ANDERSON PATRÍCIO FERNANDES DOS SANTOS ABSORÇÃO DE NUTRIENTES PELA MELANCIEIRA CVs. OLÍMPIA E LEOPARD FERTIRRIGADA COM DIFERENTES DOSES DE NITROGÊNIO E FÓSFORO MOSSORÓ 2012 ANDERSON PATRÍCIO FERNANDES DOS SANTOS ABSORÇÃO DE NUTRIENTES PELA MELANCIEIRA CVs. OLÍMPIA E LEOPARD FERTIRRIGADA COM DIFERENTES DOSES DE NITROGÊNIO E FÓSFORO. Dissertação apresentada à Universidade Federal Rural do Semiárido – UFERSA, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Irrigação e Drenagem. ORIENTADOR: Prof. D.Sc. José Francismar de Medeiros. MOSSORÓ 2012 Catalogação da Publicação na Fonte S231a Santos, Anderson Patrício Fernandes dos. . Absorção de nutrientes pela melancieira cvs. Olímpia e Leopard fertirrigadas com diferentes doses de nitrogênio e fósforo / Anderson Patrício Fernandes dos Santos. Mossoró, RN, 2012. 89 f Orientador (a): Prof. D. Sc. José Francismar de Medeiros. . Dissertação (Mestrado em Irrigação e Drenagem) . Universidade Federal Rural do Semiárido. 1. Citrulluslanatus (Thunb.). - Dissertação. . 2. Fertirrigação - Dissertação. 3. Marcha Absorção – Dissertação. I. Medeiros, José Francismar de. II.Universidade Federal Rural do Semiárido. III. Título. CDU 635.615 Bibliotecária: Valéria Maria Lima da Silva CRB15/451 ANDERSON PATRÍCIO FERNANDES DOS SANTOS ABSORÇÃO DE NUTRIENTES PELA MELANCIEIRA CVs. OLÍMPIA E LEOPARD FERTIRRIGADA COM DIFERENTES DOSES DE NITROGÊNIO E FÓSFORO. Dissertação apresentada à Universidade Federal Rural do Semiárido – UFERSA, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Irrigação e Drenagem. APROVADA EM: ____/____/_____ BANCA EXAMINADORA _______________________________ José Francismar de Medeiros – D. Sc. UFERSA / Mossoró / RN (ORIENTADOR) _______________________________ Damiana Cleuma de Medeiros – D.Sc. UFRN / Natal / RN (CONSELHEIRO) _______________________________ Iarajane Bezerra do Nascimento – D. Sc. UFERSA/Mossoró/RN (CONSELHEIRO) Aos meus pais Maria Elizabete dos Santos e Ivan Fernandes dos Santos e às minhas tias Anita, Helena, Eulália e Lourdes pelo apoio e por acreditarem em mim durante essa jornada tão difícil. OFEREÇO A todos os meus amigos, colegas e familiares que me ajudaram de uma forma ou de outra neste projeto. AGRADECIMENTOS Primeiramente ao meu grande pai, Jesus Cristo, por ter me dado vida, saúde e pelos seus ensinamentos. Em segundo lugar ao CNPq pelo financiamento da pesquisa, a CAPES pela concessão da bolsa de mestrado e a UFERSA pelo apoio e estrutura para realização do mestrado e da pesquisa. Ao meu orientador, José Francismar de Medeiros, pelas suas orientações e ensinamentos durante esses dois anos de mestrado. Aos meus pais biológicos, Ivan Fernandes e Maria Elizabete, pela genética transmitida, pela educação maravilhosa repassada para mim e por acreditarem e apoiarem os meus estudos, sobretudo este mestrado. Às minhas tias: Anita, Eulália, Helena e Lourdes pelos seus ensinamentos que tanto contribuíram para minha educação, sobretudo pelo apoio em todas as minhas fases do estudo, desde o ensino básico até o mestrado. A todos os bons professores que contribuíram de uma forma ou de outra para o meu aprendizado, com seus sábios ensinamentos. Ao meu colega Wesley pelo seu companheirismo, paciência, e pela ajuda em alguns trabalhos. Aos colegas de experimento, Marcelo, Max, Ronaldo e Otaciana pela ajuda na execução da dissertação, tanto na parte de campo como na de laboratório. Aos demais colegas de turma. É muito melhor arriscar coisas grandiosas, alcançar triunfos e glórias, mesmo expondo-se a derrota, do que formar fila com os pobres de espírito que nem gozam muito nem sofrem muito, porque vivem nessa penumbra cinzenta que não conhece vitória nem derrota. (Theodore Roosevelt) O estudo abre a mente do ser humano, possibilita a apropriação do saber de especialistas das mais diversas áreas e mostra caminhos alternativos a serem seguidos na vida. O estudo junto com a honestidade leva um profissional ao auge de sua carreira e ao reconhecimento de sua grandeza diante da sociedade. RESUMO SANTOS, Anderson Patrício Fernandes dos. Absorção de nutrientes pela melancieira cvs. Olímpia e Leopard fertirrigadas com diferentes doses de nitrogênio e fósforo. 2012. 89f. Dissertação (Mestrado em Irrigação e Drenagem). Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA), Mossoró-RN, 2011. A melancia é uma cultura plantada praticamente em todo o Brasil, desde regiões mais frias, como a Sul e Sudeste até as regiões mais quentes, como a Nordeste. A fertirrigação na melancia é uma tecnologia que tem sido pouco estudada, sobretudo com relação a nutrientes aplicados, doses, épocas e eficiência. A marcha de absorção é um componente tecnológico da fertirrigação que expressa o período do ciclo de maior e menor absorção de nutrientes da cultura, sendo variável com a cultivar e condições edafoclimáticas. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi estudar a absorção de nutrientes pela melancieira cvs Olímpia e Leopard fertirrigadas com diferentes doses de nitrogênio e fósforo. O experimento foi realizado em blocos casualizados com três repetições. Os tratamentos estudados foram quatro doses (kg ha-1) combinadas de nitrogênio (N) e fósforo (P): T1(0; 0); T2(48; 88); T3(121; 220) e T4(218; 396); duas cultivares de melancieira (Olímpia e Leopard) e cinco épocas após transplantio (23, 30, 37, 46 e 58 dias). As doses de N e P equivalem respectivamente a 0%, 40%, 100% e 180% da dose adotada pelos produtores locais do polo agrícola de Mossoró-Baraúna. Para o estudo das curvas de crescimento e de acúmulo de nutrientes foram utilizadas as quatro combinações de N e P como parcela, as duas cultivares de melancia, Olímpia e Leopard, como subparcela e as cinco épocas (23, 30, 37, 46 e 58 dias após transplantio – DAT) de coleta como sub-sub-parcela. Os nutrientes avaliados foram N, P, K, Ca e Mg. Verificou-se que o tratamento T2 foi o que proporcionou maior acúmulo de nutrientes nas cultivares em estudo. O acúmulo de matéria seca e dos nutrientes N, P, K, Ca e Mg, em ambas as cultivares, é lento até os 37 DAT, intensificando-se a partir daí. A cultivar Leopard acumulou maior conteúdo de matéria seca e exportou maior quantidade de N, P, Ca e Mg do que a Olímpia. A cultivar Olímpia exportou maior conteúdo de K do que a Leopard. Em ordem decrescente, as cultivares Olímpia e Leopard exportam respectivamente os seguintes conteúdos de nutrientes: K>N>P>Ca>Mg e K>N>Ca>P>Mg. Palavras-chaves: Citrulluslanatus (Thunb.). Fertirrigação. Marcha de absorção. ABSTRACT SANTOS, Anderson PatrícioFernandes. Absorption in nutrients through watermelon tree cvs. Olímpia e Leopard´s fertigations with differents amounts of nitrogen and phosphor. 2012. 89f. Dissertation (Master´s degree in Irrigation and Drainage).Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA), Mossoró-RN, 2011. The watermelon is a crop grown in almost all of Brazil since colder regions like South and Southeast as far as hotter regions like Northeast. The watermelon fertile irrigation is a technology that has been little studied, especially in relation with applied nutrients, amounts, ages and efficiency.The period of absorption is a technological component of irrigation that expresses the highest cycle period and the smallest absorption of the nutrient cultures that have been variable with cultivate and climatic soils conditions. Thus, the objective of this work has been studied an absorption of nutrients through watermelon cvs Olímpia and Leopard´s fertigations with different amounts of nitrogen and phosphor. The experiment was realized in blocks chanced with 3 repetitions. The treatment studied were 4 amounts ( kg ha-1) combined by nitrogen ( N ) and phosphor ( P ): T1 (0;0); T2 (48;88); T3 (121;220) e T4 (218;396);the two cultivars of watermelon (Olímpia and Leopard) and five ages after transplant ( 23, 30, 37, 46 and 58 days). The N and P amounts are respectively equivalent to 0%, 40%, 100% and 180% of the amount adopted by local producers from an agricultural Mossoró – Baraúna complex.For the growth curves study and the nutrients accumulation were made used of four combinations of N and P like portion, two cultivars watermelons, Olímpia and Leopard, like sub-portion and five ages (23, 30, 37, 46 e 58 days after transplanting – DAT) of fact gathering like sub-sub-portion. The other nutrients evaluated were N, P, K, Ca and Mg. It has been confirmed that the treatment T2 was promoted the largest accumulation of nutrients in the cultivars studies.The dry material accumulation and the nutrients N,P,K, Ca and Mg, both, is slow until the 37 DAT, intensity from then. The Leopard´scultivars has accumulated larger quantity of dry material and has exported larger quantity of N, P, Ca and Mg than Olímpia. Olímpia´s cultivar has exported a larger quantity of K than Leopard´s. In decreasing order, the Olímpia and Leopard´s export respectively the following nutrients: K>N>P>Ca>Mg and K>N>Ca>P>Mg. Key-words: Citrullus lanatus (Thunb.). Fertigation. The paceof absorption. LISTA DE TABELAS Tabela 1: Algumas das principais cultivares de melancia plantadas em todo o mundo, com sua respectiva massa média ................................................................................ 