JUVENTUDES: É POSSÍVEL FALAR EM CULTURA JUVENIL?

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JUVENTUDES: É POSSÍVEL FALAR EM CULTURA JUVENIL?
SOUZA, Sirley Aparecida de – PUCGO
[email protected]
Eixo temático: Violências nas escolas
“Agência Financiadora: não contou com financiamento”
Resumo
É notável, há diferentes formas de considerar a juventude; a referida temática está na pauta de
muitos pesquisadores, porquanto, eis a razão da busca de variadas formas de apreender as
diversas questões que tecem o cenário juvenil. Este artigo tem o condão de fomentar reflexões
em torno desta temática na perspectiva trazer para a pesquisa “VIOLÊNCIAS E
SILENCIAMENTOS, NA ESCOLA: o fenômeno BULLYING na percepção de jovens
matriculados (as) no Ensino Médio”, [em andamento] elementos, pelos quais, contribuam,
efetivamente, na compreensão das diversas representações da juventude e da cultura [juvenil].
Pensar no jovem como cidadão, sujeito de direitos, capaz de ter um olhar próprio e
participativo, que protagoniza escolhas que determinarão seu futuro, é conditio sine qua nom,
para a compreensão das juventudes, cultura e violências no espaço escolar, portanto, é natural
que surja à seguinte reflexão: De que jovens estamos falando? É possível falar em cultura
juvenil? Cotejar algumas discussões acerca do tema deste artigo será um desafio. A propósito,
a década de dez deste século [XXI] encerra um período de grandes avanços tecnológicos, a
informatização da informação muitas
são de várias áreas do conhecimento, ao que torna
essa análise teórica rica, conquanto, árida. O cenário contemporâneo desse século inspira
estudiosos de diferentes lugares e áreas do conhecimento a focar a juventude. O tema é
desafiador e intrigante. Desafiador por ser um tema contemporâneo, portanto, “quente”.
Intrigante, porquanto tem esse carater perturbador, mexe com os valores humanos, a ética, a
dignidade humana. Cumpre, ainda, ressaltar, este artigo não tem a ousadia de responder a tais
questionamentos, mas sim, dar azo a esta e outras reflexões em torno da temática, em tela.
Palavras-chave: Juventudes. Cultura. Sociedade. Identidade.
Introdução
Juventude é uma temática que conquistou espaço no Brasil, especialmente, na década de
1990, quando estudos emergiram buscando apreender as diversas questões que permeiam o
universo juvenil na atualidade.
O cenário contemporâneo marca o boom das novas tecnologias, principalmente, na área da
comunicação, criando novas possibilidades em torno da linguagem, todavia, o aparato
tecnológico não tem sido capaz de engendrar relações sociais mais solidárias, com vistas à
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distribuição social de bens materiais e culturais. A realidade humana moderna revela uma
trama de contradições desafiando grande número de pesquisadores, com maior ou menor
ênfase, a focar a questão da juventude, destarte, mais do que outros atores sociais, ao que
revela a importância da referida temática.
Ao pensar no jovem como cidadão, sujeito de direitos, capaz de ter um olhar próprio e
participativo, que protagoniza escolhas que determinarão seu futuro, é natural que surja à
seguinte reflexão: De que jovens estamos falando?
Cabe ressaltar que no cenário contemporâneo onde prevalece a lógica desenfreada de
consumo de produtos, símbolos e imagens, os jovens têm sido representados como:
hedonistas, consumidores compulsivos, agressivos, predatórios, dotados de instintos
indomáveis, por fim, inconsequentes e sem domínio de suas paixões.
