GRUPO DE ORAÇÃO, HOSPITAL DE CAMPANHA Caríssimos

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GRUPO DE ORAÇÃO, HOSPITAL DE CAMPANHA
Caríssimos irmãos e irmãs, graça e paz!
Nesta nossa reflexão gostaria de tratar do projeto de Deus para nossos Grupos de
Oração. Sabemos que o Grupo de Oração é uma importante estratégia de Deus para a
evangelização e a renovação do mundo de hoje. Por isso, é preciso investir e cuidar de nossos
Grupos de Oração. É preciso resgatar, guardar e propagar a genuína Identidade da RCC em
todos os nossos Grupos.
Sabemos também que o Grupo de Oração é a célula fundamental da Renovação
Carismática Católica e tudo o que ela faz é em função dele. O Grupo de Oração é a Renovação
em movimento a cada dia, a cada semana... É o coração pulsante da RCC. É o que torna a
Renovação viva e eficaz. É em seus Grupos de Oração que a RCC mostra a sua vitalidade e não
simplesmente nos grandes eventos. Se alguém quiser ver “o rosto” da RCC, conheça um Grupo
de Oração. Portanto, não é demais dizer que todo o Plano de Deus para o mundo através da
RCC passa, necessariamente, pelos seus Grupos de Oração.
Neste sentido, como enxergar nossos Grupos de Oração?
Grupo de Oração como memória a atualização do Cenáculo de Jerusalém
Nossos Grupos de Oração precisam ser vistos como memória e atualização do
Cenáculo de Jerusalém! Não tenho dúvidas de que quando Deus planejou a Renovação
Carismática Católica, pensou em Grupos de Oração que fossem os cenáculos de Jerusalém dos
dias de hoje espalhados por todo o mundo; pessoas retornando ao cenáculo para serem
amadas por Deus, para rezar com os irmãos, para juntos pedirem e aguardarem o
cumprimento da promessa. É exatamente isso o que são nossos Grupos de Oração: os
cenáculos dos dias de hoje.
O Grupo de Oração é, por assim dizer, o lugar da expectativa e ao mesmo tempo, do
cumprimento da promessa. Deus tem uma promessa que se cumpre de forma contínua até a
volta de Jesus: “derramarei meu Espírito sobre todo ser vivo” (Joel 3); “eu vos enviarei o
Paráclito” (Jo. 15); “descerá sobre vós o ES e vos dará força (At. 1,8); “Pois a promessa é para
vós, para vossos filhos e para todos os que ouvirem de longe o apelo do Senhor, nosso Deus.
(At. 2, 39)
Grupo de Oração como Hospital de Campanha
O Papa Francisco tem chamado todos os setores da Igreja a serem verdadeiros
hospitais de campanha... O que é um hospital de campanha? É uma estrutura médica
provisória com tecnologia avançada, instalada sempre após uma batalha, sempre próxima ao
campo de batalha, para atender os feridos em combate. Não tenho dúvidas de que o leitor já
entendeu tudo...
Algumas características essenciais do Hospital de Campanha:
1) INSTALAÇÃO PROVISÓRIA QUE ANTECIPA O CÉU. LUGAR ONDE SE EXPERIMENTA O
REFRIGÉRIO DO CÉU, AINDA QUE PRÓXIMO AO CAMPO DE BATALHA
O grupo de Oração é o lugar do refrigério, porquanto é o lugar de encontro pessoal
com Deus. É o lugar do anúncio da Boa Notícia: “Deus ama você!” Nesse sentido, o Grupo de
Oração é uma comunidade que reflete o Rosto misericordioso de Cristo, é luz para os povos, é
um centro de irradiação do amor. Conduz ao resgate das almas para Deus, à verdadeira
conversão, à santidade.
