Artigo Katya Hochleitner Romero Britto e o mercado de arte contemporânea

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Romero Britto e o sistema de arte contemporâneo
Katya de Castro Hochleitner
Economista, FEA USP - Aluna de EHA5714 - Aspectos Econômicos e Mercadológicos
da Arte – PPGEHA/USP. E-mail: [email protected]
Resumo
Este artigo pretende, a partir das informações disponíveis, explorar as possíveis razões
que explicariam a relativa desvalorização da arte de Romero Britto por parte da crítica de
arte especializada e do mundo chamado de “high art”, que, de acordo com John Fisher
(2005), seria o conjunto das obras fundamentais de arte, que definem o que pode ser
considerado arte.
A análise se dá no escopo do funcionamento do sistema de arte contemporâneo e da teoria
de branding de David Acker.
Palavras-chave: Romero Britto, Takashi Murakami, arte, mercado, pop art, high art, low
art.
1
“Business art is the step that comes after Art. I started as a commercial artist, and I want
to finish as a business artist. After I did the thing called "art" or whatever it's called, I
went into business art. I wanted to be an Art Businessman or a Business Artist. Being
good in business is the most fascinating kind of art. During the hippie era people put
down the idea of business—they'd say, "Money is bad," and "Working is bad," but making
money is art and working is art and good business is the best art.”
Andy Warhol
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A arte brasileira tem alcançado sucesso inédito em leilões de arte fora do Brasil, com
obras de artistas ainda vivos, como Beatriz Milhazes e Adriana Varejão, sendo vendidas
por valores que chegam à casa dos milhões de dólares. Em 2012, por exemplo, a tela Meu
Limão, de Beatriz Milhazes, foi vendida em leilão da Sotheby’s por 2.098.500 dólares
enquanto a obra Trois Petites Morts, de Adriana Varejão, foi vendida, no mesmo leilão,
por 1.172.500 dólares.
Desde a década de 60, quando Andy Warhol disse que queria ser um “homem de negócios
da arte” ou um “artista de negócios”, o mercado da arte se transformou. E os limites entre
arte e produto se misturaram.
A este respeito Luciano Trigo (2009) provoca: “O sucesso hoje não depende só do valor
intrínseco de uma obra, mas sobretudo da capacidade do artista de se inserir nas regras
do mercado. É de fama e dinheiro que se trata a arte?” Para Trigo, as obras existem, não
mais com finalidade estética, mas sim “mercadológico-midiática”, onde lucro e fama
passam a ser realmente relevantes no sistema da arte, que envolve seus vários agentes.
Respondendo ao artigo de Trigo, Moacir dos Anjos, em seu artigo enviado à Folha de S.
Paulo em 20 de novembro de 2007, defende que é através dos atritos entre críticos, artistas
e outros participantes do mundo da arte, que se define o que é arte no momento atual.
Segue um trecho do artigo de Moacir.
“O articulista esquiva-se, portanto, de modo grosseiro (em ao menos dois sentidos da e
qualidade e preço de obras, as quais, por sua própria natureza, estão fadadas a serem
palavra), de buscar entender os complexos mecanismos de valoração simbólica e
monetária da arte contemporânea, fundados no conflito irresoluto entre instituições
diversas, tais como a mídia, as universidades, os museus e as galerias. Conflito que gera,
através de intervenções legitimamente interessadas dos representantes daquelas
instituições - críticos, historiadores, curadores, galeristas -, convenções instáveis sob
recorrentemente rompidas e substituídas por mais outras. Ao contrário do que o autor
sugere, é justamente do atrito constante entre juízos distintos que se constroem, a cada
momento, acordos sobre o que é ou não é arte e sobre os valores com que as produções
simbólicas circulam no mundo da riqueza, inapelavelmente satisfazendo alguns e
frustrando outros. A recusa em reconhecer a impossibilidade de atribuir valores
inequívocos e estáveis a um trabalho de arte no mundo contemporâneo - definidos, de
3
preferência, por críticos que partilham a sua visão de mundo - faz com que o Sr. Trigo se
conceda o direito de aplacar a sua legítima discordância do reconhecimento social detido
por artistas contemporâneos (quer em termos simbólicos, quer em termos monetários)
atribuindo-lhes, de modo vulgar, um comportamento supostamente venal.”
Já Artur Danto (2005), que defende o fim da história da arte, afirma que este não significa
