Antonio Carlos Xavier ,\V c a ^ a s \ \ u W va * . ^ e n as « Visão geral de conteúdo wsuaiizadas2.097vezesno RESPEL EDITORA RESPEL LTD A. Coma fcizet e apti&sentcvc ViafraihtM cientificoA ent ettentod academical Antonio Carlos Xavier ,adas A'vca1 e Soc ar\as YU'«1 , C ie « c ' aS Conut faxe* c apieôentax Ouiêaiâaô ciettUficoô em euentaô acadêmicaa Antonio Carlos Xavier Recife-2012 RESPEL W B -B M ü EDrTORARÉSPELLTDA. Copyright © A ntonio C arlos Xavier, 2010. R eservados to dos os direitos desta edição. R epro d u ção pro ib id a, m esm o p arcialm ente, sem autorização expressa do autor. Capa, Projeto Gráfico e D iagram ação K arla Vidal e A ugusto N o ro n h a '—■(Pipa C om unicação - w w w .p ip aco m u n icacao .n et) Ilustrações K arla Vidal (Pipa C om unicação - w w w .p ip aco m u n icacao .n et) R evisão Autor, Elisandra Pereira e Sueli Trevisan Im pressão e acabam en to E ditora R êspel Praça da R epública, n° 06 - Sala 41 - 4 o andar C e n tro - Catanduva - SP w w w . re sp e le d ito ra . c o m .b r D ados internacion ais de catalogação n a publicação Xavier, Antonio Carlos Como fazer e apresentar trabalhos científicos em eventos acadêmicos: [ciências humanas e sociais aplicadas: artigo, resumo, resenha, monografia, tese, dissertação, tcc, projeto, slide] / Antonio Carlos Xavier; ilustrações, Karla Vidal. - Recife: Editora Rêspel, 2010. 177 p .: il. Inclui bibliografia. 1. Metodologia. 2. Pesquisa. 3. Redação acadêmica . I. Título. 001.8 CDU (2.ed.) UFPE 001.42 CDD (22.ed.) CAC2010-35 » Dedico este livro: A Deus, Aos meus pais, A minha esposa, Aos meusjilhos, Aos meus alunos e orientandos. dp>ceóentaçãa U m a das m aiores preocupações de todo estudante que ingressa em um curso universitário é aprender a “falar” a língua da academia. A universidade é um a instituição com quase dois mil anos de existência e por isso te,«! costum es, tradições, rituais, m odos de funcionam ento historicam ente construídos que lhe conferem o prestígio de ser considerado o tem plo sagrado do saber humano. O conhecimento produzido nas universidades é registrado e transm itido por m eio de um a linguagem que busca preservar a exatidão m áxim a dos fenôm enos naturais e humanos estudados que são arm azenados em suas bibliotecas. A cred ib ilid ad e da C iên cia, m o d o de ex p licação dos acontecim entos humanos e dos fatos naturais, depende muito da clareza e objetividade da linguagem utilizada para revelar à sociedade os resultados de suas pesquisas. Esse saber, concentrado nos relatórios de pesquisa, resumos, resenhas, artigos, monografias, dissertações e teses, é codificado, catalogado e sistem atizado em form a de texto im presso ou digital. Por isso, há um a grande preocupação com a normatização desses dados, pois eles precisam traduzir a verdade das descobertas, já que elas podem influenciar na vida e no com portam ento de toda um a sociedade. A padron ização da escrita e publicação dos trabalhos científicos tem com o objetivo unificar os form atos de apresentação visual dos documentos acadêmicos de m odo que sejam rapidamente identificados com o discursos produzidos p o r pesquisadores,, participantes de um a comunidade específica que com partilham um modus operandi de realizar sua atividade profissional. Livros e periódicos científicos em geral publicados de acordo com um m esm o m odelo de organização facilitam a consulta, a avaliação e a ratificação ou retificação do conhecimento ali divulgado. Q uanto mais clareza na exposição da pesquisa, acredita-se, haverá m enos divergências interpretativas entre os cientistas. A transparência na veiculação de inform ação científica gera mais segurança e confiabilidade ao discurso da C iência e,. consequentem ente, viabiliza o acesso e o usufruto dos benefícios de seus avanços e invenções tecnológicas. Há muitas exigências técnicas, atenção a detalhes e cuidados com a sobriedade verbal.Tudo isso dificulta um pouco a aquisição da linguagem da ciência. Ela tem porm enores que só o exercício frequente da produção de te xto s científicos p od erá garantir ao estudante universitário um, bom dom ínio desta linguagem. Em bora não existam receitas m ágicas que consigam transform ar o estu d an te no u su ário p e rfe ito da lin gu agem acad êm ica em pouco tem po, a leitura atenta e a observação rigorosa às norm as estabelecidas pela A BN T vão ajudá-lo a incorporar mais rapidam ente o “jeito” de se portar linguisticamente ao escrever textos com reflexões e resultados de pesquisa para leitores de instituições científicas. Este livro está dividido em duas partes. A prim eira trata das questões m etodológicas em si e dos traços que caracterizam os gêneros textuais acadêm icos com enfoque especial para as práticas de pesquisa e reflexões intelectuais realizadas nas áreas de ciências humanas e sociais aplicadas. Já a segunda parte da obra aborda form as de tornar mais interessantes as exposições orais dos trabalhos científicos em eventos prom ovidos anualmente por associações e sociedades científicas nacionais e internacionais. Sabemos que na academia existem ótim os teóricos, mas tam bém há péssim os expositores das próprias ideias. O bjetivam os nesta segunda parte apontar caminhos que ajudem os pesquisadores a apresentar com mais clareza e eficiência suas ideias, muitas delas até brilhantes, m as que são com preendidas por falhas de elaboração do m aterial com unicado ao público. Enfim, este livro pretende, ,além de com entar as regras da ABNT, m ostrar exem plos de com o aplicá-las na escrita de textos acadêm icos em seus diversos gêneros, desvendando seus segredos aos estudantes que precisam produzi-los no ambiente universitário. Para isso, utilizam os um a linguagem sim ples e recheam os o texto de ilustrações e exercícios que vão facilitar a internalização necessária das norm as de form atação, perm itir a elaboração eficiente de tais gêneros de texto e transform ar as apresentações orais em eventos acadêmicos muito mais agradáveis e atraentes. Convidam os você, caro leitor, a em barcar conosco nesta aventura de aprender as técnicas de produção de textos científicos e os m odos de apropriação das tecnologias que podem tornar a linguagem acadêmica mais inteligível. Suntmia P arte I A Produção de trabalhos científicos 13 1 17 2 3 4 Senso com um “ x ” conhecim ento científico Senso comum 18 Atitude científica 21 Conhecimentofilosófico 25 Conhecimento religioso 27 Conhecimento artístico 28 Conhecimento técnico 29 Ciência, seus m étodos e classificações 35 0 que é um método de pesquisa? 36 Classijicação das ciências 41 Pesquisa pura 44 Etapas de elab oração de um p ro jeto de p esquisa 53 Escolha do tema 54 Elaboração do projeto 59 Redação do texto 60 G êneros textu ais acadêm icos Projeto de pesquisa 65 65 5 Resumo 88 Resenha 96 Artigo científico 104 Monografia, Dissertação e Tese 118 M odos de fazer citação e referência Tipos ejõrmas de citar 131 131 P arte II A presentação de trabalhos científicos 1 A presentação de trabalh os em eventos acadêm icos 139 143 Modalidades de apresentação de trabalhos 2 científicos 144 Tipos de comunicação oral 144 Conjerência 145 Palestra 146 Mesa-redonda 147 Painel de debates 148 Sessão de comunicação individual 149 Pôster 150 Tecnologias p ara a apresen tação de trabalhos científicos 155 Tecnologias de comunicação 156 Voz — tecnologia sonora de comunicação 156 Microjone — tecnologia para a comunicação a distância 161 Gestos —tecnologia visual de comunicação 163 Roupas —tecnologia visual de comunicação 164 Exposição da palestra em slides 165 Referências 173 Senso comum “x” conhecimento científico Capãu£& 1 Senso comum “x ” conhecimento científico T oda pesquisa visa satisfazer à curiosidade humana, à sede de conhecer as coisas do m undo e tudo que nele há. A pesquisa nasce do d esejo de nos con h ecérm os a nós m esm o s, n osso corpo, nossa m ente, nossos com portam entos, nosso passado, nosso presente e até pela vontade de saber com o será nosso futuro. Em outras palavras, nós vivem os buscando respostas às nossas dúvidas e anseios fundam entais. D esde quando tom am os consciência de nossa existência, especulam os soluções para tais questões, farejam os indícios e pistas que apontem na direção de respostas convincentes para os nossos dilem as. A Pesquisa sem pre fez parte do cotidiano hum ano. M as, a busca por respostas de m odo criterioso, sistem ático e racional (não em ocional, nem m ístico) apenas foi iniciada a partir do florescim ento da C iência, ou, m ais precisam en te, depois da criação do m étodo científico. Antes do nascim ento da Ciência, a m itologia, as religiões e o senso com um apresentaram suas teorias explicativas para responder às principais questões humanas. Porém , a Ciência só surgiu na Idade M oderna, no início do século XVI. A palavra C iência nos rem ete à outra palavra do m esm o dom ínio sem ântico: co n h ecim en to . Entretanto, o que de 17 Coma fwze% c aptesentax Vta&a£fiai> científica* em evento* acadêmico-a fato é conhecim ento? G rosso m od o, podem os dizer que ele representa a apreensão de um saber intelectual ou a aquisição de um a inform ação sobre um fato ou ato realizado pelos seres vivos ou pelas forças da natureza. Há vários tipos de conhecim ento, m as dois deles se opõem diretam en te. T rata-se do con h ecim en to p o p u lar, tam bém chamado de Senso Comum e o Conhecimento Científico. Para que a Ciência se estabelecesse no universo tom ado p or crenças, superstições e opiniões im pressionistas, ela teve que se erguer sobre as “fragilidades” do cham ado Senso C om um . Por isso, parece-nos oportun o discutirm os aqui, ainda que de form a rápida, a diferença entre am bas. Senso comum Em tese, os elem entos que fundam entam a construção de conceitos e definições coletivam ente com partilhadas pelos não estudiosos da natureza e do com portam ento humano são as características elencadas a seguir. Elas revelam a precipitação humana quanto ao desejo de obter explicações simples e fáceis acerca de fenômenos à prim eira vista incompreensíveis. Listam os Antonio Carlos Xavier aqui apenas os quatro traços mais evidentes que revelam o m odo apressado para responder aos nossos questionam entos diante de fatos que nos deixam surpresos, e, por vezes, tem erosos. As características gerais do senso com um são, portanto: • Subjetividade O su je ito que vê ou se in fo rm a so b re d eterm in ad o s acontecim entos se baseia em suas próprias im pressões e escala de valores para definir e lidar com tais fatos vistos p or ele m esm o ou que lhe foram dados a saber. Assim, um a m esm a árvore será percebida e definida de diferentes m odos e conform e o interesse, sentimento e visão de mundo do indivíduo que a percebe. Se ele for um artista, perceberá a árvore com o um objeto a ser reproduzido por um a escultura, pintura, poesia, m úsica etc.. Caso seja um m arceneiro, vê-la-á com o m atéria-prim a para seu trabalho. Já se for um ecologista, ela será um elem ento de veneração, e assim por diante. Enfim, diferentes sujeitos concebem a árvore de acordo com as “lentes” recebidas por cada um deles. • Relativismo Sabendo que a avaliação de um determ inado fato depende da subjetividade, ou seja, dos efeitos produzidos nos sentidos do sujeito-avaliador (doce, am argo, grande, pequeno, quente, frio, p ró xim o , distante, triste, alegre e tc .), com o dissem os anteriorm ente, o conhecim ento será relativo, variável de um sujeito para outro. Em outras palavras, será relativo ao sabor do gosto e do hum or de cada indivíduo. Como. fa/zcn. e aptzôw tw i tm âaiA o* científico* em evento* acadêm ico* • Generalidade É tendência humana estabelecer relações diretas de causa e efeito para os fatos ao seu redor. Essa super simplificação de respostas para quase tudo que acontece à sua vista se baseia na repetição da experiência vivida pelo sujeito. As vezes, passou por um a dada situação apenas um a vez, mas a im agem que sé formou em sua m em ória sobre aquele fato ou objeto será a prim eira concepção a ser ativada. Isso lhe dá um a sensação de dèjavú, ou seja, ele pensa já ter visto aquela cena antes e por isso conheceria seu final. Seguindo esse raciocínio, o sujeito que sente uma dor na barriga poderá atribuí-la à ingestão de um alimento estragado, por exem plo, porque a causa da dor anterior na barriga teria sido infecção alimentar. O u seja, ele se guia pelo princípio indiciai “onde há fumaça, há fogo” . • Preconceitos São noções prévias, conceitos im aturos e opiniões formadas sem qualquer prova ou evidência concreta. A força do hábito gera uma forma de pensamento fixo sobre um fato. A tendência humana é ser levado pelas aparências. Em geral, ele espera ser convencido por argumentos lógicos e experim entais. Se você estivesse numa rua deserta e pouco iluminada e avistasse dois homens caminhando em sua direção, vindo um da sua esquerda e outro da sua direita este mal vestido, com roupas rasgadas e pés descalços, e aquel bem vestido e lim po, de qual dos homens você teria medo? Do c1 direita ou da esquerda? N a resposta sincera da maioria das pessoa Antonio Carlos Xavier o tem or recairia no homem da direita, com má aparência, pois veladamente muitos creem que pobre é sinônimo de ladrão. Nem todo pobre ou todo rico é ladrão. N este caso, é mais conveniente não se lem brar do provérbio popular: “as aparências enganam” . Em contrapartida às características do senso com um , a atitude científica, assim intitulada pelos p róprios adeptos da C iência, é constituída p o r um conjunto de traços que aqui resum irem os só os cinco principais, em bora haja um a dezena citados por filósofos e historiadores da Ciência. A palavra atitude denota ação de um indivíduo. Ela significa agência, ou seja, aquele que se pretende cientista tem que se dispor a cumprir as exigências do trabalho científico sob pena de não ser identificado com o tal pela comunidade científica. Atitude científica • D iferentem ente do senso com um , a atitude científica pode ser caracterizada pelos seguintes aspectos: Cama fwzm e ap iaen lw i tHaêaíík10 científica* em eventos acadêm icas • Objetividade O pesquisador deve escolher com o objeto de investigação coisas e fen ôm en os do u n iverso factual, m aterial, físico e perceptível p or m eio dos sentidos. Para isso, deve valer-se de instrum entos e aparelhos que m eçam e atestem resu ltados. Precisa verificar a adequação das ideias e hipóteses -ao objeto * observado, pois ele busca encontrar o m esm o funcionam ento do fenôm eno estudado em qualquer parte do universo. • Racionalidade É a u tilização de racio cín ios ló g ico s, no p ro ce sso de investigação, p or m eio de p rocedim en tos m etód icos e bem planejados; o pesquisador parte de inferências dedutivas para chegar ao funcionam ento de sistem as organizados do fenôm eno em estudo. Vale-se de quadros de referência para se afastar das im pressões sensoriais prem aturas que podem enganá-lo, prejudicando as conclusões; • Quantitativo Ferram en tas, aparelhos e equipam en tos são essenciais para garantir a m edição p recisa, a quantificação indubitável dos dados para posterior com paração e análise. O s resultados num éricos obtidos são entabulados e apresentados em quadros com valores estatísticos. Supõe-se que, dessa form a, facilita-se a m aterialização do raciocínio abstrato aum entando a chance de convencim ento do público, pois o resultado estará dem onstrado Antonio Carlos Xavier e sua veracidade “com provada” . Esta característica reverbera a m áxim a ocidental, segundo a qual, “os n úm eros falam p or si” . • Regularidade T o d as as p esq u isas que se ju lg am im p o rtan tes têm a am bição de encontrar leis gerais para explicar o funcionam ento dos fenôm enos naturais e com portam entais do hom em . Por exem plo: A Lei da G ravidade é aplicável a qualquer m atéria presente na superfície terrestre, cujo peso seja m en or que o do cen tro da T erra. T od a língua o bed ece a dois princípios in escap áveis que são: a variação e a m u d an ça. T o d as elas variam e m udam ao longo do tem po. O pesquisador sai em busca da frequência, da repetição da ocorrência do fenôm eno investigado. A ssim , ele pode m ostrar a validade de um a lei geral e argum entar que extraordinário é um caso particular do que é ordinário, com um , norm al. • Teórico R e fe re -se ao qu e não é d o u tr in á rio , n ão d efin itiv o nem ab so lu to . N o g era l, in titu lar um a exp licação so b re o funcionamento de um dado fenômeno natural ou com portam ento humano em sociedade significa que há um a alternativa plausível e verossím il que perm ite a com preensão do fato ou ato observado com o objeto da pesquisa. A palavra teoria tam bém tem a ver com a adm issão de que um a determ inada conclusão poderá ser revista, corrigida e alterada, caso haja evidências de sua in com pletude. T oda teoria utiliza com o um dos procedim entos Cama fwzex e apxeôentwc Otaâaiâoô científicaia em evento* acadêmicos principais a.'análise. Ao d ecom po r o fenôm eno observado em várias partes, é possível entender m elhor suas características e funcionam ento. O u tro p ro cedim en to im portan tíssim o na construção de teorias é a síntese, que consiste na recom posição p osterior do m esm o fenôm eno para explicitar seu m odo de funcionam ento. Além do Senso C om um e da C iência, há outros tipos de con h ecim en tos que au xiliam o h om em a c o m p reen d er o u n iv erso e a se c o m p re e n d e r en q u an to se r b io ló g ic o , filosófico, espiritual, técnico e artístico. N a prática, tod os nós carregam os conosco porções de cada um a dessas faculdades que são adquiridas consciente ou inconscientem ente em contato que m antem os com diversas in stituições sociais. D e acordo com nossa necessidade, afinidade e in teresse, direcionam os a atenção para um ou mais desses tipos de conhecim entos. N o caso das instituições universitárias, há um a supervalorização do conh ecim ento científico. A ntes de con h ecê-lo m elh or, vejam os alguns traços destes tipos de conhecim entos citados que acom panham a trajetória humana desde seu surgim ento. Entre os diversos tipos de conhecim entos produ zidos, replicados e preservados pela raça hum ana há m uito tem po, poderíam os dizer que os conhecim entos filosófico, religioso, artístico e técnico seriam os mais com uns a nossa vida cotidiana. C om o cada um deles se m anifesta e qual sua função social são questões cujas respostas verem os a seguir. Antonio Carlos Xavier Conhecimento Filosófico É um conhecim ento que questiona "as coisas essenciais e profundas da vida, tais com o: Q uem sou eu? Q uem é você (o outro)? D e onde viem os? Para aonde irem os? Por que estam os n a m undo? O que é a verdade, o bom e o belo? Para responder a tais questões, o filósofo usa a razão, a lógica e as observações sensoriais para chegar a certas conclusões. O m étodo aplicado Coma fcvzex e apteôentwc Viaâaífio* científica* em evento* acadêm ica* p e la F ilo so fia é ap en as a c o e rê n c ia ló g ic a sem q u a lq u e r experiência com instrum entos e aparelhos de m edição para validar um determ inado conhecim ento. Na base da form ação de todo conhecimento filosófico estão dois sistem as centrais, que foram e são pontos de partida para este tipo de pensar desde a antiguidade clássica até hoje. São eles: o Idealism o, criado por Platão (4 2 7 -3 4 7 ), e o M aterialism o defendido por A ristóteles (3 8 4 -322). D e um lado, os problem as da aparência e da subjetividade preocupavam Platão; de outro, Aristóteles ocupava-se da realidade em pírica. P o ste rio r m e n te , o Id e a lism o Su b jetiv o fico u m ais conhecido entre os cientistas p or Racionalism o, elaborado pelo filósofo francês René D escartes (1 5 9 6 -1 6S0 ). D e acordo com este sistem a de pensam ento, o conhecim ento brota de dentro da m ente humana para o m undo exterior. As outras correntes de pensam ento em geral defendem a necessidade do experim ento e dos dados concretos para se chegar a conclusões confiáveis tal com o A ristóteles com o seu M aterialism o o fez. D erivam das ideias ajristotélicas várias outras correntes filosóficas com o o Empirismo e o Positivismo. O prim eiro tipo de m aterialismo aristotélico se opõe diretamente ao Racionalism o. D efenderam com m aestria a corren te em pírica os filósofos ingleses Thom as Hobbes (1588-1679), John Lock (1632-1704) e David H um e (1711 -1776). O Positivismo com Auguste C om te (1798-1857) tam bém foi bastante im portante, e, para alguns pesquisadores, hoje ainda o é. Tam bém deriva do concepção do m aterialism o aristotélico o M aterialism o D ialético postulado por Karl M arx (1 8 1 8 -1 8 8 3 ), Friedrich Engels (1 8 2 0 -1 8 9 5 ). Mais contem poraneam ente foi desenvolvido o Existencialismo, Antonio Carlos Xavier prim eiro com K ierkegaard (1 8 1 3 -1 8 5 5 ) e H eidegger (18891976), e posteriorm ente com Jean Paul Sartre (190 5 -1 9 8 0 ). Em síntese, o conhecim ento filosófico é o ponto de partida para toda a investigação científica, além de servir m uito bem para analisar as ações, avanços, recuos e desafios da Ciência por m eio do seu criterioso m étodo com que aborda o fazer científico. Conhecimento Religioso T o d a religião bu sca satisfazer a n ecessidade m ística e transcendental imanente aos sereá humanos. Atribuir a origem do universo e a responsabilidade de acontecim entos sobrenaturais a um a divindade onipotente são atitudes com uns a todos os povos e raças da T erra. Em geral, os ingredientes da religião se repetem . H á sem pre um profeta hum ano, um livro sagrado e um grupo de fiéis consagrados à causa religiosa. Esses devem acreditar dogm aticam ente, isto é, sem questionam entos, nas prom essas de vida nuTn paraíso após a m orte e obedecer em vida aos m andam entos contidos no livro sagrado. T od o e qualquer evento ocorrido ou que vir a o co rrer estaria sob a supervisão e controle do divino. Ele respon deria a todas as indagações essenciais do hom em cujas respostas já foram previstas e estão escritas no livro sagrado, os únicos e verdadeiros Anais que guardam os m istérios do universòT' A religião parte do princípio de que suas verdades são inquestionáveis p orque foram reveladas p o r um a divindade poderosa e infalível. Para aderir a esse tipo de conhecim ento, basta ao indivíduo ter fé, porque não há evidências em píricas da existência de tal divindade a quem o religioso devota sua vida. 27 Cama fa z e * e ap iesen tai VuxíuMas científicas em eventos acadêm icas Esse tipo de conhecimento tam bém é denom inado de M ítico (da M itologia) ou T eológico p or delegar a lógica de funcionam ento do mundo às m ãos de um ser divino. O Olimpo era o lugar sagrado onde habitavam e de onde governavam os deuses da m itologia grega (Zeus, Afrodite, Apoio e tc .). O paraíso é para as religiões com o Judaísm o, Cristianismo, Islamismo e Budism o o destino dos fiéis após a m orte. T adas elas são teologias que produzem conhecimentos e explicações sobre * as causas dos fenôm enos naturais e do com portam ento humano com o efeito da vontade de D eus. A existência das catástrofes naturais e da m aldade presen te no seio das sociedades seria consequência direta do afastamento do hom em de D eus, por isso ele precisa se “re-ligar” , reconciliar-se com Ele im ediatam ente. Há teorias religiosas as m ais diversas para elucidar os inúmeros fenômenos naturais. Mas a teoria criacionista, guardadas as devidas peculiaridades de cada um a das religiões acima citadas, é sem dúvida a teoria mais com partilhada pelo conhecimento teológico. Em outras palavras, as principais religiões do planeta defendem que D eus é a origem e a explicação para a existência de todas as coisas. T al com o o con h ecim ento filosófico, o conhecim ento relig io so não se harm oniza com o rig o r e a precisão da Ciência, principalm ente por não apresentar provas experimentais sobre a existência de D eus em torno do qual gira todo o saber religioso. Conhecimento Artístico Tem com o ponto de partida a intuição do sujeito e sua inclinação natural para realizar um a ação ou atividade cujo Antonio Carlos Xavier resultado é um a obra artesanal. Esse produto gera sensações e sentimentos tanto no produtor quanto no “consum idor” . O prim eiro o faz por um a necessidade de expressão, uma form a de comunicação e interpretação da realidade que o cerca. O segundo, reconhecendo a excelência da representação simbólica e estética, deseja possuir o produto artístico pelo prazer que nele desperta. A contemplação leva-o à aquisição. Ambos são movidos pela emoção. A intenção do artista dá contornos visuais ou sonoros ao seu m odo de tratar o tem a, é a maneira que tem de revelar suas im pressões e visões de m undo. A identificação com tal visão de m undo, ainda que inconsciente, impulsiona o contem plador à com pra, à posse da obra de arte. Trata-se de um tipo de conhecimento subjetivo e baseado na idealização e com preensão de ambos (produtor e consum idor) do que seja a realidade pintada, cantada, dançada, esculpida, poetizada, teatralizada e filmada. Podem os dizer que este tipo de conhecim ento tam bém não se aproxim a do conhecimento científico, já que a em oção é o critério para transform ar algo em obra de arte. Por isso, é fundamental saber identificar os diversos estilos artísticos e correlacioná-los aos períodos históricos de seu surgim ento, haja vista que toda linha de arte reflete o contexto de sua existência. O efeito estético de fruição é com plem entado com a informação de com o o artista traduziu com lucidez, precisão e sensibilidade os acontecimentos do seu tem p o . Conhecimento Técnico T rata do saber-fazer com o auxílio de um a ferram enta de apoio que perm itirá realizar um processo cujos lim ites do corpo Cama fwzm c apveôentwi tná&aihas científicos em eventos acadêm icos im pedem sua realização. A este instrum ento de apoio chamamos ‘tecn ologia’ . T odas as tecnologias são criações humanas cuja função principal é am pliar form as de atuação do hom em no m undo. Para utilizá-las, é necessário adquirir um conhecim ento técnico, procedim entos de uso que exigem do sujeito aprendiz observação atenta, intuição aguçada, cálculo m ental refinado e m uita presença de espírito. Q uanto mais se harm onizam todos esses elem entos, mais técnico e profissional revela-se o sujeito. A prática constante leva à precisão da ação . A ssim , um carp in teiro e x p e rie n te , com várias obras extraídas de suas m ãos, dom ina a técnica da carpintaria com o poucos, porque usa movimentos prim orosos com os instrumentos tecnológicos da sua atividade. U m neurocirurgião precisa de uma técnica acurada para, com o auxílio das tecnologias cirúrgicas, proceder exitosam ente na m esa de operação de um hospital. De que adiantaria ser um bom piloto de corrida sem um bom carro? T od os os bons profissionais precisam tanto de técnica quanto de tecnologia para agir com eficácia. Sem as ferram entas adequadas, todas as estratégias e m ovim entos manuais delicados não podem ser realizados. T anto os conhecim entos técn icos quanto os instrum entos tecnológicos estão em evolução constante. Logo, devem os profissionais acordar para o fato de que o saber tem se tornado obsoleto em m uito pouco tem po. Esses são, portanto, os conhecimentos mais recorrentes em nossa sociedade, na verdade, não concorrem com o conhecimento científico; diríam os que eles co-ocorrem , colaboram direta ou indiretam ente para o aperfeiçoam ento da própria Ciência e da vida humana com o um todo. C om o já disse o perspicaz sociólogo português Boaventura de Souza Santos acerca desta fusão natural Antonio Carlos Xavier de saberes: “Todo conhecimento científico-natural é científico-social” (1987, p .37). N o dia a dia, os conhecim entos se entrelaçam e dialogam . N ão há fronteiras claram ente delim itadas entre eles. Não sabem os ao certo quando acaba um e com eça o outro. O que sabem os é que cada um deles tem sua im portância e com põe o com plexo de saberes necessários a um a vida justa e saudável sobre a Terra. Vamos pensar u m pouco sobre o que foi estudado até aqui. As atividades a se g u ir d ev em se r e fetu ad as p re fe re n c ia lm e n te em d u p la cujas respostas devem ser apresentadas e discutidas com to d a a classe. R esponda: 1. A p a r tir da indagação ab aix o , d esen v o lv a um p e q u e n o te x to arg u m e n ta tiv o no qual você d efen d a seu p o n to de vista so b re a questão: A escola privilegia a aprendizagem do co n h ecim en to científico em d e trim e n to dos dem ais tip o s de co n h e c im e n to . Você acha que a socied ad e não precisa mais da sab ed oria p o p u lar e dos d em ais c o n h e c im e n to s p a ra re so lv e r se u s p ro b le m a s cotidianos? 