I Congresso Nacional para Salvaguarda do Patrimônio Cultural: fronteiras do patrimônio: preservação como fortalecimento das identidades e da democracia 03 a 07 de outubro de 2017 - Cuiabá (MT), Brasil PATOLOGIAS CONSTRUTIVAS EM EDIFÍCIO TOMBADO DO CENTRO HISTÓRICO DA CIDADE DE CUIABÁ/MT: AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO PRELIMINAR AO ESTUDO DE MAPEAMENTO DE DANOS Durante, Luciane Cleonice; doutora em Física Ambiental; Universidade Federal de Mato Grosso; [email protected] Callejas, Ivan Julio Apolônio; doutor em Física Ambiental; Universidade Federal de Mato Grosso; [email protected] Lima, Mirella Pissurno; especialista em Design de Interiores; Universidade Federal de Mato Grosso; Ozaki, Henrique Kendy; arquiteto e urbanista Universidade Federal de Mato Grosso; [email protected] Maia, Emmanoelle Barbosa Camargo da Silva, especialista em Gestão de Projetos em Engenharia e Arquitetura; Universidade Federal de Mato Grosso; [email protected] Larrua, Mellany Cristy Alegria; arquiteta e urbanista; Universidade Federal de Mato Grosso; [email protected] RESUMO Considera-se patologia qualquer fenômeno que afete o desempenho físico, econômico ou estético de um edifício. No caso de edifícios tombados, sua ocorrência pode colocar em risco a preservação e a estabilidade dos elementos construtivos, dependendo da gravidade e do sistema atingido. Este artigo tem por objetivo analisar as ocorrências de manifestações patológicas de uma edificação do Centro Histórico da cidade de Cuiabá: a Casa irmã Dulce. O referencial metodológico apoia-se na Avaliação Pós-Ocupação, utilizando-se da inspeção realizada por equipe técnica, cujo produto foi o mapeamento e registro iconográfico das patologias, bem como a identificação da origem e possíveis soluções. Os resultados evidenciaram que a maior ocorrência patológica se relaciona à presença de umidade, em situações em que as superfícies são diretamente atingidas pelas chuvas, por capilaridade ou por condensação. As contribuições para o meio técnico-científico se dá pelo detalhamento do estudo de caso no que se refere às práticas de conservação do patrimônio histórico. PALAVRAS CHAVE: Preservação, Manutenção, Materiais de construção. 1. INTRODUÇÃO A construção civil vem evoluindo tecnologicamente, muito embora os alcances dessa evolução ainda não tenham chegado à prática da execução das obras. A sociedade globalizada cria acervos tecnológicos que permitem construir e exprimir suas necessidades e anseios por elementos revolucionários, como a impressão 3D e 4D, contudo, essas tecnologias não são empregadas em prol da preservação do I Congresso Nacional para Salvaguarda do Patrimônio Cultural: fronteiras do patrimônio: preservação como fortalecimento das identidades e da democracia 03 a 07 de outubro de 2017 - Cuiabá (MT), Brasil patrimônio edificado, que cada vez mais se tornam vulneráveis às diversas ações do homem, às intempéries e seus efeitos patológicos (LICHTENSTEIN, 1986). Durante a fase de utilização, podem-se classificar as ações patológicas nas edificações em dois tipos: as antropogênicas e as da natureza. As primeiras estão relacionadas a fatores tais como desgaste ao uso, ausência de conservação preventiva, intervenções indevidas, às condicionantes do desenvolvimento urbano, vandalismo entre outras, enquanto as segundas ocorrem devido aos terremotos, maremotos, avalanches, erupções vulcânicas, deslizamentos de terra, ciclones, tufões, tornados, animais, insetos, agentes biológicos e vegetação (CARMONA FILHO, 2009). Das antropogênicas, é importante se atentar para os danos oriundos do desenvolvimento urbano, pois os impactos gerados pela movimentação do solo do entorno, a mudança de declividade do solo ao redor, a impermeabilização do solo e cargas vibratórias, podem gerar patologias graves às edificações. No caso de edificações de centros históricos, os danos podem ser irreversíveis e muitas vezes as soluções carecem de estudos aprofundados. A cidade de Cuiabá foi fundada em 