SÃO CAMILO PASTORAL DA SAÚDE INFORMATIVO DO INSTITUTO CAMILIANO DE PASTORAL DA SAÚDE ANO XXXI N.346 NOVEMBRO 2015 VOCÊ ESTÁ PREPARADO? RONALDO CORRÊA Começar uma entrevista sobre o câncer indagando sobre a “batalha” para vencê-lo é quase um clichê. Mas ainda é algo que permeia o imaginário sobre a doença que, até bem pouco tempo, não tinha sequer o seu nome pronunciado. O “CA”, no máximo “o tumor”, era assim que as pessoas se referiam ao câncer, numa espécie de tabu ou maldição. Mas essas realidades vem mudando. Nesta entrevista, o oncologista clínico da área de Epidemiologia, Prevenção e Vigilância do Inca, Ronaldo Corrêa, diz que o câncer deve ser encarado com naturalidade e fala dos desafios do atual cenário de controle da doença. O QUE ESPERAR DA BATALHA CONTRA O CÂNCER PARA OS PRÓXIMOS ANOS? Um bom começo seria eliminar algumas crenças e mitos relacionados ao câncer e substituir alguns termos como guerra, batalha, armas, invasão, destruição, inimigo, etc., do vocabulário do controle do câncer. Não é o escopo da pergunta, mas a linguagem atualmente empregada nas ações de controle do câncer não parece ser adequada em relação ao objeto. Quanto mais se estuda o câncer, mais entendemos que a doença é uma resposta biológica adaptativa natural na célula animal. Portanto, é provável que o câncer como doença nunca seja erradicado, o que consequentemente transforma guerra, luta, batalha contra o câncer uma atividade sem fim e sem vencedores, além de uma ótima estratégia para o complexo médico-industrial vender soluções “mágicas”. QUAIS AS PERSPECTIVAS, ENTÃO? Creio que nos próximos anos teremos o desafio de avaliar o valor do desenvolvimento tecnológico propiciado pelo conhecimento do genoma humano, dos novos métodos de diagnóstico tratamento, das ações de prevenção e controle dos fatores de risco ambientais e comportamentais e da produção de conhecimento sobre o controle do câncer integrando diferentes campos do saber, como genética, epidemiologia, saúde publica, economia, política, direito, antropologia, comunicação, entre outros. O termo valor, aqui empregado, deve traduzir, na prática, intervenções sanitárias efetivas, para o maior número de pessoas, ao menor custo, que sejam viáveis e aceitáveis em cada contexto, e que não produzam iniquidades. COMO GARANTIR QUALIDADE DE VIDA AO PACIENTE, ROMPER PRECONCEITOS E MUDAR A IDEIA DE QUE O DIAGNÓSTICO POSITIVO É UMA SENTENÇA DE MORTE? Nos países desenvolvidos, o diagnóstico de câncer, em particular os cânceres mais frequentes, como mama, cólon e reto e próstata, já não significam uma sentença de morte. Os motivos para tal são complexos. Grande parte das reduções de mortalidade para alguns cânceres em países desenvolvidos deve-se à implementação de programas de controle do câncer e ao desenvolvimento de pesquisa e inovação tecnológica. Também nesses países vem ocorrendo uma progressiva conscientização da sociedade em relação aos mitos e verdades associados à doença, o que permite uma maior participação da população e pacientes na elaboração de políticas e programas de controle do câncer e nas tomadas de decisão clínica. Não provocar danos e garantir qualidade de vida aos pacientes com câncer é um imperativo ético e precede às promessas de cura. COMO ISSO PODE SER FEITO? No afã das promessas de cura, não é incomum oferecer tratamentos ou intervenções sanitárias que, no seu conjunto provocam mais malefícios que benefícios (por exemplo, o rastreamento de alguns cânceres). Estabelecer uma relação médico-paciente transparente, honesta e baseada na compaixão e na ética do cuidado é um bom começo no plano individual. No plano coletivo, uma adequada capacitação dos profissionais que lidam com pacientes portadores de câncer e seus familiares, a ampliação dos espaços de debates e discussões na grande mídia e uma comunicação pública que apresente o balanço entre os possíveis benefícios e malefícios das diferentes intervenções