2. Sintetize com suas palavras as características do Senso C om um . 3. Sobre as características da a titu d e científica, há algum a delas que seja m ais difícil de en c o n tra r em um p ro je to de pesquisa na área de ciências hum anas c sociais aplicadas? Justifique sua-resposta. Ciência, seus métodos e classificações Qivpüuto. 2 Ciência, seus métodos e classificações A palavra ciência, em sentido amplo, significa ‘conhecimento’ ou qualquer tipo de ‘saber’ . Em sentido estrito, ciência quer dizer conhecimento apreendido, registrado e dem onstrável a partir da observação, verificação e experim entação de fenômenos naturais ou fatos humanos do mundo real. Sendo assim, é preciso deixar clara a distinção entre “Ciência” e “Conhecimento”, pois nem todo conhecimento é científico, conforme vimos no capítulo anterior, mas toda Ciência gera Conhecimento científico. A Ciência M oderna tal com o a conhecemos hoje nasceu no Século XVI. Seu objetivo era e é dominar a natureza, descobrir suas verdades sistemáticas e as leis que a governam . Até então a abordagem do conhecimento era mais contemplativa do que propriamente experim ental. Desejava-se controlar a natureza e para isso ela deveria ser conhecida em seus mínimos detalhes, com a precisão de um relojoeiro, com o diziam os prim eiros cientistas naturais. Para conseguir o dom ínio das leis naturais, o cientista necessita adotar um a série de procedim entos que devem ser aplicados com m uito rigor na prática científica. Sendo assim , podem os sintetizar a Ciência M oderna na seguinte equação: Cama fa z e * e ap iaen tw i VtaíaíAas científicas em eventas acadêm ieas Precisão + Previsão + E xperim en tação —Ciência Seguindo essa equação à risca, seria possível dar conta do funcionamento do ‘m undo m áquina’ e controlar os m ecanism os que regem os seres naturais, já que a Ciência M oderna afirmava cum prir esse o bjetivo, p o is’só a ela caberia: * • • • E studar a natureza; A rrancar seus segred o s; e R evelar suas verdades. A C iên cia atrib u i-se a ex clu siv id ad e na p ro d u ção de verdades sobre os fenôm enos m undanos. Só ela teria condições e p istem o ló g ica s e m e to d o ló g ica s p ara d e sc o b rir e rev elar v erd ad es, isto é, fatos u n iversais, p revisíveis e im parciais. Em o u tras p alav ras, ap en as esse m o d o de co n h ecer seria capaz de chegar a realidades repetíveis em qualquer parte do universo com previsibilidade de ocorrên cia, p orq u e utilizam r ig o r o s a m e n te m é to d o ^ o b je t iv o s , se m a in te r fe r ê n c ia em ocional do sujeito pesquisador. N o s séculos iniciais da C iência M odern a, os cientistas segu iam se p a ra d a m e n te d o is m é to d o s d ife re n te s em sua concepção: o dedutivo e o indutivo. O que é um método de pesquisa? M étodo é um a form a de ordenar e organizar etapas de um a ação para atingir um objetivo específico. T oda ação humana tem um m étodo, um m odo de fazer, ainda que inconsciente, Antonio Carlos Xavier inconsistente e pouco produtivo. Uns são m ais elaborados, mais sofisticados, mais com plexos, outros, m enos. Uns são ensinados, outros são aprendidos autonom am ente, inventados pelo sujeito. O fato é que até para ler este livro, precisam os aplicar um m étodo de abordagem de leitura. O m ais com um é seguir a ordem dos capítulos, iniciando pelas prim eiras páginas até chegar às últimas. O utra form a de ler este livro seria abordando capítulos específicos que mais interessam ao leitor. Em uma ação investigativa, elaborar um método e segui-lo é fundam ental para obter sucesso na em preitada acadêm ica. A adoção de um m étodo consciente represen ta a lucidez do pesquisador em realizar m ovim entos estratégicos, organizados e planejados com antecedência para executar um fazer com produtividade e transparência m áxim as. • Método Dedutivo O p e sq u isa d o r .inicia a p esq u isa gu ian d o -se p o r um a hipótese ou teoria sobre o funcionamento e características de um determinado fenômeno natural ou humano. Em seguida observa, experimenta e testa sua hipótese no laboratório ou no campo de observação. E sses procedim en tos confirm arão a hipótese estabelecida antecipadamente pelo cientista ou a negarão ao final da investigação. • -—. _ Método Indutivo O pesquisad or inicia a p esq uisa sem levar em conta qualquer hipótese ou teoria sobre o funcionamento e características de um determ inado fenômeno natural ou humano. A observação, doma fxvzex e apresen ta* btaÁalfw-ô científicaô em evento* acadêm icaa o experim ento e o teste serão fundamentais para descobrir fatos não antecipados sobre o fenôm eno investigado; só depois desses procedim entos realizados, o pesquisador pode chegar a uma conclusão. A in dução é o processo mental em que o indivíduo parte de dados particulares vistos com certa repetição. A constância das repetições leva o pesquisador a inferir um a lei ou verdade geral. Vamos a um exem plo sim ples. Se todos os cisnes vistos pelõ pesquisador forem da cor branca, ele será induzido a pensar que todos os cisnes existentes no m undo são desta cor. A conclusão a que ele chegará a partir de sua experiência com a frequência de cisnes brancos é que todo cisne existente no m undo é branco. Já a d ed u ção é o processo mental inverso pelo qual o indivíduo parte de um a hipótese, um a ideia antecipada sobre um fato isolado para aplicá-la à totalidade dos fatos sim ilares se repetidas as m esm as condições de ocorrência. Retom ando o exem plo do cisne branco, basta o pesquisador ter visto apenas uma única vez na vida um cisne desta cor para concluir que todos os cisnes existentes no m undo têm a cor branca nos m esm os contextos de ocorrência. A'tualmente, sabem os que há m étodos de investigação usados na C iência que se inclinam ora mais para indução, ora mais para a dedução. Definiremos a partir de agora alguns dos diversos m étodos que direta ou indiretamente conservam indução ou dedução. • Método da Observação O pesquisador se vale dos cinco sentidos (visão, audição, olfato, gustação e tato) para examinar o objeto investigado a fim de conhecê-lo da forma mais com pleta possível. A observação Antonio Carlos Xavier poderá ser do tipo participan te, isto é, com a participação direta do observador na coleta dos dados, ou do tipo observação não- participan te, sem sua presença em qualquer etapa da captação dos dados da pesquisa. Se a coleta dos dados for feita no local de ocorrência do evento pesquisado, chama-se o b se rv ação em cam po. Se o objeto de estudo, para ser exam inado, for levado a outro local que não seja seu local original de ocorrência, com o uma sala ou laboratório, ela será chamada de o b se rv a çã o em la b o ra tó rio . • Método da Experimentação' O pesquisador usa um conjunto de procedim entos para realizar a pesquisa, ou seja, aplica substâncias externas ao objeto pesquisado p ara avaliar sua “reação ” , seu com portam en to e assim descrevê-lo detalhadam ente diante de diferentes variáveis e situações adicionais. D essa form a, ele consegue testar sua hipótese de trabalho, se tiver um a, e chegar a conclusões. N este caso, a o b serv ação ocorre em ‘situação de laboratório’ , pois nele é possível ao pesquisador efetuar duas ações: • C ontrolar diferentes variáveis com o tem peratura, pressão, velocidade, tem po, repetição de ocorrência etc. em face ao objeto observado; * • Interferir na relação causa e efeito, entre outras reações que poderá ser realizada de acordo com a necessidade do experim ento e segundo as intuições do pesquisador. Para ilu strar um p o u co m ais, v ejam os este ex em p lo . Coma fa z e * e apwsentcuc frtaâaíâaô científica* em evento* acadêm ico* N orm alm ente as hipóteses dedutivas são baseadas na relação dos fatores anteriores já conhecidos e observados pelo pesquisador. U m a pesquisa so bre, p or exem p lo , as causas da dificuldade de com preensão de texto p or parte dos alunos brasileiros dos níveis fundamental e médio pode ter com o hipótese de trabalho a falta de investim ento em leitura de livros, jornais etc. Podese, então, supor que o aum ento por esses estudantes no tem po de leitura de gên ero s textu ais diversos com a supervisão e cobrança da escola sua capacidade de com preensão de textos será ampliada. O pesquisador deverá criar estratégias m etodológicas para desenvolver a pesquisa, intervindo diretam ente p or m eio da observação p a rtic ip a n te em cam p o a fim de o bter a com provação da sua hipótese. Vale salientar que o laboratório do pesquisador de ciências humanas e aplicadas é seu gabinete de trabalho, sua sala de estudo e às vezes até m esm o a sala de aula. N ele com param -se docum entos, checa-se a veracidade de inform ações, elaboram-se tabelas para exposição de dados, constroem -se figuras, gráficos e diagramas, faz-se quase de tudo que é feito em laboratórios tradicionais de ciência natural. A diferença de equipam entos presentes nos laboratórios de ciências humanas e nos de ciências naturais não torna um a das ciências m elhor ou mais precisa do que outra em seus resultados. H oje o com putador é a tecnologiaâncora im prescindível a todos os laboratórios científicos. Antonio Carlos Xavier Classificação d as Ciências $ Í 4 § 1? . A classificação das ciências'tam bém ocorre em razão do m étodo adotado para a realização da pesquisa. Há algumas Ciências cuja coleta de dados e os dem ais procedim entos m etodológicos exigem necessariam ente a observação não-participante, m as com as variáveis controladas em laboratório. V ejam os com o elas têm sido classificadas ao longo da história pelos diversos historiadores da ciência e pelos próprios pesquisadores. • C iên cias L ó g ico -m atem áticas: A ritm ética, Álgebra, G eom etria, Trigonom etria, Lógica etc.; • C iências N aturais: Física, Q uím ica, Biologia, Geologia, Astronom ia, Paleontologia etc.; • C iên c ias H u m an as e S o c ia is: L in gu ística, A n tro p o lo g ia , S o c io lo g ia , H istó ria , P sic o lo g ia , Política, Econom ia, Arqueologia e tc .; • C iê n c ia s A p lic a d a s: E n g en h aria, D ire ito , Medicina, Arquitetura, Informática etc. A pesar desta divisão, as ciências se interpenetram e se interseccionam inevitavelm ente. C om o expressar os resultados 41 Coma fazex. e ap>ie*entwt Vta&alfio* científico* em evento* acadêm ico* de pesquisa senão por m eio da linguagem que por sua vez é o objeto de investigação da Linguística? Isto nos leva a assum ir que a tentativa de im por fronteiras entre as ciências é um a tarefa inútil, além do que esse tangenciam ento torna o fenôm eno da interdisciplinaridade do conhecim ento um fato, um a verdade inquestionável que deveria ser objetivo dos diferentes dom ínios de saberes. A m aior beneficiária desta interdisciplinaridade será * m esm o a hum anidade, pois o hom em é um todo; sua divisão é um a form a de facilitar o estudo da sua com plexidade. N o te m o s q u e c ad a c iê n c ia se su b d iv id e em ra m o s específicos em razão de novas delim itações do objeto e tam bém pela introdução de novas m etodologias de coleta de dados em face aos avanços técnico-instrum entais. V ejam os, por exem plo, as várias subdivisões da Linguística, C iên cia da L in gu agem . E ste cam po do sab er, atu alm en te, apresen ta várias subáreas, tais com o: E stu dos Fon ológicos, Lexicológicos, M orfológicos, Sintáticos, Semânticos, Pragmáticos, Sociolinguísticos, N eurolinguísticos, Psicolinguísticos, Análises do D iscurso, do T ex to , da C onversação, Linguística Aplicada entre outros focos de interesse. Entretanto, até o século X IX , a linguagem era estudada apenas pela perspectiva histórica. O s estudos com parativistas investigavam as relações de parentesco entre as línguas para descobrir qual teria sido a língua-mãe. Com a descoberta do Sânscrito em 1786, Sir. W illian Jon es lançou a hipótese de que as línguas grega, latina e sânscrita teriam um a m esm a origem , em razão das semelhanças encontradas entre elas ao com pará-las. Essa descoberta diminuiu bastante o interesse, entre os estudiosos da linguagem , pela busca da proto-língua. Abriu- Antonio Carlos Xavier se assim espaço para a proposta de Saussure quanto ao estudo científico da língua. Estavam colocadas as condições ideais para um a m udança “paradigm ática” nos estudos da linguagem do ponto de vista teórico e m etod ológico. Inclusive com o advento do gravador fonográfico os pesquisadores das línguas puderam estudar tam bém a fala e não apenas a escrita encontrada nos docum entos e livros. O objeto central de investigação da Linguística e de todas as suas subáreas é sem dúvida a língua. O que m uda são os olhares sobre sua form a e função, tais com o suas realizações sonoras, m orfológicas, seu m odo de organização nos enunciados, suas m odalidades oral ou escrita, sua estruturação cognitiva, seus vínculos sociais, históricos, culturais, bem com o a abordagem m etodológica escolhida para investigar o fenôm eno da linguagem verbal dentro ou fora de um contexto real de uso. Por essa razão, precisam os saber que, para cada pesquisa sobre a língua, haverá um “recorte” de um a parte dela que será examinada com detalhe maior ou m enor conforme os objetivos do pesquisador. D e acordo com esses objetivos, ele deverá escolher qual a m elhor maneira para coletar e analisar a parte da língua que receberá sua atenção investigativa. Além da classificação da ciência e suas subdivisões internas, haveria diferentes tipos e formas de realizar uma pesquisa científica? Certamente que sim. Sabemos que a pesquisa científica significa investigação com m étodo, aplicação de regras e rigor sistêm ico sobre um dado fenômeno a fim de descobrir novos conhecimentos e perceber novas relações entre o fato estudado e outros afins. Por essa razão, há diferentes formas de efetuar uma pesquisa, assim com o há diferentes modos de fazer pesquisa científica. Conto fwzex e apicaentcvi tna&aífio* científico* em evento* acadêm ico* A prim eira grande subdivisão refere-se à abrangência e à aplicabilidade dos resultados de um a pesquisa. Logo, pode-se em preender um a pesquisa em um dos dois blocos a se g u ir., Pesquisa Pura Dedica-se a observàr fenôm enos abstratos sem determ inar aplicações antecipadas, utilizando cálculos e equações matemáticas para fazer d ed u çõ es, inferências e prev isõ es. Por exem plo: calcular os m ovim entos de rotação e translação da Terra, m edir a velocidade do deslocamento dos planetas na órbita celeste, prever quando haverá o próxim o eclipse total da lua, inventar frases para analisar suas possíveis estruturas sintáticas profundas etc. Esses conhecimentos científicos são produzidos com base em fórmulas matemáticas e raciocínios lógicos e muitos pesquisadores não fazem quaisquer testes com objetos concretos. N este tipo de pesquisa, não há uma clara ideia de com o ela será aplicada e quais os benefícios diretos receberão os seres humanos com as descobertas e criações derivadas dela. • Pesquisa Aplicada Constata-se um problem a e busca-se a solução imediata. Por exem plo, o problem a é com bater o vírus de um a nova gripe. O s cientistas, então, buscam descobrir um a vacina que evite contrair a doença. R ealiza-se a pesquisa sabendo an tecipadam ente o resultado esperado. O s benefícios sociais são diretos e imediatos. C om o controlar o aum ento da inflação seria o problem a a ser resolvido por um a outra pesquisa, por exem plo. O s cientistas sociais aplicados procurarão descobrir estratégias econômicas que evitem o aumento desenfreado do dragão financeiro. 44 Antonio Carlos Xavier O utro exem plo seria pesquisar mecanism os didáticos para ajudar os alunos que têm dificuldade de ler e escrever textos na escola, exem plo já citado antes. Diz-se, portanto, que uma pesquisa aplicada é aquela que faz um a investigação com um a intervenção direta da ciência para solucionar um problem a já detectado. Dentro desses dois grupos, há pesquisas com características específicas, tais com o: • Pesquisa Teórica E aquela que se dedica ao estudo, análise e comparação entre teorias dentro de uma ciência ou subárea dela. Na Linguística, como vimos antes, há várias subáreas, dentro destas há várias teorias. Por exem plo, um a pesquisa m eram ente teórica neste cam po do saber seria com parar, no interior da Sociolinguística, suas duas grandes teorias: a Interacionista e a Variacionista, apontando seus pontos de convergência e de divergência. • Pesquisa Metodológica É aquela que se preocupa em estudar os m odos de fazer ciên cia, no p assad o ou no p re se n te , p ara c o m p re e n d e r e interpretar a eficácia e vantagens de um m odo de investigar em relação ao de outro. Pesquisar com p se estuda a m odalidade oral da língua hoje, se os dados são coletados em situações reais de uso por falantes realizando suas atividades cotidianas espontaneamente (na rua, escritório, con su ltório, sala de aula e tc .), ou se os dados são coletados em situações forjadas de uso da língua oral (program as de T V , peça de teatro, novelas) é o que faz uma pesquisa m etodológica. 45 Cama fwz&i c cLp*e*entwt Viaâaífio* científica* em evento* acadêm ico* • Pesquisa Empírico-Descritiva E aquela que intenciona observar o fenôm eno, descrevêlo, registrar suas características, m ensurá-lo, classificá-lo, sem que haja qualquer interferência do pesquisador neste processo. São exem plos de pesquisa em pírico-descritiva: enquetes de opinião, as de levantam ento socioeconônico (Senso do IBG E), as m ercadológicas encom endadas p or agências de publicidade, as psicossociais para verificar m udanças no com portam en to dos indivíduos. A grande m aioria delas é feita p or institutos de pesquisa especializados. • Pesquisa Explicativa E aquela que busca detalhar os registros realizados por m eio de análise m eticulosa, divisão do objeto investigado em diversas partes, interpretação fina das possíveis m otivações e suas consequências, procurando relacionar os fatores determ inantes para tais. Seu ob jetivo con siste em ap rofu n d ar a realidade observada para com preender seus porm en ores, estando, por isso, mais sujeita a erros e desvios interpretativos do pesquisador. Há fenôm enos para os quais não existem explicações. M uitos cientistas insistem em forçar os dados a dizerem o que lhes n f ' • ~ interessam , o que lhes convem . E preciso estar atento para não cair nesta armadilha. • Pesquisa Experimental É aquela em que o pesquisador controla e m anipula todas Antonio Carlos Xavier as variáveis sobre o fenôm eno em observação com a finalidade de interpretar as reações e m odificações que podem ocorrer no o b jeto p esq u isad o . N este caso, o in vestigad or in terfere diretam ente no fato ou no com portam ento do sujeito. Em geral, usa-se outro fato ou sujeito com o grupo de controle que não sofre a intervenção direta do pesquisador. C om isso m antém -se um fato ou sujeito intacto para ser com parado com o fato ou sujeito que receber as intervenções do pesquisador. • Pesquisa-AÇÃO t É aquela em que o pesquisador faz intervenções diretas na realidade social que se apresenta com algum problem a. Ele interage de form a intensa com os sujeitos pesquisados e com a realidade que o cerca. Além de constatar o problem a e suas causas, ele procu ra agir para solucioná-los de m odo prático e conscientizar os sujeitos envolvidos sobre a m elhor form a de evitar a ocorrência de tais problem as. U m bom exem plo para este tipo de pesquisa é o seguinte: um p ro fe sso r detecta um a dificuldade de aprendizagem em seus alunos. Passa, então, a observá-los até descobrir as causas. Em seguida, elabora e testa ele m esm o atividades pedagógicas que possam resolver a dificuldade dos aprendizes. Verificada a eficiência das atividades propostas,, o professor com partilha com seus colegas p or m eio de um relato oral de experiência, da escrita de artigo científico ou até através de um a dissertação de m estrado e ou tese de doutorado. N este tipo de investigação, o cientista pesquisa enquanto age, propõe m udanças que são aplicadas por ele m esm o. 47 Coma fa z e * e ap m i etitcuuVtaÂaífw* cientifica* em evento* acadêm ico* • ■K Pesquisa Bibliográfica E aquela form a de investigação cuja resposta é buscada em inform ações contidas em m aterial gráfico, sonoro ou digital estocadas em bibliotecas reais ou virtuais. O pesquisador faz um levantamento de trabalhos já realizados sobre um determ inado tem a e cataloga-os a fim de rever, reanalisar, reinterpretár e criticar procedim entos técnicos e pontos de vista teóricos considerados pelo autor da pesquisa já “envelhecidos” ou ineficientes. Antonio Carlos Xavier É h o ra de pen sar u m p o u co sob re o que foi estudado n este capítulo. As atividades a seguir d ev em ser efetuadas p re fe re n cia lm en te em dupla cujas respostas devem ser apresentadas e discutidas com toda a classe. Responda: 1. Q u e é e o q u e faz a Ciência? r 2. Q u al a im p o rtâ n c ia d o m é to d o cien tífico p ara u m a pesq u isa acadêm ica? 3. Q ual a diferen ça e n tre dedução e indução? C ite dois exem plos, sendo u m de u m a pesquisa que u tilizou um m é to d o indutivo e o u tro que u tilizo u o m é to d o d edutivo. 4. R elacione os d iferen tes m éto d o s às d iferentes ciências. 