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manual básico do kung fu - Marco Natali

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O que você sabe não tem valor algum, o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
KUNG FU
MANUAL BÁSICO
Uma Pequena Abordagem à Filosofia e
Espiritualidade Marcial
Marco Natali
Monge Satyananda Apta
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Mensagem
Existem pessoas que ao passarem por este
mundo fazem de seus ideais a tarefa de levar amor e
sensibilidade aos corações que delas se
aproximam.
Da mesma forma que o jardineiro não consegue
tirar das mãos o perfume das flores que colhe, tais
pessoas mantêm no semblante a irradiação do amor
que exprimem.
Que tuas pegadas sobre a Terra sejam marcos
preciosos atestando que por estes caminhos passa
um ser humano que se lembra do exemplo do Buda
e sabe, como ele, num ato de respeito às bênçãos
que recebemos da Mãe Natureza, doar-se com amor
em prol de um ideal construtivo e gratificante, que
contribui para fazer de nosso pequenino planeta um
mundo melhor.
Marco Natali
Monge Satyananda Apta
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
Dedicatória:
Dedico este livro a três benfeitores.
Primeiramente a Nelson Herbst, meu amigo, irmão,
camarada, companheiro de jornada em vários momentos desta
vida que nos ensejaram oportunidades de ajudarmos muitas
pessoas, uma missão de vida excelente para cada um de nós.
Dedico-o também a meus benfeitores intencionais e aos meus
benfeitores não intencionais:
Benfeitores intencionais:
À minha esposa Marli.
A meus filhos Fábio e Cristiano.
Aos meus netos Danilo e Amanda.
À minha nora Patrícia.
Aos meus discípulos fiéis.
Àqueles que me defendem e defendem meu trabalho com
carinho e denodo apesar do pouco que faço por eles.
Aos amigos que têm me apoiado apesar de meus poucos
méritos.
Aos verdadeiros Artistas Marciais, que não se preocupam em
julgar nem em difamar os praticantes de estilos diferentes dos
seus.
Aos verdadeiros Mestres de Artes Marciais que se preocupam
em transmitir valores éticos e morais a seus discípulos e não
apenas as técnicas físicas.
Benfeitores não intencionais:
À fome que me ensinou a trabalhar.
Ao precário resultado de meus esforços que me fez livre.
Às pessoas que (muitas vezes sem nem mesmo me
conhecer) não me apreciam nem a meu trabalho e que, por me
caluniarem, ensinaram-me a lutar, a tornar-me consciente de
minhas habilidades e a permanecer no reto caminho.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
Que meu trabalho seja abençoado para que um dia
eu possa realizar algo tão bom que tenha algum valor e
mereça a gratidão daqueles a quem dedico minhas
obras.
(A ilustração da Capa foi gentilmente cedida pelo Pixabay)
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Faça isto antes de prosseguir na leitura:
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Donnie Yen-甄子丹 Official
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Se você quer saber
como foi o seu
passado, olhe para
quem você é hoje;
se quer saber
como será seu
futuro,
olhe para o que
está fazendo hoje.
Siddhartha Gautama
(o Buda)
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Clique nas imagens abaixo (cada uma tem um link diferente):
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As lições do curso a distância da
Fraternidade Kung Fu são ricamente
ilustradas e você também recebe
acesso a vídeos que demonstram as
técnicas apresentadas.
Amostras das ilustrações estão nesta e
na próxima pagina:
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CURRÍCULO DO MONGE
SATYANANDA APTA:
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A História do Kung Fu
A palavra "Kung Fu" pode ser traduzida como "Maestria",
"Habilidade e eficiência" e "Domínio alcançado com o tempo".
Os autores mais respeitados a traduzem por "Tempo de
Habilidade" e usam-na para designar as pessoas que tenham
se dedicado por um longo tempo ao domínio técnico de uma
disciplina até ao ponto em que possam expressá-la com o
máximo de habilidade.
Certa feita uma pessoa que nem me conhece me criticou
alegando que a palavra Kung Fu não significa “Tempo de
Habilidade”, mas meses depois o Jet Li publicou um artigo e
nesse artigo disse que a palavra Kung Fu se traduzia
exatamente como eu sempre ensinei, fiquei feliz com isso.
Eu a aprendi com meu professor de chinês na USP e sempre
acreditei que estivesse certo, mas foi muito bom ter isso
confirmado pelo Jet Li(*).
No Oriente a palavra Kung Fu nunca é utilizada para designar
a arte marcial; dá-se preferência ao uso de dois outros termos,
a saber:
Wu Shu - (Wu = Guerra e Shu = Arte).
Kuo Shu - (Kuo = Nacional e Shu = Arte).
(*) Devido a meus problemas de memória eu pensava que havia sido o Jackie
Chan, mas graças a meu amigo Edson Conselheiro descobri que foi o Jet Li e
pude corrigir.
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O termo Wu Shu possui uma conotação superior àquela que é
atribuída a Kuo Shu.
As palavras Wu Shu servem para designar todas as artes
guerreiras, militares ou marciais.
Em 1928 o governo chinês adotou universalmente a expressão
Kuo Shu para designar as artes marciais de origem chinesa,
dessa forma distinguindo-as de suas sucedâneas coreanas e
japonesas.
Enquanto a expressão Wu Shu é usada genericamente,
englobando todas as artes marciais conhecidas, a expressão
Kuo Shu é usada para designar apenas as artes marciais de
origem comprovadamente chinesas.
Devido à imensa riqueza do idioma chinês é possível o uso de
outros termos para se expressar a arte marcial.
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É muito comum a designação "Ch’Uan Shu" para significar um
determinado conhecimento marcial ou mesmo um estilo.
O termo Ch’Uan designa a arte do uso dos punhos ou mesmo
o boxe chinês - que é o nome usado para designar o Kung Fu
em todo o Oriente.
O próprio Bruce Lee usou o ideograma Ch'Uan no frontispício
de sua obra "Chinese Gung Fu, the Philosophical Art Of Self
Defense".
A palavra Kung Fu (ou Gung Fu em dialeto cantonês) é usada
aqui no Ocidente para nomear todas as artes marciais de
origem chinesa.
O povo chinês sempre foi possuidor de um grande espírito
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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guerreiro, que fez de seu país, em épocas passadas (Dinastia
Shang -1.766 a 1.122 a.C), o país mais poderoso da Terra.
Segundo os historiadores, esse poderio militar se desenvolveu
graças às invasões estrangeiras e às revoluções entre os
senhores feudais e os imperadores chineses.
Naquela época, a imensidão do território chinês era disputada
pelos cobiçosos monarcas bárbaros que habitavam as terras
vizinhas.
Como levavam semanas e até meses para deslocar as tropas
imperiais para defender as longínquas fronteiras, a família
imperial usou o recurso desesperado de delegar poderes aos
nobres da corte.
Esses nobres, que passaram a ser conhecidos como senhores
feudais, receberam imensas porções de terras, semelhantes
aos condados outorgados à nobreza na Inglaterra medieval.
Dessa forma passaram a receber grande parte das riquezas
produzidas por seus vassalos e metade das colheitas e das
extrações minerais, mas eram obrigados a defender suas
terras e a vida de seus súditos com seus próprios recursos.
Os senhores feudais se viam obrigados a sustentar imensos
exércitos, que em tempos de paz se dedicavam intensamente
às técnicas marciais.
Por volta dos séculos II e III, aconteceram grandes batalhas
internas entre os senhores feudais que desejavam ampliar
seus domínios.
Essa época, denominada "Época dos Reinos Combatentes",
fez com que milhares de homens se enfrentassem, e as
crônicas da época relatam formidáveis batalhas que
terminavam com a morte de 70, 80, e até 400 mil homens. Os
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vencedores não admitiam sobreviventes e aqueles que não
pereciam no ardor da batalha eram sumariamente decapitados.
Antes do advento do Comunismo a China era flagelada pela
opressão da classe dominante sobre o povo.
Depoimentos de correspondentes e missionários ocidentais
atestam que antes da Segunda Guerra Mundial a fome
imperava entre o povo e era comum a presença de cadáveres
flutuando por entre a imensa quantidade de juncos chineses.
O povo com fome não tinha sequer um lugar onde morar e
muitas famílias eram julgadas abençoadas por possuir um
barco onde viviam amontoadas como ratos.
Houve época em que a vida humana não tinha mais valor e
que se matava por um prato de comida.
Esse quadro de horrores fazia com que o povo também se
interessasse pelo aprendizado de técnicas marciais que
fossem úteis para a defesa de si mesmos e de suas famílias.
Para se ter uma vaga ideia do poderio da família imperial sobre
a grande massa do povo, basta mencionar que, em
determinada época, com exceção da família do imperador, o
povo era obrigado a se vestir sempre de preto.
Preservando a memória deste tempo de opressões os
praticantes de Kung Fu do mundo todo ainda usam uniforme
preto, identificando-se com o povo chinês.
Durante bom tempo uma das maneiras mais fáceis de
identificar o falso praticante ocidental de Kung Fu era pela cor
de seu uniforme de treino.
Normalmente os treinamentos do Kung Fu são efetuados de
calça e camiseta e o uniforme cerimonial é preservado para
ocasiões especiais ou para os mestres.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
Quando o uniforme cerimonial (denominado IFU) possui
botões, mangas ou golas de cor branca, indica que o mestre
ou o pai do praticante é falecido.
O branco é o sinal de luto na cultura chinesa e usar uniforme
branco ou com partes brancas estando o mestre ainda vivo é
sinal de grande ignorância e temeridade do praticante.
Outra coisa a se notar é que, no mundo inteiro, o Kung Fu não
usa faixa como sistema de graduação.
O máximo que se admite é o uso de uma faixa de cor única
(geralmente vermelha), que será usada por todos os
participantes, independente de seu estágio ou grau de domínio
técnico.
Não tendo faixa e sequer qualquer outro sistema de
graduação, o praticante de Kung Fu é avaliado em primeiro
lugar por suas realizações em prol da preservação e
divulgação de seu estilo, e em segundo lugar pelo número de
anos que se dedica à prática do Kung Fu e pelas distinções
que tenha obtido em campeonatos e apresentações públicas.
A China, mais que qualquer outro país do mundo, situa-se em
uma posição geográfica de isolamento total.
Isolada ao norte pelas amplidões dos desertos da Manchúria e
da Mongólia, e para além deles a imensidão gelada da Sibéria,
a nordeste pelo Himalaia que vai até o sul e sudeste e a leste
pelo oceano Pacífico, os chineses foram forçados a
desenvolver sua própria cultura, sem influências do mundo
exterior.
À semelhança de outros povos da antiguidade, os chineses
possuíam um modo de vida relacionado com a natureza e com
a vida agrícola.
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Quem constata o comportamento mesquinho de certos
“mestres” chineses que ensinam Kung Fu no Ocidente e que
adotam a fofoca e o vilipendio como reação habitual aos outros
mestres, não consegue entender como pessoas tão ignorantes
e primitivas podem ter antepassados tão ilustres.
Os antigos chineses souberam, como nenhum outro povo,
deduzir dos fenômenos da natureza certas leis e princípios que
passaram a fazer parte de uma filosofia de vida e de uma
sabedoria excepcionais.
Através da observação dos animais criaram exercícios
especiais para fortalecimento e agilização do corpo.
Embora na antiguidade (por volta de 4.000 anos antes de
Cristo) esses exercícios fossem usados com o objetivo de
preservar a saúde, com o correr do tempo foram transformados
em estilos de luta e em escolas internas e externas. As
internas dedicam-se aos estilos suaves e as externas aos
estilos duros.
Em recordação a essas origens muitos estilos modernos ainda
mantêm, em seus nomes, referências aos movimentos dos
animais de onde se originaram.
Por exemplo: "Tong Long" (Louva-a-Deus), "Fei Hok Pay" ou
"Bay Hok Pay" (Garça Branca), "Fan Tzi" (Águia), "Fu Jow Pay"
(Tigre) etc.
Das séries animais mais conhecidas na antiguidade, destacase em importância a "Wu Chin Si" atribuída ao grande médico
e anestesista "Hua To", e que incluía o veado, o macaco, a
águia, o urso e o tigre.
É imensa a quantidade de estilos existentes no Kung Fu.
Estima-se que só na cidade de Hong Kong existam cerca de
360 estilos.
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Essa grande variedade de estilos se deve à imensa população
da China (é o país mais populoso do mundo) e à grande
antiguidade do Kung Fu (situado historicamente pela primeira
vez no ano 2674 antes de Cristo).
Os primeiros estilos foram criados pelos clãs (famílias) e
mantidos como segredo através das gerações.
Era muito comum que, ao herdar um determinado estilo um
membro dessa família acrescentasse alguns movimentos por
sua própria conta, e o estilo original sofria diversas alterações
de geração para geração.
Com o passar do tempo o mesmo estilo se desmembrava em
vários estilos menores, que por sua vez iriam se dividir em
outros e assim por diante.
As diferentes escolas de Kung Fu recebem na China uma
divisão empírica, que as denomina como Escolas do Norte e
Escolas do Sul.
Essa denominação surgiu devido ao fator geográfico que
influenciou no desenvolvimento dos estilos básicos.
Graças à grande extensão do continente chinês, suas regiões
do norte e do sul caracterizavam-se por marcantes diferenças
no que tange ao solo e aos acidentes geográficos.
Daí surgir o conceito "Na Kuen Pat Tui", que em chinês
significa: ”Punhos no Sul, pernas no Norte."
Os povos do norte habitavam as montanhas, e, portanto,
tinham pernas fortes e se especializaram no desenvolvimento
de estilos que fossem favoráveis ao uso dessa predisposição
natural.
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Os povos do sul habitavam os pântanos, nas várzeas onde
semeavam o arroz e nas barcas atracadas às margens dos
rios.
Por força dessas circunstâncias precisavam manter o equilíbrio
de forma precária e se tornaram exímios cultores dos estilos
em que predominava o uso dos braços.
Além da influência geográfica que acabamos de examinar, o
Kung Fu se desenvolveu sob as características das religiões e
filosofias mais marcantes de sua cultura.
No início da Era Cristã as escolas budistas originárias da Índia
tiveram grande ascensão dentro da civilização chinesa,
passando a ter certa influência política.
Os líderes do Budismo chinês eram agraciados pelo imperador
com cargos públicos.
Esses fatos perturbaram muito os praticantes da filosofia
taoísta, criada por Lao Tsu, que se viram na contingência de
transformar sua filosofia em religião em busca do prestígio que
tinham perdido.
Essa transformação do Taoísmo em religião foi tão radical que,
para concorrer com as divindades budistas, foram instituídos
os "Imortais", que eram semideuses taoístas.
Desses imortais, os mais famosos foram os "Oito Imortais
Bêbados", que deram origem ao estilo "Chui Pa Hsien", mais
conhecido como "Estilo dos Bêbados".
Para diferenciar as escolas de Kung Fu de origem taoísta das
de origem budista, foram criados os termos "Nei Chia" (escola
interna) e "Wai Chia" (escola externa).
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As escolas taoístas (internas) caracterizam-se pelos
movimentos lentos, pela respiração profunda e pelo estudo das
energias internas exemplo: o “T’AI CHI CHUAN”.
As escolas budistas (externas) caracterizam-se pelos
movimentos rápidos e agressivos e pela busca de praticidade
em situações de luta exemplo: o “SHAOLIN”.
Na época da dinastia Chou, os homens estavam cansados das
guerras e revoluções que esfacelavam o império chinês.
Muitos desses homens foram para os bosques e montanhas
buscando refúgio na vida solitária e na convivência com a
natureza.
Esses ermitãos professavam a filosofia do "Tao" (caminho), daí
serem conhecidos como taoístas.
Esse conceito denominado “Tao" não pertence aos taoístas,
tendo surgido no alvorecer da civilização chinesa e sendo
atribuído ao filósofo Fu Hi.
O conceito original foi ampliado através dos ensinamentos de
Lao Tsu (também conhecido por Lao Tse, Lao Zi ou Li Ehr,
segundo diferentes dialetos).
As escolas taoístas passaram no decorrer da história por três
etapas sucessivas e independentes: A fase filosófica (Tao Kia),
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a fase mágica-alquimista (Tao Kiao) e a fase religiosa (Ching
Kia).
A respeito de fase religiosa, já explicamos anteriormente que
ela surgiu como consequência da influência budista sobre a
cultura chinesa.
A fase mágica-alquimista foi a mais pobre e a mais extensa
das fases do taoísmo, fundamentando seus dogmas na crença
da possibilidade de imortalidade e na fábula da existência de
uma erva que a concretizaria.
A erva da imortalidade (Ling Chi Tsao) e a busca dos gênios
imortais (Hsien) foram a preocupação maior e a razão máxima
que motivou grande parte dos filósofos taoístas nessa fase.
Quanto à fase filosófica, sua base apóia-se na obra “Tao Te
Ching”, de Lao Tsu (604-517 a.C).
Nessa obra de grande profundidade e de difícil interpretação,
você tem a oportunidade de encontrar uma das mais sensíveis
contribuições do pensamento chinês.
Já foi traduzida para o português e existem pelo menos 12
traduções diferentes ao alcance do público brasileiro nas boas
livrarias.
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Lamentavelmente muito se perde nessas traduções e embora
tenhamos comparado três das melhores versões para
podermos aconselhar sua aquisição ao leitor, nenhuma delas
nos satisfez o suficiente.
Essa obra contém muitos ensinamentos que incentivam a
meditação, a busca interior e as técnicas respiratórias (mais
tarde adotadas no T’Ai Chi Chuan").
Exemplo de citação:
"O sábio fecha a boca e os olhos, anula os sentidos e se torna
impenetrável ao mundo exterior, abrindo-lhe apenas o
coração."
É lamentável que a maioria dos professores de “T’Ai Chi
Chuan" não se interessem em (ou não saibam como) transmitir
os conhecimentos da filosofia taoísta a seus alunos.
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Ao invés disso, preocupam-se mais com os conceitos taoístas
(da fase mágica-alquimista) sobre os métodos de respiração e
mentalização com objetivos de alcançar a longevidade.
Um dos conceitos mais populares entre os taoístas da
antiguidade, dizia respeito ao retorno ao "Tao" após a morte.
A morte para eles era uma forma de libertação onde iriam
colher os frutos da experiência que acumulavam durante a vida
terrena.
Para se acumular o maior número possível de experiências,
fazia-se necessário ter uma vida o mais longa possível, por
isso cuidavam muito de assuntos relacionados com
alimentação, exercícios, higiene, equilíbrio energético do corpo
e Medicina.
Incentivavam a fluência da energia do Tao (Chi), através de
massagens Tui Ah (ou Do-in), exercícios respiratórios Chi
Kung e da exposição do corpo à luz solar e lunar.
Por volta do ano 120 a.C., surgiu a obra "Huai Nan Tsu", onde
são citadas as técnicas para se obter a vida eterna.
Tais técnicas se baseavam em métodos respiratórios e em
ginásticas especiais, em muito semelhantes aos estilos antigos
de "T'Ai Chi Chuan" e "Pa Kua".
Essa busca da imortalidade contribuiu para o surgimento dos
primeiros conceitos sobre Acupuntura (medicina chinesa com
agulhas), no tempo do imperador Huang Ti.
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Inúmeras lendas relatam a história de Chao Tao Ling (34-156
D.C) que teria sido um grande mago alquimista, especializado
na fabricação de talismãs, tendo criado uma sociedade secreta
onde ensinava Alquimia e a fórmula para a vida eterna.
Segundo se conta, teria ascendido aos céus sobre as costas
de um tigre em plena luz do dia, levando consigo a sua esposa
e dois dos discípulos mais fiéis.
Dentre os termos chineses a expressão "Chi" é utilizada para
designar a energia do Tao, que se manifesta nas múltiplas
formas do Universo, e que é a responsável pela manifestação
da vida nas diferentes espécies existentes sobre a Terra.
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Trata-se de uma energia interna, misteriosa, de natureza
psicofisiológica, responsável pela manutenção da vida de
todos os seres.
Segundo as teorias da Acupuntura e do Do-ln (temas que
serão estudados posteriormente na Fraternidade Kung Fu), a
doença se manifesta quando a energia "Chi" se encontra
bloqueada em um dos meridianos (Ching) do corpo.
A ação terapêutica do Do-ln e da Acupuntura consiste em
pressionar com os dedos ou puncionar com agulhas esses
meridianos, fazendo com que essa energia volte a fluir
novamente.
Segundo os métodos "Noi Kung" e "Chi Kung" das escolas
taoístas, o praticante de Kung Fu aprende a centralizar o "Chi"
no "Tai Tien" (Tanden em japonês), um ponto localizado a
alguns centímetros abaixo do umbigo.
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Conta-se que alguns praticantes mais experimentados eram
capazes de arremessar essa energia a tal ponto que podiam
derrubar um adversário a vários metros de distância.
Uma das técnicas mais famosas que emprega o uso dessa
energia é a “Tie Sa Chang”, mais conhecida como "Palma de
Ferro".
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Um presente a nossos leitores.
Baixe esta revista de minha autoria:
Este link foi enviado pelo Junyor Rego:
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FU+Editora+3.rar
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Os Precursores
No início da Era Cristã (141 a 203 d.C.) viveu na China um
grande médico que ficou conhecido como O Pai da Educação
Física.
Esse médico, cujo nome era Hua-To, nasceu no Distrito de Po,
na Província de Anewei e se tornou muito famoso por ser o
primeiro médico cirurgião a usar analgésicos ao realizar suas
operações.
Mas para os praticantes de Kung Fu, ele merece ser lembrado
pela criação de uma série de exercícios que, imitando o
comportamento de cinco animais, teria fundamentado a origem
de alguns dos estilos de Kung Fu que seriam matrizes dos
estilos existentes em nossos dias.
A famosa série dos cinco animais de Hua-To tinha por objetivo
agir como um preventivo contra as enfermidades e constituir-se
em um método de exercício cotidiano.
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Essas séries de movimentos passaram a ser conhecidas sob o
nome "Wu-Chi-Si" e, para motivar melhor seus praticantes,
acabou por se tomar um dos primeiros estilos de luta interna.
Segundo registros históricos dessa época, o método de HuaTo consistia em exercícios físicos onde se dava grande
importância às práticas respiratórias e que poderiam ter
utilidade como defesa pessoal.
A história registrou também que dois de seus discípulos (WuPu e Fae-Ya) viveram mais de 90 anos, sem perder um só
dente e mantendo a vista e os ouvidos tão aguçados quanto na
juventude.
Hua-To praticava regularmente esses exercícios e insistia em
divulgá-los ao povo.
Esses exercícios consistiam num Tchia Dsu (também chamado
Kuen), semelhante aos Tchia Dsu de alguns estilos de Kung
Fu dotados de movimentos amplos ainda existentes em nossos
dias.
Tchia Dsu são os movimentos formais de cada estilo.
Em japonês chama-se Kata e por essa razão alguns
praticantes de Kung Fu que tentam “achinezar” termos
japoneses os chamam de Catí.
Esse tipo de movimentação era denominado "Chung Chuan"
ou "Cheong Kuen".
Os movimentos eram suaves, flexíveis e amplos, ao passo que
a respiração era relaxada e natural: o inverso dos estilos
externos onde a respiração era forçada pelos músculos
abdominais.
Esses exercícios também tinham a intenção de manejar a
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manifestação energética da natureza denominada YING e
YANG, servindo de base, portanto, para o surgimento dos
estilos internos que vieram posteriormente a essa época (T'Ai
Chi Chuan, Pa Kua e Hsing I).
Dentro do folclore do Kung Fu, existe um personagem
marcante cujas lendas ainda são narradas pelos mestres de
Kung Fu no mundo todo.
Esse personagem era conhecido pelo nome de Kwang Kung e
as histórias sobre ele são contadas em uma obra clássica da
literatura chinesa denominada "Os Três Reinos", onde ele é
descrito como um homem de alta estatura e possuidor de
grande força e coragem, o que o tornava um guerreiro temido e
respeitado.
Kwang Kung era o soberano de uma vasta região da China e
era muito habilidoso nas artes estratégicas e no Kung Fu.
Nesta obra existe uma passagem a respeito de uma ocasião
em que Hua-To fez uma operação no braço de Kwang Kung.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Hua-To foi o criador do primeiro medicamento anestésico
conhecido homem. Esse remédio, denominado Ma-Fei-San,
permitia a realização operações mantendo o paciente sob
anestesia geral.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Segundo contam os relatos da época, Kwang Kung teria sido
ferido uma flecha e ao tentar retirá-la quebrou-a dentro do
braço.
Hua-To foi chamado para extrair a ponta da flecha e ofereceu a
aplicação de seu famoso analgésico para que não houvesse
dor durante a cirurgia, mas Kwang Kung o recusou e preferiu
se distrair durante a operação jogando um espécie de xadrez
chinês (como você vê na ilustração da página anterior).
Hua-To abriu o braço de Kwang Kung, extraiu-lhe a ponta da
flecha, limpou a ferida e costurou as carnes no lugar sem que
este pronunciasse uma palavra de dor!
Um dos inimigos de Kwang Kung chamado Chou-Chou e que
também era soberano de um dos reinos em que a China
estava dividida nesse período, ficou espantado com o
restabelecimento rápido de seu inimigo e com a rapidez com
que retornou aos campos de batalha.
Algum tempo depois Chou-Chou foi acometido de violenta dor
de cabeça e chamou Hua-To para que a curasse.
Depois de diagnosticar a origem dessa dor Hua-To informou
que seria necessária uma operação e que teria de abrir-lhe a
cabeça.
Chou-Chou achou que o médico tinha tramado algum método
para assassiná-lo e mandou executar Hua-To.
Tempos depois o próprio Chou-Chou morreria em uma crise
fortíssima de dores de cabeça - provavelmente de algum tipo
de tumor cerebral.
Go-Ko-Hung (mestre que retém a simplicidade) viveu na China
por volta de 254 a 334 d.C, tendo escrito uma obra chamada
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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"Nuy-Pi-En" (Textos Interiores), que tratava de fórmulas da
Alquimia sobre a transmutação dos metais e fórmulas mágicas
sobre o prolongamento da vida.
Entre os métodos de longevidade citados em sua obra
incluíam-se os exercícios com práticas respiratórias e
mentalizações energéticas que seriam adotadas pelas escolas
de Kung Fu internas.
Li-Chih-Min transformou o Taoísmo em religião imperial por
volta do ano 300 a 600 d.C.
Essa fase religiosa do Taoísmo surgiu, como já dissemos
antes, como uma reação às influências do Budismo.
Constituíram-se ordens monásticas, com extensa liturgia, com
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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cânones dogmáticos e grande quantidade de templos e uma
série de divindades.
Em sua origem tanto o Budismo como o Taoísmo eram apenas
filosofias sem pretensões religiosas.
No entanto, as ramificações que ocorreram após a morte de
Buda criaram duas escolas principais - a Mahayana (Grande
Veículo) e a Hinayana (Pequeno Veículo), das quais, a
primeira passou a divinizar a figura de Buda e a admitir
conjeturas sobre a vida após a morte e outros conceitos sobre
a existência de deuses e da reencarnação.
O sucesso da seita Mahayana trouxe aos monges budistas um
vasto poderio político que provocou um certo ciúme por parte
das autoridades taoístas que, por suas origens chinesas (o
Budismo veio da Índia), exigiam igual número de regalias.
Para ascenderem ao mesmo plano de influência política e
social do Budismo, os patriarcas do Taoísmo decidiram
transformá-lo em religião e idealizaram uma série de
divindades, chegando ao ponto de alegar que o Buda era
apenas uma encarnação de Lao-Tse (o criador do Taoísmo).
Dentre a plêiade de divindades taoístas criadas para satisfazer
a curiosidade popular, as que se tomaram mais famosas foram
os "Pa Hsien" ou "Oito Imortais", que dariam origem a um estilo
denominado "Chui-Pa-Hsien" -o estilo dos oito imortais
bêbados.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Historicamente falando a origem desse Tchia Dsu (que
estudaremos mais tarde no curso à distância da Fraternidade
Kung Fu), nada tem a ver com a religião taoísta originada no
tempo de LiChih-Min.
A origem do estilo dos oito imortais bêbados situa-se em um
Tchia Dsu da escola Ti Tang, método da China do norte, que
se baseava em movimentos que deveriam ser usados caso o
lutador viesse a cair ao solo durante uma luta.
O praticante do "Chui-Pa-Hsien" executa uma série de
movimentos de grande grau de dificuldade técnica, movendo
seu corpo como se estivesse bêbado a ponto de
aparentemente perder o equilíbrio e cair no chão.
O sucesso desse estilo foi imitado por outras escolas de Kung
Fu externo e em nossos dias existem "estilos do bêbado", nas
escolas "Tai Shing" (estilo do macaco), "Fey-Hok-Pay" (estilo
da garça), "Tong-Long" (louva-a-deus) e "Choy Lay Fut".
No estilo Tai Shing esse Tchia Dsu se caracteriza por uma
mescla dos movimentos do macaco no solo - o corpo do
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praticante fica quase ajoelhado e algumas vezes com as
costas ou a parte de cima da cabeça no chão.
No Choy-Lay-Fut o Tchia Dsu Chui-Pa-Hsi-En (note a grafia
diferente) é transmitido juntamente com uma série de Tchia
Dsu avançados denominados: "Sup Pat Law Hon Yik Gun
Ching" (sistema interno dos oito budas), "Pa Kua Sum Kuen"
(Tchia Dsu dos oito trigramas), "Fey Hok Da Kuen" (Tchia Dsu
serpente contra o grou).
O "estilo do bêbado" tornou-se muito popular em nossos dias
graças ao desempenho do ator chinês Jackie Chan que
executou em um de seus filme uma estilização coreografada
do Tchia Dsu do bêbado do estilo Tai Shing.
Veja ilustrações desse filme a seguir:
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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O estilo Hsing I (pronuncia-se Chin i) foi criado pelo general
Yueh-Fei (1102-1141), durante a dinastia Sung.
Mais tarde estudaremos no curso a distância da Fraternidade
Kung Fu a vida desse grande praticante de Kung Fu e
entraremos em maiores detalhes sobre o tema.
A peregrinação dos monges budistas e taoístas pelo Tibete
trouxe influências novas para os estilos de Kung Fu chineses.
Essas influências foram mais marcantes nas escolas Fey Hok
Pay e Hop Gar.
O estilo Fey Hok Pay, também conhecido como "Pay-Hao",
"Bai Hok Pay", "Hao Chuan" e "Pae Hok" e o estilo Hop Gar se
desenvolveram sob as influências do Budismo Vajrayana do
Tibete e foram levados pelos monges budistas e tibetanos que
peregrinaram por esse país até Cantão, no sul da China.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Chang San Feng (ou Chang San Fong) que também viveu na
dinastia Sung, teria, segundo as lendas, dado origem ao TAi
Chi Chuan, o mais famoso estilo interno de Kung Fu.
Segundo se conta, teria sido monge budista (embora outros
autores o citem como tendo sido monge taoísta) do mosteiro
"Shaolin-Chi" e era um grande especialista no método de luta
desse mosteiro -o estilo Shaolin.
Narra a lenda que esse monge estava meditando em um
templo da montanha de Wu-Tang-Shang e se questionava a
respeito das vantagens e desvantagens de se vencer uma luta
e qual o significado da vitória em um combate.
No momento em que meditava sobre esses assuntos ouviu um
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barulho no pátio do templo e pôde observar pela janela uma
luta entre um grou e uma serpente.
Observando os movimentos circulares da serpente, que se
esgueirava pelo chão, escapando habilmente aos movimentos
furiosos do grou, percebeu as vantagens da esquiva e dos
movimentos que diluem a força de ataque do adversário e
teria, segundo a lenda, estabelecido as bases para a criação
do T'Ai Chi Chuan.
Outras lendas dessa mesma época dizem que Chang San
Feng teria criado o T'Ai Chi Chuan a partir de um sonho em
que o teria aprendido de certos personagens misteriosos
denominados "Homens do Dragão de Fogo".
Observando-se o uso da energia interna na prática do T'Ai Chi
Chuan e a movimentação tipicamente flexível que o diferencia
dos estilos originários em Shaolin, temos razões para crer que
Chang San Feng era um monge taoísta e não um monge
budista.
Considera-se Chang San Feng como pai do Nei Kung e a
montanha Wu-Tang-Shan é citada como o local de origem dos
estilos "Wu Tang Pai" e "Pa Kua Chuan".
Essas informações fazem parte da obra de Yuan-Ch'U-T'Sai, o "Wu Tang Pa Kua
Chuan", o "Mo-Kik" e o "Lo-Hon-Kuen".
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O Templo Shaolin
Ainda nos tempos de hoje existe um templo budista na
montanha de Soong Shan, na província de Honan, que foi
fundado no início da era cristã e cujos feitos relativos ao
desenvolvimento e a preservação do Kung Fu o tornaram
lendário.
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Logo após as escadarias de sua entrada principal ainda existe
uma placa onde se pode ler em chinês arcaico os seguintes
ideogramas: "Shao-Lin-Chi", que podem ler traduzidos por:
"Templo da Jovem Floresta" ou "Monastério do Pequeno
Bosque".
A tradição oral que tem prevalecido na cultura do povo chinês
afirma que as artes marciais duras (escolas externas) "Wai
Chia" se originaram nesse templo.
As artes marciais que ali foram praticadas acabaram por
receber o nome de "Shaolin Chuan" (arte dos punhos da jovem
floresta) tornando-se a base sobre a qual seriam estabelecidos
os mais de trezentos e sessenta estilos de Kung Fu que ainda
existem em nossos dias.
A origem do templo fundamenta-se em causas exclusivamente
religiosas.
O templo Shaolin era um monastério onde o povo chinês se
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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refugiava em busca da paz e da tranquilidade necessárias à
realização de sua busca espiritual.
O cidadão comum desse período da história da China tinha
sua vida nas mãos do imperador, que era um déspota com
direito absoluto sobre seus súditos.
Mas, devido às crendices da época, quando uma pessoa
dedicava sua vida à busca espiritual deixava de ser um
cidadão do mundo e o imperador perdia os direitos sobre ele.
Durante a dinastia Wei (398 a 534 d.C.) houve uma grande
conversão do povo chinês ao Budismo recém-chegado da
Índia, e o imperador do norte, Shao Wen, mandou construir o
primeiro templo Shaolin por volta de 450 d.C.
Para a construção do templo foi escolhida uma localização
privilegiada na face norte da montanha Soong Shan.
Ao redor da construção do templo os monges plantaram um
pequeno bosque com árvores frutíferas e outras plantas
escolhidas e, com o passar dos anos, acabaram por atribuir-lhe
o nome de Shaolin.
À medida que a ordem monástica dos Shaolin se desenvolveu,
foram criados outros templos.
Depois do templo erigido em Honan, o mais famoso templo
Shaolin foi constituído na província de Fukien por um monge
muito famoso chamado Ta-Shin-Sheng.
Diz-se que embora tenha sido em Honan que se criou o estilo
Shaolin de Kung Fu, foi em Fukien que este se desenvolveu
até atingir os elevadíssimos padrões técnicos que lhe deram
tanta fama.
Existiram cinco templos pertencentes à ordem monástica dos
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Shaolin, mas devido às dificuldades dialéticas do idioma
chinês, existe alguma divergência sobre suas localizações.
Segundo Wang Lai Sheng, praticante de Kung Fu citado na
obra "Asian Fighting Arts", os templos se situavam em Honan,
Fu Kien, Wu Tang, 0-Weí-Shan e Kwantung.
Segundo outros autores os templos se situavam em Honan,
Fukien, Ngor Mee, Wu Tang e Kwang-Tung.
A maior problemática dessas divisões é que aos monastérios
de Wu Tang e de O-Wei-Shan os taoístas também atribuem as
origens de seus estilos internos.
Ambas as alternativas são citadas aqui mais por uma questão
de aprimoramento cultural do leitor, pois esses fatos não
possuem maior relevância e não impedem um estudo
aprimorado do Kung Fu.
Como já disse anteriormente, as técnicas marciais e o Kung Fu
já estavam presentes na cultura chinesa centenas de anos
antes do estabelecimento da comunidade budista de Shaolin.
As teorias de maior relevo têm atribuído ao templo de Honan o
grande mérito de ter preservado muitos dos conhecimentos
marciais originários da China Antiga.
Mas os mesmos historiadores que fazem essas afirmações
também são concordes em afirmar que no templo de Honan se
dava mais importância às práticas da filosofia e da meditação
Ch'An (transmitidas por Bodhidharma), enquanto que no
templo do sul (Fukien) os monges davam grande importância
às técnicas marciais e estavam constantemente envolvidos nas
lutas e nas rebeliões do povo chinês.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Por falta de registros históricos de reconhecida competência,
pouco se pode deduzir a respeito do grau de aperfeiçoamento
que o Kung Fu já possuía antes de ser introduzido em Shaolin.
Alguns historiadores com mentalidade mais nacionalista
recusam-se a admitir que o Kung Fu de Shaolin tenha sido
criado a partir dos ensinamentos de Bodhidharma, e afirmam
que o estilo Shaolin teria sido gerado durante a dinastia Sung
(420-479 d.C.) pelo imperador Chao-Kan-Ying.
Sabendo-se que Bodhidharma só chegaria ao templo por volta
do ano 525 d.C, tais historiadores têm a intenção de nos fazer
crer que o Kung Fu já fazia parte dos ensinamentos do templo
antes de sua chegada.
Mas tal raciocínio entra em choque com outros fatores que
parecem comprovar que o estilo Shaolin tenha sido realmente
introduzido por Bodhidharma.
Em comprovação à tese que atribuiu tal feito a Bodhidharma
existem as gravuras e ilustrações pintadas em diversas
paredes dos templos Shaolin e que podem ser vistas até hoje.
Nessas ilustrações se podem ver monges indianos (tez mais
escura) ensinando os monges chineses a lutar.
Outro argumento de grande peso é a grande superioridade
técnica do estilo Shaolin sobre os outros estilos existentes fora
do templo, que acabaram por ser dizimados pelos
sobreviventes de Shaolin a ponto de hoje em dia muito poucos
terem sobrevivido.
Bodhidharma é certamente a figura mais controvertida no
panorama das artes marciais do Oriente.
Sua influência na origem das artes marciais da China, da
Coréia e do Japão é insofismável.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Conhecido por Bodhidharma, Bodai Daruma, Daruma Taishi Ta
Mo, Dart Mor ou Dat Mor, esse monge indiano foi o
responsável pela criação do Budismo Ch’An, conhecido na
Coréia como Sun e no Japão com Zen.
Na Índia o povo possui uma divisão por castas que tem
prevalecido desde tempos imemoriais até os dias de hoje.
Sendo filho do Rei Sughanda, Bodhidharma pertencia à casta
dos Kshastryias - que era a casta guerreira.
Desejando proporcionar a seu filho a mais esmerada instrução
marcial que lhe fosse possível, o Rei Sughanda contratou o
mais famoso guerreiro da índia para instruí-lo pessoalmente na
arte do Vajramushti.
Esse guerreiro famoso por seus feitos militares e por sua
grande bravura chamava-se Prajnatara e se afeiçoou muito a
seu discípulo, tendo lhe transmitido técnicas marciais de
impressionante eficiência.
Prajnatara
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Com o decorrer dos treinamentos surgiram fortes laços de
amizade entre mestre e discípulo, e mesmo quando Prajnatara
se converteu ao Budismo, (nesse tempo transformado em
religião e possuindo um conceito filosófico antagônico ao
Hinduísmo tradicional), Bodhidharma não o abandonou e
continuou a praticar o Vajramushti sob sua tutela até sua
morte (por volta de 520 d.C.)
Devido à sua grande fama como guerreiro Prajnatara foi
iniciado nos mais altos mistérios budistas, e acabou por atingir
uma vivência espiritual que o fez receber do Abade Punyamitra
(vigésimo sexto patriarca do Budismo) a incumbência de
continuar a tarefa de divulgação do Budismo.
Punyamitra conhecido por Funyomitta no Japão
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Com a morte de Punyamitra, Prajnatara veio a se tornar o
vigésimo sétimo patriarca do Budismo.
Nessa época o Budismo estava perdendo seu prestígio na
Índia devido ao surgimento de inúmeras seitas novas que
estavam se afastando dos conceitos filosóficos originais dados
por Buda e se perdendo em questões dogmáticas de natureza
religiosa.
Prajnatara percebeu a necessidade de reconduzir a filosofia
budista à sua simplicidade original, e vendo a tenacidade e
percebendo em Bodhidharma a firmeza de caráter necessária
ao desempenho dessa tarefa, passou a ensinar-lhe o Budismo.
Com a morte de Prajnatara, Bodhidharma assumiu a condição
de vigésimo oitavo patriarca do Budismo e empenhou-se na
tarefa que recebera de seu mestre: - Reconduzir a filosofia
budista à sua simplicidade original.
Com esse objetivo Bodhidharma viajou pelos países onde a
filosofia budista possuía o maior número de adeptos, a saber:
Nepal, Tibete e China.
Nesse período o Budismo estava sendo muito difundido na
China, e suas obras básicas haviam sido traduzidas do
sânscrito e do pali para o idioma chinês.
A convite do Imperador Liang Wu Ti, que governava em um
dos reinados estabelecidos durante o período das seis
dinastias (no início do sexto século D.C.), Bodhidharma foi à
China com a intenção de dar prosseguimento à sua missão.
Porém Wu Ti era seguidor de uma linha inovadora do Budismo,
cujas características salvacionistas e ritualísticas eram
diametralmente opostas ao método de Budismo difundido por
Bodhidharma, que incentivava a busca interior e a meditação.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Além do que, Wu Ti não era um imperador benéfico para seu
próprio povo, tratando-o com mãos de ferro e com muito pouco
daquela bondade tão inerente aos ensinamentos budistas.
A respeito da convivência de Bodhidharma com esse
imperador pouco se registrou na história, mas houve um
diálogo entre ambos que ficou muito famoso; aconteceu mais
ou menos assim:
O imperador era muito presunçoso e julgava que pelo simples
fato de ter permitido a divulgação do Budismo sob o seu
reinado já se qualificava como um grande benfeitor.
Certa ocasião o imperador contou a Bodhidharma que
construíra grandes templos para o Budismo e que nomeara
inúmeros monges para cargos políticos de relevo, devendo
portanto ter grandes méritos diante de Buda.
Mas Bodhidharma lhe respondeu que não tinha nenhum mérito
por ter feito essas obras.
Surpreso, Wu Ti perguntou o que deveria fazer então para
conseguir méritos dignos do Budismo.
- Vossa alteza terá que dormir até o meio-dia. Respondeu-lhe
Bodhidharma.
Não tendo compreendido nada o imperador aproveitou a
primeira oportunidade para consultar os sábios da corte a
respeito do que Bodhidharma lhe dissera.
Depois de discutirem entre si, os sábios informaram a Wu Ti
que Bodhidharma estava se referindo aos malefícios que o
imperador causava ao povo chinês devido a seus atos
impensados e prepotentes.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Concluíram que Bodhidharma lhe recomendara dormir até ao
meio-dia para que, dessa forma, reduzisse pela metade os
vandalismos que costumava cometer diariamente.
Furioso com essa crítica o imperador ordenou que
Bodhidharma fosse trazido à sua presença, mas o monge já
havia previsto a cólera de Wu Ti e viajado para o reinado de
Wei.
Essa história vem comprovar a grande coragem de
Bodhidharma, que não se curvava nem mesmo diante de um
tirano que dispunha da vida de seus súditos com a mesma
facilidade com que mudava seu estado de humor.
Os artistas que o retrataram tentaram demonstrar essa
coragem que o caracterizava colocando uma certa fúria em
seu olhar.
Veja por exemplo o olhar desta estátua que o retrata:
A arte praticada por Bodhidharma na Índia era o Vajramushti, a
esse respeito leia Vajramushti - A Arte Marcial dos Monges
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Budistas - livro de minha autoria que reproduzo nas próximas
páginas:
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A seguir incluo algumas imagens de Bodhidharma ao analisalas é preciso ter em mente que por ser um guerreiro os artistas
o pintavam com expressões muito severas e por ser indiano às
vezes o retratavam muito moreno e sempre lhe davam olhos
imensos, muita barba e muito pelo, pois os chineses, possuem
a tez clara, olhos tipicamente orientais e poucos pelos.
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Escultura de Bodhidharma no Templo Shaolin
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Escultura em um osso.
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Uma das maiores estátuas retratando Bodhidharma.
Nas páginas seguintes, para sua
reflexão e meditação, transcrevo algumas
das frases atribuídas a Bodhidharma –
estão em inglês, mas você pode traduzilas com a ajuda do Google Tradutor.
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Como eu estava contando, após a conversa com o Imperador
Wu Ti, Bodhidharma viajou para o reinado de Wei.
No reinado de Wei, Bodhidharma foi acolhido pelos monges
Shaolin que o hospedaram por muitos anos.
Conta-se que nesse local Bodhidharma meditou diante de um
muro por nove anos seguidos.
Nesse templo, localizado na face norte da montanha de Soong
Chan, existe até hoje uma sala em que está escrito em chinês
arcaico: "Este é o local onde Tamo fitou a parede."
De qualquer forma, segundo alguns autores, se ele não tivesse
preservado o Budismo e o ensinado aos chineses, essa
filosofia jamais teria sobrevivido até o nosso tempo.
Bodhidharma não era um homem comum, haja vista que seu
nome ainda é citado com respeito pelos verdadeiros mestres
de Kung Fu e de Karatê do mundo inteiro.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Dentro dessa dimensão, a luta perdia todo seu significado em
termos de agressividade e mérito pessoal, para transformar-se
em mais um caminho de autoconhecimento que justificava sua
aplicação técnica apenas em situações de defesa pessoal,
para autoproteção ou para amparo de pessoas mais fracas e
desprotegidas.
Lutar sim, mas não para vencer outro ser humano, ou para
provar sua capacidade técnica sobre a capacidade de outrem.
Lutar apenas como uma forma de expressar e preservar a
justiça e a harmonia que dão vida às criaturas e asseguram o
equilíbrio universal.
Milhares de outros lutadores tiveram grandes atuações no
mundo das Artes Marciais, mas ninguém teve seu nome
preservado tanto tempo quanto Bodhidharma.
Dado a sua lucidez e pertinácia Bodhidharma entregou-se de
corpo e alma ao estudo dos ensinamentos budistas que lhe
eram transmitidos por Prajnatara.
Tendo se dedicado muito à prática da meditação, começou a
perceber que o domínio da vivência espiritual era muito mais
importante que o domínio do corpo físico e que, embora as
técnicas marciais lhe agradassem muito, seu conhecimento
não tinha o mesmo valor que o conhecimento e a prática das
verdades espirituais.
Bodhidharma compreendia que as técnicas marciais que
praticava dependiam muito de sua habilidade física e que,
quando atingisse idade mais avançada, veria sua capacidade
técnica diminuir progressivamente.
Qual a finalidade de praticar-se alguma coisa exaustivamente,
se com o passar do tempo vai se diluindo nossa capacidade de
executá-la com perfeição?
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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À medida que Bodhidharma evoluía em suas práticas de
meditação, ia superando cada vez mais as manifestações
egoísticas da personalidade, destruindo o próprio ego e
emergindo para uma consciência superior.
Quando sua consciência atingiu um plano mais elevado,
começou a perder o sentimento de individualidade e passou a
identificar-se cada vez mais com a unidade de todos os seres.
A tal ponto evoluiu Bodhidharma através das práticas de
meditação budista, que não mais via a si mesmo existindo
separadamente da existência de todas as demais pessoas.
Passou a compreender que qualquer ação deve ser feita
visando o bem comum e não apenas a individualidade (que por
si mesma é egocêntrica e volta-se apenas para a realização de
aspirações pessoais egoísticas).
Concluiu então que o homem deve executar seu trabalho, dar
sua contribuição e prestar sua ajuda, com vistas a toda a
humanidade e ao bem comum, que favoreça não só ao gênero
humano como também a todas as criaturas vivas (por isso que
os budistas são vegetarianos).
Existe uma lenda na China que conta que quando
Bodhidharma começou sua meditação, caiu em profundo sono
devido ao cansaço da viagem, e que quando acordou ficou tão
aborrecido com isso que, pedindo uma faca, cortou fora as
pálpebras.
Dessa forma nunca mais seria surpreendido pelo sono
enquanto meditasse.
Outra lenda conta que as pálpebras de Bodhidharma foram
enterradas à esquerda e à direita da porta principal do templo,
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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aos pés das estátuas guardiãs ferozes que eram comuns
nessa época.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Com o passar do tempo, no local onde foram enterradas
surgiram plantas cujas folhas possuíam aroma agradável e que
passaram a ser usadas nas infusões do templo e para a
recuperação de inúmeras indisposições.
Essa planta veio a se tomar muito conhecida na China e
recebeu o nome de chá.
Após um longo período de meditação que o conduziu a
estados de consciência cada vez mais sutis, Bodhidharma
chegou à conclusão que de todas as práticas budistas a mais
importante para a preservação dos ensinamentos de Buda era
a meditação.
Embora compreendesse a importância ética e social das
chamadas "Quatro Nobres Verdades" e da "Senda Óctupla do
Reto Caminho" que constituíam o sustentáculo dos dogmas do
Budismo, Bodhidharma percebeu que sem a prática
sistemática da meditação, os dogmas perdiam seu sentido
filosófico e a profunda dimensão que Buda lhes tinha atribuído.
Assim sendo, graças a Bodhidharma a prática do Budismo foi
totalmente modificada e muitos dos rituais foram suprimidos e
substituídos pela prática severa da meditação.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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A essa nova concepção Bodhidharma denominou Dhyanna,
que em sânscrito significa meditação.
Mas, para os chineses a pronúncia do sânscrito era muito
dificultosa e acabou sofrendo modificações fonéticas que
mudaram sua pronúncia para Ch'Anna e finalmente Ch'An.
O pensamento Ch'An influenciou profundamente todas as artes
orientais.
Monges budistas de inúmeros países iam ao templo Shaolin
para receber upadesa (aconselhamento pessoal) de
Bodhidharma e difundiram o pensamento Ch'An para as mais
remotas regiões do Oriente.
O Ch'An é até hoje ensinado no Japão com o nome de Zen e
na Coréia com o nome de Sun.
Praticamente todas as mais representativas manifestações do
folclore e da cultura japonesa fundamentam-se no pensamento
Ch'An (Zen).
Podemos citar a cerimônia do Chá, a arte Ikebana de arranjos
florais, a técnica Bonsai de cultivo de árvores anãs, a arte de
pintura com a pedra nankin denominada Sumi-E, o teatro
Kabuki, o No etc.
As Artes Marciais japonesas são literalmente inseparáveis do
Ch'An (Zen).
Graças aos esforços de Miyamoto Musashi (Shinmen Musashi
No Kami Fujiwara No Genshin) (1584-1645) o maior samurai
da história do Japão, que, fundamentado na prática sistemática
da meditação Ch’An (Zen), criou o Bushido (Código de Honra
dos Samurais), as Artes Marciais japonesas pautaram seus
mais profundos ensinamentos no pensamento Ch'An.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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As Artes do Kendo, do Aikido, do Kempo, do Kyudo, do Judô e
outras, estão fundamentalmente ligadas ao Ch'An (Zen).
Miyamoto Musashi
Jigoro Kano, criador do Judô, mantinha um monge Zen na
Kodokan (Escola Kodo) para ensinar a seus discípulos o
verdadeiro valor da disciplina nas Artes Marciais.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Quem examinar as obras de Gishin Funakoshi (o pai do
Karate) vai encontrar inúmeras referências ao Zen.
Quem examinar obras sobre o estilo Goju-Ryu de Karate verá
fotos do célebre mestre Gogen Yamaguchi praticando
meditações Zen sob cachoeiras.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Quem for à ilha de Shikoku em Tadotsu, na prefeitura de
Kagawa assistir aos treinamentos do templo de Shorinji Kempo
verá que entre as práticas diárias incluem-se sessões de
meditação Zen.
Também na Coréia houve grande influência da escola Sun
(Ch'An) nas Artes Marciais.
Quem examinar as origens de inúmeros Kihons
(movimentos formais) do Taekwondo, do Hapkido e do
Hwarang-do, encontrará neles o nome de monges das seitas
Ch'An coreanas.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Os ocidentais jamais poderão avaliar a severidade das práticas
impostas por Bodhidharma aos monges de Shaolin.
Para se ter uma vaga idéia, basta examinar os programas dos
templos Zen nos dias de hoje (muito mais suaves que naquele
tempo).
Segundo depoimento publicado na obra "The Empty Mirror",
que narra as experiências de um ocidental em um templo Zen
do Japão, os monges meditavam das quatro horas da
madrugada até as vinte e duas horas, interrompendo sua
meditação apenas para atenderem as suas necessidades
fisiológicas e cumprirem suas pequenas obrigações diárias.
Dada a severidade das meditações, os monges Shaolin não
resistiam e desmaiavam durante sua prática.
Considerando atentamente o estado débil e enfermiço dos
monges que limitavam suas práticas físicas aos asanas
(posições) utilizados na meditação e nos rituais, Bodhidharma
começou a ensinar-lhes o Vajramushti indiano para fortalecêlos e capacitá-los a suportar com mais eficiência a meditação.
Tratando-se de exercícios com fins espirituais, exigia-se a
prática rigorosamente correta de cada movimento e aos
mínimos gestos atribuía-se uma importância fundamental.
Embora considerada uma Arte Marcial Budista por muitos
pesquisadores, o Vajramushti data de época muito anterior ao
surgimento do Budismo.
As referências históricas não são exatas, visto que o país de
origem do Vajramushti (a Índia), por sua própria filosofia social
de extrema religiosidade nunca deu muita importância aos
registros históricos.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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É interessante notar que o Vajramushti tem sua origem em
época pré-ariana, quando a Índia ainda era habitada pelos
drávidas.
Os historiadores situam a civilização dos drávidas como
bastante anterior à civilização dos arianos, que teriam invadido
a Índia por volta de 2000 a.C.
Embora menos conhecida que suas congêneres chinesas,
japonesas e coreanas, a Arte Marcial Vajramushti é
mencionada em quase todos os textos heróicos da civilização
dravidiana.
Aliada à técnica física característica de toda Arte Marcial, o
praticante de Vajramushti tem a seu dispor o mais rico cabedal
de conhecimentos filosóficos e espirituais que a Índia propiciou
ao mundo desde tempos imemoriais.
Nenhuma outra Arte Marcial, seja qual for sua origem, possui
um respaldo histórico mais antigo e abalizado.
O leitor deve basear-se em seu próprio critério para julgar os
pontos mais importantes entre as semelhanças e
dessemelhanças entre os diversos estilos de Kung Fu e o
Vajramushti como foi transmitido por Bodhidharma, segundo os
relatos históricos que o tempo conseguiu preservar.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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A EVOLUÇÃO DO KUNG FU ESTILO SHAOLIN
Ao ensinar o Vajramushti aos monges Shaolin Bodhidharma
transmitiu-o mais como uma prática ascética que como uma
Arte Marcial.
O Vajramushti servia para vivenciar certos preceitos budistas
relativos à unidade da mente e do corpo.
Os monges que o aprenderam passaram a apreciá-lo também
por seus recursos defensivos que os protegiam nos longos e
solitários caminhos que percorriam para a divulgação da
doutrina budista.
Alguns historiadores mencionam que para Bodhidharma tanto
a meditação como o Vajramushti tinham igual valor diante dos
objetivos de conhecimento interior.
Tanto isso é verdade que com o tempo a prática do
Vajramushti como meio de desenvolvimento espiritual
substituiu grande parte da meditação sentada, nas atividades
desenvolvidas no templo, fazendo com que o templo Shaolin
se tornasse famoso não como um centro de meditação Ch'An,
mas como uma escola de Arte Marcial sem armas.
O Vajramushti ensinado no templo Shaolin era mantido como
segredo, transmitido apenas a uns poucos iniciados que
haviam recebido suas vestes monásticas e feito os votos mais
elevados.
A razão para esse procedimento é que o Vajramushti era
extraordinariamente eficiente, podendo se tornar perigoso nas
mãos de pessoas menos esclarecidas e que não possuíssem o
conhecimento de seu verdadeiro significado.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Acredita-se inclusive que tenha permanecido oculto entre
alguns poucos iniciados, mesmo quando o templo abrigou
refugiados políticos por volta da época da dinastia Ming.
Em sânscrito o nome Vajramushti significa:
Vajra = Real, Bastão, Cetro, Vara, Direto, Reto, Correto.
Mushti = Golpe, Golpe de Punho, Soco, Raio, etc.
Atribui-se a criação do Vajramushti ao deus Shiva da Trindade
Hindu.
Essa Trindade é formada por três deuses, a saber: Brahma, o
Criador, Vishnu, o Conservador e Shiva, o Destruidor.
A função destruidora de Shiva não deve ser interpretada no
mau sentido e sim como um processo de transformação.
Shiva age transformando e destruindo o que é inútil para que
se manifeste o que é útil e construtivo.
Como já vimos anteriormente, embora a cultura dravidiana
tenha sido relegada ao esquecimento após a invasão dos
arianos, as técnicas do Vajramushti foram preservadas pela
casta dos guerreiros (Kshastryia).
Budha o aprendeu como parte de sua educação militar por
volta, do ano 500 a.C.
Segundo depoimento de So Doshin, pai do Shorinji Kempo
(Kung Fu Shaolin em japonês), ensinado na ilha de Shikoku no
Japão, mesmo depois de iluminado, Buda ensinava o
Vajramushti como prática ascética.
Dado a dificuldade de pronunciar a palavra Vajramushti os
chineses mudaram o nome dessa arte para Lo-Han e mais
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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tarde ela passou a ser conhecida como Nalo-Jan, Arohan e lJinsin.
Durante a dinastia Ming um monge chamado Kwok Yuen
peregrinou por toda a China pesquisando os estilos antigos de
Kung Fu, tendo introduzido no templo certos conhecimentos
marciais que mais tarde foram ampliados, somados a certos
rudimentos do Vajramushti e classificados em cinco diferentes
estilos: Tigre, Grou, Leopardo, Serpente e Dragão.
Os Manchus invadiram a China e dizimaram a dinastia Ming,
obrigando os oficiais do exército chinês a fugirem ou serem
mortos.
Muitos desses oficiais se ocultaram nos templos budistas, por
serem territórios apolíticos e independentes do Estado chinês.
Os templos Shaolin foram dos mais procurados devido as suas
localizações privilegiadas e devido as suas grandes
dimensões.
Durante esse período os estilos desenvolvidos por Kwok Yuen
passaram a ser ensinados ao povo com o nome de Kung Fu
Shaolin, com o propósito de possibilitar-lhes defenderem-se
dos emissários corruptos do governo invasor Manchu.
A grande eficiência desse estilo tomou-o muito famoso,
passando a ser utilizado nas demonstrações públicas do
templo e nas comemorações do ano novo chinês, juntamente
com a Dança do Leão.
Mas entre os monges mais adiantados permanecia oculto o
verdadeiro Vajramushti, que, como um recurso à meditação e
ao desenvolvimento espiritual passou a ser chamado em
chinês Ch'An Tao Chuan -"A Arte dos Punhos do Caminho da
Meditação".
