HIGIENE OCUPACIONAL II Eng. Mário Sobral RESPIRADORES Os respiradores se dividem em purificadores de ar e os de adução de ar. Os primeiros são aqueles que filtram o ar contaminado antes do mesmo ser inalado pelo usuário. Os respiradores de adução por sua vez fornecem ao usuário ar ou outro gás respirável proveniente de uma atmosfera independente do ambiente. Os respiradores podem ser não motorizados, com peça semifacial ou facial inteira, ou motorizados, com peça facial, capuz, capacete, touca ou protetor facial. Classificação dos equipamentos de proteção respiratória Respiradores purificadores de ar Podem ser utilizados apenas em locais em que o teor de oxigênio seja suficiente para não provocar sintomas nos usuários, isto é, acima de 18% . Essa classe só pode ser usada contra substâncias que apresentam boas propriedades de alerta. Nos casos em que as substâncias não satisfaçam essa condição, somente devem ser usados os respiradores de adução de ar. Outra opção é ter um plano de troca programada dos filtros. Respiradores purificadores de ar não motorizados: o ar passa, devido à ação pulmonar do usuário, através de um ou mais filtros que retém os contaminantes, e entra na cobertura das vias respiratórias. A cobertura das vias respiratórias pode ser facial inteira, semifacial (a borda inferior da peça se apóia por baixo do queixo), um quarto facial (o apoio é feito entre o lábio inferior e o queixo) e bocal com pinça nasal. Nos respiradores purificadores não motorizados, durante a inspiração, a pressão do ar na parte interna da peça facial permanece inferior à pressão do ambiente - por isso são também denominados respiradores de pressão negativa. Isso provoca a entrada de ar através do filtro, mas, por outro lado, ao mesmo tempo facilita a entrada de ar contaminado devido à falta de vedação da peça facial no rosto, que nunca é absoluta. Outra desvantagem dos respiradores em análise, em relação aos motorizados, é a resistência à respiração do elemento filtrante que deve ser vencida pela ação pulmonar. O tipo de respirador purificador de ar mais simples é o com peça semifacial filtrante e que será apresentado a seguir: Os modelos com válvula de exalação são mais confortáveis do que aqueles sem, pois a maior parte do ar expirado sai pela válvula. Peça semifacial filtrante É constituída total ou parcialmente de material filtrante e tirantes, podendo ou não possuir válvulas de exalação. Dependendo da eficiência da camada filtrante, classificam-se em PFF1, PFF2 e PFF3. Os de classe PFF1 são indicados para poeiras em concentração de até 10 vezes o LE (Limite de Exposição). Os de classe PFF2 são para fumos metálicos em concentração de até 10 vezes o LE. Já os PFF3 são quando o LE do contaminante é menor que 0,05 mg/m3, desde que a concentração do contaminante no ar esteja abaixo de 10 vezes o LE. Segundo a NBR 13698, sua utilização deve se restringir a, no máximo, uma jornada, ou menos, se antes ficarem deformadas, o que prejudicaria a vedação no rosto do usuário, a resistência à respiração aumentar devido à deposição de partículas na camada filtrante ou ocorrer a saturação da camada com carvão ativo no caso de ser um filtro químico de baixa capacidade. Os respiradores desse tipo podem ser empregados para particulados como poeiras, névoas, fumos, radionuclídeos, certos gases e vapores em baixas concentrações, e há ainda para agentes biológicos como o bacilo da tuberculose. Devido ao peso reduzido e elevada área filtrante são de fácil aceitação. Respirador com peça semifacial e filtros substituíveis O ar atravessa o filtro, passa pela válvula de inalação e chega à área do nariz e da boca, onde é então inspirado. O ar exalado flui diretamente para o ambiente atmosférico através da válvula de exalação. Somente podem se utilizados em ambientes com oxigênio suficiente para que o usuário não apresente nenhum dos sintomas de deficiência de oxigênio, isto é, 18%. Não é permitido o uso de facelete de pano entre as bordas de vedação da peça facial e o rosto do usuário para diminuir a irritação que alguns produtos manuseados pelo usuário provocam nesse local. Os respiradores purificadores com peça um quarto facial e semifacial podem ser empregados para diminuir a inalação de agentes químicos na forma de particulados (poeiras, névoas, fumos, radionuclídeos) e certos microorganismos, bem como de gases e vapores, porém nunca em situações IPVS, mesmo que para fuga. Respirador com peça semifacial e filtros substituíveis Caracteriza-se por ter peça facial de borracha, silicone ou outro plástico que cobre a boca e o nariz. Possui tirantes ajustáveis e uma ou mais válvulas de inalação, exalação e suporte para os filtros particulados, químicos ou combinados