Na literatura há várias definições do que é ser jovem. Não existe, no entanto, um consenso do
que se entende por juventude ou mesmo período de vida em que ela acontece. Essa afirmativa
é reforçada por Bourdieu (1983, p. 113), quando pontua “o que lembro é simplesmente que a
juventude e a velhice não são dadas, mas construídos socialmente na luta entre os jovens e os
velhos. As relações entre a idade social e a idade biológica são muito complexas”
Invariavelmente, há paradoxos e lacunas nas definições de juventude encontradas na literatura
da temática. Entre os paradoxos, a idade cronológica como marco de transição da fase jovem
para a fase adulta, tem gerado uma infinidade de debates. Notadamente, a noção de juventude
compreendida nesta reflexão não se refere a intervalos de idade, nem busca realizar oposição
à ideia de adolescência que se mantém impregnada de um ideário biológico ou biomédico,
guarda relação com uma construção histórica. A condição do agente pensada por Bourdieu
possibilita compreender o jovem como um ser capaz de reflexividade crítica e, a meu ver
passível de promover transformações sociais.
Juventude e Cultura
Não é possível refletir sobre o jovem isolando-o da sociedade em que está inserido. Importa
compreendê-lo como um segmento da população ou grupo(s) com características próprias
segundo os espaços sociais onde se encontra(m), e que vai se modificando e diversificando
historicamente.
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Várias correntes no âmbito das ciências sociais abordam e reconhece(m) os jovens como
produto de transformações sociais historicamente constituídos. É notável, a existência de
diferentes juventudes, a depender da situação, vivências, referências subjetivas e grupais e
identidades sociais. As primeiras indagações mais sistemáticas sobre os segmentos juvenis
apareceram no final da década de 1920, neste período, a questão juvenil é analisada sob dois
enfoques marcantes: de inicio no campo da antropologia e nos estudos da Escola de Chicago.
Marcel Mauss (1872-1950), sociólogo e antropólogo francês, sobrinho e assistente de Émile
Durkheim, desenvolve o conceito e estabelece princípios acerca daquilo que nomeou de fato
social total.
Os fenômenos sociais, segundo o cientista social, resultam das ações dos
indivíduos, as quais se desdobram em práticas materiais e simbólicas, relações com a
Natureza e relações com os outros homens. Notadamente, neste diapasão, nenhum fenômeno
pode ser explicado isoladamente, separado dos fenômenos que o circundam, das condições
que o rodeiam e a que está ligado (por exemplo, se separarmos o oxigênio do hidrogênio estes
não explicam as propriedades da água). Desta maneira também é impossível apreender o
significado de um fato social isolado ou reintegrado, num contexto limitado a esta ou aquela
atividade social determinada. Enquanto, Marcel desenvolvia tal vertente na França,
antropólogos como Margaret Mead (1901-1978) antropóloga norte-americana desenvolve
texto pioneiro e de grande impacto no meio acadêmico foi Coming of Age in Samoa. Foi um
estudo realizado durante três anos na ilha de Tau nos mares do Sul do Oceano Pacífico, Mead
demonstrou que questões que vinham sendo consideradas “naturais”, tinham profundo
componente cultural. Destarte, os estudos de Mead trouxeram importantes contribuições no
que concerne ao contexto onde vive o jovem, todavia, é Ruth Benedict (1887-1948) que
elabora uma proposta conceitual mais ampla sobre a idade e deixa claro que entre a natureza e
o comportamento humano, há uma série de mediações influenciadas definitivamente, pela
cultura.
Passados 40 anos, Margaret Mead retoma o tema transmissão cultural entre gerações, em seu
livro Culture and commitment: a study of generation gap, publicado em 1970. Nele, a
cientista constrói uma tipologia sobre a maneira como se inter-relacionam as novas e velhas
gerações segundo o tipo de sociedade. Tanto Mead, quanto Benedict coloca, em “xeque” os
estudos biopsicológicos naturalistas e universalistas.
Outrossim, a Escola de Chicago tenta compreender a natureza da cidade a partir de suas
partes, com o objetivo de detectar o papel que desempenha o contexto sociocultural na
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formação da vida urbana. Esta escola aparece estreitamente unida ao Departamento de
Sociologia da Universidade de Chicago. Foi criada em 1890. A Escola de Chicago
desenvolveu trabalhos na área das ciências humanas com estudos dos movimentos sociais,
seitas, comportamento das multidões, comportamentos patológicos ligados a urbe, grupos
juvenis e ocupação da cidade por esses grupos.