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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A grande dificuldade em se traçar as origens históricas do
Kung Fu está na pronúncia diferente dos nomes chineses,
devido aos dialetos e as modificações pelas quais passou o
idioma chinês arcaico até chegar a seus padrões modernos.
Devido a essas e outras dificuldades não conseguimos
determinar com exatidão a época em que teria vivido Kwok
Yuen mas, pelos referenciais históricos que possuímos,
podemos situá-lo entre a dinastia Yuan (1268-1368) e a
dinastia Ming (1368-1644). |
A respeito dele conta-se a seguinte história:
O jovem Yuen da Província de Yen-Chou, aprendeu os
exercícios de Ta Mo (Bodhidharma) no Mosteiro Shaolin com o
auxílio do monge Hung-Yun.
Depois de aprendê-los converteu-os em setenta e duas séries
de técnicas marciais.
Mas seu desejo de aprender as técnicas marciais do Kung Fu
antigo o levou a viajar por toda a China em uma época de
constantes guerras.
Certa ocasião o jovem Yuen enfrentou um ancião chamado
LiCh'Eng na cidade de Lanchow, de quem se tornou grande
amigo.
Li-Ch'Eng havia sido um grande lutador em seus anos de
juventude e se tomara famoso por ter sido mestre do guerreiro
Pai-Yu-Feng.
Baseado nessa experiência aumentou suas setenta e duas
séries originais em 172 Tchia-Dsu, divididos em cinco grupos
diferentes.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Cada um desses grupos passou a se identificar com um
animal, a saber: a Serpente, o Tigre, o Dragão, o Leopardo e o
Grou.
Cada grupo de Tchia-Dsu com o nome de um determinado
animal possuía suas características próprias.
Os Tchia-Dsu do Dragão cultivavam o espírito e a capacidade
de estar alerta; executavam-se sem a aplicação de força,
enfatizando-se a respiração e a concentração na parte baixa
do abdômen, em movimentos longos, fluentes e contínuos.
Os movimentos do Tigre serviam para fortalecer o corpo
(ossos, músculos e tendões); seus movimentos eram curtos e
bruscos, dando-se ênfase à força e à tensão dinâmica.
As técnicas do Leopardo desenvolviam a força, com
movimentos rápidos, inteligentes e imprevisíveis.
O estilo da Serpente desenvolvia o Chi (energia interna), era
usado a partir do controle espiritual e cultivava a resistência,
através da respiração lenta, profunda e harmoniosa, dando
prioridade aos golpes desferidos com a ponta dos dedos.
Os movimentos do Grou visavam o desenvolvimento do
autocontrole e do caráter.
Com esses novos conhecimentos Yuen e seu amigo Pai-YuFeng retomaram ao templo Shaolin.
Pai-Yu-Feng já tinha 70 anos e resolveu aderir à vida
monástica, adotando o nome Ch'ln-Yueh (Lua do Outono),
querendo demonstrar que conseguira realizar um antigo sonho
já no outono da vida.
A Kwok Yuen (Chueh Yuan), se atribuem as seguintes
palavras:
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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"Sem o Chi não existe força. Um lutador que grite e lance sua
mão com ferocidade, não tem verdadeira força em seu golpe.
Um verdadeiro lutador não é espetacular, mas seu punho é
pesado como uma montanha. Isso acontece porque ele possui
Chi. Depois de muita prática o Chi pode ser focalizado sobre
qualquer ponto de ataque que se deseje. A vontade domina o
Chi que pode ser localizado em qualquer ponto
instantaneamente."
Quando os oficiais Ming se ocultaram nos templos Shaolin,
despertaram a ira dos governantes manchus, que se
empenharam arduamente em tentativas para destruir os
templos.
Na época da dinastia Ching foram feitos diversos ataques ao
templo principal, mas sem sucesso, pois suas paredes eram
inexpugnáveis, tendo mesmo diversos metros de espessura
em alguns pontos.
O templo sofreu longos cercos, semelhantes ao que vitimou o
templo de Jerusalém, mas sobreviveu facilmente devido a
auto-suficiência dos monges, que plantavam seus próprios
alimentos e podiam resistir interminavelmente.
Mas, da mesma forma que a Inconfidência Mineira, o templo
Shaolin também teve seu traidor.
Despeitado por não ter acesso aos exercícios originais de
Bodhidharma e motivado por vultosa quantia e pela oferta de
um cargo político de relevo, um monge de categoria inferior
chamado Ma Ning Yee tramou sua traição com o apoio de três
oficiais do governo Manchu, a saber: Chan Man Yu, Cheung
Ching Chow e Wong Chun May.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Ma Ning Yee envenenou a água do templo e o incendiou no
vigésimo quinto dia do sétimo mês do décimo segundo ano do
reinado de Yung Cheng (1733 d.C).
Enquanto o fogo aumentava Ma Ning Yee abriu as portas para
os soldados manchus que rapidamente dizimaram todos os
sobreviventes que encontraram e destruíram o que ainda
restava.
Conseguiram fugir apenas cinco dos mestres e quinze
discípulos.
Dentre os quinze discípulos apenas seis tiveram seus nomes
guardados pela história, quer por sua fama como possuidores
de grandes habilidades nas Artes Marciais, quer por seus feitos
heróicos nas infrutíferas tentativas de derrubar os invasores
manchus.
Foram eles:
Hung Hee Kung e Luk Ah Choy, que criaram o estilo Hung
Kuen, mais tarde conhecido como Hung Gar.
Fong Sai Yuk, que criou um estilo baseado no movimento dos
cinco animais de Shaolin.
Tse Ah Fook, Fong Weng Chun e Tsung Chin Kun, que foram
grandes lutadores e cujos feitos heróicos são até hoje narrados
em histórias do folclore chinês.
Quanto aos cinco mestres que escaparam, seus nomes eram:
Cheen Sin, Fung To Tak, Mui Hin, Ng'Mui e Pak Mey.
Os exercícios que Bodhidharma ensinou no templo Shaolin
passaram a ser conhecidos como "As Dezoito Mãos de LoHan", (Shih-PaLo-Han-Sho) e foram descritos em uma obra
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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chamada "O Livro da Transformação Muscular" (I Chin Ching)
em dois volumes, dos quais apenas um sobreviveu.
Baseado no "Shih-Pa-Lo-Han-Sho" o imperador Tai-Tzu da
dinastia Sung criou trinta e duas formas de punho longo e seis
formas de deslocamento.
Infelizmente muitos dados sobre a filosofia budista e as Artes
Marciais chinesas se perderam devido à ausência de
referencial histórico.
Foi o escritor Tao-Yuan quem mencionou o nome de
Bodhidharma pela primeira vez, e isso ocorreu no ano 1004, ou
seja, quase quinhentos anos após sua morte.
As primeiras referências históricas à capacidade marcial dos
monges do templo Shaolin citam o primeiro imperador da
dinastia T'Ang, que venceu a Wang Chin Chung graças à ajuda
de três monges lutadores chamados Chih Tsao, Hui Nang e
Tsan Tsun.
Graças às proezas desses monges o templo Shaolin tornou-se
famoso como um centro de cultura marcial.
Outra referência menciona que o general Yueh Fei criou as
técnicas do Chin-Na (Cento e Oito Técnicas de Apresamento e
Torção) a partir dos ensinamentos que teve do monge Jao
Tung do templo Shaolin.
Tem sido despertada a curiosidade de inúmeros leitores, que
tem nos escrito para saber como eram feitas as iniciações dos
pretendentes a se tornarem discípulos dos templos Shaolin.
A esse respeito têm sido relatadas inúmeras lendas que,
infelizmente, não podem ser comprovadas historicamente.
Mas vamos contar algumas delas apenas para cultura geral de
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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nossos leitores.
Segundo relatos antigos, os novos discípulos eram admitidos
no templo no início da primavera, que coincidia com o tempo
das grandes chuvas.
Nesses dias os pais que desejavam que seus filhos se
tornassem monges, os levavam ao pátio frontal às escadarias
do templo e lá os deixavam sozinhos aguardando que os
monges os convidassem a entrar.
Essas crianças tinham em média de 7 a 12 anos de idade.
Considerando-se a dispersividade que caracteriza as crianças
dessa idade, imagine como eram rigorosos os testes que
descreverei a seguir.
Os monges não abriam logo as portas do templo (às vezes
demoravam alguns dias) e as crianças eram obrigadas a
suportar ao relento o sol e as chuvas torrenciais que
costumavam cair nesse período.
Muitas das crianças abandonavam a espera e voltavam para
suas casas.
Outras crianças eram conduzidas de volta por seus próprios
pais que não suportavam vê-las sofrer.
Embora não abrissem as portas os monges observavam o
comportamento das crianças e iam selecionando aquelas que
consideravam suficientemente disciplinadas para suportar as
árduas exigências do templo.
Quando as portas se abriam os monges mandavam de volta
para casa as crianças que consideravam que não suportariam
seus ensinamentos.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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As demais crianças eram admitidas no primeiro pátio interno e
conduzidas a uma grande mesa onde já estava sentado um
velho monge (geralmente o patriarca do templo).
Quando se sentavam à mesa eram observados seus
comportamentos.
Se pediam comida (podiam estar há três dias sem comer)
eram servidas e depois mandadas para suas casas, pois era
considerado indecoroso pedir comida ao invés de aguardar o
momento de serem servidas.
Se corressem para a mesa avidamente ou apressadamente
demais, também eram dispensadas.
Às que passavam por esse teste era dado uma tigela sem
fundo, uma grande bolacha seca achatada (do tamanho do
fundo da tigela) e era servido o chá.
O procedimento correto era forrar o fundo da tigela com a
bolacha para que pudesse ser servido o chá sobre ela.
As crianças que não o faziam eram dispensadas
sumariamente, pois não eram consideradas suficientemente
inteligentes para aprender os ensinamentos do templo.
Se a criança agisse corretamente colocando a bolacha no
fundo da tigela, mas começasse a tomar o chá antes do monge
idoso que estava sentado à mesa, era mandada de volta para
casa, pois o respeito aos idosos era de grande importância na
cultura chinesa.
Supondo que o garoto conseguisse superar esses testes,
ainda enfrentaria outros.
Logo em seguida a essa fase lhe era entregue uma vassoura e
lhe ordenavam que varresse um determinado pátio.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Mal ele tivesse terminado de varrer surgia algum monge com
os pés enlameados e sujava todo o lugar que havia sido
varrido.
Assim que o monge porcalhão desaparecesse por uma porta
qualquer surgia o monge que lhe havia ordenado que varresse
o lugar e o interpelava mais ou menos assim:
-Eu não mandei que você varresse esta sala? Olhe só que
imundície! Você é um vagabundo que não obedece às ordens
que recebeu!
Se o garoto resmungasse que já tinha varrido ou que depois
que tinha varrido tinha vindo um cara e sujado tudo outra vez,
era mandado embora, pois não tinha suficiente dedicação ao
trabalho para permanecer no templo.
O garoto deveria abaixar a cabeça e continuar a varrer sem
proferir nenhuma palavra.
Este teste da varredura era repetido diversas vezes como
prova da humildade, da paciência e da perseverança do
postulante.
Havia uma variante desse teste em que o monge que mandara
o postulante varrer retornava e afastava um painel que dava
para outra sala tão grande quanto a primeira.
Em seguida interpelava o garoto perguntando por que não
varrera a outra sala também.
e o menino respondesse que não lhe tinham ordenado que
varresse a outra sala era sumariamente dispensado.
Seu procedimento deveria ser de extrema humildade, deveria
abaixar a cabeça e continuar a varrer sem retrucar.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Pessoalmente não creio que nenhum garoto ocidental
superasse satisfatoriamente esta prova, a menos que tivesse
sido previamente instruído sobre como deveria se comportar.
Depois que superava os testes iniciais o postulante era
submetido a todo tipo de provação, e executava todas as
tarefas menos agradáveis do templo por longo período.
Buscar água era uma tarefa penosa, pois os baldes eram
propositadamente imensos e mesmo quando vazios bastante
pesados.
Havia também as tarefas da cozinha que eram muito
desagradáveis, quando não monótonas e exaustivas.
As tarefas de limpeza incluíam lavar as latrinas, retirar a poeira
dos imensos arabescos e baixos-relevos que existiam por
quase todas as paredes do templo, cuidar das folhas e das
ervas daninhas dos vários jardins, lavar escadarias e
corredores imensos, etc.
Durante esse período inteiro o postulante passava por
periódicas humilhações por parte dos estudantes mais
avançados, todas elas com a intenção de testar-lhe a fibra
moral e a paciência.
E todas essas tarefas e testes que eram impostos aos garotos
não os livravam de cumprirem outras obrigações relacionadas
com as práticas budistas e com o estudo das doutrinas
ensinadas no templo.
Dormia-se poucas horas cada noite e trabalhava-se
arduamente.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Quando começava a espelhar certa frustração ou cansaço, um
monge se aproximava dele e lhe indagava há quanto tempo
estava no templo.
Geralmente os garotos respondiam que estavam lá há muito
tempo, em parte porque não lhes era dado acesso a nenhum
calendário que lhes permitisse saber há quanto tempo lá
estavam; em parte porque estavam desejosos de iniciar a
prática do Kung Fu que só era permitida a alunos
mais avançados.
Mas se a resposta fosse essa, o aluno era deixado entregue a
seus afazeres por mais alguns meses.
A resposta certa seria: -Há bem pouco tempo estou aqui.
(Mesmo que já fizesse alguns anos que lá estivesse.)
Esta resposta era considerada correta porque diante dos
dogmas do Budismo a manifestação material no mundo que
nos cerca é ilusória (Maya = Ilusão) e também é ilusório o
conceito de tempo e de espaço.
Não era obrigatória a prática do Kung Fu, mas se o jovem
passasse em todos os testes que descrevemos até agora e
manifestasse desejo de aprender o Kung Fu Shaolin, seu
desejo seria escarnecido e ignorado por muitos meses.
Depois desse abandono inicial passavam-se alguns meses e
ele era convidado a participar das aulas de Kung Fu.
Nas primeiras aulas era mais ou menos usado como um saco
de pancadas e as surras eram duríssimas.
Se demonstrasse ter fibra, superando essa fase inicial que
tinha sua duração determinada pelo comportamento do
postulante então seria recebido como um discípulo de Shaolin,
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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mudando a cor das vestes e o comportamento que recebia dos
demais.
Muitas de suas tarefas diárias eram transferidas aos
postulantes menores e passava a receber incumbências de
maior responsabilidade.
Seus estudos dentro das doutrinas do templo eram mais
profundos, e maior o número de matérias estudadas.
As práticas ritualísticas e o período de meditação eram
ampliados.
Já não tinha que se alimentar na cozinha junto com os
postulantes menos graduados, passava a frequentar as mesas
dos refeitórios.
Era transferido para os dormitórios superiores.
Até que recebesse as vestes amarelas e prestasse os votos
monacais o postulante não cessava de ser submetido a testes
periódicos que, embora menos humilhantes, não deixavam de
ser bastante exigentes.
Além dos testes de habilidade física e marcial havia os testes
de habilidade artística -geralmente caligrafia e composição
poética.
Havia também os testes de doutrina budista e de medicina
oriental (os monges eram excelentes acupuntores e
massagistas).
Quando evoluía em seus estudos aprendia vários idiomas (ou
dialetos chineses) e ajudava na tradução de textos budistas de
origem pali ou sânscrita.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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O trabalho na lavoura também era obrigatório e todo monge
tinha que fazer seu estágio na cozinha aprendendo autosuficiência na arte culinária.
Cada um desses assuntos exigia um teste de avaliação.
Segundo a tradição chinesa o homem Kung Fu teria que se
distinguir em pelo menos cinco áreas do conhecimento
humano.
Ele deveria saber se exprimir no idioma chinês tanto oralmente
como por escrito de maneira impecável.
Ele deveria possuir uma caligrafia de rara beleza que
chamasse a atenção de quantos a vissem.
Ele deveria ser capaz de se exprimir em versos, de conhecer
poesia e os textos clássicos com alguma profundidade.
Ele deveria se exprimir em alguma forma de arte com grande
habilidade -geralmente desenho ou pintura.
Ele deveria conhecer os rudimentos da lavoura e da arte
culinária e ser capaz de transmitir tais conhecimentos às
pessoas do povo que necessitassem deles.
Ele deveria ser hábil no uso das agulhas da Acupuntura, e na
falta delas ter conhecimentos suficientes da Medicina oriental
para poder tratar um paciente aplicando dedos habilidosos
sobre os pontos dos meridianos de energia utilizados na
Acupuntura.
Ele deveria ter uma consciência política e econômica para
poder desempenhar o papel de educador diante do povo,
segundo os melhores procedimentos da tradição de Confúcio.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Ele deveria possuir sólidos conhecimentos das doutrinas
religiosas, mormente o Budismo e o Taoísmo, para poder
doutrinar e esclarecer dúvidas a respeito de tais assuntos.
Ele deveria ser capaz de defender a si mesmo e aos
desamparados que recorressem ao seu auxílio.
Ele deveria ter noções de sobrevivência em condições
inóspitas, na selva e em terrenos desconhecidos, devendo ser
capaz de localizar ervas medicamentosas, preparar infusões
curativas, colocar no lugar ossos quebrados, preparar
beberagens e poções.
Dentre os atributos que acabo de citar, o homem Kung Fu tinha
que se destacar em pelo menos cinco deles.
A falta de pelo menos cinco dessas qualidades o
desqualificaria como praticante de Kung Fu, mesmo que se
tratasse de um habilidoso lutador.
Há que compreender que para a tradição chinesa, devido às
influências de Confúcio, a cultura geral de um homem era
muito mais respeitada que sua capacidade de lutar.
Recentemente foi mencionado na obra "Chinese Boxing
Masters and Methods", de autoria de Robert Smith, o professor
Cheng Man-Ch'lng, famoso praticante de Tai Chi que tinha a
alcunha de Mestre das Cinco Excelências.
Com isso o povo chinês lhe prestava homenagens tratando-o
como um mestre cujos conhecimentos comparavam-se com os
grandes mestres da antiguidade.
Ingressar no templo Shaolin exigia uma atitude muito séria e
uma forte intenção de vontade que predispusesse o postulante
a todo tipo de provação.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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As pessoas não entravam no templo meramente na intenção
de aprender o Kung Fu.
O templo Shaolin era, antes de tudo, uma escola de filosofia e
religião e as pessoas que nele ingressavam o faziam com o
objetivo de alcançar a realização espiritual.
Se alguma pessoa lá entrasse apenas com objetivos marciais
acabaria por se lamentar amargamente, pois não poderia mais
sair a menos que atingisse um nível de proficiência espiritual
ou marcial extraordinários.
Aos monges que se dedicavam exclusivamente aos estudos
doutrinários e às práticas espirituais era facultada a saída do
templo desde que em missões administrativas ou de caridade.
Mas aos monges que haviam escolhido o caminho da Arte
Marcial somente era permitida sua saída caso se distinguissem
de maneira incomum na arte de lutar.
Se fosse capaz de vencer os instrutores dos cinco estilos
principais do templo poderia requerer a prova do corredor da
morte.
O corredor da morte era assim chamado porque nele havia
cento e oito bonecos de madeira que eram acionados pelo
peso de quem se atrevesse a penetrá-lo.
Tais bonecos eram confeccionados por artesãos habilidosos
de maneira que, se o praticante escapasse dos golpes
desferidos pelo primeiro, certamente teria que enfrentar o
segundo e assim por diante.
Cada golpe de defesa ou ataque desferido contra um dos
bonecos gerava reações de ataques dos outros.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Se o monge que os enfrentasse conseguisse sobreviver ao
corredor, deveria levantar urna urna arredondada
incandescente para poder sair.
Essa urna pesava aproximadamente 225 quilos e era colocada
em um pedestal especialmente confeccionado, de maneira que
Ao ser erguida automaticamente abria a imensa porta situada
ao fim do corredor.
Essa porta não podia ser aberta a não ser dessa maneira.
Nas laterais da urna havia em alto-relevo as figuras dos cinco
animais que simbolizavam os cinco principais estilos do
templo.
A cada monge era permitida a prática de, no máximo, dois
desses estilos, dessa forma o desconhecimento dos outros três
estilos (sem falar no Vajramushti), garantiriam a sobrevivência
do templo caso o monge se transformasse num renegado que
traísse seus conhecimentos.
Era mantido fogo acesso no interior da Urna durante todos os
dias do ano e sua superfície externa atingia uma temperatura
tão elevada que onde fosse tocada a carne grudava e ficava
impressa a figura do animal que estivesse gravado naquele
ponto.
Quem quer que tivesse superado os 108 bonecos do corredor
da morte teria que levantar a urna para poder sair, e como a
roupa dos monges era de seda (altamente combustível), o
monge se via obrigado a retirar a parte de cima de suas vestes
e, de torso nu, erguer a pesadíssima urna com os antebraços e
mudá-la de pedestal.
A porta permanecia aberta por uns poucos momentos, e se o
monge desmaiasse no processo ou não se atirasse para fora
com certa rapidez, arriscava-se a perder todos seus esforços.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Por uma questão de respeito às artes que praticara, o monge
procuraria tocar na urna em pontos que contivessem a figura
dos animais que representavam os estilos que havia praticado,
de maneira a ostentar em seus braços por toda a vida o
desenho deles.
Evidentemente não basta a mera força física para se conseguir
erguer um objeto de tão grande peso, e nem eram suficientes
apenas técnicas marciais aprendidas no templo para se vencer
os 108 bonecos do corredor da morte.
Eram necessárias práticas mentais apuradas para que se
desenvolvessem certos poderes (hoje chamados paranormais),
que permitiriam a realização de tais feitos extraordinários.
Certamente você já ouviu falar a respeito de pessoas,
aparentemente frágeis, que carregam pessoas com o dobro de
seu peso e até pianos imensos por ocasião de grandes
incêndios.
Depois que cessa o fogo essas pessoas percebem que em
condições normais não seriam capazes de realizar tais
esforços.
Experiências têm comprovado que pessoas em condição de
hipnose profunda são capazes de levantar imensos pesos e de
se submeterem a imensas dores sem senti-las.
Os monges Shaolin eram treinados em métodos avançados de
Yoganidra transmitidos por Bodhidharma, que lhes permitiam
realizar essas proezas todas e outras ainda mais
impressionantes.
O Yoganidra é uma técnica transmitida através do Yoga e do
Vajramushti, que permite ao praticante atingir diretamente seu
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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subconsciente de lá tirando forças para realizar tarefas que,
sob condições comuns, seriam consideradas impossíveis.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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As Sociedades Secretas
Depois da destruição do templo Shaolin os sobreviventes se
espalharam por toda a China e passaram a incentivar o povo a
criar frentes revolucionárias com o objetivo de expulsar os
Manchus do poder.
Tal meta nunca foi atingida, mas os diversos grupos acabaram
por dar origem a Fraternidades Secretas, Sociedades e
Irmandades que cultivaram o Kung Fu ocultamente durante
muito tempo.
Essas Sociedades Secretas eram conhecidas como Hung
Mun, Hung Tong ou simplesmente Tríades.
Mais popularmente os membros delas eram conhecidos como
Tong.
Convém lembrar que o Kung Fu também era praticado fora do
templo Shaolin e que muitas das Fraternidades Tong eram
fundadas por lutadores de Kung Fu que apesar de não
descenderem da linhagem de Shaolin, também estavam
interessados em tirar os Manchus do poder.
Esses lutadores faziam longas viagens demonstrando suas
habilidades nas localidades onde passavam e arregimentando
adeptos para suas Fraternidades.
Muitos desses lutadores eram hábeis médicos, pois o
conhecimento de Acupuntura e Do-ln eram transmitidos pelos
mestres de Kung Fu.
Ocultos sob a personalidade de médicos, esses lutadores
tinham facilidade para arregimentar elementos para os Tong.
O poderio dos Tong estendeu-se por toda a dinastia Ching,
finalizando apenas com a constituição da República em 1912.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Por essa época os Tong não estavam mais interessados no
poderio Manchu e sim na invasão dos ocidentais -portugueses,
espanhóis, ingleses e franceses que, aos olhos deles, estavam
dividindo a China e pervertendo suas tradições.
Pelo fim do século XVIII o ópio chinês era muito cobiçado pelos
europeus, e o incentivo brutal que os ocidentais impuseram ao
povo chinês para aumentar a produção desse tóxico acabou
por aumentar o vício e o consumo entre os chineses.
Os Tong, por serem mais politizados que o resto da população,
se revoltaram com esse estado de coisas e iniciaram um
movimento de resistência e guerrilha que acabou resultando na
famosa revolta dos Boxers.
Entre as inúmeras pequenas revoluções geradas pelas
Fraternidades Tong podemos citar a tentativa de assassinato
do Imperador Kia-Ching perpetrada pela Fraternidade da
Razão Celeste, que era uma facção da Sociedade do Lótus
Branco.
Esse imperador era um déspota que se divertia assistindo as
torturas de seus prisioneiros.
Em 1813 a Seita dos Nenúfares Brancos começou um grande
movimento revolucionário contra os Manchus.
Por volta de 1840, como represália ao novo acordo que os
ingleses firmaram com o governo corrupto chinês, referente à
importação de ópio, os Tong destruíram todo o carregamento
dos ingleses.
Por seu turno os ingleses invadiram Nanking tendo
conquistado a cidade em 1842.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Essa revolta foi conduzida por Hung Siu Chuan (1812-1864),
que pertencia ao grupo étnico dos Hakka, de onde surgiu o
famoso estilo Tong Long.
Hung Siu Chuan converteu-se ao Cristianismo e deu origem à
"Seita dos Adoradores de Deus".
Daí o nome da revolta, pois Hung Siu Chuan tentou
estabelecer uma nova sociedade na China que denominou "O
Reino Celeste da Paz", em chinês "Tai Ping Tien Kuo".
Embora os Tong não se unissem a essa seita devido às
oposições religiosas, apoiavam-se devido as semelhanças de
intenções políticas.
Os Tong eram exímios lutadores treinados nas artes, do Kung
Fu e das armas chinesas, sendo hábeis praticantes das
técnicas da espada, da lança e dos machados gêmeos.
Eram facilmente distinguidos entre o povo, pois em revolta com
a ordem Manchu que obrigou o povo a cortar o rabicho
característico dos Ming, usavam seus cabelos compridos ou
cortados à maneira dos ocidentais.
Apesar de suas inúmeras vitórias, os Tai-Ping (Hung Siu
Chuan e seus seguidores) foram finalmente vencidos pelo
general Tseng Kuo Fan, que uniu suas forças ao exército
inglês estrategicamente dirigido pelo comandante Gordon, que
era apelidado de "Comandante Chinês", por ser um lambebotas do governo estabelecido.
Graças ao esforço conjunto desses dois exércitos Nanking foi
reconquistada e 100.000 homens da Seita dos Adoradores de
Deus foram exterminados a golpes de espada.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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As inúmeras revoltas geradas pelos Tong acabaram por
culminar num dos maiores levantes da história chinesa, a
Revolta dos Boxers.
Esse nome foi dado pelos ingleses, pois na impossibilidade de
verter satisfatoriamente o idioma chinês, chamavam os
praticantes de Kung Fu de Boxers, numa analogia ao esporte
de origem inglesa.
Portanto, para os ingleses o Kung Fu era o Boxe Chinês e o
praticante de Kung Fu era chamado de Boxer.
No final do século XIX a Imperatriz Tseu-Hi (chamada pelos
ingleses de Imperatriz Dowager), fez um acordo com os
estrangeiros e com o auxílio deles dizimou os membros do
Partido Reformista Liberal, conquistando seu lugar no poder e
em pagamento cedendo grandes áreas do território chinês.
Como a imperatriz era da raça Manchu, os Manchus
começaram a insuflar sentimentos patrióticos exacerbados
entre o povo chinês, numa tentativa de lançá-los contra os
estrangeiros, fazendo-os esquecer dos desmandos de sua
governante.
Para se ter uma ideia desses incentivos à revolta,
reproduzimos a seguir o texto de um dos cartazes que foram
afixados em Pequim na noite em que se iniciou a revolta.
"O Santo Imperador Chu Hung Tang avisa a todos os
discípulos de Buda: Morte aos Demônios do Oeste que
oprimem nosso país escarrando sobre nossos deuses e
roubando nossas riquezas. O grande momento já foi escolhido
pelo destino. O céu não permitirá que aqueles que violaram
tantas sepulturas para abrir caminho para suas máquinas de
ferro e que tomaram à força as terras dos filhos do céu,
escapem à condenação de seus crimes. Insolentes como são,
esses bárbaros não recuam diante de nada. É por essa razão
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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que nós, membros da Sociedade Harmoniosa do Punho
Fechado, membros da Arte Marcial Chinesa, da Justiça e da
Concórdia, o convidamos a massacrá-los sem piedade no cair
desta noite."
A sociedade Tong responsável pela revolução dos Boxers era
a Fraternidade do Punho da Concórdia (Yi Ho Kuen em
chinês), que era filiada à Seita dos Grandes Punhais e à Seita
dos Nenúfares Brancos.
Mas o processo todo teve origem muito antes, com Chu Hung
Tang, líder que reuniu lutadores de diferentes estilos e formou
um formidável exército.
Originário da cidade de Sze Chui na Província de Shantung,
Chu Hung Tang era estudioso de Medicina e Kung Fu, tendo
aberto sua casa a quem quer que desejasse praticar Kung Fu
e reunindo especialistas marciais que deram origem ao estilo
Yi Wu Kuen (Arte dos Punhos da Justiça e da Concórdia).
Em sua seita a ênfase era exclusivamente dedicada ao Kung
Fu, sem que se ensinasse conceitos filosóficos ou políticos,
mas posteriormente Chu Hung Tang adotou alguns princípios
políticos da Seita Pa Kua e da Seita do Lótus Branco.
Com a aceitação dessa conceituação nova os ânimos de seus
alunos se tornaram mais politizados e agressivos, culminando
com a formação da Sociedade da Justiça e da Concórdia, Yu
Wu Mun em chinês.
Essa Sociedade altamente nacionalista e avessa aos
estrangeiros, tinha dois princípios que a norteavam, a saber:
-Ajude o pobre e lute contra os estrangeiros.
-Se encontrar uma desigualdade em seu caminho empreste
sua mão como ajuda.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Esse ato de emprestar a mão nada tinha a ver com a atitude
cristã de dar a outra face, muitas vezes significava emprestar
um punho irado de um hábil praticante de Kung Fu.
Por sinal, parte de suas vítimas eram os chineses convertidos
ao Cristianismo, que era muito malvisto devido à sua origem
estrangeira.
A guarda imperial não os impedia de atacar as igrejas e aos
chineses cristãos, pois também tinha certo preconceito a
respeito dessa cultura estranha.
Chu Hung Tang tinha apenas 300 homens em sua seita, mas
um golpe hábil do destino aumentou suas fileiras em mais de
mil homens.
Fiéis a seus dois princípios, os homens da Sociedade da
Justiça e da Concórdia ajudaram o povo por ocasião de uma
inundação ocorrida em Sze Shui, o que lhes trouxe centenas
de novos adeptos.
Chu Hung Tang tinha um amigo de infância que se tomou
monge budista e era forte praticante de Kung Fu.
Esse monge, chamado Bun Ming organizou uma filial da
Sociedade na cidade de Cheung Chin.
Com o auxílio desse monge, Chun Hung Tang estabeleceu
uma estratégia de expansão que funcionava mais ou menos
assim:
Enviava 50 homens a uma nova região para fundar uma
espécie de Mosteiro e uma Escola de Kung Fu.
Na continuidade os frequentadores dessa comunidade eram
convidados a participar de uma Sociedade Secreta de
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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voluntários, que era organizada mais ou menos nos mesmos
padrões das organizações dos Tai Ping.
O objetivo dessas organizações era a derrubada da Imperatriz
Manchu Tseu Hi e a expulsão dos estrangeiros do território
chinês.
Os treinamentos nas escolas de Kung Fu da organização eram
duríssimos, os homens treinavam horas e horas todos os dias
e se especializavam no uso da lança e da espada.
O começo da revolta foi bastante prosaico.
No Condado de Ping Yuen o povo estava passando fome e
mais uma vez, fiéis a seus dois princípios, um grupo de
homens da Sociedade Secreta resolveu assaltar um armazém
dos bárbaros estrangeiros e repartir os alimentos entre o povo.
Mas o grupo era muito pequeno, e seis dos homens foram
presos e condenados à morte.
Os outros elementos do grupo procuraram Chu Hung Tang e
lhe pediram que os salvasse.
Chu Hung Tang uniu-se a Bun Ming e com 200 homens atacou
a guarnição estrangeira vencendo-a e repartindo a comida
entre os pobres.
O Governador do Condado foi avisado e mandou suas tropas
contra os revolucionários, mas elas foram derrotadas.
Os revolucionários haviam se preparado para a batalha através
de banhos especiais que as antigas tradições do Kung Fu
acreditavam produzir invulnerabilidade, e como nenhum dos
homens foi ferido ou morto nas duas escaramuças, passaram
a acreditar que suas fórmulas de invulnerabilidade haviam
funcionado.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Em agradecimento à vitória, foi realizada uma cerimônia
budista e para obter o favorecimento dos deuses em suas
futuras batalhas, adotaram mais cinco normas morais, a saber:
-Não contar vantagens nem ter presunção.
-Respeitar os pais e anciãos.
-Não cobiçar nem invejar.
-Não roubar.
-Não adulterar.
Nessa altura dos acontecimentos os adeptos da Sociedade
Secreta já eram 20.000 e estavam espalhados por toda a
China.
A tradição diz que mais da metade deles praticava o Kung Fu.
Em maio de 1898 foi realizado um conselho secreto dos
mestres de Kung Fu.
Estavam em assembléia:
Fao Kan Tzi, famoso mestre Shaolin que tinha mais de 2.000
discípulos e que pertencia à Tríade dos Tong.
Che I Chai, mestre de Hsing I que tinha vencido o famoso
mestre da Palma de Ferro.
Li Tsung, o mais famoso mestre de Pa Kua daquela época.
Chen Ting Hua, conhecido pelo apelido de "Cobra Invencível",
feroz lutador de Hsing I.
Mestre Hung, que tinha mais de 5.000 discípulos fanáticos no
estilo Pa Kua.
Feng yu Hsiang, mestre de Hung Gar e dirigente da Sociedade
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Secreta "União pela Grande Espada".
Tsu Hsin Wu, criador da escola do sul "Tsu Jen Men",
especializada na arte de guerrilha Sun Tzu e no estilo Shuai
Chiao.
Chan Ti San, discípulo do grande mestre Ho Yuen Chia, que
por estar doente não pôde comparecer.
É curioso notar que Bruce Lee interpretou no filme "Fists of
Fury" (Fúria do Dragão, no Brasil), o papel de aluno de Ho
Yuen Chia vingando a morte de seu mestre, que foi
envenenado pelos japoneses.
Essa reunião tinha por objetivo reunir a força desses mestres
para derrubar o poder Manchu representado pela imperatriz e
expulsar os estrangeiros.
Essa reunião dos mestres foi muito importante para o
desenvolvimento do Kung Fu, visto que a união em prol de um
objetivo comum - derrubar os Manchus e expulsar os
estrangeiros - criava união entre mestres e fazia cessar as
guerras entre diferentes estilos.
Como consequência dessa união de forças, nesse mesmo ano
principiou a revolta dos boxers, mas devido a traições internas
(mestres menores invejando e fofocando contra os que se
destacavam já havia naquela época) e outros fatores, esse
início da revolta foi muito conturbado e muita gente foi
capturada e executada.
Os estrangeiros já eram muito influentes politicamente, e se
valiam dessa influência para impor drásticas medidas de
repressão e de controle militar, que acabaram minando a
resistência inicial dos boxers e forçando a captura de milhares
de lutadores.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Só na cidade de Pequim foram executados 3.000 desses
lutadores.
Conta-se que os carrascos recebiam prêmios em dinheiro caso
vencessem o concurso diário de cortar as cabeças.
Os mais afoitos chegavam a cortar mais de sessenta cabeças
por dia.
Considerando que levasse dez minutos para retirar o
prisioneiro do calabouço, sessenta execuções representava
para o carrasco dez horas de trabalho diário, sem parar sequer
para as refeições.
E havia vários carrascos trabalhando ao mesmo tempo.
Mas a coisa não parou por aí. No ano seguinte (1899), os
boxers se reagruparam e estavam ainda mais motivados
devido às execuções de seus companheiros.
Nessa altura dos acontecimentos, a Sociedade da Justiça e da
Concórdia de Chu Hung Tang já contava com milhares de
adeptos, que eram sistematicamente doutrinados para odiar os
estrangeiros.
A matança inicial dos boxers só serviu para exacerbar ainda
mais os ânimos esquentados e a revolta acabou por escapar
do controle dos mestres.
Embora a maioria dos mestres envolvidos tivesse um
comportamento ético e pautassem suas ações dentro de um
determinado padrão moral, seus subordinados estavam
sedentos de sangue e não queriam mais saber de obedecer
ordens.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Levados pela avalanche provocada pela sede de vingança e
pelo ódio aos estrangeiros, a tentativa dos mestres em
controlar a turba, falhou.
Contra suas ordens e em oposição aos princípios morais do
Kung Fu, muitos inocentes pagaram pelos pecadores.
Os homens religiosos, mesmo os padres cristãos e os pastores
das missões protestantes da China, jamais haviam sido
molestados pelos praticantes de Kung Fu, pois eram
considerados homens de paz.
Da mesma forma, eram respeitadas as instituições
assistenciais e de caridade que acolhiam idosos e crianças
órfãs.
Mas os boxers desprezaram os conselhos de seus mestres e
criaram uma carnificina sem par na História da China,
destruindo igrejas, escolas e hospitais, matando religiosos,
médicos, mulheres, anciões, crianças e doentes que
estivessem nessas instituições.
Em 1900 -conhecido como o "Ano da Revolta dos Boxers" -os
revolucionários já ocupavam quase toda Pequim.
Embora a revolta de 1900 tenha sido extremamente curta
(durou de junho a agosto apenas), centenas de combates
foram travados e milhares de atrocidades perpetradas.
Mesmo sendo chamada de Revolta dos Boxers, a revolução já
não pertencia aos boxers, pois a população havia se unido e
com a proposição de apoiá-los cometia grandes morticínios,
numa revanche vingativa e cega pelos muitos anos de
opressão e penúria.
O grosso da revolta iniciou no dia 20 de junho de 1900,
forçando o governo a tomar drásticas medidas para sobreviver.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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No dia seguinte ao início da revolta, (21 de junho) o governo
declarou oficialmente guerra aos estrangeiros.
Com a tomada de Pequim as fraternidades e sociedades
secretas organizaram desfiles para demonstrar suas forças.
Entre outras participaram do desfile as Sociedades Tríades, a
Sociedade do Lótus Branco, os Turbantes Amarelos e a
Unidade da Grande Espada.
Por ocasião dos desfiles das Fraternidades que tomaram
Pequim, os ocidentais haviam se refugiado dentro das
muralhas da cidade velha.
Por trás dessas muralhas havia tropas ocidentais.
Os comandantes ingleses eram muito orgulhosos de seus
feitos militares nas colônias e estavam acostumados a conter
revoltas populares e mesmo rebeliões armadas na Índia.
Suas tropas eram especialistas em lidar com situações
denominadas "Carga de Cavalaria Ligeira".
Faziam parte dos batalhões ingleses sediados em Pequim
várias tropas indianas "Gherkas", compostas por temíveis
lutadores Singhs, especialistas na luta corpo-a-corpo e no
manejo do punhal ondulado (Kriss).
Havia também as tropas de combatentes argelianos, os
Zuavos, ferozes e calejados soldados com muita prática em
guerra de guerrilhas.
Os regimentos ingleses e franceses uniram-se e atacaram os
revoltosos, mas foram derrotados.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Mesmo seus fuzis e baionetas não eram páreo para as lanças
e espadas dos praticantes de Kung Fu.
Muitos mestres e lutadores famosos se davam ao luxo de
enfrentar os soldados estrangeiros fortemente armados,
usando apenas os seus punhos nus.
As perdas chinesas foram mínimas, ao passo que o exército
estrangeiro foi inteiramente dizimado, sobrando apenas uns
poucos homens.
Embora o povo chinês estivesse orgulhoso da vitória, os
mestres sabiam que o pior ainda estava por vir, e que
dificilmente teriam condições de enfrentar as armas pesadas
dos ocidentais.
No dia 11 de julho os regimentos alemães chefiados pelo
Conde Waldersse entrou em batalha com os boxers.
Esses regimentos alemães eram formados por soldados
prussianos, experientes em inúmeras batalhas, chamados
Bandeburgueses e tendo como emblema a Águia Alemã.
Era uma tropa de elite onde só eram admitidos homens com
mais de um metro e noventa de estatura, que passavam por
testes de admissão que exigiam suprema força e coragem.
Era a Águia contra o Dragão.
Os ocidentais eram homens fortes, enormes, superequipados,
obedecendo a uma formação que os dispunha em falanges de
combate já testadas incontáveis vezes e respaldadas em
técnicas militares cientificamente estudadas.
Os chineses eram miúdos e subnutridos, usando armas
rudimentares: facas, paus, pedras, enxadas, correntes, etc.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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A batalha durou apenas uma hora e os alemães foram
forçados a recuar com seus poucos sobreviventes.
Até essa batalha com os alemães os ocidentais ainda não
tinham usado suas armas de fogo de maior alcance, porque
achavam que feria sua honra usar armas sofisticadas contra
uma plebe destreinada, desarmada e pertencente a uma raça
inferior.
Mas tendo em vista as derrotas sofridas os ocidentais
perderam seu amor à honra e começaram a usar plenamente
todos os recursos bélicos que dispunham.
Em desespero de causa os chineses invadiram os museus e
se apossaram de todos os tipos de armas de fogo antigas em
que conseguiram pôr a mão.
E armados de umas poucas escopetas, trabucos e pistolas
antigas tentaram atacar as muralhas da cidade antiga onde os
ocidentais se abrigavam.
Graças à ajuda de um velho canhão que disparava bolas de
fogo de mais de 100 quilos conseguiram abrir brechas nas
muralhas e por elas tentaram passar.
Mas as armas mais sofisticadas dos ocidentais os impediram e
foram mortos aproximadamente quinze dos grandes mestres e
mais de 1.000 boxers.
No dia 14 de julho chegaram os reforços pedidos pelos
ocidentais.
Constava de tropas americanas, européias e japonesas, que
logo ao chegar ocuparam a cidade de Tien-Tsin.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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No dia 14 de agosto o exército ocidental chegou em Pequim,
com 8.000 homens fortemente armados, mais de cem canhões
e 20 metralhadoras de longo alcance.
O cerco dos boxers a Pequim durou cinquenta e dois dias.
Enfrentaram bravamente as tropas aliadas e pereceram
gloriosamente em batalha defendendo o direito à liberdade de
seu povo e a necessidade de preservar seus valores culturais
contra o estrangeiro predador.
Não era a primeira e nem seria a última vez que ocidentais
invadiriam outros países e outros povos, impedindo-os de
exercerem sua liberdade na escolha de seus governantes e na
preservação de sua cultura.
Os boxers conseguiram resistir durante treze dias até serem
dizimados completamente no dia 27 de agosto de 1900.
Pereciam com eles dezenas de estilos de Kung Fu que
desapareceram para sempre por terem sido mortos seus
mestres e praticantes mais destacados.
Jamais saberemos como seria hoje o Kung Fu se alguns
desses mestres tivessem conseguido sobreviver.
Com eles morreram segredos marciais insubstituíveis e
técnicas primorosas, que provavelmente nunca mais serão
reencontradas.
Participaram dessa revolta: de um lado os mestres do Kung
Fu, os membros das Fraternidades, das Tríades e das
Sociedades Secretas e, por outro lado soldados bem nutridos,
fortemente armados e exemplarmente treinados da Alemanha,
Argélia, Áustria, França, Índia, Inglaterra e Japão.
A resistência chinesa era dirigida por homens de ferro como o
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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General Feng-Yu-Hsiang que comandava o célebre batalhão
Ta-Tao-Tui.
Este e outros generais pereceram lutando ombro a ombro com
seus soldados diante das armas de fogo mais sofisticadas de
outros países.
Durante muitos anos o Kung Fu foi banido da China, tendo sido
preservado por uns poucos aficcionados que o praticaram em
segredo até há poucas décadas, quando novamente foi
liberado e conquistou seu lugar ao sol.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Na revolução dos Boxers surgiu o lema
que deu origem ao lema de Bruce Lee:
O General Feng-Yu-Hsiang criou um famoso lema para sua
tropa de revolucionários, lema esse que motivaria Bruce Lee a
criar outro lema de grande impacto. Vejamos:
O lema de Feng-Yu-Hsiang:
Quando combatemos
Usamos as balas de nossas armas
Quando acabam as balas
Usamos as baionetas
Quando se quebram as baionetas
Usamos as coronhas dos fuzis
Quando se quebram as coronhas
Usamos nossos punhos
Quando cortam nossos punhos
Nós os mordemos
O lema de Bruce Lee:
Aproxima-te do Jeet Kune Do
Com a ideia de dominar a vontade.
Esquece a vitória ou a derrota;
Esquece o orgulho e a dor.
Deixa teu adversário arranhar tua pele
E esmaga a carne dele;
Deixa-o esmagar tua carne
E fratura-lhe os ossos;
Deixa-o fraturar seus ossos
E toma a vida dele!
Não te preocupes em escapar ileso
Deixa tua vida diante dele.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Apólogos do Kung Fu
O Kung Fu, a título de propiciar uma formação moral a seus
praticantes, cultiva em sua tradição um sem-número de
apólogos que, tais como as parábolas do Cristianismo
primitivo, transmitem profundos ensinamentos.
A título de ilustrar como são esses apólogos, a seguir narro
alguns deles na esperança de que o leitor saiba apreciá-los e
consiga extrair deles os ensinamentos especiais que ocultam.
A Especialização Marcial
Há muito, muito tempo, quando a ilha de Okinawa pertencia
aos chineses e os okinawenses aprendiam técnicas de Kung
Fu que mais tarde dariam origem ao Karate (se não acredita,
leia os livros de Ginchin Funakoshi), morava nessa ilha um
velho mestre chinês que transmitia sua arte com muito desvelo
e carinho.
Dentre os inúmeros discípulos desse mestre havia três que
eram seus alunos prediletos.
Desses três, um havia se dedicado exclusivamente às técnicas
de luta com as pernas e se tornara muito famoso como "O
Homem da Perna de Ferro".
Outro gostava apenas das técnicas manuais e se tomara
eficientíssimo no uso dos braços e das mãos, granjeando fama
como "O Homem dos Punhos de Aço".
O terceiro não se especializou em técnica alguma, contentavase em seguir plenamente os ensinamentos do mestre e
dedicava-se tanto às técnicas de perna, quanto às técnicas de
mão.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Por não se ter especializado em nada, não era famoso como
os outros dois e embora querido por seu mestre, permanecia
na obscuridade e era pouco conhecido.
Com o passar dos anos, o velho mestre vendo chegar o fim de
seus dias, convocou o povo a ouvir suas últimas palavras.
Como era um homem probo e caridoso as pessoas de sua
aldeia vieram ouvi-lo.
Nessa sua última mensagem conclamou todos à prática da
caridade e da fraternidade, incentivou-os a continuarem
praticando o Kung Fu como forma de cultura física e recurso
para defender a ilha de possíveis invasores.
Em seguida fez vir à sua presença seus três alunos favoritos e
apresentando-os ao povo disse-lhes que se um dia tivessem
problemas com algum mau elemento que ameaçasse suas
vidas ou seus bens, confiassem a defesa da ilha a esses seus
três discípulos. Terminando de dizer estas palavras, expirou.
No banquete que foi realizado após o passamento do mestre
(os chineses comemoram a morte com festas e banquetes),
foram dados lugares de honra aos dois lutadores famosos, pois
seus feitos eram muito conhecidos e as canções e danças da
ilha reproduziam muitas de suas histórias.
O terceiro lutador conseguiu um lugar afastado entre os alunos
menos conhecidos do mestre.
Os anos foram se passando e os dois lutadores famosos cada
vez venciam adversários mais poderosos e mais e mais
aumentavam a fama que possuíam.
As crianças corriam atrás deles nas ruas gritando seus nomes;
quando iam ao mercado os comerciantes lhes ofereciam
presentes e dinheiro.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Todos se sentiam honrados em hospedá-los e alimentá-los.
O terceiro lutador continuou desconhecido. Todos os dias pela
manhã abria os portões do quintal da casa do mestre, onde
continuou a morar e recebia aqueles que o procuravam para
aprender Kung Fu, ensinando-os com o mesmo carinho que
costumava ter quando o mestre era vivo.
Às vezes um dos dois lutadores famosos, o "Homem dos
Punhos de Aço" ou o "Homem da Perna de Ferro" vinha à
academia e era recebido com muita alegria pelos alunos que
os convidavam a ensinar suas técnicas prodigiosas.
Os anos foram se passando e certo dia a ilha foi invadida por
um bando de salteadores chineses chefiados por um bandido
feroz, exímio praticante de Kung Fu.
Esse bandido atacava as aldeias, matava aqueles que
resistiam, aprisionava os sobreviventes, arrancava-lhes as
roupas, saqueava o que podia e em seguida incendiava as
casas.
Os sobreviventes, nus e humilhados, iam às aldeias próximas
pedir socorro.
De todos os lados chegavam as mesmas notícias assassinatos, saques e incêndios destruindo as aldeias por
toda a ilha.
Então o povo se lembrou das recomendações do velho mestre
e saiu à procura dos dois lutadores famosos.
Conseguiram encontrar o "Homem da Perna de Ferro" e
pediram sua proteção.
O "Homem da Perna de Ferro" era muito confiante, pois tinha
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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vencido grandes adversários e tinha uma perna tão rápida que
nenhum outro lutador especialista em pernas conseguia
superá-lo; procurou o bandido e o desafiou para uma luta.
O povo estava com ele e confiantes em sua habilidade
armaram-se de paus e pedras e cercaram o bando.
A luta começou, o bandido enfrentava o "Homem da Perna de
Ferro" e seus asseclas lutavam com o povo.
O bandido lançou alguns golpes com a perna que foram
prontamente defendidos pelas pernas e joelhos de seu
adversário, que prosseguiu arremessando-lhe chutes
tremendamente poderosos e praticamente indefensáveis.
Sua técnica de pernas era tão superior que se dava ao luxo de
florear, dando saltos no ar, giros, chutes repetidos com a
mesma perna, etc.
O bandido era um lutador muito experiente e conhecia
inúmeras técnicas do Kung Fu; adotou a defensiva e passou a
observá-lo.
Notou que seu adversário mantinha os braços quase abertos
para melhorar seu equilíbrio de pernas; notou também que ele
executava até as defesas com os pés, canelas e joelhos.
Lançou-se à frente e encurtou a distância até poder tocá-lo
com os punhos, iniciando um ataque poderoso com golpes
simultâneos de punhos, cotovelos, calcanhar, mãos e pontas
dos dedos.
Atingido por essa saraivada de golpes o "Homem da Perna de
Ferro" tentou se afastar para poder ter espaço para desferir
seus chutes poderosos, mas quanto mais se afastava mais o
bandido se lançava para a frente encurtando a distância e
atingindo-o pesadamente com as mãos.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Em desespero tentou golpes com joelhos e pisões curtos, mas
os golpes com os punhos eram muito rápidos e atingiam-lhe a
cabeça, esmagando-lhe as orelhas, os lábios, os dentes, o
nariz e os olhos.
Tentou se afastar mais rápido para poder chutar, mas quando
conseguia se afastar o bandido o empurrava desequilibrando-o
e prosseguindo com a saraivada de socos.
Dessa maneira foi acuado contra o canto de uma casa onde,
impedido de usar as pernas, foi surrado até morrer.
Quando o povo viu que o famoso "Homem da Perna de Ferro"
tinha morrido fugiu apavorado, com o bando em seus
calcanhares.
Diversos mensageiros saíram em busca do "Homem dos
Punhos de Aço" e contaram-lhe o que tinha acontecido
suplicando-lhe que os auxiliasse.
O "Homem dos Punhos de Aço" sorriu com superioridade: Então o "Homem da Perna de Ferro" havia sido vencido por
um bandido especialista no uso das mãos não é?
Ninguém era suficientemente bom com os punhos para
enfrentá-lo.
Havia vencido dezenas de adversários que eram exímios
lutadores com as mãos, venceria o bandido com facilidade...
Quando acharam os bandidos a luta recomeçou.
O bandido encarou seu adversário e imaginou que como o
anterior este também era especialista no uso das pernas,
resolveu acabar logo com a coisa, encurtando a distância e
partindo para uma série de golpes de punhos.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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O "Homem dos Punhos de Aço" adorou essa aproximação, o
bandido estava vindo de encontro a seus punhos poderosos,
capazes de varar uma parede de pedras.
Cada soco que o bandido lhe dava era habilmente defendido e
desviado.
Mas o bandido era um lutador experiente e logo percebeu que
jamais venceria aquele oponente apenas desferindo golpes
com seus punhos.
Começou a guardar uma certa distância do adversário,
afastava-se o suficiente para que os punhos do "Homem dos
Punhos de Aço" não pudessem atingi-lo.
Quando o "Homem dos Punhos de Aço" tentava encurtar a
distância, esquivava-se e fugia do ataque linear.
Quando não conseguia evitar o encurtamento da distância
tentava apresar os braços do adversário e aplicar-lhe torções.
Começou a observar atentamente o seu jogo de perna e notou
que nunca desferia golpes com as pernas, nem possuía um
jogo de pernas eficiente.
Começou a usar suas pernas contra ele e em determinado
momento conseguiu derrubá-lo com a rasteira circular
posterior.
Assim que o "Homem dos Punhos de Aço" caiu no chão o
bandido pulou em cima dele e aplicou-lhe uma chave de braço.
O herói nunca tinha lutado no chão, e não sabia o que fazer,
tentou ainda uns socos desesperados mas teve seu braço
direito deslocado à altura do cotovelo, em seguida foi asfixiado
pelo bandido que o matou.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Ao perceberem que o "Homem dos Punhos de Aço" havia sido
morto o povo debandou apavorado.
O povo da ilha não sabia mais o que fazer, havia ainda o
terceiro aluno do mestre falecido, mas se os outros dois que
eram verdadeiros heróis, famosos por suas lutas, nada haviam
conseguido contra o bandido, o que conseguiria o outro lutador
que era apagado, nunca havia realizado grandes feitos, não
possuía técnicas mirabolantes e nem havia vencido
grandes adversários?
E nem se incomodaram em chamá-lo.
Enquanto isso o bando de facínoras progredia em seu avanço
devastador, arrasando as aldeias por onde passavam.
Mas os rumores das atrocidades cometidas pelos bandidos e a
notícia da morte dos dois heróis do Kung Fu chegaram ao
terceiro lutador.
Certa manhã reuniu os alunos da academia e disse-lhes:
"-Hoje nosso treinamento será diferente. Peguem as armas e
sigam-me."
Não tiveram que andar muito para achar os bandidos. A luta
começou rápida e não tardou para que ambos os chefes se
enfrentassem.
Quando o bandido começou a lutar com ele imaginou qual
seria a especialidade de seu adversário -pernas ou punhos?
Arriscou alguns chutes e estes foram habilmente defendidos e
revidados à altura; resolveu mudar de tática, lançou alguns
socos e estes também foram defendidos e devolvidos.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Lançou-se à frente tentando encurtar a distância, mas foi
rechaçado por uma saraivada de golpes certeiros que
penetraram em sua guarda pelo centro de seu corpo.
Tentou agarrar as mãos do adversário e ficou surpreso em
descobrir que ele era liso e sabia esquivar-se com admirável
habilidade.
Começou a socar com força, mas o lutador ao invés de
defender formalmente seus golpes desviava-os para fora com
hábeis movimentos com os cotovelos, somados a um sutil giro
de cintura.
O bandido reparou que seu adversário completava seus
ataques com apresamento de seus braços seguidos de revides
formidáveis.
Outro detalhe interessante é que cada braço que executava
uma defesa estava lançando um ataque quase que
simultaneamente.
Tentou dar alguns chutes para aumentar a distância, mas
suas pernas eram bloqueadas antes mesmo que os pés
saíssem do chão.
O lutador bloqueava soltando golpes curtos com o calcanhar
sobre a coxa, joelho e canela do bandido.
Tentou aplicar um golpe de torção, mas o rapaz esquivou-se
num giro completo pelo outro lado e acabou por prender-lhe o
pulso direito com mão de ferro.
Quando puxou o pulso a fim de se livrar, o adversário dobrou o
pulso arremessando o cotovelo da frente e caindo sobre ele
com todo o peso do corpo.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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O impacto no peito foi enorme e quebrou várias costelas,
fazendo com que sentisse gosto de sangue em sua boca.
Ainda tentou ensaiar vários golpes, mas cada vez que
arremessava um ataque era atingido na área de seu corpo que
estivesse menos defendida, começou a cansar-se, a abaixar a
guarda e a apanhar feio.
Não demorou muito tinha deslocado o ombro e o tornozelo,
logo mais desabou ao chão e não mais conseguiu se levantar.
Quando os outros bandidos viram que o chefe estava fora de
combate, perderam o espírito da batalha e da melhor forma
que puderam trataram de fugir.
A essas alturas o povo começou a se juntar em volta do lutador
e de seus alunos e fizeram uma festa para comemorar a
expulsão dos bandidos e a descoberta de um novo herói do
Kung Fu.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Influências Taoístas
As influências taoístas se faziam mais marcantes nas Artes
Internas, tais como o TAi i Chi Chuan, o Hsing I e o Pa Kua.
Não havia um código específico para os praticantes das Artes
Marciais, o que se recomendava era a prática do Caminho
(Tao) e os estudos do "Tao Te Ching”.
O Tao Te Ching é a obra fundamental do Taoísmo.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Influências Budistas
Diante da necessidade de impedir que os aprendizes de
Shaolin usassem seus conhecimentos de Kung Fu com más
intenções, o Monge Kwok Yuen, o grande recodificador de
Shaolin que viveu por volta do século XVI, instituiu as "Dez
Normas Budistas".
A cada uma dessas normas acompanham vários apólogos,
dentre os quais alguns foram selecionados e estão descritos
no curso a distância da Fraternidade Kung Fu.
As Normas Budistas
1 -O praticante de Kung Fu deve treinar sem interrupção.
2 -O praticante de Kung Fu deve usar suas técnicas apenas
para sua defesa pessoal.
3 -O praticante de Kung Fu deve respeito a todos os mestres
de
Kung Fu e a todos os discípulos que praticarem o Kung Fu há
mais tempo que eles.
4 -O praticante de Kung Fu deve ser amigo de seus colegas e
demonstrar em suas atitudes bondade e honestidade.
5 -O praticante de Kung Fu deve evitar demonstrações de
técnicas, mesmo que para isso tenha que recusar um desafio.