substituíveis. Quando há poeiras em concentração de até 10 vezes o Limite de Exposição (LE), devem-se usar os respiradores com filtro P1. Os com filtro P2, por sua vez, são indicados para fumos metálicos em concentração de até 10 vezes o LE. Já o filtro P3 é usado quando o LE do contaminante é menor que 0,05 mg/m3, desde que a concentração do contaminante no ar esteja abaixo de 10 vezes o LE. Respiradores purificadores de ar com cobertura das vias respiratórias do tipo peça facial inteira A peça facial cobre os olhos, a boca e o nariz. Oferecem maior proteção que as semifaciais em razão da melhor vedação que proporciona no rosto e permitem o uso de filtros químicos de qualquer tamanho. Quando o filtro é grande, deve ser transportado preso no peito ou nas costas do usuário. Nesse caso, uma traquéia flexível liga o filtro à peça facial. Podem ser utilizados como máscaras de escape de atmosferas IPVS, mas nunca para a entrada em tais ambientes. . Respirador com peça facial inteira e filtros substituíveis Nesse respirador, a peça facial cobre os olhos, a boca e o nariz. Há ainda um diafragma de voz que facilita a comunicação oral. Também permite adaptadores para lentes corretivas. São usados para entrar em ambientes contaminados por gases e vapores ou particulados em concentrações até 100 vezes o LE, mas é preciso que tenham filtros adequados. Podem ser usados para escape em atmosferas IPVS, desde que haja oxigênio suficiente e se tenha a certeza de que o filtro não vai saturar durante a fuga. No respirador com peça semifacial ou um quarto facial, um único tirante elástico e ajustável se apóia na nuca e proporciona vedação aceitável, mas o modelo com dois tirantes, um na nuca e outro abaixo, é menos desconfortável por exigir menor pressão. A maioria das válvulas de exalação, cujo funcionamento perfeito é mais importante que o das de inalação, é formada por uma sede, um diafragma e uma capa protetora. Devido à sua importância fisiológica, deve apresentar baixa resistência à respiração, vazamento mínimo quando fechada, localização correta na peça facial, bem como estar protegida contra danos mecânicos e da ação do vento e da temperatura externa. Respiradores purificadores de ar motorizados O ar passa por um ou mais filtros, graças à ação de uma ventoinha movida por motor alimentado por bateria. Em seguida, é enviado até a cobertura das vias respiratórias através da traquéia ou de tubo flexível à prova de estrangulamento. A vantagem desse tipo de respirador é que, quando a ventoinha funciona continuamente e a vazão do ar é alta, em geral a pressão no interior da cobertura das vias respiratórias é maior do que a pressão atmosférica externa. Porém, não é correto denominá-Ios respiradores de pressão positiva, mas sim respiradores que operam como se fossem de pressão positiva. Os filtros dos respiradores motorizados apresentam menor durabilidade do que os não motorizados. Exigem cuidados com a freqüência de carga da bateria. Respirador purificador de ar motorizado Possibilita que o ar passe por filtros pela ação de ventoinha, movida por motor elétrico, alimentado por bateria. A cobertura das vias respiratórias pode ser do tipo: peça facial, capuz, capacete, touca ou protetor facial. É utilizado em ambientes com oxigênio acima de 18% (ambientes abertos) ou 19,5% (espaços confinados). Os modelos com capuz e com filtros podem ser usados em ambientes contaminados por gases e vapores ou particulados em concentrações até 1.000 vezes o LE. Respiradores de adução de ar Os respiradores de adução de ar são formados por uma cobertura das vias respiratórias, que pode ser semifacial, facial inteira ou capuz. Essa cobertura é interligada por meio de mangueira ao sistema de fornecimento de ar. Respiradores de linha de ar comprimido Os respiradores de linha de ar comprimido são compostos por uma peça facial, capuz ou capacete, blusão, touca, ou roupa inflável ligados por uma mangueira de suprimento de ar através de um engate rápido a um compressor, ou a uma bateria de cilindros com ar a alta pressão Dependendo do modo como se regula a vazão de ar para o usuário e da pressão reinante na cobertura das vias respiratórias, os respiradores podem ser de fluxo contínuo, de demanda sem pressão positiva e de demanda com pressão positiva. No de fluxo contínuo, o ar chega continuamente à cobertura das vias respiratórias; nos de demanda, somente durante a inalação. Nos de pressão positiva, a pressão interna é sempre superior à externa, mesmo durante a inalação. Nos respiradores sem pressão positiva, durante a inalação a pressão no interior da cobertura das vias respiratórias é negativa, isto é, mantém-se abaixo da pressão atmosférica local. Respiradores de linha de ar