elétrica. Tabela 8. Consumo de energia elétrica por setor Setor Industrial Residencial Perdas Comercial Público Setor Energético Agropecuário Transportes 2014 Energia (TWh) 205,9 132,0 93,2 90,6 42,6 % 33 21,2 14,9 14,5 6,8 2015 Energia (TWh) 196,6 131,3 93,0 91,4 42,7 31,2 26,7 1,9 5,0 4,3 0,3 31,9 26,9 2,1 Δ % 2014/2015 31,9 -4,52% 21,3 -0,53% 15,1 -0,21% 14,8 0,88% 6,9 0,23% 5,2 4,4 0,3 2,24% 0,75% 10,53% 2.5. TARIFAS PARA CONSUMIDORES RESIDENCIAIS Os consumidores de energia elétrica são classificados em dois grupos: A e B. O grupo A corresponde aos consumidores de alta tensão, com tensão de fornecimento igual ou maior a 2,3 kV, ou que são atendidos a partir de sistema subterrâneo de distribuição secundária. O grupo B corresponde aos consumidores de baixa tensão, com tensão de fornecimento inferior a 2,3 kV, e com tarifa aplicada apenas ao consumo, chamada de tarifa monômia. Os grupos A e B são divididos em subgrupos, seis para o grupo A e quatro para o grupo B. Indústrias e estabelecimentos comerciais de grande porte se enquadram nos subgrupos que compõem o grupo A. O grupo B é subdividido em consumidores residenciais (B1); 44 consumidores rurais (B2); pequenos consumidores comerciais e industriais (B3); e iluminação pública (B4). A classe residencial, pertencente ao grupo B1, corresponde às unidades consumidoras com fim residencial e está dividida em seis subclasses: I – residencial; II – residencial baixa renda; III – residencial baixa renda indígena; IV – residencial baixa renda quilombola; V – residencial baixa renda benefício de prestação continuada de assistência social – BPC; e VI – residencial de baixa renda multifamiliar. Os consumidores são cobrados pelo consumo de energia elétrica através da conta recebida da empresa distribuidora. Para consumidores residenciais, o valor da conta é o consumo de energia, em kWh, multiplicado pela tarifa mais impostos. A tarifa é o valor monetário determinado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), e é dividida em dois grupos: tarifa de energia (TE) e tarifa de uso do sistema de distribuição (TUSD). A TE é o valor monetário unitário, em R$/MWh, utilizado para cobrar o consumo de energia. Para consumidores residenciais, a TUSD é o valor monetário unitário, em R$/MWh, utilizado para fazer a cobrança pelo uso do sistema de distribuição [3]. Sobre as tarifas incidem os tributos aplicáveis, que consistem em tributos federais, estaduais e municipais. Os tributos federais são o Programa de Integração Social (PIS) e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS), e são cobrados pela união com o objetivo de manter programas voltados ao trabalhador e atender programas sociais do Governo Federal. A alíquota média desses tributos varia com o volume de créditos apurados mensalmente pelas concessionárias e com o PIS e a COFINS pagos sobre custos e despesas no mesmo período, tais como a energia adquirida para revenda ao consumidor. O tributo estadual é o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). O ICMS é regulamentado pelo código tributário de cada estado, ou seja, estabelecido em lei pelas casas legislativas, por isso, pode variar [70]. Pensando nos consumidores que possuem GD, o Conselho Nacional de Política Fazendária (CONFAZ) propõe um convênio que autoriza a conceder isenção nas operações internas relativas à circulação de energia elétrica, sujeitas a faturamento sob o Sistema de Compensação de Energia Elétrica de que trata a Resolução Normativa nº 482, de 2012, da Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL. Através desse convênio os Estados passam a cobrar o ICMS apenas do excedente de energia consumida. Os Estados que aderiram ao convênio até o presente momento são: Acre, Alagoas, 45 Bahia, Ceará, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, São Paulo, Tocantins e o Distrito Federal [71]. A cobrança desses impostos é chamada “por dentro”, ou seja, seus valores integram a própria base de cálculo sobre a qual incidem suas respectivas alíquotas. O cálculo do valor a ser cobrado do consumidor é explicitado na Equação 6. 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑎 𝑠𝑒𝑟 𝑐𝑜𝑏𝑟𝑎𝑑𝑜 𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑖𝑑𝑜𝑟 = 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑎 𝑡𝑎𝑟𝑖𝑓𝑎 𝑝𝑢𝑏𝑙𝑖𝑐𝑎𝑑𝑎 𝑝𝑒𝑙𝑎 𝐴𝑁𝐸𝐸𝐿 1 − (𝑃𝐼𝑆 + 𝐶𝑂𝑁𝐹𝐼𝑁𝑆 + 𝐼𝐶𝑀𝑆) (6) O imposto municipal é a Contribuição para Custeio do Serviço de Iluminação Pública (CIP). Esse imposto é uma taxa que o munícipio estabelece para o custeio da iluminação pública e é somado ao valor a ser cobrado do consumidor [70]. As tarifas podem ter diferentes formatos, que são definidos por modalidades tarifárias. Para consumidores residenciais existem duas modalidades: modalidade tarifária convencional monômia (tarifa convencional) e modalidade tarifária horária branca (tarifa branca). Na primeira, a tarifa é a mesma ao longo do dia e na segunda a tarifa varia de acordo com os horários do dia [3]. A diferenciação dos valores da tarifa branca se dá através da definição de três postos tarifários [3, 72]: Posto tarifário ponta: Período de três horas consecutivas definidas pela distribuidora no horário de pico de seu sistema (não aplicável nos sábados, domingos e feriados); Posto tarifário intermediário: Período de duas horas, sendo uma imediatamente anterior e outra imediatamente posterior ao posto tarifário ponta (não aplicável nos sábados, domingos e feriados); Posto tarifário fora de ponta: Período composto pelas horas não abrangidas pelos postos tarifários intermediário e ponta, contando os sábados, domingos e feriados. A Figura 16 é apresentada para comparar a modalidades tarifárias convencional e branca. A linha preta representa o valor relativo da tarifa convencional e as barras representam os valores correspondentes da tarifa branca. Para os dias úteis, o valor para os períodos fora de 46 ponta é sempre menor que o valor da tarifa convencional, o valor para o período intermediário é ligeiramente mais alto e o valor para o período de ponta é bem mais alto. Nos sábados, domingos e feriados, o valor da tarifa branca é sempre mais baixo, pois é adotado o valor para o período fora de ponta. Para a aplicação da Tarifa Branca, o medidor de energia deve ser um medidor eletrônico, capaz de separar o consumo de energia nos diferentes postos tarifários. Como os medidores atuais não possuem esta função será necessária a troca dos medidores dos consumidores que Sábados, domingos e feriados Tarifa relativa Tarifa relativa Dias úteis 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 0 2 4 6 8 Horas do dia Horas do dia Tarifa branca: Fora de ponta Tarifa branca: Intermediário Tarifa branca: Ponta Tarifa convencional 10 12 14 16 18 20 22 Tarifa branca Tarifa convencional Figura 16. Modalidades tarifárias para consumidores residenciais. (Adaptado de [73]) optarem pela Tarifa Branca. Pela definição da ANEEL o consumidor poderá optar por dois tipos de medidor: um modelo mais simples e gratuito, devendo a distribuidora arcar com seu custo; ou um modelo mais completo, capaz de fornecer informações específicas e individualizadas sobre o serviço prestado, porém sua instalação pode ser cobrada pela distribuidora [74]. Para a tarifa branca ser uma opção real, esses medidores ainda precisam ser homologados pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). Independente do tipo da tarifa, a partir de 2015, a energia começou a ser cobrada de maneira diferente dependendo do tipo de geração que é utilizada, e a conta de energia elétrica passou a utilizar o Sistema de Bandeiras Tarifárias [3]. Esse sistema possui três bandeiras verde, amarela e vermelha - que indicam as seguintes situações [75]: Bandeira Verde: condições favoráveis de geração de energia, ou seja, grande uso de fontes com menor custo de geração, como a hidrelétrica. A tarifa não sofre nenhum acréscimo; 47 Bandeira Amarela: condições de geração menos favoráveis. A tarifa sofre acréscimo de R$ 0,025 para cada quilowatt-hora (kWh) consumidos; Bandeira Vermelha: condições mais custosas de geração, ou seja, grande uso de fontes com maior custo de geração, como a termoelétrica. A tarifa sofre acréscimo de R$ 0,055 para cada quilowatt-hora kWh consumidos. 3. FERRAMENTAS UTILIZADAS 3.1. OTIMIZAÇÃO POR ENXAME DE PARTÍCULAS O PSO foi o algoritmo escolhido para encontrar soluções para o gerenciamento de energia. Algumas razões para a escolha do PSO são: compreende um conceito muito simples, pode ser implementada em apenas algumas linhas de código, requer apenas operadores matemáticos primitivos, e possui boas características quanto aos requisitos de memória e velocidade [76, 77]. PSO é uma técnica de otimização estocástica baseada em população [78]. Métodos estocásticos, que apresentam um forte componente aleatório, foram desenvolvidos para vencer as fraquezas dos métodos de otimização clássicos, que seguem um caminho fixo. Nos métodos estocásticos encontrar a solução ótima não é garantia, mas em quase todos os casos são encontradas soluções muito boas [79]. No caso deste projeto, que faz sugestões de consumo ao usuário, obter respostas diferentes a cada utilização da PSO pode ser uma vantagem, pois dá poder de escolha ao usuário. Mesmo que a PSO não encontre a melhor solução em termos de custo, o usuário pode preferir a sugestão dessa solução. PSO tem origem em duas principais metodologias: vida artificial e computação evolutiva. A relação mais óbvia é com a vida artificial (A-life, do inglês artificial life). A PSO pode ser comparada com um bando de pássaros ou um cardume de peixes procurando por comida (Figura 17) e está diretamente relacionada com teoria de enxame. Também está associada à computação evolutiva e tem vínculos com AGs e estratégias de evolução [76, 77]. A PSO ocupa o espaço entre a busca evolutiva, que requer tempo, e o processamento neural, que acontece na ordem de milissegundos [76]. 