6 -O praticante de Kung Fu jamais deve ser agressivo ou ter
maneiras rudes.
7 -O praticante de Kung Fu jamais deve ingerir bebidas
alcoólicas em excesso.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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8 -O praticante de Kung Fu deve conter seus impulsos sexuais.
9 -O praticante de Kung Fu não deve ensinar suas técnicas a
ninguém que não seja budista.
10 -O praticante de Kung Fu tem que se imunizar contra a
cobiça, a agressividade e a fanfarronice.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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A seguir interpretarei com brevidade
cada uma das Normas Budistas e
incluirei um apólogo que elucide sua
aplicação.
1 - O praticante de Kung Fu deve
treinar sem interrupção.
Praticar a todas as horas do dia é um velho conhecimento,
sempre presente na vida dos grandes ases do Kung Fu ou de
qualquer outro esporte.
Conta-se que Bruce Lee durante suas aulas escolares
colocava as mãos sob a carteira e pressionava com força para
treinar os músculos do antebraço.
Quando assistia televisão à noite Bruce aproveitava os
intervalos comerciais para treinar os braços com halteres.
Linda Lee conta que quando ele tomava banho de chuveiro
ficava na posição Kin Nheung Mah do estilo Wing Chun para
treinar as pernas e os joelhos.
São muito conhecidas as artimanhas utilizadas por esportistas
famosos para incluir técnicas de treinamento nos momentos
mais comuns de seu dia-a-dia.
O famoso homem forte Charles Atlas, costumava carregar
tampinhas de garrafa e pregos em seus bolsos para amassar e
entortar entre os dedos enquanto viajava de ônibus.
Muitos jogadores de beisebol costumam levar uma bolinha de
borracha em seus carros e se dedicam a apertá-las com as
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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mãos enquanto esperam os semáforos abrirem, dessa forma
exercitando os músculos do braço.
O atleta Francisco José D'Urbano, campeão brasileiro de Kung
Fu em seu tempo e em sua categoria, costumava praticar
flexões de calejamento entre uma e outra aula ministrada na
União Nacional de Kung Fu.
A superação é a marca do campeão, se você faz apenas o que
o instrutor manda, você jamais será nada além de um
medíocre lutador.
A História do jovem ambicioso:
Certo jovem chinês, desejoso de aprender as técnicas do Kung
Fu Shaolin, submeteu-se aos testes de admissão do templo e
em seguida foi encaminhado à presença do mestre.
Diante do mestre pôs-se a descrever sua ansiedade em tomarse um lutador poderoso, seus desejos com relação à Arte
Marcial, sua admiração pela arte de chutar, socar, saltar, lutar,
etc.
Quando terminou de falar o mestre permaneceu algum tempo
em silêncio e depois lhe explicou que o valor no Kung Fu não
está na força e no poder e sim no conhecimento.
O garoto continuou a insistir em sua admiração pelas técnicas
de luta.
O mestre lhe contou a respeito de um touro que entrou em
uma loja de louça e pisoteou os vasos e as cerâmicas finas,
reduzindo tudo a cacos.
O menino continuou a elogiar as técnicas que havia
presenciado e os lutadores que havia conhecido.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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O mestre insistiu que as ambições dele eram demasiadas e
que se quisessem aprender tudo aquilo, uma vida só não
bastaria.
Ele respondeu que não tinha muito tempo, que tinha pressa e
que queria aprender mesmo que fosse umas poucas técnicas.
Mais uma vez o mestre o aconselhou a meditar no touro da loja
de louça fazendo-o ver que podia se transformar nesse touro, e
que acabaria por destruir ao mundo a seu redor como o touro
destruiu a loja.
Mais o jovem continuou a insistir mais e mais em aprender as
técnicas que desejava.
O mestre então lhe propôs uma última prova antes de ser
admitido aos ensinamentos marciais do templo.
A prova consistia em amassar uma folha de papel
transformando-a em uma bola e depois alisá-la novamente e
recomeçar outra vez, transformando-a novamente em bola e
alisando e prosseguindo assim até que o papel se reduzisse a
tiras; deveria então pegar outra folha e recomeçar.
Esse exercício deveria ser feito diariamente por doze horas,
durante três anos.
Terminados os três anos o jovem retornou à presença do
mestre e este indagou:
-Praticou continuamente durante doze horas diárias como lhe
foi recomendado?
-Sim; respondeu o jovem.
-Então pode ir embora - respondeu o mestre. - Seu
aprendizado terminou.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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O jovem ficou muito aborrecido e decepcionado, pois tinha
seguido à risca as instruções do mestre.
À custa de muito sacrifício tinha praticado doze horas diárias e
agora o mestre se recusava a lhe ensinar o que tanto queria.
Sentiu-se enganado e culpou o mestre por ter lhe roubado três
anos de sua vida.
Voltou para casa e assim que chegou, seu irmão que estava
no banho pediu-lhe que lhe esfregasse as costas.
Começou a esfregar as costas do irmão, mas teve que parar,
pois descobriu que por onde passava sua mão a carne se abria
e jorrava sangue...
Essa história que acabou de ler provavelmente é apócrifa mas
pertence ao rol das inúmeras lendas chinesas sobre o Kung Fu
e não deve ser interpretada literalmente.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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2 -O praticante de Kung Fu deve usar
suas técnicas apenas para sua defesa
pessoal.
Uma pessoa que sabe Kung Fu tem superioridade física sobre
as pessoas que não aprenderam técnicas de defesa pessoal,
independente de sua estatura e peso.
O que você pensaria se visse um adulto espancando uma
criança?
Nessa mesma proporção, um praticante de Kung Fu que use
sua superioridade técnica para subjugar alguém que
desconheça as técnicas de defesa pessoal, age como um
adulto que espanca uma criança.
Da mesma forma que é de se esperar que um adulto não
abuse de sua estatura para infligir castigos físicos a uma
criança, também é de se esperar que um praticante de Kung
Fu não abuse de seus conhecimentos técnicos para espancar
qualquer pessoa, seja adulta ou não, seja maior em estatura
ou não.
Aliás, o Código Penal Brasileiro condena qualquer pessoa que
mate seu adversário usando golpes desferidos com as mãos
nuas, mesmo que o adversário esteja armado.
Os antigos afirmavam que o Kung Fu tinha por objetivo
transmitir ensinamentos de autodisciplina e autoconhecimento,
não devendo jamais ser usado contra outro ser vivo (seja
homem ou animal).
O Rei Suan e o Mestre Po-Kung-Hi
O Rei Suan da dinastia Chou era um guerreiro valente e muito
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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poderoso.
Certa vez ouviu falar do grande Mestre Po-Kung-Hi e de sua
grande fama; decidiu-se a procurá-lo e medir suas forças com
ele.
Quando chegou diante de Po-Kung-Hi perguntou-lhe qual era
sua especialidade, em que técnica era mais forte.
Po-Kung-Hi respondeu:
-Posso arrancar a perna do gafanhoto e impedir que a cigarra
abra suas asas.
Espantado, o Rei Suan lhe disse:
-Sou capaz de atravessar o couro de um rinoceronte com um
só
golpe de meus punhos. Como é que você, capaz de feitos
insignificantes é mais famoso do que eu?!
Po-Kung-Hi respondeu:
-Aprendi com Tze-Shang-Chi, que era tão forte que jamais
houve outro lutador como ele, mas cujas proezas nunca foram
vistas por alguém, pois não gostava de se exibir.
O Karate Do de Gichin Funakoshi
Um dos melhores livros sobre Artes Marciais traduzido para
línguas ocidentais é o "Karate-Do My Way of Life", de Gichin
Funakoshi -o criador da palavra Karate.
Nessa obra o autor relata que quando estava com oitenta anos
foi surpreendido por um assaltante que tentou roubá-lo, em um
dia de chuva em que carregava em sua mão esquerda um
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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saco contendo uma lancheira vazia e alguns livros, e na mão
direita um guarda-chuva.
Tal fato ocorreu enquanto voltava para casa e caminhava entre
as estações Otsuka e Hikawashita, em Tóquio.
O marginal arrebatou-lhe o guarda-chuva das mãos e tentou
golpeálo com a ponta.
Funakoshi agachou-se e com a mão direita agarrou firmemente
os testículos do adversário.
O guarda-chuva caiu no chão na hora e o rapaz começou a
gemer parecendo que ia morrer.
Funakoshi termina esse relato dizendo:
"... Eu tinha feito o que constantemente tinha dito a meus
jovens discípulos para nunca fazerem... Não me senti muito
orgulhoso de mim mesmo."
Citado do "Karate-Do My Way ofLife", Kodansha International,
First Paperback Edition, 1981 -Página 112
Essa pequena história mostra a grandeza de Funakoshi, que
foi um grande artista marcial e que pregava a seus discípulos a
segunda norma budista.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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3 -O praticante de Kung Fu deve
respeito a todos os mestres de
Kung Fu e a todos os discípulos que
praticarem o Kung Fu há mais tempo
que eles.
A tradição do Kung Fu relata que as escolas marciais da velha
China eram administradas dentro de um sistema quase
familiar.
O mestre era considerado como um pai e sua esposa como
mãe.
Os alunos mais antigos eram tidos como irmãos mais velhos e
tratados com todo o respeito.
As pessoas que iniciavam o treinamento juntas tratavam-se
umas às outras como irmãs e irmãos.
Os discípulos que entrassem depois delas eram tratados como
irmãos mais novos e mereciam toda a atenção e
prestimosidade.
Dentro desse espírito de fraternidade os outros mestres eram
também respeitados por seus conhecimentos e mesmo que
dois mestres não se dessem entre si, seus discípulos os
respeitariam igualmente e jamais fariam críticas ao outro
mestre.
Foi esse respeito mútuo que garantiu a sobrevivência do Kung
Fu até nossos dias, e quando os mestres de Kung Fu deixarem
de se respeitar dessa maneira, ou se permitirem criticar a
outros mestres diante de seus alunos, estarão contribuindo
para o desaparecimento do Kung Fu.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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A fofoca contra um mestre:
O discípulo Li certa vez perguntou ao Mestre Shiu se tinha
ouvido falar no Mestre Pu Hao, cuja técnica era inferior e de
origens desconhecidas.
Mestre Shiu respondeu que nunca havia ouvido falar em
Mestre Pu Hao, mas que conhecia Mestre Hao, que era um
mestre respeitável e que, embora seus conhecimentos
técnicos não tivesse mais valor devido à sua avançada idade,
contribuía muito para a preservação dos verdadeiros
conhecimentos do Kung Fu.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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4 -O praticante de Kung Fu deve ser
amigo de seus colegas e demonstrar
em suas atitudes bondade e
honestidade.
Ser amigo de alguém, principalmente de um colega de treino,
implica em interessar-se genuinamente pela outra pessoa.
Quando somos amigos de alguém, nos interessamos por seu
progresso, nos entristecemos quando percebemos que não
consegue seus objetivos, nos sentimos felizes quando vemos o
sucesso que consegue alcançar.
É muito importante que o praticante de Kung Fu deixe de ser
infantil em seu comportamento com relação aos colegas.
O praticante infantil é aquele que perde um tempo precioso
criticando colegas de treino.
O praticante infantil adora corrigir os outros, sem dar a devida
atenção à correção das próprias falhas.
O praticante infantil quando se torna bom de luta, começa a
esnobar os colegas de treino, não os cumprimenta mais, não
responde a seus cumprimentos, toma atitudes orgulhosas com
relação a todos.
O praticante infantil não sabe substituir as fofocas que ouve
pela realidade que vê.
O praticante infantil não compreende que não é importante ser
o melhor de sua escola.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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O praticante infantil não compreende que a verdadeira Arte
Marcial não consiste em vencer aos outros e sim em VENCER
A SI MESMO.
Vencer a si mesmo implica em dominar os sentimentos de
superioridade, os comportamentos egoístas e substituir o
desejo de ser melhor que os outros pelo interesse sincero em
ser bondoso, amigo e leal com os companheiros, não só de
sua academia como das academias que ensinam estilos
diferentes do seu.
Esse tipo de batalha é a mais difícil de todas, mas a vitória final
obtida com essa luta é a maior de todas.
A história de Li e Ping:
Nos tempos antigos havia dois praticantes de Kung Fu
chamados Li e Ping, que desde crianças haviam praticado
juntos, tendo se tomado grandes amigos.
Certo dia resolveram tatuar seus braços com a mesma
tatuagem como símbolo da amizade que os unia, dessa forma
se tomaram irmãos e se juraram fraternidade enquanto
vivessem.
Devido a razões de família, separaram-se e não mais se
tornaram a ver.
Com o tempo tomaram-se adultos e seguiram caminhos
diferentes.
Embora ambos continuassem a treinar o Kung Fu com
regularidade e persistência, Li se tomou famoso comissário de
polícia enquanto Ping tomou-se um jogador.
Uma ocasião Li foi enviado a uma cidade distante para deter
uma gangue de traficantes que mantinha um cassino ilegal.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Li invadiu o cassino e enfrentou a todos os bandidos que lá
estavam, tendo vencido brilhantemente graças a seu domínio
do Kung Fu.
Em seguida teve que enfrentar o chefe da gangue que se
ocultara em uma sala especialmente reforçada.
Com algum esforço Li conseguiu penetrar na sala e enfrentálo.
Quando começou a lutar Li percebeu que se tratava de seu
grande amigo Ping, mas como cada um lutava pelo que julgava
ser seu dever brigaram durante horas.
Finalmente Ping conseguiu vencer a Li e quando o seu amigo
estava caído no chão ensanguentado, abraçou-o fortemente e
chorou muito.
Como todo praticante sério de Kung Fu conhece
profundamente Acupuntura, Ping tratou de seu amigo até que
se recuperasse plenamente.
Quando Li já estava bom, Ping o acompanhou e se entregou à
justiça.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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5 -O praticante de Kung Fu deve evitar
demonstrar suas técnicas, mesmo que
para isso tenha que recusar um desafio.
Esta regra foi criada para impedir que as técnicas do Templo
Shaolin fossem aprendidas por algum praticante de Kung Fu
de outro estilo que as poderia usar com propósitos menos
elevados.
Como praticante de Kung Fu você se torna responsável pelo
que sabe e não deve transmitir seus conhecimentos
indiscriminadamente.
Se você ensina o que sabe a alguém e esse alguém faz mau
uso do que aprendeu, você é o responsável.
Além do que, muitos praticantes de Kung Fu transmitem seus
conhecimentos não com a intenção de ajudar seus discípulos,
e sim com o desejo de se sentir importante, por orgulho das
técnicas que aprendeu.
O monge do lago Ching-Hai:
Antigamente vivia próximo ao lago Ching-Hai um jovem monge
que possuía grande habilidade em Kung Fu.
Sendo tão hábil na arte de lutar esse monge era mais ou
menos convencido e orgulhoso.
Seus colegas monges gostavam muito dele e por amizade o
advertiam que deveria controlar seu temperamento e que essa
sua habilidade pessoal não deveria tomar conta de sua mente,
havendo coisas muito mais importantes na vida.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Não sendo burro, o monge compreendeu que seus amigos
tinham razão e dedicou-se a seus estudos, à leitura de livros
de Filosofia e à prática da meditação.
No outono do ano seguinte, realizou-se uma grande
competição de Kung Fu em Sagan-Ushu e o monge obteve
autorização para participar dela.
Chegando ao local das competições enfrentou todas as
classes de lutadores; desde outros monges muito habilidosos
em Kung Fu, a guerreiros de terras distantes exímios
praticantes de outras modalidades marciais.
Devido a sua grande habilidade foi sagrado campeão e iniciou
a viagem de regresso.
Quando já caminhava há algum tempo, encontrou um lutador
que o desafiou a lutar.
Orgulhoso como estava por ter vencido a todos no
campeonato, o jovem monge esqueceu-se da quinta regra e
aceitou o desafio.
Lutaram durante várias horas, até que o monge conseguiu
vencer seu adversário mas, como havia anoitecido e estava
cansado depois de tanta luta, decidiu dormir à margem do
caminho.
Com o raiar do Sol reiniciou sua caminhada de volta ao
monastério.
Em determinado momento foi reconhecido por outros viajantes
que o convidaram a almoçar com eles.
Quando terminou de almoçar um deles o convidou a lutar.
Sem poder recusar teve que enfrentá-lo.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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A luta tomou-lhe apenas meia hora, mas atraiu espectadores e
assim que terminou de lutar um deles o atacou de surpresa,
fazendo com que tivesse que lutar de novo.
Nem bem liquidou com seu novo oponente, se agachou para
pegar sua bagagem, foi novamente desafiado e nesse
momento se recordou da quinta regra e dos conselhos de seus
colegas monges, percebendo que onde quer que fosse sempre
haveria alguém que o desafiaria.
À medida que lutava com o novo adversário, percebeu que
este não era tão bom quanto os anteriores, o que lhe permitiu
enfrentá-lo enquanto pensava em tudo que estava
acontecendo.,
Foi então que os conhecimentos filosóficos que havia estudado
e as meditações que havia feito vieram a sua mente.
Chegou à conclusão que o EU INTERIOR era muito mais
importante que o EU EXTERIOR.
Compreendeu que as vitórias que tinha obtido agradavam
apenas a seu EU EXTERIOR, a seu EGO, a seu orgulho
infantil.
Compreendeu que o Kung Fu era a arte de vencer aquele
impulso infantil de demonstrar aos outros sua grande
habilidade.
Então passou a abrir a sua guarda, a não defender os golpes
do adversário e a deixar-se vencer.
Quando vencido foi ridicularizado e abandonado por todos, que
passaram a seguir o novo campeão.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
Caído no chão e ensanguentado pelos golpes de seu
adversário, que para ele teria sido tão fácil de vencer, o monge
sorria feliz.
Não queria mais ser um grande campeão de Kung Fu, pois
sabia que o caminho de sua vida estava na meditação e no
estudo.
Com a derrota aprendeu que o Kung Fu era o TEMPO DE
HABILIDADE para converter seu Eu em algo profundo e muito
grande.
Sua habilidade continuava a mesma, continuava apto a
defender-se em alguma ocasião de perigo, mas agora poderia
sentir satisfação com outras coisas além de sua capacidade de
lutar.
Apanhou suas coisas e voltou ao templo.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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6 -O praticante de Kung Fu jamais deve
ser agressivo ou ter maneiras rudes.
O verdadeiro mestre de Kung Fu deve se esforçar por ter um
controle pleno sobre si mesmo, evitando os comentários
desairosos sobre os outros mestres, evitando os desafios e os
comportamentos rudes e mal educados.
O mestre Chan do Estilo Shaolin
Vivia em uma pequena aldeia chinesa o Mestre Chan, famoso
por seus conhecimentos do estilo Shaolin, do estilo Tong Long,
por sua habilidade nas técnicas dos Oito Deuses Bêbados e
pelo domínio da Palma de Ferro e das dezoito armas chinesas.
Em sua juventude havia sido um invejoso, sempre caluniando
outros mestres que tinham conseguido mais fama que ele.
Apesar de toda a sua habilidade no Kung Fu, sua maior arma
ainda era a fofoca, a maledicência, o desprezo.
Seus alunos, por confiarem nele, acreditavam que tudo que
dizia era verdadeiro e passaram também a desprezar os outros
mestres.
Esses outros mestres sabiam do procedimento do mestre
Chan, mas não lhe queriam mal, simplesmente tinham pena
dele.
Quando os discípulos desses mestres lhes perguntavam a
respeito do Mestre Chan, estes lhes respondiam que se tratava
de um mestre muito valente, pena que fosse tão infantil e não
soubesse respeitar a seus colegas.
Alguns mestres chegavam mesmo a recomendar sua escola a
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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pessoas que moravam próximas à sua região, recomendação
essa que Mestre Chan seria incapaz de fazer a respeito deles.
A valentia de Mestre Chan era muito grande.
Certa vez entrou sozinho na caverna de um grande urso negro
que assustava a população da vila, enfrentando a fera e saindo
de lá com ele morto.
Certo dia estava andando pela rua quando um ancião se
aproximou dele e lhe disse:
-O senhor é um grande mestre e possui habilidades
espantosas, mas por que, ao invés de perder tempo falando
mal de outros mestres, o senhor não enfrenta os três monstros
que estão assustando o povo?
Mestre Chan estranhou a interpelação e perguntou quais eram
os três monstros.
O ancião explicou que havia um grande tigre rondando o
povoado e que já havia comido três homens.
Mestre Chan pegou suas armas e saiu em busca do tigre,
matando-o a golpes de lança e punhal.
Voltou ao povoado, procurou o ancião e lhe disse:
-Já matei o tigre, qual é o próximo monstro?
O ancião lhe contou que havia uma grande serpente que se
ocultava no caminho da aldeia atacando os viajantes.
Mestre Chan pegou sua corrente articulada e foi atrás da
serpente, matando-a.
Quando voltou à aldeia perguntou ao ancião qual era o terceiro
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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monstro.
O ancião respondeu:
-Você é o terceiro monstro.
Mestre Chan ficou furioso e ergueu seu poderoso punho para
fulminar o pequeno ancião.
Mas o ancião continuou a falar:
-Você é um grande mestre, para você é muito fácil me tirar a
vida, minha técnica não é suficiente para enfrentá-lo, mas
mesmo que você me mate continuará sendo o terceiro
monstro, pois sua língua é ferina e venenosa e o mal que ela
faz apaga todo bem que sua arte consegue fazer.
Mestre Chan abaixou seu punho e foi-se embora, passou toda
a noite pensando, no dia seguinte juntou algumas roupas e
caminhou até a montanha onde meditou durante três meses.
Enquanto meditava na montanha reparou que o vento forte
derrubava os troncos vigorosos mas só acariciava as folhagens
flexíveis, enquanto a chuva matava a sede dos dois.
Compreendeu que a chuva era mais sábia que o vento, e que
todas as pessoas, boas ou más, com grandes ou com
medíocres conhecimentos, continuavam a merecer a luz do Sol
e a água da chuva.
Retornou à aldeia e o povo de lá ficou surpreso quando viu que
havia se modificado, suas maneiras eram as de um homem
cortês e se comportava com amabilidade em relação a todos
os outros mestres, mesmo com aqueles a que julgava ser
superior.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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7 -O praticante de Kung Fu jamais deve
ingerir bebidas alcoólicas em excesso.
Devemos certo respeito ao nosso corpo e afinal de contas, o
corpo é o instrumento de que nos utilizamos para a prática do
Kung Fu.
Os livros de Medicina informam que a ingestão de qualquer
bebida alcoólica, mesmo em pequenas proporções, destrói os
neurônios, descalcifica os ossos, lesa as fibras nervosas e os
vasos cardíacos, irrita a mucosa gástrica, desarranja os rins,
elimina a vitamina B, diminui o oxigênio do sangue, podendo,
quando em grande dose, provocar a cirrose hepática.
Mas a questão da ingestão de bebidas alcoólicas não é tão
simples assim.
Trata-se de uma doença e deve ser encarada como tal.
Na continuidade de minhas pesquisas assisti algumas reuniões
dos Alcoólicos Anônimos e ouvi depoimentos de rara
intensidade emocional e rico conteúdo humano.
Se você ouvisse falar de uma doença que estivesse atingindo
nosso país e vitimando 4 milhões de pessoas, afetando-as a
ponto de torná-las loucas durante algumas horas todos os dias,
isso lhe causaria um certo espanto, não é?
Pois fique sabendo que o alcoolismo é uma doença que
provoca a loucura em determinados períodos e que as
pessoas vítimas dessa doença prejudicam cerca de 20.000
pessoas no Brasil todos os dias, afetando a vida social e
empresarial desta nação com custos incalculáveis.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Segundo a A.A.A., a doença do alcoolismo ataca uma a cada
treze pessoas que bebem e é a terceira doença do mundo em
número de mortes.
Somente na cidade do Rio de Janeiro uma estimativa situa a
existência de trezentos mil alcoólatras.
Sabendo-se que cada alcoólatra afeta e prejudica o
comportamento de pelo menos cinco outras pessoas em
média, temos um milhão e quinhentas mil pessoas
prejudicadas diariamente só no Rio de Janeiro.
O alcoolismo é uma doença progressiva e, como tal, é
acionada pelo primeiro gole ingerido.
Estive em reuniões da A.A.A. ministradas em diferentes locais,
mas notei que estava sempre presente um pequeno outdoor
eletrônico que piscava de forma intermitente e onde estava
escrito: "Evite o primeiro gole."
Outro cartaz que está sempre presente diz: "Um é muito e mil
não é suficiente."
Espantei-me da lucidez da sétima regra budista que diz que
não se deve ingeri bebidas alcoólicas em excesso.
Se você provar, já tomou o primeiro gole, não é?
Diz também a A.A.A.: "Não adianta tentar convencer um
alcoólatra a largar a bebida, até que ele mesmo reconheça a
sua incapacidade perante o álcool."
O alcoólatra começa bebendo socialmente, mais tarde passa a
beber habitualmente e depois começa a perder o controle e a
beber sob qualquer pretexto.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
Nenhum esportista que se preza ingere bebidas alcoólicas e
isso inclui os praticantes de artes marciais, mesmo que os
anúncios dos fabricantes de bebidas mostrem o contrário na
televisão.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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8 -O praticante de Kung Fu deve conter
seus impulsos sexuais.
Quando analisamos esta norma temos que compreender que
ela foi estabelecida para ser adotada pelos Artistas Marciais do
Templo Shaolin, que eram Monges e portanto haviam feito
votos de castidade.
É interessante você saber que não são todos os budistas
(monges ou não) que praticam a abstinência sexual.
Alguns monges budistas são casados e têm filhos.
No curso de formação de ascetas do Budismo Niskama Karma,
podem participar pessoas de ambos os sexos e até mesmo
pessoas casadas.
Para informações sobre como obter essa formação clique
neste link:
http://perfeitaoportunidade.com.br/budismo-niskama-karma-2/
Em se tratando de pessoas comuns de nossos dias, seria
exigir demais impor a total abstinência sexual, mesmo porque
seria praticamente impossível cumprir essa regra vivendo
dentro do mundo.
No entanto, podemos observar que é comum a prática de
abstinência sexual entre os esportistas profissionais, haja vista
as famosas "concentrações" dos jogadores da Seleção
Brasileira.
A energia sexual quando contida por um ato da vontade pode
ser sublimada em realizações físicas (e/ou intelectuais) de
excepcional performance.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
Isso não significa que o praticante de Kung Fu não deva
permitir a livre expressão de sua sexualidade, e sim que deve
manter controle sobre ela.
O que se recomenda é que se evitem os exageros que
contribuem mais para tornar o homem escravo de seus
instintos do que senhor de si mesmo.
O relacionamento sexual deve ser encarado com normalidade,
não se deve atribuir-lhe uma importância desproporcional e
nem se deve permitir-lhe que ocupe nossa mente a todos os
momentos.
É fato notório que os grandes gênios de todas as épocas
possuíam intensa sexualidade e muitos autores consideram a
sublimação dessa sexualidade como um dos fatores que
conduziram esses homens a suas grandes realizações.
O monge que carregou uma mulher:
Conta-se que dois monges caminhavam às margens de um rio
discutindo certos pontos da Filosofia Budista, quando deles se
aproximou uma mulher e perguntou-lhes se não podiam
carregá-la até a outra margem do rio, pois não desejava
molhar suas vestes.
Um dos monges, sem titubear, tomou a mulher em seus braços
e a levou até a outra margem, depositando-a no chão,
retomando à margem de onde partira e continuando a
discussão filosófica no ponto em que havia sido interrompida,
como se nada houvesse acontecido.
Diante dessa atitude o outro monge ficou muito espantado e
censurou o companheiro:
-Você não sabe que somos proibidos de nos aproximarmos de
uma mulher e que jamais podemos tocá-las ?!
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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O outro respondeu:
-Eu a carreguei para o outro lado mas a larguei lá, você
continua carregando-a.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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9 – O praticante de Kung Fu não deve
ensinar as suas técnicas a ninguém
que não seja Budista.
A transmissão completa dos ensinamentos de um estilo de
Kung Fu é responsabilidade difícil que preocupa os mestres
conscientes de seus deveres.
Evidentemente que esta norma também deve ser interpretada,
levando em conta o sistema de valores vigentes em nossos
dias.
Na antiguidade os mestres não se permitiam sequer fazer
demonstrações públicas.
Deixavam isso a cargo de seus discípulos.
Fazer demonstrações em primeiro lugar era sinal de certo
orgulho pessoal, indigno de um verdadeiro mestre.
Em segundo lugar permitia que o público aprendesse
movimentos mais adiantados que tinham que ser
preservados.
Alguns dos mestres mais qualificados do Kung Fu moderno
ainda atendem a esse dever e raramente fazem
demonstrações públicas.
Embora não se exija que os discípulos sejam budistas, é de
primordial importância que se verifique a lealdade e o caráter
de um praticante antes que se lhes permita o aprendizado de
técnicas mais avançadas.
As pessoas mudam com o tempo e os brasileiros em geral são
multo volúveis e emocionais, julgando seus mestres pela
opinião dos outros mais que por sua própria.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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A violência é um fator marcante entre nosso povo, mormente
se observarmos que temos entre nós um dos maiores índices
de criminalidade registrado em todo o mundo.
Se um professor não for suficientemente responsável na
escolha de seus discípulos, acabará por disseminar sua arte
entre pessoas menos qualificadas que perpetuarão a violência
e a discórdia entre seus alunos.
Recomenda-se especial cuidado com professores que falem
mal de outros professores ou de outros estilos.
Em geral trata-se de pessoas que tentam esconder nas críticas
a própria incompetência.
Essa recomendação é especialmente verdadeira no que se
refere a fofoqueiros de origem chinesa.
O fato de um praticante de Kung Fu ser chinês não o
transforma em um mestre nem traz dignidade a quem não a
possui (mesmo que se auto intitule mestre e alguns vão mais
longe e se apresentam como grão mestre).
Muitos estilos de Kung Fu desapareceram no passado devido
a dificuldade de se selecionar discípulos criteriosos que os
preservassem.
Na intenção de preservar os conhecimentos milenares do Kung
Fu sem permitir que um só elemento se tornasse depositário
de toda a técnica, o Templo Shaolin nunca ensinava todo seu
estilo a um só praticante, preferindo transmitir técnicas parciais
a cada discípulo, dessa forma assegurando a unidade do
Templo.
O mundo se encontra num estado caótico em que imperam a
guerra e a violência.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
Aqueles que moram nas grandes cidades não possuem mais a
liberdade de se moverem em segurança pelas ruas, sem
correrem o risco de um assalto ou de uma atitude mais violenta
por parte das pessoas que lá convivem.
O Kung Fu e as demais Artes Marciais são armas poderosas
que não devem ser colocadas nas mãos de pessoas menos
preparadas.
Aquele que ensina apenas as técnicas físicas do Kung Fu
isoladas do contexto filosófico e espiritual característico dessa
arte está apenas demonstrando ser um medíocre que semeia a
violência no mundo.
Que mundo estamos construindo para nossos filhos se
semeamos indiscriminadamente a violência?
Ê necessário que aprendamos a combater a violência em sua
origem dentro de nós, antes que ela se manifeste através de
nossos atos.
Para isso temos que compreender que o que nos torna
violentos é o orgulho.
Estamos semeando a violência quando nos orgulhamos do
estilo de Kung Fu que praticamos, quando nos orgulhamos do
nosso Mestre, quando nos orgulhamos de nossa técnica,
quando nos orgulhamos de nossa força física, quando nos
orgulhamos de nossa nacionalidade, etc.
E por que isso?
Porque quando achamos que aquilo que sabemos é melhor
que aquilo que os outros sabem, estamos adotando um
comportamento de superioridade que impõe um certo desprezo
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
para com o conhecimento dos demais, e isso é sinal de uma
grande inferioridade nossa.
Temos que aprender a respeitar as demais pessoas, e isso
inclui aprender a respeitar o estilo e os padrões de
comportamento das demais pessoas.
Esse aprendizado de convívio harmonioso e tolerante é a
marca do praticante de Kung Fu amadurecido e idôneo.
Quando permitimos que a semente do orgulho penetre em
nosso coração, estamos abrigando o ódio e a discriminação
dentro de nós.
Nesse momento o Kung Fu que cultivamos cessa de ser uma
expressão da arte e passa a ser uma expressão da violência.
E seremos piores que aqueles de quem falamos mal, menores
que aqueles que expressam modalidades de Kung Fu distintas
da nossa.
É muito fácil criticar, adotar um comportamento desdenhoso
com relação a outros estilos e comportar-se de maneira
orgulhosa diante dos praticantes de outras modalidades.
Isso é tão fácil que qualquer idiota pode fazê-lo (e geralmente
faz mesmo!).
É de se esperar que um praticante de Kung Fu tenha mais
dignidade e adote um comportamento menos infantil.
O discípulo Fanfarrão:
Certa feita vários Mestres e seus discípulos fizeram uma
demonstração de Kung Fu.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Como é usual nessas ocasiões, os mestres se colocaram em
fita indiana e ingressaram no pátio onde seria realizada a
demonstração na ordem de sua antiguidade (Kung Fu =
Tempo de Habilidade).
Porém um discípulo fanfarrão e presunçoso adiantou-se e
colocou-se ao lado de seu professor, ou seja, mais â frente que
um mestre de outro estilo que possuía muito mais tempo de
treino que ele.
E passou a olhar o outro mestre com um ar de superioridade
como se possuísse o mesmo nível que ele.
O mestre o interpelou e lhe disse:
-Cheguei onde cheguei porque venci meu orgulho, ao passo
que seu orgulho venceu você.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
10 -O praticante de Kung Fu tem que
se imunizar contra a cobiça, a
agressividade e a fanfarronice.
Todos os comentários feitos na interpretação da norma anterior
são também válidos para a compreensão desta norma.
Nada mais ridículo que um artista marcial que se preocupe
com faixas, diplomas e carteirinhas de estudante.
Quantos atletas de grande potencial encerram suas
possibilidades por desistirem da oportunidade de estudar com
um verdadeiro mestre, para se prenderem a outros "mestres"
menos sérios apenas por serem chineses ou por venderem
diplomas.
Já dizia Bruce Lee que a faixa serve apenas para segurar as
calças.
Uma pessoa que se dedica às Artes Marciais deve possuir um
desejo sincero de evoluir tanto como lutador quanto como
pessoa.
Antigo provérbio chinês diz que o maior guerreiro é aquele que
vence a si mesmo: só conseguimos vencer a nós mesmos
quando dominamos nossos impulsos de orgulho, de
fanfarronice, de querer ser mais que os outros.
A humildade é a marca do verdadeiro campeão. Um campeão
muito papudo é logo esquecido e seus feitos diminuídos.
Embora muito do desempenho técnico do Artista Marcial
dependa de sua dedicação aos treinos, não devemos nos
esquecer que o destaque na Arte Marcial em geral é reservado
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
a pessoas cujas condições físicas hereditárias sejam
superiores.
Por si só isso deveria ser motivação suficiente para que o
praticante dessas modalidades cultivasse a humildade, visto
que ninguém é responsável por suas condições hereditárias.
Nada mais honroso que ver o forte protegendo o fraco, o
poderoso socorrendo o oprimido, o virtuoso amparando o débil.
A preocupação do Artista Marcial não deve ser tornar-se mais
forte que os demais nem vencê-los, e sim tornar-se mais forte
diante de si mesmo e vencer-se a si, ao invés de tentar vencer
os outros.
Muitos já ouviram falar da pecadora que foi atirada aos pés de
Jesus para que fosse apedrejada conforme ditava antiga lei
mosaica.
A resposta de Jesus foi:
"-Aquele de vós que não pecou que atire a primeira pedra."
Parafraseando a Jesus pergunto: - Quem possui suficiente
domínio sobre si mesmo para que possa presumir ser melhor
que os outros?
As vitórias do mundo são sem valor, pois tudo fenece diante da
morte; aquele que é forte hoje será fraco amanhã; se os fortes
de hoje não ensinam com seus exemplos a proteção dos
fracos, quem os protegerá amanhã quando se tornarem fracos
eles mesmos?
O Kung Fu de Li-Ne-Jam:
Na Província de Hopei viveu um camponês chamado Li-NeJam que, apesar de ser pobre e humilde, era um profundo
conhecedor do Kung Fu.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Um dia foi assistir a demonstração de dois famosos heróis, os
irmãos Tai-Ling-Pang e Tai-Lung-Pai, mas não se
impressionou muito, pois percebeu que sua própria arte era
superior.
Ao invés de fanfarronear-se, guardou para si mesmo esses
sentimentos e não falou a respeito nem se exibiu.
Um dos irmãos percebeu que aquele camponês pobre e
maltrapilho não se impressionara com a exibição e o seguiu.
Quando Li-Nem-Jam estava novamente trabalhando no
campo, aproximou-se por trás e o agarrou fortemente tentando
demonstrar toda sua força.
Li-Ne-Jam o atirou ao ar facilmente, arremessando-o longe.
Surpreso com tamanha habilidade, o homem se ergueu e
perguntou-lhe como o fizera.
-Pura sorte, respondeu Li-Ne-Jam e continuou a trabalhar..."
Excetuando-se os fráteres filiados à Fraternidade Kung Fu,
esta é a primeira vez que o público brasileiro tem a
oportunidade de conhecer as Dez Normas Budistas do Templo
Shaolin.
Você, leitor deste livro, é um privilegiado por ter tido essa
oportunidade.
A questão é: acabamos de estudá-las; o que faremos com
esses conhecimentos?
Como aplicaremos essas normas em nossa vida prática, em
nosso dia-a-dia?
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Procure estabelecer um plano de trabalho visando a adaptação
destas normas à sua própria realidade.
Repartindo o que Sei
Quando do preparo de meu livro O ESPIRITO MARCIAL, um
instrutor do estilo Wing Chun que vinha me auxiliando por
alguns meses insistiu comigo para que incluísse minha filosofia
pessoal como fechamento desta obra.
Não acredito nem nunca acreditei que alguém seja capaz de
levar outra pessoa ao conhecimento da verdade.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
O máximo que os grandes avatares, os gurus e os mestres têm
conseguido fazer é apontar o caminho por onde trilharam, sem
que ninguém tenha, até onde eu saiba, conseguido percorrer o
mesmo caminho através de outrem.
Não acredito nessa história de mestres e discípulos.
Não me vejo como mestre de nada sou daqueles que crêem
que o mestre está dentro de cada um.
Tenho tentado fazer ver isso às pessoas que me buscam em
procura do conhecimento.
Mas, toda vez que insisto em que a pessoa deva pensar por si
mesma e preparar-se por seus próprios meios, movido por
suas próprias experiências, as pessoas desanimam.
Toda vez que digo que minha experiência serve apenas a mim
e a ninguém mais, sou interpelado por alguém que não
consegue dar o primeiro passo.
Ao examinar o que sei, verifico que tudo que sei já existe no
mundo, já foi dito por muitos e que não necessito emitir minhas
próprias percepções, visto que são de domínio público e
aqueles que comigo convivem sabem como penso.
Assim sendo, as conjeturas de que trato a seguir descrevem
mal e porcamente a filosofia de vida que adotei para mim
mesmo e que representa o resumo de minhas pesquisas
dentro da sabedoria do Kung Fu, e de meus autores prediletos
(Boécio, Buda, Epicuro, Epiteto, Han Ryner, Marco Aurélio e
Sêneca).
Não sou o melhor nem o mais virtuoso dos homens, portanto
esta não é a melhor nem a mais virtuosa filosofia de vida.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
Se decidir adotá-la, talvez você possa encarar a vida com o
mesmo pragmatismo e objetividade com que a encaro; talvez
não.
O risco é todo seu.
De qualquer modo, será sempre uma escolha sua e, como tal,
sua responsabilidade exclusiva.
Afinal, já dizia La Bruyère: "A vida é uma tragédia para os que
sentem e uma comédia para os que pensam."
Antes de examiná-la, procure se lembrar de que O QUE VOCÊ
SABE NÃO TEM VALOR ALGUM, O VALOR ESTÁ NO QUE
VOCÊ FAZ COM O QUE SABE.
De que lhe aproveita saber discutir estas teorias se não for
capaz de demonstrá-las em suas próprias atitudes e ações?
O exemplo não é a melhor maneira de ensinar, É A ÚNICA
MANEIRA!
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Uma Filosofia Pessoal
Escolhi "Uma Filosofia Pessoal" como título, por várias razões.
Primeira - Sendo UMA Filosofia Pessoal, significa que existem
outras.
Segunda - Sendo Uma FILOSOFIA Pessoal, significa que não
se trata da verdade absoluta, visto que filosofia é a busca da
verdade, não a verdade em si mesma.
Terceira - Sendo Uma Filosofia PESSOAL, significa que
dificilmente pode atender totalmente às necessidades de mais
alguém.
Isto claro, comecemos:
Seja o que for que faço, faço-o porque é justo diante de meu
entendimento e não porque há alguém que possa premiar-me
ou castigar-me na proporção de minhas ações.
Ao esforço para conformar os atos de minha vida ao meu
pensamento, chamo de virtude.
A única recompensa da virtude é a própria virtude.
Se penso numa recompensa não sou virtuoso, pois a principal
característica da virtude é o desapego.
Creio firmemente que a virtude desapegada cria a felicidade.
Aquele que tenta ser bom porque quer ganhar o céu, não é
bom, é como a prostituta que se vende.
Aquele que evita ser mau porque não quer ser condenado ao
inferno, não deixa de ser mau, é um covarde que se comporta
porque teme.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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É típico do fraco colocar a responsabilidade de sua própria
felicidade sobre os ombros de alguma coisa externa a si
mesmo.
Os ombros favoritos são os de Deus.
Convido o leitor a considerar atentamente este pensamento de
Epicuro:
"Deus, ou quer impedir os males e não pode, ou pode e não
quer, ou não quer nem pode, ou quer e pode. Se quer e não
pode, é impotente: o que è impossível em Deus. Se pode e
não quer ê pervertido: o que, do mesmo modo, é contrário
a Deus. Se nem quer nem pode, é bisonho e impotente:
portanto nem sequer é Deus. Se pode e quer, o que é a única
coisa compatível com Deus, de onde vêm então os males? Por
que razão não os impede?!"
De qualquer maneira não cabe aos homens julgar a Deus, pois
sequer têm meios de provar sua existência e não se julga algo
que não existe.
Nem perco tempo portanto, e me atenho às coisas que me
pertencem e as ações que posso fazer.
Visto que é impossível ao homem conjeturar sobre a natureza
de Deus, dedico minha atenção à natureza que é a expressão
da inteligência responsável pelas coisas serem como são e
não de outra forma.
Percebo logo de início que meus poderes sobre ela são
limitados e que se não a respeito, por ela mesmo pereço.
Só culpa a natureza pelo que lhe acontece, aquele que baseia
sua opinião num falso sistema de valores que o faz confundir o
que lhe pertence com o que não lhe pertence.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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A morte nada significa, pois enquanto vivo ela não existe e
quanto ela chega eu cesso de existir.
Para mim, ser feliz é viver o aqui e agora, sem apegos e sem
culpa.
O que me permite ser feliz é minha capacidade de escolher.
Han Ryner diz:
"A felicidade é um estado de espírito em que me sinto
perfeitamente livre de todas as servidões e em perfeito acordo
comigo mesmo."
Sêneca conta:
"O homem feliz é aquele para quem não existe nem outro bem
nem outro mal senão o bem e o mal da alma; que pratica a
honestidade e se satisfaz com a virtude; que não se deixa
exaltar nem abalar pelos acontecimentos fortuitos; que não
conhece maior bem que o que ele próprio se pode
proporcionar, para quem o verdadeiro prazer é o desprezo do
prazer."
Epicuro afirma:
"Nunca é cedo nem tarde demais para cuidar de si mesmo;
aquele que diz que ainda é cedo ou que é tarde demais para
filosofar, está dizendo que ainda não é tempo ou que já não dá
mais tempo de ser feliz. A felicidade consiste em se obter
aquilo que se deseja e em evitar aquilo que não se deseja; as
pessoas infelizes são aquelas que: ou não conseguem aquilo
que desejam ou não conseguem evitar o que desejariam evitar.
Conquiste a felicidade evitando considerar como suas as
coisas que não dependem de você."
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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O mundo tem apenas duas espécies de coisas: aquelas que
dependem de mim e aquelas que não dependem.
Depende de mim apenas meu pensamento e, através do
pensamento, gero minhas opiniões, minhas atitudes, meus
apegos e minhas ações.
Não dependem de mim meu corpo, meus bens materiais,
minha reputação e tudo que não seja gerado por meu
pensamento.
As coisas que dependem de mim, me pertencem, são livres,
nada as impede.
As coisas que não dependem de mim, não me pertencem e
estão sujeitas às vicissitudes da vida.
Se considero minhas as coisas que não me pertencem, sou um
ladrão e necessariamente serei infeliz, sofrerei, ficarei
perturbado, descontente com o mundo e com os homens.
Se aprendo a considerar minhas apenas as coisas que são
minhas, e a considerar do mundo o que pertence ao mundo,
ninguém jamais será capaz de me aborrecer, não ficarei
descontente com ninguém, não poderei culpar os outros por
minha infelicidade, não farei coisas que sejam contra
minha vontade, não terei nenhum inimigo, nem serei vítima de
nenhum dano ou perda.
Esforço-me para compreender estas coisas com perfeição
pondo-as em prática diante dos fatos da vida, sem me deixar
influenciar pelas aparências.
Pergunto-me sempre: -Isto que está me acontecendo se
relaciona com as coisas que dependem de mim ou com as
coisas que não dependem de mim e, se a resposta determinar
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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que as coisas que estão me acontecendo não são coisas que
dependem de mim, aceito que nada me significam.
Um antigo diálogo apócrifo que teria, segundo dizem, ocorrido
entre Deus e Epiteto diz o seginte:
"Teu corpo não passa de argila mas também te dei uma porção
de mim mesmo: o poder de pensar e escolher, tomando
decisões sobre as coisas dos sentidos. Se não negligenciares
estes poderes e neles te aplicares, jamais te verás obstado ou
embaraçado, jamais terás de que te lamentar, jamais terás que
censurar ou lisonjear alguém. Contenta-te com estas coisas."
Sêneca, em uma de suas cartas a Lucílio, conta que Demétrio
Poliocerta destruiu a cidade de Estilbao, matou sua esposa e
filhos e depois lhe perguntou se havia sofrido alguma perda.
Estilbao respondeu: "Todos os meus bens estão comigo. Nada
perdi do que era meu."
Possuo as faculdades que me permitem compreender que sou
parte de um todo e que compete a mim, como parte, ceder
lugar ao todo.
Cabe a mim ver que as coisas que me cercam são ou isentas
de impedimento, pertencendo ao domínio de minha vontade,
ou sujeitas ao impedimento e dependente da vontade do
mundo.
Não desperdiço energias me aborrecendo e me preocupando
com as coisas que não dependem de mim; prefiro transferir
minhas energias para evitar crer que dependem de mim as
coisas que dependem do mundo.
Meus desejos são os limites que estabeleço para mim mesmo.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Quando desejo alguma coisa limito minha capacidade de ser
feliz, a minha chance de conseguir o que desejo.
Minhas aversões também são desejos e limitam minha
capacidade de ser feliz, a minha chance de me livrar daquilo
que não desejo.
Tanto é infeliz aquele que não consegue ter o que deseja,
quanto aquele que não consegue evitar aquilo a que tem
aversão.
É fácil ser feliz, basta que deseje apenas aquilo que dependa
de mim e que tenha aversão apenas às coisas que dependa de
mim evitar.
Se faço com que aquilo que desejo dependa apenas de mim
mesmo, vivo livre e feliz, nada lamentando do que me venha a
ocorrer e contra nada me insurgindo.
Se me deixo prender pelas coisas externas, que não
dependem de mim, vejo-me forçosamente dependente e
sujeito a impedimentos; tomo-me escravo daqueles que têm
poder sobre o que desejo; serei necessariamente injusto por
reclamar mais do que me pertence.
Nada afeta o que me pertence. As únicas perturbações que
podem me atingir são formadas pela minha opinião.
Tudo quanto existe mudará dentro de um instante e não mais
existirá.
O UNIVERSO É MUTAÇÃO, A VIDA OPINIÃO.
A ÚNICA VERDADE IMUTÁVEL É QUE TUDO MUDA.
Por exemplo, se gosto de um vaso, procuro me lembrar que
gosto de uma coisa que se quebra e quando se quebrar, não
sofrerei.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Quando inicio qualquer ação, examino a que natureza
pertence.
Se vou tomar um ônibus procuro me lembrar do que costuma
acontecer num ônibus: algumas pessoas se acotovelam;
outras falam e riem alto; umas correm na frente e tomam o
lugar de outras; existem cobradores mal-educados; outros que
roubam no troco; motoristas que arrancam antes que eu suba,
ou antes que eu tenha tempo de descer completamente.
Assim, pois, constato que, se minha intenção é tomar o ônibus,
estou sujeito a todas essas coisas (não dependem de mim) e
que, se eventualmente elas me acontecerem, isso não me
impedirá de conservar-me em harmonia com as circunstâncias.
Quando surge algum contratempo recordo imediatamente que
foi minha intenção andar de ônibus conservando meu
pensamento em harmonia, e que não o manterei em harmonia
se me aborrecer com as coisas que acontecem.
A realidade nunca chega a mim como ela é, antes passa pelos
meus sentidos e o que vejo dela é a exata proporção do que
meus sentidos me permitem ver.
Mesmo o que meus sentidos percebem não chega até mim
porque tem antes que passar pela interpretação de minha
mente.
Assim, sendo percebo que o que sei da realidade é minha
interpretação da realidade.
Não são pois os acontecimentos da vida que me perturbam, e
sim as opiniões que formo a respeito desses acontecimentos.
Se me torno infeliz, triste ou perturbado, não culpo a ninguém
por isso, mas somente a mim mesmo e a minhas opiniões.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Não me orgulho de qualidades que não me pertencem.
Se me orgulho dizendo: "-Tenho um belo carro.", estou me
orgulhando de algo que pertence apenas ao carro.
O que é meu então?
O saber apreciar a beleza que vejo, pois é o que depende de
mim.
Não desejo que as coisas aconteçam segundo minha vontade
(afinal elas não dependem de mim); a não ser na exata
proporção do que depender das coisas que dependem de mim.
Como quero continuar a ser feliz, aprendo a aceitar as coisas
como vierem.
A doença é um impedimento para meu corpo (que não me
pertence), mas não para minha opinião.
Observando a vida percebo que as coisas se impedem umas
as outras, mas não são empecilhos a mim.
Em face de qualquer acontecimento pergunto-me quais as
forças que possuo e que podem ser utilizadas eficientemente
nessas circunstâncias.
Quando me habituo a pensar e agir assim, as aparências das
coisas perdem a capacidade de me conduzirem à infelicidade.
O mundo me empresta certas coisas, mas como não fazem
parte das coisas que me pertencem nunca serão realmente
minhas.
Nunca perco nada, apenas devolvo ao mundo.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Meu filho morreu?
Ele foi devolvido.
Minha mulher me abandonou?
Ela foi devolvida.
Minha casa foi tomada?
Bem, não é isso o mesmo que devolvido?
"Mas quem a tomou não presta!", você me dirá; mas eu lhe
digo: "a mim, que importa se as mãos pelas quais o mundo que
me deu essas coisas, as retome?"
Quando o mundo me dá alguma coisa eu a uso, mas como
algo que não é meu, como fazem os hóspedes de uma
estalagem.
Se espero que minha mulher, meus filhos e meus amigos
vivam para sempre, estou desejando que me pertençam coisas
que não me pertencem.
Quando encontro alguém chorando porque o filho mudou para
longe ou morreu, cuido para que minha imaginação não faça
com que eu perceba o fato erroneamente.
Percebo imediatamente que não é o que ocorreu que
entristece essa pessoa, porque o que a entristece é a opinião
que ela formou a esse respeito.
Percebo também que essa pessoa não dedicou parte de sua
vida a criar uma filosofia pessoal que a sustentasse, e portanto
não aprendeu a enfrentar essa situação.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Assim sendo, procuro agir com caridade e concordar com ela e
a consolar, mas mantendo-me atento para não permitir que a
dor dela contamine a ideologia que me dará apoio em
circunstâncias semelhantes.
Quando algo de ruim me acontece, penso desta maneira:
"Nenhuma das coisas que estão me acontecendo podem me
afetar; talvez possam afetar este corpo, as posses materiais
que o mundo me emprestou, minha reputação, a esposa que
me foi dada, os filhos que me foram dados, mas nada me afeta
a menos que eu o permita."
Não tenho a presunção de ser respeitado pelos demais, pois
isso não me pertence.
Não espero receber consideração dos demais, pois isso não
me pertence também.
Sei que não é possível permanecer fiel aos meus princípios e
ao mesmo tempo ter a pretensão de ser amado e estimado
pelo mundo.
Não me aborreço com as pessoas, porque se pretender que
elas não me aborreçam estarei pretendendo que elas não
cometam erros, pensem da forma certa e adotem as atitudes
certas e nada disso me pertence.
Se desejo que meus desejos não sejam desapontados, isso
está em meu poder, pois basta que queira aquilo que possa
ter.
Só é senhor de si aquele que é capaz de dar ou tirar aquilo que
é capaz de dar ou tirar.
Aquele que procura a liberdade perfeita não deve desejar nem
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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recusar nada que dependa dos outros ou perderá sua
liberdade e se tornará um escravo.
Todo aquele que jamais se envolve numa luta que não possa
vencer, é invencível.
Mesmo que alguém me injurie, me provoque ou me soque,
jamais conseguirá me causar mal, porque o mal está na
maneira com que considero estas coisas.
Se alguém me provoca, sei que é minha opinião a respeito de
mim mesmo que me provoca.
Se alguém me ofende é a opinião que tenho a respeito de mim
mesmo que me ofende.
Não permito que as coisas que vêm de fora (e portanto não
dependem de mim), me entristeçam ou me tomem infeliz.
Mantendo-me dentro destes princípios, controlo a mim mesmo
e me torno capaz de ser feliz.
Ao adotar a busca da sabedoria como minha meta de vida,
sempre soube que seria ridicularizado pelos que são incapazes
de avaliar a profundidade desses conhecimentos.
Mas a opinião dos outros não me pertence, portanto não me
perturbo com esses preconceitos.
Contento-me em buscar a sabedoria, não quero parecer sábio
e nem ser tomado como sábio.
Ninguém consegue me desconsiderar, pois não depende de
mim as opiniões dos outros.
Apenas eu posso me considerar e me honrar, pois apenas a
minha opinião me pertence.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Não há lugar em mim para a inveja e o ciúme, pois é tolice
pretender ter as coisas que não me pertencem.
Melhor que ser um general ou um presidente, é ser senhor de
mim mesmo, e isso só é possível me desapegando de todas as
coisas que não dependem de mim.
Mesmo que queira ajudar a meu próximo, nada posso fazer
para ajudá-lo, pois nada do que lhe possa dar pertence a mim
ou a ele.
Sabendo o que me pertence e o que pertence ao mundo noto
que jamais poderei dar aos outros alguma coisa que eles já
não possuam.
Visto que depende de mim apenas minha opinião e visto que
minhas atitudes e ações dependem de minha opinião, percebo
que existem ações que dependem de mim e ações que não
dependem de mim.
Depende de mim portanto a decisão de conquistar bens
materiais para mitigar as necessidades das pessoas que amo
e de meu próximo.
Mas o fato dessas ações dependerem de uma decisão minha
não significa que tenha a obrigação de fazê-las, pois não
pertencem nem às pessoas que amo nem ao meu próximo as
ações que me pertencem (que eu posso fazer).
Que procuram as pessoas que amo e meu próximo?
Minhas posses?
Meus esforços?
Ou preferirão eles um amigo modesto, mas sincero?
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Se me respondem argumentando que só serei um bom pai e
um bom cidadão se produzir riquezas para o engrandecimento
de minha família e de meu país, lhes responderei que o
engrandecimento das famílias e das pátrias se faz
pela soma da integridade de seus membros, e que traz muito
maior proveito à sociedade um só cidadão honrado mesmo
que de posses modestas, que muitos cidadãos cheios de
posse mas corruptos.
Se de alguma forma eu ceder na aplicação destes princípios,
estarei colocando nas mãos dos outros a minha felicidade.
Compreendo que ao utilizar esta filosofia não me permito usar
certos recursos que poderiam me trazer coisas que não me
pertencem e, por agir assim, não serei avaliado pelos demais
em pé de igualdade e portanto não merecerei as honras que
são outorgadas pelo mundo.
Não elogio a ninguém, não cortejo a ninguém, não lambo as
pessoas que estão no poder; assim sendo, não mereço dessas
pessoas a mesma consideração que dedicam aos que agem
dessa maneira.
Não pretendo, pois, conquistar as honras dos que agem dessa
forma.
Afinai, se as honrarias do mundo têm esse preço, serão elas
honradas?
Nunca serei justo se pretender ter as coisas pelas quais não
paguei.
Por quanto se vende um jornal?
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Se alguém, pagando alguns trocados, recebe um jornal e eu,
nada pagando não recebo jornal algum, não posso considerar
que esse alguém tenha levado alguma vantagem sobre mim.
Da mesma forma que esse alguém tem o jornal, eu terei os
trocados que não gastei.
Da mesma forma, se não recebo honrarias do mundo é porque
não paguei por ela o preço que vale em salamaleques, cortejos
e elogios.
Nada me sobrou em lugar dessa honra?
É claro que sim: a liberdade de não cortejar aqueles a quem
não desejo cortejar e a liberdade de não sofrer a insolência e a
soberba daqueles que outorgam a honraria.
Para que possa manter a coerência para com minha ideologia
é preciso que aprenda a medir os outros da mesma forma que
meço a mim mesmo.
Quando morre o filho de alguém é comum que se diga:
"Essas coisas acontecem."
Mas, quando morre seu próprio filho essa mesma pessoa dirá:
"Ai de mim, aconteceu-me uma desgraça!"
Tenho que ser coerente e evitar agir dessa forma.
Não é possível que eu tenha dois pesos e duas medidas.
Da mesma forma que medir o meu próximo medirei a mim
mesmo.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Fica fácil distinguir entre as coisas que dependem de mim e as
que não dependem de mim, basta perceber que as coisas que
dependem de mim são todas ações interiores e as que não
dependem de mim são todas ações exteriores.
São ações interiores meus pensamentos, minhas opiniões,
meus desejos, minhas inclinações e minhas aversões.
São ações exteriores meu corpo, meus bens, minha reputação,
as honras e dignidades que recebo do mundo, e todas as
coisas que não são ações interiores.
As ações interiores são livres em sua própria natureza, nada
pode detê-las nem criar obstáculos a elas.
As ações exteriores, por não dependerem de mim são, já por
sua própria natureza, fracas e sujeitas a obstáculos e
inconvenientes que podem impedi-las.
Não tenho o direito de julgar o que ocorre com meu corpo e
com minhas ações exteriores como fatos bons ou maus,
porque não cabe a mim julgar o que ocorre às coisas que não
me pertencem.