o fim de artistas fazendo arte. Os artistas apenas passaram a representar o mundo de forma
individual e diferenciada entre eles, não existindo mais o conceito de movimento ou
escola, como estabelecido pela história da arte A partir daí, se a Brillo Box de Warhol é
arte, então qualquer coisa pode ser arte, pois não há mais um critério geral que estabelece
o que é uma obra de arte. Então, uma definição filosófica de arte não poderia excluir nada
e tudo seria possível: um objeto interpretado corretamente tornar-se-ia arte. Entretanto, é
importante lembrar que, apesar de tudo poder ser arte, nem tudo é possível, pois o artista
está preso ao lugar, espaço e condições que encontra durante sua vida.
Ilustração 1 – Brillo Box, Andy Warhol
Fonte: http://deniffelook.weebly.com/andy-warhol.html
Como explicou Anne Cauquelin (2005), os movimentos de vanguarda na arte, como
cubismo, expressionismo e outros, desaparecem quando o mundo sai da era industrial e
entra na era tecnológica e da comunicação, com a circulação da informação
transformando a relação “homem-espaço-tempo-consumo” irreversivelmente.
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Cauquelin afirma que nesta nova era é o artista que confere ao objeto um “coeficiente de
arte” e ainda “o lugar de exposição torna os objetos obras de arte. É ele que dá o valor
estético de um objeto, por menos estético que seja”. A arte deixa de lado a emoção e passa
a ser pensada, conceitual. E a informação circula, no sistema da arte, através de uma rede
internacional de artistas, galerias, marchands e instituições culturais (principalmente os
museus). Agora os artistas devem se sobressair, vencendo a circularidade da informação,
aceitando a necessidade de renovação constante. É a ‘“espetacularização” da arte.
E Danto adiciona: “A falência da crítica como fator relevante agrava esse quadro, já que
quem legitima o artista hoje é o sucesso em si: se faz sucesso, é bom. Nada mais
capitalista. Mas talvez seja mesmo este o destino de todas as artes (a literatura, a música
etc.), isto é, enquadrar-se numa lógica de mercado ou morrer.”
Neste mundo novo, os limites entre a high art, a arte da elite, e a low art, a arte popular,
se confundem. De acordo com John Fisher (2005), a high art ou a genuine art seria o
“conjunto dos paradigmas da arte, obras fundamentais de arte, que delineiam o que pode
ser considerado arte”. Como exemplo de high art teríamos, por exemplo, Hamlet, de
Shakespeare ou a Eroica, de Beethoven. Seriam high art a música clássica, as pinturas
em museus, a literatura clássica. E a low art ou popular art seriam os objetos que não são
considerados arte, como as estórias do Pernalonga; a música rock, os romances de bolso.
É importante notar que estas definições não implicam em estabelecer o que é bom ou
ruim no mundo da arte.
Os japoneses Takashi Murakami (1962) e Yaoi Kusama (1929), do Japão, atualmente
misturam a high art e a low art, seguindo os conselhos de Andy Warhol e utilizando, com
sucesso, o novo sistema da arte.
São artistas que, além de pertencerem ao circuito das artes mundial, expondo em museus
importantes, como, por exemplo, no Louvre (Murakami) e no Whitney (Kusama),
utilizam seus nomes como marcas, inclusive vendendo produtos com suas respectivas
marcas em seus respectivos web sites. Ambos os artistas parecem ter construído uma rede
de relacionamento que os ajudou a chegar onde estão: galerias, museus, bienais e
marchands.
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Apesar de comercializarem produtos e emprestarem sua criatividade e/ou marca a
produtos de terceiros, como os da marca de luxo Louis Vuitton, seguem sendo artistas até
respeitados pela crítica de arte internacional, com obras categorizadas como Pop Art que
alcançam preços significativos nos leilões internacionais como os da Christie’s, em Nova
Iorque, e da Sotheby’s, em Londres.
Pop Art
Foi em 1958 que o crítico de arte inglês Lawrence Alloway (1926–1990), durante uma
série de seminários no Instituto de Arte Contemporânea em Londres, utilizou pela
primeira vez o termo Pop Art, destacando o valor estético dos produtos de massa
produzidos nos Estados Unidos, como carros, roupas, revistas e aparelhos eletro
domésticos.
Osterwold (1991) descreveu a Pop Art “...não como um estilo, mas um termo coletivo
para um fenômeno artístico no qual o sentimento de pertencer a uma era foi expresso de
forma concreta.”