48 PSO Figura 17. Comparação da PSO (Fontes: [80] e [81]) Nesse algoritmo, as soluções em potencial são chamadas de partículas e “voam” no hiperespaço, em busca de melhores soluções. Cada partícula possui posição, velocidade e tem a informação individual sobre sua busca. O conjunto de partículas, chamado de enxame, tem a informação global. O vetor posição representa a posição da partícula no espaço de busca e o vetor velocidade é responsável por guiar as mudanças da posição das partículas durante a execução do processo. O alvo que deve ser focado é indicado pela função fitness, que avalia o desempenho das partículas [76, 77, 82]. Dois tipos de implementação da PSO precisam ser considerados: canônico e binário. A diferença no cálculo dos dois tipos é a função que atualiza as posições. A Equação 8 é utilizada para o tipo canônico, e a Equação 9 para o tipo binário. A atualização das velocidades é dada pela Equação 7, independente do tipo de implementação utilizado. O algoritmo funciona da seguinte forma: a) as posições e velocidades das partículas são iniciadas aleatoriamente; b) depois, elas se movem de acordo com as Equações 7 e 8 para o tipo canônico, ou 7 e 9 para o tipo binário, em torno do espaço de soluções guiadas pelo fitness; c) os valores de fitness de todas as partículas são recalculados e as melhores posições são atualizadas se necessário. Esse procedimento é repetido a cada iteração. Ao final da simulação, o melhor global é tomado como solução do problema [76, 77, 82, 83]. 𝑉(𝑘 + 1) = 𝑤. 𝑉(𝑘) + 𝑐1 . 𝑅𝑛𝑑. (𝑝𝑏𝑒𝑠𝑡 − 𝑥(𝑘)) + 𝑐2 . 𝑅𝑛𝑑. (𝑔𝑏𝑒𝑠𝑡 − 𝑥(𝑘)) (7) 𝑥(𝑘 + 1) = 𝑥(𝑘) + 𝑉(𝑘 + 1) (8) 𝑥(𝑘 + 1) = 1 𝑠𝑒 𝑅𝑛𝑑 < 1 𝑒 −𝑉(𝑘+1) , 𝑐𝑎𝑠𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟á𝑟𝑖𝑜 𝑥(𝑘 + 1) = 0 (9) 49 Onde: V(k) é a velocidade da partícula; x(k) é a posição da partícula; w, c1 e c2 são os pesos dos momentos das partículas; Rnd é um número aleatório entre 0 e 1; pbest é o ótimo local da partícula; e gbest é o ótimo global. 3.1.1. OTIMIZAÇÃO POR ENXAME DE PARTÍCULAS COOPERATIVA Na otimização por enxame de partículas cooperativa (CPSO, do inglês Cooperative Particle Swarm Optimization) emprega-se o comportamento cooperativo para melhorar significativamente a performance do algoritmo original [84]. Segundo [85] “Cooperação envolve uma coleção de agentes que interagem comunicando informação uns aos outros enquanto resolvem um problema”. CPSO é baseada nessa ideia. O enxame é dividido em algumas partes, formando enxames menores. Cada enxame pequeno procura pela melhor solução baseando-se na função de fitness e usando a informação da melhor resposta dos outros enxames, ou seja, enxames trocam informação da melhor solução enquanto o problema é resolvido [84]. Este método, proposto por van den Bergh e Engelbrecht em [84], aplica em PSO a abordagem de cooperação coevolutiva empregada no método desenvolvido por Potter e De Jong [86] para AGs. A coevolução das espécies é representada através da interação de múltiplas subpopulações agindo de forma cooperativa para encontrar a solução [86]. definir b(j,z) = (P1. ŷ, P2. ŷ, . . . , Pj-1. ŷ, z, Pj+1. ŷ, . . . , Pn. ŷ) Criar e inicializar n PSOs: Pj, j ϵ [1..n] repetir: para cada enxame j ϵ [1..n] : para cada partícula i ϵ [1..s] : se f (b(j,Pj.xi)) < f (b(j,Pj.yi)) então Pj.yi = Pj.xi se f (b(j,Pj.yi)) < f (b(j,Pj.ŷ)) então Pj.ŷ = Pj.yi fim Atualizar Pj usando equações (7-9) fim até condição de parada verdadeira Figura 18. Pseudo-código da CPSO [84] 50 A Figura 18 mostra o pseudo-código correspondente à CPSO, onde P1-n representam os enxames, ŷ representa o melhor global, y1-s representam os melhores locais e x1-s representam as partículas. Em cada iteração, os fitness das partículas são recalculados, as melhores posições são atualizadas e o melhor global é guardado, mas em vez de fazer isso uma vez, o procedimento é repetido n vezes, sendo n o número de enxames. Para cada resolução, apenas a parte da partícula correspondente ao enxame atual é mudada. As outras partes são as melhores soluções dos outros enxames. Se esse procedimento encontrar uma solução melhor que a melhor solução atual, essa nova solução é salva e pode ser usada na resolução correspondente ao próximo enxame. Antes de começar as iterações, as melhores soluções são definidas resolvendo cada enxame separadamente. Quando o problema tem um grande número de variáveis de decisão, métodos estocásticos, como PSO, não são uma boa opção visto que suas performances diminuem quando a dimensão do espaço de busca aumenta. No entanto, esse problema pode ser resolvido com a cooperação coevolutiva. Dividindo a partícula, a dimensão do espaço de busca também é dividida e a dimensionalidade do problema é reduzida [84]. 3.2. GRIDLAB-D O GridLAB-D é um software de simulação de código aberto desenvolvido pelo Pacific Northwest National Laboratory (PNNL) em colaboração com a indústria e a academia através de recursos do U.S. Department of Energy Office of Electricity Delivery and Energy Reliability (DOE/OE). O GridLAB-D incorpora as técnicas mais avançadas de modelagem, possuindo um algoritmo capaz de simular milhões de dispositivos [87, 88]. Historicamente, os softwares de simulação eram desenvolvidos de maneira independente, dificultando a obtenção de resultados mais completos. A evolução dos sistemas elétricos que vivenciamos hoje necessita cada vez mais de integração. Novos paradigmas como a resposta da demanda, o armazenamento de energia, os mercados de varejo, os veículos elétricos, e uma nova geração de sistemas de automação requerem ferramentas de modelagem que também compreendam controle térmico de edifícios, armazenamento em bateria, carregamento de veículos elétricos, simuladores de mercado e controle detalhado dos sistemas de potência. O GridLAB-D foi 51 desenvolvido com o objetivo de preencher essa lacuna [89]. Seu núcleo inclui Sistemas de Potência, Sistemas de Controle, Edifícios e Mercados (Figura 19). O programa é desenvolvido em C++ e atualmente está na versão Jojoba 3.2. A interface com o usuário é feita através de parametrização de comandos criada a partir de arquivos .glm (GridLAB-D Modeling), que guiam a simulação e definem a estrutura do modelo. Nestes arquivos os usuários definem os parâmetros de cada componente, apresentam as condições iniciais e direcionam as saídas dos dados simulados, através de módulos, classes e objetos. Figura 19. Abrangência da ferramenta GridLAB-D [88] Dentre os objetos destacam-se os players e os recorders. Loadshapes e schedules também são estruturas importantes [64]. A Tabela 9 define as principais estruturas do GridLAB-D. Os módulos do GridLAB-D consistem em: Núcleo (Core), Clima (Climate), Cargas residenciais (Residential), Prédios Comerciais (Commercial), Cargas Industriais e rurais (Industrial and agricultural loads), Rede (Network), Geradores (Generator), Fluxo de Potência (Powerflow), Mercado (Market), Cargas programadas e perfis de carga (Schedules and Loadshapes), Confiabilidade (Reliability), Comunicações (Communications), Objetos do MatLab, Validador (Assert), Ajuste e Gravação (Tape) [64, 90]. A seguir, são descritos os módulos mais importantes para esse projeto. 52 3.2.1. MÓDULO CLIMA O módulo clima fornece uma interface que outros objetos podem usar para incluir dados climáticos em seus cálculos. Os dados de clima incluem temperatura, umidade, radiação solar e velocidade do vento. Casas e edifícios precisam dos dados de clima para calcular a temperatura interna. Geradores solares e eólicos também precisam desses dados para calcular a quantidade de energia gerada. Tabela 9. Definição das principais estruturas do GridLAB-D [64, 91] São usados pelo GridLAB-D para implementar classes e solvers Módulos (solucionadores). Os módulos definem as classes, por isso devem ser carregados antes delas. Definem quais propriedades são permitidas em objetos, e como Classes comportamentos são implementados. Cada classe precisa ser definida em um módulo. São instâncias das classes, então cada objeto pode ter seu próprio valor para cada propriedade enquanto divide comportamentos com outros objetos da mesma classe. Apresentam parâmetros que podem ser definidos pelo Objetos usuário, ou em caso de omissão, utiliza os valores padrão para cada parâmetro previamente inserido no código do GridLAB-D. Durante as simulações, o GridLAB-D vai manter as propriedades dos objetos sincronizadas umas com as outras para melhorar o tempo. Tornam possíveis alterações de um determinado objeto em tempos Players específicos, atuam diretamente sobre o arquivo. São o meio de mostrar os resultados ao usuário. Operam como um coletor de dados que podem ser acionados em determinado ponto do programa, em Recorders um tempo indicado de simulação ou ainda quando determinada condição (criada pelo programador) for atingida. Loadshapes e Atualizam informações recorrentes em um tempo específico de execução, Schedules atuam de modo similar aos players mas no core do aplicativo. Existem duas maneiras de se inserir os dados climáticos: arquivos .tmy2 (typical meteorological year), ou arquivos .csv (Comma-separated values). O arquivo .tmy2 é o tipo de arquivo padrão para dados climáticos do GridLAB-D. Nele os dados são agregados e suas médias são calculadas para fornecer uma linha de base típica para o clima de uma localização geográfica particular de um dado dia a uma dada hora [92]. O arquivo .csv não é específico para dados climáticos, mas caso não existam dados disponíveis em .tmy2, o usuário tem a possibilidade de criar um arquivo para ser utilizado pelo módulo climate [93]. Através do arquivo .csv é possível trabalhar com outros tipos de 53 dados climáticos, como por exemplo, os dados do projeto Solar and Wind Energy Resource Assessment (SWERA). O SWERA agrega dados de pesquisas solares e eólicas de um grande número de organizações internacionais, que estão disponíveis gratuitamente através de seu site [94]. 