O grupo de Oração é lugar onde se aponta para Deus, levando as pessoas a louvá-Lo,
pois o louvor reconhece que Deus é Deus. Gera em nós humildade, pequenez de coração, levanos a reconhecer a majestade e soberania de Deus. O Catecismo da Igreja no n.º 2639 diz-nos
que “Canta-o pelo que Ele mesmo é, dá-lhe glória, mais do que pelo que Ele faz, por aquilo que
Ele É.” Quando louvamos a Deus abrimo-nos à Sua ação prodigiosa, abrimo-nos ao
sobrenatural, ao Poder divino. Reconhecemos que Ele é tudo, que Ele pode tudo, que Ele tem
o controle de tudo, que Ele é o Salvador. Tal reconhecimento cria ambiente propício para que
as curas, milagres e prodígios aconteçam.
O louvor põe Jesus no centro de nossas vidas, de nossa história, de nosso ser. Gera em
nós alegria interior, satisfação espiritual e afasta o abatimento, a murmuração. Mostramos
para o problema o tamanho do nosso Deus. O louvor é a porta de entrada para adoradores em
espírito e verdade. Leva-nos à tenda, faz a Shekináh (nuvem de Glória) descer sobre nós.
O louvor desarma o inimigo, pois nos leva a reconhecer que Deus é Todo-Poderoso,
leva-nos a proclamar para o mundo espiritual que Deus é vitorioso sobre todas as situações; o
louvor derruba muralhas, a exemplo de Josué e o Povo de Deus em Jericó (cf. Jos. 6,1).
2) LUGAR DE ACOLHIMENTO, DE ACONCHEGO, DE SEGURANÇA EM MEIO À BATALHA –
OÁSIS DE MISERICÓRDIA
O Grupo de Oração recebe todos os tipos de feridos. Um padre amigo costuma dizer:
“A RCC precisa querer aqueles que ninguém quer...” É verdade! O Grupo de Oração deve ser
oásis de misericórdia em meio ao deserto que é o mundo, deve ser uma comunidade que
testemunha o verdadeiro amor, perdão, verdade, fidelidade.
Os servos dos Grupos de Oração precisam Fazerem-se fracos com os fracos, fazerem-se
tudo para todos, a fim de alcançar a todos... (cf. I Cor. 9,22). Os Grupos de Oração devem
crescer no Espírito a ponto de cativar a simpatia de todo o povo. (At. 2,47)
3) LUGAR DE TRATAMENTO INTENSIVO ÀS FERIDAS DA ALMA (RECEBE TODOS OS TIPOS DE
FERIDOS, DAÍ A NECESSIDADE DE FERRAMENTAS FUNCIONAIS – OS CARISMAS – E UMA
FORMAÇÃO SÓLIDA, SISTEMÁTICA E ABRANGENTE)
Uma característica fundamental do Hospital de Campanha é que ele possui tecnologia
avançada, hábil a enfrentar as mais adversas situações com maestria e eficácia. Ora, nossas
Grupos de Oração também precisam ter essa “tecnologia avançada”, isto é,
ferramentas/carismas funcionais, formação sólida, sistemática e abrangente.
Acerca dos carismas o Cardeal Joseph Ratzinger, hoje Papa Emérito Bento XVI, se
expressou assim numa entrevista concedida em 1985, tornada livro A Fé em Crise:
O que traz muita esperança a toda a igreja universal – mesmo no meio da crise que a
Igreja atravessa no mundo ocidental – é o surgimento de novos movimentos que ninguém
planejou e que ninguém trouxe, mas que simplesmente emergem da vitalidade interna da fé. O
que está se tornando aparente nesses movimentos é algo muito similar a um tempo
Pentecostal na Igreja. No coração de um mundo dessecado pelo ceticismo racionalista, uma
nova experiência do Espírito Santo surgiu, tornando-se um movimento mundial de renovação.
O que o Novo Testamento descreve com referência aos carismas, como sinais visíveis da
vinda do Espírito, não são mais coisas antigas ou história passada – esta história está se
tornando uma realidade queimando em nós hoje.
