Sobre liberdade: a epistemologia de Herbert Marcuse e a ontologia da comunidade de Tamera Filipe Freitas C. M. Carvalho, mestrando [email protected] Cecília de Melo e Souza, ph. D. [email protected] EICOS-UFRJ Resumo Este trabalho pretende relacionar a concepção filosófica de liberdade de Herbert Marcuse em Eros e Civilização com a ontologia do amor livre da comunidade de Tamera em Portugal, tendo como pano de fundo a questão das ordens sociais: entre concepções baseadas em restrições e ameaça de violência, em uma perspectiva de coerção, e concepções baseadas em acordos fundamentais e valores sociais, em uma perspectiva consensual. Palavras-chaves: Liberdade, Marcuse, Ordens Sociais, Tamera O presente trabalho é um resultado preliminar de um projeto de pesquisa de mestrado em andamento no âmbito do programa EICOS – Estudos Interdisciplinares em Comunidades e Ecologia Social. Este projeto assenta-se entre os campos de pesquisa interdisciplinar da sexualidade e das comunidades intencionais, tendo como objeto a sexopositividade em ecovilas 1. Para desenvolver esta pesquisa exploratória, investigou-se teoricamente este objeto a partir de perspectivas relacionadas à psicologia, antropologia, sociologia, comunicação social, saúde, 1 Nesta dissertação, defino sexopositividade como abordagens culturais diversas integradas por três princípios: (i) considerar o sexo com algo natural e potencialmente bom, enfatizando a saúde, o prazer e a recompensa dos seus aspectos não-procriativos em práticas consentidas e informadas; (ii) reconhecer e favorecer a expressão da diversidade cultural nas vivências relacionadas à sexualidade, valorizando sua substancial variação nos significados e preferências pessoais; (iii) preconizar a minimização do controle da sexualidade por parte das instituições sociais, partindo-se da premissa que indivíduos têm a capacidade criativa e a habilidade de negociação e usufruto das potencialidades sexuais. Já a definição de ecovilas utilizada são de comunidades intencionais que se orientam no sentido de promover e integrar os potenciais individuais e coletivos através de padrões comunitários de convivência cooperativa comprometidos com a sustentabilidade. filosofia e educação. E, a partir dessa fundamentação teórica, foi realizado um estudo de campo de natureza etnográfica em Tamera, uma ecovila localizada no Alentejo, em Portugal, no qual buscou-se estudar os estilos de vida, ethos, valores, visões de mundo, bem como os mecanismos de regulação de uma comunidade intencional pautada por concepções e práticas de amor livre. Nesta apresentação o objetivo é associar a concepção filosófica de liberdade apresentada por Herbert Marcuse em “Eros e civilização” (1956), com os resultados do registro etnográfico – entrevistas em profundidade e observação participante – coletados durante o estudo de campo em Tamera. Espera-se criar pontes entre a concepção filosófica de liberdade em Macuse, com a ontologia da liberdade da comunidade de Tamera. Com o debate em torno da questão das ordens sociais como pano de fundo, suscita-se a reflexão acerca de uma dinâmica social comunitária que apresenta muitos elementos associados à autossublimação nãorepressiva. Assim, espera-se contribuir para o avanço do debate introduzindo aspectos e perspectivas de uma cultura comunitária pautadas no comprometimento com a liberdade individual e coletiva. A questão das ordens sociais As questões relacionadas à ordem social – qual sua natureza? ‘Como a sociedade é possível? Como o controle e a regulação sociais são alcançados? Qual a natureza do indivíduo em relação à sociedade? – vêm cindindo a sociologia, a economia, a teoria política, a psicologia, entre outras disciplinas, em dois caminhos de investigação distintos. Enquanto um polo teórico argumenta que a ordem social é profundamente problemática e só existe através de circunstâncias coercitivas, restrições políticas, força legal e ameaça de violência, o outro lado trata o conflito social como anormalidade e argumenta que a estabilidade social é alcançada através de acordos fundamentais sobre valores sociais que são incutidos nos membros da sociedade por um processo de socialização que premia a conformidade com as disposições existentes (TURNER, 1984, p. 77). O primeiro polo teórico, que ocupa um lugar de destaque na filosofia social ocidental, argumenta sobre a incompatibilidade fundamental entre a satisfação de necessidades instintivas humanas e as exigências da civilização 2. Em suma, tais 2 Ampara-se em formulações muito influentes , como as de Hobbes (1651), Malthus (1798), Durkheim (1893), Freud (1930), entre outros. abordagens sustentam a presença de um conflito originário, um mal estar intrínseco, que subjaz a emergência dos mecanismos que configuram a ordem social. Atuam, de certa forma, explicando a ordem