1719, possui centro histórico tombado, o que revela seu aspecto tipicamente colonial, impresso claramente em sua arquitetura. Nele, as casas são usualmente de adobes ou tijolos com cores vivas, encostadas pelas laterais da testada e com estilo peninsular. As fachadas são compostas por beirais trabalhados, com portas e janelas projetadas para abrirem diretamente para as ruas e calçadas, transformando a rua no prolongamento da casa (PÓVOAS, 1980). As fachadas são caracteristicamente compostas por porta ao centro e duas janelas de cada lado, as quais correspondiam aos cômodos da frente da casa, separados por um corredor de acesso aos cômodos mais ao fundo. Na lateral direita, geralmente, tinha-se a sala de visitas, com aproximadamente 30m² e na lateral esquerda, outra sala, também espaçosa que, geralmente, era utilizada como escritório quando o proprietário era homem de negócios ou funcionava como um dormitório. Conforme o tamanho da família a casa tinha mais dois quartos e, aos fundos, dispunham-se as varandas que tinham como comprimento a largura da casa e por ela dava acesso a um corredor que levava a cozinha, dispensa, ao banheiro e ao jardim/pomar (PÓVOAS, 1980). Este artigo teve por objetivo analisar as ocorrências de manifestações patológicas de uma edificação do Centro Histórico da cidade de Cuiabá: a Casa irmã Dulce, consistindo de um estudo de caso de avaliação de patologias, utilizando-se do método da Avaliação Pós-Ocupação. Não pretende consistir de um Mapeamento de Danos, uma vez que não faz uso de legendas para determinação dos tipos e localização exata dos problemas encontrados, mas pode ser utilizado como exercício preliminar a esta fase. I Congresso Nacional para Salvaguarda do Patrimônio Cultural: fronteiras do patrimônio: preservação como fortalecimento das identidades e da democracia 03 a 07 de outubro de 2017 - Cuiabá (MT), Brasil 2. METODO 2.1 Objeto de estudo A Casa irmã Dulce, localizada no Centro Histórico de Cuiabá (Figura 1) é um exemplar com características de estilos neoclássico, colonial e renascentista, com fachada principal composta por platibandas ora fechadas, ora com balaústres, entremeadas com pilastras de platibandas. As esquadrias são em madeira, com venezianas e cimalhas. Pilastras e frisos também fazem parte da fachada (Figura 2). As portas e janelas abrem diretamente para a rua e a calçada e conforme salientado anteriormente, transforma a rua em prolongamento da própria casa. As paredes principais são em taipa de pilão, as telhas são de barro com forro em tábuas de madeiras e o piso é em ladrilho hidráulico. Existe uma pequena ampliação nos fundos construída em paredes de tijolos de barro e piso cerâmico. A distribuição se dá por meio de um corredor, desde a rua até a cozinha e o quintal. Os quartos correspondem aos cômodos da frente da casa e, mais ao fundo tem-se a sala, à direita. Figura 1 – (a) Mapa de Cuiabá e (b) localização da casa Irmã Dulce no centro Histórico (a) (b) Fonte: Autores I Congresso Nacional para Salvaguarda do Patrimônio Cultural: fronteiras do patrimônio: preservação como fortalecimento das identidades e da democracia 03 a 07 de outubro de 2017 - Cuiabá (MT), Brasil Figura 2 – Fachada da casa Irmã Dulce Fonte: Autores 2.2. Etapas metodológicas Este estudo tem como referencial metodológico a Avaliação Pós-Ocupação (APO), definida neste trabalho como: Avaliação retrospectiva de ambientes construídos, adotada para diagnosticar e recomendar, segundo uma visão sistêmica e realimentadora, modificações e reformas no ambiente objeto da avaliação e, para aprofundar o conhecimento sobre este ambiente, tendo em vista futuros projetos similares; aplicada através de métodos e técnicas levando em conta a opinião dos técnicos especialistas e dos usuários dos ambientes (ORNSTEIN, BRUNA E ROMERO, 1995: p.7). Os estudos de APO podem abordar os mais diversos aspectos do ambiente construído (ORNSTEIN e ROMERO, 1992) e, no caso deste estudo específico, refere-se às patologias construtivas na área