Já o Decreto Conciliar Apostolicam Actuositatem, em seu número 3 assim prescreve:
O Espírito Santo - que opera a santificação do Povo de Deus por meio do ministério e
dos sacramentos - concede também aos fiéis, para exercerem este apostolado, dons
particulares, ‘distribuindo-os por cada um conforme lhe apraz’, a fim de que ‘cada um ponha
ao serviço dos outros a graça que recebeu’ e todos atuem como ‘bons administradores da
multiforme graça de Deus’, para a edificação, no amor, do corpo todo. A recepção destes
carismas, mesmo dos mais simples, confere a cada um dos fiéis o direito e o dever de exercê-los
na Igreja e no mundo, para bem dos homens e edificação da Igreja, na liberdade do Espírito
Santo, que sopra onde quer. (Apostolicam Actuositatem, n. 3).
Portanto, carismas do Espírito são ferramentas sobrenaturais de missão, aptas a
responder eficazmente aos desafios do mundo hodierno.
Ainda acerca desta “tecnologia avançada”, há que se repisar a necessidade de
formação adequada para os primeiros socorros, preparação para atender a diversas situações,
com competência no Espírito. Afinal de contas “A graça supõe a natureza”. Nesse sentido o
Sagrado Concílio Vaticano II também nos socorre em seu Decreto Ad Gentes:
Todos os missionários, cada um seja preparado e formado de acordo com a sua
condição, para se acharem à altura das exigências do trabalho futuro. (Ad Gentes 26)
4) LUGAR ONDE SE APLICA O REMÉDIO ACERTADO PARA NÃO HAVER ÓBITO
O remédio para as chagas de morte que o mundo proporciona é o poderoso Batismo
no Espírito Santo! O desejo de Deus é sempre derramar o seu Espírito sobre nós. O Espírito
Santo é o amor e Deus só sabe nos amar. Por isso tem prazer em derramar sobre nós o Espírito
Santo. Faz-nos essa Promessa de derramamento em inúmeras passagens bíblicas (Joel 3, 1-3
 derramamento sobre todo ser vivo; Is. 44, 3  derramamento do Espírito sobre o solo
sequioso, derramamento sobre a posteridade; Ez. 36,25  derramamento do Espírito para nos
purificar de nossas imundícies; At. 1, 4-5  ordenou aos discípulos que não se afastassem de
Jerusalém, mas que aguardassem aí o cumprimento da Promessa).
Ora, como dito, nossa Jerusalém hoje é o Grupo de Oração. Não podemos nos afastar
de nossa Jerusalém, ou acharmos que a nossa Jerusalém já é algo de 2ª categoria. A promessa
de derramar o Espírito Santo não foi revogada por Deus. Deus continua derramando o Espírito
Santo em abundância sobre aqueles que se abrem, pois Jesus nos disse: Se vós, pois, sendo
maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai celestial dará o Espírito
Santo aos que lho pedirem. O Pai está sempre com a mão estendida pronta para derramar seu
Espírito sobre seus filhos.
A Beata Elena Guerra assim nos ensina:

“O Pentecostes não terminou; de fato é sempre Pentecostes em todos os tempos e em
todos os lugares, porque o Espírito Santo deseja ardentemente dar-se a todos os
homens e, aqueles que o desejam, podem recebê-lo sempre; portanto não temos nada
a invejar aos Apóstolos e aos primeiros cristãos; nós só temos que nos dispor, como
eles, a recebê-lo bem e Ele virá a nós como veio a eles.”

"O mistério de Pentecostes é um mistério permanente; o Espírito continua a vir sobre
todas as almas que verdadeiramente o desejam."
Portanto, o Grupo de Oração acontece efetivamente se os seus participantes
experimentam a graça da efusão do Espírito Santo e tem suas vidas renovadas, tocadas,
transformadas. Esta é a missão do Grupo de Oração, da RCC.