favoreceria a desmistificação da doença e de suas intervenções, além de gerar mudanças no senso comum sobre a doença. COMO O CÂNCER DEVE SER ENCARADO? O câncer deve ser encarado com naturalidade, sem fantasias em relação às suas causas, prognóstico e enfrentamento. Isso implica em não ter expectativas irreais em relação ao seu desaparecimento futuro e nem crer que seu diagnóstico representa uma sentença de morte. Em especial, devemos analisar as conquistas do passado e refletir sobre o que queremos no futuro. As próximas décadas podem ser de grande conquistas ou de um profundo ressentimento por escolhas mal feitas. Cabe a nós, como sociedade, fazermos nossas escolhas. Você esta preparado para fazê-las? Padres e Irmãos Camilianos a Serviço da Vida JUNTE-SE A NÓS, SEJA UM CAMILIANO TAMBÉM! “Estive enfermo e me visitastes” (Mt 25,36) Serviço de Animação Vocacional Av. São Camilo, 1200 - Cotia - São Paulo - SP - CEP: 06709-150 Fone: (11) 3872-7063 [email protected] / www.camilianos.org.br SÃO CAMILO PASTORAL DA SAÚDE Página 2 QUANTAS HORAS DEVEMOS DORMIR DE ACORDO COM A NOSSA IDADE A maioria das pessoas sabe que ter uma boa noite de sono é importante, mas poucos passam oito ou mais horas debaixo dos lençóis. Para complicar ainda mais as coisas, estimulantes como café e bebidas energéticas, além de despertadores e luzes – incluindo os dispositivos eletrônicos – interferem com o chamado ritmo circadiano, ou relógio biológico. Embora reconheçam que o sono é especialmente afetado pelo estilo de vida e a saúde de cada indivíduo, um painel de especialistas da National Sleep Foundation, um instituto de pesquisa sem fins lucrativos dos Estados Unidos com sede em Arlington (Virgínia), publicou recomendações gerais sobre quantas horas de descanso são necessárias de acordo com cada faixa etária. Confira as recomendações: Recém-nascidos (0-3 meses): o ideal é dormir entre 14 e 17 horas por dia, embora também seja aceitável um período entre 11 e 13 horas. Não é aconselhável dormir mais de 18 horas. Bebês (4-11 meses): Recomenda-se que o sono dure entre 12 e 15 horas. Também é aceitável um período entre 11 e 13 horas, mas não mais do que 16 ou 18 horas. Crianças pequenas (1-2): não é aconselhável dormir menos de 9 horas ou mais de 15 ou 16 horas. É recomendável que o descanso dure entre 11 e 14 horas. Crianças em idade pré-escolar (3-5): 10-13 horas é o mais apropriado. Especialistas não recomendam dormir menos de 7 horas ou mais de 12 horas. Crianças em idade escolar (6-13): o aconselhável é dormir entre 9 e 11 horas. Adolescentes (14-17): Devem dormir em torno de 10 horas por dia. Adultos jovens (18-25): 7 -9 horas por dia. Não deve dormir menos de 6 horas ou mais do que 10 ou 11 horas. Adultos (26-64): O ideal é dormir entre 7 e 9 horas, embora muitos não o consigam. Idosos (65 anos ou mais): o mais saudável é dormir 7 a 8 horas por dia. Especialistas também deram dicas sobre como obter um sono saudável: - Manter um horário para dormir, mesmo nos fins de semana. - Ter uma rotina para dormir relaxado. - Exercitar-se diariamente. - Garantir condições ideais de temperatura, ruído e luz no quarto. - Dormir em colchão e travesseiros confortáveis. - Ter cuidado com a ingestão de álcool e cafeína. - Desligar aparelhos eletrônicos antes de dormir. ELEIÇÃO DE NOVA COORDENAÇÃO DA PASTORAL DA SAÚDE – REGIONAL SUL 1 SP No dia três de outubro de 2015, a Pastoral da Saúde do Regional Sul1, realizou sua Assembléia anual na Arquidiocese de Campinas-SP. Tendo como pauta a Eleição da nova coordenação da Pastoral da Saúde para o REGIONAL SUL 1-SP. A coordenadora da Diocese de Taubaté, Ana Regina Gama, foi a nossa palestrante e desenvolveu tema sobre função do Coordenador. Levando a todos a uma reflexão do que é ser um coordenador de Pastoral à Luz do Evangelho. Ana Regina ainda nos motivou para o Abril Solidário, que deverá ser realizado todo mês de Abril em todo o Brasil, falou da importância do