18/04/12 Novelas brasileiras passam imagem de país branco, critica escritora moçambicana | Agência Brasil A+ A- Pesquisar... C idadania Economia Últimas Notícias Educação Justiça Galeria de Imagens Meio ambiente Arquivo de notícias Internacional Política Reportagens Especiais Saúde Nacional Esporte The News in English C ultura Ouvidoria Expediente Pesquisa e Inovação Novelas brasileiras passam imagem de país branco, critica escritora moçambicana ÚLTIMAS NOTÍCIAS 14h34 Internacional 17/04/2012 - 15h35 Cultura Vulcão mexicano espalha cinzas, vapor e rochas incandescentes 14h27 Cultura, Educação Alex Rodrigues Repórter da Agência Brasil Professoras do DF buscam estimular o gosto pela leitura com espetáculos teatrais Brasília - "Temos medo do Brasil." Foi com um desabafo inesperado que a romancista moçambicana Paulina Chiziane chamou a atenção do público do seminário A Literatura Africana Contemporânea, que integra a programação da 1ª Bienal do Livro e da Leitura, em Brasília (DF). Ela se referia aos efeitos da presença, em Moçambique, de igrejas e templos brasileiros e de produtos culturais como as telenovelas que transmitem, na opinião dela, uma falsa imagem do país. 14h23 Economia Gerdau defende reforma tributária e investimentos em educação e logística para o Brasil ser competitivo 14h09 Esporte, Política "Para nós, moçambicanos, a imagem do Brasil é a de um país branco ou, no máximo, mestiço. O único negro brasileiro bem-sucedido que reconhecemos como tal é o Pelé. Nas telenovelas, que são as responsáveis por definir a imagem que temos do Brasil, só vemos negros como carregadores ou como empregados domésticos. No topo [da representação social] estão os brancos. Esta é a imagem que o Brasil está vendendo ao mundo", criticou a autora, destacando que essas representações contribuem para perpetuar as desigualdades raciais e sociais existentes em seu país. "De tanto ver nas novelas o branco mandando e o negro varrendo e carregando, o moçambicano passa a ver tal situação como aparentemente normal", sustenta Paulina, apontando para a mesma organização social em seu país. A presença de igrejas brasileiras em território moçambicano também tem impactos negativos na cultura do país, na avaliação da escritora. "Quando uma ou várias igrejas chegam e nos dizem que nossa maneira de crer não é correta, que a melhor crença é a que elas trazem, isso significa destruir uma identidade cultural. Não há o respeito às crenças locais. Na cultura africana, um curandeiro é não apenas o médico tradicional, mas também o detentor de parte da história e da cultura popular", detacou Paulina, criticando os governos dos dois países que permitem a intervenção dessas instituições. Primeira mulher a publicar um livro em Moçambique, Paulina procura fugir de estereótipos em sua obra, principalmente, os que limitam a mulher ao papel de dependente, incapaz de pensar por si só, condicionada a apenas servir. "Gosto muito dos poetas de meu país, mas nunca encontrei na literatura que os homens escrevem o perfil de uma mulher inteira. É sempre a boca, as pernas, um único aspecto. Nunca a sabedoria infinita que provém das mulheres", disse Paulina, lembrando que, até a colonização europeia, cabia às mulheres desempenhar a função narrativa e de transmitir o conhecimento. "Antes do colonialismo, a arte e a literatura eram femininas. Cabia às mulheres contar as histórias e, assim, socializar as crianças. Com o sistema colonial e o emprego do sistema de educação imperial, os homens passam a aprender a escrever e a contar as histórias. Por isso mesmo, ainda hoje, em Moçambique, há poucas mulheres escritoras", disse Paulina. Líder do governo vai pedir urgência para votação da Lei Geral da Copa no Senado 14h05 Economia Saída de dólares supera entrada em US$ 799 milhões neste mês, até dia 13 NOTÍCIAS DO MESMO DIA 23h10 Nacional Polícia Militar do DF vai ter que refazer inquérito que apura denúncias contra PMs 22h11 Nacional Câmara aprova MP sobre isenção de impostos para trigo e pão 21h54 Política Líderes protocolam requerimento para criação de CPMI 21h38 Nacional Belo Monte: negociações avançam, mas proposta final aos trabalhadores só será apresentada amanhã "Mesmo independentes [a partir de 1975], passamos a escrever a partir da educação europeia que havíamos recebido, levando os estereótipos e preconceitos que nos foram transmitidos. A sabedoria africana propriamente dita, a que é conhecida pelas mulheres, continua excluída. Isso para não dizer que mais da metade da população moçambicana não fala português e poucos são os autores que escrevem em outras línguas moçambicanas", disse Paulina. Durante a bienal, foi relançado o livro Niketche, uma história de poligamia, de autoria da escritora moçambicana. Edição: Lílian Beraldo Bienal do Livro e da Leitura Cultura Moçambique brasil literatura literatura africana literatura contemporânea livros telenovelas » Leia também: …ebc.com.br/…/novelas-brasileiras-passam-imagem-de-pais-branco-critica-escritora-mocambicana 1/2