20 Tabela 2: Parte a ser coletada, época de coleta e teores de nutrientes adequados na cultura da melancia .................................................................................................... 24 Tabela 3: Formas de fósforo nos solos do Brasil ..................................................................... 27 Tabela 4: Classe de interpretação da disponibilidade para fósforo de acordo com o teor ...............de argila do solo......................................................................................................... 28 Tabela 5: Caracterização química do solo da área experimental. Mossoró-RN, 2011............. 39 Tabela 6: Lâminas de água aplicadas na cultura da melancia durante o experimento ............. 42 Tabela 7: Características da água utilizada no experimento..................................................... 42 Tabela 8: Quantidade diária (kg ha-1) dosfertilizantes aplicados na fertirrigação para a dose equivalente a 100% do tratamento com fósforo e nitrogênio........................... 44 Tabela 9: Resumo da análise de variância para os conteúdos (g pl-1) de MS, N, P, K, Ca e Mg na parte vegetativa da planta em função dos tratamentos (doses combinadas de N e P), das cultivares Olímpia e Leopard, e das cinco épocas de coleta.......................................................................................................................... 53 Tabela 10: Resumo da análise de variância para os conteúdos (g pl-1) de MS, N, P, K, Ca e Mg em toda a planta (caule, folha e fruto) em função dos tratamentos (doses combinadas de N e P), das cultivares Olímpia e Leopard, e das cinco épocas de coleta ....................................................................................................... 54 Tabela 11: Eficiência agronômica das doses de N e P aplicadas na cultivar Olímpia ............. 72 Tabela 12: Eficiência agronômica das doses de N e P aplicadas na cultivar Leopard ............. 73 Tabela 13: Eficiência fisiológica das doses de N e P aplicadas ............................................... 73 Tabela 14: Percentual de MS na melancieira aos 58 dias após transplantio ............................ 75 Tabela 15: Percentual de N na melancieira aos 58 dias após transplantio ............................... 76 Tabela 16: Percentual de P na melancieira aos 58 dias após transplantio ................................ 77 Tabela 17: Percentual de K na melancieira aos 58 dias após transplantio ............................... 77 Tabela 18: Percentual de Ca na melancieira aos 58 dias após transplantio .............................. 78 Tabela 19: Percentual de Mg na melancieira aos 58 dias após transplantio............................. 79 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Croqui do experimento com distribuição das parcelas e blocos. C1 = cultivar Olímpia; C2 = cultivar Leopard; T1, T2, T3, T4 = doses de N e P; t1, t2, t3, t4, t5 = 23, 30, 37, 46 e 58 dias após transplantio, respectivamente ....................... 38 Figura 2: Dados climatológicos da área experimental............................................................. 39 Figura 3: Coeficiente de cultivo (Kc) utilizado no experimento de acordo com a idade da planta, durante os meses de setembro a novembro de 2010, Mossoró, RN............................................................................................................. 41 Figura 4: Conteúdo de matéria seca na parte vegetativa (A) e total (B) para as cultivares Olímpia e Leopard acumulado durante seus respectivos ciclos. ............................... 55 Figura 5: Conteúdo médio de matéria seca na parte vegetativa (MSVEG) e total (MST) da melancieira, durante o ciclo das cultivares Olímpia e Leopard, em função das doses combinadas dos nutrientes N e P2O5 aplicadas na adubação. Letras minúsculas comparam os valores de MSVEG e maiúsculas a MST pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade .............................................................................. 57 Figura 6: Conteúdo de N na parte vegetativa (A) e total (B) para as cultivares Olímpia e Leopard acumulado durante seus respectivos ciclos. ............................................... 