envolvimento da Igreja Católica como um todo, bem como de sensibilizar e fomentar doadores fidelizados. Em seguida foi realizada apresentação de candidatos para compor a nova Coordenação e realizada eleição. A equipe apresentada foi aclamada pela assembléia presente por unanimidade e deverá atuar no próximo quatriênio, isto é, de 2015 a 2019, com a seguinte formação: • Coordenador: Sebastião Venâncio. Diocese de São José dos Campos – SP; • Vice Coordenador: José Gimenez, Arquidiocese de São Paulo-SP; • Secretária: Wilda Haynes Aparecida, Diocese de Jabuticabal-SP; • Vice Secretária: Ana Regina Gama, Diocese de Taubaté, SP; • Segunda vice Secretária: Maria Helena Pierim Siqueira, Arquidiocese de Campinas-SP; • Tesoureiro: Seiti Takahama, Diocese de Santo, Amaro, SP; • Vice tesoureiro: Luiz Martins, Diocese de Sorocaba-SP; • Segundo vice tesoureiro: Elpidio Siqueira -Arquidiocese de Campinas-SP; • Animação: Irmã Jôse Bueno, Diocese de Santo Amaro-SP; • Assessor Eclesiástico: Padre João Mildiner, Arquidiocese de São Paulo-SP; • Assessor técnico: João Roberto, da Diocese de Jabuticabal. • Dom Francisco Jose Zugliani Bispo Referência, até definição final da CNBB. A nova coordenação assumiu os trabalhos apresentando proposta de planejamento direcionada a todos os coordenadores presentes, que deverão já ir se organizando e apresentando seus planejamentos a fim de compor a agenda de 2016 do Regional Sul 1-SP. A Assembléia encerrou-se com a benção de Dom Francisco, que agradeceu a coordenação anterior pela dedicação e empenho, desejando à nova coordenação uma caminhada com coragem, trabalho e muitos frutos. Wilda Haynes Aparecida (Secretária) O boletim “São Camilo Pastoral da Saúde” é uma publicação do Instituto Camiliano de Pastoral da Saúde - Província Camiliana Brasileira. Provincial: Pe. Antonio Mendes Freitas / Conselheiros: Pe. Mário Luís Kozik, Pe. Mateus Locatelli, Pe. Ariseu Ferreira de Medeiros e Pe. João Batista Gomes de Lima/ Diretor Responsável: Anísio Baldessin /Secretária: Fernanda Moro / Diagramação: Fernanda Moro / Revisão: José Lourenço / Redação: Av Pompeia, 888 Cep: 05022000 São Paulo-SP - Tel. (11) 3862-7286 / E-mail: [email protected] / Site: www.icaps.org.br / Periodicidade: Mensal / Tiragem: 1.000 exemplares / Assinatura: O valor de R$20,00 garante o recebimento, pelo correio, de 11 edições. O pagamento deve ser feito mediante depósito bancário em nome de Província Camiliana Brasileira, no Banco Bradesco, Agencia 0422-7, Conta Corrente: 89407-9. SÃO CAMILO PASTORAL DA SAÚDE Página 3 OBESIDADE INFANTIL: CAUSAS, CONSEQUÊNCIAS E TRATAMENTO A obesidade infantil ocorre quando uma criança está acima do peso normal para sua idade e altura. De acordo com o IBGE, atualmente uma em cada três crianças no Brasil está pesando mais do que deveria. CAUSAS Diversos fatores podem causar obesidade infantil. Entre as mais comuns estão fatores genéticos, má alimentação, sedentarismo ou uma combinação desses fatores. Além disso, a obesidade em crianças também pode ser decorrente de alguma condição médica, como doenças hormonais ou uso de medicamentos a base de corticoides. Apesar de ser uma doença com influência genética, nem todos os pais e mães com obesidade também terão filhos com o problema, assim como pais e mães dentro do peso podem gerar filhos com obesidade. Isso porque a obesidade infantil também tem ligação com os hábitos alimentares da criança e da família, bem como a realização de atividades físicas. Dessa forma, a alimentação da criança a quantidade de exercício que ela pratica são fatores determinantes para o aparecimento da obesidade infantil, ainda que exista histórico familiar do problema. Ficar atento a esses hábitos pode ajudar a prevenir a doença pela vida toda. FATORES DE RISCO Alguns fatores podem aumentar o risco de obesidade em crianças e adolescentes. Veja: • Dieta desequilibrada, rica em fast foods, alimentos industrializados e