Atualização em Terapêutica Dermatológica 1 Ácido Tricloroacético Eficácia, simplicidade e baixo custo no tratamento do Xanthelasma palpebrarum1. O tratamento com ATA 70% é um método simples e eficaz na redução do xantelasma palpebral, apresentando resultados cosméticos satisfatórios e alta aceitabilidade pelos pacientes2. As diferentes concentrações de ATA apresentam-se eficazes, sendo que a concentração utilizada deve ser de acordo com o tipo de xantelasma apresentado pelo paciente3. Estudos & Atualidades 2 Estudo avalia a eficácia do ácido tricloroacético (ATA) 95% no tratamento do Xanthelasma palpebrarum1. Neste estudo 102 pacientes com xantelasma foram submetidos ao seguinte protocolo de tratamento: 1º passo Anestesia local com infiltração de lignocaína 2% 2º passo Aplicação de ATA 95% em finas camadas até a lesão ficar esbranquiçada e aparecer o frost branco. 3º passo Pomada de cloranfenicol Aplicar quatro vezes ao dia durante duas semanas. Os pacientes foram informados que poderiam sofrer desconforto inicial nas primeiras 24-48 horas e que as áreas tratadas poderiam apresentar-se vermelhas e ulcerativas por até duas semanas após o tratamento. Resultados: O tratamento com ATA 95% foi eficaz no xantelasma em 61% dos pacientes; A recidiva é um problema comum no xantelasma, independentemente do tratamento que foi utilizado; A alta taxa de recorrência destas lesões deve ser observada e acompanhada para que novas aplicações sejam realizadas, caso seja necessário; O mecanismo de ação do ATA envolve a precipitação e coagulação das proteínas e também a dissolução dos lipídios. Paciente masculino com Xanthelasma palpebrarum em todas as 4 pálpebras. (a) Antes do tratamento; (b) Imediatamente após a aplicação de ATA 95% (Observe o efeito branco nas lesões); (c) Três meses após o tratamento, com resultado muito bom. A aplicação de ATA 95% apresenta sucesso no tratamento de 61% dos pacientes que apresentavam xantelasma. Apresenta fácil aplicação e baixo custo, entretanto, requer múltiplas aplicações para resolução total, cabendo ao dermatologista instruir o paciente desde o início para que a eficácia e satisfação seja alcançada 1. Propostas Terapêuticas Solução de ácido tricloroacético 95% (30ml)1 Ácido tricloroacético....................................44,53g Água qsp........................................................4,95g Aplicar nos locais afetados e reaplicar até a formação do frost. USO EM CONSULTÓRIO. Pomada de cloranfenicol1 Cloranfenicol…...................................................2% Pomada base qsp ............................................20g Aplicar nos locais afetados quatro vezes ao dia durante duas semanas. *Prevenção de infecções oculares superficiais. Estudos & Atualidades 3 Estudo avalia a eficácia do ácido tricloroacético (ATA) 70% no tratamento do Xantelasma palpebral2. Neste estudo, 24 pacientes, idade entre 28 e 71 anos, apresentando xantelasma palpebral, com até um terço da área palpebral afetada, receberam o seguinte tratamento: 1º passo Anestesia local Pingar uma gota de tetracaína 1% e aplicar de forma subcutaneamente a lidocaína 2º passo Aplicação de ATA 70% em finas camadas em cada lesão por um minuto. 3º passo Pomada de cloranfenicol, metionina, aminoácidos e vitamina A Aplicar três vezes ao dia por uma semana. Os pacientes foram fotografados no início do tratamento e após três meses de aplicação do ATA 70% para mensurar o sucesso da aplicação deste sobre o xantelasma palpebral. Resultados: A média de aplicações de ATA 70% até cura das lesões variou entre uma e quatro sessões; A B C D E F Todos os pacientes que fizeram parte do estudo relataram satisfação após tratamento com ATA 70%; A reação adversa mais comum observada foi a hipopigmentação no local da aplicação. Esta reação foi observada em 33% dos pacientes. Porcentagem (%) Porcentagem de pacientes que apresentaram melhora do xantelasma palpebral após tratamento com ácido tricloroacético 70%2. 50 40 45,8 33,3 30 20 20,8 10 0 Excelente Bom Satisfatório O tratamento com ATA 70% é um método simples e eficaz na redução do xantelasma palpebral, apresentando resultados cosméticos satisfatórios e alta aceitabilidade pelos pacientes2. Fotografias dos pacientes após aplicação do ácido tricloroacético 70%. A, C, E (antes da aplicação de ATA); B, D, F (após aplicação de ATA). B=resultado excelente; D=bom resultado; F=resultado aceitável. Propostas Terapêuticas Ácido tricloroacético 70% (30ml)2 Ácido tricloroacético....................................29,17g Água destilada...............................................12,5g Aplicar nos locais afetados por um minuto e reaplicar até a formação do frost. USO EM