de Patrimônio. Os procedimentos de identificação das causas das patologias construtivas em edifícios históricos ou tombados consistem de: (i) levantamento detalhado do local para subsidiar o entendimento do problema por meio de realização de visitas técnicas no local (vistorias), (ii) anamnese, que consiste de levantamento de documentos históricos ou realização de entrevistas com usuários e construtores para resgate de intervenções ou ocorrências que justifiquem o comportamento da edificação e (iii) realização de ensaios não destrutivos de laboratório a partir de coletas de amostras discretas (FERREIRA, 2010). Essa metodologia encontra referencial na literatura que aborda a conservação patrimonial, em termos de Mapeamento de Danos que pode ser entendido como: Mapas de danos são documentos gráficos que sintetizam informações a respeito do estado de conservação geral de um I Congresso Nacional para Salvaguarda do Patrimônio Cultural: fronteiras do patrimônio: preservação como fortalecimento das identidades e da democracia 03 a 07 de outubro de 2017 - Cuiabá (MT), Brasil edifício por meio da representação das alterações sofridas por seus materiais e estruturas ao longo do tempo Seu desenvolvimento consiste no registro criterioso das patologias/alterações por meio de símbolos gráficos com os quais se representam as diversas categorias e níveis de degradação identificados, constituindo-se em uma legitima e importante instância de diagnóstico dos bens culturais (Tirello e Correa, 2012). No entanto, não se pretende elaborar Mapa de Danos da edificação objeto de estudo, mas sim realizar etapa preliminar a esta, com vista a poder subsidiar futuramente a elaboração daquela, caso seja tecnicamente necessário. As visitas foram realizadas no mês de março de 2015, na estação quente-úmida da cidade de Cuiabá, com vistas a permitir a identificação da ação da chuva sobre os sistemas estudados. Foi elaborado mapeamento das patologias na planta da edificação, com a identificação dos materiais das paredes e cobertura. Nos pontos de ocorrência de patologias, identificou-se a sua origem e causa, sendo proposta uma técnica reparativa adequada para a sua correção. Desta forma, as seguintes propostas foram sugeridas para sanar o problema patológico identificados neste trabalho: a) Recuperação de elementos decorativos: cortar as áreas defeituosas que devem ser rebaixadas para que se tenha uma boa aderência, recomendando-se pelo menos 16 mm. Com escova de arame limpar a superfície, saturar a superfície com óleo de linhaça fervido, deixando secar. Fazer uma pasta misturando uma parte de óxido de chumbo, 11 partes de areia branca e três partes de giz pulverizado e misturar com óleo de linhaça até obter consistência macia, firme e uniforme. Na sequencia, aplicar a massa numa camada única de cerca de 6 a 8 mm, pressionando-a contra a peça e moldando. b) Correção de umidade ascendente: retirar o revestimento impermeável que atualmente está impedindo a evaporação da umidade. Em seguida, verificar a fonte de umidade e proceder a sua eliminação ou controle, aplicando na sequencia argamassa similar à existente. c) Substituição de reboco: cortar o trecho danificado e remover por meio de escovação vigorosa com escova de cerdas duras, todo o material solto ou com pouca aderência, assim como as eflorescências e qualquer tipo de crescimento biológico. Aplicar fungicida caso haja indícios de ocorrência de ataque biológico. Antes que qualquer outra argamassa corretiva seja aplicada à superfície, as juntas devem ser cortadas a uma profundidade de pelo menos 1,6 cm, objetivando-se obter aderência adequada ao substrato. Antes da restauração, a superfície da alvenaria deve ser umedecida para reduzir a sucção por capilaridade, em especial nos climas quentes, sendo então posteriormente aplicada a argamassa. O novo emboço deve ser iniciado I Congresso Nacional para Salvaguarda do Patrimônio Cultural: fronteiras do patrimônio: preservação como fortalecimento das identidades e da