5. C o m en te a equação: Precisão + Previsão + E xperim entação = C iência. D e a co rd o com ela, co m o você classifica seu cam po de estu d o e sua pesquisa, caso você já esteja d esenvolvendo ou p re te n d a d esenvolver uma? 6. A pesquisa que você pensa em fazer ou já está fazendo po d e ser classificada co m o pesquisa p u ra ou aplicada? P o r quê? A p resente trê s características da sua pesquisa que justifiquem sua classificação com o , p u ra ou aplicada. Capítula Etapas de um projeto de pesquisa dcvpítuía 3 Etapas de um projeto de pesquisa Q uais seriam , então, os passos para você com eçar a fazer uma pesquisa? Q uais as etapas para se elaborar um projeto? Essas são questões bem com uns aos estudantes universitários de graduação e pós-graduação cujo desafio a enfrentar é em preender uma investigação científica mais cedo ou mais tarde. Elaborar um projeto de pesquisa não é um bicho tão feio quanto se pinta. Pesquisar pressupõe organizar sistem aticam ente ações e procedim entos para obter um conhecim ento determ inado. Por sua vez, toda organização exige um planejam ento e este deve ser pensado p or etapas. Em geral, um projeto de pesquisa segue três etapas: escolha do tema, elaboração do projeto e a redação do texto. D epois de pronto, o p rojeto pode ser subm etido a alguma seleção por instituição pública ou privada a fim de viabilizar a em preitada investigativa com financiamento e apoio técnico para sua im plem entação. -—. . V ejam os cada um a das partes da elaboração de um p rojeto por vez para entenderm os com o m ontar um a pesquisa dentro das exigências da Ciência. Come. faze*. e apie^entaí buxíaífuu científico* em eventos académicaô Escolha do Tema Essa talvez seja a etapa m ais difícil de to d as, p orque serão necessárias m uita sensibilidade científica e um a aguçada p erspicácia do p esq u isad o r para eleg er um tem a diante de tantos que precisam ser pesquisados. D en tro de cada tem a, o pesquisador deve visualizar um problem a que m ereça uma investigação. Caberá a ele decidir qual dos diversos problem as dentro de um m esm o tem a receberá sua atenção. Suponham os que a área de pesquisa seja educação, o t e m a seja dificuldades de aprendizagem, cujo p r o b l e m a mais gritante seja a limitação dos alunos do ensino fundamental e médio em leitura e compreensão de texto. O bservando os resu ltad os apresen tados p elos sistem as de avaliação do M inistério da Educação nos últim os anos1, o pesquisador p erceb erá que um a das dificuldades dos alunos destes níveis de escolaridade é a baixa capacidade de compreensão de texto. 1 Sobre os sistemas oficiais de avaliação do Ministério da Educação brasileiro consultar o site: www.mec.gov.br. Antonio Carlos Xavier T anto o tem a ( dificuldades de aprendizagem), com o o p r o b le m a (limitação na leitura e compreensão de texto) são relevantes e m erecem um a investigação im ediata. Não basta encontrar ou descobrir um tem a relevante, é preciso identificar um problem a dentro dele, para realizar uma pesquisa de cunho científico. As vezes, o pesquisador iniciante gosta de um determinado tema, mas não sabe exatamente enxergar dentro dele um problem a. Enquanto não for identificado um problem a a ser estudado dentro do tem a, não há m otivo para efetuar uma investigação científica. Veja, por exem plo, o que faz um investigador da Polícia. Em geral, seu tem a é a ocorrência de um crim e, digamos, a m orte de alguém. Para o policial, que deve ser um pesquisador nato, o problem a será descobrir se a m orte foi natural ou provocada; se provocada, quem a cometeu; se foi suicídio ouhomicídio. Sendo um homicídio, quais os implicados? Q uem são os prováveis suspeitos? Quais as razões para o assassinato? O nde aconteceu? Com o estava a cena do crime? Em que circunstâncias o crime ocorreu? A que horas? Tudo isso deve ser levantado pelo investigador antes e durante a investigação. Para o policial o tem a de sua investigação será sempre uma transgressão à lei. Seu problem a será esclarecer as circunstâncias e apontar os’ suspeitos de tê-la com etido. Para isso, fará o exam e do lugar, do tem po e de outras circunstâncias em que o fato ocorreu a fim de encontrar pistas e indícios deixados pelo criminoso na cena do crime, coletando-os e relacionando-os a quem o crime esteja de alguma form a vinculado. Cabe a outros profissionais do sistema judiciário instaurar inquérito, protocolar denúncia-crime, solicitar a punição, julgar o acusado e executar a pena ou inocentar o réu. Cama fazex e aptesentwc txuâaífioi científicaa em eaentoô acadêm icas O p esq uisad or acadêm ico deve-se d eter aos tem as de sua área de atuação. Claro que poderá sem pre pedir ajuda a pesquisadores de outras áreas, pois os tem as estão naturalm ente inter-relacionados. Q uanto mais interdisciplinaridade, melhor. Se o pesquisador é da área de educação, por exem plo, ele deverá procurar problem as a pesquisar dentro desta área, mas não deve se limitar a esta área quando iniciar sua pesquisa. Deve buscar informações tam bém em outras próxim as. Por exem plo, sendo o pesquisador um professor de língua materna ou estrangeira, deverá voltar seu olhar para eventuais problem as com a aprendizagem desta. D eve tam bém buscar subsídios de saberes já descobertos e publicados em áreas com o psicologia (da aprendizagem), didática, prática de ensino, sociologia, história etc. O material a ser coletado dependerá do tem a, do problem a e do tipo de pesquisa escolhidos pelo pesquisador. Em geral, quando um p ro blem a surge dentro de um tem a e desperta o d esejo no pesq u isad o r de in vestigá-lo, caberá a este, em prim eiro lugar, fazer um a varredura bibliográfica sobre livros, revistas especializadas, jornais, sites da Internet para ler tudo ou quase tudo que já foi publicado sobre aquele tem a e problem a. Em segundo lugar, conhecendo o que já foi dito sobre o tem a e problem a, o pesquisador terá condições de saber se estará em preendendo um a pesquisa pioneira, inédita sobre aquele tem a e problem a ou, se pelo m enos, o enfoque, a perspectiva, o lugar, os sujeitos, o contexto são diferentes e, por isso, m ereceria uma nova pesquisa. Só depois de ponderar a necessidade de realizar a investigação sobre o tem a e problem a já investigado ou se souber que nada ainda foi exam inado sobre a questão, o pesquisador poderá coletar seu material no cam po, lugar em que o fenômeno Antonio Carlos Xavier a ser examinado de fato ocorre, ou em banco de dados arquivados analógica, eletrônica ou digitalm ente. O que um pesquisador não pode fazer é “procurar chifre em cabeça de cavalo” , isto é, enxergar problem a onde ele não existe ou já se tenham descoberto soluções razoáveis e satisfatórias para ele. O utra coisa que o pesquisador não deve fazer é procurar descobrir “qual a cor branca do cavalo de N apoleão Bonaparte” , ou seja, não deve investigar um problem a cuja solução esteja bem abaixo do seu nariz e só ele não consegue vê-la. N este caso, subm eter o tem a e o problem a à avaliação de pesquisadores experientes da área é um a atitude dê humildade recom endável que evitará vexam e e perda de tem po ao pesquisador iniciante ou ingênuo. Por isso, a escolha do tem a e principalmente a identificação de um real problem a de pesquisa m erecem a m áxim a atenção e critério do pesquisador a fim de que todo o investim ento de tem po, recursos financeiros e emocionais possam valer realmente a pena e justifiquem a realização de um a pesquisa científica. Adem ais, um pesquisador não deveria se ocupar de tem a já tratado por outro pesquisador para não “chover no m olhado” . Há pesquisadores que pensam ter descoberto a pólvora quando escolhem investigar um problem a sem antes ter verificado se já foi pesquisado por outros. O olhar de outros pesquisadores poderá indicar a necessidade de correção em procedim entos m etodológicos e evitar equívocos conceituais não percebidos pelo pesquisador tão envolvido até m esm ó em ocionalm ente com a produção do seu projeto. A m esm a atitude de humildade vale para a escrita de textos. E sem pre bom ouvir com receptividade as críticas verdadeiramente 57 Coma fwz&t c apieôentwi O taâaíâo* científica* em evento* acadêmica* construtivas que naturalm ente vêm do professor ou colega que se m ostre realm ente interessado em ajudar. N o que toca ao p rojeto de pesquisa, antes de escolher o tem a e o problem a para nossa investigação, deveríam os adotar cinco atitudes im portantes, que nos pouparão constrangim entos futuros. São elas: • Avaliar a relevância humana, social e científica da pesquisa; • Verificar se o tem a e o problem a já foram examinados antes, por quem , com o, onde e quando; • Saber o enfoque que dará ao problem a, caso o tem a e o problem a já tenham sido pesquisados por outros, m as com outro foco, em outro país e há m uito tem po; • Identificar a viabilidade ética, técnica e financeira da pesquisa sobre o tem a e problem a escolhidos; • G ostar do tem a e em polgar-se pela descoberta da “solução” para o problem a de pesquisa identificado. C om o podem os perceber, o policial investiga problem as im p o rtan tes que ele não p ro cu ra , enquanto o p esq u isad o r acadêm ico p ro cu ra p o r p ro b lem as relev an tes a in vestigar. Am bos cum prem sua função social a sua m aneira. A civilização contem porânea precisa de am bos. Antonio Carlos Xavier Elaboração do Projeto Fazer bem qualquer coisa,na vida nos dá trabalho, ou seja, exige nosso labor, grande esforço pessoal e m uito suor do nosso rosto. Q uando falam os de projeto, então, toda concentração mental e física é pouca. Projetar quer dizer program ar com detalhe a realização de um desejo ou de um sonho. Assim, a elaboração de um projeto de pesquisa acadêmico exigirá muita determ inação, imaginação e disciplina a fim de program ar cada etapa e segui-la com atenção, m as tam bém com flexibilidade. O projeto é o guia, é o m apa do pesquisador durante seu percurso de navegação investigativa. Entretanto, ele não poderá se prender rigorosam ente às etapas previstas no projeto de m odo a não m exer ou m udar o planejado, se necessário for, quando da sua execução. O fato é que nenhuma investigação deveria acontecer sem o suporte de um projeto de pesquisa que lhe dê sustentação, que lhe seja o roteiro. Por isso, solicitar a avaliação de outros pesquisadores da área sobre a validade e pertinência dos procedim entos teóricometodológicos propostos na pesquisa é de fundamental importância para o sucesso da ação investigadora. Cama fazen. c ap>tasentwL tíoãaífios científicas cm mentos acadêm icas Redação do texto fm i Esta é a última e decisiva parte da elaboração de um projeto de pesquisa acadêm ico. A apresentação do texto do p rojeto deverá seguir rigorosam ente a seguinte ordem : • Capa: título, subtítulo, área e subárea da pesquisa, nom e do pesquisador, nom e do possível orientador, local, m ês e ano; • P ágin a 1: Introdução com problem atização do tem a, justificativa e hipótese; • P ágin a 2: O bjetivos: geral e específico; • P ágin as 3 e 4: Fundam entação teórica e relato de outras pesquisas sobre o tem a; • P ágin a 5: M etodologia; • P ágin a 6: C ronogram a de trabalho; • P ágin a 7: Referências Antonio Carlos Xavier Ensinar a ler e compreender texto: desafios da escola do Século XXI Área: Linguística Aplicada Subárea: Língua Portuguesa Autor: José de Lima Xavier Orientador: Roberto Correa 1 Introdução Contextualização do tema; Problematização do tema; Justificativas; Hipótese. Recife, março de 2010 Objetivos da pesquisa Objetivo geral; Objetivos específicos. Fundamentação teórica Resenhas curtas de teorias sobre o tema. Metodologia Relato de outras pesquisas sobre o tema Como serão coletados os •dados? Coma- fcvz&i e aptesentcn btaBalAas científicas cm eventas acadêm iáió % % Cronograma de trabalho Atividades Mês 1 Mês 2 Pesquisa bibliográfica X X Coleta de dados X Referências Mês 4 Livros; Revistas científicas; Dicionários; Sites •* “■ Análise dos dados X Redação X Revisão e defesa Mês 3 X * X É h o ra de p en sar u m p o u co sobre o que foi estudado n este capítulo. As atividades a seguir devem ser efetuadas p refe ren cia lm e n te em dupla cujas respostas devem ser apresentadas e discutidas com toda a classe. R esponda: 1. O que deve m otivar um pesquisador a em p ree n d er um a investigação científica? 2. C o m e n te trê s das cinco a titu d e s im p o rta n te s n o p ro ce sso de elaboração de um p ro je to de pesquisa. 3. E x p liq u e as div ersas p a rte s em q u e se div id e u m p ro je to de pesquisa. »n *fí II fff H Jffi Gêneros textuais acadêmicos Capãufo4 Gêneros textuais acadêmicos Há vários gêneros textuais que podem ser classificados com o acadêmicos por estarem inseridos na universidade ou laboratórios de pesquisa, tais com o: Projeto de Pesquisa, Resumo, Resenha, Artigo Cientifico, Monografia, Dissertação e Tese. N este capítu lo , vam os estu dar com o alguns d eles são constituídos e caracterizados linguisticamente. Vam os conhecer sua estrutura textual e sua form a de organização interna para aprender a produzi-los adequada e eficientemente. Com eçarem os pelo gênero textual Projeto de Pesquisa. G ênero acadêm ico: Projeto de pesquisa T rata-se de um d o cu m en to ..escrito que deve conter as diretrizes gerais e as ideias principais de um estudo científico que se deseja realizar. Ele é o ponto de partida para a execução da investigação acadêm ica em níveis de graduação e pós-graduação, mas tam bém pode ser produzido no ensino fundamental e m édio com m enor rigor. Além de funcionar com o um -script para o estudioso, o p ro jeto é um a peça fundam ental para solicitar Cama fa z e * e ap%e*enta% Vtaâaífw* científica* em evento* acadêm ica* financiamento aos órgãos de fom ento e materializar efetivamente a intenção de investigação. C om o vim os no capítulo anterior, são itens obrigatórios no projeto de pesquisa: a) D ados de identificação: • Título • Subtítulo; • Area da pesquisa; • Subárea da pesquisa; • N om e do pesquisador; • N om e do possível orientador j • Local, m ês e ano; b) fu stific ativ a Exposição dos m otivos que levam à realização da pesquisa, explicitando a limitação espacial e tem poral do problem a, bem com o a descrição da situação a ser pesquisada. A justificativa responde à pergunta: POR QUE realizar a pesquisa? N esta parte do projeto, o pesquisador deve apresentar as razões sociais, econôm icas, políticas, históricas, educacionais entre outras que o motivaram a fazê-lo. Duas coisas precisam ficar claras na justificativa, pois responderão às seguintes indagações: 1. Qual a importância não acadêmica da investigação? 2. 0 que o cidadão comum e a sociedade em geral ganharão com sua execução? Antonio Carlos Xavier Tom em os com o exem plo o tem a (dificuldade de aprendizagem) e o problem a (limitação em leitura e compreensão de texto) relacionado às com petências básicas de todo cidadão contem porâneo. Para justificar um a pesquisa com esse tem a, o pesquisador deverá lem brar que, em bora haja pesquisas que tenham tratado desta tem ática e p roblem a, ainda não foi encontrada um a solução prática e definitiva para ele. Ao realizar um a pesquisa sobre essa questão, o proponente deve m encionar que dificuldades de c o m p re e n sã o p ro v o c a m p ro b le m a s de o rd e m so cial e eco n ô m ica para os in d iv íd u o s. C om p ou ca cap acid ad e de d iscern im en to e in terp reta çã o de in fo rm açõ e s, as p esso as poderão ser facilm ente enganadas por outras mais “espertas” e terão um a baixa produtividade em suas atividades profissionais. Consequentem ente, perderão com isso tanto o indivíduo limitado cognitivãmente quanto a sociedade na qual ele se insere. A justificativa do pesquisador buscará m ostrar a necessidade urgente de aumentar as possibilidades de aprendizagem dos alunos p or m eio da ampliação da sua capacidade de ler, com preender e interpretar coerentem ente os diversos texto s verbais e nãoverbais que circulam nos espaços sociais. P or con seguin te, m elhores leitores poderão acelerar os processos de produção de bens m ateriais e sim bólicos e gerar um volum e m aior de ações mais civilizadas e racionais na sociedade em geral. N ão im porta a área a que ele esteja vinculado; todo projeto de pesquisa deve convencer seus leitores e principalm ente seus financiadores da im portância m aterial de sua realização. Ainda que Se trate de um projeto de pesquisa pura, é preciso construir um quadro, na justificativa, que perm ita a visualização do seu valor social e de seu papel na m elhoria da vida humana. <S>7 Coma fa z e * e apveôentwi ViaâaCâo* científica* em evento* acadêm ico* c) Objetivo T odo projeto científico pretende conhecer um fenômeno, fato ou com portam ento, procura propor uma solução criativa e preferencialmente inovadora para um problem a insurgente. Por isso, o proponente do projeto tem que explicitar qual é o objetivo geral da pesquisa, além d e detalhar quais são os objetivos específicos a serem alcançados ao final da jornada investigativa. A ssim , no objetivo, o p esquisador tentará resp on d er à pergunta: PARA QUE realizar a pesquisa? D evem ficar evidenciadas nesta parte respostas às questões: • Quais os ganhos reais que a área de estudo vai obter com a realização de tal pesquisa? • Quais as contribuições conceituais deixadas por ela ao final de sua execução? • Q uais serão os avanços teórico-m etodológicos visualizados pelo pesquisador com sua investigação científica? t L istar os o b je tiv o s e sp e c ífic o s em form a de item devidamente enumerados facilita para o pesquisador harmonizar com as teorias que darão sustentação às análises dos dados. Isso também perm ite que o leitor/financiador avalie com mais certeza a relevância dos objetivos específicos em relação ao objetivo geral e, principalm ente, sua pertinência em relação ao problem a a ser solucionado pela investigação. N o limite, o objetivo de uma investigação será sem pre resolver o problem a que a motivou. Se não solucionar o problem a, a pesquisa não foi totalm ente bem sucedida. Antonio Carlos Xavier d) Questão de Pesquisa O problema motivador citado acima é chamado tecnicamente de Questão de Pesquisa. Ela é o foco de tod a a investigação e perm eia im plicitam ente todas as fases de execução da pesquisa. Funciona co m o o m aio r d esafio do p e sq u isa d o r, que não descansará enquanto não achar um a resposta coerente, sim ples e convincente para ela. Utilizando o m esm o exem plo de tem ática e problem ática já citado, podem os dizer que a questão de pesquisa poderia estar assim elaborada: Como solucionar ou diminuir as limitações em leitura e compreensão textual dos alunos? O utra form ulação para esta Q uestão de Pesquisa poderia ser a seguinte: Que atividades e exercícios poderão ser propostos para ajudar os alunos a compreenderem melhor os textos que leem? Certam ente a formulação da segunda questão de pesquisa intenciona atingir os m esm o s p ro p ó sito s da p rim eira, m as apresenta-se mais detalhada. Ambas identificam um problem a (.limitação em leitura e compreensão de texto) e se referem indiretamente ao como ele poderia ser solucionado. N a própria formulação da segunda, encontra-se um a proposta de solução embutida, o que não acontece com a prim eira questão form ulada. A segunda pressupõe que há atividades pedagógicas (exercícios) que podem ajudar, em alguma medida, os alunos a m elhorar sua capacidade Coma fwzex c ap%e*entwt txaâalfw * científicas em evento* acadêm ico* de com preensão de textos. Já a prim eira questão, pressupõe a diminuição dessa limitação, admitindo as poucas chances de se encontrar uma solução definitiva para o problem a. N ote que a prim eira form ulação da questão de pesquisa pressupõe a existência do problem a, m as não tem ideia de com o resolvê-lo. L ogo, o pesquisador não tem qualquer hipótese de resposta à questão. Durante o desenvolvim ento da investigação, ele poderá ter insights, isto é, boas suposições de resposta. Nem toda pesquisa precisa apresentar um a hipótese, m as será m uito bom que a tenha. U m a hipótese de trabalho depende de vários fatores. Um deles, com o vim os, é com o a questão de pesquisa é form ulada. Isso é o que acontece com a form ulação da segunda questão. Ela sugestiona que devem ser propostas atividades pedagógicas, ainda não especificadas. Elas poderão ser especificadas na hipótese de trabalho, um a parte im portante do p rojeto que com entarem os a seguir no item e . A lertam os para o fato de que Questão de Pesquisa deve sem pre estar explícita no#p ro jeto , ainda que diluída no texto da introdução do trabalho. U m a vez identificada, ela ajuda o leito r/ avaliador a entender qual a m otivação urgente que valha a pena realizar o projeto de pesquisa. Ela tam bém recebe os seguintes nom es: P roblem a d e p esq u isa, P ergu n ta de p e sq u isa e P roblem atização (d o tem a). Se o pesquisador optar por trabalhar com a segunda questão de pesquisa form ulada no exem plo anterior, o objetivo geral pode ganhar a seguinte elaboração, considerando o tem a em tela: 7© Antonio Carlos Xavier O b je t iv o G e r a l : Verificar em que aspectos do processo de compreensão textual os alunos têm apresentado mais dificuldades e propor atividades pedagógicas que os ajudem a superá-las. e) H ipótese Trata-se da proposta de solução para a questão de pesquisa. Por ser um a pequena afirm ação (hipo + tese), ela deve ter o form ato de suposição, um a resposta não definitiva, já que só depois da execução do projeto é qvie o pesquisador poderá afirmar com certeza que sua h ipótese foi com provada. O contrário tam bém poderá acontecer, ou seja, sua hipótese poderá não se com provar e ele deverá ter honestidade científica suficiente para assum ir o equívoco da sua hipótese. Esse é um risco que correm todas as pesquisas e seus respectivos proponentes. Lem brem o-nos de que, no objetivo geral, o pesquisador ressalta por que ele quer pesquisar o tem a “X ” que tem um problema “Y” a ser resolvido. N a hipótese, ele imagina um a solução viável para tal problem a. Então, a form ulação da hipótese deve sem pre estar no cam po das possibilidades e não no das certezas. Vejamos um exem plo de form ulação de hipótese a seguir: A capacidade de compreensão textual dos alunos pode ser ampliada se as atividades pedagógicas propostas em sala de aula pelo professor explorarem o enriquecimento do vocabulário, por meio da leitura de textos diversos, a produção de paráfrase oral e escrita de textos lidos e ouvidos, bem como enfatizar os processos de inferência e retomadas de termos semanticamente correlatos no texto. 71 Cama fxuztM e aptescM ai ttaê a íã as cientificas em euetitas acadêm icas Posta dessa forma, pesquisador, leitor e avaliador do projeto terão clareza quanto ao que será feito e aonde poderá o projeto chegar se cum pridas suas etapas obrigatórias. A hipótese funciona com o um a espécie de antecipação de resultados ou resultados esperados, um com ponente im portante em p rojetos de pesquisa que pleiteiam financiamento à porta de algum órgão público de fom ento ou de um a em presa privada patrocinadora. J ) Fundam entação Teórica Refere-se às teorias relacionadas ao assunto da pesquisa. São propostas de explicação de determ inados fenôm enos defendidas p or quem já realizou um a pesquisa sobre tem a afim que poderão ajudar na abordagem e com preensão do problem a e auxiliar na busca de um a solução. O pesquisador, ao tratar da limitação em leitura e compreensão de textos dos alunos (problem a de pesquisa), poderá utilizar as teorias já publicadas no “m ercado acadêm ico” sobre o tem a. As teorias norm alm ente se consagram quando funcionam com o m odelo de explicação e com preensão para certos fenôm enos humanos ou naturais. Para o tem a acim a, o pesquisador deve conhecer bem as diversas teorias já propostas para elucidar o processam ento da leitura, que vai da decodificação das letras à produção de inferências, passando pela inevitável relação entre palavras e assuntos inter-relacionados. Q uem faz pesquisa acadêm ica se informa bastante sobre as propostas teóricas da área que escolheu pesquisar. Ele tem que conhecer os resultados a que chegaram outras investigações sim ilares que se valeram de experim entos científicos e fizeram análises ponderadas próprias. 7^ Antonio Carlos Xavier Para elaborar a Fundamentação Teórica, o pesquisador deve: • L is ta r u m le v a n ta m e n to b ib lio g r á fic o em bibliotecas especializadas reais e virtuais; • C onsultar livros, artigos científicos, pesquisas con cluíd as, m on ografias, d issertaçõ es e teses fin alizad as e b an c o s de d ad o s de ó rg ã o s de fom ento2; • N av egar in ten sam en te em w eb sites e vídeos d ispon íveis na In tern et p o stad o s p o r au tores dedicados ao assunto; • » Procurar a orientação de um pesquisador mais experiente; • Elaborar resenhas com sínteses com entadas das teorias sobre o tem a mais conhecidas e respeitadas pela com unidade acadêm ica; Seguir esses passçs evitará que nós percam os horas preciosas pensando sobre qual seria a m elhor teoria para auxiliar as análises dos nossos dados. N ó s pesquisadores devem os decidir sobre que teoria(s) p reten dem os usar na pesquisa antes m esm o de começarmos a coletar o corpus. Ler as resenhas das teorias contidas em artigos científicos, m onografias, dissertações, teses vai nos dar uma ideia do que é e com o devem os fazer a fundamentação teórica do nosso trabalho. 