58 Figura 7: Conteúdo médio de nitrogênio na parte vegetativa e total da melancieira, durante o ciclo das cultivares Olímpia e Leopard, em função das doses combinadas dos nutrientes N e P2O5 aplicadas na adubação. Letras minúsculas comparam os valores de MSVEG e maiúsculas a MST pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade ................................................................................................. 60 Figura 8: Conteúdo de P na parte vegetativa (A) e total (B) para as cultivares Olímpia e Leopard acumulado durante seus respectivos ciclos. ............................................. 62. Figura 9: Conteúdo médio de fósforo na parte vegetativa e total da melancieira, durante o ciclo das cultivares Olímpia e Leopard, em função das doses combinadas dos nutrientes N e P2O5 aplicadas na adubação. Letras minúsculas comparam os valores de MSVEG e maiúsculas a MST pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade ........................................................................................................... 63 Figura 10: Conteúdo de K na parte vegetativa (A) e total (B) para as cultivares Olímpia e Leopard acumulado durante seus respectivos ciclos. .......................................... 65 Figura 11: Conteúdo médio de K na parte vegetativa e total da melancieira, durante o ciclo das cultivares Olímpia e Leopard, em função das doses combinadas dos nutrientes N e P2O5 aplicadas na adubação. Letras minúsculas comparam os valores de MSVEG e maiúsculas a MST pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade ........................................................................................................... 66 Figura 12: Conteúdo de cálcio na parte vegetativa das cultivares Olímpia (A) e Leopard (B) para cada tratamento aplicado, em função de dias após transplantio. As equações mostram o resultado em g pl-1 é preciso multiplicar pelos fatores 5,144 (Olímpia) e 7,716 (Leopard) para transformar em kg ha-1 ............................................67 Figura 13: Conteúdo de cálcio total nas cultivares Olímpia (A) e Leopard (B) para cada tratamento aplicado, em função de dias após transplantio. As equações mostram o resultado em g pl-1 é preciso multiplicar pelos fatores 5,144 (Olímpia) e 7,716 (Leopard) para transformar em kg ha-1 ..................................... 69 Figura 14: Conteúdo de magnésio na parte vegetativa da melancia em função de dias após transplantio ...................................................................................................... 70 Figura 15: Conteúdo de magnésio total nas cultivares Olímpia (A) e Leopard (B) de melancia para cada tratamento aplicado, em função de dias após transplantio. As equações mostram o resultado em g pl-1 é preciso multiplicar pelos fatores 5,144 (Olímpia) e 7,716 (Leopard) para transformar em kg ha-1 ............... 71 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 15 2 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 17 2.1 ASPECTOS E IMPORTÂNCIA DA CULTURA DA MELANCIA .......................... 17 2.1.1 Importância da cultura da melancia ........................................................................ 17 2.1.2 Aspectos da melancia ................................................................................................ 18 2.2. ASPECTOS NUTRICIONAIS DO NITROGÊNIO E FÓSFORO NA MELANCIA ................................................................................................................ 21 2.2.1 Nitrogênio (N) ........................................................................................................... 21 2.2.1.1 Nitrogênio no solo ...................................................................................................... 21 2.2.1.2 Adubação nitrogenada ................................................................................................ 23 2.2.1.3 Função do N na planta, excessos e deficiências................................................... ..... 24. 2.2.1.4 Resposta da Melancia ao N ........................................................................................ 26 2.2.2 Fósforo (P) ................................................................................................................ 27 2.2.2.1 Fósforo no solo .......................................................................................................... 