3.2.2. MÓDULO RESIDENCIAL O Módulo Residencial é capaz de simular uma residência através dos componentes: aquecedor de água, iluminação, lava-louças, fogão elétrico, micro-ondas, refrigerador, ganhos internos (cargas nas tomadas) e casa (cargas térmicas quentes/frias). As cargas térmicas são modeladas através de modelos simplificados de primeira ordem, como funções de alguns parâmetros agrupados: condutibilidade efetiva da envoltória, massa térmica e abertura solares efetivas, taxas de ventilação/infiltração, eficiências de equipamentos, tempo (módulo climático), ganhos internos de equipamentos e ocupantes, e ajustes de termostatos. Esse modelo simplificado, mesmo com um pequeno nível de detalhamento e precisão, consegue ultrapassar limitações e fornecer resultados razoáveis e apurados. Para os cálculos de carga os principais ganhos e perdas de calor que contribuem para a carga de resfriamento e aquecimento da edificação consistem em: 1. condução através das paredes externas, telhado e vidros das janelas; 2. ganhos/perdas de calor devido à infiltração do ar externo através de aberturas; 3. radiação solar através dos vidros das janelas; 4. ganhos internos de iluminação, pessoas, equipamentos. A carga térmica pode ser dividida em dois tipos: sensível e latente. A carga sensível está relacionada com a mudança na temperatura do ar e a carga latente está relacionada com a mudança na umidade do ar. Os itens 1 e 3 são cargas do tipo sensível que sofrem interferência externa à residência. Os itens 2 e 4 podem ser sensíveis ou latentes. O item 2 é causado por fontes externas enquanto o item 4 é referente ao calor gerado dentro da casa. A abordagem que o modelo utiliza para estimar as cargas térmicas é chamada de parâmetro térmico equivalente (ETP). Para facilitar os cálculos, é feito um modelo térmico em formato de circuito analógico (Figura 20), onde as propriedades da transferência de calor são 54 representadas por componentes elétricos equivalentes com parâmetros associados ao HVAC, ou AVAC (aquecimento, resfriamento e ar-condicionado) em português. Resolvendo o modelo é possível obter os valores para a temperatura do ar e temperatura da massa de ar simultaneamente em função do tempo. O consumo de energia pode ser obtido pela conversão das cargas térmicas através do uso de dados típicos de desempenho de carga de ar condicionado fornecido por fabricantes [95]. Figura 20. ETP modelo térmico para uma casa típica (Adaptado de [95]) Onde: Car = capacidade de calor do ar (Btu/ºF ou joules/ºC) Cmassa = capacidade de calor da massa (da edificação e seu conteúdo) (Btu/ºF ou joules/ºC) UAisol = o coeficiente de ganho/perda de calor (Btu/ºF·h ou W/ºC) para o ambiente UAmassa = o coeficiente de ganho/perda de calor (Btu/ºF·h ou W/ºC) entre ar e massa Tambiente = temperatura externa do ambiente (ºF ou ºC) Tar = tempera do ar dentro da casa (ºF ou ºC) Tmassa = temperatura da massa dentro da casa (ºF ou ºC) QHVAC = de calor para o HVAC (Btu/h ou W) 55 Qgan_int = taxa de calor de outros eletrodomésticos, cargas de tomadas, lâmpadas e pessoas na residência (Btu/h ou W) Qsolar = ganho de calor do sol (Btu/h ou W) Este modelo termodinâmico pode ser descrito como [95]: 𝑥̇ = 𝐴𝑥 + 𝐵𝑢 (10) 𝑦 = 𝐶𝑥 + 𝐷𝑢 (11) 𝑇̇ 𝑥̇ = [ 𝑎𝑟 ] ̇ 𝑇𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 1 − (𝑅 𝐶 + 2 𝑎𝑟 𝐴= [ 1 1 𝑅1 𝐶𝑎𝑟 𝑥= [ 𝑇𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 ] 𝑢=1 1 ) 𝑇0 𝑅2 𝐶𝑎𝑟 1 −𝑅 𝑅2 𝐶𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝐶= [ 𝑇𝑎𝑟 ] 𝐵 = [𝑅1𝐶𝑎𝑟 2 𝐶𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 1 0 0 ] 1 + 𝑄 𝐶𝑎𝑟 ] 0 0 𝐷= [ ] 0 Onde, R1 = UAisol R2 = UAmassa Q = QHVAC + Qsolar + Qgan_int T0 = CLTDc + Tar CLTD significa Cooling Load Temperature Difference e é usada para levar em conta os efeitos de armazenamento quando estimado os ganhos de condução do exterior das paredes, telhados e vidros. A CLTD não é a diferença atual de temperatura entre o ar externo e interno e sim um valor modificado que leva em conta os efeitos de armazenamento. Existem valores de CLTD para alguns tipos de construção, publicados na literatura, que levam em conta as seguintes condições: temperatura interna de 78ºF (25,56ºC); temperatura média externa projetada como sendo 85ºF (29,44ºC) para o dia escolhido; a data é 21 de julho (verão nos países do hemisfério norte); a localização é 40ºN de latitude. Em condições diferentes, é necessário corrigir o valor da CLTD através da Equação 12. 𝐶𝐿𝑇𝐷𝐶 = 𝐶𝐿𝑇𝐷 + 𝐿𝑀 + (78 − 𝑇𝑎𝑟 ) + (𝑇𝑎 − 85) (12) 56 Onde, CLTDc = diferença de temperatura da carga de resfriamento corrigida (ºF) CLTD = diferença de temperatura tabelada LM = correção para a latitude e mês tabelados Tair = temperatura da sala (ºF) Ta = temperatura média externa no dia projetado (ºF) 3.2.3. MÓDULO GERADORES O Módulo Geradores integra alguns REDs. Com ele é possível adicionar baterias, armazenamento de energia, inversores, microturbinas, eletrônica de potência, retificadores e geradores diesel, solares e eólicos. Essencialmente os geradores podem ser modelados como cargas negativas. A conexão dos geradores se faz através de um medidor, que vê o gerador como uma carga com componentes do modelo ZIP [96, 97]. Os algoritmos de controle podem ser escritos explicitamente ou podem ser incluídos em um outro objeto. A maneira de incluir cada RED é através de seus respectivos objetos. Solar object é o objeto dos painéis solares. Nele é possível inserir todas as características do sistema FV, como por exemplo, o tipo do painel, se é conectado à rede, o tipo de instalação, e o ângulo, a orientação e a latitude da instalação. O solar object precisa ser conectado ao medidor através de um inversor. O inversor é representado pelo object inversor [97]. Windturbine_dg é o objeto referente aos geradores eólicos. Com ele é possível inserir seu próprio gerador ou escolher entre os 9 tipos já existentes no GridLAB-D. A seguir são apresentadas as turbinas eólicas conforme numeração do GridLAB-D: 0. Pequena Genérica Síncrona (Fortis Montana 5 kW); 1. Média Genérica Síncrona (Northwind 100, 100 kW) 2. Grande Genérica Síncrona (1.5 MW); 3. Pequena Genérica Indutiva (Mesmo tamanho da síncrona); 4. Média Genérica Indutiva (Mesmo tamanho da síncrona); 5. Grande Genérica Indutiva (Mesmo tamanho da síncrona); 6. Definida pelo usuário; 57 7. Vestas V82 (1,65MW); 8. GE 25MW; 9. Bergey 10kW; 58 4. MÉTODOS E RESULTADOS Durante esta dissertação de mestrado foram desenvolvidas algumas metodologias visando atingir o mesmo objetivo: diminuir o valor da conta de energia elétrica em um consumidor residencial através da indicação do horário de uso ou do ajuste de parâmetros dos equipamentos. Essas metodologias fizeram parte do desenvolvimento do projeto e, apesar de serem complementares, apresentam peculiaridades. Os algoritmos foram implementados em MATLAB R2015b, e foi usado GridLAB-D para algumas aplicações específicas. Foram escolhidas duas cidades para servir de exemplo nas simulações: Santa Maria - RS, no Sul do Brasil, e Belém - PA, no Norte. As cidades escolhidas estão localizadas em regiões distintas do país para testar os algoritmos em climas contrastantes. Tabela 10. Dados climáticos de Belém em novembro Hora do dia 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 Velocidade Velocidade Radiação Temperatura do vento do vento solar direta (ºC) (m/s) (km/h) (Wh/m2) 24,8 0,3 1,08 0 24,6 0,3 1,08 0 24,4 0,3 1,08 0 24,2 0,4 1,44 0 24,2 0,4 1,44 0 23,8 0,3 1,08 0 24,4 0,3 1,08 35 26,5 1,1 3,96 257 28,2 2,5 9,00 385 29,2 2,9 10,44 421 30,4 2,7 9,72 378 30,9 2,9 10,44 350 31,2 2,6 9,36 334 30,7 3,6 12,96 264 29,7 3,7 13,32 231 29,0 3,5 12,6 196 28,2 2,8 10,08 126 27,5 2,2 7,92 13 26,7 1,8 6,48 0 26,4 1,6 5,76 0 26,0 1,9 6,84 0 25,7 1,4 5,04 0 25,4 1,2 4,32 0 25,2 0,8 2,88 0 24,8 0,3 1,08 0 Radiação solar difusa (Wh/m2) 0 0 0 0 0 0 44 144 217 295 386 415 413 404 336 244 137 31 0 0 0 0 0 0 0 Radiação solar global (Wh/m2) 0 0 0 0 0 0 49 241 444 617 721 747 730 637 511 358 183 33 0 0 0 0 0 0 0 Humidade % 91 93 93 94 94 94 93 85 77 72 67 64 63 67 73 76 79 83 86 86 87 88 89 89 91 Pressão (atm) 0,99810 0,99810 0,99810 0,99810 0,99810 0,99810 0,99810 0,99810 0,99810 0,99810 0,99810 0,99810 0,99810 0,99810 0,99810 0,99810 0,99810 0,99810 0,99810 0,99810 0,99810 0,99810 0,99810 0,99810 0,99810 59 Os dados de clima de Santa Maria são do mês de julho e os de Belém são do mês de novembro. Esses dados (Tabela 10 e Tabela 11) consistem em uma média de vários anos para esses meses, fazem parte do projeto SWERA e estão disponíveis em [98]. Os dados são inseridos no GridLAB-D, para calcular a geração de energia e o consumo do HVAC. Tabela 11. Dados climáticos de Santa Maria em julho Hora do dia 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 Velocidade Velocidade Radiação Temperatura do vento do vento solar direta (ºC) (m/s) (km/h) (Wh/m2) 14,1 2,2 7,92 0 13,8 2,2 7,92 0 13,4 2,2 7,92 0 13,1 2,2 7,92 0 12,9 2,3 8,28 0 12,7 2,4 8,64 0 12,5 2,4 8,64 0 12,3 2,5 9,00 22 13,1 2,5 9,00 159 14,1 2,6 9,36 264 15,1 2,7 9,72 317 16,0 2,7 9,72 355 17,0 2,8 10,08 351 18,0 2,8 10,08 359 18,9 2,9 10,44 327 18,4 2,8 10,08 294 17,9 2,7 9,72 199 17,4 2,5 9,00 66 16,6 2,4 8,64 0 15,8 2,2 7,92 0 15,1 2,1 7,56 0 14,7 2,1 7,56 0 14,4 2,1 7,56 0 14,0 2,1 7,56 0 14,1 2,2 7,92 0 Radiação solar difusa (Wh/m2) 0 0 0 0 0 0 0 8 58 113 149 181 198 190 162 125 86 23 0 0 0 0 0 0 0 Radiação solar global (Wh/m2) 0 0 0 0 0 0 0 9 90 211 311 394 421 412 341 251 139 29 0 0 0 0 0 0 0 Humidade % 81 81 82 82 83 83 83 83 80 76 73 70 67 65 62 64 67 69 73 76 80 80 80 81 91 Pressão (atm) 0,98593 0,98593 0,98593 0,98593 0,98593 0,98593 0,98593 0,98593 0,98593 0,98593 0,98593 0,98593 0,98593 0,98593 0,98593 0,98593 0,98593 0,98593 0,98593 0,98593 0,98593 0,98593 0,98593 0,98593 0,98593 A função fitness a ser minimizada (Equação 13) é basicamente a mesma para todos os casos, porque o objetivo sempre será a redução de custos. O que muda de um método para o outro são as cargas que fazem parte da otimização. 