social contemporânea a partir desses pressupostos, o que pode justificar e/ou validar as instâncias atuais de coerção e controle social. O segundo polo teórico reúne formulações que visam desconstruir o pressuposto do conflito e se desdobram em formulações de integração dos indivíduos em ordens sociais alicerçadas por acordos e valores, em uma perspectiva de consenso, na qual os mecanismos de regulação assumem proeminência e minimizam a necessidade de instâncias de controle social coercitivo ao apoiar a agência de cada indivíduo em pressupostos de escolha consciente e prática consentida3. Grande parte das formulações deste segundo polo, contudo, fundamentam-se em perspectivas filosóficas e sociais baseadas em configurações hipotéticas, o que engendra limitações epistemológicas para seu avanço ontológico. Assim, a existência de experiências sociais concretas constituídas não pelo princípio da coerção, mas pelo princípio do consenso, faz-se um elemento significativo para nutrir qualitativamente o debate acerca das ordens sociais e equilibrá-lo. A liberdade como princípio orientador O filósofo Herbert Marcuse pode ser associado ao segundo polo teórico – ordem social baseada em consenso - ao propor uma interpretação emancipatória para a evolução da sociedade em resposta ao mal-estar identificado nas concepções culturais tardias de Freud (FREUD, 1974), elaborando a hipótese de uma civilização não-repressiva em um estágio amadurecido de desenvolvimento. Em “Eros e civilização”, Marcuse apropria-se de numerosos conceitos marxistas para sugerir uma organização racional de uma sociedade caracterizada pela eliminação da ‘mais-repressão’4 e, consequentemente, pela libertação dos instintos de vida em um grau sem precedentes. 3 Vale mencionar que tal divisão analítica não visa explicar a realidade social considerando-se estados puros de um polo e outro. As condições sociais usualmente envolvem elementos de coerção e consensos culturais simultaneamente. 4 Mais-repressão é o nome atribuído ao conjunto de restrições requeridas pelo regime social de dominação característico da sociedade ocidental, no qual as instituições históricas específicas e seus interesses específicos introduzem controles adicionais acima e além dos indispensáveis à associação civilizada humana (Marcuse, 1956, p.51-53) Apontando para a necessidade de um processo de autossublimação nãorepressiva, Marcuse analisa as concepções de liberdade de Friedrich Schiller e orienta sua hipótese na direção preconizada pelo filósofo alemão: a abolição dos controles repressivos que a sociedade impôs à sensualidade, a fundamentação da moralidade em terrenos sensuais, a conciliação das leis da razão com os interesses dos sentidos. Certo, se a liberdade se converter no princípio orientador da civilização, não só a razão, mas também o ‘impulso sensual’ exigirá uma transformação restritiva. A descarga adicional de energia sensual deverá conformar-se a uma ordem universal de liberdade. Contudo, seja qual for a ordem a ser imposta ao impulso sensual, deverá ser sempre, ela própria, ‘uma operação de liberdade’. O próprio indivíduo livre deve originar a harmonia entre a gratificação individual e a universal. Numa civilização verdadeiramente livre, todas as leis são promulgadas pelos próprios indivíduos: ‘dar liberdade pela liberdade é a lei universal’ do ‘estado estético’, numa civilização verdadeiramente livre, ‘a vontade do todo’ só se cumpre ‘através da natureza do indivíduo’. (MARCUSE, 1956, p.169-170). Sobre a autossublimação não-repressiva, Marcuse afirma que a sublimação não é sempre a negação de um desejo nem é sempre contra os instintos, mas pode promover a formação de cultura sob condições que relacionam mutuamente os indivíduos associados na cultivação do meio para fazerem frente a suas crescentes necessidades e empregarem suas crescentes faculdades. (MARCUSE, 1956, p.183). Diferente de uma recaída no barbarismo, ou uma regressão a um estado inferior de desenvolvimento civilizatório, a possibilidade de uma civilização nãorepressiva aventada por Marcuse baseia-se não na suspensão, mas na liberação do progresso – para que o ser humano possa ordenar sua vida de acordo com seu conhecimento plenamente desenvolvido. Em sua hipótese, Marcuse indica o advento de uma consciência madura, guiada por uma nova racionalidade. Acredita, portanto, na possibilidade de uma inversão da moralidade, na possibilidade de harmonização entre a liberdade instintiva e a ordem. “Libertos da tirania da razão repressiva, os instintos tendem para relações existenciais livres e duradouras” (p.174). A ontologia da liberdade em Tamera Tamera é uma ecovila de origem alemã com 134 hectares de área e em torno de 170 colaboradores5 que existe desde 1995 na região do Alentejo, em Portugal, configurando-se como um ‘centro de pesquisa para