democracia 03 a 07 de outubro de 2017 - Cuiabá (MT), Brasil colocando uma capa de material muito leve, que pode ser aplicado por meio de brocha como se fosse pintura, preenchendo bem os interstícios, a fim de se criar uma superfície de aderência. Uma vez aplicada esta primeira camada, deve-se agregar com colher as capas de reboco, procurando-se durante o restauro promover a semelhança deste com o original. O acabamento final (com gesso ou cal) também deve guardar características semelhantes ao existente. d) Selamento de fissuras: deve-se limpar com cuidado a área onde se encontra a fissura, escareando a fissura e preenchendo o vazio decorrente deste procedimento com argamassa de cal e areia forte e pouco espessa, e eventualmente, caso os vazios sejam maiores, fazer o embrechamento com pequenos pedaços de pedra ou tijolo. A aplicação desta argamassa deve ser feita depois de adequadamente molhada no caso de alvenarias de tijolos, ou no caso de alvenarias de pedra, deve-se lavar as pedras após o apicoamento. Antes de proceder ao selamento, torna-se necessário certificar-se de que o problema é apenas superficial e não compromete a estrutura do edifício, evitando assim, mascarar problemas mais sérios que reaparecerão de forma mais intensa no futuro em decorrência de um diagnóstico inadequado. e) Retirada de vegetação: no caso de presença de vegetação instalada em partes do edifício, torna-se necessário extrair e exterminar esta patologia por meio da aplicação de herbicidas. Avaliar a necessidade de retira-las completamente do componente da edificação uma vez que este procedimento pode levar a total degradação da região de infecção. Em alguns casos, o crescimento dentro do componente da edificação e sua proliferação pode se estender até às fundações, tornando a degradação praticamente irreversível e de difícil recuperação. Nestes casos, deve-se optar por refazer a parte do sistema infectado. f) Substituição/recuperação de forro de madeira com umidade proveniente do sistema de cobertura: após sanar a falta de estanqueidade do sistema de cobertura, substituir as peças/ componentes danificados observando a qualidade da madeira e os encaixes, providenciando a imunização e proteção superficial de todo o conjunto de forro, barrotes e piso (tanto peças novas quanto antigas). g) Peças infectadas por fungos/ brocas e cupins: avaliar a necessidade de substituição das peças deterioradas pela ação de agentes biológicos. Naquelas passíveis de recuperação, providenciar a imunização da peça por meio de injeção de produtos químicos (resinas): inicialmente os agentes patológicos devem ser eliminados seja por raspagem ou imunização por meio de aplicação de produtos químicos. Limpar então as peças superficialmente para posterior I Congresso Nacional para Salvaguarda do Patrimônio Cultural: fronteiras do patrimônio: preservação como fortalecimento das identidades e da democracia 03 a 07 de outubro de 2017 - Cuiabá (MT), Brasil aplicação do produto químico de preenchimento que visa restaurar a função estética e estrutural. Com auxilio de uma seringa, nos furos remanescentes da peça de madeira oriundos da eliminação do agente patológico, injetar resina preferencialmente na direção das fibras da madeira. Este procedimento deve ser repetido aproximadamente 15 dias da primeira aplicação com intuito de vedar as descontinuidades ainda remanescentes na peça. Deve-se manter em observação a peça imunizada para evitar que os agentes voltem a se instalar novamente. h) Preenchimento de descontinuidade na madeira proveniente de pequenos defeitos devido à presença de nódulos, rachaduras ou buracos nas peças: pode ser feito com cola (tipo madeira) e pó de serra fino, preferencialmente com a mesma tonalidade da madeira original. Recomenda-se que o pó não seja de madeira mais dura que a original. Deixar o preenchimento um pouco mais alto com intuito de facilitar o acabamento da peça, que deve ser feito inicialmente por meio de lixa mais grossa e posteriormente por uma lixa