60 𝑇 𝑆 ∑ ∑ 𝐸𝑖 (𝑡). 𝐶(𝑡) − 𝐺𝑖 (𝑡). 𝐶(𝑡) (13) 𝑡=1 𝑖=1 Onde: 𝐸𝑖 (𝑡) é a energia consumida por equipamento a cada período de tempo, 𝐺𝑖 (𝑡) é a energia gerada a cada período de tempo, 𝐶(𝑡) é o custo da energia a cada período de tempo, 𝑇 é o tempo de simulação e 𝑆 representa cada elemento, podendo ser cargas deslocáveis, GD ou outras cargas que tem consumo fixo. O componente 𝐸𝑖 (𝑡) da Equação 13 indica o consumo de cada equipamento no período de tempo. Nas simulações realizadas o período de tempo é sempre de uma hora, sendo o tempo total da simulação de 24 horas. O consumo pode ser definido pelas possíveis soluções ou por um consumo pré-definido pelo usuário para cargas não gerenciáveis. Neste projeto, o consumo para cargas não gerenciáveis foi definido pela curva de carga diária típica de cada região (Figura 14). O componente 𝐶(𝑡) da Equação 13 corresponde ao custo da energia elétrica, ou seja, a tarifa. Foram utilizadas tarifas das concessionárias das cidades exemplo: Celpa para Belém e AES Sul para Santa Maria. As Tabela 12 e Tabela 13 mostram as tarifas utilizadas, vigentes em 2015 durante o desenvolvimento do projeto [99, 100]. Tabela 12. Tarifas Celpa [99] Período Ponta Intermediário Fora de Ponta Convencional Horário Das 18:00h às 21:00h Das 17:00h às 18:00 e das 21:00h às 22:00h Das 00:00h às 17:00h, das 22:00h às 24:00h, finais de semana e feriados Todos os dias e horários Tarifa (R$) 0,97578 0,63664 0,41697 0,49425 Tabela 13. Tarifas AES Sul [100] Período Ponta Intermediário Fora de Ponta Convencional Horário Das 18:00h às 21:00h Das 17:00h às 18:00 e das 21:00h às 22:00h Das 00:00h às 17:00h, das 22:00h às 24:00h, finais de semana e feriados Todos os dias e horários Tarifa (R$) 0,84329 0,49696 0,42059 0,48035 O componente 𝐺𝑖 (𝑡) representa a energia gerada pela GD. Foram utilizados geradores FV e eólicos. A quantidade de energia gerada é determinada pelo GridLAB-D. Os painéis FV 61 possuem 25m² de área, 3500 Wp, e são de silício monocristalino, instalados no telhado. A turbina eólica é a Pequena Genérica Síncrona do GridLAB-D (Fortis Montana 5 kW). A Figura 21 mostra a potência gerada para Belém em novembro e Santa Maria em julho. Em Belém, os painéis FV geram 15,71 kWh por dia e o gerador eólico gera 14,23 kWh por dia. Em Santa Maria, os painéis FV geram 7,62 kWh por dia e o gerador eólico gera 18,14 kWh por dia. 3 Potência (kW) 2,5 2 Painel Fotovoltaico - Belém 1,5 Turbina Eólica - Belém 1 Painel Fotovoltaico - Santa Maria Turbina Eólica - Santa Maria 0,5 0 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 Horas do dia Figura 21. Potência fornecida pelos geradores 4.1. MÉTODO 1: GERENCIAMENTO DO CONSUMO DO HVAC Esse método foi publicado no artigo “Gestão Inteligente de Energia em Consumidores de Baixa Tensão Incluindo Microgeração” [6]. O método consiste na otimização do consumo do HVAC através do ajuste horário da temperatura de banda morta do termostato. A temperatura de banda morta do termostato representa o quanto a temperatura varia em torno da temperatura definida pelo usuário, por exemplo, se a banda morta for de 1ºC e a temperatura escolhida for de 22ºC, o ajuste real poderá variar entre 21ºC e 23ºC. Isso se traduz em conforto para o usuário, porque quanto 62 maior a temperatura de ajuste da banda morta, maior a variação da temperatura interna. Assim é possível diminuir o conforto do usuário nos horários de energia mais cara e aumentar o conforto nos horários de energia mais barata. A partícula, representada pela Figura 22, é um vetor de 24 posições sendo que cada posição representa uma hora do dia e cada hora tem um ajuste diferente para a banda morta. Partícula 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 0ºC ≤ 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 horas ≤ 3ºC Figura 22. Representação da partícula do método 1 A função fitness específica é dada pela Equação 14. Nesta equação apenas a energia do HVAC muda de acordo com a partícula. Essa energia é definida pelo GridLAB-D a partir dos dados de clima e das partículas. 𝑇 ∑ 𝐸𝐻𝑉𝐴𝐶 (𝑡). 𝐶(𝑡) + 𝐸𝑑𝑒 (𝑡). 𝐶(𝑡) + 𝐸𝑏 (𝑡). 𝐶(𝑡) − 𝐺𝑝𝑓 (𝑡). 𝐶(𝑡) − 𝐺𝑔𝑒 (𝑡). 𝐶(𝑡) (14) 𝑡=1 Onde: 𝐸𝐻𝑉𝐴𝐶 (𝑡) é a energia consumida pelo sistema HVAC; 𝐸𝑑𝑒 (𝑡) é a energia consumida pelo demais equipamentos; 𝐸𝑏 (𝑡) é a energia das baterias, no carregamento é positiva e no descarregamento é negativa; 𝐺𝑝𝑓 (𝑡) é a energia gerada pelo painel fotovoltaico; 𝐺𝑔𝑒 (𝑡) é a energia gerada pelo gerador eólico; 𝐶(𝑡) é o custo da energia a cada período de tempo e 𝑇 é o tempo de simulação. A Figura 23 mostra o esquema que descreve o problema. A ferramenta de gerenciamento de energia que faz a simulação sugere os parâmetros para o HVAC. A GD insere energia na rede, os equipamentos da casa consomem energia, e as baterias consomem ou fornecem energia de acordo com uma lógica fixa. As baterias funcionam com a seguinte lógica: começam o dia com 40% da capacidade e são carregadas até atingir 100%. Se houver GD, a energia excedente é utilizada para carregar as baterias, caso contrário, as baterias são carregadas nos horários fora de ponta. A partir do posto horário intermediário, a energia armazenada começa a ser consumida, até atingir seu limite de 40% novamente, independente do posto horário. 63 Geração Distribuída Consumo dos equipamentos que não fazem parte da simulação Baterias Rede de Energia Elétrica Medidor Inteligente Ferramenta de Gerenciamento de Energia HVAC Figura 23. Esquema do Método 1 Para suprir o consumo nos horários de pico, o banco de baterias tem a capacidade de 400Ah. Para calcular o carregamento e descarregamento das baterias foram utilizadas as Equações de (1) a (5). Para a comparação dos resultados foram considerados os cenários com ou sem o algoritmo de otimização, com ou sem GD e para os dois tipos de tarifas. A GD inclui os dois geradores conectados na rede. A Figura 24 e a Figura 25 mostram os resultados das simulações para Belém. A Figura 24 mostra o comparativo de custos sem GD. Cada barra do gráfico representa o custo diário da energia elétrica para dois tipos de tarifa: branca e convencional. As barras de números únicos (1, 2 ou 3) representam os casos sem otimização. As barras de dois números separados por um traço significam que a temperatura da banda morta pode variar entre eles de acordo com a solução do algoritmo proposto. Pode-se observar que com ou sem baterias a tarifa branca tem um preço menor. Isso acontece porque em Belém o consumo no horário de pico é relativamente baixo. Considerando a tarifa branca no caso sem baterias, o preço da energia para o ajuste fixo chegou a ser o mesmo preço para o ajuste otimizado (ajustes de 1ºC e 0ºC a 1ºC), ou até maior (ajustes de 2ºC e 1ºC a 2ºC; 3ºC, 1ºC a 3ºC e 2ºC a 3ºC), sendo que nesses casos a otimização proporciona mais conforto ao usuário. Quando a perda de conforto 64 é assumida, ou seja, quando se compara um ajuste fixo que fica no meio da escala dos ajustes otimizados, sempre há ganho monetário. Esses ganhos variaram de 2% a 5% aproximadamente, para o caso sem baterias, e de 2% a 6% para o caso com baterias. Comparativo de custos - sem GD e sem bateria Tarifa Branca Comparativo de custos - sem GD e com bateria Tarifa Convencional R$18,00 R$15,00 R$12,00 R$9,00 R$6,00 R$3,00 R$- Tarifa Branca Tarifa Convencional R$18,00 R$15,00 R$12,00 R$9,00 R$6,00 R$3,00 R$1 2 3 0-1 0-2 0-3 1-2 1-3 2-3 1 2 3 Temperatura (ºC) 0-1 0-2 0-3 1-2 1-3 2-3 Temperatura (ºC) Figura 24. Comparativo de custos sem GD – Belém Comparativo de custos - com GD e com bateria Comparativo de custos - com GD e sem bateria Tarifa Branca Tarifa Branca Tarifa Convencional R$2,50 R$2,50 R$2,00 R$2,00 R$1,50 R$1,50 R$1,00 R$1,00 R$0,50 R$0,50 Tarifa Convencional R$- R$1 2 3 0-1 0-2 0-3 1-2 1-3 2-3 Temperatura (ºC) 1 2 3 0-1 0-2 0-3 1-2 1-3 2-3 Temperatura (ºC) Figura 25. Comparativo de custos com GD - Belém A Figura 25 mostra o comparativo de custos diários com GD. Observa-se que com a inclusão da GD pode-se reduzir o custo diário em até 98%. Com GD, mas sem baterias, a tarifa convencional se torna uma melhor opção. Neste caso é possível utilizar o Sistema de Compensação de Energia, que é mais vantajoso com a tarifa convencional, porque é possível compensar o excedente de energia gerada em qualquer horário. Colocando baterias, o custo da tarifa convencional continua o mesmo, porém agora o excedente de energia na tarifa branca pode ser utilizado na mesma proporção, fazendo com que esse tipo de tarifa seja uma opção melhor. 