2- A Capes disponibiliza um serviço de divulgação de dissertações e teses já defendidas e aprovadas, além de obrigar os Programas de Pós-Graduação no Brasil a deixar acessíveis em seu site todos os trabalhos produzidos pelos alunos que estudaram no Programa . Cama fazm e apteaentwc Otaâaíhos científicas em eventos acadêm icas g ) Metodologia Refere-se a um conjunto de procedim entos m etodológicos que revelam com o, quando e com quem a pesquisa será feita, qual o universo da am ostra a ser pesquisado, ou seja, quantos e quais os objetos e /o u sujeitos-informantes serão investigados. Ela deve detalhar os instrum entos e equipamentos tecnológicos que serão aplicados para realizar os testes e coletar os dados. Nesta parte do projeto, o pesquisador tem que prever quanto tem po, definir o espaço físico no qual a coleta dos dados será feita, bem com o enumerar a quantidade de fenôm enos ou sujeitos que serão observados cientificamente. Para isso, ele deve levar em conta as variáveis fixas e circunstanciais que atuam no lugar onde será coletado o material ou os fatos que afetam os su jeitos in vestigados. Em outras palavras, todo projeto tem que antecipar a am ostragem de dados que dimensiona com o suficiente para receber a análise, ainda que seja necessário coletá-los novam ente. Denominamos corpus tudo que for tom ado pelo pesquisador com o objeto a ser analisado tenha ele m aterialidade ou não. Isto é, os dados podem ter m aterialidade concreta com tam anho, d im e n são , e sp e ssu ra , p e so , v o lu m e , fo rm a , c o r, ch e iro , tangibilidade tal com o um a planta, um olho, um vírus, um átom o e t c .. D ados tam bém podem ser ações abstratas tais com o com portam entos humanos em gestos e discursos orais ou escritos que evidentem ente precisarão ser registrados de algum a form a, seja em desenhos, fotografias, vídeos, descrições escrita. Em uma palavra, corpus ou dados são inform ações sobre o universo de amostra que estará sob o olhar clínico e criterioso do pesquisador. Antonio Carlos Xavier g. 1) Existem dois tipos de universo de amostra em pesquisa científica: • A m o stra A m p la - com posta pela totalidade dos dados coletados; e • A m o stra R e s t r it a - constituída p or parte dos dados escolhidos pelo pesq uisad or para receb er sua atenção total. V ejam os alguns exem plos do que norm alm ente é coletado para a análise, conform e a área de conhecim ento da pesquisa. • Em ciências naturais, os exem plos mais com uns de objetos observados são: átom os, m atéria, corpos celestes, minerais, vegetais, animais, água, calor, terra, ar, teorem as, axiom as, fórm ulas diversas, equações lógicas etc. • Em ciências aplicadas são: leis, p ro gram as de c o m p u ta d o r, p re ç o s (v a lo re s) de p ro d u to s, relatórios financeiros etc. • Em ciências humanas são: liv ro s, d ocu m en tos escritos, fotográficos, depoim entos orais, ações e discursos registrados em vídeo, áudio etc. g. 2) Instrumentos de coleta de dados A escolha do que se vai coletar dentre os vários objetos ou sujeitos possíveis precisa ser com binada com os instrum entos para co letá-lo s. P reten d er estu d ar o d iscurso de m em b ro s de um a banca no m om en to da deliberação sobre o trabalho 75 Coma fazex e apveõerilwc Vtafiaífioò científico* em eventoiô acadêmico* científico apresentado p ode ser inviabilizado pela falta de acesso de equipam entos de áudio e vídeo no am biente para captar as falas ali efetuadas, que serão os dados a ser analisados. Em 'outras palavras, toda pesquisa precisa de dados para analisar e eles só são coletados com instrum entos adequados para isso. Em ciências humanas, há vários equipam entos que têm sido tradicionalmente utilizados para realizar a coleta do corpus. O s mais com uns são: g. 2.1) Questionários com perguntas previamente formuladas pelo pesquisador ou elaboradas na ocasião, ao sabor da entrevista D eve-se, neste caso, estar atento para não perder o foco e tornar o questionário perdu lário. Eles possibilitam a am pliação do conhecimento geral e específico sobre.o sujeito e também poderão explicar suas características em face ao contexto que o envolve. Lem brem os que as questões da entrevista não podem intimidar psicologicamente o informante. As perguntas devem perm itir um relato espontâneo que deixe pistas para o pesquisador trabalhar sobre elas posteriorm ente. Assim , um questionário pode ser: • Estruturado, ou, seja, elabora-se um a lista com q u estõ es cujas resp o stas p revistas pod em ser fechadas (sim , não, e alternativas a assinalar) ou abertas; • Semi-Estruturado, isto é, e lab o ram -se apenas algu m as q u e stõ e s m ais am p las e o u tra s são construídas ocasionalm ente de acordo com as resp ostas do entrevistado. A m bos os tipos de questionários devem ter obviam ente com o base o eixo tem ático da pesquisa; 76 Antonio Carlos Xavier g. 2.2) Protocolos verbais — São registros escritos ou gravados em áudio e vídeo das falas, e dos com entários do informante, enquanto realiza a ação solicitada pelo pesquisador. Tam bém são registrados os m ovim entos corporais e atitudes para explicar determ inados acontecim entos no ambiente de coleta de dados; g. 2.3) Anotações de campo —São registros escritos da situação geral (tam an h o, c o m p rim e n to , altu ra, larg u ra, esp e ssu ra , volume, tem peratura, pressão, lugar, tem po, m odo, entre outros descritores do fenôm eno em foco) em que a coleta do material se dará; f. g. 2.4) Testes - geralmente são aplicados para verificar reações físicas instintivas e naturais do objeto ou averiguar as atitudes com portam entais do sujeito reveladas por seus gestos e discursos falados ou escritos em diferentes situações vivenciadas por ele. O s testes tam bém servem para perm itir ao pesquisador conhecer o que acontece com o objeto ou sujeito quando subm etido a uma determ inada condição física, social, política, econôm ica, psicológica. g. 2. 5) Experimentação em equipamentos de simulação em ambiente virtual — Sabemos hoje que, com a evolução tecnológica, muitos experim entos podem ser feitos subm etendo os inform antes a situações simuladas em máquinas que replicam realidades. Um a boa vantagem desse tipo de experim ento é a ausência de risco físico para o informante, já que tildo é virtual, com a possibilidade de recriação de m om entos históricos irreprodutíveis no mundo real, bem com o a oportunidáde de inventar situações fisicamente improváveis para certos acontecim entos. Efeitos de com putação gráfica podem sim ular m aquetes dinâmicas para reproduzir as fases atribuídas aos elementos químicos supostamente envolvidos na origem do universo, de acordo com a Teoria do Big 77 Como fa z e i e apiesentw i biafialfios científico3 em eventos acadêmicod Bang. O s ambientes virtuais são os “lugares” mais adequados para se proceder a coleta de dados para pesquisas específicas com o, por exem plo, as sobre o funcionamento cerebral humano em situações de dor, perigo, prazer etc. N estes ambientes, o sujeito é levado a apenas pensar em agir de determ inada form a, a imaginar certas ações, mas não têm que concretizá-las realm ente em razão da natureza virtual do espaço de teste. A perform ance de um piloto de corrida de autom óvel pode muito bem ser avaliada em jogos eletrônicos nos quais um acidente por imperícia não o machucará nem haverá qualquer dano material no carro. Muitas em presas têm utilizado ambientes virtuais para selecionar candidatos às suas vagas. Colocam -nos em situações hipotéticas de gestão técnica e de relacionamento pessoal para, dessa forma, saber com o eles lidam com elas. O erro não provoca qualquer prejuízo à em presa, pois estão fazendo apenas um a simulação. U m professor, por exem plo, que anuncia à classe que vai colecionar os textos escritos por seus alunos para tom á-los com o corpus de uma pesquisa poderá tirar a espontaneidade dos escritos deles. De outra sorte, um observador que usa o próprio filho com o sujeito observado de sua investigação pode levar ao descrédito as conclusões a que chegar em razão do alto grau de envolvimento afetivo entre observador e observado. Este é o chamado paradoxo do observador, m uito com um em pesquisas de natureza sociológica, antropológica e linguística. U m estudioso da relação linguagem e sociedade, o inglês W illian Labov (1975), chamou a atenção para esse fato quando p recisou coletar dados para suas p esquisas sociolinguísticas. Ele adm itiu o p arad o x o , m as argu m en to u não haver outra 78 Antonio Carlos Xavier alternativa para o recolhim ento dos dados. As prim eiras pesquisas antropológicas contavam com o auxílio de um m em bro natural da comunidade investigada para registrar em diários ou gravar em áudio tudo que acontecesse ao seu redor. D e posse desses registros, os antropólogos, em seus gabinetes, analisavam aqueles dados e elaboravam suas teorias a respeito dos costum es, tradições e hábitos culturais das comunidades em observação. Posteriorm ente, percebeu-se que haveria mais veracidade nas teorias elaboradas sobre a cultura de um a determ inada sociedade se o próprio antropólogo vivesse e fosse aceito com o um m em bro dela. N este caso, o “paradoxo do observador” seria atenuado, em bora ainda houvesse receio p or parte de algum m em bro em ser totalm ente espontâneo diante de um sujeito inserido e “naturalizado” naquela sociedade. Enfim, o pesquisador deve esforça-se para compatibilizar o universo da am ostra do que busca pesquisar com a escolha dos instrum entos para coleta deste universo. Sendo assim, não será compatível a coleta de dados sobre as virtudes e defeitos de um professor quando ele m esm o aplicar o questionário aos seus alunos identificados. Quanto m aior o distanciamento do o b jeto/sujeito observado pelo observador na coleta dos dados, mais credibilidade terão as análises e os resultados de sua pesquisa. E im portante que seja coletada sem pre um a quantidade m aio r de d ad os p ara c o m p o r seu u n iv erso am p lo do que realm ente precisará para a análise. É m elhor sobrar do que faltar corpus para pesquisar. Essa é um a fase da pesquisa que tom a mais tem po do que o esperado e, p or isso m esm o, exige m uita paciência, perseverança e um grande esforço do pesquisador para registrar com cuidado os dados que com porão a amostra ampla. Come. fa z e * e apieaen ta* btafktífioô científicas em evento* acadêmico* g. 3) Seleção é a escolha do corpus que será tratado como amostra restrita. O pesquisador deve conhecer exaustivamente a amostra ampla dos dados que coletou, m as não precisará analisar a amostra ampla inteiramente. O s critérios de escolha do que com porá a amostra restrita da análise deverá ser a capacidade de representar a totalidade do fenômeno em observação, bem com o a clareza na informação das características que m arcam o o b je to /su je ito pesquisado. Em outras palavras, os dados escolhidos para a análise com o amostra restrita têm que ser abrangentes e condensar informações relevantes que permitam ao pesquisador com preender, descrever, interpretar e apontar um a resposta para o problem a da pesquisa por ele efetuada. D ep o is d esta c u id ad o sa se le ç ã o , deve o p e sq u isa d o r proceder uma c a te g o riz a ç ã o dos dados e separar dos demais os que forem considerados m uito significativos para m erecer fazer parte da análise. N este m om ento, o pesquisador retom ará seus objetivos gerais e específicos e procurará harmonizar os dados I da amostra restrita já separados com a teoria que fundamenta a pesquisa. Para isso, a construção de tabelas, quadros e imagens em geral são formas que sistematizam bem os dados e podem elucidar bastante o que o corpus estaria “falando” a respeito do fenômeno observado. Esses recursos visuais devem ser incluídos no texto do relatório final da pesquisa seja em um artigo científico, monografia, dissertação ou tese, pois seu efeito ilustrativo confere materialidade e sistematização ao corpus, gerando credibilidade ao trabalho científico. Antonio Carlos Xavier O s dados cole tad o s e tab ulad os d em on stram o baixo desempenho dos alunos em Língua Portuguesa no Brasil divulgados pelo M EC, em 2009, relativos à aplicação dos testes do Saeb em 2005. Essa tabela nos serve de exem plo para m ostrar com o as informações ficam bem sistematizadas e facilitam a com preensão do leitor em relação à exposição de resultados que se deseja fazer: G rá fico 1 - M édias de P ro ficiê n cia em Lín g u a Po rtu g u e sa - B ra s il 1 9 9 5 -2 0 0 5 f 1995 1997 —O—4a E.F. 1999 — 2001 8aE. F. 2003 2005 —A—3a E.M. Obs.: • As médias dos anos de 1995, 2003 e 2005 foram estimadas incluindo o estrato de escolas públicas federais. • Em todos os anos, a zona rural foi avaliada e incluída para a estimativa das médias apenas na 4a série. • Para a composição do estrato rural não foi incluída a Região Norte em 1997 e em 1999 e 2001, apenas participaram os estados da Região Nordeste, Minas Gerais e o Mato Grosso. Figura 1 —Gráfico retirado do site do governo federal acesso em 0 4 /0 3 /2 0 1 0 : em h ttp ://provabrasil2009.inep.gov.br/ As inform ações sobre o corpus apresentadas visualmente funcionam tam b ém com o estratég ias de argu m en tação do pesquisador no m om ento em que ele precisa se fazer entender de forma clara e interpretar convincentemente os dados. A clareza na interpretação dos dados pela tabulação poderá conduzir o leitor a concluir a favor da hipótese de trabalho da pesquisa. Quando Como. fa/iex e ap%e&entwL txa&alfio* científico* em eventoô acadêmico* provada e aceita pela com unidade científica, um a hipótese deixa de ser apenas um a suposição e passa a ser um a tese com todos os privilégios de que gozam postulados teóricos prestigiados. g. 4) Variáveis —E também neste momento de coleta do material a Jazer parte da amostra ampla que devem ser explicitadas as variáveis. Dizendo de um a outra maneira, será necessário apresentar os fatores intrínsecos ou circunstanciais aos dados que devem se r lev ad o s em con ta p elo p e sq u isa d o r d u ran te a c o le ta. Variáveis são condições que incidem sobre o objeto, fenômeno, com portam ento linguístico ou atitudinal dos indivíduos que estão sendo investigados. São exem plos de variáveis: g. 4.1) Sexo —O gênero masculino, feminino ou homossexual do sujeito-in form an te p od e in terferir nas características da amostra; g. 4.2) Idade —Trata-se de um fator im portante que poderá explicar determ inados com portam entos, hábitos, ideologias e outros valores adotados consciente ou inconscientem ente em razão das vivências do sujeito ao longo do tem po; g. 4.3) Nível de escolaridade — Pode revelar o volum e de informação recebido pelo sujeito a fim de esclarecer os m otivos que o levam a fazer, dizer ou atuar de um a form a ou de outra quando se encontra sob certas circunstâncias; g. 4 .4 ) Classe social — O p o d er aqu isitivo, o potencial financeiro pode revelar atitudes e com portam entos do informante, em bora esse não seja um fator determ inante para explicar ações e decisões efetuadas por ele. O cruzam ento desta com outras Antonio Carlos Xavier variáveis ajudará o pesquisador a entender certos m istérios que aparecem nos dados coletados quando subm etidos á análise; g. 4.5) Origem geográfica — As raízes culturais adquiridas na com unidade em que o sujeito nasceu, m orou ou ainda vive interferem no seu m odo de ser, pensar e reagir diante de certos fatos. Seus sonhos, crenças e valores são quase sem pre herdados pelo espelham ento observado na família e dem ais m em bros da com unidade com os quais convive e na qual está inserido. Há outras variáveis tais com o religião, ideologia, Jiliação partidária, atividade profissional etc. do informante que tam bém são im portantes no côm puto geral da coleta de dados. Esses fatores podem m udar ao longo do tem po, por isso são consideradas variáveis flexíveis, em bora não devam ser desprezados quando incidirem no universo da am ostra. C ertam ente o pesquisador deve levar em conta todas essas variáveis no m om ento de elaboração do projeto de pesquisa e observá-las principalm ente tanto quando da coleta da amostra ampla, bem com o no m om ento da seleção da amostra restrita para a análise mais detalhada. h) Cronogram a de trabalh o N e sta etap a, o p e sq u isa d o r d ev e o rgan izar o tem p o para execução de cada um a das partes do projeto. Trata-se de um a previsão que provavelm ente será m odificada durante o andam ento da investigação. N orm alm ente há procedim entos na coleta do corpus e na redação do relatório que nunca obedecem ao p ro gram ado . O cronogram a deve conter um a estim ativa da quantidade de m eses reservados à realização de cada um a das etapas do projeto. Come fa z e * e apresen ta* VtaâaíAe* científico* em evento* acadêmico* É m uito im portante m anter o equilíbrio tem poral entre as diversas etap as, p ois há m o m en to s da p esq u isa que são intrinsecamente mais com plexos do que outros. A escrita do texto final, por exem plo, ,é um a das mais dificultosas de todo o processo de investigação. Na maioria das vezes, ela é mais demorada, porque exige um m isto de bagagem cultural, experiência na produção de texto e paciência, pois é com um a palavra teim ar em não com parecer à m ente de quem está escrevendo. Muitos se enganam quando dizem que a parte mais fácil do fazer científico é a escrita do texto, e confiados nisso, reservam pouco tem po para esta fase. Convém nos lem brarm os de que só depois de várias versões e reescritas é que o texto do projeto de monografia, T C C , dissertação ou tese ganha condições de ser apreciado pela banca ou órgão de fom en to. M esm o considerado pronto pelo pesquisador, um outro observador com experiência acadêmica adquirida ao longo do tem po ou até m esm o um amigo poderá de fora ver equívocos que geralmente não são vistos pelo proponente do projeto em razão do seu alto envplvimento técnico e afetivo. U m a leitura externa minuciosa pode sugerir m odificações de ordem formal e principalmente de conteúdo para o aperfeiçoamento do projeto. É preciso estar sem pre aberto tanto a sugestões quanto a críticas realmente construtivas. N a vida acadêmica, além de inteligência, a humildade tam bém é fundamental, em bora m uitos acadêmicos ignorem essa prem issa. Sem humildade, jam ais haveria avanços na Ciência. As vezes essas “sugestões” implicam mudanças substanciais na estrutura da pesquisa, mas é preciso vê-las com o oportunidades para correções e não com o perfeccionism o ou preciosism o por Antonio Carlos Xavier parte de quem as apresentou. Para absorvê-las, o pesquisador terá que revisar suas anotações, reler ou ler novos livros para atender às novas orientações que só visam à melhoria do projeto. Sem dúvida, para a maioria das pessoas, a escrita é m esm o a etapa mais difícil de todo o projeto. Ficará mais com plexa ainda, se o pesquisador não escreve com frequência, nem lê habitualmente. V ejam os a seguir um exem plo de cronograma de trabalho para perceberm os com o ele é im portante na visualização total do em preendim ento investigativo a realizar: 02 Ações /P erío d o (m eses) 01 S u b m is s ã o do P r o je to d e p e s q u is a a o o r ie n t a d o r X E s c r it a d a F u n d a m e n t a ç ã o T eórica X X C o le ta d e d a d o s X X 03 A n á lis e e d is c u s s ã o d o s d a d o s E s c r it a d a M o n o g ra fia X X 04 05 X X X X 06 X E sse c ro n o g ra m a se r e fe r e ao te m p o n o rm a lm e n te program ad o à execução e apresen tação de um Trabalho de Conclusão de Curso (T C C ) ou de monografia de graduação e especialização. N estes casos, são seis meseS ou um sem estre letivo que tem em m édia quatro m eses de duração para a execução do projeto previamente construído e aprovado pelo orientador. Para o curso de m estrado, o tem po total é de 24 m eses que abarcam desde o cum prim ento dos créditos até a defesa pública Coma fw ze* c apwôentcuc ViaÂaíhas científicas em euentas acadêm icas da dissertação. Para o doutorado, o prazo total é de 48 m eses a partir do ingresso do doutorando no program a de pós-graduação até a defesa final da tese. Há no regulam ento de cada program a de pós-graduação strito sejisu possibilidades de prorrogação mínimas desses prazos. N ão é bom contar com prorrogações, pois m uitos program as preferem não conceder extensão de prazo para não prejudicar seu conceito no processo de avaliação trienal feita pelos consultores da CAPES. i) Referências São to d o s os livros, artigos cien tíficos, en ciclopédias, dicionários, sites da Internet, jorn ais de notícias, periódicos especializados im pressos ou digitais que foram efetivam ente consultados e citados no projeto e no trabalho científico. A regra de ouro sobre com o fazer referências é “ se citar, referencie, se referenciar, cite.” Estas são, pois, as partes imprescindíveis a todo projeto de pesquisa acadêmico (dados de identificação, resum o, tem a, p ro b lem a de p esq u isa, ju stific a tiv a , o b jetiv o s, h ip ó tese de trabalho, fundamentação teórica, m etodologia e referências). São elas que caracterizam esse gênero textual com o pertencente ao domínio acadêmico, por isso são obrigatórias em toda intenção de investigação com esta natureza. E sem pre bom lem brar que a linguagem exigida pela academia para projeto de pesquisa é a norm a padrão da Língua Portuguesa. D evem os buscar a sobriedade na escrita deste texto, esforçando-nos para serm os objetivos, enxutos, e ponderarm os a utilização de adjetivos e advérbios modais que venham a antecipar resultados ou que revelem m uito entusiasmo pelo tema. Antonio Carlos Xavier Sugerim os que o rascunho da redação do relatório final da pesquisa seja iniciado tão logo o projeto seja aprovado. Há fases previstas no projeto que podem ser antecipadas com o, por exem plo, a escrita das resenhas que farão parte da Fundamentação T eórica do trabalho não depende da coleta dos dados. T oda a anotação sobre o em preendim en to acadêm ico em curso é im portante e precisa ser feita de m odo claro para ser aproveitada com o texto definitivo no relatório final a ser defendido diante de especialistas da área. I P ar É hora de pensar um pouco sobre o que foi estudado nesta parte do livro. As atividades a seguir devem ser efetuadas preferencialmente em dupla cujas respostas devem ser apresentadas e discutidas com toda a classe. R esponda: 1. Qual a principal diferença entre tema e problema? 2. O que distingue a justificativa do objetivo em um projeto de pesquisa acadêmico? 3. Procure um Projeto de P esq u isa -disponível na Internet ou em bibliotecas universitárias. Em seguida: a) Verifique se todas as partes que compõem um projeto de pesquisa estão presentes; b) Analise se elas estão bem definidas e articuladas; c) Escreva um parecer com 10 a 15 linhas avaliando a viabilidade técnica, ética e científica do projeto escolhido. 87 Como fxvzex e apvesentwi VtaâaCfías científicas em eventos acadêm icas G ênero acadêm ico: Resumo Resum ir é um a estratégia de atalho mental utilizada por todo ser humano. A lei do m enor esforço nos leva naturalmente à simplificação, redução e concisão em quase tudo que dizemos ou escrevem os na vida. N ão há tem po a perder, por isso precisam os ser diretos, concisos, condensados. Essas são as características que devem estar presentes no resumo de todos os trabalhos científicos. N ele, o autor precisa dizer m uito em poucas palavras e ao m esm o tem po atiçar a curiosidade e o interesse do leitor para ler o trabalho com pleto. N a vida acadêmica, estam os o tem po todo tentando extrair a essência de um a aula, de um texto , de um livro. N a academ ia, o resumo é um gênero textual cujo p ropósito com unicativo é sintetizar as principais ideias expostas pelo autor, p or isso é o b rig ató rio em Trabalho de C onclusão de C urso (T C C ), M onografia de especialização, A rtigo científico, D issertação de m estrado e T ese de doutorado. Resumo é um texto-derivado, só existe em íunção de um texto-Jonte, que tem com o finalidade fazer um a exposição seletiva e sintética da proposta central contida em um texto-Jonte. Em termos gerais, todo resumo, para fins acadêmicos, deve: Apresentar o conteúdo do texto deforma breve e clara sem suprimir: • O bjetivos do trabalho; • M etodologia utilizada; Antonio Carlos Xavier • T eorias que fundam entaram as análises e • Resultados alcançados pela pesquisa; • Dados quantitativos e /o u qualitativos do texto-Jonte-, Podem os, assim , dizer que o resu m o é um gênero textual que deve fornecer um a visão geral do que trata o texto-fonte. Por isso, ele é bastante adequado para noticiar o cerne dos trabalhos literários e científicos, a espinha dorsal dos manuais didáticos e o foco central dos relatórios de atividades profissionais executadas no m undo corporativo ou intelectual'. Provavelmente há m uitos estudantes universitários e alguns até m esm o na pós-graduação que já fizeram a seguinte pergunta: Comofaço um resumo? Antes de iniciar a síntese do texto-Jonte, o resum idor deve buscar, na leitura, respostas a quatro questões básicas relativas ao texto-Jonte: 1. A que gênero pertence? 