27 2.2.2.2 Adubação fosfatada ................................................................................................... 28 2.2.2.3 Função do P na planta, excessos e deficiências ......................................................... 29 2.2.2.4 Resposta da Melancia ao P ........................................................................................ 30 2.3 MARCHA DE ABSORÇÃO .................................................................................... 30 2.4 FERTIRRIGAÇÃO ................................................................................................... 34 2.5 EFICIÊNCIA AGRONÔMICA DA ADUBAÇÃO .................................................. 36 3 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................... 38 3.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA EXPERIMENTAL ............................................ 38 3.2 TRATAMENTOS E DELINEAMENTO ESTATÍSTICO ....................................... 39 3.3 INSTALAÇÃO E CONDUÇÃO DO EXPERIMENTO .......................................... 40 3.3.1 Preparo do solo e adubação de fundação .............................................................. 40 3.3.2 Sistema de irrigação e manejo da irrigação .......................................................... 40 3.3.3 Plantio ....................................................................................................................... 42 3.3.4 Fertirrigação e seu manejo ..................................................................................... 43 3.3.5 Tratos culturais e fitossanitários ............................................................................ 44 3.4 CARACTERÍSTICAS AVALIADAS ...................................................................... 45 3.4.1 Matéria Seca (MS) .................................................................................................. 45 3.4.2 Acúmulo de N, P, K, Ca e Mg nos órgãos da planta ............................................ 46 3.4.2.1 Nitrogênio (N) .......................................................................................................... 47 3.4.2.2 Fósforo (P) ................................................................................................................. 47 3.4.2.3 Potássio (K) .............................................................................................................. 48 3.4.2.4 Cálcio (Ca) e Magnésio (Mg) .................................................................................... 49 3.4.3 Conteúdo de Nutriente acumulado pela planta .................................................... 50 3.4.4 Eficiência Agronômica e fisiológica ....................................................................... 50 3.4.5 Análise estatística dos dados .................................................................................... 51 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 53 4.1 CONTEÚDO DE MATÉRIA SECA E DOS NUTRIENTES N, P, K, Ca e Mg NA MELANCIEIRA ............................................................................................ 53 4.1.1 Conteúdo de matéria seca na parte vegetativa (MSVEG) e total (MST) ............ 55 4.1.1.1 Conteúdo de MS em função de idade e cultivar .......................................................... 55 4.1.1.2 Conteúdo de MS em função dos tratamentos (doses de N e P) ................................... 56 4.1.2 Conteúdo de N na melancieira (kgha-1) ................................................................... 57 4.1.2.1 Conteúdo de N em função de idade e cultivar ............................................................. 57 4.1.2.2 Conteúdo de N em função dos tratamentos ................................................................. 60 4.1.3 Conteúdo de P na melancieira (kg ha-1) .................................................................. 61 4.1.3.1 Conteúdo de P em função de idade e cultivar ............................................................. 61 4.1.3.2 Conteúdo de P2O5 em função dos tratamentos ............................................................ 63 4.1.4 Conteúdo de K na melancieira (kg ha-1) .................................................................. 64 4.1.4.1 Conteúdo de K em função de idade e cultivar ............................................................. 64 4.1.4.2 Conteúdo de K em função dos tratamentos ................................................................. 