65 A Figura 26 traz alguns resultados da simulação para a cidade de Santa Maria. São apresentados três casos de cada cenário, sendo o primeiro caso sem otimização e com a banda morta fixa em 1ºC, o segundo caso com otimização e a banda morta varia de 0ºC a 3ºC ao longo do dia e o terceiro caso sem otimização e com banda morta de 3ºC. Pode-se observar que, para todos os cenários, o caso com otimização teve um custo intermediário. Isso mostra que a otimização reduz os custos de acordo com a flexibilidade do usuário. Pode-se observar também que a diferença entre as tarifas branca e convencional foi menor para Santa Maria. Isso acontece porque o pico de consumo no horário de ponta é bem maior. Figura 26. Comparativo de custos - Santa Maria 4.2. MÉTODO 2: GERENCIAMENTO DO CONSUMO DO HVAC E DE OUTRAS CARGAS Esse método foi publicado no artigo “Ferramenta de Gerenciamento de Energia para Consumidores Residenciais” [7]. Esse método propõe uma interface para o usuário que sugere o horário de uso de algumas cargas deslocáveis e os ajustes horários do HVAC. A Figura 27 apresenta o esquema que descreve o problema e a Figura 28 apresenta um protótipo de uma interface para essa ferramenta, desenvolvido em MATLAB R2015b. 66 Geração Distribuída Consumo dos equipamentos que não fazem parte da simulação Rede de Energia Elétrica Medidor Inteligente HVAC Ferramenta de Gerenciamento de Energia Figura 27. Esquema do Metódo 2 As cargas deslocáveis presentes na ferramenta são: chuveiro elétrico, secador de cabelo, bomba da piscina, lavadora de louças, lavadora de roupas, panela elétrica, e aparelhos recarregáveis. Para essas cargas o usuário pode preencher a quantidade e as possíveis horas de funcionamento, e a ferramenta responde a hora do dia para sua melhor utilização. O usuário também tem a opção de colocar zero no campo quantidade. Como exemplo, a Figura 29 destaca a parte da interface referente ao chuveiro elétrico. As especificações de cada equipamento foram incluídas na ferramenta, e são fixas. As características de consumo de cada carga deslocável são apresentadas na Tabela 14. A sugestão do horário de uso das cargas deslocáveis é encontrada através da geração de 10.000 soluções diferentes e da seleção da melhor entre elas, ou seja, a que fornece o menor valor para a função fitness (Equação 13). Esse método simples é utilizado porque o problema apresenta grande dimensão, mas não possui muitas respostas factíveis. Vale lembrar que esse método consiste em uma etapa intermediária do desenvolvimento do projeto. 67 Figura 28. Protótipo da interface Figura 29. Campo da interface referente ao chuveiro elétrico O HVAC é uma carga que permite ajustes de seus parâmetros de funcionamento. Os parâmetros ajustados pela ferramenta foram modificados em relação ao Método 1. Agora o método sugere as temperaturas de resfriamento e aquecimento, também a cada hora do dia. O usuário pode escolher as temperaturas mínima e máxima aceitáveis para a temperatura de resfriamento e de aquecimento. A temperatura de aquecimento deve ser sempre menor que a de resfriamento e as temperaturas mínimas devem ser menores que as máximas. A Figura 30 destaca o campo da interface correspondente ao sistema de ar-condicionado. 68 Tabela 14. Características de consumo das cargas deslocáveis Equipamento Características de consumo Chuveiro elétrico Posição 1: 3000W, Posição 2: 5000W, Posição 3: 7500W. Duração do banho – 15 minutos Secador de cabelo 1200W, duração de uso – 10 minutos Bomba da piscina 1 cv Lavadora de louças 0,78 kWh por ciclo de 2 horas Lavadora de roupas 0,3 kWh por ciclo de 2 horas Panela elétrica 700 W, duração de uso – 30 minutos Recarregáveis 21 W, duração de uso – 1 hora Figura 30. Campo da interface referente ao HVAC O consumo de energia elétrica do HVAC depende do clima e da temperatura. Assim como no Método 1, é usado o GridLAB-D para calcular o seu consumo e sua sugestão de uso é dada pela PSO. A função fitness tem o objetivo de diminuir o custo do consumo e é representada pela Equação 15. Na ferramenta são usadas 50 partículas e 20 iterações. Pela complexidade e por utilizar um software diferente para os cálculos dos modelos, a simulação do HVAC é mais demorada. 𝑇 ∑ 𝐸𝐻𝑉𝐴𝐶 (𝑡). 𝐶(𝑡) (15) 𝑡=1 Onde: 𝐸𝐻𝑉𝐴𝐶 (𝑡) é a energia consumida pelo sistema HVAC; 𝐶(𝑡) é o custo da energia a cada período de tempo e 𝑇 é o tempo de simulação. 69 O usuário também pode definir a modalidade tarifária, a bandeira tarifária, a cidade em que está alocado e a geração distribuída (Figura 31). Figura 31. Campos modalidade tarifária, bandeira tarifária, cidade e geração distribuída Existem duas opções de tarifa: Convencional e Branca. Os valores dessas tarifas, para as cidades presentes na ferramenta, ficam armazenados em um banco de dados. O banco de dados atual contém as tarifas apresentadas na Tabela 12 e na Tabela 13, para as cidades de Belém e Santa Maria. A informação da cidade define os dados de tarifa e clima que vão ser selecionados. A seleção da tarifa é feita pelo campo cidade e pelo campo modalidade tarifária. Para o clima, o programa contém um banco de dados, atualmente contendo os dados de Belém e Santa Maria (Tabela 10 e Tabela 11). No campo Geração Distribuída pode-se incluir dois tipos de geração: Painel Fotovoltaico e Turbina Eólica. Os dados de geração são fornecidos pelo GridLAB-D (Figura 21). O preço diário é calculado somando os valores das funções fitness das cargas deslocáveis e do HVAC. Ele aparece depois que o usuário preenche os pré-requisitos e clica no botão “calcular”. O consumo das outras cargas que não entram na simulação, mas compõem o preço diário, é definido pela Curva de Carga Diária Média da região da cidade escolhida (Figura 13). Vale observar que se o preço diário apresentar um valor negativo significa que o sistema de compensação de energia está sendo utilizado. Foram simulados 2 cenários diferentes para diferentes climas, conforme Tabela 15. Para os 2 cenários, os campos do programa foram preenchidos conforme a Tabela 16 e a Tabela 17. 70 Tabela 15. Características dos cenários simulados Cidade: Santa Maria – Julho Cenário 1 GD: Painel fotovoltaico e Turbina Eólica Posição do seletor de temperatura do chuveiro: 3 Cidade: Belém – Novembro Cenário 2 GD: Painel fotovoltaico Posição do seletor de temperatura do chuveiro: 1 Tabela 16. Características comuns dos cenários simulados Campo Preenchimento Modalidade Tarifária Branca Bandeira Tarifária Verde Ar-condicionado: aquecimento mínimo 17ºC Ar-condicionado: aquecimento máximo 21ºC Ar-condicionado: resfriamento mínimo 22ºC Ar-condicionado: resfriamento máximo 25ºC Tabela 17. Características comuns dos cenários simulados - equipamentos Equipamento Possíveis horas de funcionamento Quantidade diária Bomba da piscina Das 6h às 22h 8 Lavadora de louças Das 15h às 18h e das 21h às 24h 1 Lavadora de roupa Das 7h às 12h e das 15h às 20h 1 Recarregáveis Das 0h às 10h e das 22h às 24h 1 Chuveiro elétrico Das 7h às 9h, das 12h às 14h e das 18h às 4 23h Secador de cabelo Vinculado ao horário de banho 2 Panela elétrica Das 8h às 12h e das 16h às 20h 1 71 Para cada cenário foi criado um caso base para comparação. Os dois casos base apresentam os hábitos de consumo da Tabela 18. O custo de um dia de consumo para o caso base do cenário 1 ficou em R$9,74 e para o cenário 2 ficou em R$12,61. Tabela 18. Hábitos de consumo dos casos base Equipamento Características do caso base Bomba da piscina Fica ligada das 7h às 15h Lavadora de louças Liga às 20h Lavadora de roupa Liga às 13h Recarregáveis Liga às 22h Chuveiro elétrico 2 banhos entre 7h e 8h e 2 banhos entre 18h e 19h Secador de cabelo 2 usos entre 18h e 19h Panela elétrica Liga às 19h Ajustes de temperatura Aquecimento: 20,6ºC, Resfriamento: 23,3ºC A Tabela 19 e a Figura 32 mostram os resultados para o Cenário 1, correspondente à cidade de Santa Maria. O preço diário do resultado para o Cenário 1 é R$4,67. Tabela 19. Sugestões dos horários de uso para as cargas deslocáveis no Cenário 1 Equipamento Sugestão de horário de uso Bomba da piscina Das 6h às 8h e das 10h às 16h. Lavadora de louças 23h Lavadora de roupa 7h Recarregáveis 9h Chuveiro elétrico Dois banhos entre 8h e 9h, um banho entre 13h e 14h, um banho entre 22h e 23h Secador de cabelo Um uso entre 8h e 9h e um uso entre 13h e 14h Panela elétrica 8h 72 Ajuste de temperaturas sugerido Aquecimento Resfriamento Temperatura (ºC) 30 25 20 15 10 5 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 Hora do dia Figura 32. Ajustes de temperatura do HVAC sugerido para o Cenário 1 A Tabela 20 e a Figura 33 mostram os resultados para o Cenário 2, correspondente à cidade de Belém. O preço diário desse resultado é de R$11,13. Os resultados mostram que os horários de consumo propostos estão sempre fora dos períodos intermediário e de ponta. Como a ferramenta prevê a utilização do sistema de compensação de energia, pode haver consumo em horários de menor geração. Tabela 20. Sugestões dos horários de uso para as cargas deslocáveis no Cenário 2 no Cenário Equipamento Sugestão de horário de uso Bomba da piscina Das 7h às 9h, das 10h às 13h e das 14h às 17h. Lavadora de louças 22h Lavadora de roupa 8h Recarregáveis 22h Chuveiro elétrico Um banho entre 12h e 13h, um banho entre 13h e 14h, dois banhos entre 22h e 23h Secador de cabelo Um uso entre 12h e 13h e um uso entre 22h e 23h Panela elétrica 16h 73 Ajuste de temperaturas sugerido Temperatura (ºC) Aquecimento Resfriamento 30 25 20 15 10 5 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 Hora do dia Figura 33. Ajustes de temperatura do HVAC sugerido para o Cenário 2 Em relação ao HVAC a ferramenta fornece os ajustes horários de temperatura, que é a informação necessária para a utilização do aparelho. Mas com esses ajustes não é possível concluir sobre seu consumo. Como o ar-condicionado é uma carga térmica, ajustes em que as temperaturas de aquecimento e resfriamento são mais próximas não consomem necessariamente mais energia, pois esse consumo também depende da temperatura ambiente. Por fim, em ambos os cenários houve uma redução de custo em relação ao caso base. Para o cenário 1 essa redução foi de 52% e para o cenário 2 foi de 11,7%. A diferença entre os dois casos aconteceu principalmente porque o consumo do chuveiro elétrico no cenário 1 é muito maior do que o do cenário 2. Isso mostra que a economia que a ferramenta proporciona está muito ligada às características e aos hábitos de consumo atuais do consumidor. 