2. Q uem é o autor? 3. Em que veículo foi publicado? 4. Q ue ano foi publicada sua prim eira edição? Sabendo o gênero do texto -Jonte, fica mais fácil entender o propósito com unicativo do autor ao escrevê-lo, já que todo gên ero te x tu al é escolh id o tam bém com base na intenção com unicativa de qu em o p ro d u z. C o n h ecer um p o u co da bibliografia do autor tam bém ajuda a encaixar o resu m o na perspectiva do tem a e do estilo de escrita já revelados em outras publicações do autor, cujo texto será resum ido. Como fcvz&i e ap*e*entw t Vta&alfio* científico* em evento* acadêm ico* O veículo influencia o form ato do texto e seus leitores pretendidos. D ependendo do suporte, o texto ganha outros co n to rn o s, d im en sões e novas se m io ses. P or e x e m p lo , se publicado na Internet, o texto passa a ser um potencial hipertexto, o que significa poder m esclar sem ioses diversas, além da verbal, com o imagens dinâmicas (ícones animados e vídeos) e acoplar sons. D e outro lado, se o texto-alvo, o resumo, for escrito para ser publicado no suporte digital, ele tam bém ganha possibilidade de condensação de inform ações específicas pela condição técnica de inserção de links sobre palavras. O s links, p o r sua vez, encam inham o leitor para outro h ip ertexto , sugerindo-lhe, então, um detalhamento da inform ação. N a Internet, construído hipertextualmente, o resum o assume a dupla função de encapsular inform ações do texto-alvo e estendê-las. E im portante nos inform arm os sobre o ano da prim eira edição da obra a ser resum ida para não atribuirm os ao seu autor afirmações já revistas e corrigidas p or ele m esm o em edições p o ste rio re s da m esm a o bra. N e ste caso , os d esatu alizad os serem os nós e não o autor da obra resum ida. D epois de respondidas as essas indagações iniciais, deve o resum idor abordar a obra p or sua quarta capa, ou seja, as costas do liv ro . Lá seu autor ou editor escreveu um texto curto com a proposta central da obra e indicações das áreas às quais o livro diretam ente interessaria a priori. Em seguida, deve o resum idor verificar o sum ário, já que nele está a sugestão da sequência de leitura sugerida pelo autor que o fez progredir naquela o rd em . Só depois disso o produ tor do resum o poderá atacar o texto-Jonte com “unhas e dentes” . 90 Antonio Carlos Xavier C om isso querem os salientar que toda obra a ser resum ida precisa ser lida atentam ente pelo m enos duas vezes. N a Prim eira L eitu ra, o resum idor deve: a) F a z e r u m e s b o ç o d o texto-Jonte, b u sc a n d o m apear o plano geral da obra e a estrutura do seu desenvolvim ento ; b) Procurar respostas às perguntas: • De que trata o texto? • 0 que o autor pretendeu Ja z e r no texto: dejender, demonstrar, provar? As respostas a essas questões vão dar ao resum idor acesso ao cerne do texto . C om preenden do a essência da obra, ele poderá comunicá-la ao leitor do seu resum o com mais convicção. Por isso, nunca devem os iniciar a escrita de um resumo cuja essência ainda não foi com preendida. N ão podem os recontar um a história ou ex p o r um a ideia que ainda não a entendem os com pletam en te. Já na Segun da Leitura, o produtor do resum o tem que: a) Verificar os argum entos principais, as explicações e os exem plos usados que dão sustentação ao propósito com unicativo do autor; b) Identificar o estilo de escrita do autor de m aneira que resu m id o r con siga red izer, com as próprias 'palavras e dentro do seu próprio estilo, os conteúdos im portantes da obra. Coma fwz&i e apteseniw i ttxdiciíJwi científica} em eventos acculêmicaõ N a construção de resum o, normalmente o resum idor utiliza inconscientem ente algum as estratégias cognitivas, conform e m ostraram os resultados de pesquisas feitas p or estudiosos do tem a. Segundo esses estudos, são duas as estratégias m entais mais em pregadas no processo de sum arização: 1. Seleção das_inform ações im portan tes do conteúdo lido —nele o resum idor identifica e escolhe os dados considerados * relevantes e elimina os ‘irrelevantes’ por m eio de duas outras operações mentais que se concretizam no resum o: a) Cópia — que co n siste no ap ro v e itam e n to de inform ações prim árias do texto-fonte; b ) Apagamento — q u e su p rim e as in fo r m a ç õ e s secundárias da obra; 2. C onstrução —substituição de um a sequência de frases por outra por meio de paráfrases e reelaborações de enunciados. As paráfrases ocorrem quando o resum idor utiliza duas outras operações tais com o: a) Generalização — su b stitu iç ã o de in fo rm a ç õ e s particulares e detalhadas por inform ações de ordem geral; a) Acréscimo —reelaboração e adição de informações por associação de significados; C om o dissem os antes, estudos científicos dem onstraram que a maioria dos que fazem resum o segue intuitivamente essas estratégias cognitivas. U m a vez conhecendo-as e utilizando-as Antonio Carlos Xavier con scien tem ente, será possível p rodu zir sum arizações m ais adequadas e eficientes. Para exem plificar com o e quais as estratégias cognitivas podem ser utilizadas para a produção de resum o, leiam os o textofonte inicialm ente e o texto-alvo posteriorm ente. ■ Leitura: uma coemmciação Nos últimos anos, sob a influência da Cicncia da linguagem, a leitura passou a ser vista como uma prática social, uma atividade de linguagem, em cujo processo se encontram presentes tanto os aspectos relacionados à capacidade simbólica humana quanto à interação. Nesta perspectiva, o ato de ler é concebido como um processo interacional entre autor e leitor, mediado pelo texto, envolvendo conhecimentos (de língua, de mundo) por parte do leitor, para que haja compreensão (KLEIMAN, 1989). Ou seja, a leitura não é um processo mecânico-e o leitor não c um elemento passivo. No processo de leitura, o leitor realiza um trabalho ativo de construção do significado. Ler, portanto, não é apenas extrair informações, é, antes de tudo, compreender e negociar sentidos. Embora o texto tenha sua existência anterior à leitura, o sentido só é construído durante o ato de ler em coconstrução com o autor a partir dos elementos linguísticos disponíveis na superfície textual. Este trabalho de coconstrução do sentido torna-se possível porque o texto não é algo fechado em si mesmo. Como bem coloca Eco (1986, p. 42) “não há nada mais aberto que um texto fechado”. O texto não diz tudo de forma objetiva, antes, ele é marcado pela incompletude, por espaços em brancos a serem preenchidos pelo leitor e por isso “todo texto quer que alguém o ajude a funcionar” (ECO, Como. faxex. e apteséntwc Viaãalfuu científico-s em evento> acadêm icos 1986, p. 37). O texto só se completa como ato de leitura quando é atualizado, ou seja, quando é operado não só linguisticarrjente, mas também tematicamente por um leitor. Ao ler, os diversos conhecimentos do leitor interagem com os inscritos no texto, cuja sincronia entre estes dois produzem um sentido possível e não paradoxal. Ao fazer isío; o leitor se remete a outras leituras já feitas em outros textos. Neste processo, ele recria o lido e desvenda o que se oculta no texto (BRANDÃO & MICHELETT1, 1997). Os sentidos de um texto, portanto, não são dados a priori. A atribuição da significação baseia-se na colaboração mútua, na interação autortexto-leitor. (MARCUSCH1, 1988.) De acordo com o semioticista italiano Umberto Eco, tal interação está presente desde a construção do texto pelo autor, pois “gerar um texto significa executar uma estratégia de que fazem parte as previsões do movimento de outros” (1886, p. 39). Neste movimento de produção do texto, o autor não apenas pressupõe a competência do leitor, mas também a institui. Está posto, nesta perspectiva, um movimento dialético na leitura, pelo qual o leitor “conforma” o texto e o texto “forma” o leitor. Isto ocorre na medida em que o autor utiliza-se de estratégias textuais através das quais “orienta” a leitura do texto, tendo em mente um determinado “leitor-modelo”. E ao mesmo tempo, o leitor, através de um trabalho ativo, utiliza-se de seus conhecimentos, sejam de mundo sejam linguísticos para imprimir sua marca pessoal ao interpretar o texto. No entanto, segundo Maingueneau (1996), alguns limites são colocados e o leitor encontra-se inserido em dois movimentos: expansão e filtragem. Por possuir lacunas, o texto permite a expansão de diversos sentidos, mas ao mesmo tempo o leitor filtra e seleciona a interpretação pertinente. Antonio Carlos Xavier Nesta concepção, a leitura é um processo de coenunciação e por isso contrapõe-se a uma concepção de leitura enquanto uma mera decifração de um código. Entender a leitura como coenunciação é concebê-la como “o diálogo que o autor trava com o leitor virtual, cujos movimentos ele antecipa no processo de geração do texto e também como atividade de atribuição de sentido ao texto promovido pelo leitor no ato da leitura”, de acordo com Brandão e Micheletti (1997, p . 21). Conceber a leitura enquanto prática enunciativa, marcada pela interação autor-texto-leitor, implica negar a existência de apenas uma estratégia de acesso ao material escrito. Os indivíduos utilizam formas diversas de leituras de acordo com os seus objetivos, conforme seu grau de letramento, e também a partir das práticas discursivas a que ele tem acesso. Carm i F erraz, texto inédito. R e su m o : A leitura é um processo de interação entre autor e leitor via texto, que envolve conhecimentos (de mundo, de língua) do leitor para compreendê-lo. Ler é negociar sentidos. E por isso que Eco diz que“todo texto quer que alguém o ajude ajuncionar”. A atribuição da significação baseia-se na parceria autor-texto-leitor. Este expande e filtra informações para instaurar o diálogo com o autor. Logo, a leitura, na perspectiva enunciativa, exige mais do que decodijicação de símbolos, demanda colaboração do leitor a partir das pistas deixadas nele. Cama fwzm e apxe.sentxvctwahatfiat cientificai em metiUo acadêmica-> As estratégias cognitivas citadas foram utilizadas na elaboração deste resum o de form a sistem ática. O u seja, não precisam os localizar cada um a daquelas estratégias na sumarização anterior para verificarmos sua presença eficaz. Basta lerm os o texto-fonte e com pararm os com o texto-alvo, para perceberm os que há seleção de informações por m eio de_operações de cópias e apagamentos, bem como constatamos ampliações de conteúdo realizadas pelo resumidor ao recorrer a paráfrases, generalizações e acréscimos de informações. E bom lem brarm os que no resum o devem os evitar adjetivos e advérbios para não ocuparem espaço d esnecessariam ente. Podem os usá-los apenas em situações cujo sentido pretendido pelo autor fique obscuro ou ambíguo sem eles. Em contrapartida, devem os preferir substantivos, verbos nominais (ser, estar) que servem para descrever, definir e conceituar elem entos. Tam bém devem os procurar inserir verbos de ação no presente (envolve, quer, ajude, realiza, baseia-se, exige, damanda etc.) que im prim em convicção e atualidade ao fato resum ido. A norma padrão da Língua Portuguesa é o nível de linguagem esperado na produção de um resum o de obra acadêmica. Portanto, a formalidade no trato da língua e a sobriedade na formulação sintático-semântica precisam ser garantidas por m eio de um estilo de escrita direto, enxuto e elegante. ♦ G ênero acadêm ico: Resenha crítica É um gênero textual que circula tanto nos centros acadêmicos quanto nas seções de cultura de jornais e revistas em suporte im presso e digital. Seu propósito comunicativo é avaliar vícios Antonio Carlos Xavier e virtudes de um a obra artística ou científica. Ela realiza análises sobre a forma e o conteúdo das sete artes universais compostas pela literatura, música, dança, escultura, pintura, teatro e cinema. A apresentação pública em auditórios, teatros, palcos, salas de concerto ou galerias de um a dessas artes gera a necessidade de produção de uma resenha crítica. Geralm ente ela é escrita por um especialista na arte em foco e tem com o um de seus objetivos divulgar o lançam ento e instruir o público em geral sobre a qualidade da recém-lançada criação artística ou científica. Logo, podem os concluir que toda resenha pressupõe análise. Mas, o que é analisar? Essa pergunta é muito importante, pois no campo acadêmico análise é um a das principais atividades realizadas por especialistas e pesquisadores. Analisar é ler, observar, examinar cuidadosamente um objeto ou sujeito, ação ou acontecim ento, dividi-lo em partes para entender seu funcionamento separadamente. N o caso de análise de obras escritas para produção de resenhas, deve o produtor da crítica ler o texto até compreendêlo com pletam ente, a fim de adquirir um a visão do seu conjunto. Em seguida, ele precisa destacar os elem entos mais im portantes da obra e relacioná-la a outros textos e autores que trataram do m esm o tem a da obra em análise. Podem os dizer, então, que, antes de iniciar a escrita da resenha, o resenhista deveria basicamente: • D om inar o tem a central em torn o do qual gira a obra resenhada; • D eter inform ações sobre o autor, suas outras obras e seu estilo de escrita; Cama fa z e * e ap%eôenta£ Viaôatfias científicas em eventos acadêm icas • A presentar e discutir um a questão ou aspecto p o lê m ic o trazid o p ela o b ra que ju stifiq u e a resenha critica e a recom endação de leitura ou • não do livro. Em geral, um a resenha segue o m odelo tradicional de um texto argum entativo. Há som ente duas teses a serem defendidas pelo resenhista, que são: recom endar o livro ou reprová-lo. A rgum entos em defesa dos posicionam entos contra ou a favor da obra devem ser apresentados para justificar a assunção de um a dessas posições. A estru tu ra a ser im p lem en tad a na resenh a seguirá a linearidade do raciocínio hum ano, ou seja, deverá apresentar im plícita ou explicitam ente as três partes características de um texto argum entativo. A resenha precisa progredir lentam ente a fim de perm itir que seu leitor acompanhe a discussão e identifique o objetivo do autor e a intenção do resenhista da obra. N a In tro d u ção de um a resenha, devem constar: • O s dados sobre o autor e a obra; • O tem a e o problem a central discutido pelo autor; • A posição do autor sobre este problem a. N o D esen volvim ento de um a resenha crítica, devem aparecer: • As ideias centrais do autor da obra; • O s argum entos e ideias secundárias apresentadas. N a C on clusão de um a resenha, são im prescindíveis: Antonio Carlos Xavier • A avaliação das ideias do autor frente a outros texto s sobre o tem a; • Apreciação da qualidade do texto , sua coerência, validade, origin alidade, profun didade etc. de m odo que fique claro para o leitor da resenha se vale ou não a pena dar atenção à obra avaliada. Salientamos que em resenhas sobre trabalhos científicos, ou seja, aquelas que abordam resultados de pesquisa e expõem -se teorias, o resenhista deve utilizar o nível form al de linguagem . Seus com entários devem ser elaborados com frases na ordem direta dos term os (sujeito + verbo + com plem entos), afirmações objetivas e predom ínio de expressões denotativas. Já em resenhas críticas sobre obras de arte em geral, a linguagem p ode ser mais coloquial, com uso de expressões conotativas e advérbios intensificadores. Em am bos os tipos de resenha, as regras da norm a padrão da Língua Portuguesa devem ser obedecidas. N ão é fácil resenhar, principalm ente textos teóricos, cujos autores realizam m alabarism os intelectuais às vezes inacessíveis aos principiantes no m undo universitário. Só a prática constante aprim ora a qualidade do resenhista que se dedicar a esta arte. D edicado ou não, é fato que todo universitário de graduação e pós tem que produzir resenhas. Ela faz parte da Fundamentação Teórica dos projetos de pesquisa e artigos científicos, bem com o das m onografias, dissertações e teses. O s m eios de comunicação em geral exploram bastante esse gênero textual exatam ente para dar a conhecer os novos livros e apresentações do show business com ou sem o aval de um resenhista especializado na área. Q uem frequentem ente escreve Como fa z e * c ap*te*entcvt txaâdCfio* cientifico* em evento* acadêm ico* resenhas deste tipo são os jornalistas de livro que atuam no caderno de entretenimento ou no suplem ento cultural do jornal. Agora observe com atenção a resenha abaixo retirada de uma revista semanal de grande circulação no Brasil que m antém uma seção pela qual usa resenhas para com entar lançamentos de livros pelo m ercado editorial brasileiro. Este é um espaço bem cobiçado por editoras e autores, que m esm o recebendo duras críticas do resenhista, valorizam a velha m áxim a segundo a qual: “falem mal, mas falem de m im ” . Em outras palavras, o que im porta é estar na mídia. A americana Francine Prose mostra os truques e as sutilezas que os bons escritores usam para causar prazer nos leitores Se você gosta de livros, certam en te já viveu aquele m om ento em que um a página de Flaubert ou D ostoievski provoca um arrepio de prazer —ou talvez aquele arrebatamento que os grandes poem as causavam à escritora americana Emily Dickinson: “Sinto fisicamente como se o topo da minha cabeça tivesse sido arrancado” . Talvez você nem sempre consiga explicar por que determinado autor, obra ou trecho provoca tamanha com oção. Em um livro rep leto de entusiasm o, a escritora am ericana Francine Prose dedicou-se a dissecar alguns dos mecanismos empregados pelos escritores para arrancar o topo de sua caixa craniana. Para Ler Como um Escritor (tradução de Maria Antonio Carlos Xavier Luiza X . de A. Borges; Jorge Zahar; 320 páginas; 4 4 ,9 0 reais) dirige-se ao escritor iniciante que deseja aprender os truques dos m estres. Mas também é um livro revelador para o leitor comum. Francine já deu aulas de redação criativa cm universidades americanas, e seu livro reflete essa experiência. Ela conta como foi apresentar A Marquesa d ’O. —novela do alemão Hcinrich von Klcist que traz, entre outros temas escandalosos, uma insinuação de incesto entre pai e filha — para uma turm a de jovens do Utah, muitos deles m órm ons de v,otos. Mas Francine também se m ostra cética em relação às regras que se tornaram comuns nas oficinas literárias. Ela sugere até que as obras inovadoras de Franz Kafka ou Samuel Beckett não seriam aceitas em classes de redação criativa (se elas existissem quando aquelas obras vieram à luz). Para Ler Como um Escritor é saudavelmente desprovido de dogm as. Há infinitas maneiras de com por um diálogo ou de caracterizar um personagem —e, portanto, é inútil baixar regras. N o fim do livro, a autora sugere uma lista de “livros para ler imediatamente” —obras m odelares da técnica literária (a edição brasileira é com plem entada por uma lista de autores nacionais, selecionada pelo poeta ítalo M oriconi). A autora ensina pelo exem p lo. Apresenta trechos de clássicos como Anton Tchekov ou de escritores contemporâneos como' Philip Roth e disseca os recursos que fazem a superioridade d esses te x to s. Francine tem sensibilidade para desencavar detalhes que o leitor às vezes deixa passar, como a descrição de uma gravura no quarto do protagonista de A Metamorfose, ,d e Kafka — um a minúcia realista que torna mais plausível a transformação do personagem em inseto. O caso de Jane Austen, no quadro da página ao lado, é igualmente expressivo: um trecho Coma fa z e * e apteseniwt. twabaSJhas cientificai em eventos acadêm icas cheio de dissimulações que tornam mais ferino o retrato de um sovina. Para Ler Como um Escritor pertence à tradição de Aspectos do Rom ance, do inglês E.M . Forster, e ABC da Literatura, do americano Ezra Pound —obras em que os autores expõem seus m odelos criativos. Francine, porém , é mais informal. Cultiva um certo tom de conversa íntima —como quem busca seduzir leitores de uma época que esqueceu o fascínio dos bons livros. Jerônimo Teixeira —Secção: Livros: Revista Veja (0 2 /0 4 /2 0 0 8 ) N ote que esta resenha faz uso de todas as características estruturais apontadas acima. Há inform ações sobre a autora, Francine Prose. Logo no prim eiro parágrafo do texto, o resenhista aponta qual seria o tópico central da obra: discutir a questão sobre com o os bons escritores provocam prazer nos leitores. Essa resenha particularm ente não contraria qualquer ideia da autora da obra. N o texto, há muitos elogios velados e explícitos contidos em expressões com o, por exem plo: “um livro cheio de entusiasmo”, “livro revelador”, “saudavelmente desprovido de dogmas”, “ensina pelo exemplo”, “sensibilidade para desencavar detalhes”. Tam bém são encontrados nesta resenha problem atizações não sobre a obra com o um todo, m as em tom o de tópicos que geram debates. Isso acontece quando m enciona as expressões: “comoção”, “truque”, “redação criativa”, indicação de “livros para ler imediatamente”, entre outros. O resenhista discute se a tal “comoção” na leitura dependeria só da qualidade do texto ou se seria um efeito da colaboração do Antonio Carlos Xavier leitor. Aponta a baixa qualidade da m aioria dos livros que dão atalhos de com o se tornar um autor de sucesso; questiona ainda a existência da bendita “redação criativa”, pois afirma que não se sabe ainda exatam ente o que seria criatividade na escrita de um texto. Segundo ele, há pessoas que defendem que a criatividade dependeria do gênero textual. Por fim, o resenhista adverte que a construção de um a lista com os m elhores livros já escritos até o presente m om ento, ou seja, a construção de “cânone literário” também tem sido fonte de muita arenga entre críticos de literatura e intelectuais em geral. ( N e s ta r e se n h a , p o d e m o s d e te c ta r ain d a a p o s iç ã o (fav o ráv el) do resen h ista p o r m eio das e x p re ssõ e s citadas acim a, m as principalm ente pela elaboração do título ( 0 Kama ­ sutra do texto). Aqui há um a clara referência in tertextual ao livro m undialm ente conhecido com o “0 manual do sexo” . Este livro ensina ao leitor com o extrair o m áxim o de prazer do ato de copular. A com paração insinua que o livro resenhado faz o m esm o, ou seja, ensina a autores iniciantes a gerar prazer no leitor. N ele podem ser encontradas dicas de com o provocar e sentir prazer com a produção e a leitura de narrativas, conclui o jornalista de liv ro s3. C ertam en te, o objetivo do resenhista do texto-fonte foi d esp ertar a curiosidade e convencer seu leitor a adquirir a obra. N o caso da resenha de teorias e trabalhos científicos, 3- Você percebeu que, na prática, os quatro parágrafos após a resenha usada como exemplo funcionaram como resenha da resenha. Neles comentamos o modo de elaboração da resenha feita pelo jornalista de livros. Veja como a resenha está muito mais próxima de cada um de nós do que imaginamos. 