Zooprofilaxia A zooprofilaxia, ou seja, o recurso de se lançar mão de um ser animado a fim de que o mesmo sirva de escudo protetor contra a agressão de um outro dotado de maior patogenicidade, não é novidade em medicina preventiva. São numerosos os exemplos desta natureza. O .mais clássico e conhecido é o da inoculação do virus vacinico, a fim de despertar no indivíduo a formação de anticorpos protetores- contra a varíola. Aind? no setor vlrológico merece citação o chamado fenomeno da interferencia. Graças, a ele, certos vírus ao penetrarem no interior da célula, a tornam impermeável à penetração de outros agentes virais. Assim, Hoskins mostrou que a Inoculação intraperitoneal em macacos da variante neurotrópica apatogenica do víçy^rus causador da febre ama»rela protege esses animais Nícontra a infecção experiineii2?tal com vírus viscerotrópico _.dessa mesma virose e que -possui patogenicidade acen^tuada. tD. o, recurso de lançar mão de Inimigos mortais a fim de combater^ agentes nocivos também pode ser considerado processo zooprofilático. Procurou-se, por exemplo, incrementar a criação de tilápias, a fim de promover a destrnição do caramujo, hospedeiro intermediário do Schistosomamansoni. Provouse mais tarde que, após uma queda inicial pronunciada da fauna malacológica, há o estabelecimento de um “'modus vivendi” entre o agressor e o agredido, deixando a tilápia de cumprir o seu papel destruidor. Há dias, essa folha divul-% gou um' comunicado do prof. Samuel Pessoa, onde esse mestre, com base nas observações realizadas na Sardenha e na Sicilia (Itália), recomenda que se faça uma experimentação de zooprofilaxia contra o SchistoBomamansoni em uma pequena comunidade, recorrendo-se a um verme do mesmo genero — Schistosoma bovis. Verificou-se que nas regiões citadas existem tanto o Schistosoma haematobium, parasita humano, como o Schistosoma bovis, parasita de animais, e que, Burpreendentemente, são ex* cepcionais os casos de iiarasitose pelo Schistosoma haematobium. Seria como que a espécie bovis impedisse ó parasitismo humano pelo haematobium. E, acentua o referido professor, naquelas regiões' existem os hospedeiros intermediários de ambos os Schistosomas. O Schistosoma bovis foi descrito, pela primeira vez, no Egito, onde parasita o sistema vascular porto-mesenterial do gado vacum, caprino 6 equino. Além do Egito, sua presença foi assinalada no Sudoeste europeu, Israel, África 6 Iraque. Em nosso . país, ele não foi enc.ontra/ do. O seu hospedeiro intermediário é o caramujo “Bulinus truncatus”. Segundo Pessoa, no corpo humano, esse verme nunca atinge a forma adulta; entretanto, desejamos chamar a atenção para o fato 'de que em regiões de alta endemicidade desse parasita, como no Sul da África, na Rodésia e no Congo, já foram encontrados, em casos esporádicos e carentes de melhor comprovação, ovos de Schistosoma bovis na urina e fezes humanas. (Paust 6 Russell, 7.a edição (1964) pág. 564). Desconhecemos o modo de vida desse verme no organismo humano. Parasitismo? Ou simples comensal? E, em que pese a,autoridade do prof. Pessoa, confessamos nosso cepticismo no processo profilático em tela. Contudo, desde que se prove sua inocuidade, e dada a extensão da esquistossomose mansoni em nosso meio, seria mais uma tentativa a ser levada em consideração.