4.3. MÉTODO 3: GERENCIAMENTO INTEGRADO DO CONSUMO DO HVAC, DE BATERIAS E DE OUTRAS CARGAS) Esse método foi publicado no artigo “Residential Energy Management System Based on Coevolutionary Particle Swarm Optimization” [8]. Nesse método, o cronograma diz quando ligar a bomba da piscina, a lava-louças, e a lavaroupas; a porcentagem de carregamento ou descarregamento de uma bateria; e os ajustes de aquecimento e resfriamento do HVAC; e sugere horários para os usuários tomarem banho. A diferença em relação ao Método 2 é que foram retiradas algumas cargas deslocáveis e a 74 bateria foi acrescentada à otimização. Além disso, o foco agora é o método, e não foi desenvolvida uma interface para o usuário. A Figura 34 mostra o esquema que define o problema. As especificações da bomba da piscina, da lava-louças, da lava-roupas e do chuveiro são apresentadas na Tabela 21. A bomba da piscina fica ligada 8 horas por dia (tempo máximo de recirculação de acordo com [101]); a lava-louças e a lava-roupas devem funcionar uma vez por dia com um ciclo de 2 horas; e as pessoas tomam 4 banhos de 15 minutos no total. Assim como nos Métodos 1 e 2, o consumo das cargas que não fazem parte da otimização são dados pela Curva de Carga Diária Média (Figura 13), e o consumo do HVAC e a energia gerada são calculados através do GridLAB-D. Como o método está sendo testado, são considerados apenas os painéis FV para a GD. O sistema de armazenamento consiste em uma bateria de 12V, com capacidade de 240Ah, que carrega através de um carregador de 640W. Geração Distribuída Consumo dos equipamentos que não fazem parte da simulação Rede de Energia Elétrica Medidor Inteligente HVAC Ferramenta de Gerenciamento de Energia Figura 34. Esquema do Metódo 3 75 Tabela 21. Especificação das cargas deslocáveis Equipamento Bomba da piscina Lava-louças Lava-roupas Chuveiro elétrico Especificação 1100W 780 W por ciclo 300 W por ciclo 7500 W A função fitness específica desse método é apresentada na Equação 16. 𝑇 ∑ 𝐶(𝑡) . (𝑃𝑏𝑝 (𝑡). 𝐸𝑏𝑝 (𝑡) + 𝑃𝑙𝑙 (𝑡). 𝐸𝑙𝑙 (𝑡) + 𝑃𝑙𝑟 (𝑡). 𝐸𝑙𝑟 (𝑡) + 𝑃𝑐𝑒 (𝑡). 𝐸𝑐𝑒 (𝑡) (16) 𝑡=1 + 𝑃𝑏𝑎𝑡 (𝑡). 𝐸𝑏𝑎𝑡 (𝑡) + 𝑃𝐻𝑉𝐴𝐶 (𝑡). 𝐸𝐻𝑉𝐴𝐶 (𝑡) + 𝐸𝑑𝑒 (𝑡) + 𝐸𝑃𝑉 (𝑡)) Onde: 𝐶(𝑡) é o custo da energia a cada período de tempo, 𝑃𝑏𝑝 (𝑡) é o vetor prêmio para a bomba da piscina, 𝑃𝑙𝑙 (𝑡) é o vetor prêmio para a lava-louças, 𝑃𝑙𝑟 (𝑡) é o vetor prêmio para a lava-roupas, 𝑃𝑐𝑒 (𝑡) é o vetor prêmio para o chuveiro elétrico, 𝑃𝑏𝑎𝑡 (𝑡) é o vetor prêmio para a bateria, 𝑃𝐻𝑉𝐴𝐶 (𝑡) é a energia consumida para o HVAC, 𝐸𝑏𝑝 (𝑡) é a energia consumida para a bomba da piscina, 𝐸𝑙𝑙 (𝑡) é a energia consumida para a lava-louças, 𝐸𝑙𝑟 (𝑡) é a energia consumida para a lava-roupas, 𝐸𝑐𝑒 (𝑡) é a energia consumida para o chuveiro elétrico, 𝐸𝑏𝑎𝑡 (𝑡) é a energia consumida (+) ou gerada (-) para a bateria, 𝐸𝐻𝑉𝐴𝐶 (𝑡) é a energia consumida para o HVAC, 𝐸𝑑𝑒 (𝑡) é a energia consumida pelos demais equipamentos, 𝐸𝑃𝑉 (𝑡) é a energia gerada (-) pelos painéis FV e 𝑇 é o tempo de simulação. Os vetores prêmio foram acrescentados nesse método para incentivar o consumo quando os painéis estão gerando energia. Apesar da possibilidade do uso do Sistema de Compensação de Energia, evitá-lo pode ser uma vantagem, porque os créditos expiram e quando se acumula muitos créditos pode haver dificuldade de compensá-los. Os vetores consistem da multiplicação elemento a elemento de dois vetores, como apresentado na Equação 17. 𝑃𝑖 (𝑡) = 𝑃𝑔𝑒𝑟𝑎çã𝑜 (𝑡). 𝑃𝑟𝑒𝑠𝑡𝑟𝑖çõ𝑒𝑠,𝑖 (𝑡) (17) Onde: 𝑃𝑖 (𝑡) é o vetor prêmio de cada elemento, 𝑃𝑔𝑒𝑟𝑎çã𝑜 (𝑡) é o vetor prêmio de geração e 𝑃𝑟𝑒𝑠𝑡𝑟𝑖çõ𝑒𝑠,𝑖 (𝑡) é o vetor prêmio de restrição para cada elemento. O vetor prêmio da geração beneficia o consumo quando tem geração local; seu elemento é 2 quando a geração é zero, 1 quando a geração é máxima, e tem valores proporcionais quando a geração é diferente de zero ou máxima. 76 O vetor prêmio de restrição guarda as restrições que dizem quando o usuário aceita usar aquele equipamento; seu elemento é 1 quando o usuário aceita usar a carga e 50 quando ele não aceita. A Figura 35 mostra os vetores prêmio de restrições para esse exemplo. Bomba da piscina Chuveiro 50 50 1 1 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 Horas do dia 0 2 4 6 10 12 14 16 18 20 22 Horas do dia Lava-roupas Lava-louças 50 8 50 1 1 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 Horas do dia 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 Horas do dia Figura 35. Vetores prêmio de restrição Por usar o GridLAB-D, a otimização do HVAC demanda menor partículas e iterações e por isso é feita separadamente com a PSO. A resposta do HVAC é inserida como entrada no programa principal, que faz a otimização das cargas deslocáveis e da bateria utilizando CPSO. O programa do HVAC tem 50 partículas e 20 iterações e o programa principal tem 1000 partículas e 100 iterações. Tabela 22. Caso de referência Bomba da piscina Lava-louças Lava-roupas Chuveiro elétrico (só para Santa Maria) Bateria HVAC Funciona entre 7h e 15h Funciona entre 13h e 15h. Funciona entre 8h e 10h. 2 banhos entre 7h e 8h e 2 banhos 6h e 7h. Carrega quando tem geração de energia e descarrega no horário de pico Temperatura de resfriamento = 23,3ºC (74ºF) Temperatura de aquecimento = 20,6ºC (69ºC) Foram elaborados dois casos de referência para fazer a comparação dos resultados. O primeiro caso usa os dados de Santa Maria e o segundo usa os de Belém. Em ambos os casos os hábitos de consumo, mostrados na Tabela 22, são quase os mesmos. A única diferença é o chuveiro elétrico. Em Belém, o chuveiro elétrico não é uma carga importante, para a maioria dos habitantes, porque a temperatura é alta e, por isso, não está presente nas simulações para 77 essa cidade. Para Santa Maria o preço da energia no caso base é R$18,35 e para Belém é R$10,63. A Figura 36, a Figura 37 e a Figura 38 mostram os resultados para Santa Maria. Bomba da piscina Chuveiro elétrico 1 1 0 0 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 Hora do dia Lava-louças 1 0 2 4 6 10 12 14 16 18 20 22 Hora do dia Lava-roupas 1 0 8 0 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 Hora do dia 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 Hora do dia Figura 36. Cronogramas das cargas deslocáveis para Santa Maria A otimização em Santa Maria resultou em um preço de R$12,49, 32,3% menos que o caso de referência. A Figura 36 mostra os cronogramas para as cargas deslocáveis. Pode-se perceber que a solução tenta trazer o consumo para os períodos de maior geração local, enquanto respeita as restrições. Porcentagem de carga (%) Perfil de Carga 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 Hora do dia Figura 37. Perfil de carga da bateria para Santa Maria 78 Potência do HVAC Caso otimizado Temperatura do ar Caso de referência Caso de referência 30 Temperatura (ºC) 5 Potência (kW) Caso otimizado 4 3 2 1 0 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 20 10 0 0 Hora do dia 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 Hora do dia Figura 38. Potência consumida pelo HVAC e temperatura do ar Na Figura 37 é possível ver que a bateria carrega em períodos com maior geração e descarrega quando a energia é mais cara. A Figura 38 mostra que o HVAC consome energia a noite. Isso acontece porque ele está trabalhando em um clima frio, no modo de aquecimento. A Figura 38 também compara a potência do HVAC no caso de referência e na otimização. No caso de referência, a potência do HVAC é maior em quase todos os períodos. O gráfico de temperatura do ar mostra que essa diferença de potência não afeta significativamente a temperatura, não comprometendo o conforto do usuário. A Figura 39 mostra os valores dos melhores fitness ao longo das iterações. No começo da simulação, o fitness muda muito rápido. No final, a simulação converge para o dobro do valor do começo, mostrando que o método de otimização realmente procura as melhores soluções. Evolução do Fitness para o programa CPSO Iteração -20 1 6 11 16 21 26 31 36 41 46 51 56 61 66 71 76 81 86 91 96 0 Fitness -40 -60 -80 -100 -120 Figura 39. Evolução do fitness para o programa CPSO de Santa Maria 79 A Figura 40, a Figura 41 e a Figura 42 mostram os resultados para Belém. O processo de otimização para Belém resultou em um custo de R$7,85, 26,2% menor que o caso de referência. A Figura 40 mostra que novamente o consumo das cargas deslocáveis se concentrou em períodos de maior disponibilidade de geração local. Similarmente a Santa Maria, a bateria carrega em períodos de geração local e descarrega quando a tarifa local é maior (Figura 41). No entanto, em Belém a bateria começa a carregar