Diretor Técnico Médico: Dr. Edson Augusto Pracchia Ribeiro - CRM-MG- 41074 Ano VIII - nº 33 Agosto/Setembro 2015 FUNDAÇÃO CRISTIANO VARELLA Inf rme HOSPITAL DO CÂNCER DE MURIAÉ Você sabia que também pode salvar vidas? DOE! Editorial Nós, do Hospital do Câncer de Muriaé da Fundação Cristiano Varella, nos tornamos o maior complexo oncológico de Minas Gerais por algo muito maior que nossa estrutura física, nós crescemos até aqui e continuamos a crescer porque estamos unidos por um objetivo comum: oferecer tratamento de qualidade no combate ao câncer a todos aqueles que nos procuram. Nossa instituição atende mais de 90% dos pacientes através do Sistema Único de Saúde (SUS) Sérgio Henriques - com a mesma dignidade, segurança, diagnósticos Diretor da Fundação Cristiano Varella e serviços entre os melhores do país, que dedicamos Hospital do Câncer aos pacientes que utilizam convênios ou recursos de Muriaé próprios, e isso é possível não só graças aos programas governamentais, mas, também aos milhares de cidadãos que se identificaram com nosso trabalho e realizam doações ao nosso setor de Telemarketing, dezenas de outros tipos de mantimentos ao nosso Almoxarifado e Serviço Social ou mesmo seu tempo, com os trabalhos voluntários promovidos pelo Hospital. À essas pessoas nós só temos a agradecer e prometer que continuaremos a oferecer o melhor tratamento aos nossos pacientes. Av. Cristiano Ferreira Varella, 555 Bairro Universitário - Muriaé/MG CEP: 36.880-000 (32) 3729-7000 www.fcv.org.br Esta é uma publicação do Hospital do Câncer de Muriaé Diretor Administrativo: Sérgio Henriques Diretor Técnico Médico: Edson Augusto Prachia Ribeiro CRM-MG 41074 Coordenação: Kátia Moreira Reportagem: Fernanda de Castro P. Oliveira Produção Gráfica: Fernanda de Castro P. Oliveira Colaboração: Moisés Fabris Stefany Ribeiro Tiragem: 34.000 exemplares www.fcv.org.br facebook.com/fundacao.cristianovarella.9 SUMÁRIO CAPA: SETORES QUE RECEBEM DOAÇÕES (Da esquerda para a direita) Serviço Social: Thatiane de Freitas e Ricardo Gonçalves Telemarketing: Ana Carolina Lima e Aroldo Andrade Campanha de Prevenção: Iago Campbel Humanização: Joao Motta Captação de Recursos: Kátia Moreira Casa de Apoio: Sebastiana Ferreira e Claudia Celles Unidade de Alimentação e Nutrição: Bethânia Cabral Suprimentos: Roberta Bastos HUMANIZAÇÃO CAPA 3 4e5 DOAÇÕES 6 TELEMARKETING 7 PALAVRA DO ESPECIALISTA 8 HUMANIZAÇÃO Força de Vontade e Responsabilidade Social na luta contra o câncer Maria Angélica, como milhares de outras mães divorciadas espalhadas por todo o Brasil, se preocupou mais com a criação de seus quatro filhos do que em economizar para uma velhice tranquila. O que a moradora de Visconde do Rio Branco, interior de Minas Gerais, não esperava é que em 2007, aos 49 anos, seria diagnosticada com um tumor no estômago. Passado o choque inicial, Maria Angélica decidiu se tratar em Belo Horizonte com a ajuda de seus filhos e de suas poucas economias. Porém, após poucos meses na capital, preferiu ficar mais perto de casa e pediu ao seu médico para ser encaminhada para o Hospital do Câncer de Muriaé da Fundação Cristiano Varella. O tratamento contra o câncer ainda é muito caro, infelizmente. E ao ver seus filhos tendo dificuldades em ajudá-la e suas economias se esgotando rapidamente, Maria Angélica pensou em desistir do tratamento e começou a faltar às consultas. Ao notar o que estava acontecendo, a médica hematologista do Hospital do Câncer de Muriaé, Dra. Alcione Giraldo Alvarez Gonzalez entrou em contato e pediu uma reunião com a paciente e seus filhos. Foi então que Maria Angélica contou que o dinheiro para o tratamento havia acabado. Dra. Alcione deu a solução que ajudou a salvar a vida de Maria Angélica: encaminhou-a ao Serviço Social da instituição para que avaliassem se ela se enquadrava nas exigências para receber os benefícios oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e pela Fundação Cristiano Varella. Maria Angélica começou a receber as gratuidades oferecidas pelo SUS e pelas milhares de pessoas que doam à Fundação. Graças a essas pessoas, Maria Angélica não teve que pagar nenhuma etapa de seu tratamento realizado no Hospital do Câncer de Muriaé - nem mesmo aquelas