Pronunciamento do Deputado Manato, em nome do Partido

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Pronunciamento do Deputado Manato, em
nome do Partido Democrático Trabalhista
(PDT), em Sessão Solene da Câmara dos
Deputados em homenagem “aos 470 anos do
município de Vila Velha – Espírito Santo”,
realizada em 18 de maio de 2005.
Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputadas e
Deputados.
É mister reconhecer que, hoje, prestamos
homenagem a uma cidade que sempre guardou consigo o
compromisso com os destinos e tradições do Brasil, ainda
que tenha desempenhado papéis diferentes no curso de
nossa história. Em seus 470 anos de existência, Vila Velha
foi protagonista, força auxiliar e, por períodos longos,
retaguarda dos impulsos de crescimento e modernização
cultural e econômica da Nação.
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No dias atuais, Vila Velha é a maior cidade do
Estado do Espírito Santo em número de habitantes e, no
campo
econômico,
um
de
seus
municípios
mais
representativos. O exame atento da evolução da economia
regional e da Grande Vitória, da qual participa com destaque
o município de Vila Velha, identificará os períodos em que
acompanhou os impulsos de expansão do País e aqueles em
que primou pela complementariedade ou pelo isolamento.
Quinze anos depois do estabelecimento de seu
primeiro aglomerado urbano em 1535, os então donatários da
Capitania do Espírito Santo, para melhor defendê-la de
ataques indígenas, decidiram transferir sua sede para a ilha
próxima à sua costa, hoje capital de nosso Estado. Em
decorrência disso, aquele incipiente aglomerado urbano
passa a depender da sua nova sede – a Ilha de Vitória –, na
condição de periferia e cidade dormitório, até pelo menos
inícios do século passado.
Durante quase três séculos, portanto, Vila Velha
iria refletir esse vínculo e os impactos das respectivas
relações que a Capitania e, depois, Província do Espírito
Santo iria estabelecer com os eventos políticos e econômicos
nacionais. Devido ao relevo e às características da faixa
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litorânea,
a
economia
regional
não
propiciou
o
estabelecimento da grande agricultura de exportação,
embora as respectivas culturas da cana-de-açúcar e do
algodão ali se desenvolvessem em pequenas propriedades.
A descoberta de ouro no interior do Brasil, em
inícios do século dezenove, iria diminuir o interesse da
metrópole portuguesa pela agricultura de exportação em
território capixaba. Durante quase todo o século, a prioridade
da coroa portuguesa era estabelecer, ao longo da faixa
litorânea que constituía a Capitania do Espírito Santo, um
sistema de defesa militar para coibir
incursões de outras
nações destinadas a se apropriar das ricas jazidas auríferas,
descobertas no interior do atual Estado de Minas Gerais.
A introdução da cultura do café em território
capixaba, em inícios do século dezenove, iria dar novo
dinamismo à economia da região, com efeitos notáveis
também em seus núcleos urbanos. Enquanto no meio rural,
organizava-se a pequena produção cafeeira de exportação,
Vila Velha já promovia melhoramentos na organização de
seu espaço urbano, com ruas alinhadas e mais largas e
locais apropriados para a venda de pescado.
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A crise da República Velha e o advento da
Revolução de Trinta iria alterar o perfil de Vila Velha, já sob a
influência de alguns imigrantes europeus que, nas décadas
anteriores, se deslocavam para o território capixaba. Esta
mudança de perfil do Município iria resultar da atuação de
dois fatores distintos e contraditórios que marcariam, a partir
de então, sua relação com a economia regional e nacional.
Por um lado, avulta um fator externo à economia
regional que resulta do término da construção e da entrada
em operação de um corredor ferroviário para escoamento e
exportação de minério de ferro extraído em Minas Gerais. Em
aberto contraste com esse esforço exportador, por outro lado,
a economia de Vila Velha iria sediar o nascimento de um
conjunto de indústrias voltadas para atender o mercado local
e regional.
O fator externo, por sua vez, iria atuar através da
Estrada de Ferro Vitória-Minas que, utilizando-se da então
precária infra-estrutura portuária capixaba, introduzia um
elemento artificial na economia exportadora da região que,
até então, tinha no café seu principal e quase único produto.
O referido corredor ferroviário havia sido encampado pelo
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Governo Getúlio Vargas, em 1942, através da Companhia
Vale do Rio Doce, recentemente criada.
A presença do contraditório , fator interno na
economia regional resultava das primeiras iniciativas de
industrialização em Vila Velha, cuja primeira expressão de
relevo foi a fundação, em 1934, da Fábrica de Chocolate
Garoto, uma iniciativa empresarial patrocinada por um
imigrante alemão. Ao mesmo tempo, foram se constituindo
no Município autênticas redes de produção no ramo de
confecções e vestuário, hoje um dos principais pólos
industriais da economia interna do Estado do Espírito Santo.
Estas iniciativas empresariais iriam potencializar
uma singular vocação industrial de Vila Velha para se
expandir com base na mobilização e utilização de recursos
materiais
e
humanos,
disponíveis
no
Município.
Característica promissora que faz de Vila Velha uma cidade
símbolo das potencialidades nacionais e da iniciativa e
criatividade do povo e da cultura nacional.
Esta
potencialidade,
entretanto,
vem
sendo
ameaçada pelas polêmicas opções da economia nacional e
pelos seus efeitos na economia regional. Aos primeiros sinais
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de desestabilização na ordem econômica mundial, com o
aumento nos preços internacionais do petróleo em 1973, o
Governo Federal iria desenvolver esforços e mobilizar
recursos para instalar, no País, uma moderna infra-estrutura
logística de exportação.
O esforço exportador iria aprofundar e intensificar
a modernização dos portos do Estado do Espírito Santo, dos
quais fazia parte a infra-estrutura portuária de Vila Velha.
Desde 1966, por sinal, já havia entrado em operação o
moderno Porto de Tubarão que, com capacidade para
receber navios de grande calado, mudou a escala de
exportações de minérios da Companhia Vale do Rio Doce.
Nas décadas seguintes, a modernização da
logística de exportação iria ter como um de seus principais
focos a integração da Estrada de Ferro Vitória-Minas ao
restante da malha ferroviária e rodoviária nacional, o
aperfeiçoamento da infra-estrutura de portos e armazenagem
em todo o litoral capixaba.
Estímulos fiscais e políticas implementadas então
pelos governos federal e estadual iriam, por sua vez,
propiciar a instalação no Estado do Espírito de grandes
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complexos agro-industriais voltados para exportação que
iriam alterar a fisionomia social e econômica do Estado do
Espírito Santo. Complexos agro-industriais que, ao lado dos
logísticos, serviriam para acelerar a concentração fundiária, o
esvaziamento demográfico do meio rural, a miséria e a
violência de nossas cidades.
A concentração de renda propiciada pelos altos
salários pagos pelos complexos industriais, agro-industriais e
logísticos vem contribuindo para integrar a região no contexto
nacional, particularmente em seus aspectos mais negativos.
Contra estes fatores negativos da modernização é que urge
fortalecer a singular economia de Vila Velha e sua existência
social e política.
Era o que tinha a dizer.
Muito obrigado.
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