A cidade é visualizada por esta corrente filosófico-social sob uma ordem ecológica ou natural,
os debates (ainda que frágeis no início, anos depois conseguiriam articular melhor suas
posições teóricas), envolviam temas como a pobreza, a delinquência juvenil, o crime, a
doença, o desemprego e a prostituição.
Mas por que Chicago e não outras grandes cidades americanas? Chicago, mais do que
qualquer outra cidade americana, tinha um acentuado desenvolvimento urbanístico,
econômico e financeiro no final do séc. XIX e início do séc. XX. A explosão do crescimento
da cidade, que se expande em círculos concêntricos (do centro para a periferia), cria vários
problemas sociais, trabalhistas, familiares, morais e culturais
Do grupo de autores pertencentes a esta escola, dois se destacam por tratarem da questão
juvenil: Frederic M. Thrasher e sua obra publicada em 1927, The gang (THRASHER, 1927),
pertencente ao grupo original da Escola de Chicago; e William Foote Whyte,
excepcionalmente, por ter-se dedicado por 4 anos (entre 1937 e 1940) a estudar, em
Cornerville, localidade italiana em Boston, um grupo de rapazes, morando 18 meses com uma
família italiana da vizinhança, razão pela qual seu trabalho é um exemplo da técnica de
observação participativa. Whyte começa distinguindo entre os rapazes da esquina e os rapazes
de colégio; os primeiros sem emprego, abandonados, inclusive pela escola; enquanto os
segundos tiveram acesso à educação com possibilidades de mobilidade social.
Em outra vertente de construção teórica juvenil e com muitas e complexas ramificações, tal
como o simplifica José Machado Pais (1953 -) em duas principais tendências: a corrente
geracional e a corrente classista.
A corrente geracional inclui uma série de aspectos que têm em comum o fato de conceber a
juventude como uma fase da vida. O tema das gerações é explicitamente pontuado pelo
espanhol José Ortega y Gasset (1883-1955), que afirma em 1923 seu artigo A ideia das
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gerações1 que a “geração” é o compromisso mais dinâmico entre massa e indivíduo. Podem
ser os homens da mais diversa têmpera e pensar diferente, ser reacionários ou revolucionários,
mas, são indivíduos de seu próprio tempo. Posteriormente, em mais amplamente conhecida
obra, A rebelião das massas (ORTEGA Y GASSET, 1999) dedica uma parte a uma das três
gerações: “a juventude” (as outras são os maduros e os velhos), na qual reafirma o séc. XX se
caracteriza pelo “extremo predomínio dos jovens” (ORTEGA Y GASSET, 1999, p.276), em
que a idade não é uma data, mas uma área de datas, período que serve ao homem para
trabalhar ativamente projetando seu próprio modo de vida. Vislumbra-se, nestes termos, uma
elaboração conceitual que ultrapassa a análise de que a mudança geracional se dá a cada 30 ou
15 anos, ou para pensá-las em uma lógica retilínea do progresso, vai além da mera idade
cronológica e biológica.
Outro ponto de partida em torno da problematização do conceito de juventude é o que se
apresenta em uma perspectiva construtivista, sintetizada no texto clássico de Bourdieu, escrito
em 1978 e intitulado A juventude não é mais que uma palavra (BOURDIEU, 1990), no qual
afirma que as relações entre a idade social e a biológica são muito complexas e, portanto,
costumam estar sujeitas a manipulação, sobretudo no sentido de conceber os jovens como a
unidade social com interesses comuns, pelo simples fato de compartilharem uma categoria de
idade.
As classificações por idade, diz Bourdieu (1983, p.112) (mas também por sexo, ou, é claro,
por classe...) acabam sempre por impor limites e produzir uma ordem onde cada um deve se
manter em relação à qual cada um deve se manter em seu lugar.
Bourdieu no decorrer da entrevista2 vai tecendo uma série de considerações acerca da
juventude e da velhice lembrando “simplesmente que a juventude e a velhice não são dados,
mas construídos socialmente na luta entre os jovens e os velhos”(p.113)
O reconhecimento de que existem juventudes possibilita uma discussão sobre as
representações sociais a respeito dos jovens na contemporaneidade. É preciso admitir, há
1
Este ensaio é a primeira parte do livro El tema de nuestro tiempo (1923). Que aparece em
José Ortega y Gasset, Obras completas, v. III, Madri, Revista de Occidente, 1946-1983.