a paz global’, tal como a comunidade se autodenomina. A história da comunidade de Tamera está intimamente ligada às vidas e às obras do sociólogo Dieter Duhm e da teóloga Sabine Lichtenfels que, juntos, deram início ao projeto em 1978 e até hoje vivem e atuam na ecovila. Um trabalho de campo etnográfico foi realizado entre os meses de junho e julho de 2015, do qual se originou um diário de observação participante e quinze depoimentos de membros, entre entrevistas em profundidade e conversas orientadas. A seguir apresentam-se alguns resultados dessas fontes com o intuito de identificar uma ontologia da liberdade que é experimentada nesta ecovila. As filosofias de Dieter Duhm (2007) e Sabine Lichtenfels (1991) têm profunda influência nos estilos de vida, ethos e visões de mundo do projeto de Tamera. Ambos desenvolveram suas ideias a partir de perspectivas de amor livre e não-violência, visando o desenvolvimento de estilos de vida e instituições que nutram as necessidades para o contato, para o trabalho significativo e para a redução dos conflitos e do medo. A comunidade apresenta, entre seus pensamentos básicos, a concepção de ‘amor livre e parceria’6. Quando perguntados sobre o que é amor livre, os membros da comunidade enfatizam que amor livre em Tamera significa amor livre de medos: medo de ficar sozinho, medo de perder o ente amado, medo de sofrer. Em um processo contínuo de trabalho em grupo, a comunidade apoia seus membros a viverem as experiências desejadas, criando condições e ferramentas para a expressão genuína de sentimentos. Agir com transparência é o que sustenta o modelo de parceria na sexualidade e apoia a continuidade do processo de construção da confiança que, em suma, torna possível as pessoas viverem juntas sem mentiras. Wilfred7, 44 anos, morador de Tamera há sete anos, define amor livre como a possibilidade de uma pessoa abrir o coração, viver o amor sem fingir, fazer o que quiser em qualquer aspecto da vida se ela realmente o faz em estado de atenção consciente. E sugere diretrizes para os relacionamentos: ‘Ao fazer isto, eu me sinto 5 Em ingles ‘co-workers’ – o conceito nativo de como os participantes se reconhecem.. 6 Ver: http://www.tamera.org/basic-thoughts/what-is-free-love/ Acessado em 6 de outubro de 2015. 7 Os nomes dos colaboradores de Tamera foram trocados de forma a preservar suas identidades, em consonância com as orientações éticas de pesquisa em Ciências Sociais. bem?’ ‘Eu fui honesto?’ ‘Fui verdadeiro?’ ‘Continuei me sentindo honesto e verdadeiro no dia seguinte?’ Para Dagmar, uma das anciãs da comunidade, amor livre não significa necessariamente múltiplas ligações amorosas e não é algo oposto à parceria, aos relacionamentos profundos e duradouros. Em relação à longevidade e profundidade das relações, ela revela o que considera ser o segredo do amor livre: Percebemos que o Eros não diminui, mas cresce através da construção de confiança. Eu não sei de muitos casais na sociedade que estão juntos há mais de trinta anos e ainda têm uma vida erótica fluindo realmente. Muitas pessoas ficam juntas, mas, na sequência, Eros torna-se menor. Ter a experiência de abertura na vida erótica e permitir que o parceiro siga seus desejos os faz mais juntos e não menos. Este é um dos segredos fundamentais do amor livre. Em Tamera, por conseguinte, se uma pessoa vive em parceria com alguém e se sente atraída por outra pessoa, isso não é considerado uma traição. A perspectiva é que as pessoas possam ser capazes de compartilhar as emoções umas com as outras, de forma que o relacionamento seja um recipiente onde elas podem ser verdadeiras. Este recipiente pode ser visto como a própria vida em comunidade. A importância da comunidade para a realização bem sucedida do modelo de amor livre é muito reconhecida entre os entrevistados. Judi, uma mulher palestina de 43 anos, define comunidade como “um lugar, uma forma social que permite à pessoa se lembrar das raízes, das possibilidades, das memórias autênticas e originais que todos tínhamos quando caminhávamos pela terra em grupo e tínhamos o ‘nós’ antes do ‘eu’”. Ativista política, mãe de uma filha cujo pai as abandonou por conta de suas atividades políticas, ela conheceu Tamera ao ser convidada para um evento político em 2001 e, depois de uns dois anos, se fixou na ecovila, onde vive até hoje. Oriunda de uma comunidade de beduínos, ela faz uma importante distinção entre os dois modelos de comunidade. Entre os beduínos, apesar de o senso de ‘nós’ ser forte, ao alcançar a adolescência, o ‘nós’ se voltou contra o seu ‘eu’, devido às severas restrições de comportamento que ela era submetida por ser mulher. Já em Tamera, “o ‘eu’ está no centro do ‘nós’, e isso é o que faz o ‘nós’ mais forte, porque existe um ‘eu’, como indivíduo, que é forte, que é encorajado a se tornar autêntico, verdadeiro