PORTO ALEGRE, SEXTA-FEIRA, 16 DE SETEMBRO DE 2016 EDITOR: DANIEL FEIX [email protected] (51) 3218-4390 Se minha Brasília falasse MUSICAL REFAZ TRAJETÓRIA do Mamonas Assassinas, fenômeno de popularidade interrompido por um acidente há 20 anos GUSTAVO BRIGATTI [email protected] L HUMOR ESCRACHADO GENUINAMENTE BRASILEIRO O modelo de espetáculo utilizado é o da mistura de números musicais com encenações de passagens da carreira da banda e da vida deles. No palco, músicos executam ao vivo algumas das canções mais emblemáticas do grupo, além de paródias das próprias composições e de standards da música pop mundial, como New York, New York. Parte do atrativo de O musical Mamonas é também apresentar a banda para uma geração que sequer era nascida quando o grupo testava os limites do bom gosto e da liberdade de expressão no Brasil pós-democratização. Um país que ainda não via muitos problemas em, num programa de auditório dominical, cobrir mulheres nuas com sushi – ou cantar FOTOS CARLOS COSTA, DIVULGAÇÃO etras com referências a zoofilia, orgias e drogas, muitos palavrões e piadas com nordestinos, mulheres e homossexuais. Ah, e uma capa sexista. Nos dias de hoje, é bem pouco provável que uma banda como Mamonas Assassinas se criasse. Mas não em 1995. Naquele ano, o quinteto de Garulhos (SP) se consolidou como um dos maiores fenômenos do entretenimento brasileiro, com um disco que vendeu mais de três milhões de cópias, colocou quase todas as canções nas rádios e fez de seus autores figuras onipresentes na televisão. Depois de livros, especiais de TV e um filme, é a vez de O musical Mamonas resgatar um pouco desta história. Com texto de Walter Daguerre e direção de José Possi Neto, o espetáculo chega a Porto Alegre neste sábado, em única apresentação no Teatro do Sesi. A ideia, segundo o diretor, é utilizar o humor característico do grupo e focar no que a trajetória de Dinho, Bento, Samuel, Júlio e Sérgio tinha de mais solar. – Buscamos retratar o encontro desses cinco jovens de origem pobre, suas personalidades, criatividade e visões de mundo para a construção de uma carreira pautada por alegria, irreverência e imenso espírito crítico – diz Possi, em entrevista por e-mail. – Namoradas, família, fofocas e a tragédia final não foram nosso foco. que “neste raio de suruba, já me passaram a mão na bunda, e ainda não comi ninguém”, refrão da música O vira, um dos sucessos do grupo. – Consegui falar com uma plateia muito jovem, com a qual me interessava em me conectar – conta Possi, para quem o humor do grupo precisa ser contextualizado. – Eles têm um humor genuinamente brasileiro, cáustico. Essa coisa do escrachado, de assumir o errado e a brincadeira, isso fez com que o povo se identificasse com eles. Vinte anos depois do acidente aéreo que encerrou a carreira da banda, em março de 1996, pouco sobrou do legado musical do grupo. Bandas como Virguloides, Fincabaute e Pino Solto tentaram ocupar a lacuna deixada pelos Mamonas Assassinas, todos com pouco êxito. Mesmo assim, para Possi, o quinteto de Guarulhos continua vivo no imaginário coletivo: – Os Mamonas são herdeiros de Oscarito e Grande Otelo, de Zé Trindade, de Dercy, do Velho Guerreiro, dos Trapalhões. Nós ficamos quatro meses em São Paulo em cartaz e tínhamos uma plateia que reunia as mais variadas classes sociais e idades. Eles são eternos. Espetáculo recria elementos da iconografia da banda, como a brasília amarela e as fantasias usadas no palco O MUSICAL MAMONAS ASSISTA AGORA A trechos do espetáculo O musical Mamonas em zhora.co/musicalmamonas Amanhã, às 21h. Duração: 150 minutos. Classificação: 12 anos. Teatro do Sesi (Assis Brasil, 8.787). O espetáculo: a história do grupo Mamonas Assassinas é contada por meio da encenação de trechos da vida de seus integrantes e números musicais. Ingressos: R$ 150 (plateia baixa), R$ 120 (plateia alta), R$ 80 (mezanino com visão parcial) e R$ 50 (mezanino). Desconto de 50% para estudantes, idosos, jovens com até 15 anos, pessoas com deficiência e aposentados. Pontos de venda sem taxa: bilheteria do Teatro do Bourbon Country (Túlio de Rose, 80) e bilheteria do Auditório Araújo Vianna. Pontos de venda com taxa: Bourbon Shopping Novo Hamburgo, Rua Coberta do Campus II da Universidade Feevale, pelo site www.ingressorapido.com.br e call center 4003-1212.