Nada do que ocorre ao que me pertence pode ser bom ou
mau.
É simplesmente indiferente.
As pessoas que julgam o que ocorre com as coisas que não
lhes pertencem, vivem aflitas e perturbadas, enfrentam
obstáculos e vivem a se queixar.
Antes de iniciar qualquer ação, examinarei a ação que a
precedeu e a que se seguirá, dessa forma o entusiasmo do
começo não me abandonará quando os obstáculos
aparecerem.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Quem deseja se tornar um lutador tem que examinar
atentamente as ações que precedem esse objetivo e as ações
que o sucedem e, se ainda assim achar que o objetivo vale o
esforço, lançar-se a ele sem esmorecer.
Quem deseja se tornar um lutador tem que ingerir alimentos
que não lhe agradam, tem que cortar as guloseimas e os
refrigerantes, tem que treinar arduamente, faça frio ou calor,
tem que se sujeitar às exigências de seu técnico, sejam elas
agradáveis ou não.
Quando lutar poderá quebrar as mãos ou as costelas, poderá
beijar a poeira do chão, levará muitas pancadas e nem por isso
terá vitória assegurada.
Se assim mesmo ainda deseja se tornar um lutador, deve
persistir nesse caminho.
Mas se a pessoa tenta esse caminho sem considerar todas
essas coisas, será como um garoto que não sabe o que quer e
nunca chegará a ser nada, porque a nada terá se dedicado
com todo o seu propósito.
As pessoas devem considerar a consistência do assunto a que
pretendem se dedicar e verificar se suas naturezas oferecem
recursos para tanto.
Quem quer ser um lutador tem que considerar a força de seus
braços e de suas pernas, sua agilidade e outras condições
físicas.
Mesmo que você queira se dedicar à busca interior, ao
autodomínio e à espiritualidade, terá que ficar atento e
trabalhar, haverá de vencer certos apetites, abandonar a
companhia de certas pessoas, não mais merecerá a
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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consideração de uns e certamente ganhará o desprezo de
outros.
Se eu tiver que visitar alguém, previamente considerarei o que
me pode acontecer; talvez essa pessoa não se encontre em
casa, talvez não possa receber-me, talvez bata com a porta em
minha cara, talvez finja não perceber minha presença e, se
mesmo assim tiver o dever de visitá-la, aceitarei o que tiver
que aceitar e não direi:
"Não pensei que isso aconteceria comigo."
Porque só um homem que não busca o autodomínio se queixa
de coisas que não dependem dele.
Todos os meus deveres se prendem à relação de
determinação que se impõe sobre mim.
É meu dever cuidar de meu pai e suportar suas advertências e
reprimendas.
Se alguém disser:
"Mas ele é um mau pai!", responderei: - A natureza por acaso
determina que todos os pais sejam obrigatoriamente bons?
A natureza determina que haja um pai para que possa haver
um filho, mas isso não implica que para que haja um filho o pai
tenha que ser bom.
Tenho que cumprir minha obrigação em relação ao meu pai e
não me cabe a tarefa de julgar as ações dele e sim cumprir
minhas responsabilidades em relação àquele que a natureza
me determinou por pai.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Mesmo que seja um mau pai, ele não poderá me ferir, pois
serei ferido apenas segundo minha opinião; se eu não quiser,
ninguém me ofenderá.
Dessa forma atendo a minhas obrigações relativas aos
vizinhos, ao meu próximo e a mim mesmo, tratando cada qual
com o respeito que a ele se deve.
Não perco tempo conjeturando sobre o futuro e tentando
adivinhar quais os desígnios que o mundo me reserva nos dias
por vir.
Seja qual for o evento que me suceda, saberei como enfrentálo pois, se não for por uma coisa que dependa de mim, não
será nem bom nem mau.
Procuro, sim, evitar preconceitos, desejos ou aversões, pois
essas coisas me impedirão de chegar à percepção de que
todos os acontecimentos são indiferentes, pois está em meu
poder fazer deles o uso certo, o que ninguém poderá impedir.
Não deixarei a sorte decidir sobre aquilo que é meu dever.
Minha reputação não me pertence, pois depende das opiniões
de outras pessoas.
Ninguém é senhor da própria reputação, e por melhor que seja
um homem, sempre haverá alguém que não o respeita e não o
ama.
O próprio Cristo foi traído por dois de seus apóstolos; um em
cada seis o traiu.
Não devo pretender melhor sorte.
Se alguém me diz que outrem fala mal de mim, dir-lhe-ei:
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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"A pessoa que fala mal de mim não conhece todos os meus
outros defeitos, senão não teria mencionado somente estes."
Quando alguém me prejudica ou fala mal de mim, procuro me
lembrar que o faz achando que está fazendo o que é certo.
Não devo esperar que as pessoas façam o que me parece
certo e sim que façam o que parece certo a elas.
Se a pessoa que me julga baseia seu julgamento numa má
interpretação a meu respeito, o prejudicado é ela, visto que
está enganando a si mesma.
Se alguém julga erroneamente um fato, não é o fato que se
prejudica e sim a pessoa que a esse respeito engana a si
mesma.
Partindo desse princípio aprendo a suportar a fofoca, que é o
esporte nacional do brasileiro.
Todos os fatos têm dois ângulos, devendo ser manejado
apenas por um desses ângulos.
Se meu irmão age de forma injusta, não manejo a situação
pelo ângulo da injustiça que foi cometida.
Prefiro manejar a situação pelo ângulo que o torna meu irmão
e, lembrando-me que foi criado junto comigo e dos bons
momentos que passamos juntos, saberei suportar a injustiça.
É, preciso que eu aprenda a ver as coisas como elas são,
raciocinando através da noção do que depende de mim e do
que não depende de mim.
Se alguém se lava rapidamente, não devo julgar que se lava
mal e sim que se lava em pouco tempo.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Se alguém bebe grande quantidade de cerveja, não devo julgar
que age mal e sim que tem a capacidade de beber em grande
quantidade.
Afinal de contas, não dependem de mim as ações das outras
pessoas e também cabem a elas as opiniões que venham a
formar a respeito de suas ações.
Quando procedo dessa forma, baseio-me nos princípios que
conheço plenamente e não nas aparências dos fatos que
presencio.
Quando assumo diante da vida um papel que esteja acima de
minhas forças, não só desempenho indignamente esse papel
como perco a oportunidade de fazer o que posso fazer com
habilidade e mérito.
A proporção dos bens materiais deve ser para cada um como a
medida do sapato em relação ao pé.
Você dificilmente se moveria livremente se seus sapatos
fossem maiores que a necessidade de seus pés.
Quando me contento com pouco, não me excedo, mas se
passo desse ponto, sou arrastado cada vez mais por minhas
ambições até um precipício.
Da mesma forma que os adornos de um sapato podem ser tão
sofisticados que se perca de vista a sua função de proteger o
pé, não há limites para aquilo que excede as medidas.
Quando pediam a Sócrates que indicasse um filósofo, ele, que
era o maior filósofo da Grécia, indicava um outro, sem que por
isso se sentisse diminuído.
Se alguém disser que não sei nada não me perturbarei com
isso, afinal de contas os carneiros não mostram aos pastores
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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quanto capim comem, mas demonstram o que comeram
através da lã que trazem sobre si.
Não tenho que mostrar teorias às pessoas, prefiro demonstrar,
através de meus atos e realizações, o que estes princípios têm
feito por mim.
Mesmo quando satisfaço às necessidades de meu corpo
apenas através de uma única refeição por dia (O que faço a
maioria das vezes), mantendo uma dieta útil e sadia, não me
vanglorio disso.
Mesmo quando controlo minha vontade de tomar cerveja e
bebo apenas água, não digo aos outros que bebo apenas
água.
Ao invés de adotar um comportamento presunçoso diante dos
pequenos atos de disciplina que imponho a mim mesmo,
procuro me lembrar que os pobres e os miseráveis, diante de
suas aflições são muito mais contidos, pacientes e econômicos
do que eu.
Se me exercito com proveito no cumprimento destas regras, é
para meu proveito e crescimento pessoal e não para mostrarme ou vangloriar-me diante dos outros.
Considero as privações que imponho a mim mesmo como
exercícios de autodisciplina e não como alarde diante do
mundo.
A palavra responsabilidade significa a habilidade de dar a
resposta (resposta + habilidade).
Não a resposta no sentido de responder a uma pergunta e sim
a resposta no sentido de reação aos fatos da vida.
A maioria das pessoas acredita que são prejudicadas ou
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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beneficiadas por causas externas, nunca por si mesmas.
Aquele que procura o caminho da virtude e merece ser
reconhecido como sábio, se caracteriza por esperar todo o
benefício e todo o prejuízo
de si mesmo.
Não cabe a mim censurar ninguém, louvar ninguém, acusar
ninguém, culpar ninguém e nem considerar-me como melhor
que os outros, pensando que sei alguma coisa ou que sou
alguma coisa.
Quando alguma circunstância me impede ou me reprime,
procuro em mim mesmo as razões.
Se alguém me elogia, sei rir de mim mesmo por dentro e se
sou censurado, não me defendo.
Todos meus desejos se voltam para as coisas que dependem
de mim e tenho aversão apenas às coisas que não dependem
de mim.
Minhas emoções se demonstram livremente e não me importo
se me julguem tolo ou ignorante.
Acima de tudo vigio a mim mesmo como a um inimigo, pois o
maior mal que me sobrevém é aquele que é capaz de surgir de
mim mesmo.
Sei que o maior lutador é aquele que vence a si mesmo.
Você só se torna senhor de si quando reconhece, através de
suas ações, que as coisas que não dependem de você são
indiferentes.
Ao fazer isso você se torna livre; ninguém poderá forçá-lo a
fazer o que não quer ou impedi-lo de fazer o que quer.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Não terá, pois, motivos para se queixar de ninguém.
Procure se lembrar que o oprimido que se queixa, tem a
intenção de se tomar opressor.
A prisão, a pobreza e todas as coisas exteriores, só
conseguem diminuir a liberdade de seu corpo e de suas ações,
não impedem portanto a sua vontade se você não adotar a
loucura de pretender aquilo que não depende de você.
Os tiranos só têm poder sobre aquilo que lhe é supérfluo.
Se esta Filosofia lhe parecer satisfatória, aceite estas regras
para si mesmo como modo de conduta e disciplina de vida,
respeite-as como se fossem leis e não consinta em transgredilas.
Não se preocupe com o que dirão a seu respeito; afinal de
contas, o que dizem faz parte das coisas que não dependem
de você.
Por quanto tempo ainda vai deixar para depois a aceitação da
tarefa de cumprir estas regras e viver de acordo com a razão?
Já conhece estes princípios, o que quer mais?
Que outro mestre está esperando para responsabilizá-lo pela
demora em trilhar o caminho do auto-aperfeiçoamento?
Pare de adiar sua decisão a respeito destes princípios, pare de
jogar para o futuro o início de seus esforços ou acabará por
viver e morrer como um homem ignorante.
Faça com que aquilo que sua razão aponta como sendo o
melhor seja para si uma lei inviolável.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Seja o que for que se apresente em seu caminho, lembre-se
que agora é a hora da luta e que não pode adiar mais o
combate contra si mesmo.
Mesmo que seja derrotado num desses combates, só será um
perdedor ou um vencedor dependendo do que aprendeu dessa
derrota para usar em suas lutas futuras.
Esta é a batalha de sua vida, melhorar-se em cada combate,
não cedendo a nada senão à razão.
Mesmo não sendo ainda senhor de si mesmo, procure viver
como alguém que almeja tornar-se senhor de si mesmo.
Os homens poderão lhe matar, é verdade, mas jamais poderão
lhe ferir.
Agora você não tem nada mais a temer, pois aprendeu uma
FILOSOFIA PESSOAL e sabe que a única coisa que lhe
pertence é a sua vontade que forma sua opinião e atitudes
diante do mundo.
Aprenda a caminhar para onde é o seu lugar e chegue lá com
alegria, porque se você não aprender a fazer isso o destino o
levará lá do mesmo jeito, mas lá você chegará como culpado e
mesmo que não o queira.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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A Fraternidade Kung Fu
A Fraternidade Kung Fu é uma instituição a serviço dos
praticantes e simpatizantes da arte marcial Kung Fu, cujos
objetivos, em seguida relacionados, visam o desenvolvimento
integral do ser humano.
Nossos associados formam uma sociedade fraternal composta
pela associação de pessoas interessadas no estudo e
preservação dos conhecimentos filosóficos e marciais do Kung
Fu.
Muito mais que uma arte marcial, um esporte ou uma técnica
de defesa pessoal, o Kung Fu é uma maneira de viver e se
fundamenta em métodos e técnicas capazes de influir
positivamente na vida de seus praticantes, enriquecendo-lhes
a existência e contribuindo para o sucesso em todos os
campos do conhecimento humano.
As Vantagens de Sua Filiação
Filiando-se à Fraternidade Kung Fu você tem a oportunidade
de reorganizar a sua vida através de métodos e técnicas
especiais que lhe proporcionarão os elementos necessários
para conseguir o máximo de satisfação e realização pessoal
em todas as áreas de sua existência.
Você receberá uma orientação pessoal que lhe permitirá
transformar todos os setores de sua vida em experiências de
sucesso.
Independente dos estudos que tenha feito e, até mesmo se
não teve oportunidade de estudar, desde que saiba ler, você
está em condições de obter todas as vantagens e privilégios de
sua filiação individual e exclusiva.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Filiando-se à Fraternidade Kung Fu você recebe apostilas (em
formato e-book que você pode escolher imprimir e encadernar
ou não, segundo sua vontade) que lhe transmitirão de forma
gradual e sistemática, preciosos conhecimentos das técnicas
físicas e mentais do Kung Fu.
Objetivos
1 - O ensino de técnicas marciais do Kung Fu, seu estudo
através de cursos especialmente preparados (cursos livres na
modalidade ensino à distância), de aulas ao vivo e de revisões
para aperfeiçoamento sistemático sob a tutela de professores
credenciados por mim Marco Natali (que sou o criador e o
mentor desta Fraternidade).
2 - A preservação dos conhecimentos ancestrais do Kung Fu,
transmitidos de mestres a discípulos através de inúmeras
gerações.
3 - O auto-aprimoramento moral do praticante de Kung Fu e
das pessoas que, mesmo não sendo praticantes, interessamse pelo aperfeiçoamento de si mesmas.
4 - O autoconhecimento, mediante o estudo e a aplicação de
técnicas psicológicas que permitem uma maior integração da
personalidade e consequente melhoria das relações
interpessoais.
5 - A edificação de uma vida melhor, através da prática de
métodos originais centralizados no desenvolvimento dos
potenciais individuais existentes em todo ser humano.
6 - O estudo das leis universais, aplicando esses
conhecimentos no desenvolvimento dos diversos setores da
existência.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Os estudos da Fraternidade Kung Fu são subdivididos em
graus progressivos.
O primeiro nível de ensinamentos compreende o grau de
postulante.
É o primeiro grau de Estudos Básicos.
Este primeiro nível se desenvolve através de oitenta apostilas
enviadas em vinte remessas que incluem, entre outros, os
seguintes assuntos:
Como obter flexibilidade através dos exercícios especiais do
Kung Fu - Como construir seu próprio Moodjong - O primeiro
movimento do estilo Wing Chun completo, incluindo aplicações
-As 108 técnicas do Moodjong - O primeiro movimento
completo do estilo Ch'An Tao Chuan - Como usar a Espada
Shaolin num Tchia Dsu completo com mais de 100
movimentos - Como fazer você mesmo seu próprio Nunchaku Os nomes chineses dos movimentos do Estilo Wing Chun - Os
principais movimentos do Nunchaku - Como criar uma
Associação de Kung Fu em sua própria cidade, etc. A história
do Kung Fu - O templo Shaolin – Como usar o seu tempo para
realizar coisas que deseja -Ensinamentos transcendentais do
Budismo - Técnicas de Disciplina e Meditação do Kung Fu
antigo Segredos de Auto-Aperfeiçoamento e desenvolvimento
pessoal - Como planejar e modificar seus objetivos de vida - A
Espiritualidade Kung Fu Como Meditar - Como estabelecer
metas - Lendas e Apólogos dos antigos Mestres de Kung Fu A evolução pessoal através do método de Autoverificação - As
técnicas de Meditação favoritas dos chineses e tibetanos - As
normas budistas dos antigos templos do Kung Fu - A
Sabedoria Milenar e sua aplicação na vida diária - O Dharma,
etc.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Após concluir este nível, nossos filiados recebem informações
a respeito dos outros níveis.
Para obter maiores informações, você pode entrar em contato
por e-mail e solicitá-las:
[email protected]
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Em busca do Sangha em Sorocaba:
Busca do Budismo em Sorocaba
Senti falta do Sangha (comunidade em sânscrito) e resolvi
procurar alguma comunidade budista aqui em Sorocaba, fui ao
irmão Google e digitei Budismo em Sorocaba:
Deparei-me com três citações iniciais as demais citações
eram cópias dessas três ou citavam templos em outras
cidades.
 Meditação e Budismo em Sorocaba - Budismo Kadampa
budismokadampa.org.br/project/budismo-em-sorocaba/
Nessa semana começam novos horários de aulas de meditação em Sorocaba! Oportunidades para
descobrirmos o verdadeiro sentido de nossa vida humana, ...
 Budismo: a crença na lei de causa e efeito - RELIGIÕES ...
www.cruzeirodosul.inf.br/materia/430040/undefined
28/10/2012 - CADERNO DE DOMINGO - RELIGIÕES ORIENTAIS EM SOROCABA - Budismo: a crença na
lei de causa e efeito - A religião tem origem na ...
 SANTUARIO BUDISTA - Jardim Leocádia - Sorocaba - SP
www.guiamais.com.br/.../santuario+budista-igrejas+templos+e+instituico...
Veja o telefone e saiba como chegar em SANTUARIO BUDISTA especializado em Igrejas, Templos e
Instituições Religiosas localizado no endereço R ...
A primeira citação anunciava uma palestra e um retiro
espiritual cujo tema era "Viver significativamente, morrer com
alegria".
Considerando que "alegria" é um atributo da mente, ao
contrário da "felicidade" que é um atributo do Ser, nesse
primeiro instante pulei essa opção e fui para a próxima, pois
morrer com alegria ou com tristeza dá no mesmo, pois ambas
são faces opostas de uma mesma moeda e remetem à mente
e não à transcendência.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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A mente é sinônima do pequeno eu (ou ego se preferir) e
o Budismo visa transcendê-la em busca da iluminação.
A próxima trazia um artigo sobre Budismo com o subtítulo
CADERNO DE DOMINGO – RELIGIÕES ORIENTAIS EM
SOROCABA e citava apenas o Budismo Nitiren.
Como tive dois contatos insatisfatórios com essa
comunidade resolvi pular essa opção.
Contatos com o Budismo Nitiren:
Esclarecendo os contatos insatisfatórios:
PRIMEIRO: Um aluno de um aluno meu, foi muito gentil e
entrou em contato comigo pelo Facebook e me convidou a
levar-me a conhecer um mestre budista aqui em Sorocaba.
Compareci ao encontro e descobri que se tratava da seita
Nitiren.
Fui apresentado ao "mestre budista" e era um senhor
japonês que me informou que era o dirigente da organização
em várias cidades, listou todas elas e os cargos importantes
que exercia.
Eu lhe informei que pertencia à Ordem Budista Niskama
Karma e ele me perguntou se conhecia o Buda Nitiren
Daishonin e eu lhe disse que tinha assistido a um filme japonês
sobre a vida dele.
Ele me perguntou se já havia lido a obra A REVOLUÇÃO
HUMANA de Daisaku Ikeda.
Eu lhe disse que tinha lido apenas os primeiros cinco
volumes.
Ele me informou que já haviam sido publicados catorze
volumes.
Eu lhe disse que estava interessado em completar minha
coleção e queria comprar os demais volumes, perguntei se
tinham a venda ali.
Ele me disse que estava continuamente em São Paulo e
que encomendaria e que quando chegassem ligaria para mim.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Dei-lhe meu cartão e nunca mais soube dele, já fazem
uns dois ou três anos, nunca me ligou para falar sobre os
livros, nunca me procurou.
SEGUNDO: Depois desse primeiro contato com a seita
Nitiren compareci a um casamento budista em São Paulo,
realizado por sacerdotes dessa seita.
Depois da entoação de muitos mantras o monge disse no
microfone que ele era representante do Budismo Nitiren o
Budismo criado pelo ÚNICO BUDA VERDADEIRO.
Posso estar errado e se estou me desculpe, mas isso me
pareceu uma tentativa de desrespeito ao Buda Gautama
criador do Budismo, e uma ofensa ao criador da seita dele o
monge Nitiren Daishonin a quem admiro e respeito muito e que
era, ele mesmo, seguidor do Buda Gautama.
Eu disse tentativa porque sentir-se ofendido ou não é um
assunto da mente e não do Ser.
Ninguém consegue ofender a ninguém que não queria se
sentir ofendido, apenas a mente decide se quer se sentir
ofendida ou não.
Ou seja eu não julguei a essas duas pessoas que citei,
apenas descrevi as atitudes que presenciei, eles julgaram-se a
si mesmos ao adotarem esses comportamentos.
Para mim foram apenas contatos insatisfatórios.
Continuando em Busca do Sangha em Sorocaba:
A terceira opção oferecida pelo Google era ainda pior,
com o título de Santuário Budista – considerando que não há
santos no Budismo.
Mesmo assim liguei para eles e atendeu uma senhora,
confirmou que era do tal "Santuário" e perguntou o que eu
desejava.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Mencionei que buscava uma prática ou convivência em
grupo e ela me disse que lá não havia isso, só davam
"passes".
Nunca ouvi falar sobre "passes" no Budismo, resolvi
descartar essa hipótese.
A experiência do Sangha tibetano:
Retornei então à primeira opção, anotei o horário e o
endereço e compareci alguns minutos antes do início para me
inscrever.
Fui recebido por moças e senhoras muito solícitas que
responderam minhas poucas perguntas paguei o que me
cobraram e também comprei um livro cujo subtítulo dizia
abordar as Quatro Nobres Verdades, um assunto que sempre
me cativou por se tratar do primeiro grupo de ensinamentos do
Buda.
Fui conduzido juntamente com outras pessoas que
chegaram a uma sala agradável e a uma prática de meditação
tendo por foco a respiração.
A palestra inicial ministrada por uma mocinha muito
divertida (ria sempre) que declarou sua idade (29 anos), mas
não se deu a conhecer (até este momento em que escrevo
esse relato ainda não sei o nome dela) começou de maneira
interessante.
Ela disse que nunca sabemos até chegar o momento da
morte qual será a segunda causa da morte, mas que a primeira
causa é o nascimento.
E isso é uma grande verdade que nossa mente prefere
não cogitar.
E por que é verdade?
Porque para que seja possível morrer é preciso primeiro
ter nascido, não é possível morrer sem nascer.
Fiquei feliz com esse novo ângulo de uma velha verdade.
Em seguida ela disse que acabava de chegar de um
curso sobre o tema da palestra (entendi que se tratava de um
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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curso a que ela tinha comparecido e que a conferencista falava
inglês, não sei se entendi direito).
Não foi meu primeiro contato, mas foi pitoresco:
Não posso dizer a bem da verdade (Satya) que foi meu
primeiro contato com o Budismo tibetano, pois já li alguns livros
de autores de algumas dessas escolas, mas o que ouvi a
seguir achei bastante pitoresco.
Nossa professora parecia maravilhada com a
possibilidade de se cultivar a alegria diante da morte.
Considerando a Impermanência um dos princípios mais
marcantes do Budismo é de se pressupor que tanto a vida
quanto a morte sejam ciclos efêmeros por que passa o ser.
Se tudo é impermanente é óbvio que a vida um dia
cessará e da mesma forma se tudo é impermanente a morte
também um dia terá um fim.
O conceito da impermanência faz surgir também o
conceito da reencarnação e da vida após a morte.
Mas esses dois conceitos embora presentes no Budismo
não são tão relevantes se levarmos em conta que o Buda se
dedicou aos assuntos desta vida e não da próxima.
Mas algumas das pessoas presentes pareceram muito
interessadas nisso e fizeram algumas perguntas a respeito.
Percebi então que aquela escola de Budismo era
salvacionista, pois mencionava uma espécie de céu que
alcunhava de Terra Pura.
A palavra "pura" em sânscrito significa "terra".
Para citar um exemplo, a Índia tem o nome de
"Hastinapura" em sânscrito, onde "Hastina" quer dizer
"elefante" e "pura" quer dizer "terra", portanto "Hastinapura"
significa "Terra do elefante".
Chamar algum lugar de Terra Pura é o mesmo que
chamar esse lugar de Pura Pura ou Terra Terra, bem
pitoresco.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Conceitos sobre Mahayana e Hinayana
Isso nos remete aos conceitos pejorativos que separam
as escolas budistas denominando as que adotam conceitos
posteriores ao Buda de Mahayana e as que seguem os
preceitos ensinados por Buda de Hinayana.
Como mencionei em resposta publicada em nossa
Comunidade no Facebook, perguntar sobre o Mahayana e o
Hinayana é perfeitamente válido, coerente e aceitável.
O que não é aceitável é a utilização desses termos, pois
são pejorativos e sectários.
E por que são pejorativos e sectários?
Porque foram criados unilateralmente sem a participação
de todos os envolvidos.
Isso fere o conceito de compaixão que nos foi ensinado
por Gautama.
Esses termos não foram criados em um consenso entre
as escolas que "representariam" cada uma dessas facções.
Esse termo foi criado pela facção que se auto intitulou
Mahayana no século dois da Era Cristã, e lançou sobre todas
as demais escolas o epiteto pejorativo de Hinayana, sem que
essas tenham participado da criação desses termos.
Os termos Mahayana e Hinayana foram originalmente
mencionados nos Sutras Prajnaparamita e aparentemente a
intenção da criação desses termos foi demonstrar ao mundo
que as escolas Mahayana tinham ampliado os ensinamentos
do Buda e que as demais escolas existentes, por não o terem
feito eram menores que elas.
Tratando-se de um assunto filosófico, é discutível essa
afirmação e o pressuposto lógico é ofensivo ao próprio
conceito do Budismo.
Note que não fere os ensinamentos do Buda a
possibilidade de uma ampliação da conceituação original visto
que um dos princípios mais básicos do Budismo é a Lei da
Impermanência.
Ora sendo essa uma Lei Absoluta, nada é permanente e é
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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de se esperar que tudo passe por transformações, inclusive os
ensinamentos do próprio Buda.
No entanto, por uma questão de respeito e até mesmo de
consideração pelos conceitos originais ensinados pelo Buda,
não podemos julgar e condenar as escolas que insistem em
preservar os conceitos originais como principal linha de
ensinamento.
Chamar essas escolas de Caminho Vil ou Caminho
Mesquinho (que seria a tradução de Hinayana, visto que
"Yana" significa "caminho") é pejorativo e inadequado.
Defendo esse ponto de vista porque o Budismo Niskama
Karma é da Escola Hinayana?
Não.
No Budismo Niskama Karma adotamos o caminho do
meio como recomendava Buda, portanto não podemos ser
totalmente Hinayana nem totalmente Mahayana, nossa escola
é Madhyamika, ou seja segue o "caminho do meio".
E o que isso significa?
Significa que em primeiro lugar não aceitemos nenhum
desses termos por considera-los pejorativos e em segundo
lugar buscamos a verdade.
Por buscarmos a verdade os ensinamentos mais
importantes para nós são aqueles que foram transmitidos pelo
próprio Buda, mas não estamos fechados a novos
conhecimentos surgidos após a época do Buda, pois o
conhecimento evolui, nada é imutável, tudo é impermanente.
Mas preferimos tomar decisões a esse respeito de uma
forma mais adulta, sem julgar, condenar, ou discriminar
quaisquer que sejam as escolas, mesmo admitindo que muitas
delas adotem esses termos.
Acho lúcido não aceitar ensinamentos que contrariem
aqueles transmitidos pelo Buda, mas não é útil o destrato de
nenhuma escola, pois ninguém está obrigado a frequentá-las,
quem quer que o faça o faz por escolha própria.
Afinal de contas depois de Buda surgiram muitos outros
mestres que se destacaram por seus ensinamentos e
conduziram muitos à verdade e à iluminação e independente
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
de quais escolas eles pertenciam, merecem todo o nosso
respeito.
Devido aos avanços e "ampliações" dos conceitos
budistas originais hoje existem escolas budistas salvacionistas
e até algumas que endeusam o Buda.
No Budismo Niskama Karma preferimos uma postura
mais conservadora e consideramos algumas inovações (não
todas) um desvirtuamento aos ensinamentos originais do Buda
e não concordamos com essas escolas embora
compreendamos que é parte da natureza humana esse tipo de
percepção.
As denominações Mahayana e Hinayana são
inadequadas porque SE esses termos foram criados para
separar as escolas que defendiam os ensinamentos originais
das que ensinam conhecimentos modernizados isso já de
início não é correto.
E por que não é correto?
Porque Buda nada deixou escrito e os mais antigos sutras
foram escritos muito depois de sua morte, portanto podemos
mencionar a tentativa de se preservar os conceitos originais,
mas não podemos afirmar, a bem da verdade, que esses
conceitos tenham sido realmente preservados dada à
possibilidade de que tenham sofrido distorções com o passar
do tempo antes de terem sido transcritos.
Considere também que Buda era um príncipe, portanto
um homem letrado que poderia ter deixado escrito tudo que
quisesse, mas não o fez.
Por que não?
A priori podemos conjeturar que não deixou nada escrito
porque sabia (não apenas acreditava) que tudo é
impermanente.
Note que duas das maiores expressões de sabedoria que
existiram na humanidade: Sócrates e Jesus também nada
deixaram escrito.
Das dezoito escolas budistas classificadas como
Hinayana na época em que esses termos foram criados
acreditava-se que apenas uma subsistia até os dias de hoje –
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
a escola Theravada - mas segundo esclarecimento do
Dhammacariya Dhanapala (*) do Budismo Nalanda, isso
também não é verdade pois o Theravada como conhecido hoje
se desenvolveu no Sri Lanka bem distante do local onde essa
disputa espúria ocorreu.
Segundo esse mesmo autor a intenção dessa
classificação era má pois a palavra "Hina" significa "vil" e
"mesquinho" (Embora posteriormente os praticantes das
escolas Mahayana tentassem minimizar esse erro dando novo
significado à palavra "Hina" como significando apenas
"menor").
Entre os muitos problemas gerados por essa classificação
um deles é que ela é inadequada também porque muito depois
do segundo século surgiram outras escolas budistas que
tinham por objetivo preservar os ensinamentos originais.
Ora, se as escolas que preservavam os ensinamentos
originais eram denominadas Hinayana, como ficam então
essas escolas que surgiram posteriormente (e portanto são
escolas "modernas")?
Tornou-se inadequado utilizar o termo Mahayana como
"Budismo Moderno" considerando-se o surgimento dessas
novas escolas.
Em termos de origem é preciso considerar também que
muitas das escolas chinesas consideradas Mahayana seguem
o Dharmagupta (O Dharma Secreto, pois "gupta" em sânscrito
significa "secreto") e a escola Dharmagupta era uma escola
considerada Hinayana.
Alguns autores numa tentativa inútil de preservar esses
termos passaram a utilizá-los como referência ao Budismo
Meridional e Budismo Setentrional.
Mas tais denominações também não procedem, pois
embora tenham existido muitas comunidades budistas ditas
"Mahayana" na Indonésia, não conseguiram sobreviver por lá.
Outra tentativa inútil foi tentar alcunhar os praticantes de
escolas Mahayana de "Bodhisatvayana", pois trilhavam o
caminho dos Bodhisatvas e alcunhar os praticantes das
escolas Hinayana de Shravakayana por acreditar que
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
buscassem o ensinamento do Buda apenas para a auto
iluminação.
Isso não tem fundamento, pois se o Buda após sua
própria iluminação se dedicou a transmitir seus ensinamentos
ao mundo ele não pode ser apenas considerado como Buda,
pois ele foi por seus ensinamentos um grande Bodhisatva.
+++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++
(*) Palavras do Dhammacariya Dhanapala: Ao contrario do que muitos
pensam, o Mahayana não é uma escola, da forma como theravada,
sarvastivada, mahasanghika, etc, o eram, mas sim um movimento
filosófico com características específicas que as escolas que surgiram
posteriormente (como o zen, terra pura, etc.) adotaram com maior ou
menor grau e quantidade. Em minha opinião há três características
fundamentais do Mahayana enquanto movimento: a predominância dos
ensinamentos dos mestres em relação ao ensinamento direto do Buda,
a exclusividade do ideal do Bodhisatva e o uso de escrituras claramente
posteriores (pós-canônicas).
Como se vê esses termos carecem de consistência e não
designam absolutamente nada exceto certa presunção espúria
que não cabe a quem pratica o Budismo.
Continuação da palestra sobre a morte:
Aparentemente
incentivando
pessoas
que
lhe
perguntaram sobre a vida após a morte a palestrante citou um
caso acontecido com um monge de sua tradição:
Esse monge estava muito entusiasmado com a
proximidade de sua morte e "alegre" afirmava que naquele dia
mesmo chegaria à Terra Pura.
Se fosse um asceta de nossa escola consideraríamos
isso pitoresco.
Por quê?
Porque no Niskama Karma se considerássemos o
Budismo como uma montanha, ao sopé da montanha estariam
as Quatro Nobres Verdades por terem sido o primeiro
ensinamento do Buda – portanto a base da montanha.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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O corpo da montanha seria a Senda Reta dos Oito
Caminhos e consequentemente a Meditação e o Dharma e no
cume da montanha estaria o conceito do Anatman, que
significaria a transcendência da dualidade.
A morte do corpo é denominada no Budismo de
Mahanirvana, ou Mahasamadhi justamente porque a mente é
transcendida e se alcança o Anatman com o consequente
desaparecimento da individualidade.
Consideraríamos pitoresco (para dizer o mínimo) se um
asceta de nossa escola ficasse "alegre" por alcançar um céu
(Terra Pura) após a morte, pois a pretensão de tal coisa seria
justamente a negação do Anatman e a continuação do eu
pequeno, o que significaria um desperdício total da vida em
busca de uma ilusão.
Continuo feliz.
Uma hora e meia depois de iniciada a palestra a
conferencista deu por encerrada a sessão e retirou-se para a
recepção.
Saímos todos da sala e coloquei meus sapatos.
Tirando os fatos pitorescos da palestra eu continuava feliz
pois continuava comigo tudo que me pertencia (Compreensão
Correta) ou seja, meus pensamentos, minha vontade e o que
eu pudesse fazer através de meu pensamento e minha
vontade.
Sendo essas as condições para ser feliz eu realmente
estava feliz e ainda havia sido acrescido da consideração
sobre a primeira causa da morte ser o nascimento.
O conceito não era novo, mas havia sido dito de uma
maneira nova e isso muito me agradou.
Gosto de novas considerações a respeito de antigas
verdades isso me ajuda a compreender as coisas e a ensinar
melhor quando as transmito.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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A pergunta na hora da despedida
Tentei abrir a porta, mas estava trancada.
A palestrante abriu a porta para mim e me perguntou se
gostei.
Isso me surpreendeu, pois é uma pergunta à mente e não
ao ser, em se tratando do Budismo era uma pergunta peculiar.
O gostar ou não gostar é um assunto da mente e exige
uma avaliação da mente, quando a mente cessa não há mais o
gostar ou não gostar.
Para mim isso é o Mahasamadhi ou a morte, com a
benção da realização do Anatman e a conquista da cessação
da dualidade que era o assunto da palestra.
Com certeza eu havia gostado, pois continuava comigo
tudo que já era meu ao chegar (condição única para a
felicidade) e ainda havia aprendido uma nova maneira de me
referir a uma verdade antiga. Retornei ao mundo da mente
rapidinho e disse a ela que havia gostado, mais uma vez ela
demonstrou alegria.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
VAJRAMUSHTI
A seguir se pode ver a capa da primeira edição e a capa que
foi adotada para as edições posteriores deste livro que se
encontra esgotado.
Como se pode ver meu nome está escrito errado em todas as
edições.
A seguir você dispõe de uma recuperação através de imagens
que me foi gentilmente oferecida pelo Daniel Alencar a quem
agradeço publicamente e cujo nome incluo aqui nesta segunda
edição deste livro lançada em 03 de Maio de 2016.
Este livro foi publicado originalmente em 1987, portanto há
quase 30 anos.
Por enquanto fica aqui meu muito obrigado por recuperar essa
obra que está extinta há muitos anos.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Para saber mais sobre Budismo
clique nestes links:
Para saber sobre a Ordem Niskama Karma:
http://perfeitaoportunidade.com.br/budismoniskama-karma-quem-somos/
Para saber sobre o curso de formação de Ascetas
Budistas (para ambos os sexos):
http://perfeitaoportunidade.com.br/budismoniskama-karma-2/
Para ter acesso à Comunidade de Budismo Niskama
Karma no Facebook:
http://perfeitaoportunidade.com.br/estamosconvidando-voce-a-participar-de-nossacomunidade-no-face/
Para ler o relato de uma
experiência espiritual real, clique
neste link:
http://perfeitaoportunidade.com.b
r/mensagem-do-chico-xavier/
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Buda “vivo” foi “mumificado” e
descoberto dentro de estátua antiga.
PHOTO: M. Elsevier Stokmans
February 23, 2015
Quando você pensa como será seu lugar final de
descanso, uma estátua mumificada em geral não vem à
sua mente. Mas esse foi o caso para um mestre budista
que foi imortalizado dentro de um ídolo religioso.
Pesquisadores do Meander Medical Center em
Amersfoort, na Noruega descobriram os restos
mumificados de um monge dentro de uma estátua
chinesa do Buda. Os restos mortais que se presume
serem do mestre budista Liuquan da Escola de
Meditação Chinesa, foi a primeira múmia desse tipo a
ser encontrada. Acredita-se que esses restos mortais
datam de 1.100 anos Depois de Cristo.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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O corpo inteiro foi encontrado dentro da estatua,
sentado na mesma posição que era mostrada pelo
exterior da estatua de Buda.
Erik Brujin um expert em arte budista supervisionou
uma Tomografia Computadorizada e uma Endoscopia
completa da estátua.
Amostras foram extraídas das cavidades abdominal e
torácica da múmia, revelando pedaços de papel
contendo ideogramas chineses arcaicos.
Os pesquisadores acreditam que este “buda vivo” possa
ser um exemplo de auto mumificação, o que implica em
uma vida de extrema solenidade e austeridade. Após
uma dieta restrita composta de água, sementes, nozes,
raízes, cascas de árvore, e um chá especial durante
dois mil dias, os monges eram selados em uma tumba
de pedra.
Seguindo-se outros mil dias após a morte do monge, a
tumba era aberta e o estado do cadáver checado. Os
monges que tivessem êxito na mumificação seriam
levados para os templos e venerados. Aqueles cujos
cadáveres não alcançavam a mumificação seriam
respeitados, mas permaneceriam em suas tumbas. No
passado se acreditava que esse tipo de mumificação
não precisava ser considerada uma forma de morte e
que seria mais adequado considerar como um estado
mais elevado, uma forma de iluminação.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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PHOTO: Jan van Esch / Meander Medical Center
A estatua que continha o corpo de Liuquan foi exibida
originalmente no Netherland’s Drents Museum, mas foi
colocado em exibição no Hungarian Natural History
Museum até maio de 2015.
Esta história foi compilada a partir de informações
fornecidas pela CNET e teve uma tradução livre feita
pelo Dr. Marco Natali.
Read more: http://www.cctv-america.com/2015/02/23/mummified-living-buddha-discoveredinside-ancient-statue#ixzz3SevUKTNz
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
Bom, aqui termina minha parte neste livro a partir
daqui você vai ler textos de autoria de outros
autores que gentilmente colaboraram com o preparo
desta obra.
Textos de outros autores
A seguir transcrevo, na íntegra, textos de outros autores
que resolveram contribuir para esta obra.
Esses textos não são de minha autoria e não precisam
concordar com meu ponto de vista, expressam o ponto
de vista de seus autores.
Em um mundo em que haja respeito é preciso respeitar
a opinião de todos.
Concordar ou não com elas é questão de alvitre
pessoal.
Mas não se pode chegar à verdade sem primeiramente
examinar as opiniões que a compõem.
Antigo ditado afirma: “Examinai tudo e retende o que é
bom.”
Espero que os textos transcritos aqui contribuam para
que você reflita e forme sua própria opinião. A meu ver
não existem mestres, existem apenas os que
aprendem.
Nunca fui mestre de ninguém, cada qual é mestre de si
mesmo. Seu único mestre é você mesmo. Marco Natali
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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O Papel dos monges Zen na expulsão dos Samurais
do Território Coreano
Fernando Sedano
(Monge Ryûshin)
Era final do século XVI no Japão, o Shogun
Hideyoshi Toyotomi chega ao poder, um de seus
maiores sonhos era o de conquistar a península
coreana e em 24 de Abril de 1592, com um exército de
158.700 Samurais, adentra a Coréia.
A resistência foi heroica, porém as forças militares
coreanas não tinham o treinamento adequado e foram
incapazes de rechaçarem ao exército japonês, equipado
com armas de fogo (Até então desconhecidas dos
coreanos), além de um treinamento acurado dos
lendários Samurais.
Em duas semanas, Seul (A capital) se rendeu!
Entretanto o rei Sonjo (1567-1608) e os príncipes
reais, foram ao norte para pedir ajuda à China, e então
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
souberam de uma luta interna por poder entre os
generais japoneses.
Entra aí em cena uma importante figura, o General
Yi Su Shin.
Este homem criou o Kobukson “barco tartaruga”,
um pesadelo para os japoneses que se viram obrigados
a lutar com coreanos e chineses aliados.
Ao sul, a guerrilha coreana atacava sem dar trégua
ao exército japonês.
As vitórias em mar, do Almirante Yi Su Shin
deixaram os japoneses sem provisões e sem
possibilidades de receberem reforços de seu país,
começaram então as negociações de paz entre os dois
países.
O exército japonês estava desorganizado e
começava a retroceder, entretanto, aos pés da
montanha, onde se localiza o antigo templo budista
Beonmeosa, a população ainda penava nas mãos dos
guerreiros japoneses.
Beonmeosa, foi construído em meados de século
sete da atual era.
Para lá, no início, foram levados ensinamentos
budistas, por monges indianos de Nalanda (A famosa
Universidade budista).
Não se sabe ao certo como e quando, mas o fato é
que estes monges possuíam treinamento marcial, muito
provavelmente proveniente de Shaolin, na China, visto a
similitude de técnicas e o fato de que na segunda
invasão japonesa, o rei Sonjo, pede para os chineses
deixarem na Coréia os monges Shaolin Niu Shu Zheng
e Hei Hu Li para ensinarem e reciclarem técnicas de
luta aos monges coreanos.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
A população sobe as montanhas para clamar por
auxílio, porém os monges responderam que somente
praticavam o caminho da não violência, o caminho que
conduz ao Nirvana, o caminho que conduz a verdadeira
Paz, e que não se meteriam com a guerra.
Contudo, o abade do Templo viu o horror da guerra
e como a população estava desguarnecida e esquecida.
Sendo assim, chamou algumas pessoas do vilarejo
e começara a praticar a arte marcial budista.
Sessenta monges logo desceram para expulsar,
somente munidos de bastões de metal, os invasores,
que eram cerca 1.200 samurais.
Em uma segunda tentativa de invasão, os monges
conjuntamente com a população, agora treinada, não
permitiram que a invasão se concretizasse.
Atualmente, no templo de Beonmeosa, os monges
ainda praticam o Seon Mudo (禪武道) A arte Zen de
parar com o conflito.
O que podemos notar nesta passagem histórica, é
que o budismo em si nunca foi a favor de guerras e
violências, entretanto o budismo, principalmente após
seu advento chinês, sempre esteve muito ligado a sua
comunidade leiga, bem como sua manutenção nos
quesitos Paz, desenvolvimento de Sabedoria, bem
como funerais e acompanhamentos filosóficos.
Mas se no budismo se cultiva Paz e Sabedoria, a
não violência, então o que uma arte marcial e o
envolvimento em guerras tem a ver com ele?
Na verdade o Budismo, em sua origem na Índia,
não tinha nada a ver com questões de guerras.
O próprio Buddha fora um príncipe do reino
Shakya, era um Ksátri (Pronuncia-se Xátria) e renunciou
esta vida para atingir o Nirvana (Nir: Negação; Vana:
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
Movimento como os de uma chama de vela acesa), ou
seja a cessação dos ciclos de nascimento e morte, e no
budismo da época de Buddha, e por longos séculos na
Índia, o Bikshu (monge) não realizava nenhum labor,
que não fosse o pedir comida à comunidade, realizar
Bhavana (traduzido erroneamente ao Ocidente por
meditação) e ensinar o Dharma (Ensinamentos de
Buddha que conduzem a cessação do sofrimento).
Todavia, o Budismo, ao entrar na China, choca-se
com uma cultura de Labor, com um imenso país, um
sofrido país, e lá o pedir provimentos à população não
teve aceitação, então começaram a laborar a terra e
cultivar cereais e legumes para seu sustento, além de
fazerem pães e distribuírem a população menos
favorecida (que era a maioria).
Sendo assim, os monges começaram a
desenvolver várias atividades que não eram permitidas
na Índia, mas que agora, faziam parte desta adaptação
a uma nova realidade.
Conta-se e é aceito, como mencionado no livro
Denkoroku que :”O Grande professor Bhodhidharma foi
até a China ter com o Imperador Wu de Liang e tiveram
o seguinte diálogo:
O Imperador Wu de Liang perguntou ao Grande
professor Bodhidharma: Qual o significado mais elevado
das verdades sagradas?
Bodhidharma respondeu: VAZIO!!! Não há sagrado,
O imperador : Quem é você que está em minha
frente?
Bodhidharma: NÃO SEI!
Subsequentemente Bodhidharma atravessou o rio
Yang Tsé, foi ao Shaolin e praticou Zachan (Zazen,
Siddhasana Dhyana, traduzido erroneamente ao
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
ocidente, também por meditação), por nove anos em
frente a uma parede.
Com isso Bodhidharma funda o conceito de se agir
da forma apropriada, sem dependência das escrituras,
mas notemos, não é SEM as escrituras, precisamos
delas para sabermos os discursos e ensinamentos, mas
sim sem a DEPENDÊNCIA das escrituras, como se as
palavras por si só realizassem algo!
O Budismo em si não está ligado a dogmas, ou leis
que se não forem obedecidas, o praticante irá ser
considerado culpado, julgado e condenado.
O Budismo está fundamentado na compaixão e no
autoconhecimento e para isso procura deixar claro as
Quatro Nobres Verdade que são:




verdade do sofrimento;
verdade da origem do sofrimento;
verdade da cessação do sofrimento;
verdade do caminho que leva à cessação do sofrimento.
Com estas verdades em mente, anela perscrutar a
realidade última no aqui e agora, valendo-se para isso
do Caminho de Oito Aspectos (Ashta Marga) que se
constitui de:
1. Compreensão Correta (Samyag-drsti);
2. Pensamento Correto(Samyak-samkalpa);
3. Fala Correta (Samyag-vac);
4. Ação Correta (Samyak-karmanta);
5. Meio de Vida Correto (Samyag-ajiva);
6. Esforço Correto (Samyak-vyayama);
7. Atenção Correta (Samyak-smrti);
8. Concentração Correta (Samyak-samadhi).
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Assim sendo, o budismo, seus monges, procuram
tomar a atitude mais apropriada, de acordo com a
situação, e não de acordo com uma regra moral.
Os monges coreanos entraram nessa batalha, não
para afirmarem-se como homens, para confirmarem e
reforçarem seus egos, mas sim com a possibilidade de
defender a população e evitar o sofrimento das pessoas
simples.
Como artistas marciais, possuímos a herança
destes monges coreanos, que agiram apropriadamente,
não baseados em seus egos, nem baseados na
“vontade de violência” muito comum em nosso meio
marcial, no qual se “treinam” pessoas para as
irrealidades competitivas, inflando seus egos, ou
rebaixando aqueles que não podem, ou não querem
competir.
Além de ensinarem técnicas com o fito de matarem
pessoas.
Então é possível ver pessoas que entram em
nossos Wu Kwan, Dojo, Dojang, procurando meios de
se defenderem de uma “violência urbana”, mas querem
aprender na verdade como serem mais violentos do que
os “violentadores”, tornando-se assim, mais agressores
que os que agridem.
E existem muitos “mestres” que ensinam esta
modalidade!
Entretanto, conforme aprendi de meu Mestre Marco
Natali: ”Violência somente gera, inflama, incita, mais
violência, pratiquemos artes marciais com o coração
compassivo”!
O que rege nosso coração é o que rege nossa
ação.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
Existe exemplo no ocidente, para demonstrar
quando Cristo fala :”...Pois onde estiver o teu tesouro,
ali estará também o teu coração” Matheus 6:21.
Se pensarmos e cultivarmos a violência, isso é o
que nos cercará, se pensarmos e cultivarmos a
compaixão... isso é o que nos cercará; e aí sim, como
artistas marciais estaremos nos encaminhando para a
construção real de um mundo Justo e perfeito!
Que possamos honrar a herança coreana dos
monges compassivos guerreiros.
Fernando Sedano
(Monge Ryûshin)
Monge da escola Sotô Zen, Professor de Kung Fu estilo
Chan Tao Chuan discípulo direto de Mestre Marco
Natali, Criador e precursor da técnica energética Gita
Prana, Historiador.
O Monje Zen Budista Fernando Ryushin Sedano de
Porto Alegre é o único representante da Fraternidade
Kung Fu (EAD) com o objetivo de preservar e difundir o
Kung Fu e sua filosofia em nosso País. A partir dos
ensinamentos da Fraternidade Kung Fu, você pode
aprender e praticar o Kung Fu em sua própria casa na
modalidade EAD (Ensino à Distância). Na página a
seguir você tem o site dele na Internet e basta clicar na
imagem para visitar a página, veja a página dele na
próxima página.
Marco Natali
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Clique na imagem acima para visitar
o site.
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As Artes-Marciais e o Budismo:
Conflito de ideologias?
(André Otávio Assis Muniz/ Dharmananda Mahacarya, Arcebispo Presidente da
Organização Religiosa Budista Tendai Hokke Ichijô Ryu do Brasil, praticante de artes
marciais há 30 anos)
I. Introdução
As artes-marciais têm uma longa tradição em países
budistas.
É difícil encontrar alguém que nunca tenha ouvido falar
nos famosos monges do Templo Shaolin, dos guerreiros
budistas chineses da “revolta dos boxers”, dos monges
guerreiros do Japão Feudal, do “samurai zen” Miyamoto
Musashi etc.
Muitas vezes, a história de estilos marciais se confunde
com a própria história budista de determinados países,
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
com a história de templos, de monges e com lendas
budistas.
Esse fato no mundo moderno causa certa perplexidade,
tendo em vista que, de acordo com a visão que
normalmente se tem no Ocidente sobre o Budismo, este
seria uma religião radicalmente pacifista, que inibe
qualquer atividade combativa, sendo mais adequada a
hippies com flores nas mãos do que a rudes guerreiros
e soldados. Alguns monges com formação não muito
aprofundada tendem a reforçar esse estereotipo
pacifista, causando mais confusão ainda naqueles que
se deparam com as tradições guerreiras do Budismo.
Tendo como objetivo desfazer esse equívoco, vamos
explorar a fonte mais autorizada e tradicional da
doutrina budista, ou seja, seu cânone sagrado, em
busca de orientação sobre a real posição budista sobre
as artes-marciais. Também recorreremos à história
budista e à análise textual.
II. O Cânone Budista
O Budismo é uma das religiões com o maior número de
escrituras sagradas do mundo.
Enquanto os cristãos têm sua Bíblia, os muçulmanos
têm o Alcorão, os Sikhs o seu Guru Granth Sahib etc.,
os budistas contam não com um só livro sagrado, mas
com vastíssima coleção de escrituras que, no Budismo
Mahayana,
chega
a
100
grossos
volumes.
Tradicionalmente se diz que o Buda pronunciou 84.000
ensinamentos. Para compreender como se formou esse
cânone é necessário ter em mente que o Buda histórico
pregou durante mais de 40 anos. Você se lembra das
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
palavras exatas de alguém há dez anos? A história
budista oficial diz que os discípulos se reuniram no ano
de sua morte em Rajagrha para estabelecer duas
divisões centrais do cânone, ou seja, "Sutta-Pitaka" (os
discursos de Buda) e o "Vinaya-Pitaka" (as regras
disciplinares da comunidade), que teriam sido recitados
por dois importantes discípulos de Buda, Ananda e
Upali.
O mais confiável é que o cânone só tenha sido
estabelecido na época do rei Asoka (século II antes da
Era Comum, portanto, mais de duzentos anos após a
morte de Buda, se tomarmos como data de referência o
ano 480 a.E.C como data de falecimento do Buda
histórico) e que, durante séculos, tenha sido acrescido
de mais e mais textos que refletiam as necessidades da
comunidade budista da época e os ensinamentos
baseados nas linhas gerais.
Isso quer dizer que a moralidade budista, embora siga
grandes linhas gerais e princípios imutáveis, se adapta
às necessidades e particularidades de épocas e
situações diferentes.
Nas obras de sábios famosos como Chih-I (538-597 da
E.C.), Chan-Jan (711-782 E.C.), Fa-tsang (643-712
E.C.) e Chih-chou (556-622 E.C.) tais reflexões já vêm à
tona quando eles discutem a questão dos "Preceitos
Perfeitos", "Preceitos Informes" e "Preceitos Perfeitos
com a Unicidade". O básico dessas reflexões é que o
fundamento da moralidade budista é a Consciência
Iluminada. Os atos da consciência verdadeiramente
iluminada estão de acordo com a "Natureza Original",
ou seja, a capacidade de cada ser em revelar a
Iluminação. O mestre Chan-Jan, ao falar da
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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necessidade em se dar um conteúdo palpável para essa
"moralidade informe", afirma que os preceitos do
Mahayana Brahmajala-Sutra (Fan wang ching) podem
ser considerados como a manifestação tangível desses
"Preceitos Perfeitos". É claro que devem estar
devidamente adaptados ao tempo e ao lugar onde se
aplicam. É fundamental entender a razão de tais
preceitos para que se observe seu "espírito" e não se
deixe levar por um literalismo imobilizante.
Em outras palavras, aquilo que pode ser tomado como
"moralidade universal" e como "fundamento essencial
do Dharma" no conjunto completo das escrituras
budistas, pode ser chamado de "Ensinamento
Definitivo". Aquilo que é sujeito à contradição, que está
em desacordo com o tempo e que contraria a lógica e o
raciocínio, não podendo ser vivenciado de forma direta,
mas sendo apenas "matéria de fé" (em palavras
atribuídas ao Buda), é provisório, podendo ser
considerado como "meio-hábil" e não como
"Ensinamento Absoluto".
Assim como um teólogo cristão respeitável deve
compreender todo um contexto para poder fazer
"Teologia", interpretar textos, dar pareceres etc.,
também qualquer pessoa que se proponha a ensinar
Budismo deve ter uma sólida formação para que não
saia pelo mundo a desfiar um rosário de besteiras,
tentando com isso, aparentar uma sabedoria que, de
fato, está muito longe de ter.
Isso diz muito a respeito da posição do cânone sobre a
utilização da violência de forma a não ferir a moralidade
budista.
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A moralidade budista tem a ver com a CONSCIÊNCIA E
A INTENÇÃO, e não é tão simples julgar como
acreditam algumas pessoas.
Os atos de um artista marcial, um guerreiro etc., devem
ser julgados de acordo com seu nível de consciência,
sua intenção e com o Karma gerado a partir de suas
ações.
Apesar da necessidade de interpretação e de profundo
conhecimento necessário para a correta prática dos
ensinamentos nele contidos, o cânone é o melhor e
mais fiel guia de prática budista que pode existir.
III. As artes marciais no ambiente onde
se desenvolveu o Budismo
A Índia Antiga era uma sociedade governada por
guerreiros (kshatriya) e com uma longa tradição
espiritual eminentemente guerreira. A Índia foi civilizada
pelos aryas, uma civilização que partiu do Cáucaso e
ocupou o Vale do Indo (e também diversas outras áreas
da Europa) que substituiu uma cultura agrícola e pastoril
por uma civilização guerreira, aristocrática e sacerdotal.
A própria casta sacerdotal não se furtava de atividades
guerreiras. Alguns estilos de combate indianos,
inclusive, eram exclusivos dos brâmanes (sacerdotes).
O Buda histórico Siddharta era membro da casta dos
guerreiros.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
III.a. A cultura da não agressão
A palavra “ahimsa” aparece no Rg-Veda, no SamaVeda, na Isavasya Upanishad, no Yoga-Sutra de
Patanjali, entre outros livros sagrados da Índia Antiga.
Aliás, a ideia de amor pela vida é védica, é o
“Viswaprema”. Buda não as inventou, só divulgou as
ideias já presentes na literatura védica e na cultura indoariana.
A palavra “himsa” em sânscrito (a língua clássica da
Índia Antiga) quer dizer ferimento, lesão, dano, mal,
doer, malícia. Himsa é a malícia ou a personificação do
desejo de causar dano. “Himsarata” é o prazer em
causar dano ou em prejudicar. “Himsakarman” é ato
hostil ou injurioso. Sendo assim, “ahimsa” é literalmente
aquilo que não causa dano, mal, ou aquilo que não é
feito com o desejo de causar dano, aquilo que não é
feito
maliciosamente.
Violência, em sânscrito é “prabalah” ou “vegavam”. O
sentido dessas palavras é a de exercer uma força
contra aquilo que lhe causa obstáculo, ou seja, não tem
uma conotação negativa. É o mesmo sentido de vento
violento, choque violento ou violenta explosão, sem um
conceito moral intrínseco.
Atacar com violência um malfeitor que lhe causa
problemas ou está lhe atacando não porta o sentido de
malícia, de desejo de causar dano, desejo de causar
mal, mas pura e simplesmente de se preservar,
preservar a terceiros ou preservar um bem que está
sendo usurpado ou atacado.
A ideia de empregar a palavra “violência” como algo
negativo é moderna. Tomou sentido mais definido
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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depois de Nietzsche, G. Sorel e o sindicalismo
revolucionário. A palavra também adquire contornos
negativos com Montesquieu, no “Espírito das Leis”.
A maioria dos clássicos espirituais da Índia Antiga
remetem a batalhas (Bhagavad-Gita, Ramayana,
Mahabharata etc.) onde os deuses são apresentados
portando armas, em posição de luta, usando carapaças,
armaduras etc. Em uma rápida passada de olhos pelos
avatares (manifestações) do deus Vishnu, por exemplo,
podemos constatar que a maioria deles são
manifestações guerreiras (Varaha, Narasimha, Rama,
Parashurama, Krishna e o vindouro Kalki, ou seja, de
dez avatares, seis são guerreiros).