0 comentário sobre nosso chefe, nosso empregado ou colega que fazemos todo dia não deixa de ser uma resenha, já que sempre há uma afirmação seguida de um comentário. Cama fa z e * c apteôentwi Vtaõaifia* científica* em eaenta* acadêm ica* a intenção do pesquisador que faz resenhas é levar o leitor a perceber a pertinência ou a inconsistência das concepções e ideias desenvolvidas p or tais propostas teóricas analisadas. A resenha acadêm ica deve, p ortan to, ajudar o leitor a com preen d er o caminho que será trilhado no processo de análise dos dados em função dos objetivos apresentados na pesquisa científica. N ão se tra ta de um g ê n e ro te x tu a l fá cil, m as to d o pesquisador precisa dom inar o gênero resenha crítica, pois não há pesquisa sem Fundam entação T eórica, nem Fundam entação T eórica sem resenhas. = G ênero acadêm ico: Artigo científico E ste é um dos g ê n e ro s te x tu a is m ais u tilizad o s p ela com unidade acadêmica para revelar novas descobertas científicas e inovações tecnológicas produzidas nos laboratórios de pesquisa e universidades. Ele é o mais legítim o dos docum entos para anunciar resultados de estudos concluídos e a principal arena para contestações a teorias e conclusões de pesquisa propostas em outros trabalhos. O s p e rió d ic o s e sp e c ia liz a d o s, n o rm a lm en te re v ista s editadas em versão im pressa ou digital por entidades científicas, são o locus por excelência para a veiculação de um artigo científico. Só depois de publicado em um a revista ou jornal científico de renom e acadêm ico é que um artigo sobre um a nova teoria ganha credibilidade dos pares e respeito da sociedade em geral. Entretanto, para ser selecionado, o artigo precisa obter p arec er favo ráv el dos m e m b ro s do conselh o ed ito rial que Antonio Carlos Xavier com põem a revista. Pareceristas são os encarregados de julgar o m érito do trabalho, analisando a qualidade form al do texto e a relevância da contribuição da tese apresentada para o avanço da área. T o d o periódico adverte que os trabalhos subm etidos à apreciação devem estar escritos em conform idade com suas norm as internas de publicação e com as exigências da A B N T para trabalhos acadêm icos. C om o todo gênero textual, o artigo científico tem form as, fu n ções e carac terístic a s que garan tem sua ex istê n cia e o distinguem dos dem ais gêneros que circulam na academ ia. Ele possui um a estrutura fixa de organização que mantém um a ordem das partes fundamentais e perm item identificá-lo com o gênero textual acadêm ico. V ejam os algum as dessas características: Quanto à E stru tu ra Form al T odo artigo científico deve obedecer a um a organização fixa das partes que o constituem . A ordem obrigatória de seus elem entos foi assim estabelecida: 1. T ítulo; 2. A utor(es); 3. Epígrafe (O pcional); 4. R esum o e Abstract; 5. Palavras-chave; 6. C onteúdo (introdução, desenvolvim ento e conclusão); 7. Referências. aos Cama fxvzex, e apresen ta* txaâaCííos científicos em eventos acadêm icas * Título do trabalho Precisa traduzir a essência da pesquisa. Para isso, ele deve antecipar resu ltad o s e ex p licitar o objetivo da investigação realizada. O título bem elaborado pode atrair o interesse do leitor; já um título mal feito pode repelir seu possível leitor, p or isso sua grande im portância no artigo científico. O ideal é que o título tenha entre três e sete palavras, pois assim fica mais fácil m em orizá-lo para utilizá-lo com o referência em trabalhos acadêm icos futuros. * Autor(es) O (s) nom e(s) d o(s) autor(es) do. artigo deve(m ) aparecer logo após o título juntam ente com as inform ações sobre titulação e instituição a que p erten ce(m ). Q uando o artigo é enviado digitalm ente para a apreciação de p areceristas, o ed ito r do periódico se encarrega de ocultar a autoria e a instituição para garantir o anonimato. Dessa forma, busca-se evitar que o nome do autor do artigo subm etido à apreciação do parecerista influencie na avaliação do m érito 4 ° trabalho. G eralm ente um m esm o artigo é avaliado por dois pareceristas que não são inform ados sobre a autoria do texto nem tam pouco o autor sabe quais foram seus pareceristas. Esse sistem a é chamado de “duplo cego” . Ele garante ao autor m ais igualdade de condições no julgam ento do trabalho e resguarda a im agem dos pareceristas. * EP W af e T rata-se da in serção de um a citação acom panhada da indicação da autoria e deve estar relacionada à tem ática do trabalho que tem a intenção de identificar o autor da epígrafe Antonio Carlos Xavier com o autor do artigo e em prestar a autoridade intelectual daquele ao texto deste. A epígrafe não é obrigatória, m as, bem escolhida, pode funcionar com o um a hom enagem e agregar ao artigo erudição e respeito. • Resumo U m a boa síntese do que trata o artigo deve configurar logo abaixo da identificação da autoria do texto. Em geral são exigidos um resum o (R esum o) em português e outro em inglês (Abstract). Além dessas duas línguas, há periódicos que o exigem em língua francesa (R ésum é) e / o u língua espanhola (R esum o). Lem brem os que o resum o deve conter a essência do trabalho de m odo a atrair a atenção do leitor para conferir os detalhes da pesquisa e optar pela leitura com pleta do artigo. Por isso, no resum o devem ficar evidentes: objetivo, m étodo, discussão dos resultados e conclusão. • Palavras-Chave* São as palavras prin cip ais de um trabalh o cien tífico . N orm alm en te são, no m ínim o, três, e seis, no m áxim o, as palavras ou expressões que com põem essa parte do artigo. Elas precisam revelar os tem as centrais abordados pelo trabalho, porque serão indexadas a bancos de dados de bibliotecas e sites de busca da web. • Introdução N e la o a u to r a p re se n ta u m a v isão g e ra l do te m a e contextualiza o leitor sobre o problema de pesquisa, justificando assim a im portância histórica, social, política e /o u económ ica da a©7 Como fwz&t e apveôentdk VíaâaíAo* científica* em evento* acadêm ico* investigação. H ipótese e objetivos a que a pesquisa visou atingir tam bém devem ser colocados nesta parte inicial do trabalho. Sua função é esclarecer ao leitor o conteúdo tratado no artigo'. • Desenvolvimento Parte principal do te x to que deve conter inform ações detalhadas sobre o método e material utilizados na execução da pesquisa, ou seja, quais foram os instrum entos e as form as de coleta do corpus. N ele deve ser exposta a quantidade de o b je to s/ su je ito s, p reviam en te selecion ad o s para serem exam in ados pelo pesquisador. D eve conter inform ação de quando (tem po, p erío d o ) a coleta de dados aco n teceu , onde (lu gar, espaço físico ou virtual) foi recolhida a am ostra am pla e por que foram escolhidos tais o b jeto s/su jeito s e não outros para constituírem a amostra restrita realm ente analisada; F azem p a rte d o d e se n v o lv im e n to as r e se n h a s e a d iscu ssão d o s d ad os. C om o vim os, resen h as são discussões e críticas sobre as teorias que dão apoio às análises dos dados. Este é o lugar reservado para os com entários sobre a aplicação satisfatória ou ineficiente de um m odelo teórico-explicativo sobre um dado fenôm eno focalizado na investigação. Tudo que foi dito sobre a resenha enquanto gênero acadêm ico anteriorm ente se aplica aqui tam bém . Q uanto à d iscu ssão d o s resu ltad o s, constitui-se com o a parte dem onstrativa do trabalho científico, pois nela devem constar as descrições do corpus em palavras e por figuras, gráficos, tabelas, quadros resumitivos e num éricos. Devem conter também as explicações do com portam ento dos dados à luz das teorias de apoio e as inferências extraídas das observações realizadas. Antonio Carlos Xavier • Conclusão E ste é o lu g ar m ais a d e q u a d o p ara os c o m e n tá rio s interpretativos do pesquisador a partir dos resultados obtidos na análise e apresentados na investigação. Ele confronta estes resultados com os objetivos da pesquisa previamente estabelecidos e conclui se conseguiu alcançá-los. Nestas considerações finais, ele deve indicar as com plem entações a serem feitas à pesquisa, caso ela possa continuar posteriorm en te e apontar as contribuições práticas e teóricas da investigação realizada. • Referências São ap on tad o s aqui to d o s os au to res com os quais o p esq u isad o r dialogo u duran te a con stru ção do trabalh o. E im prescindível inseri-los no artigo, pois nada se constroi do nada. T od os os hum anos são, de algum a form a, tributários uns dos outros. • Apêndices, Anexos, índices e Glossários São dados com plem en tares da pesquisa que devem ser in serid o s, se n e c e ssá rio s, d ep o is das R eferên cias p ara ser co n su ltad o s caso su rjam dúvidas no avaliador do trabalh o científico ao longo da leitura. Quanto à s funções sociais A e sc rita e a p u b lic a ç ã o de um artig o c u m p re m os seguintes papeis na sociedade em geral, e em especial, na esfera acadêm ica: Cama fa z e * e apresen ta* friaâaíííe* científica* em evento* acadêm ico* • Divulgação O artigo inform a aos acadêm icos e à sociedade com o um todo os avanços científicos e as inovações tecnológicas geradas pelos estudiosos. Ele m ostra as ações realizadas nos laboratórios das instituições de pesquisa, revelando as descobertas alcançadas até o m om ento pela Ciência. Q uando ocorre a publicação de algum resultado considerado revolucionário, a mídia se encarrega de fazer rep ercu tir a novidade e de am pliar o im pacto que ela poderá provocar na vida do cidadão. É dessa form a que a sociedade conhece o que os cientistas estão fazendo e busca se beneficiar das vantagens oferecidas pela Ciência. • Prestação de contas à sociedade Ao m esm o tem po em que inform a à sociedade sobre as novidades do m undo científico, o artigo serve para dar “feedback”, apresentar satisfação dos produtos e p rocessos realizados dentro dos ambientes acadêm icos. N o caso de pesquisas financiadas com verbas públicas, a prestação de contas se torna um a dever legal, além de m oral para com o contribuinte. • Notoriedade C ertos periódicos gozam de prestígio entre os acadêm icos pela história de seriedade e tradição de honestidade científicas pelos procedim entos adotados para a publicação de artigos. Por isso, algum as revistas acadêm icas são bastante disputadas pelos pesquisadores porque agregam valor intelectual a quem tem seus artigos publicados nestes periódicos. Juntam ente com o autor, ganham prestígio o grupo de pesquisa a que pertence e a instituição a que ele se vincula. li© Antonio Carlos Xavier Sabem os hoje que a publicação é o m aior capital intelectual para o pesquisador e para sua instituição. O índice de indexação, isto é, a quan tidade de referên cias diretas às obras de um d eterm in ad o au to r evidên cia a relev ân cia e p ro d u tiv id ad e científicas de am bos. Por isso , atualm en te, a publicação de trabalhos tem sido m uito valorizada pelos órgãos de fom ento à pesquisa e avaliação de desem penho acadêm ico. Q u an to à s c a r a c te r ís tic a s c o n c eitu ais t Podem os identificar os seguintes com o traços conceituais que devem predom inar na escrita de artigo científico: • Impessoalidade N orm alm ente se recom enda que o pesquisador redija o texto em terceira pessoa do singular (preten deu-se, bu scou -se, conclui-se, verificou-se, constatou-se) ou até m esm o na primeira pessoa do plural —n ós —(preten dem os, buscam os, concluím os, v e rific a m o s, c o n sta ta m o s). H o je têm sido m u ito co m u m grupos de pesquisadores trabalharem em projetos integrados e publicarem juntos os resultados de suas investigações. Isto em parte justifica o uso do pronom e de prim eira pessoa do plural —n ó s — nos tex to s científicos. Ambas as form as de tratam ento são usadas para sugerir ao leitor a existência de um distanciam ento do pesquisador para com o objeto pesquisado. O uso da prim eira pessoa do singular — eu — deixaria o te x to m u ito centralizado nas con clusões pessoais do pesquisador, que, p or m eio desse pronom e, poderia transferir para o trabalho suas im pressões pessoais e não um a aia &umi fw ze* e ayizsentaK Viabaíhvô cientificai ein eventos acadêm icas análise isenta e neutra dos dados. Aliás, m uitos acadêm icos que realizam pesquisas em ciências humanas e aplicadas utilizam o pronom e de prim eira pessoa do singular sem qualquer receio*. A rgu m en tam que “em to d a p esq u isa cien tífica há sem p re interesse pessoal em jo g o ” , logo não seria o em prego de um a form a pronom inal que garantiria a neutralidade na análise e conclusão da investigação. E m bora saibam os que a neutralidade é um a ilusão em qualquer esfera da atividade humana, incluindo a esfera acadêmica, é preciso expressar textualm ente tal intenção. Q uanto m enos personalizado for o artigo, mais sensação de credibilidade ele passará ao leitor. Além disso, há m om entos na escrita do texto acadêm ico que o em prego da prim eira pessoa do plural —n ós — transform a o leitor num autor virtual das ações e descobertas ali reveladas, o que é bom . N este caso, o uso da prim eira pessoa do plural funciona com o um a estratégia argum entativa para atrair a adesão às teses e argum entos defendidos pelo autor. • O bjetividade , Em conform idade com a característica anterior, aconselhase a to d o p e sq u isa d o r que se m p re expo n h a os re su lta d o s da investigação de m od o d ireto, claro e sem dar m argem à d upla in terp retação . T o d o bo m p erió d ico in form a quantas páginas m ínim as e m áxim as ou quantas palavras m ínim as e m áxim as devem com por o artigo para ser publicado. O artigo cien tífico deve dizer de m o d o com p acto o que a pesq u isa objetivou fazer, a que resultados a investigação chegou e quais as im plicações positivas o estudo trou xe para a área e para a sociedade. N ão convém , portanto, fazer m uito detalham ento do 3LIL2 Antonio Carlos Xavier caminho percorrido durante a investigação, pois o excesso de detalham ento em quaisquer partes do artigo pode gerar perda de foco e dispersão no leitor. Ser relevante, ir direto ao ponto é um a atitude que se espera de um articulista acadêm ico. É possível conseguir certa objetividade no texto recorrendo à ordenação direta dos term os na frase. Esse esforço de preservar a objetividade na pesquisa se m o stra quando o p esq uisad or seleciona cuidadosam ente as palavras e as organiza bem no enunciado. Por isso, ele deve usar sem pre o posicionam ento “lógico” dos elem entos que constituem a frase. Essa disposição das palavras no texto foi denom inada “lógica” porque tem com o princípio inform ar: Quem fez o que, quan do, onde, com o e p o r quê? O rdenada dessa m aneira, a chance de dúvidas é atenuada. Por isso, recom endã-se ao p ro du to r de artigo científico que prefira a ordem d ireta dos term os na frase, cuja outra maneira de representá-la é a seguinte: su jeito + verbo + com plem ento + advérbio E x .l: Nós analisam os as dificuldades de compreensão textual nos estudantes do ensino médio brasileiro. N o exem plo 1, o sujeito (Nós) antecede o verbo (analisamos) que pede um com plem ento para fazer sentido; neste caso, um objeto d ireto , ou seja, sem a interm ediação de um a preposição. Gama fa z e * e apiesentw t budkdâas cientificai em eveiites acadêm icas O objeto direto (as dificuldades de compreensão textu al), em bora seja com posto p or cinco palavras, seu núcleo é um substantivo (dificuldades). As demais palavras que o acompanham são adjuntos adnom inais (as, textual) e, com plem ento nom inal (com preensão). N o final do enunciado, há palavras que acrescentam circunstância (nos estudantes do ensino médio brasileiro) . Tais palavras com põem o que gram aticalm ente denom inam os de adjunto adverbial. A p e sa r d e u s a r m o s t e r m o s té c n ic o s da g r a m á tic a norm ativa, não precisam os conhecer a nom enclatura gram atical para organizarm os adequadam ente os elem entos que com põem a frase a fim de conseguir os efeitos de objetividade e clareza no texto. M uitos escritores fam osos já revelaram que usam a escrita intuitivam ente, ou seja, não reconhecem ou identificam os term os por seus nom es técnicos. N em p or isso deixam de escrever bem e serem prem iados por literatas e pelo público leitor ao adquirirem seus liv ro s. Todavia, na escrita de artigos científicos, devem os ficar atentos para evitar as inversões de term os no enunciado e as orações intercaladas, aquelas que vêm entre vírgulas. Inversões e intercalações de orações podem dificultar o processam en to da inform ação na m ente do leitor. Por ex em p lo , será desaconselhável ao au tor de artigo científico elaborar o enunciado da seguinte form a: Ex.2: Com o objetivo de propor atividades pedagógicas que ajudem os alunos a lerem com mais p r o f ciência textos, será f e ita esta pesquisa. Autor de trabalho científico em geral deve evitar enunciados na ordem inversa das palavras na frase, tal com o apareceu no ILÍL4 Antonio Carlos Xavier exem plo 2. Ele deve preferir sem pre a ordem direta, com o m ostra o exem plo 3 a seguir, a fim de tornar as inform ações do enunciado m ais transparentes e nítidas. Veja agora o enunciado reelaborado na ordem “lógica” dos term os. E x .3 : A pesquisa tem como objetivo propor atividades pedagógicas que ajudem os alunos a lerem textos com mais proficiência. Outros elementos constitutivos do artigo cientijico 9. • Vocabulário Técnico É im portante o pesquisador em pregar, no artigo científico, a term inologia própria da área a que se vincula, tendo em vista que escreve predom inantem ente para seus pares cientistas que já dom inam a term inologia. D e acordo com o ponto de vista teórico adotado, os term os precisam estar bem definidos no texto para evitar confusões conceituais que possam pôr todo o artigo a perder. A convivência do pesq u isad o r com os pares levam -no naturalm ente à aquisição do cham ado ja rg ã o profission al. Entre outras funções, o jargão serve para: • M anifestar o nível de conhecim ento dos conceitos utilizados pelo pesquisador e do dom ínio científico em que atua; • Ratificar a identificação do pesquisador com os dem ais m em bros da com unidade acadêm ica a qual pertence ou quer se integrar; e Mg Como. fwLvi e opieaentoi piaÉalhas científicos em eventos acadêm icos • Abreviar explicações sobre conceitos e procedimentos longos, garantindo mais precisão ao significado de uma determinada palavra empregada com muita frequência . entre os profissionais da área. O dom ínio do jargão profissional só virá com as leituras de outros artigos científicos da área, com a convivência com os pares e tam bém com a escrita constante de artigos sobre as tem áticas que povoam o setor da ciência em que o pesquisador trabalha. • Recursos Ilustrativos Com o avanço das tecnologias de informação e comunicação, há hoje um a infinidade de recursos sem ióticos à disposição que não podem ser ignorados, principalmente pelos profissionais que trabalham com linguagem , educação e com unicação. As tecn ologias facilitam a explicitação de inform ações im portantes da pesquisa, além de poupar espaço e tem po de leitura, já que um a im agem ou gráfico pode ser mais esclarecedor do que um a página inteira de texto. U sar apenas palavras na co m p o sição de um artigo* p o d e to rn á-lo p o u co atraen te e cansativo. N ão se trata de enfeitar o texto , m as increm entálo com instrum entos que potencializem a clareza e elucidem as inform ações. Por isso, todo pesquisador precisa conhecer e utilizar o potencial com unicativo dos recursos tecnológicos diversos disponíveis atualmente com o: figuras e ícones animados, gráficos em três dim ensões, tabelas coloridas e interativas, vídeos e até áudios. Enfim , há m uita tecn ologia eletrôn ica e digital hoje à espera da criatividade do p esq uisad or. C abe a ele aprender 116 Antonio Carlos Xavier a m anuseá-la a fim de realizar suas investigações com m ais eficiência e com unicar aos seus pares e à sociedade em geral suas surpreendentes descobertas com a m áxim a explicitude e objetividade para que todos possam se beneficiar dos avanços da ciência. • Videoartigo Trata-se de um a nova m odalidade de produção de pesquisa e publicação de artigos científicos que foi lançada em dezem bro de 2006 nos Estados U nidos. O Journal o j Visualized (JO V E ) foi o prim eiro periódico am ericano a adotar, em âmbito mundial, a técnica de publicar artigos com vídeos inseridos. Além do texto, que segue a m esm a estrutura de um artigo científico tradicional, há imagens gravadas dos experim entos realizados com o objeto de pesquisa. Sua principal vantagem é ampliar a reprodutibilidade dos experim entos, aumentando a credibilidade da coleta dos dados, das análises e conclusões. Assistindo ao vídeo no artigo, fica mais fácil para o leitor acom panhar as descrições e deduções derivadas da observação do com portam ento do fenôm eno estudado. A criação do videoartigo só foi possível graças à hipermídia, que perm ite a convergência de mídias em um m esm o suporte de inform ação. N este caso, têm lugar as linguagens verbal, visual e sonora que se m esclam na tela do com putador online. Por enquanto, a novidade tem sido mais utilizada pelos pesquisadores da área de saúde. P orém , com o aum ento da banda de transm issão de dados via Internet, a tendência é que os editores de periódicos acadêm icos das dem ais áreas científicas passem a adotar essa nova m odalidade de produção de pesquisa e publicação de artigos científicos. 117 Como. fa z e * c apresentem txaâaífios científicos em eventos acadêm icos ■G êneros acadêm icos: M onografia, D issertação e Tese V am os tratá-los aqui em um m esm o blo co, porque são gên ero s acadêm icos com m uitas sem elhan ças, em bora haja algum as diferenças en treteles. As monografias, dissertações e teses representam o produ to intelectual con creto que m aterializa toda um a trajetória de pesquisa para a qual houve um grande investim ento físico, m ental e financeiro do pesquisador. A principal característica que a monografia, a dissertação e a tese com partilham é a m on oau toria, ou seja, ser escrita por um só autor. Todas devem ser trabalhos autorais, ainda que sob a orientação de um pesquisador mais experiente, pois orientador não é coautor. As sugestões e direcionam entos são parte do trabalho dele, m as a decisão de adotá-los é do orientando, que assum e a responsabilidade total sobre os rum os do seu trabalho. T od os esses três gêneros acadêm icos devem respon der às seguintes questões: • 0 quefo i pesquisado? • Por quefo i pesquisado? • Para quefo i feita a investigação? • Comofo i realizada a pesquisa? • Quando ofo i? • Onde? • Com base em que teoria? • Que ganhos a pesquisa trouxe às sociedades científica e civil? Antonio Carlos Xavier A p resen tam os a segu ir um qu ad ro com as principais características da m onografia, dissertação e tese. O objetivo é fazê-lo visualizar os traços que distinguem esses três gêneros acadêm icos m onoautorais: Características Monografia Dissertação Tese Escolha do tema e de sua abordagem Tema e problema não necessariamente originais O Tema e problema originais pelo menos quanto à forma de abordagem e à conclusão Tema, problema, abordagem e conclusão necessariamente originais Nível de abrangência e profundidade do tema Média Alta Muito Alta Quantidade média de páginas Entre 30 e 50 Entre 90 e 150 Entre 150 e 300 Forma de defesa Pública opcional , Pública obrigatória Pública obrigatória Coma fa z e * e apveAenta* t*aâaChoA científicaô em eventos acadêmico* V ejam o s a g o ra os trê s g ê n e ro s te x tu a is a c a d ê m ic o s separadamente, para com entarm os suas semelhanças e diferenças práticas: M onografia C a r a c te r iz a - se p o r se r um tra b a lh o a c a d ê m ic o de pequeno fôlego intelectual, pouca quantidade de páginas, sem a necessidade de tratar um tem a e problem a inéditos, ou seja, ainda não tratado p or outro pesquisador. Ela apresenta um nível m édio de abrangência e profundidade na abordagem do tem a. Por essas razões, fazer na m onografia um a discussão sobre um tem a a partir de leituras bibliográficas sem análise de corpus inédito é um p rocedim en to ainda aceito na produção deste gênero acadêm ico. P orém , este m esm o procedim ento não é aceito em dissertações e teses pela m aioria dos bons program as brasileiros de pós-graduação stricto sensu. A defesa pública da M onografia é um a atividade opcional. Cada instituição acadêmica delibera em seu regim ento interno se vai adotá-la ou não. É recom endável fazê-la para prestar contas à com unidade acadêm ica e à sociedade em geral, funcionando com o mais um instrum ento aferidor da com petência profissional do candidato que sai com o título de especialista ou M BA. Além disso, a defesa pública estim ula o candidato a dar mais atenção à qualidade da form a e do c o n teú d o , um a vez que o u tro s p esq u isad ores terão acesso àquele trabalh o, e não apenas o orientador-parecerista. O tem po entre o início e a conclusão de um a m onografia é de no m áxim o até seis m eses. Por isso, dos três gêneros textuais acadêm icos sim ilares, a m onografia é a m ais sim ples de todos, Antonio Carlos Xavier especialm ente no que diz respeito ao nível de abrangência e profundidade do tem a. Isto justifica a m en or quantidade de páginas esperadas: de 30 e 50 sem contabilizar as Referências, A nexos e índices rem issivos. C ontudo, fazer um a m onografia é im p o rtan te p o r se rv ir co m o in stru m en to de in iciação e preparação do pesquisador para a vida acadêm ica. D issertação Caracteriza-se por ser um trabalho acadêmico de m édio fôlego, cuja necessidade de abrangência e profundidade do tem a é maior em relação à monografia, em bora sejam aceitas dissertações produzidas a partir de tem as não originais. Contudo, a form a de abordagem do tem a, os aspectos explorados pelo pesquisador e a conclusão devem ser inovadores. Para o cum prim ento dos créditos, conclusão e defesa da dissertação, são concedidos ao jovem pesquisador apenas 24 m eses a contar do dia do seu ingresso oficial no program a de pósgraduação em que foi selecionado. A defesa pública é obrigatória para avaliação de dissertações de mestrado. A banca exam inadora, com posta por três pesquisadores com o título de doutor, analisará e deliberará sobre a possibilidade jde aprovação da dissertação. Tese Caracteriza-se por ser um trabalho científico de longo fôlego. E considerado o mais im portante trabalho de um pesquisador do' ponto de vista da sua titulação no universo acadêm ico. A com plexidade desse gênero demanda: 121 Como fa z e * • c apresen ta* txaâaCãa* científico* em evento* acadêmica* Originalidade As escolhas do tem a, do problem a, e, principalmente, da hipótese que se pretende transformá-la em tese ao final da pesquisa devem ser inéditas. Tam bém devem ser preferencialmente inéditas a coleta e a abordagem dos dados durante a análise. A conclusão é a principal contribuição da tese para a sociedade em geral e para a área do conhecimento em que ela foi desenvolvida. Por isso, uma