Ainda segundo Osterwold, a era a que os artistas da Pop Art pertenciam era capitalista, e
tecnológica, com epicentro em Nova Iorque e em Londres, a partir do final da década de
50. Neste momento, o que era antes considerado comum e trivial passou a ser objeto de
interesse da arte. A arte elitista, o expressionismo abstrato, passou a se confrontar com as
demandas de uma cultura de bases populares. Neste contexto surgiram artistas que
utilizavam imagens da cultura popular, como propaganda e embalagens de produtos de
consumo de massa, para construir sua arte irônica, que provocava e refletia sobre as
mudanças culturais da época, tais como Andy Warhol, Richard Hamilton, Roy
Lichtenstein e Robert Rauschenberg, entre outros.
Andy Warhol (1908-1987) é o artista mais conhecido deste movimento e se destacou, nas
décadas de 60, 70 e 80, por utilizar seu nome como uma marca, utilizando a mídia como
nenhum artista tinha feito antes.
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Takashi Murakami
Especialista em usar as novas mídias, Takashi Murakami trabalha com belas artes
(pintura, escultura), arte digital, moda, produtos de consumo e animação,. È conhecido
por ter ajudado a indefinir a linha entre high e low art.
Ilustração 2 – Fotografia de Takashi Murakami
Fonte: www.panathinaeos.wordpress.com
É presidente da empresa Kaikai Kiki, que tem como objetivo produzir arte. Ele trabalha
e mora em dois estúdios: Hiropon Factory, em Tóquio, e um outro estúdio no Brooklyn,
em Nova Iorque. A Kaikai Kiki também gerencia a carreira de novos artistas e organiza
a Feira de Arte Bienal de Geisai, em Tóquio.
Na Hiropon Factory trabalham 25 artistas que trabalham com o auxílio da última
tecnologia. Murakami tem seu próprio arquivo de clip art: arquivos eletrônicos de
elementos como cogumelos e flores que podem ser utilizados sempre, aumentando a sua
produtividade.
No seu trabalho, o aspecto da tecnologia é essencial: utilizando a fusão de arte e
computação, Murakami não utiliza perspectiva, tendo sido esta estética denominada por
ele mesmo como superflat, capturando a estética de telas planas da tecnologia atual e
estabelecendo o fim da distinção entre high and low art.
A teoria pela qual Murakami ficou conhecido e a explicação conceitual de sua obra é o
termo “Superflat” , que se refere às pinturas tradicionais do Japão (do período Edo, sem
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uso de perspectiva), às artes populares mais consumidas no Japão (anime, mangá, e neo
pop), à relativa uniformidade da estrutura social do Japão, à economia japonesa que está
estacionada, às telas planas que dominam a vida contemporânea (TV, computador, IPAD,
celular, entre outras).
Murakami cria num bloco de bolso, escaneia, pinta com o software Illustrator e os
assistentes se encarregam de imprimir os desenhos em tela e pintá-los.
Ilustração 3: rascunho de Takashi Murakami.
Ilustração 4: molde em barro correspondente ao desenho da ilustração 3.
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Ilustração 5- Tela Tan Tan Bo Puking, Takashi Murakami, 2002.
Murakami explica que seu processo é “...mais sobre criar produtos e vendê-los do
que fazer exposições”. E é claro a respeito de seus objetivos pessoais originais: “ Eu
queria ter sucesso comercial. Eu apenas queria ganhar a vida no mundo do
entretenimento, mas desde então minha motivação mudou.”
Sua parceria comercial mais conhecida foi feita com a marca de luxo Louis Vuitton, para
quem produziu elementos gráficos e produtos desde 2003.
Na linha de produtos mais popular, no web site www.gagosian.com, pode-se comprar
produtos de Takashi Murakami, como marionetes, almofadas e adesivos, entre outros.
Apesar de Murakami assumir seu interesse comercial na produção de arte, suas obras
alcançam cifras altíssimas em leilões, como foi o caso da escultura My Lonesome
Cowboy, que foi comprada por 13 milhões e meio de dólares na Sotheby’s em 2008.
No Brasil, um artista que, como Murakami, abraça a popularização da arte, inclusive
através de produtos de massa, é o artista recifense Romero Britto. O artista é
frequentemente citado como um artista bem sucedido e popular na mídia nacional de
alcance geral, variedades e entretenimento, como nas revistas Veja e Caras. Ao mesmo
tempo, a obra de Romero Britto é vista com reservas pela crítica especializada em arte
brasileira.
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Romero Britto