congelados, refrigerantes, doces e frituras • Sedentarismo, uma vez que a atividade física ajuda a queimar as calorias ingeridas • Histórico familiar de obesidade, uma vez que a doença tem influência genética e os maus hábitos alimentares podem ser ensinados de pai para filho • Fatores psicológicos, como estresse ou tédio, podem fazer as crianças comerem mais do que o normal COMO DETECTAR A OBESIDADE Para saber se uma criança está acima do peso ou com obesidade, é necessário fazer a conta do IMC (índice de massa corporal). Para adultos, normalmente as medidas são específicas: IMC entre 18,5 e 25 é normal, enquanto acima de 25 já representa sobrepeso e além de 30 já é obesidade. Porém, para crianças, essas faixas não se aplicam, e podem inclusive causar a falsa ilusão de que a criança está saudável, quando na verdade ela pode já estar com obesidade infantil. As faixas de IMC para as crianças mudam de acordo com a idade e o sexo, e para orientar os médicos existem tabelas da Organização Mundial da Saúde (OMS) para fazer esse cálculo. Saiba como fazer o passo a passo para calcular o IMC de seu filho. No entanto, o IMC não considera fatores como a quantidade de massa muscular (magra) e a estrutura física da criança, uma vez que o crescimento pode variar muito de uma para outra. Dessa forma, o médico (a) pode avaliar outros tópicos para determinar se o peso da criança está afetando sua saúde. Confira alguns itens: • História familiar de obesidade e problemas de saúde relacionados com o peso, como diabetes • Hábitos alimentares da criança • Nível de atividade física que a criança faz • Outras condições de saúde que a criança pode ter TRATAMENTO O tratamento da obesidade infantil é complexo e multidisciplinar. Não existe nenhum tratamento farmacológico em longo prazo que não envolva mudança de estilo de vida. Há várias opções de tratamento para a obesidade infantil e o sobrepeso. Quanto maior o grau de excesso de peso, maior a gravidade da doença. As crianças devem ser abordadas individualmente e conforme a idade, uma vez que cada uma pode apresentar diferentes fatores que aumentam seu risco para obesidade. Para as crianças e adolescentes que estão acima do peso ou com obesidade leve, sem risco de desenvolver outras doenças, pode ser recomendada apenas a manutenção. A explicação: o crescimento da criança pode fazer com que ela entre numa faixa de IMC saudável, sem necessariamente precisar emagrecer. Já para crianças com obesidade instalada e risco de desenvolver outras doenças, a perda de peso é recomendada. O emagrecimento deve ser lento e constante, e os métodos são os mesmos adotados para adultos – ou seja, comer uma dieta saudável e praticar exercícios. O sucesso depende em grande parte de seu compromisso de ajudar seu filho ou filha a fazer essas mudanças. Por isso, a prática de atividade física é fundamental. Pois além de queimar calorias, os exercícios físicos também ajudam a fortalecer os ossos e músculos das crianças, melhoram seu humor e ajudam no sono. Outro fator importante é que o incentivo à atividade física na infância pode fazer com que a criança mantenha esses hábitos no futuro, evitando a obesidade ao longo da vida. Crianças devem fazer pelo menos um tipo de atividade física todos os dias, seja ela programada (academia, esportes ou aulas de dança, por exemplo) ou não programada (brincadeiras, como pega-pega, esconde-esconde e usar os brinquedos de um parque). MEDICAMENTOS Para casos graves de obesidade infantil, já associados com outras condições, podem ser prescritos medicamentos. No entanto, o tratamento farmacológico não é frequentemente recomendado para adolescentes e crianças – a não ser que ele tenha alguma doença que necessite de tratamento com remédios como distúrbios da tireoide ou colesterol alto. Artigo extraído do site minha vida com saúde. SÃO CAMILO PASTORAL DA SAÚDE Página 4 MORTE MARIA FERNANDA VOMERO Há muito tempo, no Tibete, uma mulher viu seu