fina. i) Substituição de revestimentos cerâmicos descolados ou com som oco: Providenciar a retirada com cuidado daqueles que ainda não se destacaram do paramento. Na sequencia, retirar a argamassa antiga de assentamento e providenciar o nivelamento e limpeza da superfície. Antes de aplicar a argamassa de assentamento, umedecer o local de aplicação para evitar que a água da argamassa seja sugada pelo paramento seco. Dosar a argamassa de assentamento, respeitando o tempo de hidratação dos polímeros. Aplicar a argamassa sobre o paramente, respeitando sempre o de tempo de aberto da argamassa. Pressionar o revestimento sobre a superfície e com ajuda de martelo de borracha e espaçadores, nivelar e ajustar a junta de assentamento. j) Erosão/ carreamento do solo de sustentação de pisos: Inicialmente deve-se avaliar a origem da manifestação patológica, identificando suas causas: carreamento por ausência de detalhe construtivo e percolação de água, infiltração de água por vazamento, má compactação do solo etc. Providenciar a colocação de solo na região afetada para posterior compactação até o nível do elemento de sustentação. Proceder à execução do contrapiso e piso para proteger a região afetada, reestabelecendo o sistema construtivo. k) Recuperação de peças de forro de madeira: a origem está no apodrecimento por desgaste ou umidade e a correção se faz por substituição das peças danificadas observando a qualidade da madeira e os encaixes, devendo ser imunizado todo o conjunto de forro, barrotes e piso – peças novas e antigas. I Congresso Nacional para Salvaguarda do Patrimônio Cultural: fronteiras do patrimônio: preservação como fortalecimento das identidades e da democracia 03 a 07 de outubro de 2017 - Cuiabá (MT), Brasil 3. RESULTADOS 3.1. Patologias do sistema de paredes Para facilitar a localização das patologias nas paredes, cobertura e piso presentes na edificação, apresentam-se a planta baixa (Figura 3), bem como o Quadro 1, 2 e 3 no qual estão identificados os locais das patologias, sua classificação, sua origem e a técnica de recuperação. Figura 3 – Planta das patologias da Casa Irmã Dulce Fonte: INBISU (2015) I Congresso Nacional para Salvaguarda do Patrimônio Cultural: fronteiras do patrimônio: preservação como fortalecimento das identidades e da democracia 03 a 07 de outubro de 2017 - Cuiabá (MT), Brasil LOCALIZAÇÃO Quadro 1 – Patologias no sistema de paredes IDENTIFICAÇÃO ORIGEM Quebra de parte Umidade, depredação ou da cimalha. lesão. TÉCNICA Recuperação elementos decorativos. de Trincas no barrado Infiltração, vazios no terreno Correção de da parede. 0casionados por insetos, umidade enraizamento da vegetação ascendente. próxima na calçada, vibração do tráfego de veículos. Fissuras e trincas nos sentidos horizontal, vertical e diagonal. Manchas escuras. Retração da argamassa de Substituição de reboco. As alterações de cor reboco. decorrem da ação das intempéries. Descolamento do Percolação de água por reboco. capilaridade. Presença de sais e água em excesso no material. Descolamento do Subida de água por Adequada reboco. capilaridade Presença de sais impermeabilização e água em excesso no da parede e material. substituição de reboco com traço compatível com o substrato. Descolamento do Subida de água por reboco. capilaridade Presença de sais e água em excesso no material. I Congresso Nacional para Salvaguarda do Patrimônio Cultural: fronteiras do patrimônio: preservação como fortalecimento das identidades e da democracia 03 a 07 de outubro de 2017 - Cuiabá (MT), Brasil Continuação Quadro 1. Descolamento do Subida de água por Adequada reboco. capilaridade Presença de sais impermeabilização e água em excesso no da parede e material. substituição de reboco com traço compatível com o substrato. Descolamento do Revestimento novo aplicado reboco. sobre revestimento antigo sem adequada identificação do substrato. Substituição de reboco, compatibilizando o traço da argamassa com o antigo. Crescimento da Instalação de vegetação nos Supressão