Romero Britto é um pintor, escultor e serígrafo brasileiro, nascido em Recife em 6 de
outubro de 1963. Romero Britto vive há mais de 20 anos em Miami, Estados Unidos.
Começou sua carreira ainda adolescente em Pernambuco, e atualmente é um dos mais
premiados pintores pernambucanos (www.britto.com).
Ilustração 6 – Fotografia de Romero Britto
Fonte: Wikipedia.org
Em entrevista a Juliana Monachesi ,do Jornal Folha de São Paulo, em 08 de outubro de
2006, Britto define sua obra como neo-cubista-pop. Ele explica que cria suas obras
inspirado na sua vida, natureza e nos sentimentos, relacionando sua arte com a busca da
felicidade.Sua principal influência no início da carreira foi o artista, também
pernambucano, Francisco Brennand, e mais tarde Warhol e Haring .
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Ilustração 7– Cheek To Cheek, 1999, 72" x 60"
Fonte: http://romero-britto-pop-art-and-hug.blogspot.com.br
Suas obras são chamadas, por colecionadores e admiradores, de “arte da cura”
(http://neumarkt.com.br).
Por outro lado, a crítica especializada em arte muitas vezes desvaloriza a obra de Britto.
Agnaldo Farias (crítico de arte e curador da 29ª Bienal de SP, de 2010), em entrevista à
revista Cult, em setembro de 2010, falando a respeito da Bienal diz:
“O nosso compromisso é com as fontes e com quem é efetivamente radical dentro desse
processo. Por exemplo, não traria nunca Romero Britto, porque não é artista, é outra coisa.
E aí existe uma divisão, você não pode convidar para a mesma festa. Um mau artista não
melhora com o contato com o bom artista. E o bom artista não ganha com a presença de
um mau artista. E você engana o público. Estamos tentando fazer o que o mercado não
faz, que é mostrar o que está fora do circuito.
Apesar disso, o Museu de Arte Contemporânea da USP tem ao menos uma obra de
Romero Britto em seu acervo. No web site www.mac.usp.br podemos ver o comentário:
“A arte de Romero Britto reúne em simbiose elementos da cultura popular
pernambucana com sofisticados recursos de composição gráfica, estando presentes
os Hibridismos próprios da arte pós-moderna e da glocalização (global e local) da cultura
da Contemporaneidade.”
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Britto tem duas galerias de arte, uma em Miami, em South Beach, e outra em São Paulo,
na Rua Oscar Freire. Suas galerias trabalham exclusivamente com obras e produtos de
Romero Britto. Os preços de produtos e obras na galeria de São Paulo variam de 8 reais
(cartão postal) a 250 mil reais (telas originais).
Celebridades como Madonna, Bill Clinton e Arnold Schwarzeneger possuem obras de
Romero Britto.
Em 2005, em Miami, Romero foi nomeado embaixador das artes do Estado da Flórida
pelo então governador Jeb Bush (www.artdaily.com).
Em 2005 e 2006, Romero Britto foi convidado a participar da Bienal de Florença
(http://kingfeatures.com).
Em 2007, a empresa “Arts and Exhibitions International” convidou Romero para criar
uma pirâmide celebrando a volta da exposição do Tesouro de Tutancâmon a Londres,. A
pirâmide de Romero é a maior instalação de arte na história do Hyde Park até hoje, com
a altura equivalente a um edifício de quatro andares. A pirâmide de Romero Britto deverá
ficar permanentemente instalada no Museu da Criança no Cairo, Egito (www.britto.com).
Em 2008, Romero Britto criou uma série limitada de selos postais intitulados “Esportes
para a Paz”, que celebrou o talento dos atletas dos Jogos Olímpicos de Beijing. Também
neste ano expôs sua arte no Museu do Louvre, em Paris. Britto acredita que “A arte é
muito importante para não ser compartilhada” (www.britto.com).
O artista foi convidado algumas vezes para ser palestrante no Forum Econômico Mundial
(http://pulpedicoes.com).
Fez a abertura do Super Bowl XLI com o grupo de espetáculos Cirque du Soleil
(www.voanews.com).
Romero Britto foi também contratado por grandes empresas, para utilizar sua arte em
colaboração com marcas como Absolut, Disney, Movado, Pepsi, Evian, Microsoft,
Havaianas e Audi. (www.Britto.com)
Em 2012 foi homenageado por uma escola de samba: a Renascer de Jacarepaguá, que
contou a vida do artista em sua estreia no Grupo Especial de escolas de Samba do Rio de
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Janeiro, com o enredo "Romero Britto, o artista da alegria dá o tom na folia”
(www.sambariocarnaval.com).
Romero Britto tem obras públicas em todo o mundo. No Brasil está presente em:

Aeroporto de Belo Horizonte, Brasil;

Aeroporto de Curitiba, Brasil;

Aeroporto de Salvador, Brasil;

Aeroporto de Recife, Brasil;

Aeroporto de Fernando De Noronha, Brasil.
Fora do Brasil tem obras em:

City of Bay Harbor, Flórida, EUA;

Midtown Shops, Miami, Flórida, EUA;

City of Saugatuck, Michigan, EUA;

Aeroporto JFK, New York, NY, EUA;

Aeroporto La Guardia, New York, NY, EUA;

Escola Robert Shriver, Maryland, EUA;

Museum of Art & Science, Tallahassee, Flórida, EUA;

Florida House, Washington DC, EUA;

Palmer Trinity School, Pinecrest, Flórida, EUA;

Hillel Academy, Miami, Flórida, EUA;

Palmetto Bay Library, Flórida, EUA;

Grapeland Park, Flórida, EUA;

Pinecrest Public Library, Flórida, EUA;

Young Circle, Hollywood, Flórida, EUA;
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
Bush Presidential Library, Washington DC, EUA;

Miami Children’s Museum, Miami, Florida, EUA;

The Falls Mall, Palmetto Bay, Flórida, EUA;

Dadeland North Plaza Mall, Miami, Flórida, EUA;

Kendall Village Shopping Center, Miami, Flórida, EUA;

City of Beaulieu, França;

Basel Children’s Hospital, Basel, Suíça;

Basel Convention Center Ramada Inn, Suíça;

City of Davos, Suíça;