mais cedo, enquanto que em Santa Maria o carregamento se concentra no meio do dia. Isso acontece porque os painéis FV começam a gerar energia mais cedo em Belém, mas também porque o HVAC em Belém começa a consumir depois. Bomba da piscina Lava-louças 1 1 0 0 2 4 6 8 0 10 12 14 16 18 20 22 Hora do dia 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 Hora do dia Lava-roupas 1 0 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 Hora do dia Figura 40. Cronogramas das cargas deslocáveis para Belém Perfil de Carga Porcentagem de carga (%) 0 100 80 60 40 20 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 Hora do dia Figura 41. Perfil de carga da bateria para Belém 80 A Figura 42 mostra a potência do HVAC e a temperatura do ar para Belém. O HVAC trabalha para reduzir a temperatura, que é maior a tarde, por isso, consome mais no meio do dia. Comparando as duas curvas, pode-se perceber que a potência otimizada é quase a mesma do caso de referência, mas no horário de pico, é reduzida a zero. O comportamento da temperatura do ar para Belém é diferente do comportamento em Santa Maria. Em Belém, a temperatura mostra uma maior variação e é fácil perceber que a temperatura muda muito no horário de pico. Nesse período, o usuário está abrindo mão do conforto para economizar dinheiro. Potência do HVAC Caso de Referência Temperatura do ar Caso otimizado Caso de referência Temperatura (ºC) 3 2 1 0 2 4 6 8 24 22 20 18 0 10 12 14 16 18 20 22 Hora do dia Caso otimizado 26 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 Horas do dia Figura 42. Potência do HVAC e temperatura do ar para Belém Fitness Evolution for CPSO program Iteration 0 1 6 11 16 21 26 31 36 41 46 51 56 61 66 71 76 81 86 91 96 0 -20 -40 Fitness Potência (kW) 4 -60 -80 -100 -120 Figura 43. Evolução do fitness para Belém 81 A Figura 43 mostra a evolução da função de fitness para Belém. Comparando com Santa Maria, o fitness convergiu mais rápido, mas em geral a qualidade dos resultados é bem semelhante. 4.3.1 CUSTO MENSAL Também é possível fazer uma estimativa do custo mensal, mas para isso não é suficiente multiplicar o custo diário por 30 dias, pois nem todos os equipamentos são usados todos os dias. Dentre os 5 equipamentos utilizados na otimização, 4 são de uso diário (bomba da piscina, chuveiro elétrico, lava-louça e HVAC) e um é utilizado 4 vezes por semana (lavaroupas), sendo utilizado dois dias na semana e dois dias no fim de semana. Portanto, para dois dias da semana foi usado o custo diário já apresentado e para os outros dias foi feita uma nova simulação. Para o do fim de semana, foi considerado o consumo do caso de referência. Os resultados para a nova simulação foram os mesmos para a bomba da piscina, a lavalouças e o chuveiro elétrico (Figura 36 e Figura 40). Os resultados para o HVAC e a bateria estão na Figura 44. Percebe-se um perfil parecido em ambas as simulações, com (Figura 37, Figura 38, Figura 41 e Figura 42) e sem lava-roupas (Figura 44). O HVAC consumiu mais durante a noite em Santa Maria e no meio do dia em Belém. A bateria carregou durante as horas de maior geração e descarregou no horário de pico. O custo diário para a simulação sem a lava-roupas foi de R$12,36 para Santa Maria e R$7,72 para Belém. Potência do HVAC Belém 5 4,5 4 3,5 3 2,5 2 1,5 1 0,5 0 Santa Maria Porcentagem de carga (%) Potência (kW) Santa Maria Perfil de carga 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 Belém 100 80 60 40 20 0 0 2 4 6 Horas do dia Figura 44. Resultados para o HVAC e a bateria 8 10 12 14 16 18 20 22 Hora do dia 82 A Tabela 23 apresenta os cálculos do custo mensal e semanal, para os casos otimizado e de referência, em julho de 2015 para Santa Maria e novembro de 2015 para Belém. O caso de referência possui as mesmas características apresentadas anteriormente (Tabela 22), porém para 3 dias da semana não foi considerada a lava-roupas. Os valores da tarifa convencional são apenas comparativos, pois a simulação foi feita com os valores da tarifa branca como restrição. Nesse cálculo foram considerados os impostos, vigentes nas cidades exemplo, para mostrar o valor mensal mais próximo possível de uma conta de energia elétrica. O PIS e a COFINS para Santa Maria são de julho de 2015 [102] e para Belém foi utilizada a informação de uma conta de energia de julho de 2016. Tabela 23. Consumo mensal Consumo semanal (kWh) Consumo mensal (kWh) Acréscimo bandeira vermelha (R$) Custo semanal tarifa convencional (R$) Custo mensal tarifa convencional (R$) Custo semanal tarifa branca (R$) Custo mensal tarifa branca (R$) PIS (%) COFINS (%) ICMS (%) Total tarifa convencional Total tarifa branca Caso de referência Santa Maria Belém 267 152 1067 608 R$ R$ 58,68 33,47 R$ R$ 112,18 63,98 R$ R$ 507,38 289,39 R$ R$ 123,64 70,66 R$ R$ 553,23 316,11 1,126% 0,739% 5,185% 3,406% 25,00% 25,00% R$ R$ 738,66 408,43 R$ R$ 805,41 446,13 Caso otimizado Santa Maria 229 916 R$ 50,38 R$ 96,32 R$ 435,66 R$ 94,22 R$ 427,26 1,126% 5,185% 25,00% R$ 634,25 R$ 622,01 Belém 143 571 R$ 31,40 R$ 59,52 R$ 269,49 R$ 57,09 R$ 259,77 0,739% 3,406% 25,00% R$ 380,35 R$ 366,62 A Tabela 23 mostra que usar as cargas no horário e com ajustes sugeridos pelo método traz uma economia. Em Santa Maria, os hábitos de consumo do caso de referência favorecem a tarifa convencional, principalmente porque o chuveiro elétrico é utilizado no horário de pico. 83 Nesse caso, a mudança do consumidor para a tarifa branca representaria um aumento de 9%. Para o caso otimizado, o valor da tarifa branca foi menor porque a simulação é feita para a tarifa branca. Nesse caso, a tarifa branca apresenta uma redução de 1,93%. A redução de preço da tarifa convencional do caso de referência para a tarifa convencional do caso otimizado foi de 14,1% e da tarifa convencional do caso de referência para a tarifa branca do caso otimizado foi de 15,8%. A redução de preço da tarifa branca do caso de referência para a tarifa branca do caso otimizado foi de 22,8%. A simulação também diminuiu a energia consumida da rede. Para Belém, assim como para Santa Maria, no caso de referência a tarifa convencional é a escolha de menor custo. O caso otimizado também apresentou redução do custo da tarifa branca em relação à tarifa convencional, nesse caso de 3,6%. A redução de preço da tarifa convencional do caso de referência para a tarifa convencional do caso otimizado foi de 6,9% e da tarifa convencional do caso de referência para a tarifa branca do caso otimizado foi de 10,2%. A redução de preço da tarifa branca do caso de referência para a tarifa branca do caso otimizado foi de 17,8%. Novamente, a energia consumida da rede diminuiu com a simulação. Todas as comparações mostram que o caso otimizado faz uma gestão completa e apresenta uma maneira consideravelmente mais barata de consumo se comparado com a utilização dos equipamentos sem orientação. 84 5. CONCLUSÕES Este mestrado atingiu seu objetivo propondo 3 métodos que fazem a gestão inteligente de energia em um consumidor residencial. Cada método possui seu programa correspondente que propõe ao usuário um cronograma horário contendo sugestões de 24 horas de consumo. O que consta nessas sugestões depende do método utilizado, pois os métodos fazem o gerenciamento de tipos diferentes de carga. Todos os métodos preveem o uso de GD e da tarifa branca. Não é possível fazer comparações dos resultados de um método com os resultados de outro porque os cenários de simulação são bastante distintos. O Método 1 propõe um algoritmo que sugere os ajustes horários para um parâmetro do HVAC que impacta diretamente em seu consumo. Esse parâmetro, a temperatura de banda morta do termostato, também influencia no conforto do usuário, visto que é o ajuste que regula o quanto a temperatura real pode variar em torno da temperatura especificada. O usuário pode definir o grau de flexibilidade de seu conforto, ajustando os limites para os ajustes de temperatura. Os resultados foram apresentados de modo a comparar as alternativas de ajustes que o usuário pode escolher dentro do método (ajuste otimizado) e sem o uso dele (ajuste fixo). Também foram feitas simulações sem e com os REDs e com os dois tipos de tarifas possíveis. Os resultados, para as cidades de Belém e Santa Maria mostram a capacidade do Método 1 em reduzir custos. Também é possível perceber que: a GD mostrou um grande potencial de economia, porém depende do clima local, que precisa ser estudado para esse tipo de investimento; a tarifa branca é uma boa alternativa quando o consumo no horário de pico não é muito alto, ou na presença de armazenamento de energia; fazendo a otimização da banda morta do termostato do sistema HVAC é possível encontrar um compromisso entre conforto e menores gastos com energia elétrica. O Método 2 apresenta uma interface onde o usuário pode interagir com a ferramenta proposta. Nela, o usuário é capaz de inserir suas restrições e obter como resposta as sugestões fornecidas pela simulação. As sugestões podem ser os horários de uso para cargas deslocáveis, e/ou os ajustes de parâmetros do HVAC. Esse método não prevê a utilização de baterias, mas leva em conta o Sistema de Compensação de Energia. Isso faz com que existam algumas sugestões diferentes para as cargas deslocáveis que apresentam o mesmo custo. 