tese precisa ser extraodinária, surpreendente e impactante. • Abrangência O m odo de exploração dos aspectos do tem a e o esforço para responder ao problem a de pesquisa precisam ser profundos. A análise e a interpretação das variáveis que incidem sobre os dados coletados de m esm o m odo têm que ser inovadoras, diferentes de tudo que já foi feito e declarado até então. • Volume de texto A quantidade de páginas acompanha a necessidade de maiores detalhamentos na tese. Por isso, ela precisa ser bem m aior do que o encontrado em um a dissertação, pois o pesquisador terá que explicitar com mais detalhes os aspectos teórico-m etodológicos, analíticos e conclusivos. Portanto, espera-se na elaboração escrita de um a tese que haja um volum e de páginas suficiente para contemplar satisfatoriamente todos esses aspectos envolvidos em um a pesquisa deste porte. Por se tratar de um trabalho mais elaborado, o tem po concedido para realizá-lo, desde o in gresso do doutoran do no program a de pós-graduação até a defesa final, é o dobro do co n ced id o ao m e stra n d o . Em g eral são 48 m e se s que Antonio Carlos Xavier com preendem o cum prim ento das disciplinas (integralização de créditos acadêm icos), qualificação4 do trabalho, conclusão e defesa da tese. Funções, características e estrutura fo rm a l da m onografia, dissertação e Tese Esses elem entos são praticam ente os m esm os que há no artigo científico. O que difere é a organização das partes. Assim, o pesquisador, que conclui sua investigação e vai fazer a organização definitiva do trabalho, deve obecfecer à seguinte ordem : a) Capa; b) Lombada ; c) Folha de rosto; d) Folha de aprovação; e) Dedicatória; f) Agradecimentos; g) Epígrafe; h) Resumo seguido de palavras-chave; i Qualificação é um ritual acadêmico adotado pela maioria dos programas de pós-graduação brasileiros no qual o candidato a mestre ou a doutor apresenta os resultados parciais de suas análises. Esses resultados são avaliados por uma banca composta por pelo menos três componentes, sendo um deles o orientador do trabalho. Ela visa supervisionar o andamento da pesquisa, corrigir rotas equivocadas de análises e sugerir complementações teóricometodológicas antes que o trabalho seja avaliado na defesa final. Cama fa/z&t e ap%escntwt Viaûxdfias científicos cm mentos acadêmicos i) Resumo em língua estrangeira; j) Lista de ilustrações; k) Lista de tabelas; m) Lista de abreviaturas, siglas; n) Lista de símbolos; o) Sumário; p) Introdução: explanação do tema, problema, justificativas, objetivos, hipótese e organização dos capítulos que compõem o trabalho; q) Capítulo 1: Constituição metodológica da pesquisa: descrição dos sujeitos ou objetos analisados, contextualização espacial e temporal da coleta, instrumentos empregados para a captação de dados da amostra ampla, seleção da amostra restrita; r) Capítulo 2: Referencial teórico, que são as resenhas sobre as teorias escolhidas para apoiar a análise; s) Capítulo 3: Análise dos dados, organização das categorias de análise com discussão à luz das teorias que podem explicar o funcionamento do objeto estudado; u) Conclusão; v) Referências; x) Glossários, apêndices, anexos, índices. Antonio Carlos Xavier Sobre a form atação detalhada de m onografia, dissertação e tese, esses trabalhos devem ob ed ecer às N o rm as Brasileiras Registradas (N B R ) fixadas pela Associação Brasileira de N orm as T écnicas (A B N T ), ó rgão resp on sável pela norm alização de trabalhos técnico-científicos no Brasil. V ejam os as principais re g ras da A B N T p ara esse s g ê n e ro s e p ara a m aio ria dos trabalhos científicos: Papel: Tamanho A4 (2 1 ,0 c m x 29,7cm ). Só um lado da folha deve ser im p resso , i^to é, seu anverso; Fonte: N ão há referência explícita ao tipo de fonte, m as costum a-se utilizar Times New Roman ou Arial em tam anho 12 e nas citações longas, acim a de 3 (três) linhas, usa-se o tam anho 11 ou 10; P agin ação : As folhas com eçam a ser contadas a partir da folha de ro sto , m as a num eração só aparece na Introdução. Recom enda-se que a num eração, em algarism os arábicos, seja colocada no canto superior direito da página, seguindo dessa form a até o fim do caderno ou da brochura. M argens: Deve-se usar 3 cm nas m argens esquerda e superior e 2 cm nas m argens direita e inferior da página. 125 Coma fa z e i e aptesentcvi VtaBaíAas cientifica} em eventes acadêm ica} Espaços: Para o texto principal do trabalho, devese preferir o espaçam ento duplo ou o espaçam ento 1,5 entre as linhas. U sa-se o espaçam ento simples nas: citações longas, notas, legendas das figuras e tabelas, ficha catalográfica, d ed icató ria, agrad ecim en to s, epígrafes. As referências devem ser em espaçam ento duplo. O espaço entre os títulos das secções deve ser de dois espaços duplos. A linh am en tos: Títulos dos capítulos do trabalho devem ser centralizados na página; títulos num erados de se c ç ã o d ev em se r alin h ad o s à e sq u e rd a do papel; sum ário deve ser alinhado à esquerda sem reentrâncias; o início do parágrafo deve ser m arcado com um toque na tabulação que chega a ocupar 1 cm. C itações longas devem ser feitas a 4 cm da m argem esquerda. Cores: R ecom enda-se usar sem pre a cor preta para a mancha total do texto , m as as dem ais cores podem aparecer em gráficos, tabelas, fotos, m apas etc. D estaq u es em p artes d o te x to : Podem -se usar n egrito , itálico ou sublinhado em palavras que se queiram destacar. D eve-se ainda atentar para o fato de procu rar sem pre usar o m esm o tipo de destaque para palavras estran geiras inseridas no te x to em português; Antonio Carlos Xavier O R itu al Acadêmico - Para a defesa pública de dissertação e tese em geral há um protocolo que deve ser seguido. N ela estão previstos os seguintes m om entos: • I o. A bertura da sessão de defesa pelo presidente, no caso, o orientador ou outro representante legal do Program a de Pós-G raduação; • 2o. Convocação dos m em bros titulares da banca por titulação, nom e e instituição acadêm ica de origem ; • 3o. E n trega da palavra ao candidato p ara que este exponha pública e resum idam ente a pesquisa realizada; • 4 o. A rguição p o r cada m em bro da banca, com garantia de resposta ao candidato por tem po igual ao utilizado pelo m em bro arguidor. O tem po m édio para a arguição gira em torn o de 20 a 30 m inutos; • S°. Deliberação, em secreto, pela banca examinadora que julga a pertinência, relevância e qualidade do trabalho e em ite um parecer para sua aprovação ou reprovação; • 6o. A núncio p ú b lico da d e lib e ração da banca exam inadora: aprovado ou reprovado; • 7o. Entrega do certificado contendo a deliberação da banca exam inadora; • 8o. Encerram ento da sessão pelo presidente. Por ser um a instituição milenar, a universidade construiu e preserva suas tradições, sendo um a delas o ritual de defesa pública de trabalhos acadêm icos, especialm ente dissertações e teses. 127 Modos de fazer citação e referência t. Capítula- 5 Modos de fazer citação e referência “Se eu vi mais longe foi por estar de pé sobre om bros de gigantes” . Esta frase é de Isaac N ew ton. Ele reconhece que não há avanço científico sem as parcerias com outros pesquisadores. Logo, é fundamental admitir textualm ente a presença de teóricos colaboradores que, m esm o sem saber, ajudaram a interpretar os dados e a escrever o artigo científico, m onografia, dissertação ou tese. Essa lista de autores com os quais o pesquisador dialogou fortalece o trabalho de m odo direto. Portanto, as inform ações com pletas sobre as obras que serviram de apoio teórico à pesquisa devem aparecer nesta p a rte . Citação é a m enção que se faz a um a inform ação retirada de um texto e incorporada ao trabalho científico. Ela representa o diálogo entre as ideias de autores que reforçam um ponto de vista ou são citadas para discordar do posicionam ento ali adotado. Tipos efo rm a s de citar C itação d ireta O corre quando se transcrevem inteiram ente os conceitos do au tor con su ltad o, reprodu zin do literalm en te as m esm as palavras do texto citado. N este tipo de citação há necessidade da Cama fxvz&t c apresen ta* txaõalfw s científicos em eventos acadêmicos indicação do núm ero exato da página, além do ano de publicação da obra. V ejam os o exem plo: E x .l: Lévy (1 9 9 6 , p .'34) afirma que: Estamos hoje tão habituados com essa interface que nem notamos mais que existe, mas no momento em que foi inventada, possibilitou uma relação com o texto e com a escrita totalmente diferente da que fora estabelecida com o manuscrito. C itação in d ireta O corre quando se m enciona o conteúdo parafraseado de um texto de um autor lido, m as não reproduzido literalm ente. N este tipo de citação, a indicação exata da página é opcional, m as deve-se obrigatoriam ente indicar o ano de publicação da obra e o nom e do autor. V ejam os o exem plo: Ex2: Para Freud (1974), no inconsciente humano estão represados os desejos mais selvagens, já que o preço da civilização é a repressão das nossas vontades. Ex3: A tecnologização da sociedade é a tendência relacionada ao controle da máquina sobre as diversas partes da vida humana, afirma Fairclough (2001). E curioso notarm os que na citação indireta o nom e do autor citado pode figurar com pletam ente em caixa alta ou só com a Antonio Carlos Xavier prim eira letra maiúscula. Se aparecer dentro dos parênteses, o nom e do autor tem que figurar em caixa alta. C itação d e citação Quando o pesquisador não tem acesso fácil ao texto original, pode fazer a citação p or m eio de outro autor, utilizando para isso a palavra latina a p u d , que significa citado por. N este caso, deve-se colocar entre parêntese o nom e do autor originalm ente citado, ano de publicação da obra, a palavra apud, o nom e do autor que citou o original, ano de publicação da obra deste e página em que a citação apareceu. N o caso de citação de citação com tran scrição in d ire ta , faz-se da seguinte form a, veja o exem plo: E x4: A diferença entre propaganda política e comercial é que a primeira se fundamenta em valores éticos e o segundo explora os desejos humanos (CHARAUDEAU, 1996, apud MONNERAT, 2003, p. 14) M onnerat citou Charaudeau que foi citado no texto. Quem de fato teve acesso ao texto original de Charaudeau foi Monnerat e não quem está escrevendo o trabalho e fazendo a citação. Há necessidade de em pregar caixa alta quando se tratar de citação de citação com transcrição indireta, sendo que todos os citados devem ficar entre parênteses com o no exem plo acima. Em casos de citação d e citação com tra n sc riç ã o d ire ta do texto , o nom e do autor original pode ser escrito fora dos Coma faz& i e a p io en tw í VíaãaíAai científicas em eventoi acadêmicas parênteses e em caixa baixa, m as o nom e do autor citante deve ficar em caixa alta, se no interior dos parênteses. V ejam os o exem plo seguinte: Ex5: Precisamos considerar a ideologia como um fenômeno dependentè da Hnguágem, pois, como diz Eagleton (1997, apud SANTOS, 2005, p. 32), “se a ideologia não pode sec divorciada do signo, então o signo também não pode ser isolado das formas concretas de intercâmbio social.” C itação d e d o cu m en tos in stitu cion ais Sendo um a instituição a responsável pela publicação citada, o nom e desta deve figurar, inteiram ente, em caixa alta e dentro dos parênteses, com o indica o exem plo 6. Ex. 6: Com o objetivo de oferecer uma ferramenta útil e atual, o Ministério da Educação, por meio da sua Secretaria de Educação à distância, criou o e-proinfo. Na verdade, o e-proinfo é, nas paíavras do próprio órgão: Um Ambiente Colaborativo de Aprendizagem que utiliza a tecnologia Internet e permite a concepção, administração e desenvolvimento de diversos tipos de ações, como cursos a distância, complemento a cursos presenciais, projetos de pesquisa, projetos colaborativos e diversas outras formas de apoio a distância e ao processo ensino-aprendizagem. (BRASIL, 2005, p. 10). Antonio Carlos Xavier C itação su b seq u en te d a m esm a o b ra Para evitar a dupla citação de um a m esm a obra, usam -se as expressões latinas: idem e /o u id. que significam “m esm o autor” ou opus citatum, opus citato ou op.cit. para dizer “obra citada’ . U sa-se ainda cj. para significar “confira, confronte” . T od os devem estar entre parênteses. N otas de ro d a p é São inform ações adicionais que visam esclarecer detalhes que não caberia fazê-lo no corpo do texto. Elas podem ser de referências ou explicativas feitas pelo'autor, tradutor ou editor do texto. O s processadores de texto já acrescentam automaticamente as notas de rodapé com a num eração sequenciada, quando se aciona um com ando em um a das ferram entas deste tipo de program a. T rad u ção n ossa Em prega-se essa-expressão quando o autor do texto , ele m esm o, for o tradutor do trecho citado em língua estrangeira. D essa form a, ele assum e a responsabilidade total pela virtude ou defeito da tradução. R eferên cias São as inform ações relativas a autores, títulos, edições, locais, editoras, datas de publicação. Em geral, todo trabalho científico m onográfico (m onografia, trabalho de conclusão de curso (T C C ), dissertação e tese) deve seguir o m esm o m odelo de referência. Came, faze t e apnesentax btatalAo» científicas em evento* acadêm icas As form as de fazer referência se m odificam de acordo com o tipo e o suporte de publicação. V ejam os alguns m odos de fazer referência conform e a superfície onde o trabalho foi publicado: • Livros: H A LL, Stuart. A id e n tid a d e c u ltu r a l n a p ós-m ód ern id ad e. Tradução: Tom az Tadeu da Silva, Guaracira Lopes Louro. 4. ed. Rio de Janeiro: DP&A. 2000. • Monografias, Dissertações e Teses: X A V IE R , A n ton io C a rlo s. O h ip e rte x to na so c ied ad e da informação. A constituição de um m odo de enunciação digital. 2002. 220 p. Tese (D outorado em Linguística), Departam ento de Linguística, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2002 . • Dicionários: H O LA N D A -FER REIRA , A. B de. Novo D icionário Aurélio. 2. Ed. rev. e acresc. de 1836 p. Rio de Janeiro: No.va Fronteira, 1986. • Enciclopédias: K O O G A N , A. HOUAISS, A. (Ed.). Enciclopédia e dicionário digital 2000. Direção Geralde André Koogan Greikm am . São Paulo: Delta: Estadão, 2000. 5 C D -R O M . Produzida por Vedeolar Multimídia. Antonio Carlos Xavier • Sites da internet: FERREIRA, E. Osm an Lins: das págin as d o livro à tela do com pu tad or. Disponível em: h t t p :/ /w w w .erm elindaferreira. c o m /o sm an / Acessado em: 1 0 /0 2 /2 0 0 9 . SIMPÓSIO H IPERTEXTO E T EC N O LO G IA S NA E D U C A Ç Ã O , 2, 2008, Recife. Anais eletrônicos. R ecife, 2008. D isponível em: < h ttp : / / w w w .u fp e.br / nehte / sim posio2008 / anais / > . Acesso em : 1 0 /0 2 /2 0 0 9 . » É hora de pensar um pouco sobre o que foi estudado neste capítulo. As atividades a seguir devem ser efetuadas preferencialmente em dupla, cujas respostas devem ser apresentadas e discutidas com toda a classe. R esponda: 1. Antes de iniciar a escrita da resenha, o que deve observar o resenhista? 2. Qual seria a principal diferença entre o resumo e a resenha? 3. Q uais as d iferen ças entre artigo cien tífico e trabalho monográfico? 4. O que há em comum entre a monografia, dissertação e tese? 5. Aponte duas diferenças principais entre dissertação e tese. 137 Apresentação de trabalhos científicos Apresentação de trabalhos em eventos acadêmicos fazer e a p r e s e n t a r trabalhos científicos cm eventos acadêmicos Com o S torno Carlos X avier (U F[>E) Capítulo-1 Apresentação de trabalhos em eventos acadêmicos Finalizada a escrita do trabalho científico, seja ele um artigo ou até m esm o um a tese, é necessário apresentá-lo em público. O texto, construído no isolamento e solidão do autor, sai do seu com putador e ganha as páginas impressas ou digitais dos periódicos ou das encadernações em celulose sem exigir a presença física do pesquisador diante de seus leitores. Isso só acontece quando da apresentação pública em eventos específicos. Além do ritual de defesa de dissertações e teses, os encontros científicos com o congressos, simpósios, seminários, colóquios etc. são normalmente os fóruns adequados para a exposição e discussão dos resultados alcançados com as pesquisas. E n tre ta n to , m u ito s a c a d ê m ic o s com e x p e riê n c ia de participação em debates orais em sala de aula e condução de sem inários tem áticos se veem apreensivos quando precisam fazer um a apresentação oral em um determ inado evento. A necessidade de fazer um a com unicação oral para um público desconhecido costum a deixar tensos até m esm o profissionais. Por se tratar de um a exposição pública em que a im agem do expositor e a da instituição a qual pertence serão avaliadas, há sem pre um grande receio de decepção. A avaliação do valor e da qualidade do trabalho científico tam bém depende da form a com o ele será apresentado. Coma fa z e * e apieôrnCcvc Vtaêaífws científicas em eventos acadêm icas O objetivo desta segunda parte do livro é trazer sugestões para m elhorar as apresentações de trabalhos acadêm icos em ev en tos cien tífico s. São técn icas de utilização de re cu rso s tecnológicos que, se bem utilizados, podem facilitar a exposição oral e aum entar a clareza e o interesse do público pelas ideias apresentadas. , M odalidades de apresentação de trabalh os científicos * A co m u n icação oral é o ato de expo r em público ideias e produtos. D ela derivam todas as m odalidades de apresentação verbal de trabalhos científicos ou profissionais em geral. Em outras palavras, todas as form as de apresentação de trabalho em eventos institucionais são oralizações de um texto previam ente escrito por um profissional com form ação acadêmica ou não para ser apresentado a um público específico. Tipos de comunicação oral t A tu alm e n te há d o is tip o s de c o m u n ic a ç ã o o ra l em ap re se n ta ç õ e s in stitu c io n a is d en tro ou fo ra do am b ien te acadêm ico: con ferên cia e palestra. Esta últim a se desdobra em diferentes subtipos que conservam as m esm as características e s tr u tu r a is , d ife re n c ia n d o -se ap en as q u an to ao n ível de abordagem do tem a, tem po disponível para apresentá-lo e formas de interação com o público. O quadro a seguir faz um a síntese visual dessa proposta de classificação da com unicação oral. Antonio Carlos Xavier Tempo para exposição Nível de abordagem Nível de interação com público 60 a 90 min Alto Médio Mesa Redonda .30 min Médio Alto Painel de Debates 30 a 45 min Alto Baixo Sessão de Comunicação Individual 15a 2° min Médio Alto 60 a 120 min Médio Conferência Comunicação Oral Palestra Pôster ............. • Alto : Conferência E um tip o d e c o m u n ic a ç ã o o ral p r o fe r id a p o r um reconhecido especialista na tem ática do evento, convidado pelos organizadores para tratar do tem a em pauta com profundidade. Para isso, terá mais tem po para realizar sua exposição e poderá ao final responder ou não às questões da audiência. U m a conferência Coma fwzex c apresen ta* txaâaCAos científicos em eventos acadêmicos terá em m édia 60 a 90 m inutos e deverá ser antecedida por um a apresentação biográfica que inform ará ao público as credenciais (títu los e obras publicadas) que ju stificam sua condição de conferencista no even to. U m a conferência pode ser com pletam ente lida ou apenas falada. Se for lida, aconselha-se que haja bom senso e faça-se u m a leitura dinam izada, in tercalando leitura do. te x to com explicações e com entários para m anter o contato visual com os ouvintes. Assim , evita-se a dispersão da plateia pela m onotonia causada pela falta do face a face, que diminui a interatividade entre os envolvidos na conferência. O ideal é que este tipo de com unicação oral seja apoiado em recursos visuais para facilitar a concentração dos ouvintes em relação à linha de raciocínio desenvolvida pelo conferencista. • Palestra É um tipo de comunicação oral proferida por um profissional credenciado por seu reconhecido trabalho e publicações na área. U m a p alestra p od e ser apresen tada em eventos científicos, artísticos ou sociais e se caracteriza por sua linguagem coloquial e abordagem relativamente profunda, um a vez que o público Antonio Carlos Xavier pode ser com posto por leigos ou por profissionais da área. Em eventos científicos, o tem po para a realização de um a palestra varia de 30 a 60 m inutos. Espera-se que a palestra seja de form a mais conversacional possível para perm itir a interação da audiência com perguntas e intervenções. Por essa razão, ler o texto durante um a palestra não é a m elhor estratégia a ser adotada. O palestrante deverá preparar um material sobre o conteúdo de sua fala que pode ser tanto um a página com o esboço im presso do assunto quanto pode apresentá-lo em um telão. O im portante é o palestrante garantir o interesse da plateia por m eio de uma ♦ verbalização envolvente pelas ideias apresentadas. • Mesa-redonda E um a form a de apresentação de trabalhos acadêmicos cujos palestrantes tratam da m esm a tem ática, a partir de diferentes pontos de vista. A proposta deste tipo de atividade é propiciar ao público o acesso aos aspectos diversificados do tem a por m eio de um debate “redondo” , rico e produtivo em torno de um assunto im portante. O tem po para cada um dos debatedores varia de 30 a 40 minutos a depender da quantidade de palestrantes presentes 147 Coma fa z e * e apiesentw i btaluM as científicas em eventos acadêm icas à m esa. O ideal é que a duração total prevista para atividade seja de 2h, para que cada um dos palestrantes tenha pelo m enos 30 m inutos para fazer sua fala, restando tem po suficiente para a participação do público. Para que a mesa-redonda funcione bem , é necessário que um dos palestrantes ou um dos organizadores do evento coordene a atividade. Este m oderador indicará a ordem de apresentação, lerá as credenciais de cada um dos palestrantes e lhes passará a palavra ordenadamente. E importante lem brar que o debate não acontece entre os participantes da m esa, mas entre eles e os ouvintes que deverão lançar perguntas e observações dirigidas individualmente a cada um dos palestrantes. N este tipo de atividade acadêmica, a leitura longa de um texto não é recom endada. Deve o palestrante preparar um material de apoio im presso ou digital que perm ita o público acompanhar a exposição com atenção e interesse. • Painel de debates É lima forma de apresentação de trabalhos acadêmicos cujos palestrantes divulgam o resultado de suas pesquisas e debatem entre si, cabendo ao público apenas a condição de expectadores Antonio Carlos Xavier do debate. Por isso, o painel deve ser com posto por profissionais renomados no tem a, ter um coordenador para distribuir a palavra e controlar o tem po de apresentação de cada um dos painelistas. O tempo de fala individual para cada um dos três participantes varia de 30 a 45 minutos. O tem po total desta atividade deve ser de 2h e 30 minutos, pois será suficiente tanto para a apresentação de cada um quanto para o debate objetivado pelo painel. Da m esm a form a que acontece na m esa-redonda, deve o palestrante preparar um material de apoio im presso ou digital que perm ita aos ouvintes acompanharem a exposição com atenção e interesse. Por isso, ele deve evitar'a leitura longa de um texto para não perder o contato visual com a audiência nem com os demais painelistas. • Sessão de comunicação individual É um a form a de ap resen tação de trabalh o acadêm ico em que o palestrante faz a exposição esperando debater com os presen tes. Estes devem elaborar questionam entos e fazer observações a partir do que foi apresentado. O s trabalhos não precisam necessariam ente abordar a m esm a temática, mas têm Como- (xvzen e ap%e*entwc V iaêalfio* científico* em evento* acadêm ico* que pertencer a áreas de estudos e linhas de pesquisa afins. Só assim a sessão poderá proporcionar uma troca de informação para o enriquecimento intelectual de todos os participantes. G eralm ente, neste tipo de atividade, há a indicação do coordenador escolhido entre os próprios apresentadores da sessão a quem caberá distribuir a palavra e controlar o tem po de cada um dos palestrantes. Cabe a estes preparar um material de apoio para a exposição do seu trabalho, principalmente considerando o tem po curto para a exposição que varia de 15 e 20 minutos. N este caso, a leitura não é a melhor estratégia para a apresentação, sendo admitida apenas em caso de envio do trabalho escrito por um autor que não possa com parecer à sessão de com unicação. O tem po total desta atividade varia m uito, m as costuma-se reservar 2h de duração para um a sessão com até quatro com unicadores. • Pôster É um tipo de apresentação em que o palestrante expõe o resum o expandido e esquematizado de seu trabalho em um suporte material a partir do qual o público visitante da sessão lê e eventualmente pede esclarecimentos sobre determinados aspectos 15 © Antonio Carlos Xavier da pesquisa. N ão há debate, apenas exposição dos resultados