comprimido de fluxo contínuo O uso de respiradores de fluxo contínuo por indivíduos sensíveis a baixas umidades do ar por períodos de tempo relativamente longos pode provocar sangramento nasal, já que a umidade relativa do ar que chega à cobertura das vias respiratórias é muito baixa, em geral menor que 15%. Linha de ar comprimido de fluxo contínuo com peça semifacial ou facial inteira. Permite que o ar chegue de forma contínua à cobertura das vias respiratórias. Esse tipo de equipamento deve ter regulador de vazão de ar. Em atmosferas com concentração do contaminante abaixo da concentração IPVS, desde que essa concentração seja menor que o valor calculado pelo produto do limite de exposição do contaminante e o Fator de Proteção Atribuído do respirador. Esses respiradores também são indicados para uso em ambientes com teor de oxigênio não IPVS. Linha de ar comprimido de demanda com pressão positiva e peça semifacial ou facial inteira Nesse respirador, a pressão no interior da peça fica, durante a inalação, sempre acima da pressão do ambiente. Assim o risco de penetração do contaminante diminui. Uma mangueira de suprimento de ar comprimido liga o usuário à fonte de ar comprimido Concentração do contaminante não IPVS e em ambientes com teor de oxigênio não IPVS. Também neste caso, a concentração máxima de uso é limitada pelo valor calculado pelo produto: Limite de Exposição x Fator de Proteção Atribuído do Respirador. O nível de proteção que ele proporciona é maior do que os sem pressão positiva. Respirador de linha de ar comprimido de demanda com pressão positiva e com válvula de demanda no cinturão. Linha de ar comprimido de demanda com pressão positiva e cilindro auxiliar para escape Caracteriza-se por ser uma combinação de dois respiradores: o de linha de ar comprimido e a máscara autônoma. Em atmosfera considerada IPVS, seja devido à presença de contaminantes ou à deficiência de oxigênio.Vale lembrar que os cilindros com autonomia de três, cinco e dez minutos podem ser usados somente para escape. Respirador de linha de ar comprimido de demanda com pressão positiva e cilindro auxiliar para escape. Máscara Autônoma É aquela cujo usuário transporta junto ao corpo o próprio suprimento de ar respirável ou oxigênio. A demanda com pressão positiva ou sem é definida pelo modo como o ar chega à cobertura das vias respiratórias Em atmosfera considerada IPVS, seja devido à presença de contaminantes ou à deficiência de oxigênio. Há modelos especialmente projetados para combate a incêndio. Esse EPI permite grande mobilidade, no entanto, o volume e o peso dificultam a entrada em aberturas estreitas Dependendo para onde vai o ar expirado, elas podem ser de circuito aberto ou de circuito fechado, conforme figuras a seguir. Nas máscaras autônomas de circuito aberto, o ar inalado provém de cilindro, e o ar exalado sai para o ambiente através da válvula de exalação. Nas de circuito fechado, o dióxido de carbono do ar exalado é absorvido e o oxigênio reposto; o ar é então novamente inspirado, ou o dióxido de carbono reage com o óxido de potássio gerando oxigênio, e em seguida o ar é reinalado. Recomendações para uso das máscaras autônomas Podem ser usadas em ambientes com deficiência de oxigênio, porém somente as de demanda com pressão positiva podem ser utilizadas em situações IPVS. Em condições de emergência, qualquer máscara autônoma pode ser usada para escape. As máscaras autônomas de circuito aberto de demanda com pressão positiva projetadas para operações de rotina, combate a incêndios e emergências na indústria podem ter autonomia de até sessenta minutos ou menos, se o trabalho for pesado. As máscaras de circuito fechado podem ter autonomia de até quatro horas. As máscaras autônomas com autonomia menor que quinze minutos podem ser usadas somente para escape. Todas as máscaras autônomas, com exceção das "somente para escape", devem ter um indicador de serviço remanescente, ou um dispositivo de alarme que indique quando restam de 20 a 25% do ar inicialmente presente no cilindro. A aprovação a uma máscara autônoma fica cancelada se forem utilizadas peças intercambiáveis de outro fabricante. O uso de respiradores somente é eficaz na proteção do usuário quando são obedecidas todas as indicações do Programa de Proteção Respiratória da Fundacentro. As principais orientações são: - escolher o tamanho certo para cada usuário através do ensaio de vedação - proibir barba para os usuários - realizar treinamento - efetuar manutenção, inspeção, higienização e guarda - proporcionar condições físicas e psicológicas adequadas - ter qualidade adequada do ar comprimido - reavaliar continuamente o programa Eng. Mário Sobral E-mail: [email protected] Fone: 9965-8483