Disponível em: http://www.ensaystas.org/antologia/XXE/ortega3.htm.
2
Entrevista a Anne-Marie Métailié, publicada em Les Jeunes et le premier emploi, Paris,Associat ion des
Ages, 1978. Extraído de: BOURDIEU, Pierre. 1983. Questões de sociologia. Rio de Janeiro: Marco Zero.
P. 112-113.
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diferentes formas de considerar os jovens, como há diferentes maneiras de eles se afirmarem
como sujeitos, considerando, inclusive, diferentes organizações sociais de referência, a
exemplo da escola.
Juventudes, sociedade e cultura
Isleide Fontenelle (2004), em seu minucioso estudo sobre a expansão da marca McDonald’s
nos Estados Unidos e em todo o planeta, situa nos anos 1950, anos dourados do pós-guerra, a
emergência de uma cultura adolescente na sociedade norte americana.
A “cultura dos jovens” perceptível nos anos 60 começara bem antes e já se podiam vislumbrar
todas as suas características no início dos anos 50. A figura do adolescente que de tal modo
emergia era associada, sobretudo, à vida urbana. Uma geração vista como problemática, mas,
também, como espelho refletor da sociedade americana do pós-guerra:
“(...) muita da insistência sobre os jovens como consumidores – novo e gigantesco
mercado que se abria à venda de Coca-Cola, goma de mascar, balas, discos, roupas,
cosméticos, acessórios para carros e carros usados – podia ser transmitida, apesar
dos tons de escândalo, ao prazer secreto de ver confirmada a filosofia do consumo
que representava uma bíblia do bem-estar americano”. (KEHL, 2010) [n.p.].
A relação dos jovens com a sociedade “pós”-moderna se dá de modo um tanto conflituoso
uma vez que prevalecem os estereótipos de incapazes, rebeldes e muitas das vezes,
irresponsáveis. Mas, se de um lado, eles aparecem como pessoas problemáticas que transitam
entre a infância e a vida adulta; por outro, transformaram-se num “objeto de desejo” da
indústria cultural. É um processo que se fortaleceu a partir da década de 1990, quando as
empresas responsáveis pelas pesquisas de mercado saíram “à caça” das tendências de
consumo. Fontenele (2004, p. 63), afirma que essas empresas tentam fazer uma mediação
mais direta entre uma forma de expressão cultural – especialmente da cultura jovem – e uma
prática de consumo. Em outras palavras, transformar cultura em mercadoria. Desse modo, os
jovens passam a serem considerados os “nichos” do mercado, pois inspiram tendências para
as quais eles mesmos serão os consumidores.
Em outra vertente, voltado para uma análise sociológica sobre a questão da cultura e seus
desdobramentos, Raymond Williams (1992) infere a realidade cultural como processo,
conquanto, deve incluir sempre os esforços e contribuições daqueles que estão de uma forma
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ou de outra, fora, ou nas margens, dos termos da hegemonia específica. Na tentativa de definir
o que é cultura, o autor aponta a complexidade em se fixar um determinado conceito, sem
antes colocá-lo num contexto histórico específico; recupera a trajetória do termo que, até o
século XVI quando era associado à ideia de cultivar alguma coisa (animais, colheitas, mentes,
etc.). É claro que a partir do século XVIII, seu significado se ampliou, passando a significar
também conhecimento erudito, relacionado ao desenvolvimento e progresso sociais.
Williams, também, levanta questões acerca da noção idealista que previa uma separação entre
cultura e vida material, ataca o pensamento materialista mecanicista, pelo fato deste, tentando
criticar os idealistas, reproduzir essa mesma concepção de campos separados. É inegável, que
o pesquisador tivesse retomado os escritos de Marx e dos marxistas, contudo, ressalta-se, de
que não teria aprofundado a ênfase no processo social material ao se analisar a cultura,
outrossim, levantou as ideias de língua, literatura e ideologia, concebendo só se pensar a
cultura a partir da reflexão conjunta com esses outros conceitos.