filho, ainda bebê, adoecer e morrer em seus braços, sem que ela nada pudesse fazer. Desesperada, saiu pelas ruas implorando que alguém a ajudasse a encontrar um remédio que pudesse curar a morte do filho. Como ninguém podia ajudá-la, a mulher procurou um mestre budista, colocou o corpo da criança a seus pés e falou sobre a profunda tristeza que a estava abatendo. O mestre, então, respondeu que havia, sim, uma solução para a sua dor. Ela deveria voltar à cidade e trazer para ele uma semente de mostarda nascida em uma casa onde nunca tivesse ocorrido uma perda. A mulher partiu, exultante, em busca da semente. Foi de casa em casa. Sempre ouvindo as mesmas respostas. “Muita gente já morreu nessa casa”; “Desculpe, já houve morte em nossa família”; “Aqui nós já perdemos um bebê também.” Depois de vencer a cidade inteira sem conseguir a semente de mostarda pedida pelo mestre, a mulher compreendeu a lição. Voltou a ele e disse: “O sofrimento me cegou a ponto de eu imaginar que era a única pessoa que sofria nas mãos da morte”. A morte faz parte da vida. Todos começamos a morrer exatamente no dia em que nascemos. A morte, portanto, é um etapa da nossa existência com a qual temos que conviver. Pode-se conviver melhor ou pior com ela. Mas não se pode evitá-la. Pode-se aceitar a sua inevitabilidade e olhá-la de frente. Ou pode-se negá-la, fugir dela, imaginar que não pensar na morte possa fazer com que ela deixe de acontecer com você ou com a sua família. Mas o fato é que todos nós estamos programados para nascer, crescer e morrer. Mas, afinal, se a morte é tão comum e corriqueira, por que ela nos causa tanto medo? “O maior desejo do homem é a imortalidade”, diz a psicóloga Ingrid Esslinger, da Universidade de São Paulo (USP). “Por isso, muitas vezes a morte é considerada uma inimiga.” Por outro lado, o mundo ocidental transformou a morte em tabu: ela costuma ser ocultada das crianças e banida das conversas cotidianas. Tudo aquilo que possa lembrá-la – a enfermidade, a velhice, a decrepitude – é escamoteado. Os doentes morrem no hospital, longe dos olhos – e, não raro, do coração – de seus amigos e parentes. E os rituais de luto são cada vez mais rápidos e pragmáticos. O medo natural que todo ser humano sente diante da própria finitude vira pânico O primeiro passo para conviver melhor com a ideia da morte é esquecer aquela imagem medieval, um tanto tétrica, de um esqueleto coberto com uma capa preta carregando uma foice afiada na mão. Talvez uma imagem melhor para a morte seja imaginá-la como o fim de uma festa muito bacana: você já sabia que ela acabaria, que ela teria que acabar, em algum momento. E, pensando bem, talvez não seja de todo mal que a festa termine. Você aguentaria dançar na pista para sempre? Por melhor que seja a música, tem uma hora que seu corpo e sua mente pedem descanso. E aí, talvez, seja o momento mesmo de sair da pista, serenamente, sem traumas, e dar lugar a quem está chegando à festa cheio de gás. No budismo, assim como na tradição cristã, o desapego é condição essencial para uma “boa morte”. Quando chegou o momento de beber o veneno, Sócrates disse a seus discípulos, numa última lição: “Mas já é hora de irmos: eu para a morte e vocês para viverem. Mas quem vai para melhor sorte é segredo, exceto para Deus.” Maria Júlia Kovácz, coordenadora do Laboratório de Estudos sobre a Morte (LEM) da USP e autora de Morte e Desenvolvimento Humano. “A fé ajuda a superar a ansiedade em relação à ideia de finitude”. Já para o psicanalista Roosevelt Cassorla, “na religião o indivíduo convive melhor com a finitude porque lá encontra certezas sobre por que vive, por que morre e o que acontece após a morte.” Artigo extraído da Revista Superinteressante Nº 137 Fevereiro 2002 São Camilo PASTORAL DA SAÚDE ICAPS - Instituto Camiliano de Pastoral da Saúde Tel: (11) 3862-7286 Site: www.icaps.org.br E-mail: [email protected] Avenida Pompeia, 888 Cep: 05022-000 São Paulo - SP