É muito difícil acreditar que em uma sociedade com tal
panorama cultural houvesse uma ideia como nãoviolência, ou seja, uma ideia de demonização de toda e
qualquer ação violenta, de entreguismo, de rendição
incondicional, de não uso da força, de não reação
perante
uma
agressão
ou
coisa
parecida.
No Bhagavad-Gita, um dos clássicos indianos mais
conhecidos no Ocidente, por exemplo, Krishna
aconselha Arjuna nos seguintes termos:
“Considerando seu dever específico de kshatriya
(guerreiro), você deve saber que não há melhor
ocupação para você do que lutar conforme
determina seu dharma; e assim não há necessidade
de hesitação. Ó Partha, felizes são os kshatriyas a
quem aparece esta oportunidade de lutar, abrindolhe a porta do paraíso. Se, contudo, você não
executar seu dever e não lutar, então certamente
incorrerá em falta por negligenciar seus deveres e
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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perderá sua reputação.” (Bhagavad Gita, Capítulo 2,
versos 31, 32 e 33)
III.b. O Buda Kshatriya
O Budismo nasce na Índia do século V a.E.C. e seu
fundador, Siddharta Gautama, que é chamado de Buda
(O Desperto) era um guerreiro, nascido na classe dos
kshatriyas. É bem pouco crível que um guerreiro,
nascido em meio de uma sociedade de guerreiros,
educado desde a infância no manejo das armas, fosse
um “entreguista” ou que advogasse a covardia e a nãoreação diante de uma injusta agressão.
Essa formação guerreira com toda a certeza
condicionou muitos dos ensinamentos budistas e, sem
dúvida, também condicionou o príncipe Siddharta para
que suportasse as dificuldades da vida de asceta.
Buda não condena as atividades guerreiras. Não
condena o uso da força necessária. O que o Buda
condena é a agressão injustificada, a covardia, o uso
desnecessário da violência.
Veremos como isso se explicita no cânone.
IV. O que dizem os textos do cânone
budista sobre as atividades marciais
Ao longo de todo o cânone, encontramos referências às
atividades marciais, aos soldados e à guerra.
Buda usa uma terminologia militar em muitos
momentos, mesmo quando está falando de realizações
espirituais. Termos como “o vitorioso”, “o destruidor de
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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inimigos”, “o subjugador” etc., aparecem com muita
frequência nas escrituras sagradas budistas.
No Anguttara Nikaya (A.iii. 38.f ; iv 79f.), que é parte das
escrituras sagradas do Budismo, podemos ver duas
discussões entre Buda e o General Licchavi de Vesali,
Siha, que era seu discípulo. Nos Jatakas (outra parte
das escrituras sagradas do Budismo) também há
referências ao discípulo de Buda, o General Siha.
Nestes textos pode-se ler:
“O Buda ensina que o culpado merece castigo, e o
digno de favor deve ser favorecido. Porém também
ensina que não se deve fazer sofrer nenhum ser
vivente, mas ter o coração cheio de compaixão e
amor. Estes dois ensinamentos não são
contraditórios, porque quem recebe castigo por
seus crimes não sofre por maldade do juiz e sim em
consequência de sua culpa. Suas más ações lhe
acarretaram o mal que lhe inflige o executor da lei.
Quando um magistrado castiga, deve estar livre de
todo ódio; e o criminoso condenado à morte deve
considerar que seu suplício é consequente do seu
crime, e se compreende que o castigo purificará
suas ações, alegrar-se-á da morte. O Buda ensina
que é deplorável toda guerra entre os homens;
porém não condena os que guerreiam por uma
causa justa, depois de haver esgotado todos os
meios de conservar a paz. O causador da guerra
merece execração. O Buda ensina a completa
renúncia ao ego, porém não ensina que as pessoas
se entreguem às potestades sinistras. (...) Aquele
que luta pelo interesse egoísta de celebridade,
grandeza, poderio ou riqueza, não receberá
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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recompensa; porém, o que combate pela justiça e a
verdade, receberá o galardão, porque será vitorioso,
mesmo que sofra alguma derrota transitória antes
do
triunfo
final.
(...) Luta, pois, denodadamente, ó Siha, e combate
com marcial esforço nas batalhas; ser soldado
deverás e o Buda te abençoará.”
Essas palavras combinam com a imagem de um Buda
que prega a capitulação frente ao mal?
Em outra escritura sagrada do Budismo, o Sutra
Mahayana do Grande Nirvana, podemos ler:
“Os defensores da correta Doutrina devem armar-se
com facas, espadas e bastões. Mesmo que
carreguem espadas e bastões, eu os consideraria
homens que observam os preceitos."
Em várias outras passagens das escrituras budistas
vemos o conselho dos diversos mestres de que o
budista pode e DEVE se defender:
"Nos dias de antanho, o mundo era pacífico e a
Doutrina Budista propagou-se por todas as nações.
Naquela época, era adequado observar os preceitos
sem o uso de bastões. Porém, esta época é
perigosa e a Doutrina está obscurecida. Dessa
forma,
é
apropriado
carregar
bastões
e
desconsiderar os preceitos (relativos a isso). Se
tanto o passado como o presente fossem épocas
pacíficas, seria adequado observar os preceitos
sem o uso de bastões em ambas as épocas. Devese basear a escolha conforme as situações
especiais de cada época e nunca aderir literalmente
a uma ou outra opção."
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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(Mestre Chang-an , 561-632 .E.C., em seu
"Anotações sobre o Sutra do Nirvana")
Naquela época, século VI da Era Comum, ele
aconselhava a usar bastões para a defesa. Hoje, com
toda certeza, aconselharia pistolas, revólveres e outros
instrumentos de acordo com cada época.
No Arya Bodhisattva gocara upayavishaya vikurvana
nirdesha Sutra/ Sutra das Manifestações pelos MeiosHábeis do Nobre Bodhisattva no Campo de Ação está
escrito:
"Um rei (e consequentemente, qualquer pessoa),
que é bem preparado para a batalha, tendo usado os
meios-hábeis nesse caminho, mesmo que mate ou
fira as tropas inimigas, tendo poucas faltas morais
ou deméritos, certamente não terá como resultado
um Karma ruim. Por qual razão isso é assim? Isso
se deve ao fato de que tal ação está combinada com
intenções de compaixão e de não abandono (de tal
compaixão). Pelo fato de sacrificar a si mesmo e à
sua fortuna para proteger seres vivos e pela
segurança de sua família, mulher e filhos, há um
imensurável mérito que aumenta poderosamente."
No Bodhisattvabhumi, do Grande Mestre Asanga:
"Matar com a intenção de evitar que o que é morto
continue a produzir um Karma cada vez pior, com
crimes cada vez maiores, longe de fazer com que o
bodhisattva renasça no inferno, faz com que ele se
torne sem culpa e produza um grande mérito."
Por outro lado, encontramos no Sutra Mahayana da
Rede de Brahma:
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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“Um discípulo de Buda não deve estocar armas tais
como facas, bastões, arcos, flechas, lanças,
machados ou quaisquer outras armas, nem deve
fabricar redes, armadilhas ou quaisquer outros
instrumentos utilizados para destruir a vida. Como
discípulo de Buda, ele não deve vingar a morte de
seus pais – e muito menos matar seres sencientes!
Não deve estocar quaisquer armas ou instrumentos
que possam ser usados para matar seres
sencientes. Se ele deliberadamente faz isso, comete
uma ofensa secundária.”
Há contradição aqui? Não. O Sutra Mahayana da Rede
de Brahma diz que um discípulo de Buda não deve
alimentar uma mente de agressão. Ele não deve ter a
intenção de destruir a vida, tanto a de um ser humano
quanto de qualquer outro ser. Deve ser vegetariano.
Não deve ter armas para se sentir com o “poder” de
destruir vidas. Mas o sutra não proíbe ter armas para se
defender, não diz que um discípulo de Buda deve
apanhar ou ser agredido sem reagir. Ele NUNCA deve
ser o agressor. NUNCA deve cultivar uma mentalidade
favorável a lesionar alguém, mas PODE E DEVE se
defender, de acordo com todas as passagens que
trouxemos aqui.
Para interpretar os sutras precisamos ter sempre em
vista o objetivo com o qual determinado ensinamento foi
escrito.
As armas são objetos inanimados. Como todas as
outras coisas, possuem a sua natureza originalmente
pura (svabhava), ou seja, são neutras, nem
intrinsecamente boas nem intrinsecamente más.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
Sendo assim, o que determina tal ensino?
O próprio texto do sutra diz:
"Como discípulo de Buda, ele não deve vingar a
morte de seus pais - e muito menos matar os seres
sencientes! Não deve estocar quaisquer armas ou
instrumentos que possam ser usados para matar
seres sencientes."
O objetivo aqui é traçado com clareza: Estocar armas
com o objetivo deliberado de matar.
Veja que uma simples faca de cozinha ou uma navalha
utilizada por um monge para raspar a cabeça podem
ser utilizadas como armas mortais nas mãos de alguém
mal intencionado. Sendo assim, a quebra do preceito
está diretamente ligada à intenção de alguém ao
possuir armas. Possuir uma faca de cozinha, uma
navalha de barba ou um caco de vidro com a
INTENÇÃO de possuí-los para matar (por qualquer
motivo que não seja a defesa), é quebra do preceito.
Sendo assim, por exemplo, um presidiário que esconde
um garfo, um pedaço de louça, uma pedra ou qualquer
outra coisa que possa ser utilizada para matar
deliberadamente, está contra a moralidade de um
bodhisattva.
No entanto, um bom homem ou uma boa mulher, sem
más intenções, que possuir um revólver, um fuzil ou
seja lá que arma for, com a intenção de proteger a
própria vida ou a vida de outrem, não quebra o preceito.
Em 975 (...), o mestre Ryogen escreveu:
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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“O tempo do Falso Dharma chegou. Estes juncos
que são os sravakas, estes bambus que são os
pratyekabudas (seguidores do Hinayana), abundam
como uma floresta. É difícil saber onde vai parar
esta proliferação de vegetação rasteira. Matos não
se deixam eliminar facilmente: e ainda mais
[dificilmente] os dois Veículos (Sravaka e
Pratyekabuddha). Se deixarmos os arcos em suas
bainhas e negligenciarmos as flechas, não
estaremos garantindo a duração do Verdadeiro
Dharma. O sastra não ensina assim? Manjusri
possui dois atributos simbólicos (samaya): a
espada afiada e o pothi Bramânico (um livro em
Sânscrito)...se nos juntarmos a essa espada, não
seremos centenas de milhares de Manjusris vivos?
Doravante os monges deverão começar a carregar
arcos e flechas.” (Jie Daishi den, escrito por volta de
1469).
V. Os critérios para o uso da força
No Budismo, assim como em todo sistema com um
código moral próprio, há uma hierarquia de valores.
Quando dois deveres morais colidem, aqueles mais
abrangentes, que resguardam bens maiores, devem se
sobrepor aos que resguardam bens menores e menos
abrangentes. Por exemplo, temos o dever de dizer a
verdade. No entanto, se um malfeitor nos pergunta onde
está escondida sua vítima, devemos dizer a verdade?
Se falar a verdade resultará em morte ou ferimento
injusto de alguém, temos a obrigação de nos calar e até
de mentir.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Temos o dever moral de não matar. Esse dever é o
maior dos preceitos budistas. Não devemos matar
nenhum ser. Nem uma formiga. No entanto, se um
inocente tem sua vida ameaçada por um malfeitor, ou
se esse malfeitor ameaça a vida de várias pessoas, o
que fazer? Cruzar os braços e deixar que o malfeitor
leve adiante um massacre?
Se você for atacado por um tigre faminto, e tiver chance
de atirar nele para salvar sua vida, quebrou um
preceito? Se você agredir a um ladrão que tenta lhe
roubar, você quebrou um preceito? É claro que não.
Dentro desse espírito, budistas de todos os países e
épocas advogaram uma conduta pacífica e baseada na
moralidade, mas não foram contrários às artes marciais
ou às atividades de conflito justo e necessário.
O artista marcial budista deve ser alguém que ama a
paz e que nunca é o agressor. No entanto, em defesa
de si próprio ou de outrem, deve saber utilizar a
violência necessária para parar uma agressão.
No Mahavamsa, uma crônica mito-histórica do Sri
Lanka, é contada a história do virtuoso rei budista
Dutthagamani que, no segundo século antes da Era
Comum, conquistou a antiga capital Anuradhapura do
rei do Sul da Índia Elara. Dutthagamani, cujo nome
significa “Gamani, o feroz”, usava uma lança onde
estava incrustada uma relíquia de Buda e se guiava
pelos preceitos budistas.
VI. A utopia da paz versus
o aqui e agora
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
Muita gente fala em paz, em pacifismo e em
tranquilidade. As pessoas buscam “paz” sem que, no
entanto, comprometam seus próprios pontos de vista e
suas próprias condutas. Querem uma “paz” que venha
de fora, que se imponha ao mundo como a onda de um
maremoto. Dentro desse mesmo pensamento, criam
fantasias sobre o papel da religião na criação dessa paz
tão esperada.
Ao longo da história da humanidade, nunca houve um
único período sem guerras, conflitos ou violência,
independentemente da religião adotada.
Criar fantasias sobre uma suposta “paz budista” que
seria forjada sob os influxos de um pacifismo alienado
que não aceita a realidade da violência, é só mais uma
forma de autoengano.
A violência existe, a guerra existe, independentemente
de gostarmos ou não gostarmos delas. De uma forma
ou de outra, mais cedo ou mais tarde, seremos
confrontados com a violência, seja ela física, verbal ou
psicológica.
O Budismo deve conduzir os seres a enxergarem a
realidade como ela é e não a criarem ilusões e fantasias
que os façam viver em um mundo paralelo.
As artes marciais são um excelente “remédio de
realidade” que nos colocam em contato com nossas
fraquezas, medos, limitações e nos desafiam à auto
superação. Budistas buscam exatamente isso, a
realidade como ela é.
Se quisermos a paz, devemos cultivá-la dentro de
nossas próprias mentes. A paz não aceita enganações.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
A paz de espírito sabe que a violência existe e,
portanto, está sempre preparada para lidar com ela sem
se perder.
10 REGRAS DO BUDISMO ZEN PARA
A PÁTRICA DAS ARTES MARCIAIS
1. Obedecer às ordens de seu instrutor, professor e
mestre.
2. Aprender o significado mais profundo do Zen.
3. Ter humildade e paciência na vida.
4. Ser harmonioso e paciente com seus alunos e
discípulos.
5. Ser paciente e nunca exibir as artes marciais por
egoísmo.
6. Nunca ser aquele que inicia uma luta. Se for
forçado a lutar, você deve manter calma sua mente.
7. Nunca beber álcool e não comer carne nem da
terra, nem do mar, nem do ar.(*)
8. Nunca humilhar ninguém.
9. Não ensinar as técnicas das artes marciais para
quem não for membro da Ordem.
10.
Nunca pense em ganhar ou perder, enquanto
estiver praticando alguma técnica.
(*) Vemos aqui regras que eram ensinadas no Oriente
há mais de 5.000 anos. Naquela época, os mestres de
artes marciais, assim como os monges, não aceitavam
discípulos que fumassem, bebessem e comessem
carne. Hoje, infelizmente, vemos o contrário: mestres
que aceitam discípulos drogados, doentes e carniceiros.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
AS OITO REGRAS DE UM MESTRE
1. Devotar sua vida para ensinar, transmitir e
transformar positivamente as pessoas.
2. Buscar o significado mais profundo do Zen com a
própria devoção de sua vida.
3. Quando estiver trabalhando, simplesmente se
concentre no trabalho que estiver realizando com
completa devoção e dedicação.
4. Busque sempre ser UM consigo mesmo, e então,
não terá inimigos.
5. Procure nunca entrar em conflito com os outros.
Seja UM. Faça que dos seus lábios nunca saiam
palavras rudes e grosseiras.(*)
6. Se não puder estar com o rosto alegre, esteja com
o rosto em paz.
7. Seja sempre positivo e nunca remexa nas
dificuldades e faltas dos outros. Mostre o caminho
do autoconhecimento e da auto realização
espiritual.
8. Só matar, quando não houver alternativa.
(*) O que vemos na maior parte das academias de artes
marciais é um descaso muito grande. Professores e
Mestres que ensinam seus alunos a lutar para serem
melhores que os outros. Não há um preparo psicológico
nem espiritual que antigamente era transmitido e que
somente alguns centros sérios de artes marciais
continuam a transmitir.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
O MUNDO É FENOMÊNICO
1. O mundo em que estamos é fenomênico e
temporário.
2. Toda ação, física ou metafísica, gera uma resposta
ou reação.
3. Grande ou pequena, a ação e a reação são
fenômenos ilusórios.
4. Nada é permanente, a não ser a mudança que é
constante.
5. Na meditação, olhe para o nada e você encontrará
o verdadeiro sentido da paz.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
KUNG FU, Além das artes Marciais.
BUDISMO, filosofia a vivenciar
Eu iniciei a prática de artes marciais na
adolescência, mas tornei-me budista já na idade adulta.
Pratiquei alguns estilos de artes marciais
anteriormente até que iniciei o Kung Fu, o que
definitivamente deu novo norte à minha vida.
O Kung Fu me levou, e após anos de prática
continua levando, a novos caminhos como a
acupuntura, os trabalhos energéticos (qi gong) e ao
Budismo.
Se você chegou a este capítulo, que escrevo com
muito prazer para somar mais algumas páginas a mais
esta simbólica publicação do mentor e amigo Marco
Natali, significa que você já leu bastante material nos
capítulos anteriores e provavelmente já percebeu o que
eu percebi há algum tempo atrás: você não precisa ser
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
Página 482
KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
budista para praticar artes marciais; porém, para um
estudo mais profundo delas – sobretudo do kung fu,
deve estudar o Budismo.
E por que?
Ora, kung fu não se resume a técnicas de combate
e a formas.
Seu complemento não é simplesmente posições
belas e movimentos perfeitamente coreografados ou a
melhor maneira de usar seus punhos e pernas em
combate da maneira mais rápida e eficiente.
Claro que é ótimo você ser capaz de se defender
ou defender outras pessoas; ser capaz de resolver um
conflito físico, subjugando as ações de um oponente de
maneira rápida e sem sofrer danos, não importando o
tamanho ou força desse oponente.
Mas veja como é bom elevar seu nível intelectual
estudando e entendo outros aspectos culturais; perceba
a melhora em sua qualidade de vida tendo um corpo
apto às diversas tarefas diárias, melhoria em seu
condicionamento físico, flexibilidade, equilíbrio físico e
mental e sua concentração.
O desenvolvimento do Kung Fu, com suas
influências taoístas e/ou budistas, está fundido ao
desenvolvimento do Budismo na sociedade e no interior
do praticante – seja como a filosofia originalmente
sistematizada por Siddartha Gautama ou mesmo pelo
Budismo
religioso
posteriormente
inserido
na
sociedade.
Pense na quantidade de pessoas que estão
aprendendo técnicas de luta diariamente; e imagine isso
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
Página 483
KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
ocorrendo sem os conceitos de preservação da
sociedade, sem os fundamentos de se utilizar as artes
de luta para impedir as lutas.
Em que mundo viveríamos?
Uma vez um amigo me mandou uma mensagem
perguntando para que servia o kung fu e minha
resposta eu compartilho com você:
“Kung Fu é para os amantes das artes marciais, da
mesma maneira que Kung Fu também é para quem
sente medo e insegurança e quer ajuda para isso
superar A prática tráz confiança e melhora a autoestima, encorajando-o a enfrentar os desafios morais e
físicos. O kung fu é para a dona de casa e para o atleta,
para a criança agitada e para o deficiente, pois é
superação. Serve o kung fu para quem quer fortalecer o
corpo, tonificar músculos e emagrecer, bem como para
quem busca mais concentração ou interiorização mental
– disciplina e respeito. O treino de kung fu é para quem
dispõe de poucas horas na semana e para quem se
dedica diariamente. Kung fu é para as mulheres
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
Página 484
KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
determinadas, que sabem o que querem e o que
buscar; kung fu é para as garotas em formação física e
mental, que ainda estão tentando encontrar a si
mesmas, em meio a diversas mudanças internas e
externas, estímulos do mundo e alterações hormonais.
Kung fu é para homens grandes e fortes; para rapazes
franzinos que se sentem acuados; para acalmar o shen
dos jovens impetuosos e valentões. Kung fu é para
defesa pessoal, preservação da vida, da sociedade; É
para proteger a família, amigos e desconhecidos em
apuros. Com kung fu defendemos nossa integridade
física e, com kung fu, aprendemos que não precisamos
das artes marciais para resolver todos os nossos
problemas. Kung fu é a dualidade yin-yang. Kung fu é
para todas as pessoas”.
Meu irmão, o kung fu e a filosofia budista me
ensinaram a ver as coisas da seguinte maneira: eu sou
um cara que ensina o que aprendeu e que continua
aprendendo.
Simplesmente isso.
Alguns alunos me chamam de professor, outros me
chamam por Marco.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
Página 485
KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
A grande importância real é que consigamos nos
comunicar e nos relacionar com respeito mútuo.
Nossas
práticas
incluem
treinamento
de
condicionamento físico, técnicas de combate, estudo
filosófico e meditação.
Eu convido você a buscar mais informações sobre
budismo recebendo um e-book gratuito através do
endereço: http://perfeitaoportunidade.com.br/squeezepage-budismo/
Se quiser aprofundar-se mais, redirecionando sua
vida e com a oportunidade de ajudar outros a fazê-lo,
acesse as informações sobre a formação de ascetas
budistas
da
ordem
Niskama
Karma:
http://perfeitaoportunidade.com.br/budismo-niskamakarma/
Em Cotia – SP, você pode participar de minhas
aulas de Kung Fu Wing Chun, Tai Chi Chuan e Chi
Kung.
Meus contatos são:
Claro: 11-98752-7118
Vivo (escola): 11-99554-1254
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
Página 486
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Emails:
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palestras sobre budismo.
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e consultório de acupuntura
Demais endereços de interesse:
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https://web.facebook.com/groups/34593660222522
2/?fref=ts
Por fim, deixo contigo duas frases que eu gosto de
dizer a meus alunos:
“Você se tornará um lutador tão bom, que nunca
precisará lutar”
“Quanto sua prática tem de arte e quanto sua prática
tem de marcial?”
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
Capítulo à parte
Nelson Herbst
Fui convidado pelo meu grande amigo Marco Natali
para escrever este capítulo.
Estou lisonjeado e, de todas as formas, muito
orgulhoso pela oportunidade.
Já que este capítulo é meu e eu posso escrever o
que quiser, vou aproveitar para fazer algumas reflexões
e dedicar aos leitores mais jovens, aqueles que estão
na faixa etária entre os cinco e os oitenta anos.
Tenho pesquisado muito sobre uma ciência nova,
conhecida como gerontologia, que não é a mesma coisa
que geriatria, entenderam?
A geriatria é um campo da medicina que estuda e
trata dos fenômenos do envelhecimento do ponto de
vista das doenças que são características dos idosos, e
a gerontologia estuda os fenômenos que ocorrem
durante o processo de envelhecimento, mas dirigidos
aos seus aspectos biológicos, clínicos, econômicos e
sociais, do tipo comportamental.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
Mas por que estou falando de ciência e medicina
num livro cujo gancho principal é o Budismo?
A resposta é simples: os muito jovens acham que
os mais velhos são muito velhos, e, de acordo com os
conceitos da neurociência, é bobagem acreditar que
envelhecemos.
Podemos, sim, nos transmutar fisicamente, mas
nossa mente parece ficar cada dia mais afiada.
Principalmente para aqueles que treinam mais e
mais os neurônios e suas funções e possibilidades de
expansão e adaptação.
Quero garantir, sem medo de errar, que se o corpo
naturalmente parece envelhecer, desde o momento em
que nascemos, nos dias de hoje ninguém mais se sente
velho como antigamente parecia ser comum.
Mas, curiosamente, as crianças também já não têm
mais o mesmo comportamento, os adolescentes não se
manifestam a respeito, e os adultos ficam espalhados
no meio dessa confusão toda, quando o assunto é
maturidade.
Parece loucura, mas se alguém por aí estiver por
dentro de tudo o que está acontecendo com as
pessoas, pode me ensinar que eu estou louco para
aprender.
Uau, quantas mudanças!
Do monumento ao comportamento, nada é mais
igual como era antes.
Até mesmo as estátuas e as obras de arte,
esculturas e telas, são apreciadas de outra forma.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
E aliás, apreciadas em vários sentidos.
Algumas obras valiam alguns trocados quando os
artistas estavam vivos, e hoje valem milhões de dólares,
preferencialmente quando os seus autores estão
mortos.
Será possível uma tela valer duzentos milhões de
dólares, e nem poder ser exposta em galerias
populares, ou até mesmo em museus nacionais ou
estrangeiros, porque os atuais proprietários tratam de
guardar estes pequenos tesouros em cofres de suas
residentes particulares.
O que será que isto quer dizer?
Mercado ou arte?
Se um quadro tem o mesmo valor que a construção
de oitocentos, talvez mil hospitais de grande porte, ou a
construção de quase cinco mil escolas ou talvez
cinquenta mil creches infantis, a ordem de valores sobre
coisas e pessoas está de cabeça para baixo.
E daí fica difícil olhar para o outro, para as coisas,
para frente ou para o que já passou, e formar algum
juízo.
Se tirarmos uma foto do planeta hoje, os cenários
que vamos enxergar é desolador, mas num descuido e
acho que pode piorar um bocadinho mais ainda.
Não faz muito tempo que a gente só sabia das
coisas que estavam acontecendo bem debaixo dos
nossos narizes.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
Nem as coisas que aconteciam nas cidades
vizinhas, estados ou países vizinhos chegavam aos
nossos ouvidos.
No estrangeiro, como diziam, só os que moram por
lá é que sabem de suas novas e velhas.
Parecia até coisa de outro mundo as estórias dos
americanos, dos alemães e italianos, dos russos,
japoneses e coreanos, e dos chineses, então, que
moravam do outro lado do planeta?
Literalmente, a gente chegava a pensar que eles
ficavam de cabeça para baixo.
Hoje somos uma comunidade única, uma
comunidade internacional, e tudo o que acontece com
os estrangeiros nos toca, nos afeta, nos emociona,
mexendo muito com os nossos corações e mentes.
Todos ficam felizes com histórias de sucesso, de
crescimento, de prosperidade e com final feliz, e
desejamos mesmo que tudo dê certo com todo mundo.
Mas enquanto alguns estão sempre se esforçando
para construir um mundo novo e repleto de alegrias,
outros insistem em destruir o que já existe, por razões
que jamais vamos compreender.
Numa rápida visita a muitos lugares, podemos ver
multidões se deslocando de um canto para outro diante
da impossibilidade de permanecer em suas terras
nativas, em busca de um pedaço pequeno de terra para
acomodar suas famílias, formar uma nova comunidade
solidária, porque sabem que são indesejados em
qualquer outro lugar.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
Página 491
KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
Precisam se salvar, e salvar suas famílias, da fome,
da miséria, da indignação, da morte precoce.
Guerras explícitas e ocultas se instalaram em todos
os continentes em nome de um excesso de riqueza que
não consegue ser gasta em muitas gerações.
Uma acumulação imbecil de patrimônio vazio, que
não serve a ninguém.
Devastação do ambiente, da natureza, do único
planeta que nos foi dado a cuidar.
Ainda que nem todos possam falar a mesma
língua, os desejos e as necessidades básicas são
exatamente iguais para todos.
Precisamos pedir socorro e já não temos mais
confiança nos nossos salvadores e líderes.
A nossa casa terrena está sob séria ameaça e
mesmo assim não sabemos como dar os próximos
passos para cuidar melhor do nosso cantinho de
mundo.
O século que passou, século XX, foi extraordinário
em termos de conquistas.
Apesar de duas guerras mundiais e de uma grande
mudança na geopolítica mundial, fizemos importantes
avanços no campo das artes, da música, da medicina,
das ciências, dos esportes, nas tecnologias de
informação, e nas comunicações.
Estas conquistas puderam eliminar muitas barreiras
que limitavam as nossas pretensões e amarravam
nossos sonhos.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Temos que refletir seriamente sobre isso, porque
saímos de uma época em que tudo era difícil,
demorado, caro e incerto.
No século passado aprendemos a voar com asas
artificiais, conquistamos o espaço, e o homem para
chegar à lua criou máquinas e processos que serviram
para ajudar nas pesquisas para eliminar doenças, falar
à distância e imediatamente, dominar as tábuas de
cálculos e transformar eventos naturais em fontes de
energia para muitos.
Uau! Quanta coisa boa aconteceu.
Entramos no século XXI com a corda toda, e
parecia haver um grande domínio do homem sobre
todas as coisas.
A população mundial chegou a sete bilhões de
pessoas.
Crescemos sem medo, sem temor, mas sem um
mínimo de percepção que poderíamos enfrentar o
desafio de oferecer comida, água e abrigo para toda
essa gente.
A insegurança alimentar, no seu sentido mais
amplo, ou seja, se haverá comida, água, agasalho,
abrigo, transporte, acesso ao trabalho, ao laser e outras
possibilidades sociais para todos, impõe aos homens e
mulheres de todas as partes do mundo uma tremenda
sensação
de
inconformismo,
que
gera
descontentamento e violência, alimentando um círculo
vicioso capaz de nos levar de volta aos tempos
medievais com relação ao nosso comportamento.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Parece que as sondas espaciais destacadas para
pesquisas espaciais descobriram grandes fontes de
água em Marte.
Mas será que precisamos viajar para tão longe em
busca de água?
Não seria melhor cuidar mais dos nossos
mananciais destruídos com as nossas próprias mãos?
Os principais e mais importantes rios em todos os
cantos, no mundo inteiro, estão contaminados de
alguma forma, ou esgotados em seus volumes, as
nossas florestas estão cedendo espaços para a
abertura de novas fronteiras agrícolas que precisam
produzir cada vez mais, mesmo à custa de técnicas
transgênicas, e já nos acostumamos a assumir perdas
de espécies de animais e vegetais característicos de
flora e fauna específicas de tantas regiões, e que estão
interligadas no começo, meio ou fim de qualquer
sistema.
Que progresso é esse? Aonde queremos chegar?
Mas, daí, vocês todos que estão pensando agora,
refletindo sobre o que têm a ver com esta espada sobre
as nossas cabeças, devo dizer que se dependerem dos
outros, ninguém será salvo ou poupado de severas
punições, mais rapidamente que imaginamos.
Claro que não podemos salvar o planeta sem antes
limpar o quintal de nossa casa, recolher o lixo que
produzimos, consertar o que quebramos, replantar o
que consumimos e deixar de desperdiçar qualquer
recurso que possa ser aproveitado por alguém.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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A vida é maravilhosa, e viver com plenitude é mais
um presente de Deus que é entregue a cada um de nós
ao nascermos.
Para preservar ou consertar o universo, precisamos
cuidar dos nossos microuniversos, aqueles pequenos
mundos que estão ao nosso alcance, ao alcance das
nossas mãos e das nossas ações, porque se de alguma
maneira não pudermos fazer pessoalmente, poderemos
certamente orientar para que outros façam de uma boa
maneira, que garanta que dê certo.
Nos pequenos universos não pode existir omissão
permitida, já que estamos falando de um espaço que é
nosso e as responsabilidades na execução das tarefas
necessárias não se podem partilhar.
Então, ou fazemos a nossa parte, ou o grande
universo perde a forma e diminui no conteúdo.
Parece incrível, mas no começo do século
passado, nossos principais problemas podiam estar
centrados nos fenômenos da carência ou ausência,
objetivamente baseada nas dificuldades de acesso a
quase tudo.
Seriam tempos mais difíceis?
Atualmente, nossos principais problemas estão
baseados nos fenômenos da abundância, considerando
apenas que temos uma evidente injustiça na
distribuição dos recursos.
Isto faz com que as atuais gerações não sejam
capazes de imaginar como era o mundo de seus avós,
e até mesmo de seus pais.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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As mudanças foram impressionantes.
É claro que é difícil imaginar como podia ser o
mundo do passado, mas será que alguém é capaz de
imaginar como será o mundo do futuro?
Nas décadas passadas, do século passado, havia
uma relação interessante entre o cronológico relativo.
Na década de 40 os homens viviam, em média, até
os 40 anos.
Na década de 50, os homens viviam, em média, até
os 50 anos, na década de 60, até os 60 anos.
Com algumas mudanças, este início de século
assiste ao homem moderno vivendo até os 80 anos,
com expectativas de chegar até os 90, e se eliminarmos
as grandes taxas de mortalidade infantil e violências,
poderão ter novas gerações que viverão mais de 100
anos, com qualidade e lucidez.
Já pensaram?
Imaginem agora as mudanças que precisarão ser
promovidas nas questões de sustentabilidade e
financiamento dos sistemas previdenciários.
É claro que todo mundo quer viver mais tempo e
cada vez melhor, e é justamente por isso que temos
que continuar melhorando nossos padrões de
conhecimento, investindo cada vez mais em pesquisas
e desenvolvimento de ideias.
Por incrível que pareça, as grandes mudanças
aconteceram como que de repente, um pouco de cada
vez, é verdade, mas não de uma vez por todas, e por
isso mesmo eu acho que precisamos aprender que as
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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mudanças sempre nos vão carregar, de um jeito ou de
outro, e se estivermos preparados para tirar o melhor
proveito destes fenômenos, vamos lucrar muito mais.
Primeiramente, é preciso reconhecer que temos
uma nova dimensão nas comunicações, e nesta era da
cibernética os conteúdos já não estão mais
aprisionados nas escolas, ou com os professores, que
detinham exclusivamente as informações.
Agora, o grande conteúdo está no ciberespaço, na
rede, e este fato promoveu positivamente a relação
ensino-aprendizagem.
A comunicação passou a ser interpessoal, e desta
maneira
os
novos
alunos
podem
interagir
simultaneamente com milhões de outros alunos a nível
interplanetário.
É incrível, mas faz todo o sentido imaginar que a
universalização do ensino e do aprendizado finalmente
quebrou qualquer espécie de fronteira, o que nos
permite avançar aprendendo e melhorando o nosso
desempenho em todas as áreas do conhecimento.
As ferramentas que dispomos atualmente,
oferecidas no mercado a preços populares, mudaram
nossas possibilidades, e permite a todos uma nova
forma de interação, ampliando a extensão das relações
que queremos ou não estabelecer no mundo real.
Extraordinariamente, este fenômeno que tanto
esperamos e de que tanto falavam, é a nova noção de
tempo e espaço.
Agora o mundo está totalmente conectado.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Mas o que podemos esperar daqui por diante?
Assim como estamos participando de uma nova
aldeia global, e com tantas mudanças ainda em curso,
logo estaremos mudando a nossa própria expectativa
de vida pessoal, repensando o conceito de estado, de
ordem jurídica, religião e família.
Com uma nova cultura universal, não precisaremos
mais refletir sobre leis, senão sobre o que é certo ou
errado para todos.
Será a volta do conceito de direito natural, um
resgate fundamental que vai eliminar interpretações
duvidosas ou tendenciosas, incompatíveis com a
natureza divina e do justo.
E por falar em divino, talvez as discussões e
guerras em nome da religião ou das religiões estarão
com os dias contados, porque cada um poderá fazer
sua própria experiência do sagrado para proteger seus
espíritos.
Parece ser uma forma definitiva de conter os
excessos e garantir a solidariedade comum, filhos todos
de um único Deus, e com a garantia de acesso ao
mundo da eternidade.
E como será mesmo a nossa família, considerando
que já não há mais a formação tradicional de pai, mãe e
filhos, substituída pelo conceito de pessoas especiais,
que fizeram uma opção de gênero e sexo, para se
juntarem no bem viver, praticando o amor e a
fraternidade, com respeito e tolerância em todos os
tempos de alegrias e tristezas, e onde, no novo conceito
de lar, tornar possível a experiência de trocar a energia
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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física, emocional e intelectual como base de uma nova
sociedade.
Neste mundo novo, e neste complexo fascinante de
experiências humanas, sobrará o novo homem e a nova
mulher, e nos restará fazer a parte mais importante,
cobrando de cada um e de todos o que já não é mais
um sonho, ou um desejo, ou uma aspiração.
No novo mundo, as tarefas e os papeis terão que
ser realizadas por todos, com esforços e iniciativas de
todos, ainda que com resultados distintos, mas com o
comprometimento de honrar a herança que o novo
mundo vai nos entregar.
E como será a sociedade do futuro?
Seremos nós mesmos daqui por diante.
Nelson Herbst – Maio de 2016
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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A CRIANÇA O SANTO E O ASSASSINO
Francisco José D’Urbano
Em um bote em alto mar estão uma criança, um
homem santo e um assassino terrível.
O bote afunda.
A pergunta é - Qual deles não morre afogado?
Alguns dirão que é a criança, pois merece viver.
Ainda é muito jovem.
Tem muito que ver e aprender.
Outros dizem que é o homem santo, pois como é
santo tem muito de bom a fazer pelo mundo.
Há ainda aqueles que dizem que o assassino é que
irá viver, pois pode se arrepender, mudar de vida, ou
até mesmo por sem impiedoso é que irá sobreviver.
As pessoas dão as mais variadas interpretações o
porquê um ou outro não morrerá.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Tudo baseado em ser bom ou ser mau, merecedor ou
não.
Mas a resposta certa é – Não morre afogado aquele
que souber nadar. Não tem a ver com ser bom ou mau.
As coisas na vida acontecem com quem é bom e com
quem é mau.
A maioria das pessoas acredita que se forem boas,
nada lhes acontecerá.
E quando acontece, ficam se perguntando – Por que
isso aconteceu comigo? Sou correto, sou honesto, sou
bom.
A verdade é que sempre acontecerão coisas ruins
para pessoas boas e vice-versa.
O fato de sermos bons não nos livra de todo o mal.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Então não devemos ser bons?
Não devemos ser corretos?
Claro que sim.
Pelo fato de que é o certo e não por esperar algum
tipo de recompensa.
Fazer o que é certo pelo simples fato de ser o certo.
Ter consciência real.
A lei dos iguais funciona.
Bondade atrai bondade.
Gentileza atrai gentileza.
Ódio atrai ódio.
Rancor atrai rancor.
Apenas é preciso ter ciência de que não estamos
livres de que coisas inusitadas e ruins nos atinjam
Ao praticar atos de bondade, benevolência e caridade
estaremos gerando uma energia positiva que irá gerar
outras energias positivas, mas não estamos livres de
que coisas ruins aconteçam para nós.
Sifu D´Urbano
União Nacional de Kung Fu
Rua Bom Jesus de Pirapora – nº 2.074 – Vila Rami
Jundiaí – SP – Cep: 13.206-480
Fones: (11) 3446-0888 / 9.9790-9578 visite nosso
site:
www.uniaonacionaldekungfu.com.br
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Budismo e artes marciais
Robson Antônio Lopes Pires
Primeiro vou fazer uma explanação sobre o
budismo e artes marciais, na pretensão de elucidar
alguns pontos aos leigos.
Budismo é uma forma de alcançar a iluminação
através da meditação, iniciada no século VI A.C. com
Sidarta Gautama (o Buda).
Filho de um poderoso rei, Sidarta resolveu sair pelo
mundo à procura de algo que satisfizesse sua
curiosidade a respeito da vida e da morte.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Para saber mais leia o livro: “A luz da Ásia” Autor:
Edwin Arnold.
Artes marciais
Vamos à explicação de arte marcial:
Arte: Expressar um sentimento ou uma emoção através
de algo concreto.
Marcial: Palavra que vem do grego, derivada de marte,
o deus da guerra na mitologia grega.
Traduzindo: Arte marcial, seu modo de expressar uma
forma de guerrilhar, ou seja, o mestre mostra o caminho
e você vai trilha-lo à sua maneira.
Para escrever sobre Budismo eu tenho que me
reportar às práticas que tive com arte marcial durante
meus anos de treino (que ainda estão em andamento)
comecei treinando Karatê com professor Ozilton, hoje
morando nos EUA.
Depois veio o Judô e a Capoeira com o grão
mestre Dunga e novamente Karatê no exército, pois
servi num pelotão de operações especiais (Pelopes).
No 12º regimento de infantaria de Belo Horizonte.
Mudei para São Paulo em meados dos anos 70 e
comecei a praticar Kung-Fu com o mestre Chen e TaiChi-Chuan com o mestre Hu, que na época já eram
bem idosos.
Logo Após conheci o mestre Natali que abrira uma
academia perto de minha casa na vila Mariana.
Fiz minha inscrição e logo nos tornamos amigos
pela afinidade que sempre tivemos com livros, músicas
dentre outras artes em comum.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Nessa época eu já tinha devorado muitos livros
entre os de minha geração que eram: Lobsang Rampa;
Carlos Castanheda; Krishnamurthi; Richard Bach; Kalil
Gibram Kalil; Herman Hesse; Miyamoto Musashi (O livro
dos cinco anéis); Robert M Pirsig (Zen e a arte de
manutenção de motocicletas); Sun Tzu (A arte da
guerra); Lao Tsé; Chuang Tzu; Bruce Lee (Tao of Jeet
Kune Do); e muitos outros em espanhol.
Muita literatura indiana, chinesa, japonesa (Hai Kai)
que gosto muito e um poeta chinês chamado Mêncio
que muito admiro.
O mestre Natali começou me introduzindo de vez
na filosofia budista e a relação do que ele falava e o que
eu havia lido era estreita.
Tornei-me um praticante do budismo Ch’an.
Nessa época eu era supervisor de contabilidade em
uma instituição bancária.
Depois de alguns anos resolvi ir embora de São
Paulo.
Dei minha mobília para a Sra. que era faxineira do
banco e me fui.
Mochila, violão, mulher e uma filha linda que hoje é
dançarina de danças indianas.
Fui encontrar um amigo de infância, o rio de minha
vida (O Velho Chico) e escrever um livro.
Entre os afazeres que arrumei, tais como: Ensinar
as pessoas do lugar sobre saúde, respiração e até
ensinava-as a escreverem seus nomes.
Entre uma pescaria e outra, todos os dias
meditação Ch’an e treinos de Kung-Fu.
Algumas coisas foram se elucidando em minha
mente e outras foram ficando confusas como é natural,
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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mas não me preocupavam, simplesmente deixava-me
ir...
O rio, as garças, o azul do céu, o verde
emoldurando e fui descobrindo uma relação muito
grande entre as diferentes formas de vida.
Em 81, fui convidado pelo mestre Natali para ajudalo em um curso que ele iria ministrar em Belo Horizonte,
onde fiz uma demonstração de Kung-Fu entre as quais
Liang Thie Gun (Nunchaku) e bastões, armas que
sempre dominei bem.
As pessoas ficaram impressionadas, naquela
época achavam que aquilo era só em filmes de Bruce
Lee.
Bom, fiquei em Belo Horizonte e comecei a dar
aulas e fazer outras coisas para sobreviver.
Fui fazendo amizades com pessoas que tinham
forte ligação com o oriente, mestres em acupuntura e
discípulos do grande mestre Tokuda San, entre eles
Augusto Vianna, José Gil, Aníbal e outros que hoje são
monges.
Toda essa caminhada junto com o Ch’an e os
ensinamentos do mestre Natali.
Nos últimos vinte anos vivi numa mata nos
arredores de Belo Horizonte.
O que tenho a dizer sobre Budismo e a arte marcial
está escrito ai acima, às vezes claro, outras nas
entrelinhas.
Aparentemente nada mudou, mas no interior meu
ser se torna cada vez mais cristalino e como um rio vou
seguindo, às vezes corredeiras fortes, outras, remansos
onde meu ser clareia.
Sento-me para meditar, apenas sento e espero a
harmonia do universo.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
Tenho outras formas de meditar fazendo Qi Gong,
Tai Chi Chuan ou treinando no mudjong e tento o
infinito do “aqui agora”.
(Em outra ocasião falarei sobre Tamô, monge que foi o
vigésimo oitavo patriarca do budismo e foi uma grande
influência na cultura chinesa e em todo o oriente)
Agradeço ao universo ter colocado bons mestres
em meu caminho e rendo uma homenagem especial ao
mestre Marco Natali por sua paciência comigo e sua
preciosa amizade.
Robson Antônio Lopes Pires:
Escritor, compositor, artista plástico, escultor, tecelão, a
aulas particulares de Kung Fu, Tai Chi e Qi Gong em
BH e em Resende Costa. Fone 31 992676690.
O Robson é o único instrutor autorizado por mim
para a transmissão do estilo Ch’An Tao Chuan de
minha linhagem. Se alguém alegar ser representante de
minha linhagem no que se refere ao Ch’an Tao Chuan,
verifique os certificados que devem estar assinados por
mim e com firma reconhecida, ou pelo Robson por
serem discípulos diretos dele ou de discípulos dele. A
única excessão aceitável é do Monje Zen Budista
Fernando Ryushin Sedano de Porto Alegre que, sendo
historiador, monge e extremamente dedicado, vem
desenvolvendo a Fraternidade Kung Fu (EAD) com o
objetivo de preservar e difundir esse estilo.
Marco Natali
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Estamos nos distanciando de nossa
essência.
Braulio Estevam
Para mim hoje com a modernidade e tecnologia nos
aproximamos mais do conhecimento, o que é sem
duvida muito bom para estudar ver, comparar e até
aprender , mas tambem nos distanciamos de nossa
essência.
Nossa essencia é nossa verdadeira raiz hoje temos Jiu
Jitsu, Muai Thay, MMA que dizem ser a mistura das
artes marciais, sera?
O que vejo são tres e quando existe a quarta seria a
que a pessoa ja praticava geralmente Karate, Kung Fu,
Judo onde deveria fazer sem sombra de duvida grande
diferença, mas ao começar os treinos para ingressar
para a nova modalidade de luta MMA pelo sonho de ser
campeão do UFC claro que pela maioria, por todo
dinheiro que envolve a midia e tudo mais acabava por
muitas vezes esquecendo de sua arte primaria.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Se o MMA teve essência seria o vale tudo e até ai
respeitava a ingenua ideia de por a prova sua
modalidade de luta.
Sim ate certo ponto foi muito bom e cheguei a acreditar
que os lutadores treinariam suas modalidades mais a
fundo para realmente coloca-la em teste, mas aí me
veio uma pergunta: Por que entram tão poucos
praticantes de kung fu?
E aí sim ao olhar para sua pratica hoje vi que o
verdadeiro kung fu foi ofuscado com muitas mentiras e
fantasias hoje todos são mestres mas poucos souberam
o que é ser aluno e discípulo e muitos mestres
orgulhosos demais pára passar o que deveriam.
Aí meu amigo vamos chegar onde quero.
O Kung Fu ensinado e praticado foi por muito tempo
somente para se ganhar dinheiro e não para ser
praticado pois não era interesse de alguns mestres
ensinar o segredo sua essencia, e não porque não
sabiam mas por não haver organização e serem
orgulhosos demais.
Mas eles não contavam com a nossa paixão e muitos
abriram seu coração e começaram a passar a essencia
de sua arte assencia de busca do seu caminho na arte ,
essencia de treinar ate que passe a acreditar em sua
arte.
Hoje dou aula para a segunda geração mas descobri
porque consigo manter isto porqe aprendi a essência.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Claro que não sou pretensioso em achar que é a única
maneira de ensinar, porque com ele aprendemos sobre
a maneira de respirar e a parábola da xicara vazia para
que receba o cha verdadeiro.
Acredito que essa seja a melhor experiência, mas esse
conhecimento não está apenas em meu Kung Fu, mas
em todas as chamadas de artes marciais antigas ou
tradicionais que ainda estão vivas até hoje.
Essas artes marcias corretas continuam ensinando a
melhor das essencias que é a formação do carater de
seu aluno, a disciplina, o respeito, o saber usar a sua
arte marcial para a vida.
Hoje treino não para lutar mas para não ter que lutar.
Obrigado mestres Marco Natali , Dani chao hu ,
Francisco Durbano, Li wing kay e todos que me
ensinaram a arte do caminho.
Manter a verdadeira essencia de sua arte isto sim é a
verdadeira sabedoria
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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I Ai Do e o Budismo
Velzi Moreschi
Dedico as próximas linhas ao I Ai Do “A Arte de
enfrentar o desconhecido através de uma Espada
Samurai” e ao Budismo porquê o Budismo é essencial à
realização do I Ai Do, e o I Ai Do por sua vez, foi o meio
pelo qual aprendi a usar os ensinamentos do Budismo
em termos práticos.
Lembrando que o os Ismos são vias para, mas não é o
“O”, assim sendo, teríamos, no Budismo a via para o
Buda.
Seria ingênuo pensar que o Budismo é o caminho para
o Buda se ao estudarmos a trajetória do seu Mestre Buda Guathama – observamos que Ele foi movido por
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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seu Grande Coração de Compaixão para encontrar o
meio de acabar com todo o sofrimento humano, que
nessa busca ele acabou por se Iluminar e em seu
estado de Iluminação encontrou sua resposta, a saída à
libertação a qual denominou de O Caminho do Meio.
Tudo isso tem um significado muito profundo porém
como o proposito dessas linhas é registrar e partilhar a
praticidade do Budismo enquanto ação à Auto Realização do Samurai através da Nobre Arte Samurai
- I Ai Do - posso adiantar que foi nesta Arte Marcial
Japonesa que encontrei o meio para serenar minha
mente, saber quem sou, o que realmente é importante
para mim, acalmar as paixões e neste estado de
serenidade interior poder através de minha espada,
manifestar neste mundo a Verdadeira
Essência Samurai.
À resposta no sentido literal para a pergunta que não
quer calar “O que é um Samurai?” É Servir!
Samurai traduzido literalmente significa Servir - pode
ser um homem ou uma mulher, que através da sua
Espada – Katana – Serve “alguém”.
Trazendo o Samurai para os dias de hoje, o I Ai Do,
passou a ser uma via de Iluminação para quem dele se
utilize com esse propósito.
Eu pessoalmente sou mulher e assumi
incondicionalmente o Caminho da Espada Samurai em
1988, lembrando que o Caminho da Espada é duplo, A
Espada e o Pincel, me dedico aos dois com a mesma
sinceridade, sinceridade esta que rendeu a pauta Pincel
Afiado na Revista Made in Japan – fevereiro de 2008 –
na Sessão Japão no Brasil.
A Auto-Realização através de uma Espada Samurai,
isso tudo, tudo isso, é muito lindo, a Espada Realizada
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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tem Shibumi que em japonês quer dizer a Essência da
Beleza – “Uma Espécie Rara de Perfeição”.
É comum me perguntarem como se reconhece, como
se sabe quando alguém é um Samurai, eu poderia
definir em três palavras que representam três Virtudes
fundamentais ao caráter Samurai.
Honra
Bondade
Sabedoria
Assim como valores e sentimentos nobres existentes
intrinsicamente à sua Natureza que com o passar do
tempo, através dos desafios e embates da vida, se
manifestam através da ação correta, independe da
idade e são reconhecidos como Espirito Samurai.
Um Homem ou uma Mulher com esse Espirito, nos dias
de hoje, mais cedo ou mais tarde, não importa em que
ponto geográfico do planeta tenham nascido, nem a
qual família pertençam, em algum momento de suas
vidas encontrarão suas Espadas, o Caminho se abrirá e
nesse momento se iniciarão suas jornadas pessoais em
direção ao Infinito.
No meu Caso, um Gentil Samurai veio até mim para
estudar Espada Chinesa com o intuito de compreender
a mãe de sua Espada Samurai, o Katana para poder
escrever um livro sobre a Espada Samurai com mais
embasamento.
Sim, eu disse estudar Espada Chinesa comigo porquê
na época, eu seguia com sinceridade e dedicação o
Caminho da Espada Historiadora da China, empunhada
pelos Heróis da China, (até esta data, detenho vários
Títulos, entre eles, o de Deca pentacampeã
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Internacional 2014 – A Espada Flamejante – A Espada
Invencível).
Pois então, foi exatamente neste momento histórico que
eu tive a Honra de iniciar minha Jornada na nobre Arte
da Via dos Deuses, O Shinto Ryu I Ai Do com esse
Grande Mestre “O Samurai Solitário”.
Depois de ter sido aceita, iniciei minha disciplina no
Shinto Ryu I Ai Do e a cada encontro cumpríamos com
os protocolos que se iniciava no vestiário, em silencio
adentrávamos no Dojo (道場, Dōjō, o local onde se
treinam artes marciais japonesas, termo emprestado do
Zen Budismo, que significa lugar de iluminação)
sentávamo-nos em Seiza, maneira de se manter
sentado para serenar o espirito e controlar a respiração,
uma pratica Zen usada por monges budistas em suas
meditações) até o Sensei, Professor, que comandaria o
treino entrar e dar início a pratica de I Ai Do.
A pratica de I Ai Do tem muitos protocolos
cerimoniosos, o início era marcado pela voz gutural do
Sensei, era o momento do cumprimento, seguido da
Invocação do Kami (Deus da Espada), depois em
sequência progressiva, vinha a prática do Zazen, dos
katas e por fim o fechamento do I Ai com a despedida
do Kami.
Todos os momentos do I Ai sempre eram marcados
pela voz gutural do Sensei ... antes de darmos início
aos Katas passávamos pela pratica de Zazen, o
momento da meditação, onde através de uma ação
pratica do Budismo, dia-após-dia, ficávamos mais longe
do passado e mais próximo do futuro.
Através do Zazen, o Budismo em termos práticos,
aumentávamos nossa percepção sensorial dos cinco
sentidos, ficávamos mais conscientes das raízes de
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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nossos desejos não necessários, ficávamos frente-afrente com nossos demônios interiores, entenda medos,
aflições, sentimentos hostis, aprendíamos a lidar com
os conflitos internos até que por fim alcançássemos, ou
aspirávamos alcançar, o Estado Zen, a meta das
Praticas Budistas.
O iniciante no I Ai Do dedica-se muito ao Zazen, um
momento no Caminho do I Ai Do que pode durar meses
antes de ser iniciado nos Katas, o que por si só, já se
torna uma evidencia natural entre aspirantes e
Samurais.
Logico que toda essa explanação é uma mera sinopse
da Realidade Samurai, suas disciplinas (Shugyo) e sua
conduta Moral e Ética, o Bushido (O Caminho da
Honra).
Tudo tem um significado muito Profundo, e eu,
pessoalmente, vejo no Zazen, a pratica diária do
Samurai, como a pratica fundamental, na sua
Auto-Realização dentro do I Ai Do, o fator de
diferenciação.
Velzi Moreschi iniciou sua pratica de Shinto Ryu I Ai Do em 1989
assumiu incondicionalmente o Caminho da Espada. Em 2010 criou
o Rin Play - Samurai Space - fundamentado no Go Rin no
Sho Livro de Estratégias para vencer sempre, escrito por
Miyamoto Musashi maior Samurai de todos os Tempos criador do
Niten Ryu. Rinplay.com é primeiro Dojo Virtual simulador se
situações reais através da palavra poética, Batalha dos Juízos
travada entre Samurais e Guerreiros de Elite.
http://velzimoreschi.blogspot.com.br/
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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UM BUDISMO PRÁTICO
Antônio Lima de Freitas
Comecei a treinar arte marcial aos 13 anos, por
influência direta dos filmes de Bruce Lee e da
Fraternidade Kung Fu, organizada pelo Mestre Marco
Natali, sempre enfatizando a busca além do aspecto
físico.
São quase 25 anos de prática e ainda me vejo
como um aprendiz, porque acho eu quando você fecha
a mente para o aprendizado a sua mente fica pequena.
A arte marcial vai muito mais além do saber
lutar, ser lutador.
Para mim, praticar a arte marcial sempre foi a
busca de um prazer, me sinto feliz e realizado em
ensinar o que aprendi, tanto é que fiz isso por vários
anos totalmente de graça.
As vezes as coisas se tornam difíceis, nós
somos humanos, as emoções fluem e flutuam, nos
sentimos fracos, perdemos a motivação, mas a
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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persistência e a disciplina é comum aos artistas
marciais e é grande segredo do artista marcial.
Apesar de meus muitos anos de estudo das Arte
Marciais, reconheço como sei pouco realmente,
comparando-me com os verdadeiros Mestres.
Somente me expondo constantemente diante de
alguém melhor do que eu é que consegui progredir.
É motivo de inspiração saber que até os mestres
têm mestres, e que todos somos aprendizes.
A INTENÇÃO GERA FORÇA,
A AÇÃO GERA ENERGIA
Foi com prazer e satisfação que recebi o convite do
Mestre Marco Natali a fazer parte de uma obra de sua
autoria, obra essa que tem como tema a filosofia
Budista dentro da Arte Marcial.
Tenho formação prática no Sistema Wing Chun
Kung Fu e minha vida sempre foi pautada pela filosofia
prática que é o Budismo.
Em 1987, me inscrevi na Fraternidade Kung Fu,
sob o Nº 219, na qual um dos estudos se fundamentava
na Filosofia do Kung Fu, que tinha como coordenador o
famoso Mestre Marco Natali.
Esses ensinamentos práticos me foram de enorme
importância e me possibilitaram, anos depois,
treinamento no Rio de Janeiro e participação, de forma
bastante práticas, nas aulas de filosofia Atmavidya
Marga (Autoconhecimento), da Fraternidade Atmavidya,
em Niterói-Icaraí-RJ, no Center IV.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Trata-se de uma filosofia prática voltada para o
autoconhecimento e que pode ser implementada na
vida diária.
Para mim era um momento mágico, pois estava
convivendo com alguém que conhecia somente em
livros.
Eu um cearense do interior do Ceará, em 1989,
imaginem, nada conhecia do mundo, e tudo era
novidade.
Tinha, na época, 18 anos de idade, saído do
interior do Ceará, de Limoeiro do Norte, focado somente
em aprender Arte Marcial, com o Mestre Marco Natali,
tão conhecido nesta época, um coach por natureza.
A filosofia budista esteve presente na minha vida
de forma muito prática.
Nas aulas de filosofia era enfatizado um
conhecimento que poucos tinham esta habilidade, de
transformar um conhecimento abstrato em algo prático,
e todos os alunos tinham acesso gratuito, isso, naquela
época, e que poucos têm hoje em dia.
Como o Mestre mesmo falava, este conhecimento
não é passado em aulas de Artes Marciais, pelo fato de
muitas das vezes o professor não saber, ou porque não
foi transmitido por seu Mestre; sendo que outras vezes,
até o professor sabe, porém, não compartilha, por achar
que é perda de tempo, já que se trata de um
conhecimento que não rende dinheiro.
Lembro muito bem que o ensinamento das 04
Nobres Verdades Budistas eram um dos pilares:
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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01 – Tudo é DOR
02 – A Dor surge do Apego
03 – Cessando o Apego, sessa a dor e
04 – Para cessar a dor tem que seguir a Senda
Reta dos Oito caminhos.
As aulas de filosofia do mestre Natali eram
particularmente imperdíveis.
Além dos ensinamentos espirituais, podíamos nos
esforçar para melhorar o mundo com ações através da
senda reta dos Oito Caminhos do Budismo:
1- Compreensão correta;
2- Aspiração correta;
3- Palavra correta;
4- Ação correta;
5- Meio de subsistência (alimentação) correta;
6- Esforço correto;
7- Consciência correta;
8- Meditação correta.