Hotel Waldhaus, St. Moritz, Suiça;

Montreux Palace Hotel, Suíça;

Navio Mariner of the Seas, Royal Caribbean;

Sheba Medical Center, Tel Aviv, Israel;

Ecole Supérieure d'Arts Plastiques de Monaco.
De acordo com o site www.futuragallery.se, entre os museus que possuem obras de
Romero Britto estão:

Museu de Arte Contemporânea, São Paulo, Brasil;

Museu de Artes de São Paulo, São Paulo, Brasil;

Benemerita Universidad Autonoma de Puebla, México;

California Museum of Art, Oakland, CA, EUA;

Miami Children’s Museum, Miami, FL, EUA;

Children’s Museum, Tacoma, Washington, EUA;

The Everhardt Museum, Scranton, PA, EUA;

Everson Museum, Syracuse, NY, EUA;

The FIU Museum at the Florida International University, EUA;

Kalamazoo Institute of Art, Kalamazoo, MI, EUA;

The Florida Museum of Hispanic and Latin American Art – Miami, FL, EUA;
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
Kennedy Library, Tufts University Museum – Boston, MA, EUA;

Fine Arts Museum Long Island - Hempstead, NY, EUA;

National Museum of Polo and Hall of Fame - Palm Beach, FL, EUA;

Museo de Artes Contemporaneo – Caracas, Venezuela;

Museo del Niño – Caracas, Venezuela;

Miniature Museum – Amsterdam, Holanda.
Ainda de acordo com mesmo o site (www.futuragallery.se), Romero Britto já expôs em:

Museu Nacional de Belas Artes – Rio de Janeiro, Brasil;

Museu da Imagem e do Som – São Paulo, Brasil;

Museu de Cinco Pontas – Recife, Brasil;

Benemerita Universidad Automoma de Puebla, Mexico;

Museo de Bellas Artes - San Juan, Porto Rico;

Carrousel du Louvre, Salon Nationale des Beaux-Arts – Paris, França;

Carrousel du Louvre, Salon Nationale des Beaux-Arts – Paris, França;

Today Art Museum – Beijing, China;

Sichuan Arts Museum – Chengdu, China;

Museum of Lu Xun Art Academy – Shenyang, China;

Museum of Guangzhou Art Academy – Guangzhou, China;

Museum of Contemporary Art/MOCA – Shanghai, China;

Maison de l’Amerique Latine de Monaco – Monaco;

Boca Raton Museum of Art – Boca Raton, FL, EUA;

Coral Springs Museum of Art – Coral Springs, FL, EUA;

Fine Arts Museum of Long Island – Hampstead, NY, EUA;

Florida Museum of Hispanic and Latin American Art – Miami, FL, EUA;