não cobertas pelo SUS. Depois disso ela se sensibilizou e se tornou doadora do Telemarketing do Hospital, “ninguém nunca me pediu nada, mas me senti no dever de fazer o que podia pra retribuir tudo que recebi e recebo aqui” diz. Mas, Maria Angélica fez mais! Ao descobrir que as pessoas em tratamento de câncer possuíam direitos muitas vezes desconhecidos, ela percebeu que essas informações precisavam chegar ao maior número possível de pessoas que se encontram na mesma Maria Angélica se trata na instituição desde 2007 situação pela qual ela passou. Assim, em 2011, fundou a Associação de Apoio ao Paciente Oncológico – AAPO, em Visconde do Rio Branco. A AAPO busca, como o próprio nome diz, orientar o paciente na busca pelos seus direitos. Maria Angélica acredita que o trabalho realizado pela Fundação Cristiano Varella é fundamental para salvar a vida e manter a dignidade de milhares de pessoas que se tratam aqui anualmente. Quando estava prestes a terminar o tratamento do tumor no estômago e pensava estar curada, outra má notícia chegou até ela: os médicos descobriram que ela estava com câncer de mama. Mesmo com mais esse obstáculo ela não se deixou abalar: continua sorrindo e lutando contra a doença sem parar seu trabalho social na AAPO. Para Maria Angélica, ajudar ao próximo sempre foi um dever que ela cumpria com prazer, mesmo nas dificuldades E ela jamais permitiu que a doença mudasse isso. Hoje ela segue fazendo suas sessões de radioterapia e, nas horas vagas, organiza palestras e uma série de eventos para incentivar a prevenção e o combate ao câncer. 3 CAPA O Serviço Social e seu incansável trabalho pelos direitos dos pacientes A equipe do Serviço Social do Hospital do Câncer de Muriaé conta, atualmente, com cinco assistentes sociais O Hospital do Câncer de Muriaé da Fundação Cristiano Varella luta para ir além das fronteiras físicas para oferecer assistência de qualidade ao paciente no tratamento e combate ao câncer. Um dos meios para oferecer esse diferencial é através do Serviço Social, que analisa a situação socioeconômica e familiar dos pacientes, define os tipos de acompanhamento social e inclusão nos serviços e benefícios que serão necessários durante o período de tratamento. A equipe de Serviço Social da instituição é composta por cinco assistentes sociais, que classificam as ações em acolhimento e atendimento as demandas espontâneas e encaminhadas, buscando compreender a realidade social dos pacientes e seus familiares através de uma avaliação socioeconômica, que identifica elementos como suporte econômico, composição e vínculos familiares, para garantir que haja alguém que cuide do paciente fora da instituição e redes de apoio, de modo a contribuir para independência desses usuários. As intervenções realizadas pelos assistentes sociais, em muitas situações inclui contato com outros profissionais integrantes da equipe multidisciplinar por meio de encaminhamentos, discussão de casos, elencando prioridades, como forma de identificar as necessidades do paciente 4 e definição de condutas em comum acordo. Os assistentes sociais condensam seus compromissos como meio de compreender a subjetividade coletiva, buscando alternativas para facilitar o acesso de seus usuários aos serviços e benefícios oferecidos pela instituição e até mesmo aqueles disponibilizados pelas redes de apoio dos municípios circunvizinhos, com intuito de garantir que o paciente não seja privado de nenhum de seus direitos, visando a melhor qualidade de vida dos pacientes, tendo como base a Constituição Federal, código de ética profissional, leis especificas, estatutos entre outros, utilizando como material de trabalho a cartilha “Faça valer seus direitos”, produzida pela Associação dos Familiares, Amigos e Portadores de Doenças Graves. Dentre as principais demandas ao assistente social do Hospital do Câncer de Muriaé, estão as avaliações para gratuidade em exames de A cartilha auxilia os assistentes sociais à realizarem seu trabalho CAPA estadiamento, acompanhamento e exames fora da cobertura do Sistema Único de Saúde (SUS). Deste modo, aqueles que encontram dificuldade de acesso junto aos órgãos responsáveis, tem a possibilidade de autorização de exames junto