Entretanto, em recente Encontro de Consulta Profética promovido pelo ICCRS
(Serviços Internacionais para a Renovação Carismática Católica) o Senhor nos exortou sobre
algo muito sério: a séria questão do entretenimento do povo ao revés a verdadeira experiência
do Batismo no Espírito Santo. Em alguns Grupos o Batismo no Espírito Santo não está
ocorrendo. A experiência do BES não é e não pode ser algo automático; requer preparação
(arrepender-se – Atos 2, 37; abrir-se, desejar, crer, pedir).
Nesse sentido, somos chamados a sermos guardiões da Identidade da RCC que é a
vivência do genuíno Batismo no Espírito Santo com suas consequências.
5) AUXÍLIO OPORTUNO DO HOSPITAL
O Hospital de Campanha é um auxílio oportuno para o hospital mãe, para a matriz.
Nesse sentido, o Grupo de Oração dá os primeiros socorros e aponta para a Igreja. A RCC é
Igreja, para a Igreja e sempre com a Igreja! Portanto, os Grupos de Oração devem aponta-nos
a vida sacramental como sustento e remédio para nosso ser, a vida comunitária, o serviço
ativo na paróquia, etc. O Grupo de Oração deve introduzir-nos na Igreja de uma maneira
renovada, dando-nos o senso de pertença, o senso do Sagrado.
O Grupo de Oração deve nos ensinar a querer mais de Deus, a procurar crescer na
graça e no conhecimento de Jesus Cristo, deve nos motivar a ter vida de oração, pois é pela
vida de oração dos participantes do Grupo de Oração que este se torna cada vez mais
autenticamente carismático.
6) VAI AO ENCONTRO DOS FERIDOS – É MISSIONÁRIO; NÃO É ESTÁTICO, É DINÂMICO
Nossos Grupos não podem ser autorreferenciais. Diz-nos o Papa Francisco em sua
Exortação Apostólica “A alegria do Evangelho”: Há que se rejeitar a tentação de uma
espiritualidade intimista e individualista... a privatização do estilo de vida pode levar os cristãos
a refugiarem-se em alguma falsa espiritualidade (Evangelii Gaudium, 262). Que como
carismáticos nunca estejamos mofados. Às vezes descobrimos carismáticos com “teias de
aranha”, mui acomodados; Cristo quer que vivamos um permanente Pentecostes.
Nesse sentido, exortaram-nos os Bispos da América Latina e do Caribe na V
Conferência daquele Episcopado, em 2007, na cidade de Aparecida: Necessitamos que cada
comunidade cristã se transforme num poderoso centro de irradiação da vida em Cristo.
Esperamos em novo Pentecostes que nos livre do cansaço, da desilusão, da acomodação ao
ambiente; esperamos uma vinda do Espírito que renove nossa alegria e nossa esperança. Por
isso, é imperioso assegurar calorosos espaços de oração comunitária que alimentem o fogo de
um ardor incontido e tornem possível um atraente testemunho de unidade “para que o mundo
creia” (Jo 17,21). (Doc. Aparecida, 362)
Nossos Grupos de Oração precisam sair do estágio pastoral de mera conservação
(manutenção) e migrar para uma pastoral decididamente missionária, que saia da zona de
conforto, da acomodação ao ambiente. Naquela manhã de Pentecostes, os apóstolos que
estavam com medo dos judeus “meteram o pé na porta da sala” em que estavam reunidos e
anunciaram Jesus intrepidamente. Resultado: 3 mil homens se converteram, sem contar
mulheres e crianças.
Caríssimos, desejo que todos os Grupos de Oração de nosso querido e amado Estado
do Rio de Janeiro se tornem verdadeiros Hospitais de Campanha, aptos a dar ao mundo uma
resposta de esperança e de vida em Cristo Jesus.
Que Deus nos abençoe e que cada um se sinta particularmente chamado a contribuir
nesta tarefa que a todos compete!
Vinícius Rodrigues Simões
Presidente do Conselho Estadual da RCCRJ
Grupo de Oração Jesus Senhor
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