Goodwill Games Museum, Lake Placid, NY, EUA.
Romero Britto tem um website (www.britto.com), bilíngue, o qual apresenta o perfil do
artista, galeria de obras, notícias e eventos, clipping de sua participação em programas de
TV, loja virtual de produtos e contatos.
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Em 2007, foi fundada a Britto Foundation, com sede em Miami, com a missão de servir
as pessoas e organizações que trabalham para criar, incentivar, promover e preservar a
educação e base humanitária iniciativas em todo o mundo.
Comparando Murakami a Romero Britto
Pensando em Murakami e Britto como marcas, podemos levantar hipóteses para explicar
a aparente diferença entre suas obras em termos de valor, que o mercado estabelece
através dos preços das obras de ambos.
No site norte-americano artbrokerage.com, a tela mais cara de Romero Britto, disponível
para venda no dia 4 de dezembro de 2012, era Mickey World, acrílico sobre tela, 185 x
185 cm. O preço desta tela neste web site era de 81.300 dólares.
Em www.blog.agent4stars.com, a informação é de que uma tela de Takashi Murakami,
As the Interdimensional Waves Run Through Me, I Can Distinguish Between the Voices
of Angel And Devil, foi vendida por mais de dois milhões de euros na feira de arte Grand
Palais Foire Internnationale d’Art Contemporain.
A estratégia de construção da marca de Romero Britto poderia estar equivocada? De
acordo com Aaker (2007), atributos de marca podem ser transmitidos tanto na direção da
marca principal para as extensões de marca, como na direção oposta. Assim, os atributos
das extensões de linha podem afetar a imagem da marca principal, que podem resultar em
efeitos positivos ou negativos, na mente do público final.
Em seu artigo “Branding e a arte contemporânea” (em www.marketingpower.com),
comentando o livro The 12 million stuffed shark: the curious economics of contemporary
art, de Don Thompson, Aaker explica que “...entre as motivações do comprador de arte
contemporânea existe um racional lógico: a arte pode aumentar de valor, especialmente
se o artista está em movimento ascendente no mercado. Mas Aaker diz que a motivação
mais importante é o benefício social e de auto-expressão que comprar e possuir arte traz.”
E detalha como o artista estabelece sua imagem de marca no atual sistema da arte: “Como
um artista estabelece uma marca que pode proporcionar preços altos e benefícios sociais
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e de auto - expressão? È tendo associações com colecionadores, marchands, casa de leilão
e museus que afirmam que o artista chegou lá, por sua credibilidade e associações com
outros artistas. Um colecionador compra não só o artista, mas uma pintura que é possuída
por ____, gerenciada por ____ ou está exposta em _____. Um profissional de leilões uma
vez disse para nunca subestimar o quão inseguros os compradores são sobre arte
contemporânea e o quanto precisam de palavras que tragam confiança.”
Em outro parágrafo fala sobre o papel do artista como diferenciador e fator de atração da
sua arte:
“Alguns alavancam sua imagem com suas personalidades e a visibilidade daí decorrente:
Andy Warhol usava seu estilo de vida chocante e Tracey Emin sua imagem de garota má.
Outros, no entanto, dependem de marchands gerenciando sua carreira e colecionadores
possuindo suas obras para elevar seu status.”
Conclusão
O sistema de arte contemporâneo pressupões uma série de inter-relações e comunicação
entre os agentes do sistema: artistas, galerias, marchands, casa de leilões e instituições
como os museus, formando uma rede internacional de informações.
Com o fim das vanguardas artísticas, cada artista é livre para definir o que é a sua arte, e
se diferenciar dos demais.
No cenário contemporâneo, o artista tem que surpreender, com inovações ou com o uso
de uma personalidade midiática. O que legitima a obra é o sucesso do artista e onde sua
obra é exposta.
A arte atual dispensa a preocupação estética e passa a se basear no conceito. Os limites
entre arte e produto não estão tão claros, assim como a diferença entre high art e low art.
Foi a Pop Art do fim dos anos 50 que iniciou esta indefinição dos limites entre high art e
low art.
Warhol, um dos mais conhecidos artistas da Pop Art, utilizou imagens comuns,
fotografias e embalagens de produtos de consumo de massa em sua arte. E deixou claro
que para ele a arte era um negócio e seu negócio era a arte.
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Abriu caminho para vários seguidores, como os artistas citados neste artigo, Takashi
Murakami e Romero Britto, ambos rotulados como artistas de Pop Art. Alem disso,