Dono de um vasto conhecimento, Natali orientounos a buscar um mundo melhor através da mudança
pessoal, que só seria possível, através de um
autoconhecimento.
Ao saber nos identificar com o nosso próprio eu,
seria possível identificar o que mudar no nosso
comportamento, para que pudéssemos gerar um
ambiente mais harmonioso com os familiares.
As aulas de Filosofia começavam com uma citação
fantástica, sempre recitada antes:
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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“Um dia, que será noite em meus olhos, deixarei
pratos cheios e móveis abarrotados, cofres e enfeites,
para a travessia da grande sombra. Entretanto, não
viajarei de todo nas trevas, porque as migalhas de amor
que tiver distribuído estarão multiplicadas em minhas
mãos, como bênçãos de luz”.
Somente muitos anos depois descobri que se
tratava de uma mensagem psicografada por Francisco
Xavier, da Mestra Espiritual Mei mei.
Após isso, sentávamos em roda e ouvíamos,
atentos, as palavras do mestre.
Sem dúvida tínhamos uma família na Fraternidade.
Todo início de semana (segunda feira) o Mestre
Natali reunia a turma completa de alunos na sala de
treinamento prático da Fraternidade Atmavidya.
Poucos se interessavam por este conhecimento,
mas eu vinha do Rio de Janeiro, tendo de atravessar a
cidade, já que morava no Bairro do Andaraí, em torno
de uns 40 km, para assistir a aula e, assim, já ficava
para os treinos práticos.
Antes de todo treino prático começávamos com um
lema, também de autoria do Mestre Marco Natali.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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LEMA DO INÍCIO DAS AULAS DA
FRATERNIDADE ATMAVIDYA – 1989
Há dentro de mim Universo,
De quatro partes formado
Corpo, Criança, Mente e Verso,
Meu ser espiritual retomado.
Minha vida é disciplina,
Meu coração Solidariedade.
A ação correta é divina,
Pois vivo em Fraternidade.
Marco Natali
Nesta época, o Mestre ainda ministrava algumas
aulas práticas para poucos selecionados.
Juntávamos um grupo de cinco, no máximo, e
tínhamos aulas a portas fechadas.
Para mim, não tinha preço, era a realização de um
sonho a muito projetado na mente.
A prática num primeiro momento não é de fácil
compreensão, afeta grandemente o ego, o ego
aumenta.
Você se acha superior, mas com o tempo e a
experiência, a gente percebe que existe uma busca não
física e um equilíbrio constante entre corpo e mente.
Ser um bom artista marcial é, antes de tudo, ser um
bom ser humano.
Um bom lutador nem sempre é um bom artista
marcial.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Ele precisa saber a respeito dos aspectos da vida,
porque o objetivo do ser humano é ser feliz.
Estar em harmonia consigo mesmo.
E quando ele se encontra em harmonia, ele pode
transmitir isso às outras pessoas.
A autoconfiança se torna primordial para a busca
desta harmonia e esse sentimento afeta a linguagem
corporal.
Auto Confiança não significa ego inflado.
Se você se sente como um artista marcial, você
esta pleno.
CAMINHANDO...
Escrevi algo que está em evidência e que há muito
tempo desafia o ser humano, que é a busca da sua
autoestima, autocontrole, e poucos entendem que é
igual a si mesmo, é algo inato.
O ser já vem com esta capacidade de modificar a si
mesmo independente dos acontecimentos que ocorram.
Sempre foi uma busca constante e muitos livros já
foram escritos sobre isso.
A disciplina esteve e sempre estará presente.
Muitos acontecimentos da vida ocorrem por uma
sistemática no nosso pensamento.
Sempre dizia, quando tinha 16 a 17 anos, que me
formaria em Arte Marcial, onde quer que fosse; e
chegava a mostrar, para alguns amigos, a foto do
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Mestre Natali, onde tinha a convicção de que seria com
essa pessoa.
Muitos dos meus amigos nesta época achavam que
eu era um pouco fantasioso, pois um cearense, do
Interior, sair de sua terra para desbravar algo que
poucos ainda sabiam ou tinham conhecimento, era
quase loucura, isso em 1987.
Então, depois de muito ler sobre os livros que nos
fazem pensar, e sermos direcionados em busca do
palpável, cheguei à conclusão que tudo o que já obtive
de concreto já passou pelos meus pensamentos
(abstratamente).
Lembro muito bem quando obtive o curso da
Fraternidade Kung Fu (1984) e comecei a trabalhar os
ensinamentos de que lá estavam, tempos depois no Rio
de Janeiro, pude observar de que tudo o que tinha
escrito, tinha conseguido.
A hoje tão falada e disseminada PNL já era linha de
estudo do Mestre Natali na antiga Fraternidade Kung
Fu.
E pude ter este ensinamento de forma bem
concreta nas aulas de filosofia que o Mestre Natali tinha
com a turma toda da Fraternidade Atmavidya Marga
(Filosofia do Autoconhecimento), que tínhamos todas as
segundas feiras.
Voltando para casa em 1997, vi e senti que nada
adiantaria ter tanto conhecimento em Arte Marcial e
entre outras áreas relacionadas.
Apesar de ter conseguido realizar um sonho de
adolescente, já não era mais um adolescente.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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E já tinha outros objetivos, e as prioridades seriam
outras, pois a realidade é algo que nos faz pensar.
Busquei outro foco, que era voltar a estudar.
Já fazia 10 longos anos que tinha concluído o
ensino médio e tive que mudar completamente meus
pensamentos, visando algo em que já estivesse dentro
daquilo que estava há (há muito tempo a fazer, é
isso???) muito a fazer, que era relacionado ao
movimento.
Busquei estudar para tentar uma vaga no curso de
Educação Física, passando no Vestibular da UERN, em
1999 (6º Lugar).
Já tinha projetado mentalmente o que eu buscaria
com este curso.
Não perderia nenhuma disciplina e depois do curso
teria tudo aquilo pelo qual não tive no Rio de Janeiro,
durante meus oito anos.
É muito prático, pois tudo aquilo que a gente pensa
com emoção, mais cedo ou mais tarde sempre
acontece.
Posso até ser interpretado erradamente, mas o que
posso dizer é que tive pessoas que me ajudaram no
caminho.
Tanto no Rio de Janeiro, quanto aqui novamente no
Ceará; e tenho certeza de que não foi só obra do
Divino, me colocar na hora certa com as pessoas certas
e fazendo sempre o que é certo, o que me fez obter o
que tenho.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Não há dúvidas de que tudo concorre para que dê
certo.
Cada ser humano tem uma história em particular
que deveria ser escrita, algo bem pessoal, sem
necessariamente ser publicada.
Esta história só pôde ser escrita e editada pelo fato
de que os atores que dela fizeram parte me foram
superimportantes neste caminho; com toda certeza,
posso afirmar hoje de que não gostaria que tivesse sido
diferente do que foi.
Sinto que tive a oportunidade certa, com as
pessoas certas e fiz de tudo para ser certo neste
caminho.
Retornando no tempo através dos meus
pensamentos vejo que tudo foi muito grandioso apesar
de algumas vicissitudes, empreendi de forma bastante
prática minha vida naquele momento, sem ter a mínima
noção do que era gestão pessoal ou PNL, que hoje é
tão comentado.
Finalizo caminhando, atestando que esta jornada é
maravilhosa.
A vida é uma grande benção e apesar de ser
pequena no tempo não é insignificante.
Devemos ser gratos pela nossa família, que a tudo
suporta para nos ver felizes.
Existe alguém que nunca devemos esquecer e que
o convívio deve ser sempre sincero e franco, pois esta
pessoa está perto e dentro de nós, esta fagulha Divina
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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com quem devemos nos comunicar, diariamente e
constantemente, que somos nós mesmos.
Sou Antônio Lima de Freitas
Profissional de Educação Física CREF 3097-G/CE
Especialista em Fisiologia do Exercício e prescrição
de atividade
Pós Graduado em Saúde Mental e Atenção
Psicossocial
Empresário: sócio Proprietário do Espaço Viva
Wellness (visa saúde e qualidade de vida), Rua:
Clemilde Osterne 861 Centro em Limoeiro do Norte-Ce.
88 3423-1232
https://twitter.com/espavivawellnes
https://www.facebook.com/Espaco-Viva-Wellness
https://www.instagram.com/espacovivawellness/
E-mail: [email protected]
Formado em Kung Fu Wing Chun na Linhagem do
Mestre Lee Tat Yan (Hong Kong) pelo Sifu Monnerat –
Rio de Janeiro 1989 a 1996.
Aluno direto do Mestre Marco Natali em Niterói na
Fraternidade Atmavidya que ensinava o Vajramushti –
Arte Marcial dos Monges Budistas chegando ao 5º Nível
de 6º níveis. De 1989 a 1993
Frater (Fraternidade Kung Fu) Nº 219 – 27 de
Agosto de 1987.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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A VISÃO MARCIAL
DE MAURO FLORES
Mauro Rodrigo Flores
Dedicatória
Graças ao amigo, profissional da saúde e treinador
Sedinei Lopes Copati, eu pude ao longo dos anos de
prática em artes marciais, especialmente o Wing Tsun
Kung Fu, assimilar conhecimentos sobre fisiologia do
exercício, e com as técnicas de luta desenvolver
algumas mudanças nos métodos de treinamento e
aplicações segundo a lógica da biomecânica humana.
Através
destas
experiências
pessoais
venho
compartilhar as minhas impressões adquiridas, sempre
respeitando as opiniões de outros autores, pois este
texto não é perfeito, apenas Deus é.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Às Vezes Precisamos Lutar (Daniel Pesina)
No começo a humanidade necessitou caçar e lutar para
sobreviver, utilizando de inteligência, agilidade,
destreza, velocidade e força, habilidades que foram
desenvolvidas pelas atividades físicas, mantendo os
seres humanos em harmonia com a natureza lhes
propiciando saúde.
Com o avanço da sociedade e das tecnologias de
produção de alimentos, viu-se a humanidade sem a
necessidade de caçar ou lutar com animais para seu
consumo, mas tal fato não resultou em uma perfeita
harmonia, pois a ociosidade da sociedade moderna
trouxe malefícios mentais e corporais, sejam por tédio
ou sedentarismo, enfraquecendo aquilo que criador
projetou para a natureza humana.
A busca pelas atividades físicas e práticas de simulação
de lutas, seja como forma de entretenimento ou para a
defesa pessoal perante ameaças de agressão física de
outros seres humanos ou de animais selvagens provém
uma ligação com a essência natural original, revigora a
autoestima, além de aumentar a capacidade de
raciocínio, fortalece a mente, corpo e espírito ao mesmo
tempo em que revela a fragilidade do ser humano
perante o universo.
Muito Além das Lutas, Jamais Aquém!
Dentro das artes marciais há varias outras
subdisciplinas elas são artísticas, medicinais, filosóficas
e entre tais estão às lutas, que são sua a essência, pois
sua origem veio da necessidade dos indivíduos em
sobreviver às adversidades.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Entre os dos métodos de treinamento das artes marciais
destacam-se:
Artístico: São técnicas ou combinações que apresentam
estética visual impactante.
Defesa Pessoal: Suas técnicas procuram manter a
segurança nos pontos vitais de quem aplica, utilizandose do suficiente para conter uma agressão a si ou a
outra pessoa, não há protetores e nem regras.
Esportivo: Suas técnicas se baseiam em regras e na
utilização de protetores, visa competições e títulos como
medalhas e troféus.
Militarizado: Suas técnicas são simplistas ensinadas de
forma autoritária para grandes grupos, agrega rituais
moralistas como cumprimentar o chão ou recitar
juramentos.
Pode-se também mesclar os métodos de treinamento
para se adequar às necessidades do público específico,
se ministrando aulas a um grupo de crianças o método
militarizado ensina disciplina e respeito, podendo-se
combinar com o artístico, se for ensinar a jovens que
desejam participar de eventos e ganhar títulos, então se
treinaria o método esportivo, que pode ser combinado
com o método artístico, e àqueles que buscam por
poder marcial para situações de luta real dever-se-ia
praticar o método de defesa pessoal. Vale lembrar que
o excesso estético do modo artístico, ou eventual
exposição dos pontos vitais na execução de técnicas do
modo esportivo não combinam com a ideia de defesa
pessoal, mas claro que a criatividade ou a ganância dos
instrutores podem criar outras incríveis combinações ou
desastres.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Atributos do Lutador
•
Inteligência – Ação mental que dá a capacidade de
utilizar melhor todos os outros atributos. Desenvolve-se
através da leitura e reflexão, pois dessa forma aumenta
a capacidade de interpretação e imaginação do
indivíduo possibilitando melhores estratégias de
combate ou de como evitá-lo.
•
Força - Capacidade diferencial entre a mínima e a
máxima contração muscular. Desenvolve-se com treino
de força com pesos ou até mesmo sem, pois pode ser
através de treinamento isométrico, isotônico concêntrico
ou excêntrico.
•
Velocidade – Capacidade de mover o corpo no
espaço em menor tempo. Desenvolve-se durante os
treinamentos em corridas curtas e rápidas, pois dessa
forma se evolui a coordenação motora além de
desenvolver a fibras musculares longas.
•
Agilidade – Capacidade de executar movimentos
corporais complexos no espaço. Desenvolve-se através
de alongamentos e treinamento de movimentos
artísticos, diminui-se o problema dos ligamentos
(tendões) curtos que travam ou impossibilitam certas
técnicas, além de facilitar algumas esquivas para evitar
golpes de impacto e também possibilitar escapar de
algumas torsões e imobilizações.
•
Destreza – Capacidade de acerto em correta
distância na execução de golpes. Desenvolve-se
treinando as simulações de lutas sempre com a
distância correta de encaixe de movimentos ofensivos e
defensivos, pois possibilita tanto acertar o alvo com
mais potência como também atenuar o dano recebido
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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ao corpo enrijecendo a musculatura por frações de
segundos antes de ser golpeado.
•
Resistência – Capacidade de manter-se em um
mesmo nível de combate por prolongado tempo.
Desenvolve-se em corridas de média e baixa
intensidade de longa duração, pois promove o aumento
da capacidade do organismo em absorver oxigênio para
produzir energia.
•
Potência – Capacidade de combinar velocidade,
agilidade e destreza e força no momento correto ao
golpear. Desenvolve-se praticando movimentos curtos
de com explosão muscular, através do controle
diferencial em manter a musculatura relaxada e torná-la
rígida no momento exato do impacto.
Técnicas e Treinamentos
Tecnicas são movimentos biomecânicos pré-definidos
pelos respectivos estilos de artes marciais, seus
treinamentos devem ser inicialmente executados de
formas simples e lenta, sendo que gradativamente após
o decorrer de tempo de habilidade poderão evoluir ao
nível em que se compare às águas de um rio, fluente e
adaptável.
Iniciar um treinamento de trocas de golpes em
velocidade reduzida mantem a segurança contra lesões,
pois assim se assimila melhor a forma e o tempo dos
encontros de golpes com defesas. Ao se treinar sem a
distância correta de contato a mente assimilará isso e
ao confrontar situação real não conseguirá defender ou
causar dano ao oponente, apenas estará bloqueando e
socando o ar. O treinamento realizado na distância
correta proporciona a habilidade de minimizar e
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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maximizar danos causados pelos golpes, pois se
desenvolve a sensibilidade para controlar a contração
muscular (força) sobre áreas impactadas no momento
exato.
Se o treinamento de simulação de lutas for diferente
daquilo que será confrontado na vida real, mude o
treinamento.
Uma técnica superior pode ser complexa, mas nunca
complicada, pode ser de um árduo e complexo
treinamento, mas na hora de aplicar precisa ser simples
e direta, pois senão nunca será possível sua execução,
por exemplo, quando necessitar alterar a direção dos
movimentos várias vezes na mesma aplicação significa
que está tentando aplicar uma técnica complicada e
esta jamais funcionará em uma situação real, as
técnicas que são úteis em uma luta são as de simples
aplicação, pois seguem um caminho reto.
Treinar técnicas complicadas por seu apelo estético,
mesmo que milhares de vezes, o fará perder tempo e
provavelmente lutas.
Assim como existe o mal há o bem, vivemos num
mundo de dualidade, assim como existe uma técnica
melhor, segura e com poucos pontos fracos sempre
haverá outra técnica similar, menos segura e com mais
riscos, sendo que a estética não é medida de
comparação quanto à eficiência.
O diferencial na qualidade do artista marcial está nas
suas escolhas, ele não se deve levar pela vaidade na
escolha das técnicas para aprender, mas sim deve
optar pela segurança, simplicidade e eficiência.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Cada técnica para ser aplicada exige que haja atributos
suficientes, quão melhor for maior será o nível dos
atributos necessários para sua execução. Um lutador
com deficiências e desequilíbrios entre seus atributos
será incapaz de dominar técnicas superiores.
Não se deve deixar o orgulho iludir com a ideia de que
se é bom o suficiente, pois comparando analogicamente
os níveis marciais são como salas e portas que levam a
outras salas de níveis superiores onde estão as
melhores técnicas, sendo que somente através da
dedicação e perseverança no treinamento é que se
forjarão as chaves para as portas da evolução.
O treinamento de artes marciais fortalece fisicamente os
indivíduos, mas não transforma covardes em valentes,
mas pode trazer autoconfiança aos praticantes
propiciando o desenvolvimento da inteligência que
relaciona a mente com o corpo e o espaço físico ao seu
redor, dão autoconhecimento das próprias limitações
que também são análogas as do oponente e dão a
noção das suas possibilidades técnicas assim como as
de seu adversário.
Treinar uma sequência de golpes permite respiração
entre uma e outra técnica para ir renovando suas
energias, mas em contrapartida apresenta maior tempo
de intervalos entre golpes, podendo ser bloqueada ou
até interceptada durante sua execução por
contragolpes.
Treinar uma combinação se diferencia de uma
sequência por não permitir intervalos entre os golpes,
todos devem ser executados em um único suspiro,
então não dispõe de renovação energética, se aplica de
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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forma progressiva e cumulativa sobre o oponente e com
o mínimo de tempo entre os golpes, dificultando muito a
interrupção da sua aplicação por contragolpes e até
mesmo o bloqueio dos golpes que compõem a
combinação.
Um lutador que alcançou elevado nível marcial será sim
muito superior quando comparado a pessoas comuns e
sem treinamento, errado seria comparar esse mesmo
lutador contra máquinas, pois não se deve tentar ser
mais rápido que uma bala, mas sim mais rápido que a
mão que empunha a arma de onde sai à bala.
A obsessão por técnicas específicas pode literalmente
destruir o praticante, causando irreversíveis lesões nas
articulações, mas esse desejo de dominar todos os
aspectos tanto em agilidade e força se dá pelo fato de
acreditar que dominar técnicas avançadas trará uma
habilidade superior com grandes vantagens em
combates, mas para isso ser possível é necessário
estar em equilíbrio de atributos físicos para executar
certas técnicas, sendo que haverá sempre um caminho
a escolher, por exemplo, para alcançar níveis
superiores em técnicas de maior agilidade deverá haver
um sacrifício por parte das técnicas que necessitam de
emprego de força, pois não se pode ter um corpo muito
pesado para dominar uma agilidade superior, é uma
comparação quantitativa de qualidades inversas, quanto
mais se avançar de um lado menos poderá avançar
noutro. Há limites a observar, pois sendo parte da
natureza também está à humanidade submetida às
suas leis como a física, negligenciar isso é ir de
encontro à própria destruição.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
A superioridade está na velocidade, agilidade e
destreza, ser muito grande com desequilíbrio da
constituição da massa corporal e excesso de peso pode
proporcionar grande força de contração muscular, mas
em compensação torna o guerreiro um grande alvo
lento, que se cansa rapidamente.
Aquele que se acovarda ao reconhecer a fragilidade
humana é um fraco de espírito, pois se supera a
fragilidade física pela força de vontade.
Visão e Estratégia
Bruce Lee disse: Nunca tire os olhos do seu oponente.
Explicando a citação acima como sendo fundamental
para todas as formas de lutas isso significa que em
distância curta e média do opoente não se deve olhar
em seus olhos, pois a visão periférica não conseguirá
captar os movimentos das pernas durante chutes
rápidos, o aconselhável é manter o foco da visão em um
ponto imaginário uns trinta centímetros a frente do meio
do peito do oponente, pois assim se consegue um bom
foco visual da movimentação das mãos e eficiente visão
periférica dos chutes, mas quando estiver em distância
longa, maior que a de um chute com avanço, pode-se
então fazer a leitura facial do oponente em busca de
compreender sua situação emocional e energética para
adaptar o planejamento de combate. Quando se
percebe que o adversário está a curta ou média
distância lhe olhando diretamente nos olhos, deve-se
aproveitar da temporária falta de visão periférica dele
para golpear com joelhadas ou chutes rápidos com o
mínimo de movimento nos ombros para não ser
percebido sem denunciar a intenção de atacar
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
erroneamente focando com os olhos o local onde se
quer golpear.
Não há caos que uma mente focada e que sabe o que
está fazendo não possa subjugar, durante lutas ou
agressões haverá muitos movimentos que poderão
parecer estranhos e que podem confundir a mente, mas
basicamente eles se dividem em três tipos:
*Golpes de longo alcance com avanço são os de maior
potência e necessitam de mais energia devido à
dificuldade de aplicação, mas são muito úteis se
utilizados como chute barreira ou interceptações
quando o adversário tenta atacar com socos rápidos de
médio alcance, pois o pé sempre chega antes que o
punho.
*Golpes de médio alcance sem avanço saem de uma
base estática, apresentam mais facilidade de aplicação
apesar de menor impacto, mas podem ser utilizadas
várias vezes, pois tem menor tempo de recuperação
após cada ataque. Servem para inibir que o adversário
aplique alguma técnica de curto alcance ou
imobilização, basta lhe socar o nariz.
*Golpes de curto alcance ou imobilizações são técnicas
que para serem aplicadas necessitam dos lutadores
muito próximos, servem muito bem quando utilizados
após o adversário realizar algum ataque de longo
alcance durante os momentos que fica vulnerável antes
de reestabelecer sua guarda e segurança.
Defesa Pessoal
Em um confronto real deve-se analisar o grau de
ameaça antes de agir para não causar consequências
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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físicas maiores do que as necessárias a se defender,
não apenas contra o agressor, mas também contra si
mesmo. Há grande risco para o comportamento
instintivo ser exagerado quando as emoções forem
afetadas, a atitude é errada quando diante de uma
agressão física desarmada se aplicar técnicas que ao
invés de amenizar a violência a agrave. Um exemplo
disso é quando um agente de segurança soca a face de
alguém, provavelmente haverá um corte nos punhos
provocados pelos impactos nos dentes que também vão
sangrar pelas gengivas e consequentemente haverá o
risco de contaminação, o que seria evitado se a atitude
técnica de reação fosse diferente, como uma eficiente
esquiva seguida de imobilização, mas se fosse
necessário golpear o agressor, que então se fizesse
com a palma ou faca da mão em áreas que não causem
sangramento, como garganta e ouvidos, mas causem
uma paralisação momentânea para depois se aplicar
uma imobilização de forma a cessar a violência sem
maiores lesões.
A questão é que quando for necessário utilizar técnicas
de movimentos corporais para a defesa pessoal é
porque não há mais a opção de simplesmente cruzar os
braços sem ser ou deixar alguém ser agredido
fisicamente, sendo tal concepção de que o melhor a
fazer é não fazer nada é totalmente insensata e deveras
perigosa, se alguém defende tal ideia por acreditar não
haver meios para conter uma agressão iminente a si ou
a outrem é porque não sabe se defender em lutas reais
ou está sendo negligente.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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O Artista Marcial
Aquele que busca conhecimento marcial e evolução
desenvolvendo seu próprio estilo.
Deve-se lembrar de que quando se revela qual estilo
está praticando ou praticou inevitavelmente se agrega a
um estereótipo, que infelizmente é pré-concebido com
ideias surgidas no senso comum, são generalistas e
quase sempre focam nas coisas ruins, pois sempre
haverá defeitos nos estilos dos outros vistos pelos olhos
daqueles que não gostam deste ou daquele estilo.
Os praticantes de artes marciais podem optar por não
envolver sua imagem em estereótipos, seja por motivos
profissionais ou pessoais, basta aprender a guardar
segredo, pois além de facilitar a vida o segredo sobre as
diversas artes marciais praticadas simplifica muitas
conversas sobre o assunto, não expõe a sua intimidade
com estranhos ou inimigos mascarados de amigos,
além de não se desperdiçar tempo precioso discutindo
coisas inúteis como sobre qual arte marcial é melhor ou
pior.
No caminho do artista marcial haverá vários estilos a se
estudar buscando entre eles as técnicas que melhor lhe
servem, para sua realidade mental e corporal, mas
também se deve lembrar que seria ingenuidade
acreditar que apenas treinando técnicas de lutas traria a
si todos os atributos necessários para que elas possam
ser aplicadas com máxima eficiência, pois nos dias
atuais não carregamos galões de água montanha acima
como faziam os monges para se exercitar, a atual
realidade da nossa sociedade nos obriga a buscar
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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formas alternativas às naturais para o condicionamento
físico.
A atual tecnologia fornece academias de ginástica e
musculação para adquirir condicionamento físico para
as mais diversas atividades, entre elas as artes
marciais, pois toda técnica marcial X para funcionar
precisa de força Y, senão seria apenas uma
demonstração barata que não pode ser aplicada.
O oitavo atributo do guerreiro
São as emoções que têm o controle das funções
fisiológicas como a liberação de adrenalina, então o
verdadeiro mestre jamais às despreza, ao contrário ele
às domina, usando-as para alcançar seu potencial
máximo em combate.
Um controlado nível de adrenalina que não paralise a
musculatura dá em conjunto com profunda respiração
um aumento da percepção visual, pois turbina a mente
que fazendo expandir a área focal visual com superior
velocidade e nitidez, vê-se com o cérebro, o que
possibilita melhor aplicação de interceptações e
contragolpes, sendo que são essas as técnicas
superiores que geralmente decidem um combate.
Alguém que não sabe controlar suas emoções, como o
ódio e o medo, jamais será poderoso. Enfrente com
mais vontade seus desafios, para então poder adquirir
experiência e ter o controle em meio ao stress
emocional, aprenda a se queixar menos e a não
desperdiçar as oportunidades que a vida lhe traz, pois
são as dificuldades que possibilitam a evolução tanto na
derrota como na glória da vitória, mantenha-se positivo
sempre, essa é a mais poderosa emoção.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Mauro Rodrigo
http://masterartesmarciais.blogspot.com.br/
[email protected]
Mauro Rodrigo Flores
Nascimento 15/08/1980
Chapecó - SC
A propósito eu me chamo Mauro Rodrigo Flores, nasci em 15/08/1980 em Chapecó
- SC onde moro atualmente, tenho bacharel em ciências contábeis e conheci as
artes marciais através do Wing Chun (Graças a Deus e ao senhor), pois foi através
de Marcelo Winckler aluno de Carlos de Mammam aluno de Francisco D'Urbano
aluno de Marco Natali.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Budismo
Sifu Sandro Barbosa
Budismo é uma filosofia de vida baseada integralmente
nos profundos ensinamentos do Buda para todos os
seres, que revela a verdadeira face da vida e do
universo.
Quando pregava, o Buda não pretendia converter as
pessoas, mas iluminá-las.
É uma filosofia de sabedoria, onde conhecimento e
inteligência predominam.
O Budismo trouxe paz interior, felicidade e harmonia a
milhões de pessoas durante sua longa história de mais
de 2.500 anos.
O Budismo é uma filosofia prática, devotada a
condicionar a mente inserida em seu cotidiano, de
maneira a leva-la à paz, serenidade, alegria, sabedoria
e liberdade perfeitas.
Por ser uma maneira de viver que extrai os mais altos
benefícios da vida, é freqüentemente chamado de
“Budismo Shaolin”.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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O Shaolin Kung Fu é descrito como um braço do
Budismo Ch´an e o Budismo Terra Pura.
Ch´an (zen) e o Kung Fu são a única e a mesma coisa.
O fundador do Budismo, Sidarta Gautama –
Sharvatasida Gotami – foi um nobre príncipe guerreiro
do clã Shakia, da casta dos Kshastryas.
Ele recebeu os ensinamentos das escrituras dos
melhores Brâmanes do reino e foi treinado como
soldado nas artes marciais pelo guerreiro Shantideva.
Desenvolveu-se em lutas de agarramento, lutas de
punho, esgrima, lança, equitação, domar elefante de
guerra, arqueria e em 24 diferentes tipos de artes de
combate.
Mas o destino do rapaz era espiritual.
Seu pai o Rei Sudhodana prevendo a inclinação do
príncipe ao caminho do Dharma, criou um mundo
maravilhoso para seu filho, com todas as regalias e
prazeres.
Isso não iludiu Sidharta, que no primeiro contato com o
sofrimento do mundo decidiu ser um monge,
abandonando as riquezas do palácio, família e vida
mundana.
A via do Shaolin Kung Fu é a mesma que de Sidharta.
Através do desenvolvimento marcial, adquirir uma
mente clara e nobre, e um corpo saudável e forte,
preparando-nos para o caminho da meditação.
Os praticantes do Shaolin procuram atingir o “Ch´an de
Kung Fu”, ou seja, aprender as técnicas marciais sem
fins egoístas.
O objetivo dos budistas é a tranqüilidade psicológica.
O objetivo do praticante de Shaolin é desenvolver a
profunda calma mental usando o Kung fu como veículo.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Conceitos Budistas básicos
As três marcas
Buddha caracterizou todos os fenômenos
condicionados (sânsc. samskrita dharma, páli sankhate
dhamma), ou seja, todas as coisas da existência cíclica
(sânsc. e páli samsara), com três marcas ou selos
(sânsc. trilakshana, páli tilakkhana): impermanência,
sofrimento e não-eu.
1. Impermanência (sânsc. anitya, páli aniccha)
2. Sofrimento ou insatisfação (sânsc. duhkha, páli
dukkha)
3. Não-eu, não-ego, vazio, vacuidade ou
insubstancialidade (sânsc. anatman, páli anatta)
As Quatro Nobres Verdades
1. A nobre verdade do sofrimento (sânsc. duhkha, páli
dukkha)
2. A nobre verdade da causa (sânsc. e páli samudaya)
3. A nobre verdade da cessação (sânsc. nirodha, páli
nirodho)
4. A nobre verdade do caminho (sânsc. marga, páli
magga)
A Nobre Senda Óctupla
1. Visão correta
2. Intenção correta
3. Fala correta
4. Ação correta
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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5. Meio de vida correto
6. Esforço correto
7. Atenção correta
8. Concentração correta
Três treinamentos (sânsc. Trini-shikshani)
1. Sabedoria (ou discernimento, insight, visão clara,
sânsc. prajna, adhiprajna, páli panna, páli adhipanna)
2. Ética (ou disciplina, moralidade, sânsc. shila,
adhishila, páli sila, adhisila)
3. Concentração (ou meditação, sânsc. e páli samadhi,
adhisamadhi)
Cinco Preceitos (sânsc. pancha-shila, páli panchasila)
1. Não matar;
2. Não roubar;
3. Não cometer adultério;
4. Não mentir ou falar de maneira imprópria;
5. Não usar substâncias que perturbem a mente (álcool,
cigarro, drogas e semelhantes).
A Roda da Vida
preta);
Na parte de cima, estão os três reinos superiores:
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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demônios covardes, titãs, sânsc. asura);
A história foi madrasta com a relação profunda entre o
Kung Fu e o Budismo Chan (ramo do Budismo chinês
que deu origem ao Zen japonês).
A doutrina foi o alicerce sobre o qual se ergueu a arte
marcial chinesa, a liga que transformou as técnicas de
guerra e a tradição filosófica, moral e médica do
Taoismo e do Confucionismo em uma arte unificada
voltado ao autoaperfeiçoamento e ao serviço dos seres
vivos.
Mas os séculos de perseguições políticas e mudanças
culturais transformaram o Kung Fu em duas atividades
que guardam semelhança apenas externa com esta
tradição: o wushu olímpico, desenvolvimento artísticoesportivo das técnicas de luta, e a exploração da
tradição Shaolin como performance.
Há alguns anos, um monge decidiu dedicar sua vida a
sistematizar e a divulgar parte desse conhecimento
“perdido”.
Mestre Shi Dejian é o décimo oitavo sucessor da
tradição Shaolin Chanwuyi, que reúne o Budismo Chan,
a Medicina Tradicional Chinesa (Yi) e o aprendizado
marcial (Wu).
O Chanwuyi é um ramo do Chan que floresceu na
Yonghuatang, escola do Mosteiro Shaolin fundada pelo
Mestre Wuyan Zhengdao na Dinastia Ming (1368 a
1644).
A Yonghuatang pertence ao ramo do Sul do Templo
Shaolin e o Chanwuyi só existe nela.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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O Wu praticado pelo ramo Sul é diferente do Kung Fu
de outras escolas e ramos do Templo porque enfatiza o
treinamento da mente.
Nele, a respiração centrada no Dantien é o primeiro
passo para a prática Chan, bem como para a melhoria
da saúde física e psíquica.
Por séculos os princípios do Chanwuyi permanecem
desconhecidos para muitos, sendo transmitidos como
um saber esotérico a um círculo muito restrito, como
forma de escapar à perseguição política.
A Dejian foi dada a responsabilidade de preservar a
tradição e administrar o Templo Shaolin em 1996;
diferenças internas motivadas em parte pelo interesse
de explorar comercialmente a cultura shaolin, no
entanto, fizeram com que ele decidisse construir um
monastério a cerca de quatro quilômetros do templo,
nas montanhas de Sanhuangzhai.
“É lamentável que haja tantos mal entendidos sobre o
que é a cultura shaolin. O nome “Shaolin” foi abusado
de muitas formas para fins comerciais e sua essência
original foi distorcida”, lamenta o mestre.
Para o Chanwuyi, o Wu, a arte marcial, é meditação em
movimento; praticar Wu é a porta para entender o Chan,
o caminho para buscar a virtude, o autoconhecimento e
a iluminação.
Mas, para alcançar o mais alto nível na arte marcial
Shaolin, o discípulo tem, necessariamente, de ter um
bom conhecimento filosófico e científico do Chan.
O princípio básico do Chanwuyi é melhorar a saúde
física e psicológica através do Chan e de Wu.
Em níveis elevados da prática, o discípulo alcança um
entendimento tão profundo dos meridianos, do
funcionamento dos órgãos internos e da circulação do
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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sangue e do Chi que se torna um especialista em
Medicina Chinesa.
O Chanwuyi é uma cultura unificada; é um conceito, e
não a combinação de três conceitos diferentes.
A Origem do Kung Fu
Apesar de contraditório, o Kung Fu, como forma de
ação baseada em ataque, tem suas origens religiosas
no Budismo, o qual prega a tolerância, a paciência e a
não violência.
O Budismo, criado na Índia por Sakyamuni (Siddhartha
Gautama, o Buda), proclamava o ascetismo e a
renúncia do mundo.
Suas quatro verdades sagradas expunham a crença de
que a vida é dor, analisando suas causas e provendo
métodos de eliminá-las.
Em 525, atravessou a fronteira chinesa vindo da Índia o
28º patriarca do Budismo chamado Bodhisatwa
Avalokistevara Bodhidharma (mais conhecido no Japão
por Daruma Taishi), o fundador da facção “Chan”. Esse
monge constatou a diversificação dos dogmas do
budismo chinês e ingressou num templo da província de
Honan, vulgarmente conhecido como “Templo Shaolin”.
É dito que Bodhidharma sentou de frente para a parede
de uma caverna por nove anos, desconhecendo até os
ninhos de passarinho que se formavam em seus
ombros. Sua sombra, segundo dizem, se gravou na
parede da pedra.
Talvez seja exagero, mas sua persistência deu estímulo
ao crescimento e desenvolvimento das artes marciais
shaolins.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Bodhidharma recodificou o sistema ginástico
denominado “Kung Fu” e filosoficamente comparou-o
aos movimentos dos animais.
Na mesma época, revolucionou o pensamento búdico
universal, redescobrindo a meditação como caminho
para o autoconhecimento.
Por ser indiano, denominou essa prática pelo nome que
era para ele mais justificado (Dhiyana).
No entanto, para o sistema vocálico dos chineses, que
usam ideogramas, essa palavra tornou-se
impronunciável.
Com o passar do tempo adaptaram-na para a
terminologia chinesa “Ch’Anna” de onde veio o nome
hoje conhecido por “Chan” ou “Ch’an”.
A “Chan” transformou o obscuro e elaborado Budismo
Indiano em uma forma de budismo adaptada à
tradicional psicologia chinesa.
Tolerou quase todas as formas de comportamento,
exceto matar, roubar, saquear e o sexo.
Como resultado, o Templo Shaolin recebeu numerosos
monges que não eram aceitos por outras escolas
budistas, como aqueles que bebiam ou que comiam
carne.
Foi essa tolerância não usual que ofereceu uma
importante base para a existência e desenvolvimento
das artes marciais shaolins.
Diferente dos outros monastérios, os habitantes do
Templo Shaolin davam pouca atenção à vida ascética e
tampouco estudavam as escrituras budistas.
Sua rotina diária consistia em sentar de pernas
cruzadas em frente à parede, de maneira a acabar com
todos os pensamentos que os pudessem distrair, como
fora pregado por Bodhidharma.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
Longos períodos sentados causam obviamente grande
desconforto e é necessário que se levante para
restaurar a circulação.
Assim, as dezoito rotinas do Shaolin foram inventadas.
Pelos modernos padrões físicos, essas rotinas nada
mais são do que exercícios de aquecimento, mas
naquele tempo elas serviam como parte de um regular
desenvolvimento do regime Shaolin.
Assim surgiu o Kung Fu, inicialmente como uma série
de exercícios para melhorar a saúde e posteriormente,
como técnica de defesa pessoal.
A similaridade do Budismo com o Kung Fu.
O Kung Fu real é um estado de espírito, um
pensamento, uma cultura popular, uma filosofia prática,
um modo de viver.
Transformar seu conteúdo em palavras, é o mesmo que
descrever a lua para um cego.
O Kung Fu que pode ser explicado não é o Kung Fu
verdadeiro.
É como a definição do Tao, irrotulável.
Se quiséssemos reduzir o Kung Fu ao seu menor
denominador comum, ele se pareceria como que o povo
pensa que ele é – um método de defesa pessoal.
E, muito embora o combate pessoal seja uma parte
significaste da técnica, o Kung Fu se expandiu destes
estreitos limites há milhares de anos.
O principal responsável por tal transformação foi sem
sombra de dúvida o Budismo.
Foram os ocidentais que desvirtuaram a palavra Kung
Fu classificando-a simplesmente como arte marcial,
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
apenas um esporte, ou uma forma mortal de habilidade
de luta.
Nada poderia estar mais longe da verdade....
Kung Fu em chinês, no seu sentido original, é a
habilidade, a perfeição de uma ou várias artes.
Literalmente falando, homem suado, trabalho duro.
Segundo os ensinamentos de Confúcio, um verdadeiro
mestre de Kung Fu deve ser versado em filosofia,
conhecedor da medicina interna, ter disciplina, boa
conduta, harmonizar-se com o meio em que vive e
finalmente ser capaz de defender a si mesmo e aos
outros contra alguma espécie de ataque físico.
Além disso, o Kung Fu ajuda a manter um corpo
saudável, previne e cura doenças, fortalece a vontade,
aumenta a concentração, controla a mente, acalma o
espírito.
Considerar Kung Fu apenas um meio de defesa pessoal
é torná-lo falsa luz.
Contudo, o Kung Fu é chamado de Wushu pelos
chineses por mais de 5.000 anos.
‘Não podemos nos afastar de Kung Fu, do que
podemos nos afastar não é Kung Fu.”
Para aprender a ser bom se deve partir da
autorreflexão.
No Chawuyi, a sabedoria é uma ferramenta para
compreender e estar aberto à sabedoria dos outros e
também à de nosso “eu profundo”.
Na visão der Dejian um indivíduo possui não só um eu
subjetivo, que tende á autocomplacência, e um eu
objetivo, propenso a ser influenciado pelos desejos,
mas também, e mais importante, um eu real.
É a este último que devemos nos voltar.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
Aqui a regra é a mesma de parte das doutrinas
filosóficas e religiosas ocidentais: conhece-te a ti
mesmo.
Essa proposta moral é absolutamente anticonvencional.
O Chan, em sua essência, não se atém a regras
impostas e socialmente compartilhadas.
Sua ética é individual e se exerce de maneira
assimétrica: não está preocupada com quem é o outro
ou com o que ele nos dará em troca.
Orientações para a prática do Chanwuyi
Praticar é como comer; nós precisamos fazer isso todos
os dias.
Enquanto é muito difícil se aprimorar, é muito fácil
perder os ganhos.
Assim a persistência é um must na prática do Shaolin
Wushu e deve ser exercitada diariamente.
a vegetariana.
mente quando estiver praticando.
praticado ao caminhar, em pé, sentado ou deitado.
Desta maneira, não importa quem pratica, deve-se
manter a postura o mais natural e relaxada possível.
Apenas uma postura natural e confortável pode facilitar
a circulação do Qi.
seus pensamentos. Quando pensamentos ansiosos se
intrometerem na mente durante a pratica deixe-os ir
naturalmente. Apenas observe eles se dissiparem
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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naturalmente ou então se concentre em seu Dantien ou
outra parte do corpo.
respiração. Há duas maneiras de ajustar a respiração, a
“passiva” e a “ativa”. Respiração passiva “é respirar
naturalmente e devagar e observar cada respiração.
Concentre-se no Dantien quando inspirar e no nariz
quando expirar. Os chineses antigos a chamam de
“fogo brando”. Este tipo de respiração relaxa todo o
corpo e, em seguida, o cérebro. Na respiração “ativa”,
chamada de “fogo feroz” pelos antigos, é preciso
expandir o abdômen e curvar a parte inferior das costas
na inspiração e ao expirar contrair levemente a região
do períneo e o abdômen mantendo a boca fechada Isso
ajuda a aumentar a velocidade e a força da circulação
do Qi interno. As duas respirações se complementam: o
fogo suave ajuda a acalmar e induz o estado de mente
vazia; o “fogo feroz” treina o Dantien e o preenche com
Qi.
AS DEZ REGRAS BUDISTAS PARA O PRATICANTE
DE KUNG FU.
A expressão kung fu pode ser traduzida literalmente por
maestria, ou habilidade conseguida atraves de
trabalho...
Muito já sabemos sobre os fundamentos dessa
maravilhosa vertente de artes marciais, sabemos que
ela vem direto dos Templos ShaoLin
E tambem sabemos que eram ensinados os diversos
estilos de kung fu para o melhoramento da saude do
praticante.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
E assim sendo foram impostas dez regras que regiam
os treinamentos dos monges ShaoLin.
Obedecendo uma transcrição feita pelo Si Dai Kung
Marco Natali, apresentaremos essas dez regras que
funcionam até hoje como base para a criação de
normas em scolas de Kung fu, como é feito dentro de
nossa escola Dragão Guerreiro:
1 - O praticante de Kung Fu deve treinar sem
interrupção. Praticar a todas as horas do dia é um
velho conhecimento, sempre presente na vida dos
grandes ases do Kung Fu ou de qualquer outro esporte.
Conta-se que Bruce Lee durante suas aulas escolares
colocava as mãos sob a carteira e pressionava com
força para treinar os músculos do antebraço. Quando
assistia televisão à noite Bruce aproveitava os intervalos
comerciais para treinar os braços com halteres. Linda
Lee conta que quando ele tomava banho de chuveiro
ficava na posição Kin Nheung Mah do estilo Wing Chun
para treinar as pernas e os joelhos. São muito
conhecidas as artimanhas utilizadas por esportistas
famosos para incluir técnicas de treinamento nos
momentos mais comuns de seu dia-a-dia. O famoso
homem forte Charles Atlas, costumava carregar
tampinhas de garrafa e pregos em seus bolsos para
amassar e entortar entre os dedos enquanto viajava de
ônibus. Muitos jogadores de beisebol costumam levar
uma bolinha de borracha em seus carros e se dedicam
a apertá-las com as mãos enquanto esperam os
semáforos abrirem, dessa forma exercitando os
músculos do braço. O atleta Francisco José D'Urbano,
campeão brasileiro de Kung Fu em sua categoria,
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
costuma praticar flexões de calejamento entre uma e
outra aula ministrada na União Nacional de Kung Fu. A
superação é a marca do campeão, se você faz apenas
o que o instrutor manda, você jamais será nada além de
um medíocre lutador. "Certo jovem chinês, desejoso de
aprender as técnicas do Kung Fu Shaolin, submeteu-se
aos testes de admissão do templo e em seguida foi
encaminhado à presença do mestre. Diante do mestre
pôs-se a descrever sua ansiedade em tomar-se um
lutador poderoso, seus desejos com relação à Arte
Marcial, sua admiração pela arte de chutar, socar,
saltar, lutar, etc. Quando terminou de falar o mestre
permaneceu algum tempo em silêncio e depois lhe
explicou que o valor no Kung Fu não está na força e no
poder e sim no conhecimento. O garoto continuou a
insistir em sua admiração pelas técnicas de luta. O
mestre lhe contou a respeito de um touro que entrou em
uma loja de louça e pisoteou os vasos e as cerâmicas
finas, reduzindo tudo a cacos. O menino continuou a
elogiar as técnicas que havia presenciado e os
lutadores que havia conhecido. O mestre insistiu que as
ambições dele eram demasiadas e que se quisessem
aprender tudo aquilo, uma vida só não bastaria. Ele
respondeu que não tinha muito tempo, que tinha pressa
e que queria aprender mesmo que fosse umas poucas
técnicas. Mais uma vez o mestre o aconselhou a
meditar no touro da loja de louça fazendo-o ver que
podia se transformar nesse touro, e que acabaria por
destruir ao mundo a seu redor como o touro destruiu a
loja. Mais o jovem continuou a insistir mais e mais em
aprender as técnicas que desejava. O mestre então lhe
propôs uma última prova antes de ser admitido aos
ensinamentos marciais do templo. A prova consistia em
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
amassar uma folha de papel transformando-a em uma
bola e depois alisá-la novamente e recomeçar outra
vez, transformando-a novamente em bola e alisando e
prosseguindo assim até que o papel se reduzisse a
tiras; deveria então pegar outra folha e recomeçar. Esse
exercício deveria ser feito diariamente por doze horas,
durante três anos. Terminados os três anos o jovem
retornou à presença do mestre e este indagou: Praticou continuamente durante doze horas diárias
como lhe foi recomendado? - Sim; respondeu o jovem. Então pode ir embora - respondeu o mestre. - Seu
aprendizado terminou. O jovem ficou muito aborrecido e
decepcionado, pois tinha seguido à risca as instruções
do mestre. À custa de muito sacrifício tinha praticado
doze horas diárias e agora o mestre se recusava a lhe
ensinar o que tanto queria. Sentiu-se enganado e
culpou o mestre por ter lhe roubado três anos de sua
vida. Voltou para casa e assim que chegou, seu irmão
que estava no banho pediu-lhe que lhe esfregasse as
costas. Começou a esfregar as costas do irmão mas
teve que parar, pois descobriu que por onde passava
sua mão a carne se abria e jorrava sangue..."
2 - O praticante de Kung Fu deve usar suas técnicas
apenas para defesa pessoal. Uma pessoa que sabe
Kung Fu tem superioridade física sobre as pessoas que
não aprenderam técnicas de defesa pessoal,
independente de sua estatura e peso. O que você
pensaria se visse um adulto espancando uma criança?
Nessa mesma proporção, um praticante de Kung Fu
que use sua superioridade técnica para subjugar
alguém que desconheça as técnicas de defesa pessoal,
age como um adulto que espanca uma criança. Da
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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mesma forma que é de se esperar que um adulto não
abuse de sua estatura para infligir castigos físicos a
uma criança, também é de se esperar que um
praticante de Kung Fu não abuse de seus
conhecimentos técnicos para espancar qualquer
pessoa, seja adulta ou não, seja maior em estatura ou
não. Aliás, o Código Penal Brasileiro condena qualquer
pessoa que mate seu adversário usando golpes
desferidos com as mãos nuas, mesmo que o adversário
esteja armado. Os antigos afirmavam que o Kung Fu
tinha por objetivo transmitir ensinamentos de
autodisciplina e autoconhecimento, não devendo jamais
ser usado contra outro ser vivo (seja homem ou animal).
"O Rei Suan da dinastia Chou era um guerreiro valente
e muito poderoso. Certa vez ouviu falar do grande
Mestre Po-Kung-Hi e de sua grande fama; decidiu-se a
procurá-lo e medir suas forças com ele. Quando chegou
diante de Po-Kung-Hi perguntou-lhe qual era sua
especialidade, em que técnica era mais forte. Po-KungHi respondeu: - Posso arrancar a perna do gafanhoto e
impedir que a cigarra abra suas asas. Espantado, o Rei
Suan lhe disse: - Sou capaz de atravessar o couro de
um rinoceronte com um só golpe de meus punhos.
Como é que você, capaz de feitos insignificantes é mais
famoso do que eu?! Po-Kung-Hi respondeu: - Aprendi
de Tze-Shang-Chi, que era tão forte que jamais houve
outro lutador como ele, mas cujas proezas nunca foram
vistas por alguém, pois não gostava de se exibir." Um
dos melhores livros sobre Artes Marciais traduzido para
línguas ocidentais é o "Karate-Do My Way of Life", de
Gichin Funakoshi - o criador da palavra Karate. Nessa
obra o autor relata que quando estava com oitenta anos
foi surpreendido por um assaltante que tentou roubá-lo,
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
em um dia de chuva em que carregava em sua mão
esquerda um saco contendo uma lancheira vazia e
alguns livros, e na mão direita um guarda-chuva. Tal
fato ocorreu enquanto voltava para casa e caminhava
entre as estações Otsuka e Hikawashita, em Tóquio. O
marginal arrebatou-lhe o guarda-chuva das mãos e
tentou golpeálo com a ponta. Funakoshi agachou-se e
com a mão direita agarrou firmemente os testículos do
adversário. O guarda-chuva caiu no chão na hora e o
rapaz começou a gemer parecendo que ia morrer.
Funakoshi termina esse relato dizendo: "... Eu tinha feito
o que constantemente tinha dito a meus jovens
discípulos para nunca fazerem... Não me senti muito
orgulhoso de mim mesmo." Citado do "Karate-Do My
Way ofLife", Kodansha International, First Paperback
Edition, 1981 - Página 112. Essa pequena história
mostra a grandeza de Funakoshi, que foi um grande
artista marcial e que pregava a seus discípulos a
segunda norma budista.
3 - O praticante de Kung Fu deve respeito a todos os
mestres de Kung Fu e outras artes marciais e a
todos os discípulos que praticarem há mais tempo
que eles. A tradição do Kung Fu relata que as escolas
marciais da velha China eram administradas dentro de
um sistema quase familiar. O mestre era considerado
como um pai e sua esposa como mãe. Os alunos mais
antigos eram tidos como irmãos mais velhos e tratados
com todo o respeito. As pessoas que iniciavam o
treinamento juntas tratavam-se umas às outras como
irmãs. Os discípulos que entrassem depois delas eram
tratados como irmãos mais novos e mereciam toda a
atenção e prestimosidade. Dentro desse espírito de
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
fraternidade os outros mestres eram também
respeitados por seus conhecimentos e mesmo que dois
mestres não se dessem entre si, seus discípulos os
respeitariam igualmente e jamais fariam críticas ao
outro mestre. Foi esse respeito mútuo que garantiu a
sobrevivência do Kung Fu até nossos dias, e quando os
mestres de Kung Fu deixarem de se respeitar dessa
maneira, ou se permitirem criticar a outros mestres
diante de seus alunos, estarão contribuindo para o
desaparecimento do Kung Fu. "O discípulo Li certa vez
perguntou ao Mestre Shiu se tinha ouvido falar no
Mestre Pu Hao, cuja técnica era inferior e de origens
desconhecidas. Mestre Shiu respondeu que nunca
havia ouvido falar em Mestre Pu Hao, mas que
conhecia Mestre Hao, que era um mestre respeitável e
que, embora possuísse poucos conhecimentos
técnicos, contribuía muito para a preservação dos
verdadeiros conhecimentos do Kung Fu."
4 - O praticante de Kung Fu deve ser amigo de seus
colegas e demonstrar em suas atitudes bondade,
respeito e honestidade. Ser amigo de alguém,
principalmente de um colega de treinos, implica em
interessar-se genuinamente pela outra pessoa. Quando
somos amigos de alguém, nos interessamos por seu
progresso, nos entristecemos quando percebemos que
não consegue seus objetivos, nos sentimos felizes
quando vemos o sucesso que consegue alcançar. É
muito importante que o praticante de Kung Fu deixe de
ser infantil em seu comportamento com relação aos
colegas. O praticante infantil é aquele que perde um
tempo precioso criticando colegas de treino. O
praticante infantil adora corrigir os outros, sem dar a
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
devida atenção à correção das próprias falhas. O
praticante infantil quando se torna bom de luta, começa
a esnobar os colegas de treino, não os cumprimenta
mais, não responde a seus cumprimentos, toma
atitudes orgulhosas com relação a todos. O praticante
infantil não sabe substituir as fofocas que ouve pela
realidade que vê. O praticante infantil não compreende
que não é importante ser o melhor de sua escola. O
praticante infantil não compreende que a verdadeira
Arte Marcial não consiste em vencer aos outros e sim
em VENCER A SI MESMO. Vencer a si mesmo implica
em dominar os sentimentos de superioridade, os
comportamentos egoístas e substituir o desejo de ser
melhor que os outros pelo interesse sincero em ser
bondoso, amigo e leal com os companheiros, não só de
sua academia como das academias que ensinam estilos
diferentes do seu. Esse tipo de batalha é a mais difícil
de todas, mas a vitória final obtida com essa luta é a
maior de todas. "Nos tempos antigos havia dois
praticantes de Kung Fu chamados Li e Ping, que desde
crianças haviam praticado juntos, tendo se tomado
grandes amigos. Certo dia resolveram tatuar seus
braços com a mesma tatuagem como símbolo da
amizade que os unia, dessa forma se tomaram irmãos e
se juraram fraternidade enquanto vivessem. Devido a
razões de família, separaram-se e não mais se
tornaram a ver. Com o tempo tomaram-se adultos e
seguiram caminhos diferentes. Embora ambos
continuassem a treinar o Kung Fu com regularidade e
persistência, Li se tomou famoso comissário de polícia
enquanto Ping tomou-se um jogador. Uma ocasião Li foi
enviado a uma cidade distante para deter uma gangue
de traficantes que mantinha um cassino ilegal. Li invadiu
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
o cassino e enfrentou a todos os bandidos que lá
estavam, tendo vencido brilhantemente graças a seu
domínio do Kung Fu. Em seguida teve que enfrentar o
chefe da gangue que se ocultara em uma sala
especialmente reforçada. Com algum esforço Li
conseguiu penetrar na sala e enfrentá-lo. Quando
começou a lutar Li percebeu que se tratava de seu
grande amigo Ping, mas como cada um lutava pelo que
julgava ser seu dever brigaram durante horas.
Finalmente Ping conseguiu vencer a Li e quando o seu
amigo estava caído no chão ensanguentado, abraçou-o
fortemente e chorou muito. Como todo praticante de
Kung Fu conhece profundamente Acupuntura, Ping
tratou de seu amigo até que se recuperasse
plenamente. Quando Li já estava bom, Ping o
acompanhou e se entregou à justiça.
5 - O praticante de Kung Fu deve evitar demonstrar
suas técnicas, mesmo que para isso tenha que
recusar um desafio. Esta regra foi criada para impedir
que as técnicas do Templo Shaolin fossem aprendidas
por algum praticante de Kung Fu de outro estilo que as
poderia usar com propósitos menos elevados. Como
praticante de Kung Fu você se torna responsável pelo
que sabe e não deve transmitir seus conhecimentos
indiscriminadamente. Se você ensina o que sabe a
alguém e esse alguém faz mau uso do que aprendeu,
você é o responsável. Além do que, muitos praticantes
de Kung Fu transmitem seus conhecimentos não com a
intenção de ajudar seus discípulos, e sim com o desejo
de se sentir importante, por orgulho das técnicas que
aprendeu. "Antigamente vivia próximo ao lago ChingHai um jovem monge que possuía grande habilidade em
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Kung Fu. Sendo tão hábil na arte de lutar esse monge
era mais ou menos convencido e orgulhoso. Seus
colegas monges gostavam muito dele e por amizade o
advertiam que deveria controlar seu temperamento e
que essa sua habilidade pessoal não deveria tomar
conta de sua mente, havendo coisas muito mais
importantes na vida. Não sendo burro, o monge
compreendeu que seus amigos tinham razão e dedicouse a seus estudos, à leitura de livros de Filosofia e à
prática da meditação. No outono do ano seguinte,
realizou-se uma grande competição de Kung Fu em
Sagan-Ushu e o monge obteve autorização para
par¬ticipar dela. Chegando ao local das competições
enfrentou todas as classes de lutadores; desde outros
monges muito habilidosos em Kung Fu, a guerreiros de
terras distantes exímios praticantes de outras
modalidades marciais. Devido a sua grande habilidade
foi sagrado campeão e iniciou a viagem de regresso.
Quando já caminhava há algum tempo, encontrou um
lutador que o desafiou a lutar. Orgulhoso como estava
por ter vencido a todos no campeonato, o jovem monge
esqueceu-se da quinta regra e aceitou o desafio.
Lutaram durante várias horas, até que o monge
conseguiu vencer seu adversário mas, como havia
anoitecido e estava cansado depois de tanta luta,
decidiu dormir à margem do caminho. Com o raiar do
Sol reiniciou sua caminhada de volta ao monastério. Em
determinado momento foi reconhecido por outros
viajantes que o convidaram a almoçar com eles.
Quando terminou de almoçar um deles o convidou a
lutar. Sem poder recusar teve que enfrentá-lo. A luta
tomou-lhe apenas meia hora, mas atraiu espectadores e
assim que terminou de lutar um deles o atacou de
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
surpresa, fazendo com que tivesse que lutar de novo.
Nem bem liquidou com seu novo oponente, se agachou
para pegar sua bagagem, foi novamente desafiado e
nesse momento se recordou da quinta regra e dos
conselhos de seus colegas monges, percebendo que
onde quer que fosse sempre haveria alguém que o
desafiaria. À medida que lutava com o novo adversário,
percebeu que este não era tão bom quanto os
anteriores, o que lhe permitiu enfrentá-lo enquanto
pensava em tudo que estava acontecendo., Foi então
que os conhecimentos filosóficos que havia estudado e
as meditações que havia feito vieram a sua mente.
Chegou à conclusão que o EU INTERIOR era muito
mais importante que o EU EXTERIOR. Compreendeu
que as vitórias que tinha obtido agradavam apenas a
seu EU EXTERIOR, a seu EGO, a seu orgulho infantil.