e encontrar a sua missão singular na comunidade, formando um corpo com o outro e compartilhando uma meta para a qual o corpo da comunidade vai em direção.” Nenhum membro entrevistado apontou para alguma ideologia ou qualquer sistema de crenças que deve ser imposto, mas todos apontam para a valorização dos caminhos de cura individuais que levam a sociedade à diversidade. Judi diz: “eu preciso procurar o que é ideal para mim e permitir que você vá ao lugar de encontrar o que é curador e singular para você. E isso é pra mim a meta do ativismo político, ou seja, a liberdade de cada um.” Eva, professora da escola da comunidade, 31 anos, vê na habilidade de dar feedbacks a principal razão para ela, ainda adolescente, ter escolhido morar em Tamera. Ela relata que certa vez um amigo lhe contou algumas coisas “nada agradáveis” que uma amiga em comum havia lhe dito sobre ela. Ela se lembra que se sentiu desesperada, com um sentimento de querer mudar e se desenvolver. Nesse momento ela reconheceu que se o amigo não lhe tivesse dito o que sentia e o que pensava, ele não teria dado essa chance de mudança a ela. Foi quando soube que em Tamera encontraria pessoas que ousariam lhe dizer o que ela precisa para evoluir. Um mesmo processo de aprendizado se deu com sua forma de lidar com o ciúme, o seu próprio e o do outro. Eva sempre soube que ‘fazer cena’ não ajudava, mas a questão não era apenas ‘não fazer cena’, pois isso não significava que a luta havia terminado. Afinal, o medo persistia em uma camada mais sutil. Então o trabalho foi encontrar “as estruturas internas de luta que vinham do medo”, bem como entendê-las em relação às questões globais que transcendem a individualidade. Eva diz que “o treinamento mais importante é saber disso mesmo no momento em que se está completamente no drama.” E se é o outro que está sentindo ciúme, não ajuda se você começar a mentir para tornar mais fácil para o outro. E isso é muito difícil porque muitas vezes você não quer dizer coisas que são difíceis para o outro. E também não é só você jogar o outro em uma situação ruim, mas realmente fazê-lo com cuidado. Mas para seguir este caminho é preciso seguir a sua verdade, eu acho que isso é importante. E se você compartilha o caminho, ainda podem existir momentos quando você diz: ‘ok, talvez seja muito difícil agora, eu não vou fazer. [Amor livre] não significa que você tem que fazer tudo. Mas também significa não esconder o que está realmente acontecendo. Pontes para a liberdade Assim, identificamos paralelos entre a concepção filosófica de liberdade em Marcuse e a vida comunitária de Tamera: (i) A liberdade em Eros e Civilização pressupõe o fim da ‘mais-repressão’. O estudo etnográfico em Tamera identifica claramente o trabalho consciente dos membros para que as restrições requeridas pela ordem social sejam minimizadas e o potencial intrínseco de cada indivíduo seja liberado e desenvolvido. (ii) Ao apoiarem-se mutuamente, fortalecendo a individualidade de cada um, os colaboradores de Tamera atuam na liberação do progresso, de forma que possam ordenar suas vidas de acordo com o conhecimento plenamente desenvolvido. (iii) A vida comunitária que tem o ‘eu’ no centro do ‘nós’ e o ‘nós’ se fortalece pela força do ‘eu’ individual aponta para a inversão da moralidade na qual a vontade do todo se cumpre através da natureza do indivíduo. (iv) Um exemplo de autossublimação não-repressiva em Tamera se dá quando Eva relata deixar de fazer algo, mas não se lamenta ou se sente reprimida ao decidir não fazer algo que possa tornar difícil sua parceria. Ela deixa de fazer algo porque escolheu investir em um caminho compartilhado naquele momento. Ela, como ser responsável por seu equilíbrio, pode abrir mão de sua gratificação individual pela gratificação universal. A epistemologia da liberdade de Marcuse apoia as formulações de ordens sociais baseadas em acordos fundamentais, valores sociais, em uma perspectiva de consenso. O estudo etnográfico de Tamera enriquece o debate, pois introduz elementos ontológicos que permitem uma investigação em torno da viabilidade de ordens sociais dessa natureza. A experiência de quase quarenta anos de Tamera é um campo de grande fertilidade para esta investigação. As pesquisas estão se iniciando. Bibliografia DUHM, D. Future without war: theory of global healing. Belzig, Germany: Verlag Meiga, 2007 FREUD, S. O mal-estar na civilização. In FREUD, S., Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (Vol. 21, pp. 81-171). Rio de Janeiro: Imago, 1974. (Trabalho original publicado em 1930) LICHTENFELS, S. The hunger behind the silence - approaching sexual and spiritual realities. Belzig: Meiga, 1991 MARCUSE, H. Eros e civilização. Rio de Janeiro: Zahar, 1995. TURNER, B. The body and society: explorations in social theory. Oxford: Basil Blackwell, 1984