ambos os artistas estão envolvidos na comercialização de produtos com seus nomes, num
processo em que seus nomes acabaram se transformando em marcas.
Entretanto, na comparação dos resultados que alcançam em termos financeiros, os dois
artistas estão em níveis diferentes.
Murakami construiu um pequeno império com bases em Tóquio e Nova Iorque e utilizou
como fator de diferenciação a sua teoria superflat, que deu uma base conceitual para sua
arte. Além disso suas obras têm muitas vezes aspectos sexuais que, sendo considerados
chocantes, contribuem para a visibilidade de seu nome, sua marca. Construiu uma rede
de relacionamentos que inclui importantes galerias em Nova Iorque e Paris, assim como
museus, tendo, por exemplo, exposto individualmente em Versailles. Assim, os
compradores se sentem seguros para pagar caro pela arte de Murakami, confiando em sua
valorização futura. Além disso, gostam de se sentir parte deste grupo diferenciado,
possuidores de obras de um artista excêntrico e midiático. Possuir arte com a marca
Murakami é socialmente desejável no círculo dos compradores internacionais com maior
poder de compra.
Romero Britto, por outro lado, obtém um relativo sucesso, com suas galerias próprias, em
Miami e São Paulo. Mas o fato de ser seu próprio galerista o deixou afastado dos
marchands e donos de galeria, importantes agentes na construção da confiança na mente
dos compradores de arte. As obras originais de Romero Britto não passam pela Sotheby’s,
nem pela Christie’s. Na área conceitual Romero não desenvolveu uma teoria de impacto
e alcance internacional para embasar sua arte. Por isso, muitos críticos de arte brasileiros
acabaram por depreciar sua arte. O fato de emprestar sua marca e suas imagens a produtos
populares, como cangas e canecas, trouxe popularidade à sua pessoa e seu estilo de
pintura. Entretanto pode tê-lo afastado de possibilidades no mercado de luxo, um
segmento que poderia dar visibilidade à sua obra junto ao mercado internacional e junto
a compradores de poder aquisitivo superior.
Deixando de lado Murakami, que é japonês, mesmo se compararmos Romero Britto a
outros artistas brasileiros de sucesso, como Milhazes e Varejão, observamos diferenças
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significativas em termos de valores atingidos na venda de suas obras e a imagem de suas
marcas.
Concluindo, podemos dizer que Romero Britto alcançou relativo sucesso comercial, mas
talvez pudesse ter obtido mais, se tivesse atuado junto a todos os agentes influenciadores
do sistema da arte contemporânea, construindo mais efetivamente sua marca.
Este artigo não tem o objetivo de esgotar as possibilidades de análise da obra de Romero
Britto. No futuro poderemos aprofundar a análise, estudando também seu posicionamento
de mercado, sua estratégia de marketing, as características estéticas de sua obra, seu
processo de produção artística, as parcerias em produtos de consumo de massa e sua
comunicação, tentando trazer mais elementos para explorar as possíveis razões que
explicariam a sua relativa desvalorização no mundo chamado de “high art”.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Livros
AAKER, David A; JOACHIMSTHALER, Erich. Como Construir Marcas Líderes.
Porto Alegre: Bookman, 2007.
19
CAUQUELIN, Anne. A Arte Contemporânea. Portugal: Rés Editora, 1992.
DANTO, Arthur. Após o fim da arte. Odysseus Editora, 2006.
KOTLER, Philip. Princípios de Marketing. 12. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2008.
OSTERWOLD, Tilman. PopArt. Italy: Taschen, 1991.
PINHO, Diva Benevides. A arte como investimento: a dimensão econômica da
pintura. São Paulo: Edusp, 1989.
TRIGO, Luciano. A Grande Feira: uma reação ao vale-tudo na arte contemporânea.
São Paulo: Civilização Brasileira, 2009.
2. Artigos e Teses
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http://www.prophet.com/thinking/view/426-branding-and-contemporary-art.
DROHOJOWSKA-PHILP, Hunter.Superflat. Disponível em
http://www.artnet.com/Magazine/features/drohojowska-philp/drohojowska-philp118-01.asp
FISHER, John. High Art vs. Low Art.Disponível em
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mestrado. Fashion Institute of Technology, New York, 2011.
LISICA, Cindy. Generation Superflat: Fashion Fusions and Disappearing
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http://iipc.utu.fi/imaginaryjapan/Lisica.pdf
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http://thephilosophyofandywarhol.blogspot.com.br/
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3. Websites
www.takashimurakami.com
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http://english.kaikaikiki.co.jp
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