Compreendeu que o Kung Fu era a arte de vencer
aquele impulso infantil de demonstrar aos outros sua
grande habilidade. Então passou a abrir a sua guarda, a
não defender os golpes do adversário e a deixar-se
vencer. Quando vencido foi ridicularizado e abandonado
por todos, que passaram a seguir o novo campeão.
Caído no chão e ensanguentado pelos golpes de seu
adversário, que para ele teria sido tão fácil de vencer, o
monge sorria feliz. Não queria mais ser um grande
campeão de Kung Fu, pois sabia que o caminho de sua
vida estava na meditação e no estudo. Com a derrota
aprendeu que o Kung Fu era o TEMPO DE
HABILIDADE para converter seu Eu em algo profundo e
muito grande. Sua habilidade continuava a mesma,
continuava apto a defender-se em alguma ocasião de
perigo, mas agora poderia sentir satisfação com outras
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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coisas além de sua capacidade de lutar. Apanhou suas
coisas e voltou ao templo."
6 - O praticante de Kung Fu jamais deve ser
agressivo ou ter maneiras rudes. O verdadeiro mestre
de Kung Fu deve se esforçar por ter um controle pleno
sobre si mesmo, evitando os comentários desairosos
sobre os outros mestres, evitando os desafios e os
comportamentos rudes e maleducados. "Vivia em uma
pequena aldeia chinesa o Mestre Chan, famoso por
seus conhecimentos do estilo Shaolin, do estilo Tong
Long, por sua habilidade nas técnicas dos Oito Deuses
Bêbados e pelo domínio da Palma de Ferro e das
dezoito armas chinesas. Em sua juventude havia sido
um invejoso, sempre caluniando outros mestres que
tinham conseguido mais fama que ele. Apesar de toda a
sua habilidade no Kung Fu, sua maior arma ainda era a
fofoca, a maledicência, o desprezo. Seus alunos, por
confiarem nele, acreditavam que tudo que dizia era
verdadeiro e passaram também a desprezar os outros
mestres. Esses outros mestres sabiam do procedimento
do mestre Chan, mas não lhe queriam mal,
simplesmente tinham pena dele. Quando os discípulos
desses mestres lhes perguntavam a respeito do Mestre
Chan, estes lhes respondiam que se tratava de um
mestre muito valente, pena que fosse tão infantil e não
soubesse respeitar a seus colegas. Alguns mestres
chegavam mesmo a recomendar sua escola a pessoas
que moravam próximas à sua região, recomendação
essa que Mestre Chan seria incapaz de fazer a respeito
deles. A valentia de Mestre Chan era muito grande.
Certa vez entrou sozinho na caverna de um grande urso
negro que assustava a população da vila, enfrentando a
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
fera e saindo de lá com ele morto. Certo dia estava
andando pela rua quando um ancião se aproximou dele
e lhe disse: - O senhor é um grande mestre e possui
habilidades espantosas, mas por que, ao invés de
perder tempo falando mal de outros mestres, o senhor
não enfrenta os três monstros que estão assustando o
povo? Mestre Chan estranhou a interpelação e
perguntou quais eram os três monstros. O ancião
explicou que havia um grande tigre rondando o povoado
e que já havia comido três homens. Mestre Chan pegou
suas armas e saiu em busca do tigre, matando-o a
golpes de lança e punhal. Voltou ao povoado, procurou
o ancião e lhe disse: - Já matei o tigre, qual é o próximo
monstro? O ancião lhe contou que havia uma grande
serpente que se ocultava no caminho da aldeia
atacando os viajantes. Mestre Chan pegou sua corrente
articulada e foi atrás da serpente, matando-a. Quando
voltou à aldeia perguntou ao ancião qual era o terceiro
monstro. O ancião respondeu: - Você é o terceiro
monstro. Mestre Chan ficou furioso e ergueu seu
poderoso punho para fulminar o pequeno ancião. Mas o
ancião continuou a falar: - Você é um grande mestre,
para você é muito fácil me tirar a vida, minha técnica
não é suficiente para enfrentá-lo, mas mesmo que você
me mate continuará sendo o terceiro monstro, pois sua
língua é ferina e venenosa e o mal que ela faz apaga
todo bem que sua arte consegue fazer. Mestre Chan
abaixou seu punho e foi-se embora, passou toda a noite
pensando, no dia seguinte juntou algumas roupas e
caminhou até a montanha onde meditou durante três
meses. Enquanto meditava na montanha reparou que
quando o vento forte derrubava os troncos vigorosos e
acariciava as folhagens flexíveis, a chuva matava a
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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sede dos dois. Compreendeu que a chuva era mais
sábia que o vento, e que todas as pessoas, boas ou
más, com grandes ou com medíocres conhecimentos,
continuavam a merecer a luz do Sol e a água da chuva.
Retornou à aldeia e o povo de lá ficou surpreso quando
viu que havia se modificado, suas maneiras eram as de
um homem cortês e se comportava com amabilidade
em relação a todos os outros mestres, mesmo com
aqueles a que julgava ser superior."
7 - O praticante de Kung Fu jamais deve comer
carne ou provar bebidas alcoólicas. Esta norma se
divide em duas partes, a primeira refere-se ao não
comer carne, a segunda ao não provar bebidas
alcoólicas; trataremos cada uma dessas partes de cada
vez. Mesmo apesar de certas pessoas, por não serem
budistas não julgarem que seja errado comer carne,
existem outras razões para não comê-la. Devemos um
certo respeito ao nosso corpo e afinal de contas, o
corpo é o instrumento de que nos utilizamos para a
prática do Kung Fu. Existem muitas razões para não se
comer carne e podemos situá-las em dois contextos
diferentes: o contexto espiritual e o contexto fisiológico.
Se você teve oportunidade de ver a série Kung Fu na
televisão deve ter reparado que Kwai Chang Caine, o
personagem principal, não comia carne. Nenhum
monge budista come carne, visto que um dos preceitos
do Budismo ensina a não fazer mal a ser algum. Esse é
um contexto espiritual envolvendo o ato de não comer
carne, que é adotado por centenas de escolas
filosóficas do mundo todo desde a mais remota
antiguidade. Se você não come carne está na
companhia de Alex Carrel, Are Werland, Bergson,
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
Bernard Shaw, Brandt, Buda, Cervantes, Darwin, De
Rose, Descartes, Diógenes, Éder Jofre, Einstein,
Epicuro, Epiteto, Gandhi, Jean Rostand, Jesus, Kant,
Krishnamurti, Lao Tse, Leonardo da Vinci, Maeterlinck,
Olegário Candeias, Ovídio, Pitágoras, Platão, Plutarco,
Rousseau, Ruskin, Russell, Ryner, Santaiana, São
Clemente de Alexandria, São Francisco de Assis, São
João Crisóstomo, Schoppenhauer, Schweitzer,
Sócrates, Spencer, Spinoza, Tertuliano, Thoreau,
Tolstoi, Voltaire, Weiss, William James, Zamenhoff, e
milhares de outros grandes homens. Portanto, seja
esperto, não coma carne. Veja bem que se você não
tem bom senso, não o forço a nada, se decidir continuar
a comer carne ou se decidir deixar de comê-la o critério
é seu, mas como verificará neste capítulo, existem
excelentes razões para deixar de comer carne. As obras
fundamentais das culturas mais espiritualizadas do
mundo condenam o consumo da carne. Citando o
Mahabharata: "Pode haver alguém mais cruel e egoísta
do que aquele que aumenta a carne de seu corpo
comendo a carne de inocentes animais? Aqueles que
desejam possuir boa memória, beleza, vida longa com
saúde perfeita, força física, moral e espiritual, devem
abster-se de alimentos animais. Virtude das mais
sublimes consiste em não matar animais. Quando se
pode obter facilmente tão copiosa quantidade de
alimentos daquilo que cresce espontaneamente na
terra, cometerás tão grande ato de crueldade como
matar animais para encher teu estômago e
experimentar um pequeno prazer do paladar? Compara
o homem que come com o animal que é comido. Um
goza o prazer de comer que dura alguns momentos e o
outro é desprovido de todos os prazeres da vida."
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
Citando os Vedas: "Não mateis nenhuma criatura viva,
seja por alimento, seja por prazer. Não se mate nenhum
animal para teu prazer, vê a harmonia na Natureza e
empresta tua mão auxiliadora a todas as criaturas vivas.
Todos aqueles que permitam a matança de animais,
assim como os que os matam, cortam, preparam,
vendam suas carnes ou as cozinhem, sirvam ou
comam, serão por igual considerados assassinos."
Citando a Bíblia: "Eis que vos tenho dado todas as
ervas que dão sementes, as quais se acham sobre a
face da Terra, e todas as árvores em que há fruto que
dê sementes; servos-ão para alimento." Gên.,1:29.
Citando as palavras de Gandhi: "Deveríamos comer não
a fim de agradar ao paladar, mas sim para manter o
corpo em bom funcionamento. Qualquer quantidade de
experiências é demasiado pequena e nenhum sacrifício
é demasiado grande para alcançara sintonia com a
Natureza. Há uma grande verdade na afirmação de que
o homem se transforma naquilo que come. Quanto mais
grosseira fora alimentação, mais grosseiro será o corpo.
O gosto se adquire, não nasce conosco. Nenhuma das
delícias culinárias do mundo chega ao deleite que o
apetite proporciona. Um homem faminto comerá um pão
seco com o maior prazer, ao passo que quem não tem
apetite recusa o melhor dos doces. Os alimentos devem
ser ingeridos como um dever, como um remédio, a fim
de sustentarmos o corpo e não exclusivamente para
satisfazer o paladar. Acho que ninguém, pelo que sei,
tem comido tanta fruta quanto eu. Vivi seis anos
exclusivamente de frutas, frescas e secas, e sempre
tive uma provisão bem abundante de frutas como parte
da minha dieta habitual. Para conservar a saúde as
frutas e os legumes frescos têm que constituir a parte
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
principal da nossa dieta. Muitas vezes me regalei
comendo folhas de nabo, de cenoura, de rabanete e de
amendoim. A fruta fresca é boa para comer, mas basta
uma pequena quantidade para regular o organismo.
Trata-se de um artigo caro e sua utilização excessiva,
pelos que têm mais recursos, priva os pobres e os
enfermos de um alimento de que necessitam mais do
que os abastados." Citando outros pensadores: “Os
vegetais constituem alimentação suficiente para o
estômago e no entanto o recheamos com vidas
valiosas" - Sêneca. "A Gula tem causado mais mortes
do que a espada." - Salomão. "Zaratustra, o sábio
profeta, só comia frutas." - Plínio. “Os antigos egípcios
preferiam morrer a profanar o ventre comendo carne.” Orígenes. “Os poucos filósofos vegetarianos fizeram
mais pelo bem da humanidade do que todos os demais
filósofos modernos.” - Nietzsche. “Os mesmos animais
que você não atreveria a beijar quando vivos, por nojo,
servem quando mortos, para que encha sua pança.” Paul Richard. “Pitágoras sentia tal compaixão pelos
animais que quando via um pescador puxando uma
rede comprava todos seus peixes para lançá-los
novamente à água, aproveitando para discursar às
pessoas que se encontrassem na praia sobre a
monstruosa atividade de matar animais e comê-los.” Porfírio. "A carne dos animais não nos foi dada como
alimento, por isso quando os matamos tornamo-nos
réus de crime de morte e expomo-nos a morrer do
mesmo modo, pois deixamos de ser humanos." Triptolemo. "Entre os que se alimentam apenas de
frutas, dificilmente se encontram ladrões, assassinos,
ditadores e aduladores, ao contrário do que acontece
entre os que comem carne." - Diógenes. "Nem um só
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
dos argumentos usados contra o vegetarianismo resiste
a um exame honrado e sincero." - Alexis Carrel.
"Reconhecer a verdade da doutrina de Jesus e não
proceder de acordo com ela, continuando a matar e a
devorar animais, é uma covardia e hipocrisia farisaicas."
- Carlos Brandt. "É da alimentação cárnea que derivam
todos os demais vícios." - Santo Agostinho “Um dos
maiores prazeres de Leonardo da Vinci consistia em ir à
feira comprar patos e outras aves para restituí-las à
liberdade.” - Giovanni Bollraffio. “É incrível que não se
encontre entre nós nenhum pregador que faça ouvir um
protesto contra o vergonhoso hábito de se alimentar de
carne.’’ - Voltaire. Agora que você teve a oportunidade
de apreciar o parecer de algumas das mentes mais
lúcidas da história da humanidade, vou citar trechos da
obra "Porque o Hindu é Vegetariano", de autoria de
Swami Abhedananda: "Porque se come carne? Por
necessidade de nutrição? Não; bastam-nos os vegetais,
cereais, legumes, etc. Por conveniência de saúde? Não
também; em média os vegetarianos são mais sadios
que a maioria dos comedores de carne. Porque então
se come carne?! Pelo hábito, transmitido de geração em
geração, por ignorância, por falso comodismo, por
displicência moral. Nos primórdios da humanidade a
agricultura era desconhecida e os povos nutriam-se de
frutas, nozes e demais produtos vegetais que
encontravam em abundância. Quando houve escassez
de frutas e nozes os homens passaram a comer de tudo
que deparavam ao redor. O problema da subsistência
premente antepunha-se ao da alimentação normal.
Nada sabendo do cultivo da terra e não dispondo mais
de produtos vegetais em quantidade suficiente as tribos
selvagens passaram a comer animais (aves, répteis e
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
insetos). Algumas pessoas acreditam que quem não
come carne fica fraco e indisposto para o trabalho,
faltando-lhes coragem e energia. Ê mais um engano. Já
ouviram falar dos "Sikhs", soldados indianos
vegetarianos, que são os combatentes mais fortes e
bravos do exército inglês? O regime vegetariano
proporciona grande resistência física e orgânica, além
de moderação no temperamento. Geralmente se
confunde temperamento agitado e violento com
coragem e força. Muita gente acredita que um tigre ou
um lobo sejam mais fortes que um cavalo, um búfalo ou
um elefante. Um tigre pode matar um cavalo, um búfalo
ou um elefante, sem todavia possuir a força muscular e
a resistência física que caracterizam os animais
herbívoros e que lhes possibilita carregar pesadas
cargas por longas distâncias. Um tigre pode matar até
um elefante, mas não consegue erguer troncos que
pesam centenas de quilos. Ferocidade é uma coisa e
força muscular é coisa bem diferente. Devemos saber
distinguir uma da outra. A fonte da força está no reino
vegetal; não na carne. Se comer carne é condição para
adquirir força, por que os que a comem preferem carne
dos animais herbívoros ao invés da dos carnívoros?
Entre os animais ocorre que os carnívoros são mais
irrequietos que os herbívoros. O mesmo ocorre entre os
homens: os comedores de carne são mais nervosos,
têm menos domínio próprio do que os vegetarianos. A
natureza calma, equilibrada e de autocontrole é sinal de
progresso espiritual, o que vem provar que o alimento
animal não é adequado ao desenvolvimento superior. Aí
está por que os comedores de carne acham tanta
dificuldade em concentrar a mente: para eles é
praticamente impossível meditarem na natureza
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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espiritual e divina do homem. Por isso os indianos que
conhecem os segredos da Espiritualidade opõem-se
absolutamente ao regime cárneo. Toda vez que
matamos qualquer animal para nossa alimentação ou
por prazer, somos egoístas. É por causa de um
egoísmo extremo que não reconhecemos os direitos
dos animais. Esta forma de egoísmo é a raiz de todos
os pensamentos e ações perversas. O que nos faz
egoístas e nos favorece o apego ao eu inferior é o mal;
o que nos liberta para o altruísmo é o bem. O que nos
fecha em nós próprios impedindo-nos de sentir a
unidade do espírito é a ignorância humana; o que abre
nossa vida espiritual e permite-nos contemplar a
Divindade dentro das formas animais é a Sabedoria
Divina." “Certa feita o Papa sentiu compaixão pelo rigor
das regras da Ordem dos Trapistas que proíbe que os
monges dessa irmandande se alimentem com carne.
Enviou então um emissário com o objetivo de autorizar
o Geral da ordem a revogar essa regra e a permitir o
consumo de carne uma vez por semana. Em resposta o
Geral da Ordem dos Trapistas enviou ao Papa uma
delegação de gordos frades que agradeceram a boa
intenção do Papa, mas rogaram que não introduzisse
nenhuma alteração em suas regras. Todos da comitiva
estavam muito bem nutridos e o mais novo deles tinha
83 anos..." Três diferenças fundamentais separam o
homem da abjeta confraria dos carnívoros, dos
necrófagos e dos carniceiros. A primeira delas é a
conformação da arcada dentária dos carnívoros e do
homem. Os dentes dos carnívoros apresentam-se
pontiagudos, alongados e com separação distinta entre
si. É óbvia a finalidade desse tipo de dentição: apresar,
rasgar e despedaçar a carne. Não se incluem entre as
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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finalidades dos dentes dos carnívoros o ato de triturar a
carne. Isso ocorre porque muito pouco da atividade
digestiva do carnívoro acontece na boca do animal. A
maior parte desse processo ocorre ao longo do
estômago e do tubo digestivo. É que outra das
diferenças fundamentais que separam o homem do
carnívoro consiste no tamanho da abertura da boca e
da garganta, que é bem diferente entre eles. Repare por
exemplo no cão; o tamanho de sua boca é
imensamente maior que a boca do homem, desde que
se tome por proporção relativa o tamanho de seus
corpos. E o pescoço? Você já reparou na proporção do
pescoço de um cão? Parte da razão desse tamanho
desproporcional (em relação ao resto do corpo), está no
fato que o cão possui uma grande abertura na garganta
(goela), que lhe permite engolir grandes pedaços de
carne sem triturá-los. Já o homem, que tem a seu dispor
uma abertura proporcionalmente menor, se vê obrigado
ao consumo sistemático de pequenos bocados de
alimentos. Daí a conformação de seus dentes ser mais
apropriada à intensa mastigação e trituração dos
alimentos, dando início a uma importante parte do
processo digestivo quando o alimento ainda está em
sua boca. Os carnívoros, tais como o cão, não
necessitam mastigar o alimento, apenas cortá-lo e
engoli-lo em grandes pedaços, quase que
imediatamente. Os caninos dos carnívoros são
alongados, fortes e pontiagudos; são usados para
prender e despedaçara carne. O exame da constituição
dentária do homem moderno revela que ele possui
todas as indicações de um animal estritamente
herbívoro. O estômago dos animais carnívoros possui
dez vezes mais ácido clorídrico, usado na digestão de
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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tecidos cárneos e ossos, que o do homem. A terceira e
mais importante diferença fundamental entre o homem
e os carnívoros está no formato e proporção do tubo
digestivo. É sabido que a carne se putrefaz com
facilidade, vai daí a necessidade de expeli-la com
rapidez antes que as impurezas que se originam no
processo de seu apodrecimento envenenem o
organismo do carnívoro. Os animais carnívoros têm os
intestinos relativamente curtos, para que a carne
ingerida não permaneça dentro deles muito tempo. Ao
passo que o homem possui intestinos finos e
alongados, as divisões do intestino grosso do homem,
em cólon ascendente, transversal e descendente, curva
sigmóide e reto, encontram-se apenas em alguns
primatas. Além do mais, a disposição interna do tubo
digestivo forma no homem como que pequenas bolsas,
onde o alimento fica retido por mais tempo do que seria
saudável se fosse carne. Em poucas palavras:
carnívoro ingere a carne e pouco tempo depois a
excreta, livrando-se em tempo das substâncias nocivas
geradas por seu apodrecimento. Ao passo que o
homem, considerando-se entre outros fatores o
tamanho de seus intestinos, demoraria muito mais para
excretar os resíduos da carne, permitindo dessa forma
que elementos perniciosos fossem absorvidos. Outra
diferença que distingue os animais carnívoros dos
animais vegetarianos é o mecanismo de transpiração.
Os carnívoros permanecem em suas cavernas durante
o dia e saem para caçar ao anoitecer, não possuindo
glândulas sudoríparas em sua pele (transpiram através
da língua), ao passo que os animais herbívoros, como o
homem, o cavalo, a vaca, a zebra, o antílope, etc.,
permanecem sob o sol para colher seus alimentos e
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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portanto suam através da pele. Outro detalhe
interessante é que os herbívoros sorvem a água que
bebem sugando-a com a boca, ao passo que os
carnívoros a ingerem com a língua. A aqueles que se
espantam com a importância que dei à permanência da
carne no organismo humano, aconselho a seguinte
experiência: Ingira uma colher de caroços de mamão e
verifique em suas fezes o tempo que demoram para
serem excretados. Não me espantaria se alguns de
vocês verificassem surpresos que os caroços só
começariam a aparecer nas fezes cinco, dez ou mesmo
quinze dias depois de ingeridos. Agora experimentem
deixar um pedaço de carne sobre uma mesa durante
cinco, dez ou quinze dias e vejam o que acontece (é
bom lembrar que a temperatura do corpo é bastante
superior à temperatura ambiente, de modo que o
apodrecimento é ainda mais rápido). Acho que as
conclusões a que chegou são bastante óbvias - deixo
ao bom senso a decisão a tomar. Lembre-se: "Não
tomar uma decisão também é tomar uma decisão." O
Dr. Mac Callum, eminente patologista, especialista em
pesquisas sobre toxinas produzidas pela putrefação
intestinal, declarou o seguinte: "A função do colón é
transportar e descarregar os resíduos inócuos de uma
alimentação imputrescível. Restos pútridos de carne
transformam o colón numa larga porta por onde um
exército de substâncias tóxicas penetra na corrente
sanguínea, tornando-se causa de degeneração e
moléstia em todos os órgãos do corpo, causando, entre
outras, arteriosclerose, cirrose hepática, algumas
formas de nefrites, anginas do peito e demência senil.
Causam perda de eficiência ao fígado e ás glândulas de
secreção interna, ocasionando acúmulo de venenos no
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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sangue, endurecimento das artérias, mudanças
degenerativas nos nervos, nos músculos, no coração e
outros órgãos, além de menor resistência vital e
senilidade prematura." A área de terra utilizada para
produzir colheitas para o consumo humano, alimenta
proporcionalmente catorze vezes mais pessoas do que
quando é utilizada para produzir alimento para animais
que, por sua vez, serão abatidos e utilizados como
alimento. O animal que se alimenta com as plantas
produzidas num acre de terra, até chegar na idade de
abate, terá consumido 800 mil calorias produzidas por
essas plantas e seu cadáver irá fornecer apenas 200 mil
calorias. Tais fatos demonstram que, em termos de
produção alimentar é um imenso desperdício
econômico e social investir-se na produção da carne ao
invés de fazê-lo em plantas comestíveis. Quanto ao teor
protéico, sabe-se que o cadáver do animal nos devolve
apenas uma pequena parcela das proteínas que ingere,
na forma de carne. Veja as tabelas abaixo: Quantidade
de proteína consumida na alimentação dos animais,
comparada com a quantidade que eles devolvem como
alimentação humana em leite e carne, bovina e suína.
PROTEÍNA CONSUMIDA PELOS ANIMAIS 100%
PROTEÍNA DEVOLVIDA NA FORMA DE LEITE 23%
PROTEÍNA DEVOLVIDA PELA CARNE DE PORCO
12% PROTEÍNA DEVOLVIDA NA CARNE BOVINA
10% Calorias (combustível alimentar) consumidas na
alimentação dos animais, comparadas com as calorias
que eles devolvem como alimentação humana em leite,
ovos e carne. CALORIAS CONSUMIDAS PELOS
ANIMAIS 100% CALORIAS DEVOLVIDAS NA FORMA
DE LEITE 15% CALORIAS DEVOLVIDAS EM OVOS
7% CALORIAS DEVOLVIDAS EM CARNE 4%
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Podemos concluir facilmente que comer carne é um
absurdo fisiológico; produzir carne para o consumo é
economicamente e socialmente inviável, constituindo-se
em fator agravante da fome mundial, pois utiliza área
útil ao plantio, reduzindo em 14 vezes o potencial dessa
área no que tange às possibilidades alimentares que
ofereceria caso fosse utilizada para plantas comestíveis.
Jean Mayer, nutricionista de Harvard, calcula que
reduzindo-se em 10% a produção de carne, se
produziria cereal suficiente para alimentar 60 milhões de
pessoas. É alarmante saber que 80 a 90 por cento de
todo cereal produzido é usado para alimentar animais
de corte. Os cientistas afirmam que é o consumo de
carne a maior causa da fome em nosso planeta. A
carne é o alimento mais antieconômico que o homem
consome, visto que o custo de meio quilo de proteína da
carne é VINTE VEZES mais alto do que o da proteína
vegetal igualmente (ou mais) nutritiva. Sem falar que
(segundo as tabelas que acabou de ver) das proteínas
e calorias com que são alimentados os animais de
corte, apenas 10% são recuperadas no consumo da
carne. Um acre de terra usado para criação de gado
fornece apenas 450 gramas de proteína, ao passo que
essa mesma área usada para a plantação de soja
produz 7.700 gramas! Isto significa que, enquanto
milhões de pessoas do mundo estão morrendo de fome,
os carnívoros estão estragando vasta quantidade de
terras, água e cereais para produzir a carne que
consomem. Muitos cientistas dizem que a solução para
a crise de alimento no mundo é gradualmente substituir
a dieta carnívora pela dieta vegetariana. Diz Pinkus: "Se
fôssemos vegetarianos eliminaríamos a fome do
mundo. As crianças nasceriam e cresceriam bem
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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nutridas e viveriam uma vida mais saudável e mais feliz.
Os animais seriam livres para viver naturalmente como
crianças selvagens e não forçados a reproduzir
artificialmente, para serem engordados com o alimento
que pessoas famintas deveriam estar comendo e serem
em seguida mortos para agradar o paladar dos
carnívoros responsáveis por esse estado de coisas."
Compare as seguintes informações: CARNÍVOROS
SERES HUMANOS 1) Com garras Sem garras 2) Sem
poros na pele; transpiram pela língua para resfriar o
corpo Transpiram através de milhões de poros na pele
3) Dentes caninos frontais afiados para dilacerar a
carne Ausência de dentes caninos frontais afiados 4)
Glândulas salivares pequenas na boca (não
necessárias para pré-digerir frutas e cereais) Glândulas
salivares bem desenvolvidas, necessárias à prédigestão de cereais e frutas 5) Saliva ácida; nenhuma
ptialina para pré-digerir cereais Saliva alcalina com
muita ptialina para pré-digerir cereais 6) Ausência de
molares para triturar os alimentos Molares para triturar
os alimentos 7) Ácido clorídrico no estômago para
digerir músculos animais, ossos duros, etc. Ácido
estomacal vinte vezes mais fraco do que o dos
carnívoros 8) Comprimento dos intestinos de apenas
três vezes o tamanho do corpo, a fim de eliminar
rapidamente a carne em estado de putrefação
Comprimento dos intestinos de doze vezes o tamanho
do corpo, pois as frutas, cereais, legumes, etc. não
apodrecem tão rapidamente e, portanto, podem ser
eliminados do corpo mais lentamente Quando você
come carne se torna responsável pela fome no mundo,
pela morte de milhares de crianças desnutridas e pelo
desespero de mães que não têm culpa pelo apetite
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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voraz e necrófago que o domina! Pense a respeito, aja
com a dignidade de um ser humano. Como você pode
se permitir ter uma mãe e um pai, ou mesmo ser uma
mãe ou um pai para uma criança se você assassina a
mãe e o filho de outras pessoas apenas para satisfazer
seu paladar hediondo? Não seja covarde, enfrente e
domine seu apetite! Com a palavra o Dr. Owen Parrett:
"Nos últimos cinquenta anos escolhi uma dieta que não
inclui carne (nenhum tipo de carne, nem mesmo de
peixe ou galinha). Amo a vida e desejo viver tanto
quanto possível. Os dias que correm são agitados e
significativos e desejo saber o que está para acontecer.
Já passei da idade bíblica dos setenta e sou grato a
Deus pelo fato de ainda considerar os dias por demais
curtos para tudo que desejo fazer. Ainda mantenho
como médico uma satisfatória clientela e gosto de me
entregar a outras atividades, mesmo que durante os
poucos minutos que me sobram livres todos os dias. A
maioria de meus pacientes com a minha idade está
aposentada, porém não tenho intenção de aposentarme tão cedo. Depois de estudar cientificamente e
observar a doença e suas causas durante muitos anos,
cheguei à convicção de que se eu tivesse comido carne
durante minha vida, estaria agora muito decrépito para
poder exercer a prática da Medicina. Um médico deve
estar em condição de pensar claramente e ter reserva
de resistência e energia nervosa. O finado Dr. Alexis
Carrel, ganhador do Prêmio Nobel em 1912,
reconheceu que a eficiência das células em prover
nutrição e eliminar resíduos era o que determinava o
envelhecimento dos tecidos. Ele prolongou a vida de um
pedaço de coração de galinha banhando-o em um
líquido nutriente que também eliminava o resíduo. Tanto
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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sucesso alcançou ele que o pedaço de coração de
galinha foi mantido vivo desde 1913 a 1947. Depois de
34 anos foi atirado em uma fossa, onde morreu. O Dr.
Carrel provou que a duração da vida depende em
grande parte da eliminação de resíduos e da nutrição
das células. Se pudéssemos regularmente eliminar
todos os resíduos de nosso corpo e propiciar-lhe
nutrição adequada, poderíamos facilmente desfrutar de
vida longa. Se o líquido que banha nossas células
estiver carregado com resíduos a vida será encurtada.
A Bíblia revela que dez gerações antes do Dilúvio o
homem vivia em média 912 anos. Após o Dilúvio o
homem começou a comer carne, o que encurtou a vida
das dez gerações seguintes para uma média de 317
anos. Há alguns anos, o Dr. Irving Fisher, professor da
Universidade de Yale, provou que quando atletas
VEGETARIANOS principiantes competiam com os
melhores atletas dessa Universidade, esses novatos
possuíam mais que o dobro da resistência dos atletas
que comiam carne. Johnny Weismuller, o Tarzan dos
filmes e campeão mundial de natação havia, enquanto
vegetariano, batido 56 recordes mundiais, depois disso
passou a se alimentar de carne devido à insistência de
seu treinador que julgava a dieta vegetariana
insuficiente em proteínas. Enquanto carnívoro, apesar
de seus grandes esforços e de sua participação em
inúmeras competições, não conseguiu quebrar mais
nenhum recorde durante um período de cinco anos.
Como os anos haviam se passado e não mais havia
conseguido nenhum outro destaque na prática desse
esporte, todos julgavam que já havia dado tudo que
tinha para dar. Foi então que Weismuller trocou de
treinador e voltou a uma dieta vegetariana, que depois
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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de algumas semanas o levou a bater mais seis recordes
mundiais. Por que isso? A carne contém resíduos que o
animal deveria ter eliminado. Uma pessoa que come
carne carrega-se com resíduos da carne - quando
esses resíduos atingem as células do corpo provocam
fadiga e envelhecimento. Entre os produtos residuais do
corpo destacam-se a uréia e o ácido úrico. O bife
contém cerca de dois gramas de ácido úrico em cada
quilo. Quando a carne é cozida os resíduos se
apresentam como um extrato solúvel em forma de caldo
de carne que muito se assemelha à urina quando
analisado. Essa presença do ácido úrico explica o
rápido aumento de energias que a carne parece dar,
exatamente como no caso do café. O ácido úrico muito
se assemelha â cafeína em seus efeitos sobre o corpo.
A carne sólida leva várias horas para ser digerida e
durante esse tempo o estimulante desaparece
manifestando-se então uma diminuição de energia.
Outro perigo a que se expõem aqueles que comem
carne é a doença no gado. A esposa de um capataz de
um grande rancho contou-me que uma das novilhas
contraiu pneumonia, o que fez com que fosse conduzida
rapidamente a um matadouro e retalhada para venda. O
Dr. John Harvey Kellog disse, ao tomar parte de um
jantar vegetariano: "É confortador fazermos uma
refeição e não termos de nos preocupar com o que
possa ter causado a morte do nosso alimento." Um
amigo me contou que sua esposa compareceu a um
banquete e pediu um prato vegetariano; a seu lado
estava um homem que também pediu um prato
vegetariano. Este lhe perguntou: - Desculpe-me, mas a
senhora é vegetariana? - Sim - respondeu ela - e o
senhor? - Não - retrucou o homem - sou fiscal de
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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alimentos. Ninguém melhor que os fiscais conhece o
número das doenças entre animais sacrificados para a
alimentação. Quando eu era estudante de Medicina os
professores nos davam provetas para serem usadas no
cultivo de bactérias que provocam doenças humanas
como a febre tifóide e a peste bubônica. Mandavam-nos
preparar caldo de carne, colocar um pouco em cada
proveta e contaminá-lo com essas perigosas bactérias.
O caldo de carne era perfeito para esses germes e eles
se multiplicavam aos milhares. Li em meu compêndio
de Pediatria, de autoria do renomado Dr. Emmet Holt,
que se dois cães forem presos com correias e
alimentados um a água e o outro a caldo de carne, o
cão que se alimentou com água viveria mais tempo que
o outro. Isso porque o caldo de carne não contém
qualquer propriedade nutritiva se dele for extraída a
gordura, contendo porém resíduos urinários que
rapidamente envenenam o cão. A carne é o mais
putrefaciente de todos os alimentos, quando se
deteriora nos intestinos pode tornar a pessoa mais
seriamente doente do que qualquer outra espécie de
alimento. Este fato permite compreender por que os
membros de algumas tribos africanas raramente são
atacados de apendicite ou câncer, pois raramente
comem carne até se transferirem para as cidades onde
essas doenças se tomam comuns entre eles. Quanto ao
consumo da carne de aves, preste muita atenção a
estes fatos: Foi descoberto que o câncer nas aves
domésticas apresenta várias formas. Além da forma
usual em que os tumores cancerosos são encontrados,
há uma forma transmissora em que a ave pode viver de
maneira natural, sem o menor sinal de câncer, embora
seja capaz de infectar outras aves. Esta forma de
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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câncer é tão difícil de descobrir que a única maneira
pela qual os pesquisadores podem finalmente
determinar se uma ave contraiu a doença é incubar um
ovo da ave suspeita durante quatorze dias. Depois
dessas duas semanas a casca é esterilizada, o ovo é
cuidadosamente quebrado, sendo removido o embrião.
Do embrião é retirado o fígado, sendo injetada uma
pequena porção do mesmo em outra ave. Caso se
forme um tumor canceroso no local da inoculação sabese, então, e somente então, que a ave que pôs o ovo
está com a doença. Praticamente não existe a mínima
possibilidade de que um Fiscal de Alimentos isole todas
as aves enfermas e muito menor probabilidade de que o
consumidor esteja apto a fazê-lo quando escolher
frangos para si mesmo e sua família. Tão generalizada
está a doença entre as aves abatidas para consumo
que o Dr. Eugene Oakberg escreveu em um jornal: "As
conclusões a que chegamos deve considerar a
possibilidade de que todas as aves domésticas
apresentam lesões microscópicas básicas do linfoma."
Isto está em conformidade com a declaração de Ellen
G. White: "As pessoas estão continuamente comendo
carne que está cheia de germes da tuberculose e do
câncer. A tuberculose, o câncer e outras doenças fatais
são assim transmitidas." O Dr. Newburg, da
Universidade de Michigan, técnico de nutrição das
forças armadas, durante a última guerra criticava muito
a dieta cámea dos soldados americanos. As autópsias
efetuadas nos corpos dos soldados coreanos mortos
em batalha não apresentavam endurecimento das
artérias. As razões: a dieta coreana fundamentava-se
em vegetais e cereais. Uma preocupação médica muito
comum é como as pessoas poderão absorver proteína
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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suficiente se não comerem carne. O Prof. Rose da
Universidade de Illinois, considerado uma grande
autoridade mundial no campo da proteína, diz que:
"Menos de vinte e cinco gramas por dia é tudo que a
pessoa necessita." Se um homem não comer carne,
nem ovos, nem leite, ainda assim absorverá a média de
83 gramas de proteína por dia. O Dr. Register e o Dr.
Hardinge, ambos atuantes no campo da nutrição
humana, afirmam que o consumo de frutas variadas
fornece proteína suficiente para satisfazer as
necessidades do corpo. A evidência prova que a carne
é um fator desnecessário no programa de alimentação e
pode introduzir no corpo substâncias capazes de
aumentar as doenças crônicas, as infecções e as
moléstias degenerativas. Durante a Primeira Grande
Guerra, em 1918, a Dinamarca ficou bloqueada por mar
e por terra, passando por grande falta de alimentos.
Criar gado para o abate seria estúpido, pois
representaria uma perda de 90 por cento do alimento
ministrado para sua engorda. O Dr. Hindehede, notável
autoridade em nutrição foi chamado urgentemente pelo
Rei da Dinamarca para achar uma solução para o caso.
A nação foi colocada em um regime sem carne durante
um ano. Muitos médicos julgaram que tal medida seria
calamitosa, mas os efeitos provaram ser altamente
benéficos, propiciando um recorde mundial no índice de
mortalidade baixa, diminuindo as taxas anuais de
falecimentos em 34 por cento, além de uma acentuada
diminuição no índice de doenças. O retorno à
alimentação cárnea no ano seguinte elevou o índice de
mortalidade ao nível anterior à guerra. Minha mesa é
abastecida com uma variedade de alimentos deliciosos
e a falta de carne jamais me preocupa. Depois de
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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estudar as doenças em animais no laboratório, o efeito
de uma dieta com carne em meus pacientes durante
muitos anos, seria realmente difícil eu passara comer
carne novamente. Estou plenamente de acordo com o
notável nutricionista da John Hopkins University, Dr.
McCollum, que expressou sua opinião de que qualquer
pessoa que decida eliminara carne de sua dieta sentirse-á muito melhor. Um dos fráteres da Fraternidade
Kung Fu me enviou uma fotocópia de um artigo de
jornal com o seguinte texto, que transcrevo a seguir: "O
País da Longevidade Quatro Mil Chineses com Mais de
Cem Anos O número de chineses com mais de 100
anos é de 3.765, dos quais 75 por cento são mulheres,
informa o diário de expressão inglesa "China Daily". A
região com maior número de centenários é Xinjiang, no
noroeste do país, onde a percentagem dos favorecidos
pelo Deus da longevidade é de 65 por cada milhão de
pessoas, acrescenta o jornal. A notícia indica que nessa
região os centenários tendem a ser vegetarianos,
cultivando a sua própria verdura e tendo começado a
trabalhar desde muito jovens. Os centenários
entrevistados consideram que o trabalho diário é uma
das chaves para preservar a saúde. A China, sociedade
basicamente rural e industrialmente pouco avançada,
tem cerca de 1.050 bilhões de habitantes e um dos
maiores índices de longevidade." Quanto à segunda
parte da sétima regra budista, os livros de Medicina
informam que a ingestão de qualquer bebida alcoólica,
mesmo em pequenas proporções, destrói os neurônios,
descalcifica os ossos, lesa as fibras nervosas e os
vasos cardíacos, irrita a mucosa gástrica, desarranja os
rins, elimina a vitamina B, diminui o oxigênio do sangue,
podendo, quando em grande dose, provocar a cirrose
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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hepática. Mas a questão da ingestão de bebidas
alcoólicas não é tão simples assim. Trata-se de uma
doença e deve ser encarada como tal. Na continuidade
de minhas pesquisas assisti algumas reuniões dos
Alcoólicos Anônimos e ouvi depoimentos de rara
intensidade emocional e rico conteúdo humano. Se
você ouvisse falar de uma doença que estivesse
atingindo nosso país e vitimando 4 milhões de pessoas,
afetando-as a ponto de torná-las loucas durante
algumas horas todos os dias, isso lhe causaria um certo
espanto, não é? Pois fique sabendo que o alcoolismo é
uma doença que provoca a loucura em determinados
períodos e que as pessoas vítimas dessa doença
prejudicam cerca de 20.000 pessoas no Brasil todos os
dias, afetando a vida social e empresarial desta nação
com custos incalculáveis. Segundo a A.A.A., a doença
do alcoolismo ataca uma a cada treze pessoas que
bebem e é a terceira doença do mundo em número de
mortes. Somente na cidade do Rio de Janeiro uma
estimativa situa a existência de trezentos mil
alcoólatras. Sabendo-se que cada alcoólatra afeta e
prejudica o comportamento de pelo menos cinco outras
pessoas em média, temos um milhão e quinhentas mil
pessoas prejudicadas diariamente só no Rio de Janeiro.
O alcoolismo é uma doença progressiva e, como tal, é
acionada pelo primeiro gole ingerido. Estive em
reuniões da A.A.A. ministradas em diferentes locais,
mas notei que estava sempre presente um pequeno
outdoor eletrônico que piscava de forma intermitente e
onde estava escrito: "Evite o primeiro gole." Outro
cartaz que está sempre presente diz: "Um é muito e mil
não é suficiente." Espantei-me da lucidez da sétima
regra budista que diz que não se deve PROVAR
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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bebidas alcoólicas. Se você provar, já tomou o primeiro
gole, não é? Diz também a A.A.A.: "Não adianta tentar
convencer um alcoólatra a largar a bebida, até que ele
mesmo reconheça a sua incapacidade perante o
álcool." O alcoólatra começa bebendo socialmente,
mais tarde passa a beber habitualmente e depois
começa a perder o controle e a beber sob qualquer
pretexto. Nenhum esportista que se preza ingere
bebidas alcoólicas e isso inclui os praticantes de artes
marciais, mesmo que os anúncios dos fabricantes de
bebidas mostrem o contrário na televisão. Não provar,
evitar radicalmente o primeiro gole é a melhor atitude
em relação ao álcool.
8 - O praticante de Kung Fu deve conter seus
impulsos sexuais. Quando analisamos esta norma
temos que compreender que ela foi estabelecida para
ser adotada pelos Artistas Marciais do Templo Shaolin,
que eram Monges e portanto haviam feito votos de
castidade. Em se tratando de pessoas comuns de
nossos dias, seria exigir demais impor a total
abstinência sexual, mesmo porque seria praticamente
impossível cumprir essa regra vivendo dentro do
mundo. No entanto, podemos observar que é comum a
prática de abstinência sexual entre os esportistas
profissionais, haja vista as famosas "concentrações"
dos jogadores da Seleção Brasileira. A energia sexual
quando contida por um ato da vontade pode ser
sublimada em realizações físicas (e/ou intelectuais) de
excepcional performance. Isso não significa que o
praticante de Kung Fu não deva permitir uma livre
expressão de sua sexualidade, e sim que deve manter
um controle sobre ela. O que se recomenda é que se
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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evitem os exageros que contribuem mais para tornar o
homem escravo de seus instintos do que senhor de si
mesmo. O relacionamento sexual deve ser encarado
com normalidade, não se deve atribuir-lhe uma
importância desproporcional e nem se deve permitir-lhe
que ocupe nossa mente a todos os momentos. É fato
notório que os grandes gênios de todas as épocas
possuíam intensa sexualidade e muitos autores
consideram a sublimação dessa sexualidade como um
dos fatores que conduziram esses homens a suas
grandes realizações. "Conta-se que dois monges
caminhavam às margens de um rio discutindo certos
pontos da Filosofia Budista, quando deles se aproximou
uma mulher e perguntou-lhes se não podiam carregá-la
até a outra margem do rio, pois não desejava molhar
suas vestes. Um dos monges, sem titubear, tomou a
mulher em seus braços e a levou até a outra margem,
depositando-a no chão, retomando à margem de onde
partira e continuando a discussão filosófica no ponto em
que havia sido interrompida, como se nada houvesse
acontecido. Diante dessa atitude o outro monge ficou
muito espantado e censurou o companheiro: - Você não
sabe que somos proibidos de nos aproximarmos de
uma mulher e que jamais podemos tocá-las ?! O outro
respondeu: - Eu a carreguei para o outro lado mas a
larguei lá, você continua carregando-a."
9 – O praticante de Kung Fu não deve ensinar as
suas técnicas a ninguém que não seja Budista. A
transmissão completa dos ensinamentos de um estilo
de Kung Fu é responsabilidade difícil que preocupa os
mestres conscientes de seus deveres. Evidentemente
que esta norma também deve ser interpretada, levando
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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em conta o sistema de valores vigentes em nossos dias.
Na antiguidade os mestres não se permitiam sequer
fazer demonstrações públicas. Deixavam isso a cargo
de seus discípulos. Fazer demonstrações em primeiro
lugar era sinal de certo orgulho pessoal, indigno de um
verdadeiro mestre. Em segundo lugar permitia que o
público aprendesse movimentos mais adiantados que
tinham que ser preservados. Alguns dos mestres mais
qualificados do Kung Fu moderno ainda atendem a
esse dever e raramente fazem demonstrações públicas.
Embora não se exija que os discípulos sejam budistas,
é de primordial importância que se verifique a lealdade
e o caráter de um praticante antes que se lhes permita o
aprendizado de técnicas mais avançadas. As pessoas
mudam com o tempo e os brasileiros em geral são
multo volúveis e emocionais, julgando seus mestres
pela opinião dos outros mais que por sua própria. A
violência é um fator marcante entre nosso povo,
mormente se observarmos que temos entre nós um dos
maiores índices de criminalidade registrado em todo o
mundo. Se um professor não for suficientemente
responsável na escolha de seus discípulos, acabará por
disseminar sua arte entre pessoas menos qualificadas
que perpetuarão a violência e a discórdia entre seus
alunos. Recomenda-se especial cuidado com
professores que falem mal de outros professores ou de
outros estilos. Em geral trata-se de pessoas que tentam
esconder nas críticas a própria incompetência. Essa
recomendação é especialmente verdadeira no que se
refere a fofoqueiros de origem chinesa. O fato de um
praticante de Kung Fu ser chinês não o transforma em
um mestre nem traz dignidade a quem não a possui
(mesmo que se auto-intitule mestre). Muitos estilos de
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Kung Fu desapareceram no passado devido a
dificuldade de se selecionar discípulos criteriosos que
os preservassem. Na intenção de preservar os
conhecimentos milenares do Kung Fu sem permitir que
um só elemento se tornasse depositário de toda a
técnica, o Templo Shaolin nunca ensinava todo seu
estilo a um só praticante, preferindo transmitir técnicas
parciais a cada discípulo, dessa forma assegurando a
unidade do Templo. O mundo se encontra num estado
caótico em que imperam a guerra e a violência. Aqueles
que moram nas grandes cidades não possuem mais a
liberdade de se moverem em segurança pelas ruas,
sem correrem o risco de um assalto ou de uma atitude
mais violenta por parte das pessoas que lá convivem. O
Kung Fu e as demais Artes Marciais são armas
poderosas que não devem ser colocadas nas mãos de
pessoas menos preparadas. Aquele que ensina apenas
as técnicas físicas do Kung Fu isoladas do contexto
filosófico e espiritual característico dessa arte, está
apenas demonstrando ser um medíocre que semeia a
violência no mundo. Que mundo estamos construindo
para nossos filhos se semeamos indiscriminadamente a
violência? Ê necessário que aprendamos a combater a
violência em sua origem dentro de nós, antes que ela se
manifeste através de nossos atos. Para isso temos que
compreender que o que nos torna violentos é o orgulho.
Estamos semeando a violência quando nos orgulhamos
do estilo de Kung Fu que praticamos, quando nos
orgulhamos do nosso Mestre, quando nos orgulhamos
de nossa técnica, quando nos orgulhamos de nossa
força física, quando nos orgulhamos de nossa
nacionalidade, etc. E por que isso? Porque quando
achamos que aquilo que sabemos é melhor que aquilo
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
que os outros sabem, estamos adotando um
comportamento de superioridade que impõe um certo
desprezo para com o conhecimento dos demais, e isso
é sinal de uma grande inferioridade nossa. Temos que
aprender a respeitar as demais pessoas, e isso inclui
aprender a respeitar o estilo e os padrões de
comportamento das demais pessoas. Esse aprendizado
de convívio harmonioso e tolerante é a marca do
praticante de Kung Fu amadurecido e idôneo. Quando
permitimos que a semente do orgulho penetre em nosso
coração, estamos abrigando o ódio e a discriminação
dentro de nós. Nesse momento o Kung Fu que
cultivamos cessa de ser uma expressão da arte e passa
a ser uma expressão da violência. E seremos piores
que aqueles de quem falamos mal, menores que
aqueles que expressam modalidades de Kung Fu
distintas da nossa. É muito fácil criticar, adotar um
comportamento desdenhoso com relação a outros
estilos e comportar-se de maneira orgulhosa diante dos
praticantes de outras modalidades. Isso é tão fácil que
qualquer idiota pode fazê-lo (e geralmente faz mesmo!).
É de se esperar que um praticante de Kung Fu tenha
mais dignidade e adote um comportamento menos
infantil. "Certa feita vários Mestres e seus discípulos
fizeram uma demonstração de Kung Fu. Como é usual
nessas ocasiões, os mestres se colocaram em fita
indiana e ingressaram no pátio onde seria realizada a
demonstração na ordem de sua antiguidade (Kung Fu =
Tempo de Habilidade). Porém um discípulo fanfarrão e
presunçoso adiantou-se e colocouse ao lado de seu
professor, ou seja, mais â frente que um mestre de
outro estilo que possuía muito mais tempo de treino que
ele. E passou a olhar o outro mestre com um ar de
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
superioridade como se possuísse o mesmo nível que
ele. O mestre o interpelou e lhe disse: - Cheguei onde
cheguei porque venci meu orgulho, ao passo que seu
orgulho venceu você."
10 - O praticante de Kung Fu tem que se imunizar
contra a cobiça, a agressividade e a fanfarronice.
Todos os comentários feitos na interpretação da norma
anterior são também válidos para a compreensão desta
norma. Nada mais ridículo que um artista marcial que se
preocupe com faixas, diplomas e carteirinhas de
estudante. Quantos atletas de grande potencial
encerram suas possibilidades por desistirem da
oportunidade de estudar com um verdadeiro mestre,
para se prenderem a outros "mestres" menos sérios
apenas por serem chineses ou por venderem diplomas.
Já dizia Bruce Lee que a faixa serve apenas para
segurar as calças. Uma pessoa que se dedica às Artes
Marciais deve possuir um desejo sincero de evoluir
tanto como lutador quanto como pessoa. Antigo
provérbio chinês diz que o maior guerreiro é aquele que
vence a si mesmo: só conseguimos vencer a nós
mesmos quando dominamos nossos impulsos de
orgulho, de fanfarronice, de querer ser mais que os
outros. A humildade é a marca do verdadeiro campeão.
Um campeão muito papudo é logo esquecido e seus
feitos diminuídos. Embora muito do desempenho
técnico do Artista Marcial dependa de sua dedicação
aos treinos, não devemos nos esquecer que o destaque
na Arte Marcial em geral é reservado a pessoas cujas
condições físicas hereditárias sejam superiores. Por si
só isso deveria ser motivação suficiente para que o
praticante dessas modalidades cultivasse a humildade,
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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visto que ninguém é responsável por suas condições
hereditárias. Nada mais honroso que ver o forte
protegendo o fraco, o poderoso socorrendo o oprimido,
o virtuoso amparando o débil. A preocupação do Artista
Marcial não deve ser tornar-se mais forte que os demais
nem vencê-los, e sim tornar-se mais forte diante de si
mesmo e vencer-se a si, ao invés de tentar vencer os
outros. Muitos já ouviram falar da pecadora que foi
atirada aos pés de Jesus para que fosse apedrejada
conforme ditava antiga lei mosaica. A resposta de Jesus
foi: "- Aquele de vós que não pecou que atire a primeira
pedra." Parafraseando a Jesus pergunto: Quem possui
suficiente domínio sobre si mesmo para que possa
presumir ser melhor que os outros? As vitórias do
mundo são sem valor, pois tudo fenece diante da morte;
aquele que é forte hoje será fraco amanhã; se os fortes
de hoje não ensinam com seus exemplos a proteção
dos fracos, quem os protegerá amanhã quando se
tornarem fracos eles mesmos? "Na Província de Hopei
viveu um camponês chamado Li-Ne-Jam que, apesar
de ser pobre e humilde, era um profundo conhecedor do
Kung Fu. Um dia foi assistir a demonstração de dois
famosos heróis, os irmãos Tai-Ling-Pang e Tai-LungPai, mas não se impressionou muito, pois percebeu que
sua própria arte era superior. Ao invés de fanfarronearse, guardou para si mesmo esses sentimentos e não
falou a respeito nem se exibiu. Um dos irmãos percebeu
que aquele camponês pobre e maltrapilho não se
impressionara com a exibição e o seguiu. Quando LiNem-Jam estava novamente trabalhando no campo,
aproximou-se por trás e o agarrou fortemente tentando
demonstrar toda sua força. Li-Ne-Jam o atirou ao ar
facilmente, arremessando-o longe. Surpreso com
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
tamanha habilidade, o homem se ergueu e perguntoulhe como o fizera. - Pura sorte, respondeu Li-Ne-Jam e
continuou a trabalhar..."
Como aplicaremos essas normas em nossa vida
prática, em nosso dia-a-dia?
Procure estabelecer um plano de trabalho visando a
adaptação destas normas à sua própria realidade.
Em 39 anos de prática de kung fu, tives meus altos e
meus baixos, afastei–me por um tempo do budismo , e
o reencontrei ...ou melhor , o budismo me reencontrou
...e posso assegurar que não há como separar o
budismo do kung fu, pois há uma interdependência
filosófica, ligada também á saúde física, mental e
espiritual.
Não pensemos em termos religiosos, como os
ocidentais tendem a classificar tudo, pensemos antes
em um conjunto de práticas disciplinares, um todo,
cheio de partes...as partes não podem existir, nem
coexistir isoladas, pois perderiam a essência primordial
do todo....e nós, enquanto praticantes de kung fu,
somos parte desse imenso todo.
Contribuição : Sifu Sandro Barbosa
nome : sandro lamim barbosa filiação : basílio da silva barbosa e
iricê lamim barbosa nascimento : 20 / 01 / 1970 idade : 46 anos rua
francisco frias rabelo , 65 bairro : marechal castelo branco cidade :
itaperuna estado : rio de janeiro cep : 28300-000 histórico : iniciei
no kung fu , em 1977 , no estilo shaolin do norte , na associação de
shaolin do norte , no bairro de laranjeiras , rio de janeiro , sob a
tutela do sifu alex takahashi kyama .em 1979 , comecei a treinar
viet vo dao , com mestre anselmo . em 1982 , fui para são paulo ,
onde conheci a antiga unk , e lá iniciei meus treinos em wing chun
kuen e chan tao chuan , com sifu marco natali , com quem treinei
até 1986 . voltando para o rio de janeiro , prossegui meus treinos
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
de kung fu com dr . wu chao hsiang , treinando os estilos
baguazhang e hsing i , na sua escola , que se situava na rua 7 de
setembro , centro do rio de janeiro . estilos nos quais me formei .
em 1990 , por conta do trabalho , pude viajar para vários países ,
estive então na venezuela e treinei os estilos fun chuan e wu lien
liban qwan , com sifu su yu - chang . estilos que também completei
, por volta de 1993 , reiniciei meus teinos no wing chun . como sifu
marco natali havia se aposentado , continuei meus treinos de wing
chun , na família moy yat , com sifu eduardo , e depois com sifu
alex , que infelizmente pararam de lecionar . treinei posteriormente
, informalmente na família moy ka , com sifu monnerat , e depois
treinei na família ma xung yi , famíla na qual fiquei até 2015 , e da
qual saí devido ao sigung da família ter ido para outra família . hoje
leciono kung fu na minha escola , mo kwoon tao zhi kuo ( escola do
perfeito equilíbrio ) - centro integrado de kung fu ( c.i.k.f ) ,situada
na rua francisco frias rabelo , 65 no bairro marechal castelo branco,
cidade de itaperuna , rio de janeiro. estilos de kung fu lecionados
na minha escola: - wing chun kuen - chan tao chuan - baguazhang
- hsing i - fung chuan - wu lien li ban qwan defesa pessoal
lecionada na minha escola : - chin na contatos : ( 22 ) 988524702 oi ( 22 ) 98888976 - vivo ( 22 ) 981663993 - tim e-mails :
[email protected] [email protected]
[email protected] face: sandro barbosa
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
A paciência como caminho
Por Robson Belli
Robson Belli, Marco Natali e alunos do Robson em
curso realizado em Londrina
Todos sabemos que nas artes marciais as coisas
não acontecem da noite para o dia, e existem diversos
estágios clássicos no desenvolvimento de um praticante
de artes marciais, e a falta de paciência e compreensão
do praticante acaba sendo um dos principais
empecilhos no desenvolvimento das pessoas em
nossos dias.
Vivemos dias que cada vez mais as coisas
acontecem de forma rápida, porem a formação e não
estou me referindo a tornar-se professor, e sim a
qualificação a nível qualitativo do praticante como artista
marcial em si, tem se tornado cada vez mais difícil,
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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afinal as pessoas não tem mais tempo para treinar por
10 ou 20 anos para se tornar faixa preta, sendo que em
outros lugares ele levaria 2 ou 3 anos se não menos.
Esta impaciência tem dificultado o caminho de
muitos praticantes, bem como o imediatismo dos dias
atuais, estão em direção diferente aos ensinamentos do
verdadeiro kung fu, mesmo porque, de fato não importa
o tempo em que a pessoa chega a faixa preta, o que
mais importa e a sua consciência de seu
desenvolvimento para portar um grau considerado
relevante para toda a sociedade.
Ser um mau faixa preta, o tornará uma chacota
entre outros praticantes, uma vergonha para a arte
marcial em questão e escola, bem como ao seu mestre,
portanto devemos nos voltar a meditação dos nossos
objetivos, buscando passar isso adiante a fim de que
isso possa contagiar a mente de todos os praticantes,
regras, normas, taxas, e todas estas outras coisas são
meios muito comuns que visam regular os praticantes,
porém, algo melhor seria investirmos em consciência e
bom senso.
Limitação do desejo através da consciência do que
é certo e das consequências futuras de nossa
impaciência, limitação de nossas ações baseados na
compreensão global de que nada em nossas vidas está
separado, e desenvolver a paciência dessa forma é
uma forma de compreender que devemos nos manter
disciplinados, pois, a disciplina ela não é conquistada
senão a cada dia, alinhados com os ensinamentos
antigos, olhando para o futuro, pois, sabemos que a
sabedoria vem da experiência, e experiência não pode
ser transmitida senão através de histórias, porem a
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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verdadeira sabedoria vem da vivencia, e esta demanda
tempo.
A sabedoria dos antigos mestres não lhes foi
ensinada senão pelo tempo, pois o objetivo final é a
grande recompensa, porem o trilhar é tão importante
quanto o objetivo, pois é neste trilhar, que chegaremos
ao objetivo, e somente por ele obteremos o prêmio final,
e este prêmio pode vir a ser reduzido se sua jornada
também for curta.