CONSULTÓRIO. Pomada após aplicação de ATA2 Vitamina A..............................................10000UI/g Arginina......................................................25mg/g Metionina......................................................5mg/g Cloranfenicol.................................................5mg/g Pomada base qsp..............................................10g Aplicar três vezes ao dia nos locais afetados por uma semana. *Proteção epitelial e regeneração do tecido ocular lesionado. Estudos & Atualidades 4 Estudo randomizado avalia o efeito de três diferentes concentrações de ácido tricloroacético no tratamento do xantelasma palpebral3. Neste estudo, 51 pacientes foram randomizados após a caracterização de seus xantelasmas em pápulo-nodular, placas planas ou lesões maculares e submetidos ao seguinte protocolo de tratamento: Grupo 1 ATA 100% Grupo 2 ATA 70% Grupo 3 ATA 50% Resultados: O tratamento com ATA 100% proporcionou os melhores resultados nas lesões pápulo-pustulares; ATA 100% ou 70% demonstraram resultados similares no tratamento do xantelasma de placas planas; O tratamento com ATA 50% é a concentração de ácido tricloroacético suficiente para o tratamento de lesões maculares. ATA, nas diferentes concentrações avaliadas, apresenta-se eficaz no tratamento do xantelasma palpebral, cabendo ao dermatologista, ao manipular, utilizar a melhor concentração de acordo com o tipo de xantelasma apresentado pelo paciente. A hipopigmentação é o efeito colateral mais comum, seguida de hiperpigmentação, o que justifica o acompanhamento e utilização de outros agentes tópicos para a resolução destes problemas3. Diversos estudos destacam a importância da avaliação do perfil lipídico dos pacientes. Em muitos casos os níveis elevados de colesterol total, LDL e triglicerídeos apresentam-se como fatores etiológicos. A utilização de fármacos específicos via oral, como as estatinas, apresenta-se como alternativa à regressão do xantelasma palpebral4. Propostas Terapêuticas 3 Solução de ácido tricloroacético 50% Ácido tricloroacético....................................18,75g Água.............................................................18,75g Mande 30ml, de acordo com tabela massa de ATA e de água em função do volume prescrito. Aplicar nos locais afetados e reaplicar até a formação do frost. USO EM CONSULTÓRIO. Xantelasma palpebral é o xantoma cutâneo mais comumente encontrado. O xantoma apresenta-se como placas bilaterais, simétricas, macias e aveludadas sobre as pálpebras, sendo os sítios mais comuns a pálpebra superior e canto medial. Histologicamente é composta por histócitos espumosos 5. TIPOS DE ESTATINAS4,6 DOSE Pravastatina 10-80mg/dia Fluvastatina 20-80mg/dia Rosuvastatina 5-40mg/dia Lovastatina 20-80mg/dia Sinvastatina 10-80mg/dia Atorvastatina 10-80mg/dia Propriedades 5 Ácido tricloroacético (ATA)8 Xantelasma palpebral7 O xantelasma palpebral ocorre frequentemente na pele, no canto medial superior ou inferior da pálpebra, e provoca uma elevação da gordura. Microscopicamente, as lesões xantomatosas caracterizamse por: Acúmulo dérmico de histiócitos, de aspecto benigno, contendo citoplasma abundante e finamente vacuolado (espumoso); Colesterol (livre e esterificado), fosfolipídeos e triglicerídeos estão presentes no interior da célula. A celularidade do infiltrado é variável; normalmente, as lesões xantomatosas não estão circundadas por células inflamatórias e fibrose próxima à zona central de células carregadas de lipídios. As células xantomatosas gigantes multinucleadas são chamadas de células gigantes de Touton e são irregularmente distribuídas na mesma camada. O ATA é uma agente que promove a desnaturação proteica, clinicamente evidenciada pela formação do frosting (branqueamento) e alteração do turgor cutâneo. Esses dois elementos servem como parâmetros clínicos na avaliação da profundidade do peeling de ATA. Quanto a intensidade do frosting: Superficial ou epidérmico – eritema difuso com branqueamento leve; Médio ou derme superficial – branqueamento moderado e uniforme; Profundo – branqueamento intenso e uniforme é indicativo de penetração até a transição da derme papilar-reticular. Um frosting amarelo-acizentado indica penetração na derme reticular. Existe um lapso de tempo entre a aplicação do ácido e o desenvolvimento do frosting. Quanto maior for a concentração do ácido – menor será o lapso de tempo. Isto é um fato importante a ser observado com a solução de ATA, pois a reaplicação inadvertida causará um aprofundamento do ácido. (a) (b) Xantelasma palpebral antes (a) e após (b) tratamento com ATA Literatura Consultada 1. 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