ao Serviço Social. No que se refere as viabilizações de materiais e medicamentos, são direcionados a todos os pacientes conveniados ao SUS e que possuem matrícula oncológica, sendo realizado cadastro e orientações através do Serviço Social, para viabilização de medicamentos padronizados pela instituição. Para realização de empréstimos de perucas todos os pacientes, independente de convênio, têm a oportunidade de participar do programa “Infinito é o Meu Amor por Mim” que tem o objetivo de promover e resgatar a autoestima, contribuindo para melhor qualidade de vida daqueles que estão em tratamento de quimioterapia e casos específicos. As análises para concessão de suplementos nutricionais e cestas básicas são voltadas para aqueles pacientes que foram avaliados como economicamente menos favorecidos ou que têm redes de apoio precárias ou de difícil acesso. Vale destacar o empenho dos profissionais na identificação de referências familiar, conflitos existentes, fragilidade/ rompimento de vínculos, sendo realizada busca ativa e atendimento familiar quando necessário, com objetivo de mobilizar os responsáveis quanto a importância do acompanhamento durante o tratamento e fortalecimento dos laços afetivos. Embora nos deparemos com desafios em casos de pacientes que não possuem retaguarda de familiares, o assistente social tem o comprometimento de acionar o suporte da rede de apoio disponível no município de origem para melhor segurança e qualidade de vida do paciente, servindo de canal de comunicação entre paciente, equipe de saúde e familiares. Neste sentido, se configura um “plantão de emergências”, como o atendimento direcionado ao paciente e família, preenchimento de documentos e fichas cadastrais, emissão de declarações, ofícios e pareceres, realização de reuniões de cunho educativo com acompanhantes sobre normas e rotinas da instituição, grupos de orientações aos pacientes, informações e orientações sobre direitos previdenciários e assistenciais, mediação de conflitos, apoio em casos de transferência hospitalar e exames externos, suporte em casos de óbito e controle e monitoramento de dados. Diante desta realidade, a equipe de Serviço Social do Hospital do Câncer de Muriaé, está sempre reorganizando seu espaço e seus processos de trabalho para manter um atendimento de qualidade e resolutividade às demandas direcionadas ao serviço. Nesse campo a atuação do assistente social é importantíssima, e acreditamos no compromisso diante das diversas expressões sociais e participamos ativamente na luta pela garantia e ampliação dos direitos de todos os pacientes que são atendidos pela instituição. Foto de arquivo da inauguração do Banco de Perucas em Março de 2015 5 DOAÇÃO Com um pouco a gente faz um todo Com objetivo de contribuir na arrecadação de doações para manutenção do Hospital do Câncer de Muriaé – Fundação Cristiano Varella, o setor de Captação e Marketing apresentou, neste Informe, a equipe responsável pelo recebimento dos produtos. Doar é a demonstração de dedicação a uma causa ou pessoa, ofertando gratuitamente alguma coisa sem expectativa de receber algo em troca. É por meio de doações que o Hospital do Câncer de Muriaé incentiva ações de solidariedade, cooperação, fraternidade e voluntariado, fortalecendo valores de cidadania e de responsabilidade social. Realizando uma média de 37 mil procedimentos por mês e produzindo aproximadamente 46 mil refeições mensais, a instituição relacionou uma lista de diversos tipos de itens que podem ser recebidos através de gratuidade. DOAÇÃO Serviço de Telemarketing da Fundação Cristiano Varella O Hospital do Câncer de Muriaé da Fundação Cristiano Varella é uma instituição filantrópica e, por isso, contamos com a colaboração de todos para manter a qualidade que já vem sendo esperada de nosso trabalho. Pensando nisso, 35 colaboradoras se dedicam diariamente no setor de Telemarketing da FCV entrando em contato para mostrar nosso trabalho e pedir ajuda para prosseguirmos. Quando as meninas do Telemarketing fazem uma ligação, não é apenas uma ligação telefônica. É uma ligação de esperança, de solidariedade. Cada pessoa que decide doar para a Fundação Cristiano Varella está fazendo a diferença na vida das