85 Nesse caso, o usuário pode calcular os resultados várias vezes e escolher a opção que lhe é mais agradável. Como este método apresenta uma interface que mostra apenas os resultados com as sugestões ao usuário e o preço resultante, não é viável investigar outros parâmetros. Com isso a comparação dos resultados fica mais limitada em comparação aos outros métodos. Os ajustes de temperatura do HVAC proposto pela ferramenta é a única informação sobre a simulação do HVAC, mas não mostra nada sobre a qualidade dessa parte da simulação. Como o ar-condicionado é uma carga térmica, ajustes em que as temperaturas de aquecimento e resfriamento são mais próximas não consomem necessariamente mais energia, pois esse consumo também depende da temperatura ambiente. Para ter uma referência de comparação, foi estipulado um caso base que considera hábitos de consumo típicos. A ferramenta apresentou redução no custo de ambos os cenários analisados. Em Santa Maria a redução foi maior pelo uso do chuveiro elétrico na posição inverno. Isso mostra que a capacidade de economia da ferramenta depende dos hábitos de consumo do usuário. O Método 3 consiste na integração dos diversos tipos de carga, na inclusão das baterias e na priorização do consumo no horário de geração. O perfil de carga da bateria foi incluído na simulação. Para conferir que há priorização do consumo no horário da geração foram utilizados apenas geradores solares, porque seus horários de geração são fáceis de reconhecer. Também foram elaborados casos de referência, com o objetivo de comparar o custo final. Os resultados mostraram que o método proporcionou uma redução no custo em comparação ao caso de referência. A solução tenta trazer o consumo para os períodos de maior geração, enquanto respeita as restrições dos usuários. A bateria carrega com períodos de maior geração e descarrega quando a energia é mais cara. O consumo do HVAC é maior a noite em climas frios e no meio do dia em climas quentes. No clima frio, a restrição do consumo no horário de pico não afeta o conforto do usuário e no clima quente afeta. Para esse caso também foi calculado um custo mensal, incluindo impostos, para ter uma comparação de cobrança parecida com a realidade. Pode-se perceber que o consumo mensal é bem alto; isso acontece porque o HVAC fica ligado o tempo todo. As reduções de consumo percentuais ficaram menores porque foram incluídos os finais de semana, quando há apenas um preço para a energia ao longo do dia. Como o preço horário do consumo do final de semana é o mesmo, não foi utilizada a ferramenta de gerenciamento para esses dias. 86 Em todos os métodos a PSO apresentou resultados bastante satisfatórios, encontrando soluções de menor custo. No caso da otimização do HVAC, a PSO proporcionou a possibilidade de usar o GridLAB-D para calcular o consumo. Aproveitar esse software para considerar a modelagem térmica proporciona uma representação mais completa. A PSO possui a limitação para resolver problemas de grande dimensão. Por exemplo, o gerenciamento das cargas deslocáveis no Método 2, que possui muitos equipamentos diferentes, não pode ser feito com PSO. Para resolver esse impasse, o Método 3 usa uma abordagem de cooperação coevolutiva. Além de resolver o problema de dimensionalidade da PSO, essa abordagem facilita a integração do gerenciamento de cargas de diferentes tipos. Como contribuições deste trabalho pode-se citar: 1. O uso de um software apropriado para fazer determinados cálculos, especialmente a modelagem térmica; 2. A criação de uma interface para a interação do usuário com a ferramenta; 3. Criação de uma função fitness que integra os diferentes tipos de restrições do problema de uma maneira original. Como trabalhos futuros que possam complementar o trabalho desenvolvido neste projeto de mestrado, pode-se citar: 1. A implementação do mesmo problema usando métodos diferentes de otimização, fazendo a comparação com a PSO; 2. Fazer uma modelagem térmica própria baseada na modelagem do GridLAB-D e incluíla na otimização, tirando a necessidade de usar um software diferente no meio da simulação 3. Colocar mais restrições para o uso do HVAC, permitindo que o mesmo não precise ficar ligado o tempo todo; 4. Mudar a linguagem de programação utilizada para uma linguagem que torne a ferramenta de gerenciamento um produto comerciável e que seja capaz de integrá-la em diferentes plataformas; 87 5. Utilizar dados e modelos de previsão do tempo, ao invés de dados médios, para uma melhor estimativa. 5.1. PUBLICAÇÕES 1. Título: “Gestão Inteligente de Energia em Consumidores de Baixa Tensão Incluindo Microgeração,” Autores: D. P. S. Ribeiro e L. C. P. da Silva Congresso: 10º Congresso sobre Geração Distribuída e Energia no Meio Rural – X AGRENER GD 2015, São Paulo, 2015. Resumo Este trabalho apresenta uma forma de gerenciar energia, em consumidores de baixa tensão, com o objetivo de diminuir gastos. O ajuste da temperatura de banda morta do arcondicionado é otimizado, ou seja, a cada hora esse ajuste tem um valor diferente que minimiza os gastos com este equipamento. Para os outros equipamentos é considerado o consumo médio de acordo com a Pesquisa de Posse de Equipamentos e Hábitos de Uso do Procel. É feita a comparação do consumo em alguns cenários: modalidade tarifária comum, modalidade tarifária horosazonal, com e sem baterias de armazenamento, com e sem geração solar e eólica. São utilizados dados reais de temperatura, radiação e velocidade do vento para o cálculo da potência gerada. Para o cálculo dos custos, são utilizadas tarifas vigentes em junho de 2015. São realizadas simulações com os dados de uma cidade do Norte (Belém – PA) e uma cidade do Sul (Santa Maria – RS) do Brasil, para comparar os resultados em diferentes tipos de clima. Pretende-se mostrar a diferença entre os consumos para os cenários apresentados, incluindo a otimização dos gastos com o ar condicionado, e o potencial de economia que cada benefício pode proporcionar. Palavras-chave: Conservação de Energia; Uso Eficiente de Energia; Gerenciamento de Energia; Energia Renovável. 88 2. Title: “Residential Energy Management System Based on Coevolutionary Particle Swarm Optimization,” Authors: D. P. S. Ribeiro e L. C. P. da Silva Conference: The 15th IASTED International Conference on Intelligent Systems and Control, Campinas, 2016. Abstract This paper presents a methodology for energy management in residential consumers seeking for reduced costs with electricity. The technique gives a day ahead schedule that shows the best period of the day to switch on and off the pool pump, the dishwasher, the washing machine and the electric shower; home battery percentage of charge or discharge for each hour; and the hourly temperature adjustments of a Heating, Ventilation, and Air conditioning System (HVAC). In order to calculate the HVAC power consumption, the simulation software GridLAB-D was used. Also in GridLAB-D, real data for temperature and radiation were employed to simulate the power generation of Photovoltaic (PV) panels. The simulation was made with data from a northern city (Belém – PA) and a southern city (Santa Maria - RS) of Brazil, in order to compare the results for different weather conditions. For the remaining equipments, was considered the average consumption according to the results provided by Procel-Eletrobras on consumer habits and ownership of appliances. To calculate the energy cost June 2015 current tariffs from each local company were used. To find the best solution, an optimization method based on Particle Swarm Optimization (PSO), and a variation with a coevolutionary approach were chosen. Keywords: Electrical Systems, Energy and bioenergy, Metaheuristics, Home Energy Management System, GridLAB-D, Energy Conservation. 3. Título: “Ferramenta de Gerenciamento de Energia Residenciais,” Autores: D. P. S. Ribeiro e L. C. P. d. Silva Congresso: XXI Congresso Brasileiro de Automática, Vitória, 2016. Resumo para Consumidores 89 Este trabalho apresenta uma ferramenta de gerenciamento de energia que faz uma sugestão do consumo em uma residência, minimizando o custo da energia elétrica. Essa ferramenta possui uma interface que permite ao usuário preencher suas características e restrições. O usuário pode selecionar sua modalidade tarifária, bandeira tarifária, cidade/mês do ano e geração de energia. Também é possível escolher a quantidade de alguns equipamentos, os possíveis horários de uso e os limites de ajuste para o sistema de ar-condicionado. O programa fornece os melhores horários de utilização da bomba da piscina, lavadora de louças, lavadora de roupas, aparelhos recarregáveis, chuveiro elétrico, secador de cabelo e panela elétrica. Também sugere as temperaturas de ajuste do sistema de ar-condicionado a cada hora, e mostra o preço diário que será gasto com energia elétrica caso as sugestões sejam seguidas. Palavras-chave: Eficiência energética, Gerenciamento de energia, Uso eficiente da energia, Energia renovável. 90 REFERÊNCIAS [1] [2] [3] [4] [5] [6] [7] [8] [9] [10] [11] [12] [13] [14] [15] [16] ANEEL, “RESOLUÇÃO NORMATIVA Nº 482,” Agência Nacional de Energia Elétrica, Brasília, 2012. ANEEL, “RESOLUÇÃO NORMATIVA Nº687,” Agência Nacional de Energia Elétrica, Brasília, 2015. ANEEL, “Condições Gerais de Fornecimento de Energia Elétrica - Resolução Normativa Nº414 atualizada até REN 499,” Agência Nacional de Energia Elétrica, Brasília, 2012. EPE, “Balanço Energético Nacional 2015 - Relatório final - ano base 2014,” Empresa de Pesquisa Energética, Rio de Janeiro, 2015. M. Albadi e E. El-Saadany, “A summary of demand response in electricity markets,” Electric Power Systems Research, vol. 78, nº 11, pp. 1989-1996, novembro de 2008. D. P. S. Ribeiro e L. C. P. d. 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