Ser aluno e difícil, eu sei, mas pense em como é
ser professor, mestre? Imagine por favor, um agricultor,
que antes de ver a planta brotar, tem de preparar a
terra, arando-a, preparando o caminho, o meio, então
ele fertiliza a terra, e espera a época certa então planta,
coloca a semente, aguarda a chuva ou pior tem de ele
mesmo criar a agua que abastecera a plantação, e
então, ele espera novamente que as sementes
respondam e venham a brotar, mas, ainda não acabou
o trabalho, surgem apenas os primeiros resultados, mas
o trabalho está longe do fim, ele não pode colher
imediatamente, ele tem de cuidar das plantas contra
pragas, doenças e outras coisas até que por fim chegue
o tempo da colheita, mas quanto tempo este agricultor
levou esperando, fazendo coisas para que no final ficase tudo bem? Agora imagine se em vez de um agricultor
estivéssemos falando de um mestre de artes marciais,
quanto tempo ele levou preparando o caminho que
agora você está trilhando, ele preparou tudo antes de
você vir, a academia, as técnicas, uniformes, então
quando você começa a desenvolver-se, você de forma
impaciente e arrogante, acha que sabe mais do que ele
e vai embora, troca de academia, porque na outra você
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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se formaria mais rápido, ou por que recebeu uma
proposta melhor do outro mestre, mensalidade mais
baixa, etc...
A falta de ética hoje infelizmente se torna mais e
mais comum, a decadência moral tanto dos alunos
quanto dos mestres de nossa era é comum de nossos
tempos, afinal somos seres humanos, e contamináveis
com ideias que muitas vezes não são ditas, mas estão
diretamente inseridas em nossa sociedade, meio, mas
uma boa sugestão se faz em buscar os conselhos dos
antigos, buscar o resgate de valores a algum tempo
esquecidos.
A paciência tanto dos professores quanto dos
alunos deve ser reforçada, a correta compreensão de
que ela e um dos pilares fundamentais para nosso
correto desenvolvimento em qualquer coisa nas nossas
vidas, mesmo no campo técnico, não é uma técnica que
você aprendeu hoje que funcionará amanhã, se faz
necessário treino, simulações, aplicações, dezenas,
centenas de vezes, as vezes até mesmo milhares de
repetições, para então dominar a técnica e isso
demanda tempo, tempo de pratica, tempo para digerir a
informação.
Apressar-se no desenvolvimento de algo e tornar
aquela coisa de certa forma mais fraca em algum
aspecto, como artistas marciais, devemos compreender
o poder da paciência, e seu correto uso aplicado tanto a
alunos como com relação a mestres, você alguma vez
refletiu pelo menos durante alguns minutos em que
mais paciência contribuiria em seu desenvolvimento
como artista marcial ou mesmo ser humano.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
As pessoas comumente dizem que não tiram tempo
para meditar, apesar de muitos dizerem que gostariam
muito de fazê-lo, pois bem, se você for uma pessoa
normal, responda para mim quanto tempo você passa
pensando em problemas, ou em coisas negativas, então
que tal, usar este tempo para meditar (pensar) a fim de
se tornar alguém melhor, observando a questão como
um todo e não somente seu lado amargo, busque
pensar em formas de solucionar problemas, através da
observação da questão como um todo distante, o que
você diria a alguém que lhe conta-se esse problema?
Tirar um tempo para meditar sempre se mostra
algo fantástico, fazer alguns exercícios respiratórios,
esvaziar-se da carga emocional, libertar-se do ego por
alguns instantes as vezes lhe permite ver mais longe e
com maior clareza, e com isso lhe mostra que bons
resultados podem se esperar de certas atitudes suas.
Busque sempre o caminho livre de atalhos, pois a
experiência acaba por muitas vezes sendo mais
gratificante que o próprio resultado em si, os tijolos de
nossas estruturas mentais são nossas experiências, e
são elas que constroem fundações solidas ou fracas,
que no futuro podem vir a condenar toda a obra, mesmo
que seja boa.
Aos alunos recomendo pensar que se o seu mestre
não lhe transmite mais conhecimento talvez ele esteja
esperando ver você desenvolve-o antes de te dar mais
coisas para pensar, talvez ele veja que você precisa de
algo, mas talvez ele mesmo esteja ainda procurando
para lhe dar, antes de progredir com seu treinamento,
pode também ser um teste.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Aos professores e mestres recomendo que não
deixem o aluno apenas pensando ou supondo coisas,
sejam claros, quando sentir que seu aluno aprendeu
muitas coisas, mas, precisa se aperfeiçoar nelas, deixe
claro isso a ele, e você verá ele se esforçar como louco
para se desenvolver, pois todo ser humano tem sede de
conhecimento.
Com relação a si mesmo, que tal tirar alguns
momentos do dia para uma meditação, contemplação,
nada acaba por ser mais gratificante do que se
descobrir bem apenas consigo mesmo, cuidamos muito
de nossa aparência ou mesmo de nossa imagem frente
as pessoas, mas que tal cuidarmos um pouco de nos
por dentro.
E acredite, você precisara de paciência para isso,
pois o ser humano é deveras resistente a mudanças
dentro de si, todos nos vemos como pessoas abertas,
conscientes, mas alguma vez você se deu o direito de
duvidar de si mesmo, de se questionar.
O desenvolvimento da paciência é algo fantástico,
pois veremos o mundo de forma mais lenta porem com
mais detalhes, poderemos apreciar melhor, mesmo a
comida, ao mastigar mais vezes.
Então imagine-se desenvolvendo a paciência no
tratamento com relação as próprias expectativas, tenha
calma, a vida sim parece curta, quando não
aprendemos apreciar os momentos adequadamente.
Outra questão de impaciência, muito bem tratada
na pratica do Taichichuan, porem um pouco ausente na
pratica de outras artes marciais pelo que posso
perceber e a ausência de uma filosofia que nos coloca
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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exatamente onde estamos, nos concentrando
exatamente no que estamos fazendo, vivendo o
momento integralmente, a cada respiração, buscando
aperfeiçoar mesmo que sejam nossos menores
movimentos.
Esse foco, essa concentração, esta dedicação ao
momento e o compromisso de não fugir do agora, esta
atitude de tratar o agora da melhor forma possível, não
pode senão ser uma forma de expressão da paciência,
e isso torna mesmo a fato de estar movendo os
membros e respirando uma experiência primorosa,
quase espiritual.
As artes japonesas como a arte do chá, ikebana,
origami entre muitas outras, dão foco extremo a isso, e
realmente pude ter experiências muito interessantes
neste campo, atingindo níveis de concentração
raramente experimentados por mim em situações
cotidianas, onde vivemos no piloto automático, e
queremos de fato ver o tempo passar cada vez mais
rápido.
O que estou de fato tentando lhe convencer neste
texto, e em buscar aprimorar-se no uso da paciência,
como um todo, e lhe mostrando as possibilidades que
podem ser alcançadas a nível de melhoria de vida,
dentro e fora do tatame, pois nosso tempo dentro do
tatame é relativamente curto comparado ao tempo que
somos “pessoas normais”.
E você trazer isso de dentro do tatame para fora
pode ajudar você a se tornar melhor em praticamente
tudo que decidir fazer, desacelere seu ritmo, concentrese mais, vivencie melhor suas experiências, de forma
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
mais agradável, e você verá que o tempo passara de
forma diferente, e você se lamentara pela sua
velocidade.
Liberte-se
da
ansiedade,
procure
pensar
observando o longo prazo, sei que este é outro
obstáculo não só para nossos tempos modernos, mas,
para nossa cultura, porém, tudo que vale a pena, de
fato leva um tempo, pense nisso.
Saber esperar, saber agir, estando presente, você
saberá os momentos de agir e entendera os momentos
de esperar, acima de tudo aproveite.
Robson Belli
Iga-Ueno, Mie, Japao
28 de abril de 2016 17:50
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Fundamentos da
Filosofia das Artes Marciais
Por Grão Mestre Dr. Leandro da Costa
Silêncio
Deve-se aprender a ouvir e aquietar a mente pois, muitos
artistas marciais, treinam em euforia e se tornam
indisciplinados na, pratica de treinar a arte marcial, pois as
artes marciais principalmente asiáticas como, Karate, Kung
Fu e Kickboxing Japonês, precisam de muita concentração
para que, os praticantes tenham, um entendimento realista
e espiritual do que estão treinando, o silêncio faz parte do
primeiro degrau do domínio espiritual do verdadeiro artista
marcial.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Relaxamento
O praticante marcial deve saber relaxar o corpo e a mente,
deve o mesmo sentir a sua força vital fluir normalmente pelo
seu corpo em um processo natual, de bem estar físico e
mente, pois no momento do relaxamento o corpo e a mente
se ligam com o espírito e os três em um só formam a força
que o artista marcial necessita para crecer em seus
rigorosos treinamentos.
Aprenda a relaxar sua mente e será um verdadeiro artista
marcial.
Estabilidade
A estabilidade do nosso ser é fundamental para, o artista
marcial pois, temos que preservar a base do nosso eixo
central do corpo para, nos desenvolvermos como mestres e
praticantes, nas artes marciais existem muitos confrontos
internos e externos, devemos buscar a nossa estabilidade
para, que possamos nos realizar por completo como artista
marcial.
Leveza
O corpo físico e mental deve estar leve, relaxado e suave,
devemos buscar nossa energia interior para nos sentirmos
fortes e firmes, todos nós temos a nossa própria força
interior, a desenvolvemos para a plenitude de nossos
movimentos marciais em total dinâmica. Busque sua leveza
marcial.
Concentração e Meditação
Muitos mestres de artes marciais chegam neste titulo sem ,
conseguir atingir este estagio de concentração pois, muitos
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
vêem as artes marciais somente como luta e não como
filosofia de vida, muitos desistem de continuar por se
decepcionar consigo mesmo, pois a virtude maior do artista
marcial é atingir o próprio equilíbrio de concentração e
poder meditar para o seu autocontrole emocional, podendo
transmitir serenidade e estabilidade a seus discípulos a,
partir da pratica correta das artes marciais.
Contatos com o, Grão Mestre Dr. Leandro da Costa,
praticante e estudante de artes marciais, karate, kung fu e
kickboxing desde 1984, Faixa Preta 9º Dan de Kickboxing
Japonês Seishingodokan, Faixa Preta 7º Dan de Karate de
Combate Bukeikoryu, Faixa Preta 6º Dan Karate Shotokan,
Faixa Preta 5º Dan em Defesa Pessoal (SAS), Primeiro
Mestre de Kickboxing Formado no Rio Grande do Sul, Grão
Mestre Doutor em Artes Marciais e Doutor em Ética, Mestre
em Filosofia Asiática, Filósofo Terapeuta, Registrado na
Associação Latinoamericana de Terapeutas reg. ALATE ter
0366, Profissional de Educação Física reg. CREF
004025/Rs, Faixa Preta Internacional Registrado e
Diplomado no Japão pela SKIF, FJMK e IKO, Estudante
de Kung Fu, Discípulo de Filosofia do DR. Marco Natali,
Presidente da Associação Garra de Tigre de Artes Marciais
- AGTAM, Instituto Brasileiro de Estudos Marciais – IBEM,
Confederação Brasileira de Kickboxing e Full Contact do
Brasil – CNKFB, End: Rua General Osório, 904 centro
Pelotas-Rs CEP: 96020-000, tel 53-9988-0938 – email,
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Tigre Branco Kung Fu
Wagner Ballak
Ni Hao Ma? Como vai você?
Meu nome é Wagner Ballak.
Sou um amante das Artes Marciais.
Em especial, do Kung-Fu Chinês.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
Hoje, vou contar a minha história como praticante “ad
infinitum” de um dos estilos de luta mais cativantes que já
existiu.
O melhor presente de aniversário da minha vida
Quando eu era criança, até os 12 anos, eu era bem
magrinho e levava a pior na rua.
E decidi acabar com essa condição, pedindo para meus
honrados pais me matricularem em uma escola de KungFu.
E fomos meu irmão, um amigo chamado Ricardo e eu.
E isso ocorreu no dia 30 de agosto de 1989, quando eu
estava fazendo aniversário de 12 para 13 anos.
Esse foi o melhor presente que já ganhei na vida.
Eu iniciei meus estudos nesta antiga arte em 1989, na
Associação Long-Teh (Dragão Aplicado) de Kung-Fu, do
ilustre e honrado Mestre Tsao A Po (nativo de Taiwan), no
município de Ubatuba, litoral norte de São Paulo.
O estilo chinês que Mestre Tsao trouxe chama-se Nam Pai
Shao Lin (Estilo Shao Lin do Sul).
Nesta época, eu pude contar com a orientação pedagógica
de 7 professores faixas-pretas, formados da primeira
geração.
Mestre Tsao, desde 1984, em Ubatuba, quando chegou de
Taiwan, desenvolveu o Wu Shu (Arte Marcial em Chinês),
além da ampla e vasta cultura chinesa: culinária, terapia e
massagem, Kung-Fu, Chi Kung e Tai Ji Quan (Tai Chi).
Além disso, Mestre Tsao veio ao Brasil também como
missionário de uma doutrina chinesa conhecida como Tao
(O Caminho).
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
Assim, permanece até hoje, como grande nome do
desenvolvimento da cultura no Vale do Paraíba e Litoral
Norte.
Só por curiosidade, Mestre Tsao também é empresário da
área hoteleira e sua pousada chama-se “Pousada Taiwan”
em Ubatuba, onde a Associação Long-Teh ainda
permanece viçosa como o bambu, funcionando no piso
superior.
Atmosfera daquele tempo: os treinamentos
Treinávamos em um verdadeiro templo chinês (onde era a
residência do Mestre Tsao.
Ele desenvolvia, com sua família, atividades terapêuticas
como massagens e Artes Marciais).
Havia um aroma de incenso inacreditavelmente sedutor,
mandamentos que permeavam nossa conduta enquanto
eternos pratoicantes de artes marciais.
eternos praticantes marciais.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
Havia a estante de armas, as flâmulas, os símbolos, o altar
para as cerimônias no fim de cada treino, tambor e
címbalos para a Dança do Leão (Wu Shi).
Não posso deixar de mencionar o imponente quadro do
General Kwan Kung (ou Guan Yu – 160 e 219 a.C – e seus
irmãos de guerra: Liu Bei e Zhang Fei.
Os grandes guerreiros chineses, idolatrados pelos
praticantes de Kung-Fu, indispensáveis em qualquer
estabelecimento que projeta cultura chinesa).
O fundador do estilo “Tamo” (Buda) estava no centro do
altar, entre incensários e decoração típica chinesa.
O exótico e sinistro “Chi Kung” Chi Kung
Chi Kung significa “trabalho de energia” ou “força vital”.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
Os asiáticos focam a energia contida no corpo e
conseguem direcioná-la para áreas específicas.
Com treino e ciência, é possível entender a prática velada
aos curiosos e iniciantes.
Mas, obrigatória aos iniciados.
No meu início, senti um frio na espinha.
Afinal, eu ficava impressionado demais com meus
professores arremessando sacos de pedras britadas, preso
por uma corda à viga do teto, e parando o saco com a
cabeça.
E vi que era isso que queria fazer também.
Os treinos de “Chi Kung” eram fechados e ninguém podia
assistir.
Eram treinos que aconteciam no templo (centro de
Ubatuba) às terças, quintas e sábados.
Eram chocantes ao simples olhar.
Os treinamentos eram voltados à respiração e à
autoflagelação do corpo com acessórios ou mãos nuas.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
Consistiam em golpear o próprio corpo com sacos de pedra
ou areia, bastões, sustentar o corpo sobre estruturas com
pontas de madeira, exercícios isométricos até que o corpo
tremesse e treino de resistência absurdo.
Batíamos, com energia e vigor, os punhos em variações
como garra, faca da mão, punho cerrado e costas das mãos
em um saco feito de tecido como “jeans” sobre uma mesa
de madeira.
Fazíamos flexões em caixas com areia grossa da praia até
que as mãos adquirissem calos enormes (traumatismos).
Batíamos as cabeças na parede em uma movimentação
cadenciada e controlada.
Corríamos do centro ao cais do porto, 5km de esforço para
ir, e 5km para voltar.
Corríamos e treinávamos no Morro do Matarazzo (na barra
da praia de Iperoig em Ubatuba, no centro).
Uma loucura.
Tínhamos apenas os domingos de folga!
Como resultado, o corpo se transformava em uma arma
que pudesse resistir a qualquer tipo de ataque.
Em apresentações, o que chamava a atenção era a
resistência surpreendente dos Professores aos “castigos”,
como sustentar pessoas sobre cabos de enxada pelo
pescoço, entortar lanças de ferro no pescoço e sustentar
um carro sobre o abdômen.
Além disso, havia o “homem de pedra”: geralmente havia 3
faixas-pretas.
Entre cada um deles uma pesada pedra.
O Mestre as quebrava com uma marreta até o último
homem.
Impressionante era o Mestre cortar uma cenoura sobre o
corpo de um faixa-preta com um machado afiado, sem
danificá-lo.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Isso era apenas uma parte do show. Lutas combinadas,
quebramento, destreza com armas e acrobacias faziam a
“festa”, com bastante gelo seco e canções chinesas.
Somente os monitores (segunda fase / primeiro grau,
equivalente a uma quarta faixa de graduação em outra Arte
Marcial), geralmente após dois anos de treino, poderiam
iniciar treinamento em Chi Kung.
Instrutores e Professores eram obrigados.
Após o treino, que levava 3 horas, havia um exercício
chamado “Wai Tan Kung” que era uma rotina de 12
exercícios que precediam o “Tai Ji Quan”.
Tudo isso formou um estilo sólido, inenarrável e
perplexamente mágico, com seus segredos que faziam a
pele arrepiar.
Espiritualidade e vida social
Em cada início de ano, participávamos de cerimônias como
o “Ano Novo Chinês”, cerimônias de chá e frutas.
E também, a “Cerimônia do Tao”, conhecida como “Curso
de Volta ao Céu”.
As cerimônias eram todas em Chinês, sendo traduzidas por
uma das filhas do Mestre Tsao, para o entendimento geral.
Sobre o idioma Chinês, os professores aprendiam e
repassavam aos alunos o máximo que pudessem sobre
cultura e disciplina da arte.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Imagens acima: receitas que o Mestre Tsao e sua família
passavam aos alunos graduados, após a Cerimônia do Tao.
Frequentemente em viagens para a residência de Mestre
Tsao e família em São José dos Campos, almoçávamos
com sua família (as delícias chinesas até hoje são
apreciadas e lembradas onde quer que eu vá) e
praticávamos o verdadeiro Kung-Fu, participávamos de
apresentações memoráveis e inesquecíveis.
Muitas apresentações em várias cidades onde estivemos
eram permeadas com muito gelo seco e músicas chinesas
que ainda ecoam em minha mente.
Além do aroma da culinária chinesa, carinhosamente
oferecida por Shi Fu Tsao e pela Sra. Lai (esposa do
Mestre) que era tão marcante e inebriante, ajudávamos a
família com afazeres, além dos treinos inesquecíveis.
Nunca mais as memórias desses anos maravilhosos
poderão se dissipar.
Por isso, tal sensação ainda é cultivada.
É por isso que treino com amor de um guerreiro, sedento
por conhecimento, sabendo que, a cada dia, nada
sabemos, podendo aprender muito mais, com humildade de
quem valoriza o ensinamento do Kung-Fu.
Aprendemos o verdadeiro valor da disciplina física, mental e
espiritual.
Posso dizer que foram uns dos melhores anos de minha
vida.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Até hoje, ao lembrar desse tempo, lágrimas escorrem dos
meus olhos, mas, são lágrimas de saudades de um tempo
lindo. Não são de tristeza.
Torneios e eventos
Participei de vários torneios, entre 1990 a 1993.
Em 1993, fui campeão do “2º Torneio Aberto de Artes
Marciais”, com três lutas (ver o vídeo abaixo).
Fui campeão de rotinas (katis) em eventos como o “TAF”,
entre outros.
Em São José dos Campos e em Monteiro Lobato (cidades
do Vale do Paraíba), realizamos muitas apresentações.
Porém, tudo era bastante regional, sem patrocínio.
Tudo foi realizado com dedicação esmerada de meus
professores e Mestre.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Exames de faixa
O que vou relatar aqui não é um conto qualquer.
Trata-se do rigor que muitas academias, hoje, evitam para
não perder alunos.
O exame dava arrepios.
Os alunos dependendo do grau, acumulavam rotinas: 15
exercícios (dos inícios dos treinos), 15 bases tradicionais (a
essência do Kung-Fu), Katis (cada grau exigia o Kati ou
Katis daquela fase), flexões de braço até aguentar,
abdominais até aguentar, sustentação abdominal
(isometria) armas brancas, chutes, idioma chinês e combate
com graduado.
Porém, o exame para instrutor ou faixa-preta não era algo
agradável nem de se ver.
Meu último exame ocorreu em 1993, o mês era dezembro,
às 3 da manhã.
Não me lembro do dia da semana.
Apenas sei que saí com meu irmão da academia e fomos
direto para a escola (eu estava no segundo ano do
colegial).
E a diferença: eram 6 Katis avançados (sem parar), 5
armas: Dai Dao (facão flexível), Shuāng jié gùn (nunchaku),
Gun (bastão), Mao (lança) e o San Cha Ji (tridente). flexões
de braço até aguentar, abdominais até aguentar, rolamento,
saltos, sustentação abdominal (isometria), chutes, idioma
chinês e combate com Lao Shi.
A última rotina: ficar na posição “ma-bu” (base do cavaleiro)
até não aguentar mais.
As pernas tremiam demais.
Eu suportei ficar 30 minutos.
Meu irmão suportou uma hora seguida. 4 horas de exame.
Hoje, nota-se que em qualquer momento de dificuldade,
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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muitos desistem de seu caminho e não conseguem chegar
à faixa-preta deste estilo.
Muitos acreditam que não é possível implementar
novamente este método, pois, não teria alunos para treinálo.
Porém, o Kung-Fu real é assim mesmo.
Com rigor sobre-humano.
Os finalmentes: a hora da mudança
Em 1994, após o fechamento da academia para reformas
(onde o Mestre Tsao transformaria mais tarde o antigo
templo em pousada), mudamos para um local
extremamente rústico, onde uma galeria comercial acabara
de ser locada para os treinamentos, com chão de
paralelepípedo.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Foi um dos momentos de mudança intensa e memorável.
Depois, mudamos para um galpão que era uma madeireira.
Logo, houve mais mudanças e em 1994, finalmente,
treinávamos em uma famosa escola particular, conhecida
como Taba.
Em 1995, eu deixei Ubatuba para iniciar minha vida
profissional em São Paulo.
Permaneci até a terceira fase / terceiro grau (Instrutor,
faltando uma faixa para a preta, equivalente à faixamarrom).
Agradecimentos especiais aos meus professores que
tiveram muita influência no meu desenvolvimento
marcial:
Kung-Fu: Mestre Tsao a Po, Milton, Marildo, Fernando
Uta, Gilmar Matsuoka, Davi, Mauro, Tsao Shu Ju (fila de
Mestre Tsao), Tsao Kuo Long (filho de Mestre Tsao),
Emerson e Adão Coelho.
Kickboxing / Boxe / Muay Thai e Contact Combat /
Bushi-Jutsu: Mestre Durval Netto e Mestre Drago.
Tae Kwon Do: Prof. Luiz (Kickers, SP).
Hap Ki Do / Hae Dong Kum Do: Mestre Reinaldo
Leonardi e Prof. Paulo Roberto.
Sem limites
Porém, em 1995, mudei-me com meu irmão para São
Paulo, onde trabalhávamos em uma empresa de Comércio
Exterior coreana.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Continuei meus estudos marciais e pratiquei um dos estilos
coreanos clássicos em 1996: o Tae Kwon Do, na Kickers
Tae Kwon Do Club (ver sequência do exame de faixa,
abaixo), no bairro do Campo Belo, zona sul de São Paulo.
Porém, sempre praticando o Kung-Fu em horários de folga.
Adquiri o grau amarelo e continuei até meados de 1997.
Em meados de 1998, voltamos para Ubatuba.
Reiniciei os treinamentos em Kung-Fu de forma mais
concatenada com outros tipos de treinamentos como
musculação e exercícios isométricos / calistênicos.
Em 2004, voltei para a cidade de São Paulo e trabalhei com
meu tio em uma empresa da área de publicidade.
Em 2005, comecei a trabalhar em uma multinacional
americana (Amway do Brasil) como Web Designer.
E iniciei meus treinamentos em Boxe na Companhia
Athlética.
Juntamente com esse treinamento, continuei a esmerar-me
na musculação.
Em 2006, de volta à Ubatuba.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Iniciei os treinamentos em Kickboxing, pela AKO
(Associação de Kickboxing Octagon) de Mestre Durval
Netto.
Formei-me faixa-preta 1º DAN em Kickboxing em 2011,
com uma rica trajetória.
Em 2009, Lao Shi Marildo, seu filho Lao Shi Maico Ramos e
eu (fotos abaixo), montamos uma grade de aulas na extinta
FAM (Federação de Artes Marciais) em Ubatuba e fizemos
acontecer, sem perdermos o brilho.
Em 2010, recebi o 1º DAN da faixa-preta em Bushi-Jutsu
(Armas Brancas Japonesas), das mãos do Shidoshi Durval
Moassab, 5º grau da faixa-preta.
Em 2011, gerenciei, como professor de Kickboxing, um polo
de bairro da Associação de Kickboxing Octagon (hoje
Octagon Esportes de Combate) em Ubatuba.
Em 2012, recebi o 2º grau da faixa-preta em Kickboxing
pela Octagon Esportes de Combate.
Em 2013, meus amigos de longa data, o super talentoso
artista marcial, multifacetado e holístico Grão-Mestre Durval
Netto (10º DAN) e o grande Mestre Dalmir Drago (8º DAN)
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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criaram um estilo de combate que pudesse igualar um
novato em Artes Marciais com alguém experiente utilizando
acessórios (as 3 armas: Faca Commando, Tonfa e o Bastão
Retrátil), apenas conhecendo técnicas funcionais de
combate real.
Essa técnica é conhecida como Contact Combat (Arte
Militar de Combate).
E recebi o 3º grau da faixa-preta.
Em 2013, recebi a homologação internacional da ISKA
(International Sport Kickboxing Association), diretamente da
Flórida (EUA), pelas mãos do Presidente da ISKA, o Sr.
Cory Schafer e o Presidente da ISKA América do Sul, GrãoMestre Carlos Silva, o 2º grau da faixa-preta em Kickboxing,
quando a Octagon se tornou Representante Oficial para o
Estado de São Paulo.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Em 2014, um de meus professores mais expressivos
daquele tempo de ouro, um de meus ídolos marciais, Lao
Shi Milton Francisco, procurou-me para reativar o que
estava na penumbra.
Em pouco tempo iniciei estudos mais aprofundados com
treinos focados em Nam Pai (o estilo Shao Lin do sul da
China).
No fim do ano, recebi minha tão sonhada faixa-preta 1º
TUAN das suas mãos.
Um excelente professor que influenciou até hoje meu estilo
de luta, pela riqueza de expressão técnica e sentimento
marcial, além de plasticidade formidável.
Em 2014, recebi do Presidente da ISKA América do Sul,
Grão-Mestre Carlos Silva, a homologação de meu diploma
de faixa-preta em Kung-Fu na Confederação Brasileira de
Kickboxing Tradicional (CBKBT), registro CBKBT-3130USA/BRAZIL e registro pela ISKA sob registro nº 3130. Em
2015, recebi o 3º DAN em Full Contact, pela Octagon /
Federação Paulista de Full Contact, homologada pela
CBAMEC (Comitê Brasileiro de Artes Marciais e Esportes
de Combate).
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Um novo caminho, mas, sem perder a essência
A partir do ano 2000, o Kung-Fu em Ubatuba havia sofrido
várias e sérias cisões.
Em função das particularidades de cada um (que não serão
divulgadas por aqui), houve a necessidade de criar novos
caminhos, e cada um evoluiu como pôde.
Cada um seguiu seu caminho.
Assim como ocorreu no passado distante, peritos de estilos
diversos, ao se formarem, saíam em busca de seu
aprimoramento e difundiam estilos próprios.
É difícil hoje, saber a quantidade exata de estilos de KungFu ao redor do mundo.
E no fim dessa jornada de 26 anos (em agosto, serão 27
anos de dedicação), olhando com respeito e apreço para o
passado, honrando meus Professores e Mestres, apresento
uma proposta um pouco diferente, sem perder a essência
do que eu vivi.
O tempo passou, estudei, desenvolvi-me como profissional
da Administração, como docente universitário, consultor e
palestrante ao longo desses anos.
Porém, nunca deixei de treinar, de me aperfeiçoar, de
cuidar de minhas raízes e de minha saúde.
E jamais esqueci o que aprendi.
Mas, nunca pude limitar-me a um único conhecimento ou a
uma fonte.
Assim, mesmo que eu tenha provado de muitas fontes, meu
coração me levou ao início da minha jornada.
Agora como um iniciado nos segredos das Artes Marciais.
Porém, coloco-me sempre como um iniciante nos
aprendizados eternos e faço disso o meu caminho:
aprender sempre com humildade.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Como tudo precisa ser adaptado para novas realidades,
com toda a minha experiência de um amante das Artes
Marciais, decidi seguir com um de meus sonhos: divulgar a
arte e a cultura chinesa em um sistema reavaliado, onde
este seguirá com elementos clássicos e tradicionais.
Não estou modificando o estilo Nam Pai.
Estou tornando-o acessível por outros modos, para públicos
diferentes, atendendo necessidades específicas.
Uma das premissas é o formato itinerante, não engessado
dentro de academia.
Esse método ensina técnicas tradicionais que apresentam
todos os elementos de um tempo dourado, que transformou
vidas com a riqueza, complexidade e beleza da arte /
cultura chinesa.
Uma forma de pensar
Não sou lutador e fujo do estereótipo.
Prefiro ser chamado de docente, amante de Artes Marciais
pela cultura, pelo ensinamento, pela disciplina,
transformando vidas pelo exemplo.
Optei por conhecer a arte através de treinamento
extenuante e direcionamento diferenciado.
Estudei e continuo em constante aperfeiçoamento.
Já lutei, já competi.
Foram fases passadas que não satisfizeram meu ego.
Tenho interesse pelo ensinamento e cognição.
Atenção à técnica, ao desenho do movimento, da plástica,
da beleza e da mágica que fazem do estilo algo único e
exótico.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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O que é Kung-Fu Bai Hu
O formato tradicional da Bai Hu (Tigre Branco), mantém o
rigor da base do estilo Nam Pai (estilo Shao Lin do Sul,
com predominância de uso dos punhos).
Bai Hu, obrigatoriamente possui todos os elementos
tradicionais do estilo Nam Pai em essência.
O sistema “Bai Hu (Tigre Branco)” oferece um treinamento
diferenciado, onde o professor vai até o grupo de alunos,
seja em empresas ou de modo particular.
É itinerante e oferece benefícios incríveis como cultura,
técnica marcial desenvolvida para defesa pessoal eficiente
e bem-estar através de um treinamento onde é possível
perder até 600 calorias em 1 hora e meia de sessão, sem
prejudicar a integridade física do praticante, oferecendo o
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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melhor do Kung-Fu Tradicional.
Público-alvo e tipos de treinamentos
Crianças: 4 aos 17 anos: abordagem sistêmica
(cognição pedagógica) / método lúdico.
Jovens e adultos: aplicação do “Sistema de Ciclo”
(módulos) ou método normal.
Melhor idade: Tai Ji Quan (Tai Chi Chuan), Wai Tan
Kung e Ginástica Terapêutica (alongamento e
condicionamento físico).
Defesa Pessoal Feminina: processo de
“EMPOWERMENT FEMININO“.
O que oferece como conteúdo?
brancas (Katis), 15 bases, 15 exercícios (iniciais);
que variam de grau de dificuldade: básicos, intermediários e
avançados (dependendo do treinamento);
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Contatos:
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(12) 9 9127-9211 (claro) / (12) 3832-2098 (fixo)
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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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O caminho do Kung Fu
não se limita a violência
Leandro Vargas
Faz um bom tempo que iniciei minha pratica no Kung Fu.
Lembro que quando comecei a treinar ainda passava
desenho animado nas manhãs da TV Globo (viram como
realmente faz tempo? rs).
Lembro também que alguns dias antes de eu me inscrever
na academia entrei em um sebo e lá adquiri um livro
chamado O Kung Fu de Bruce Lee – Seu Treinamento e
seus Métodos de um autor chamado Marco Natali.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
Li o livro e nunca mais parei de procurar obras do mesmo
autor.
Posso dizer que com o tempo pude garimpar todos os livros
de artes marciais escrito pelo Dr. Marco Natali e que tais
livros (assim como os estudos da Fraternidade Kung Fu da
qual me tornei fráter) me auxiliaram e me auxiliam até hoje
e não apenas na área marcial.
Diante disso, tente imaginar minha alegria quando recebi do
Mestre Natali o convite para contribuir com um capítulo de
seu novo livro.
Então, é com muita satisfação que agora tento devolver um
pouquinho dos benefícios que pude adquirir através de
todos esses anos de estudos junto as obras do Sr. Marco
Natali.
Bem, sem mais delongas, deixe-me falar um pouco sobre o
Meu Caminho no Kung Fu:
Certa vez me perguntaram o motivo de eu praticar Kung Fu
a tanto tempo e o que isso me acrescentou na vida.
Na hora eu apenas sorri e respondi que no presente
momento praticar Kung Fu estava me ajudando a manter
minha saúde e a pagar minhas contas, afinal vivo de dar
aulas de Kung Fu.
Mais tarde quando parei pra pensar mais profundamente
pude perceber que a pratica do Kung Fu simplesmente me
deu tudo o que tenho e me ajudou a forjar aquilo que sou.
Não sou e nem jamais fui um alienado fissurado por
violência, mas o Kung Fu sempre me atraiu.
Inicialmente sim, o que me atraia era a 'beleza da violência'
que aprendi a gostar através do filmes.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Posteriormente meus interesses dentro da Arte foram
tomando formas menos infantis.
Comecei a amadurecer intelectualmente e através dos
ensinamentos do Kung Fu tive contato com a filosofia
oriental e suas ramificações.
Tais filosofias foram fundamentais em minha juventude e
me auxiliam até hoje.
Lembro que comecei a garimpar todos os tipos de livros
sobre artes marciais e filosofia oriental que pude encontrar
na livrarias, bancas e sebos.
Treinava e lia constantemente (alias, como faço até hoje)
sempre procurando me aperfeiçoar, ser melhor hoje do que
fui ontem.
Através da leitura desses livros (em especial os livros do
Mestre Marco Natali, que considero um dos meus grandes
Mestres apesar de nunca tê-lo conhecido pessoalmente)
pude perceber que posso ajudar mais o mundo se eu me
esforçar para melhorar um pouquinho a mim mesmo todos
os dias.
Somos parte de uma sociedade que esta constantemente
influenciando e sendo influenciada , desta forma se nos
esforçarmos para que nossa influencia seja a mais positiva
e produtiva possível estaremos auxiliando na disseminação
do bem, ajudando assim o mundo em que vivemos.
Lembro no entanto que uma das coisas que mais escuto
quando o assunto é Arte Marciail é aquela velha frase:"Arte Marcial é bom para o corpo e para a mente.."
Interessante como escuto MUITO falar isso mas vejo BEM
POUCO NA PRÁTICA.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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"Bom para a Mente" ao meu ver é quando aprendemos
algo que alivia nossas tensões, nos ensina a manter o foco,
nos educa para sermos mais equilibrados e objetivos.
Enfim, ter uma 'mente boa' para mim é ter maior
autodomínio.
E sejamos sinceros, o que mais se vê no mundo marcial
atualmente é (infelizmente) gente desiquilibrada,
egocêntrica e muitas vezes mal educada.
O que contradiz completamente o quesito de 'mente
saudável'.
Muitas pessoas tem dificuldade para lidar com meu jeito de
ensinar/treinar/viver o Kung Fu, pois meu foco nesta Arte
Marcial é ter maior equilíbrio.
De uma forma geral não encaro atualmente o Kung Fu
como um mero esporte, um hobby ou um sistema
unicamente feito pra lutar.
O encaro como uma forma agradável e interessante de
melhorar a mim mesmo.
Sim as técnicas do Kung Fu foram criadas para a guerra,
porém sua filosofia foi criada para a paz.
É o exemplo definitivo de Yin Yang, por isso dou muito valor
a cultura e educação das pessoas.
Por isso COBRO um mínimo de educação e cultura
daqueles que me procuram para treinar (da mesma forma
que também, na medida do possível, procuro fornecer
meios de aprimorar a cultura e educação dos mesmos).
Tenho uma meta a cumprir: Pretendo mostrar para as
pessoas que Artes Marciais (Kung Fu no caso) não são
meramente um amontoado de socos e chutes, mas sim
uma poderosa ferramenta de autotransformação se
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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soubermos dar o devido valor a elas.
Agora porém preciso dar um ALERTA :
Como praticante de Kung Fu eu estou constantemente
buscando me aprimorar física e mentalmente, treinando,
estudando, questionando e testando todo conhecimento
que a duras penas consigo garimpar, acredito que buscar o
'Caminho da Iluminação' ou seja, o Caminho que nos leva a
ser melhores hoje do que fomos ontem e amanhã melhores
do que somos hoje é uma tarefa de interesse (e ao alcance)
de todos.
Porém (e sempre existe um porém), até o dito Caminho da
Iluminação apresenta alguns problemas; problemas estes
que não estão necessariamente no Caminho, mas naquele
que o trilha.
Algum tempo atrás ,conversando com um conhecido ele me
falou que não desejava nada, que não precisava mais do
que a roupa do corpo, que para ele tanto fazia ter ou não
dinheiro pois a felicidade é um estado de espírito.
Depois me pediu grana emprestada pra comprar um lanche.
Ok.
Como já dito anteriormente eu sou um Artista Marcial, treino
Kung Fu e sigo a filosofia marcial em minha vida.
Tal filosofia me ensinou a não ser dominado por apegos
triviais e que buscar o aprimoramento
físico/mental/espiritual deve ser o principal foco de minhas
ações.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Beleza.
Eu sigo isso.
E seguindo essa filosofia por um tempo você realmente
evolui em muitos aspectos, e o principal deles é o fato de
você não viver como um alienado sem rumo ou foco
achando que assim esta no CAMINHO DA ILUMINAÇÃO.
Veja bem, vivemos em um mundo com sua regrinhas
estabelecidas, com seus conceitos formados.
Quando evoluimos percebemos que muitos desses
conceitos são tolos e contraditorios, porém saber isso não
muda a regra do jogo.
Você ainda precisa de comida, roupas, casa, etc.
Você precisa ser um exemplo vivo do quanto a busca pela
'evolução' pode fazer bem, para assim despertar naqueles
que vivem ao seu redor o interesse na propria busca pela
evolução espiritual/mental.
Se você resolver ser um peso morto na sociedade ,
contente em ficar atirado no seu cantinho dependendo da
ajuda alheia, que raio de evolução espiritual é essa que
você acha que alcançou???
Evoluir é perceber, abrir os olhos, encontrar caminhos,
melhorar a si mesmo e consequentemente com isso
melhorar o mundo ao seu redor.
Tenha metas, objetivos (positivos!!), trabalhe para alcançalos.
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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KUNG FU MANUAL BÁSICO Marco Natali
Não seja um tolo alienado .
O sábio em qualquer caminho encontra sabedoria, o tolo,
no melhor caminho ainda só faz tolices.
Bem, aqui termino minha participação nesta obra.
Agradeço de coração ao Mestre Marco Natali pelo convite.
Foi uma honra e um sonho realizado.
Paz e Sucesso a todos.
Leandro Vargas
Instrutor Líder da Equipe Dragon de Kung Fu, autor do livro
O Caminho do Kung Fu, discípulo do Mestre Li Hon Shui no
estilo Tai Chi Louva a Deus e representante autorizado da
Associação Brasileira Wong Shun Leung de Kung Fu Wing
Chun.
Para informações sobre treinos de Kung Fu em Caçapava do Sul acesse: equipedragon.webnode.com
O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe.
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Marco Natali
Budismo a Filosofia dos praticantes de Artes Marciais
A essência do budismo ainda viva
no Wing chun fat cheong e seus
significados. Peterson Menezes
A criação das artes marciais 武功, teve o propósito de
expressar a defesa da espécie humana, ironicamente
sua maior ameaça era contra a própria natureza
destrutiva do homem.
Portanto as artes marciais eram um meio de defender
seu grupo/ individuo, contra ataques de outros.
Falando de artes marciais do oriente, o templo de Shao
Lin {Siu Lam no dialeto Cantonês} teve papel
importantíssimo em seu desenvolvimento e seu
significado.
Assim como o Taoísmo antigo e Budismo e
confucionismo!
O templo de shao lin com a chegada do lendário monge
Dat Mo {Bodhidharma Sardili da índia} houve uma
mudança de paradigma, nasceu o ´´Budismo Chan´´,
mãe do posterior ´´Zen´´ , {vertente japonesa mais
O que você sabe não tem valor algum, o valor está no que você faz com o que sabe. Marco Natali
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Marco Natali
Budismo a Filosofia dos praticantes de Artes Marciais
conhecido no ocidente} como este tendo como Berço o
templo de Shao Lin.
Para entendermos por que esse templo, tanto do norte
da china quanto do sul, foi tão importante para o ´´kung
fu´´ , devemos antes entender qual era o objetivo deste
tipo de budismo desenvolvido em Shao Lin.
Diferente no método mas igual no objetivo de qualquer
doutrina budista, Chan de Shao Lin preconizava a
´´iluminação´´ ! qual o significado de tal objetivo?
Diferente do que parece para nós ocidentais, a tal
iluminação não era ´´ver luzes´´ sair do corpo ou coisas
místicas no sentido demonstrativo.
Significa algo muito simples na verdade!
Plena atenção, estar aqui e agora, presente a cada
momento!”
Parece muito simples! Uma criança consegue fazer isso
muito bem, concordam?
De certa forma readquirimos a simplicidade infantil ou
espontaneidade como chamamos no Wing chun de tang
son 單純 {simplicidade} portanto nos tornando
satisfeitos e plenamente felizes com o que vivenciamos
aqui e agora.
Essa sabedoria vem de nosso intimo ser ,e sempre
esteve lá, só que nossas delusões {emoções negativas},
apego ódio e ignorância no sentido de não conhecer
essa sabedoria inata, não nos deixavam perceber!
{mente dualista, que nomeia e rotula os objetos de nossa
percepção como, ´´bons ou mais e indiferentes´´}
O que você sabe não tem valor algum, o valor está no que você faz com o que sabe. Marco Natali
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Marco Natali
Budismo a Filosofia dos praticantes de Artes Marciais
Quando alguém atinge estado ou algum nível de plena
atenção {há 10 níveis de iluminação no budismo
Vajrayana, as 10 faces extras do Buda Avalokiteshvara
de 1000 mãos, representam isso} esta consegue realizar
de forma cada vez mais perfeita seja o que quer que
esteja fazendo, com perfeição!
Não é a toa que sempre grande obras de arte, estiveram
ligadas a experiências religiosas, não importando a
religião, pois o que vale é o encontrar interior desse
caminho!
Obras de arte como de grandes santos cristãos ou
templos budistas extremamente ornamentados de
detalhes inacreditáveis, sempre estiveram ligados a essa
experiências religiosa da visão da mente de clara luz ou
iluminada! Ou seja, de uma integração com o divino.
O homem antigo utilizava símbolos para sintetizar a
experiência interior!
O que você sabe não tem valor algum, o valor está no que você faz com o que sabe. Marco Natali
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O atual utiliza conceitos, extremamente decompostos de
forma cartesiana, para serem compreendidos pela
mente discursiva que nomeia os objetos e sentidos,
experiência de cada um do mundo!
Símbolos contém insight mais profundo pois são como
metáforas..podendo ser aplicados multidimensionalmente
a qualquer situação de natureza semelhante, são o
contato direto com o conhecimento interior, sem palavras
intermediarias da mente dual e discursiva.
Já conceitos no sentido cartesiano, nos separam da
experiência interior, pois são analisados, categorizados,
nomeados pela nossa mente discursiva nosso ego
unilateral!
Claro que devemos utilizar da lógica, porem esta sempre
em equilíbrio com nossa intuição,
Qual a diferença de meras alucinações e uma vaga
intuição? Como diferenciar estes dois?
Somente a união do método e sabedoria podem
responder essa pergunta!
Mudrá budista de meditação, simbolizando a união do
método e sabedoria, assim como o ´´arder do fogo
interior´´
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Portanto esses símbolos são como setas que indicam um
caminho, como metáforas, aplicáveis a diversas
situações de natureza .
Quando os monges receberam as artes marciais da
China e Índia, inicialmente foi contraditório, pois as
regras monásticas do budismo não permitiam matar nem
fazer qualquer mal a qualquer ser vivo! A idéia original,
de acordo com a lenda, foi que Bodidharma ensinou os
monges com a intenção de preservar a saúde, como um
tipo de ´´Yoga´´, {na verdade o chi kung ou treino da
energia já existia muito antes de Bodidharma, assim
como kung fu }
Os monges buscavam a iluminação por meio de
meditações, recitação de textos sagrados conhecidos
como ´´Sutras´´{textos} contemplação do significado
destes, e , vivencia no dia a dia desses conceitos de
forma a aplicar eles espontaneamente na vida de forma
direta e realizada!
Queriam que essa mente de compaixão {Bodithicha em
Sânscrito } se tornasse sua natureza espontânea.
As artes marciais tiveram um papel essencial nesse
processo! Pois deram uma nova dimensão a seu
propósito da plena atenção ou iluminação:
O que serviria para propósito básico para defender sua
vida e de seus companheiros em suas peregrinações
contra ladrões e injustiças contra indefesos, serviu
posteriormente para treinar a plena atenção, pois, para
ter treinar mesmo que de forma simulada com
companheiros ou mesmo quando em situações de vida
ou morte, se percebeu que a mente se tornava
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extremamente clara, estando plenamente presente para
agir de forma rápida e eficaz!
e alem disso, um combate, sendo simulado ou não,
exterioriza nossa emoções mais profundas, e com estas
a tona, podemos aprender a trabalhar elas de forma
positiva!
Quem já esteve em situação de vida ou morte ou de
grande perigo sabe que um segundo parece uma
eternidade, vemos tudo acontecer em câmera lenta, te
tivermos a presença de espírito, tomamos a decisão
certa para manter integridade nossa e de outros que
estejamos protegendo! {portanto um treino simulado nos
ensina justamente isso, calma no meio da ação!, yin
dentro do yang}
Vejam que fantástico!
O que inicialmente poderia ter objetivo egoísta se tornou
meditação em movimento!
Portanto as artes marciais atingiram outro patamar,
justamente por terem adentrado no templo Shao Lin e
treinadas e desenvolvidas ainda mais por monges que,
por votos monásticos. Não poderiam casar, adquirir bens,
fama ou poder, seu objetivo era apenas conseguir clara
luz mental, e ir galgando níveis da iluminação
{bodhichita em sânscrito }
Ao contrario, em geral, as pessoas mundanas da época,
em geral não conseguiram tal nível em artes marciais
pois, suas mentes estavam por demasia ocupadas com
objetivos mundanos mesquinhos e sem significado
espiritual!
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Não é raro ouvir lendas de guerreiros da antiguidade que
podiam voar, ou emanavam energia com as mãos e
derrotavam adversários a distancia!
Lendas como o do general Kwan Koon e de seu poder
guerreiro imbatível!
Quem assistiu o filme ´´Heroi´´ de Jet li´´ viu que sua
historia retrata uma lenda de mais de 2000 anos atraz
Em que guerreiros como ´´wu meng´´ ou ´´fan tien´´
enfrentavam exercito de centenas sozinhos!
Nível altíssimo onde era atingido com muito treino mas
acima de tudo, controle mental...pena atenção e
integração com o ´´inimigo´´ sentindo seus movimentos!
Isso era o que os monges guerreiros de shao lin
perceberam e realizaram!
O wing chun surgiu em época turbulenta, de acordo com
tradição oral de varias famílias desse estilo {não todas}
este foi criado ainda dentro de Shao lin do sul {siu lan}
como arma militar letal para rápido treinamento de tropas
secretas, para combater a dinastia cruel conhecida como
Ching em meados de 1600.
Os Ching conseguirm infiltrar espiões e invadir e destruir
o templo de shao lin do sul, matar muitos monges e
noviços
Diz a lenda que 5 abades da hierarquia superior de shao
lin {Ng Jô五祖ou os cinco ancestrais} escaparam e mais
de 60 discípulos!
Se diz que Wing Chun foi concebido a partir desses 5
estilos, sincretizando só o que havia de mais direto e que
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levasse menos tempo para se atingir nível letal no kung
fu contra os ching
Mesmo com esse objetivo revolucionário, houve o
cuidado de se armazenar o conteúdo do Budismo Chan
e suas metáforas da realidade! Assim como o trabalho da
energia interna conhecida no ocidente como ´´chi kung氣
功 {hei kong em Cantones}
I wing chun foi composto de forma direta, exemplo:
Em vez de utilizar bases como ´´cavalo´´ e arco e flecha
{bases de sustentação para kung fu, típicas em outros
estilos floreado e acrobáticos}, o Wing Chun utilizou
bases de movimentação com referencia na base ´´yi ji
kin yeng mah´´ {postura do caractere 2 de segurar a
energia} essa base não era na verdade dentro dos
estilos de kung fu anteriores, base de luta e sim, base de
armazenamento e absorção de energia do solo,
exemplo: no estilo hung gar ou garra de tigre se utiliza
essa base em partes das formas para se trabalhar
respiração, sons e energia!
Prova esta que o wing chun, por se utilizar de postura de
sustentação como essa base yi ji kin yeung mah
{também conhecida e interpretada erroneamente como
base do caractere 2 de segurar o carneiro, devido o som
yeng de energia e yeng de carneiro serem homônimos }
por outro lado há linhagens que interpretam a base do
carneiro, por sua posição de se firmar no chão antes de
desferir sua cabeçada!
Pelo que recebi essa base que anteriormente a criação
do Wing chun ser para treino de energia , agora servir
como base para movimentação em combate!
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Outra prova irrefutável de que o budismo Chan esta vivo
dentro do Wing Chun, são os nomes das formas.
Estes podem ter três significados:
1- Marcial ou mecânico para aplicação marcial.
2-Filosófico, detendo significado para entendimento da
realidade e realização da plena atenção, objetivo ultimo
do Cham.
3-O trabalho da energia interna ou do chi kung{hei kong}
Exemplo:
1º forma do Wing Chun:
Siu nin tao.. sendo siu=小pequeno, nin=念
contemplação, tao=頭 cabeça {nesse caso significa
iniciar!}
Siu nin é a nossa pequena contemplação, nossa noção
auto-centrada que somos o eixo do mundo em que
vivenciamos..ou seja..nosso ego!
Você pode pegar os ideogramas siu nin e levar para
qualquer monge do budismo Chan ou zen{vertente
japonesa do chan Chinês!} que essa pessoa certamente
lhe traduzirá como ´´ego´´ sendo outro termo
interessante que prova isso ´´Tai Nin´´大念 sendo, 大tai=
grande, 念 nin=contemplação, esse termo significa
universo, ou seja...a grande contemplação o todo!
Há em outras vertentes que não Yip man Wing chun,
formas que se chamam tai nin tao, significando que
após termos entendido as ferramentas do siu nin tao e
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seu significado filosófico que não somo o centro do
universo, devemos nos integrar com este!
A forma de família Fat cheong de Wing chun, ainda
preserva toda cultura relativa a cada nível, cada
movimento tem sua relevância nas três esferas, marcial,
filosófica e energética!
Assim quando fazemos o ´´hói mah´´開馬 ou abertura e
encaixe da base ´´yi ji kim yeung mah´´ isso alem de
significar nos prender com a alavanca corporal no solo e
sentir a base baixa conectada ao tan tiem {ponto a baixo
do umbigo visualizado como centro de equilíbrio!}
filosoficamente significa que devemos nos´´unir´´ com a
terra/universo!
Yi Ji Kin Yeung Mah e Sao Kune.
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Entregando nossa massa ao solo! Agora somo unos ao
universo! O opoente não esta enfrentando nosso
eu/ego/siu nin e sim o universo/tai nin!
Essa relevância aos dias de hoje e sua aplicabilidade,
ainda é válida mas de forma diferente!
Não serve para campeonatos, pois, estes reforçam a
noção do ego/vaidade, que é justamente o objetivo de
reprovação da essência marcial Cham de Shao Lin! E
mais, sendo um estilo letal {na pratica os alvos serias
pontos vitais, pescoço, olhos, virilha, medula espinhal, e
pontos de acupuntura estrategicamente escolhidos , e
todo conhecido como Din mak!} sendo que não se
aprovam esses meios em campeonatos.
Para quem gosta de treinar mais ´´pesado´´ com contato
como estilos de competição, utilizando desse conceito do
chan..poderia por exemplo praticar com colegas..e não
por competição, não por vitória..apenas por treinar e se
desenvolver!
Portanto hoje é relevante de forma diferente, pois..se o
leitor não trabalha para o FBI ou algum tipo de trabalho
de natureza militar, onde as vezes se exige uso da
violência em demanda de parar a violência..o que mais
uma arte marcial pode oferecer?
Esta tem que ter a filosofia inata ao seu próprio sistema
{ouço muito outros estilos dizerem que ensinam
´´filosofia´´ aconselhando os alunos a , não beberem não
roubarem não fumarem...etc..porem isso não tem nada
de sistema filosófica inato ao sistema marcial! Isso é
conduta...que poderia bem ter sido ensinado pela
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família...pois isso são regras para bem viver em
sociedade e manter a saúde! Não sistema filosófico!
Tornando um estilo que apenas treinar para objetivos
como campeonatos, vazio por incentivar o ego e vaidade!
Alguns chegam a afirmar que traz ´´auto confiança``,
vencer um campeonato,se analisamos de acordo com o
que expliquei do Cham!{zen} traz é senso inflado do ego!
Vaidade...e mais! Que trouxesse ´´auto confiança´´ .
temos que ver que são poucos que são os ´´campeões´´
a maioria perde as luta. Estes ficariam frustrados e
raivosos! Isso traria é frustração!
Um sistema marcial completo deveria formar
´´vencedores´´ da vida, não de lutas...lutas são só um
aspecto praticamente fora da realidade de hoje! {você só
se envolve em uma se estiver na hora errada no local
errado,ou for de má índole, ou não medir possíveis
conseqüências como, vingança, processo criminal ou a
própria morte por meios covardes como uso de armas
por parte do agredido!}
Se diz no Budismo que ´´temos que ser completos
mesmo que sozinhos´´ ou ´´estar satisfeitos com o que
quer que a vida nos apresente, sem nos apegar {já que
perderemos Tudo invariavelmente} pois tudo depende
das ações que plantamos!´´
Claro que temos que melhorar..a vida significa isso! Para
o Cham,.. o importante
É a vida ser significativa!
Não uma busca egoísta de posses e prazeres!
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Se integrar com todos os seres ajudando sempre que
possível!
Não se tornar individualista, pois isso é ilusão...tudo que
somos, sabemos e temos, foi nos dado direta ou
indiretamente por outros! Portanto devemos agradecer a
bondade de todos! De nosso presente e passado!
Esse é o ideal budista {vejam que quando cito Budismo,
não cito religião ou dogma fixo, o chan tem como
característica ser livre, e aplicável como filosofia e meio
de vida a qualquer um em qualquer condição, sem altera
suas crenças!}
 A terceira esfera é a da saúde.
Um sistema marcial completo tem que ter exercícios que
seja tradicionais de seu sistema
Não é o caso do que vemos hoje nas academias no
ocidente!
Abdominais, flexões, barras etc..são meios baseados no
jeito ocidental de fazer exercícios!
Contrariando a teoria chinesa se Chi {energia}
O chinês também fazia exercícios! Mas de forma
diferente!
Utilizava em geral, para comparação. Algo parecido com
Tai chi chuan,
Meios de exercícios frequentemente lentos e com
respiração e visualização!
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Chamados de hei gong {ou o termo mandarim... chi
kung!}
Sendo um tipo de isometria controlada..trabalhando
todas articulações, tendões, sistema respiratório e cardiovascular, glandular e nervoso {tudo isso hoje já provado
cientificamente..}
Não acho saudável treinar por exemplo, luta de box , os
danos podem ser fatais, vão de descolamento de retina
{cegueira} a coagulo no cérebro! e danos no sistema
nervoso.
Não desmerecendo nossos ´´herois´´ do Box, e outros
estilos que o brasileiro se destaca tanto!
Estou falando de saúde agora!
Certamente é mais saudável treinar, sob esse ponto de
vista, natação por exemplo!
Tai chi, ou algo que não danifique a estrutura!
O Wing chun Fat Cheong, ainda tem o treino da energia
interna e tendões, articulações etc...tradicional chinês!
Assim como Tai Chi Chuan, Bagua Zhang e outros
estilos de treino da energia interna!
Preservando o corpo, pois, para nossa jornada no mar do
Samsara! {ciclo de nascimento e morte} vida precisamos
dele como um barco!
Saúde é essencial para vida e bem estar, sem esta, não
adianta atingir metas, adquirir bens, etc!
Portanto um sistema marcial tem que ter essas três
coisas:
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Saúde proveniente do treino da energia interna!
Conhecimento filosófico inerente a seu próprio sistema,
níveis, significados aplicável a vida para harmonizar
nossa vontade com a realidade ,portanto reduzir nossa
percepção do sofrimento!
E parte marcial ainda viva, sendo que tem que servir para
situação real! Um estilo tem que ser letal em sua
aplicação {claro não para o treino do mesmo!}
Esse é um pequeno exemplo da profundidade do estilo
Wing Chun em especial a família Fat Cheong!
Hoje me infelicita muito ver que as ditas ´´artes marciais´´
praticamente perderam a essência, o campeonato é uma
prova disso! pois esta apenas serve na pratica para
envaidecer e dar uma sensação falsa de ´´auto
confiança.
Nada mais distante do propósito original que era a plena
atenção, iluminação, eliminação do ego no sentido de
egoísmo, e integração com toda natureza! {isso não
significa que não possamos fazer um concurso amistoso,
com amigos, onde o objetivo não seja ganhar e sim
desenvolver...}
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Portal na entrada do centro de cultura oriental, o portal
simboliza a entrada em uma nova vida, com novo
significado, 武門, onde o aludo deve deixar velhos
hábitos para aprender um novo caminho.
Contatos com o autor:
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Este é para os loucos e desajustados, os rebeldes, os
desordeiros, para os peixes fora d’água, para aqueles
que vêm as coisas de forma diferente. Eles não gostam
de regras e não nutrem o menor respeito pelo Status
Quo. Você pode citá-los, discordar deles, glorificá-los ou
difamá-los. A única coisa que você não pode fazer é
ignorá-los porque eles transformam as coisas. Eles
impulsionam a raça humana para frente. Enquanto
alguns podem vê-los como loucos nós vemos o gênio
porque as pessoas que são loucas o suficiente para
achar que podem mudar o mundo, são aquelas que o
fazem. Steven Paul Jobs (Steve Jobs)
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