da vegetação nos componentes da edificação. vegetação, com componentes da reconstrução do edificação. componente afetado. Quadro 2 – Patologias no sistema de cobertura LOCALIZAÇÃO IDENTIFICAÇÃO ORIGEM TÉCNICA Desprendimento Ventos, chuva, sobrecargas, Substituição/ do forro e peças apodrecimento das peças recuperação de ausentes. por umidade ou de variação forro de madeira. volumétrica do forro de madeira quando exposto às águas de chuvas. Caminhos de insetos na estrutura de madeira da cobertura. Presença de cupim. Injeção de produtos químicos em madeira. Destacamento de Apodrecimento por desgaste Recuperação de peças de forro. ou umidade. peças de forros de madeira. I Congresso Nacional para Salvaguarda do Patrimônio Cultural: fronteiras do patrimônio: preservação como fortalecimento das identidades e da democracia 03 a 07 de outubro de 2017 - Cuiabá (MT), Brasil Quadro 3 – Patologias no sistema de piso LOCALIZAÇÃO IDENTIFICAÇÃO Peças do ladrilho hidráulico ausentes ou quebrados na entrada do ambiente. ORIGEM TÉCNICA Atrito causado pelo tráfego Substituição de de pessoas. Além disso, revestimentos problemas com a umidade, cerâmicos. lesões, sobrecargas, desgaste do material ou vandalismo. Irregularidade e envelhecimento do piso de madeira. Má execução, desgaste, retração ou apodrecimento por umidade. Erosão/ carreamento ou compactação do solo de sustentação do piso. Carregamento do solo ao Contenção do longo do tempo devido a carreamento do vazamentos ou má execução solo . da compactação. Preenchimento de madeira. 5. CONCLUSÃO As patologias consistem em sérios problemas, principalmente em edificações antigas, como é o caso dos imóveis tombados pelo IPHAN. O estudo de medidas preventivas se torna fundamental, e a busca de soluções deve ser, ao mesmo tempo, rápida e cautelosa. Isso porque, em se tratando de bens patrimoniais, é possível intervir, porém de maneira criteriosa e, às vezes, restritas. Além da preocupação com a funcionalidade, ainda deve ser considerada a questão da integridade do estilo arquitetônico, a preservação/recuperação dos elementos construtivos. Após o diagnóstico de patologias construtivas na Casa Irmã Dulce, no centro histórico de Cuiabá, pode-se dizer que a umidade é responsável pela maioria dos problemas, principalmente decorrentes da deterioração provocada pela ação de chuvas, pela capilaridade e pela condensação. Os ventos também são sérios coadjuvantes na degradação das alvenarias de terra, aumentando a ação das chuvas e carregando partículas que promovem a erosão das superfícies. Dessa maneira, a viabilidade das soluções deve ser embasada em uma análise muito mais aprofundada que em construções comuns. Porém, é necessário frisar que essas medidas devem ser estudadas e colocadas em prática de forma iminente, pois o Centro Histórico é uma parte da cultura regional, que está se deteriorando e se I Congresso Nacional para Salvaguarda do Patrimônio Cultural: fronteiras do patrimônio: preservação como fortalecimento das identidades e da democracia 03 a 07 de outubro de 2017 - Cuiabá (MT), Brasil perdendo ao longo do tempo. A precariedade das condições das casas coloniais nos remete à necessidade de efetiva implementação de políticas públicas de valorizem o potencial que a área central da cidade apresenta. 5. REFERÊNCIAS CARMONA FILHO, A. Panorama da Edificação Sob a Ótica da Patologia. 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São Paulo: Studio Nobel: Editora da Universidade de São Paulo, 1992. ORNTEIN, S.; BRUNA, G.; ROMERO, M. Ambiente Construído e Comportamento: A Avaliação Pós-Ocupação e a Qualidade Ambiental. São Paulo: Studio Nobel, 1995. PÓVOAS, L. C. Sobrados e casas senhoriais de Cuiabá. Cuiabá: Fundação cultural de Mato Grosso, 1980. TIRELLO, R. A.; CORREA, R. H. Sistema normativo para mapa de danos de edifícios históricos aplicado à Lidgerwood Manufacturing Company de Campinas. In: VI Colóquio Latino-Americano sobre Recuperação e Preservação do Patrimônio Industrial, São Paulo, 2012.