milhares de pessoas que entram por nossas portas anualmente. Veja ao lado o que nós pudemos fazer com a ajuda dos 30 mil doadores que acreditaram no nosso trabalho em 2014. EM 2014 NÓS TIVEMOS: Doadores do Telemarketing: 29.483 Atendimentos realizados: 9.162 Pacientes beneficiados: 3.909 Gratuidade em exames gerais: 1.682 Gratuidade em exames de prevenção ao câncer de próstata: 6.872 Viabilização de materiais e medicamentos: 1.671 Entrega de Cestas Básicas: 156 COM A SUA AJUDA PODEMOS FAZER 2015 AINDA MELHOR! PALAVRA DO ESPECIALISTA A Evolução da Cirurgia Oncológica: arte, ciência e tecnologia Dr. Edson Augusto Pracchia Ribeiro - CRM-MG- 41074 Diretor Médico Técnico e Cirurgião Oncologista do Hospital do Câncer de Muriaé A evolução da cirurgia oncológica se confunde com o próprio desenvolvimento da cirurgia geral. Na medicina primitiva, os cirurgiões eram vistos como uma mistura de mágicos, intuitivos, feiticeiros e até de deuses. Mas foi em 1809, nos Estados Unidos que o médico Efraim McDowell com um ato heroico e corajoso, ainda sem conhecimentos de anestesia e assepsia, realiza uma cirurgia para retirada de um tumor de ovário da paciente Jane Crawford que viveu 33 anos após a cirurgia. Assim se inicia a era da cirurgia moderna nasce nesse momento como uma cirurgia oncológica para ressecção de um tumor. Mas, podemos dizer que a cirurgia oncológica nasce como especialidade há pouco mais de 200 anos, na Escola de Medicina Johns Hopkins, através dos estudos do célebre cirurgião e professor, um dos gênios da medicina e considerado o pai da cirurgia oncológica, William S. Halsted que pela primeira vez introduziu o conceito da cirurgia oncológica curativa da ressecção em bloco, que consiste na ressecção do tumor com margens adequadas de segurança de tecido normal e o máximo possível de drenagem linfática regional. Mesmo com toda a evolução na quimioterapia e na radioterapia, sabemos que na maioria das vezes a única chance da cura de um paciente com um tumor sólido está nas mãos de um cirurgião com experiência e conhecimento em oncologia, sendo a primeira cirurgia a melhor, ou talvez a única, chance de cura do paciente. Vários estudos mostram que quanto mais especializada e mais experiência tem a equipe, melhores resultados são alcançados com menos complicações pós operatórias e maiores taxas de sobrevivência. Outro grande avanço, foi a videolaparoscopia 8 que surge no final da década de 80, nessa técnica, também chamada de cirurgia minimamente invasiva, a via de acesso é feita por pequenas incisões para a colocação de uma endocâmera no abdômen e de instrumental cirurgico. Nas ultimas décadas, as indústrias de biotecnologia com grandes investimentos, evoluíram de forma rápida e progressiva os instrumentais cirúrgicos, e ao mesmo tempo, os cirurgiões foram se tornando cada vez mais hábeis na realização dessa técnica. Essa soma de fatores possibilitou a realização de cirurgias cada vez mais complexas, como as cirurgias oncológicas. Mas, foi só a partir dos anos 2000, que a videolaparoscopia entra de forma definitiva como uma modalidade de tratamento cirúrgico para o câncer, atualmente, podemos dizer que a cirurgia oncológica videolaparoscopica faz parte do arsenal terapêutico do cirurgião oncologista com resultados melhores ou similares ao da cirurgia aberta. Enfim, a cirurgia está em franco desenvolvimento, tal como o conhecimento, não para de evoluir, a videolaparoscopia a cada dia nos traz uma novidade e evolui numa velocidade cada vez maior, a cirurgia robótica nos abre um novo horizonte onde nem podemos imaginar onde poderemos chegar. Mas, mesmo com toda essa tecnologia não devemos nunca nos esquecer que a cirurgia é ciência, é arte e tecnologia, mas é acima de tudo um ato humano que sempre deve vir carregado de humildade, compaixão e muito respeito ao próximo. São sentimentos e emoções que passamos para nossos pacientes, as vezes com um simples toque ou olhar, e que funcionam como remédio para nossas almas e espíritos. Esses e nenhum outro sentimento, nenhuma máquina, nunca poderá ofertar, por isso nós, cirurgiões, devemos antes de tudo entender de gente e respeitar nossos pacientes como seres humanos considerando toda sua dimensão.