da investigação realizada. A capacidade de síntese do apresentador e os recursos visuais inseridos no pôster serão importantes para atrair a atenção do visitante que estará em m eio a outros pôsteres na sessão. O uso de fontes grandes, o jogo de cores vivas, a inserção de imagens, gráficos, figuras, diagramas, fotos etc. são estratégias que podem ser exploradas pelo palestrante proponente de uma comunicação oral com o essa. O tem po disponível para essas sessões é em m édia de lh 30 m inutos, durante o qual o palestrante aguardará a chegada do público que flutuará sobre as diversas opções de pôsteres. Norm alm ente os visitantes estão sem pre apressados e querem obter um a visão geral dos trabalhos da sessão. Aquele que mais se destacar receberá m ais atenção. Por isso, o texto oral do palestrante deverá tam bém ser envolvente, inteligente e relevante nas respostas às questões dos visitantes. A m aioria dos acadêm icos conhece bem as m odalidades de comunicação oral para a apresentação de trabalhos científicos (conferência e palestra). Muitos já estão até familiarizados com seus diversos tipos porque participam com frequência de eventos institucionais, m as um a grande parte dos pesquisadores ainda continua sem saber m ontar um a apresentação enxuta, atraente e interativa. N ão conseguem organizar bem o material de apoio de m odo a fazer sua perform ance didática, dinâmica e agradável para a audiência. C om o falar com clareza e profundidade sem parecer arrogante? D e fato, há m uitos pesquisadores intuitivos, inteligentes e criativos, capazes de descobrir coisas surpreendentes, mas incapazes de transm itir claram ente suas ideias e descobertas. Coma fxvzex c apresen ta* btaâaChos cientificai» em eventos acadêm icas A lguns até escrevem bem , m as com unicam oralm en te m al seus achados, p o rq u e não sabem u tilizar eficien tem en te os recu rsos tecn ológicos de apoio às apresentações em eventos acadêm icos. V e ja m o s a g o ra c o m o u tiliz a r a lg u n s d o s r e c u r s o s tecnológicos de que dispom os dentro de nós m esm os e outros fora de nós, m as de fácil acesso e utilização. São dicas p ara que haja o m elhor aproveitam ento possível do potencial expositivo das ferram entas m ultim ídias mais com uns e m uito usadas para conferências e palestras. Capãuía Tecnologias para a apresentação de trabalhos científicos (íofiítulv 2 Tecnologias para a apresentação de trabalhos científicos Para m elh o rar as n ossas ap resen taç õ es d os trabalh os c ie n t íf ic o s em e v e n t o s a c a d ê m ic o s , é n e c e s s á r io n o s apropriarm os dos diversos recu rsos tecn o ló gico s disponíveis. C o m o d isse m o s an te s, m u ito s d ele s estão d en tro de nós m e sm o s, esp e ran d o que sejam d e sc o b e rto s e m an u sead o s com a técnica adequada. Em outras palavras, nós carregam os um arsenal de ferram en tas tecn ológicas prontas para serem ap licad as e assim to rn a r n o ssas c o m u n ic a çõ e s o rais m ais convincentes e proveitosas. T od a tecnologia é um conhecim ento criado, desenvolvido e aplicado para resolver os problem as de lim itação humana. Sua utilização perm ite que um a ação seja realizada com mais eficácia e rapidez. A roda é um a das prim eiras invenções tecnológicas do hom em com utilidade inquestionável. A p artir dela outras tecn o lo gias foram in ven tadas, ap erfeiço an d o este invento. Para que a ro d a fosse bem utilizada, foi n ecessário conceber técnicas e p ro ced im en to s específicos. A ssim , não basta ter acesso à tecn ologia; é p reciso saber em pregá-la, dom inar a 'técnica e os p ro ced im en to s co rreto s para fazê-la funcionar produtivam en te. Cama fa z e * c apveôentà* tnafadhos científicas em eventos acadêm icas Tecnologias de comunicação “A p rim e ira im p re ssã o é a que fica” , en sin a-n os um conhecido p ro vérbio popular. Em parte so m o s obrigados a concordar com essa m áxim a. U m a boa parcela da im agem que as pessoas fazem de nós é responsabilidade totalm ente nossa. Por isso, devem os buscar o controle sob a construção da nossa im agem na cabeça das pessoas. N ossa voz, fala, gestos e roupas são tecnologias sim ples que, bem exploradas, podem m elhorar sensivelm ente nosso poder de com unicação, principalm ente em eventos acadêm icos. Voz —tecnologia sonora de comunicação U m a das m aiores riquezas tecnológicas foi desenvolvida pela natureza humana desde o princípio da civilização. A fala, capacidade de verbalizar desejos e sentim entos p or m eio de palavras que representam coisas reais e fictícias, concretas e abstratas, é o m ais poderoso instrum ento de com unicação da humanidade. Para falar, o hom em precisou adaptar determ inados órgãos do corpo que desem penhavam antes outras funções. Antonio Carlos Xavier A b o c a , os d e n te s e a lín g u a , p o r e x e m p lo , fu n cion am prim ordialm ente para a alim entação. Eles foram readaptados para articular sons que ganham significados de acordo com a língua adotada pela com unidade a que pertence o falante. Em d eterm in ad o s se to re s, falar é a m ais im p o rtan te h abilid ad e p ara o su c e sso p ro fissio n a l. E ste é o caso dos estudantes, p rofessores e pesquisadores etc. para os quais saber se expressar verbalm ente é essencial. Por isso, é fundamental para esses profissionais saberem usar e preservar bem a voz. Em um a com unicação or,al, o palestrante tem que ficar atento à m odulação da sua voz. É preciso regular o volum e, controlar o ritm o e aplicar as entonações corretas para valorizar cada palavra que m e re ça d estaq u e. V ejam o s os p rin cip ais equívocos no uso da fala e da voz que podem prejudicar uma apresentação verbal: 2 f ln Voz de instrutor de tropa militar É o tipo de p alestran te que fala gritan d o. Para evitar desgastar a voz e a tolerância dos ouvintes, o palestrante deve pedir à organização do evento um m icrofone, caso o auditório seja m uito am plo. M esm o sem m icrofon e e diante de um a plateia grande, não é necessário gritar. Im postar a voz para torná-la audível não significa b errar para rachar as paredes do auditório com o fazem alguns m ilitares. O palestrante sensível sabe dimensionar bem o volum e de voz e consegue falar de m odo audível, confortável e com preensível. 157 Cama fa z e * e apvesentcut t*aêa£Aos científicas em eventos acadêmicos ^ QÈ . Voz de locutor dejutebol Há p alestran tes que falam ráp id o d em ais, p arece que ganham p o r palavras pron u n ciad as. M uitos falam com o se estivessem num estádio narrando um a partida de futebol ou num hipódrom o descrevendo um a corrida de cavalos. M uita velocidade no falar dificulta a com preensão da frase e com plica o p ro cessam en to do significado da in form ação tran sm itida. Existem certos m om entos que acelerar um pouco o ritm o da fala pode servir para cham ar a atenção da plateia, acentuando um a determ inada in form ação. O palestrante deve lem brar que há pessoas no auditório com ritm os diferentes de processam ento inform acional e todos os ouvintes devem ser contem plados por sua palestra. Voz de Padre Há, todavia, palestrantes que usam o estilo “D om Elder Câm ara” , o falecido A rcebispo do Recife. O religioso sem pre falava com m uita calm a, bem devagar, quase em câm era lenta. M uita lentidão no falar pode levar o ouvinte a p erder o interesse pela palestra e fazê-lo cochilar em plena apresentação. O jogo de freio e acelerador para a fala é um a arte que acom panha os m elhores oradores. Saber dosar a velocidade é preciso. Gravar as próprias apresen tações para avaliar o ritm o da fala é um exercício bastante útil para aprender a segurar o cabresto e evitar os atropelos na com unicação oral. Antonio Carlos Xavier Voz de Exorcista Encontram os palestrantes que, tem endo p erd er a atenção do p ú blico , se en tusiasm am tan to que exageram na ênfase das palavras. U tilizam a voz com o se quisessem obrigar e não p ersu ad ir o ouvinte a agir de d eterm inada m an eira. Falam brigando, às vezes com os dentes cerrados e chegam a arrancar sons estranhos da garganta para destacar frases que consideram im p o r ta n te s. A e m issã o de (so n s d e s p r o p o r c io n a lm e n te enfatizados pode provocar desconforto auditivo no ouvinte e fazê-lo perd er o respeito pelo conteúdo do discurso em razão da form a vocal m al em pregada pelo com unicador. n Voz de atendimento eletrônico As gravações eletrônicas de atendim ento telefônico são edições de palavras program adas no com putador para serem acionadas quando o usuário prem er um dos núm eros do teclado do telefone. O efeito é a m onotonia, ou seja, todas as palavras são pronunciadas praticam ente no m esm o tom , sem qualquer ênfase ou destaque. Alguns palestrantes usam esse tipo de voz. O tem a pode até ser interessante, m as se o palestrante não parece entusiasmado por ele, a audiência não perceberá sua importância. A voz bem utilizada facilm ente vende um a ideia. Além de buscar extrair da fala o que ela tem de m elhor, ou seja, falar de m aneira agradável, elegante e inteligível, o palestrante precisa ter alguns cuidados com a voz, um dos seus Coma fa z e * e ap kzôentax ttaêaíA os científicas etn eventos acadêm icas principais instrum entos de trabalho. Algum as atitudes podem preservar a qualidade da fala e a longevidade da voz, enquanto determ inadas ações podem prejudicá-las com pletam ente. > Fazem bem à v o z e à fala: • Beber m uita água. O profissional que depende da voz para trabalhar deve ingerir de dois a três litros de água p o r dia. A lém d isso , ele deve um edecer a garganta antes, durante e depois de cada apresentação oral; • Fazer exercícios de relaxam ento e aquecimento das cordas vocais, com o p or exem plo: bocejar ainda que sem vontade e forçar um sussurro, expelindo ar pelas cordas vocais antes de iniciar um a comunicação oral. Esses m ovim entos bucais preparam a voz para o trabalho intenso que virá; • C o n su lta r um e s p e c ia lis ta (m é d ic o ou fo n a u d ió lo g o ), se m e stra lm e n te p a ra ch ecar form ações de nódulos ou calos nas pregas vocais, é um a boa m aneira de preservar a saúde da voz. A visita a um otorrinolaringologista deve ser feita im ediatam ente quando o co rrerem rouquidão, ardência ou inflamação na garganta. Essas visitas devem se tornar rotina na vida do profissional que depende da voz para trabalhar; • D o rm ir b astan te d escan sa e re c u p e ra a voz desgastada após um a apresentação; • M anter a postura da cabeça e do corpo sem pre Antonio Carlos Xavier erguida preserva a voz. Falar de tronco arqueado e de cabeça baixa dificulta a pronúncia das palavras, inibe o diafragm a e força o aparelho fonador a produzir sons sem naturalidade. Fazem m al à v oz e à fala: • Fum ar cigarros e outros produtos que causam câncer; • Ingerir álcool sem m oderação; • Respirar ar poluído; • Gritar ou pigarrear; • Falar em locais baru lh en tos ou sem acústica adequada que im peça o falante ouvir o som da própria voz. Microfone — tecnologia p a r a a comunicação a distância O microfone tem com o função ampliar a voz do falante. Bons aparelhos reproduzem a voz exatamente com o ela é, simplesmente, Cama fazoc e apiesentoK badtalfw-s cientificai em eventos acadêm icas au m en tan d o seu alcan ce de au d ição . M u ito s p a le stra n te s tem em -no ou não sabem usá-lo corretam ente. Vejamos alguns procedim entos que podem nos ajudar a usufruirm os o m.elhor desta tecnologia tão im portante para a clareza e inteligibilidade de um a apresentação. Cabe ao ap resen tad or: 1. Chegar ao local 1S m inutos antes do início da sua ap resen tação para checar a existên cia e a possibilidade de utilizar m icrofones durante sua palestra; 2. Testar o funcionamento do m icrofone para ajustar o volum e e adequá-lo ao tim bre de voz. As vezes, é preciso equalizar os sons agudos, m édios e graves para evitar microfonias, aqueles apitos irritantes que tiram a concentração do palestrante e inquietam a plateia. Norm alm ente há um técnico responsável por ligar e cuidar do funcionamento dos aparelhos do auditório. M anter um a relação de simpatia com ele é fundamental para o sucesso da palestra. Um simples m ovimento do técnico pode com prom eter toda a comunicação oral do palestrante; 3. Posicionar o m icrofone junto à boca, no caso de usar microfone de lapela ou auricular, equipamento que se prende à cabeça do falante. A m bos são aparelhos wireless, ou seja, não têm fio e por isso seu usuário precisa carregar um a base no corpo ligada a um receptor rem oto. O s m icrofones sem fio de m ão não precisam de base no corpo do falante. O Antonio Carlos Xavier sinal é transmitido diretamente para o receptor e este para o amplificador; 4. Aproximar o microfone 10 cm junto à boca. Quanto mais próxim o à boca estiver o m icrofone, maior será a distorção do som . Quanto mais distante das cordas vocais, m enor serão a qualidade vocal do falante e a potência de volume; 5. N ão gesticular com a mão que segura o m icrofone, pois o som da fala não será ouvido por causa do distanciamento do aparelho à boca; O m icrofone deve ser um amigo íntimo do palestrante, pois ele é fundamental para garantir a qualidade da voz, da fala e consequentemente da palestra. Ele é mais um tecnologia a serviço da boa comunicação e não um a parafernália dispensável com o pensam alguns acadêmicos. Gesto —tecnologia visual de comunicação Harmonizar o ritmo da fala, o tom de voz e os gestos corporais é uma arte que exige muita coordenação motora,, mas que é possível conseguir com o treino e a dedicação intensos do palestrante. i<S>3 Coma fa z e * e ap%e*enta* tycdkiifw* científica& em eaento* acadêm ico* Ao se referir a um acontecimento triste, o tom e o volume de voz do palestrante devem diminuir, suas pálpebras devem se recolher e seus braços se juntar ao corpo adotando um a atitude de lamento e contrição. Q uando o tem a tratado for alegre, será necessário aumentar um pouco o tom e o volume da voz, abrir um breve sorriso, alargar os gestos manuais e colorir o semblante a fim de festejar o acontecim ento com seus ouvintes. G ravar em vídeo as apresentações realizadas é um bom c o m e ç o p ara que o acad êm ico se con h eça, d escu b ra seus pró prios gesto s quando fala para assim sintonizá-los m elhor tanto em relação ao conteúdo do seu discurso quanto ao tom , velocidade e volum e da voz. Esta é, sem dúvida, m ais um a tecnologia de com unicação que pode m uito bem ser explorada pelo pesquisador que precisa apresentar trabalhos científicos em eventos acadêm icos e tornar sua com unicação oral m ais em polgante para a plateia que o prestigia. Roupa —tecnologia visual de comunicação Q uem realiza um a com unicação oral ocupa um a posição de destaque no auditório. L ogo, o público focará sua atenção Antonio Carlos Xavier naquele que detém a palavra. N ossas roupas são um código. Fornecem os inform ações a nosso respeito, sobre nossa atividade profissional e sobre nosso estado de espírito, quando escolhem os nos vestir de um jeito ou de outro. U m a cam isa m u ito esta m p a d a d e n tro de um p aletó escuro pode cham ar m ais atenção da plateia do que o conteúdo preparado pelo palestrante. U m decote m uito cavado ou uma saia m uito curta pode gerar bochichos no público e desviar a atenção dos ouvintes para os dotes físicos da palestrante ao invés de m anter o interesse da plateia focado em seu discurso. O palestrante deve se p reocupar m uito com o que vai v e stir no m o m e n to da sua a p re se n ta ç ão , p o rq u e a ro u p a pode roubar a cena e p ô r todo seu investim ento intelectual e financeiro a perd er. Palestrar para jovens com terno austero é in apropriado. Falar em um reunião de em presários sem paletó é perd er 50% do conteúdo com unicado. A escolha de roupas sóbrias e confortáveis para os m om entos de com unicação oral em eventos acadêm icos é sem pre um a garantia de que a atenção e o interesse do público estarão voltados para o texto do palestrante e não para outros elem entos que com põem sua apresentação. E de bom alvitre que o bom senso e o bom gosto andem sem pre juntos tam bém no guarda-roupas do palestrante Exposição da p a le stra em slides Praticam ente tod os os acadêm icos hoje em dia têm acesso à s tecnologias digitais de inform ação e com unicação, e de m odo mais frequente usa o com putador. A grande m aioria deles já controla bem os principais recu rsos do p rocessad or de texto. Canta faszex e apxesentax txafiaíAos científica» em eventos acadêm icas O p róxim o passo é dom inar as ferram entas de apresentação do esboço em slides dos trabalhos científicos que escrevem no processador de texto. Ainda assistim os a muitas apresentações de pesquisadores bem conceituados em sua área de estudo cujas com unicações orais são sofríveis. N ão p or que se com un iquem oralm ente m al, m as em razão da desorganização do conteúdo m ostrado. O desinteresse pelos recursos dos program as de apresentação de dados com o Pow erPoint, por exem plo, tem sido a causa de más apresentações em eventos acadêmicos. Muitos pesquisadores chegam a utilizar o pro jeto r m ultim ídia para ex p o r no telão o texto com pleto de seu artigo científico. E o que é mais bizarro, alguns leem o texto na íntegra. N ão percebem quão m onótona e cansativa fica sua exposição. N ão há dúvida de que os re cu rso s visuais p ren d em a atenção dos ouvintes e facilitam o acom panham ento e um m aior aproveitam ento do conteúdo da apresentação. Todavia, o texto com pleto não deveria ser projetado no telão. Ele precisa de um tratam ento, um a edição(que o torne esquem ático e operacional. Para isso, é fundam ental que o artigo escrito seja transform ado em um resum o esquem ático, um esboço sintético que guie o palestrante e os ouvintes durante a apresentação. Será necessário fazer um trabalho de retextualização da escrita para a fala, pois os slides, tam bém cham ados de diapositivos, servirão com o roteiro visual a ser seguido por todos. O acadêm ico deve dividir o trabalho em diversas partes. Cada um a delas deve ocupar slides diferentes. V ejam os um exem plo sobre o que deve constar em cada um a dos slides, tendo Antonio Carlos Xavier com o ponto de partida a apresentação de um artigo científico em um congresso de profissionais: Slide 01 Com o fazer e apresentar trabalh os científicos em eventos acadêm icos Título e identificação do apresentador: nome e » instituição profissional; ». Antonio Carlos Xavier (UFPE) Slide 02 Problema/questão que motivou a pesquisa » Muitos estudantes não sabem escrever trabalhos científicos e muitos acadêmicos não sabem apresentá-los em eventos acadêmicos. Por quê? Slide 03 Objetivos, justificativa e hipótese » Ensinar as características , dos gêneros acadêmicos, as técnicas c as tecnologias de como apresentá-los em eventos. 167 Como fax& t e apneôcntax tvaêaíão* cientificoô em euentoô acadêmico* Slide 04 Método e metodologia utilizados » Escrever um livro com as principais informações sobre textos acadêmicos em linguagem direta e com exemplos práticos Slide 05 O livro se baseou em normas da ABNT e outros livros que discutem a metodologia do trabalho científico Slide 06 Análise dos dados organizados em tabelas e gráficos Muitos acadêmicos não se comunicam bem e por isso precisam aprender a usar melhor as tecnologias de comunicação Antonio Carlos Xavier Slide 07 Discussão dos resultados O livro pode ajudar o acadêmico a escrever melhor e a se comunicar oralmente com mais clareza com o apoio das tecnologias ^ Slide 08 A obediência às sugestões apontadas Conclusão (do trabalho) Pe^° ^vro tornará os textos científicos e suas apresentações em eventos mais claros e atraentes ^ Slide 09 Referências . '—• Referências » *• CALDAS, M. A et al. Documentos acadêmicos; um padrão de qualidade. Recife, Editora da UFPE, 2006. XAVIER, A. C. Como se faz um texto. Catanduva: Editora Rêspel, 2006. Cama fxvz&c e apresen ta* txaâaíãos científica» em eventos acadêm icos Certam ente, a quantidade de slides m udará de acordo com o tem po que o palestrante tiver disponível para sua apresentação e pela natureza das inform ações da pesquisa. A seguir, veja outras sugestões de p roced im en tos que, se adotadas, poderão tornar a apresentação m uito mais envolvente e em polgante. N a m o n tagem dos slides de sua com un icação o ral, o palestrante deve: • Escrever período sim ples, frases curtas em fontes de tam an h o g ra n d e , n un ca m e n o r e s q u e 30 e p referen cialm en te com letras arred o n d ad as que possam ser lidas de m odo confortável e rápido; • Em pregar as m esm as palavras do slide e gesticular em harm onia com elas para reforçar o texto e para que a inform ação chegue lim pa e clara ao ouvinte; • A crescentar breves paráfrases ao texto do slide para am pliar o sentido do conteúdo exposto; • D em orar-se no m áxim o um m inuto para explicar o conteúdo de cada um dos slides; I • Apontar para os dados do slide conduzindo a atenção da audiência na direção das inform ações im portantes. U m apontador a laser é indicado neste caso; • E n saiar a a p re se n ta ç ã o p a ra a b so r v e r b e m o c o n te ú d o e a se q u ê n c ia d o s s lid e s , e v ita n d o m om entos de “branco” que quebram o fluxo da fala e dispersam os ouvintes; C u id a d o s que devem ser to m ad o s na elaboração da apresentação em slides: 17© Antonio Carlos Xavier • U sar slides com o tecnologias de apoio e não com o escudo para o palestrante. M uitos se escondem p or trás destes diapositivos e perdem o contato olho a olho com o público tão fundam ental para mantê-lo atento à palestra. Muitos não conseguem fazer sua apresentação sem o auxílio deles; • M oderar o uso das c o r e s1 p ara não p ro vo car um a poluição visual pelo excesso de inform ação no slide. Cada slide deve ser lido em até sete segu n d o s; d ep ois a aten ção do ouvin te deve se voltar às explicações do palestrante sobre o conteúdo do slide; • Intercalar te x to s com im agens para ilustrar o conteúdo e facilitar a com preensão do público; • I n se r ir fig u r a s in fo r m a tiv a s e n ão a p e n a s d e c o ra tiv a s no slid e . N e ste c aso , é p re c iso m u ito cu idad o com as figuras anim adas que podem , às vezes, cham ar mais atenção do que o próprio texto. É preciso garantir a im portância do conteúdo sobre a form a; • Intercalar links que puxem outros slides dentro da m esm a apresentação é um a boa opção para ganhar dinam ism o e poupar m inutos preciosos da exposição; 1 0 uso das cores é uma estratégia importante na apresentação, pois elas evocam sensações e criam disposição no público para receber o conteúdo a ser comunicado. Ao escolhê-las, é bom saber qual o efeito emocional que se deseja provocar no ouvinte. Por exemplo, o fundo da tela de projeção em cor amarela evocará alegria e cooperação na audiência. Já a cor azul produz as sensações de equilíbrio e objetividade. Para destacar aspectos negativos, o fundo da tela deve ser de cor branca, com letras vermelhas e pretas. 17 a Como fwz&i e upxesenUvc OuiÊaíãas cientificou em eventos acadêm icos Seguindo nossas sugestões e observando esses cuidados, su apresentação tem grandes chances de encantar o público tant< pela form a quanto pelo conteúdo nos diversos tipos e modalidade de com unicação oral existentes em eventos acadêm icos dos quai você ainda vai participar com o palestrante. Jtef&íênciaa ALVES, R. Filosofia da ciência: in trodução ao jo g o e as suas regras. São Paulo, Edições Loyola, 2000. , CARRAHER, D. Senso crítico: d o dia-a-dia às ciências hum anas. São Paulo, Pioneira, 1992. C. M. (org). M eto d o lo g ia científica, fun d am en tos e técn icas. Campinas: Papirus, 1996. FRE1RE-MA1A, Newton. A Ciência p o r dentro. 6ed. 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Entre outros livros, publicou: A Era do hipertexto: linguagem & tecnologia (Edufpe), Hipertexto e gêneros digitais (Cortez), Conversas com linguistas (Parábola), Como se faz um texto (Rêspel) e A Linguagem do rádio (Rêspel). Blog: www.profxavier.blogspot.com Este livro está dividido em duas partes. A primeira ensina como produzir e formatar textos dos gêneros acadêmicos (projeto de pesquisa, resumo, resenha, artigo científico, monografia, dissertação e tese) para as áreas de ciências humanas e sociais aplicadas. Já a segunda parte deste livro tem como objetivo apontar estratégias de apresentação de trabalhos científicos em eventos, pois não adianta saber escrever bem textos acadêmicos e até publicá-los em revistas importantes, se não se sabe apresentá-los adequadamente em congressos diante dos pares. Por isso, este livro traz sugestões de como tornar a exposição pública do trabalho bem mais objetiva, elegante e in te rativ a, p erm itin d o a au d iên cia tanto conhecer os conteúdos relevantes quanto degustar da qualidade do texto já publicado ou em vias de publicação. Este livro é destinado aos estudantes, professores e profissionais que trabalham com comunicação em geral e que precisam escrever trabalhos científicos e apresentá-los em eventos do mundo acadêmico ou corporativo.