Interessante ressaltar, conquanto, ao tecer a crítica a esse tipo de marxismo mecanicista,
Williams recupera os estudos de Mikhail Bakhtin, pois, segundo estes, seriam originais já que
definiram a linguagem como sendo uma atividade social prática, dependente de uma relação
social. Dessa maneira concebe a ideia de que a linguagem é a consciência prática e, como tal,
está saturada por toda atividade social, inclusive a atividade produtiva. Nesse sentido, “a
linguagem é a articulação dessa experiência ativa e em transformação; uma presença social e
dinâmica no mundo”. Ora, Williams, trabalha como Bakhtin, com a ideia de que a consciência
é social, tal compreensão deve ser percebida em um processo dialético, uma vez que ela, em
termos práticos, opera na transformação dos seres humanos.
Já, essa noção tomada de Bakhtin foi importante para Williams repensar sua noção de cultura,
no sentido da elaboração de uma teoria materialista da cultura, superando as concepções
marxistas reducionistas que colocavam a cultura como superestrutura determinada pela infraestrutura.
Notadamente, é importante destacar, não obstante, Williams é influenciado também por
Antonio Gramsci, que representou uma inegável contribuição para as ciências sociais na
forma adotada para a compreensão de hegemonia. Como apontava Gramsci - hegemonia
sugere que uma determinada classe domine e subordine significados, valores e crenças a
outras classes. Todavia, apesar da difusão de um pensamento hegemônico por determinada
classe, as demais não equacionam tal pensamento com a consciência, ou seja, não reduzem
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sua consciência a tal pensamento. Neste diapasão, Williams (1979, p. 113) afirma que a
cultura
“(...) todo um conjunto de práticas e expectativas, sobre a totalidade da vida: nossos
sentidos e distribuição de energia, nossa percepção de nós mesmos e nosso mundo.
É um sistema vivido de significados e valores – constitutivo e constituidor – que, ao
serem experimentados como práticas parecem confirmar-se reciprocamente.
Constitui assim um senso da realidade para a maioria das pessoas na sociedade, um
senso de realidade absoluta, porque experimentada, e além da qual é muito difícil
para a maioria dos membros da sociedade movimentar-se, na maioria das áreas da
sua vida”
Nesse sentido, a hegemonia produz também contra-hegemonia, ou seja, a cultura dominante
produz e limita, ao mesmo tempo, suas formas de contracultura.
É inegável, a teoria materialista de cultura tem Williams como um de seus melhores
representantes na medida em que, amplia o conceito no sentido de um processo integral da
vida, enfatizando a interdependência das várias esferas da realidade social e a atuação delas
como forças produtivas, ou seja, como elementos ativos na transformação social.
Conclusão
É “vero”, a juventude é um tema recente e encontra-se na pauta de estudiosos da
temática juvenil, entretanto, reflexões aprofundadas acerca do tema são, ainda, bastantes
incipientes, principalmente, no que tange ao desenvolvimento de uma racionalidade em torno
das juventudes e das violências, na escola. Tais ponderações incitam os estudiosos do tema a
rever o tema “juventudes” apreendendo sua pluralidade e diversidade, com vistas para a
desconstrução e superação de alguns estereótipos, tais como, “o jovem é violento”, e/ou, “o
jovem é irresponsável”.
Ora, a categoria juventude, tem se tornado objeto de estudo das ciências sociais, destarte,
como categoria política. Impende a promoção de discussões acerca da juventude tendo em
vista a pluralidade no que diz respeito à diversidade de gênero, de pertencimento geracional,
de classe social, de raça/etnia ou, mesmo, credo religioso, desconstruindo conceitos
hegemônicos, dentre eles, “os jovens são todos iguais”, ou então, “a juventude é alienada.”
Há um sério problema, portanto: para se alcançar maior nível de conscientização, há
de se combater a hegemonia que domina nosso imaginário, combatendo-a com a consciência,
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esta, por fim, só é possível com discussões e debates visando à transformação social. Nisto
consiste pensar a juventude, em uma perspectiva plural: Juventudes.
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