66 4.1.5 Conteúdo de Ca na melancieira (kg ha-1) ................................................................ 67 4.1.5.1 Conteúdo de Ca na parte vegetativa (caule e folha) .................................................... 67 4.1.5.2 Conteúdo de Cálcio total (caule, folhas e frutos) ........................................................ 68 4.1.6 Conteúdo de Mg na melancieira (kg ha-1) ............................................................... 70 4.1.6.1 Conteúdo de Mg na parte vegetativa (CMGVEG) ...................................................... 70 4.1.6.2 Conteúdo de Mg total (caule, folhas e frutos). ........................................................ 70 4.2 EFICIÊNCIA AGRONÔMICA E FISIOLÓGICA ..................................................... 72 4.3 EXPORTAÇÃO DOS NUTRIENTES N, P, K, CA E MG PELAS CVS. OLÍMPIA (5.144 PL HA-1) E LEOPARD (7.716 PL HA-1) ....................................... 74 4.3.1 Contribuição percentual do fruto no conteúdo de MS da melancieira ........................ 74 4.3.2 Contribuição percentual do fruto no conteúdo de N na melancieira ........................... 75 4.3.3 Contribuição percentual do fruto no conteúdo de P na melancieira ............................ 76 4.3.4 Contribuição percentual do fruto no conteúdo de K na melancieira ........................... 77 4.3.5 Contribuição percentual do fruto no conteúdo de Ca na melancieira.......................... 78 4.3.6 Contribuição percentual do fruto no conteúdo de Mg na melancieira ........................ 79 5 CONCLUSÕES......................................................................................................... 80 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 81 15 1 INTRODUÇÃO A melancieira é uma planta cultivada praticamente em quase todo o Brasil, desde regiões mais frias do Rio Grande do Sul até regiões mais quentes do Nordeste brasileiro. Em épocas passadas era uma cultura praticada quase que exclusivamente em regime de sequeiro, pelos agricultores familiares, sendo destinada principalmente para mercado local. Hoje a cultura da melancia está bastante desenvolvida existem diversas cultivares no mercado, cada uma com características particulares e adaptadas a diferentes condições edafoclimáticas. Em nível de Brasil, segundo dados do IBGE (2010), a melancia apresentou um valor de produção em torno de R$ 823.755.000, que representa 4% do valor da produção das principais frutíferas produzidas no Brasil. Este valor foi 16,1 % maior que o do ano anterior, embora tenha tido uma queda de -0,6% na produção em relação ao ano anterior. No estado do Rio Grande do Norte o valor de produção foi em torno de R$ 28.528.000 (IBGE, 2010). Recentemente cultivares de melancia sem sementes foram lançados no mercado, tendo, inicialmente, pouca aceitação no mercado nacional e sua produção sendo destinada quase que exclusivamente para mercados externos, devido à boa aceitação por este mercado e aos bons preços pagos. A melancia sem semente geralmente é menor e apresenta polpa mais firme, comparado a melancia com sementes. A região de Mossoró, incluindo seu entorno, sobretudo o estado do Ceará, produzia praticamente apenas melão, porém atualmente esta cultura tem sido substituída por melancia. Produtores de melão para exportação passaram também a ser produtores de melancia, sobretudo sem sementes e as tecnologias utilizadas, como a fertirrigação, foram transferidas. É bom lembrar que a melancia sem sementes necessita de uma cultivar polinizadora e que o cultivo tradicional de melancia já era praticado por pequenos produtores, que destinam os frutos para o mercado interno. Atualmente, a melancieira é cultivada por pequenos, médios e grandes produtores, que fazem uso de tecnologias como irrigação e fertirrigação. Seus frutos são destinados aos mercados nacional e internacional. Os híbridos ganharam espaço no mercado e vêm substituindo as cultivares tradicionais. A fertirrigação é uma prática usada em larga escala e tem grande aceitação pelos produtores, dada aeconomia de mão-de-obra, eficiência de uso e economia de fertilizantes, flexibilidade de aplicação parcelada de fertilizantes, e melhor utilização dos equipamentos de 16 irrigação (VITTI, BOARETTO, PENTEADO, 1994). No entanto, não existem informações suficientes sobre o manejo dos fertilizantes via água de irrigação para a maioria das culturas irrigadas, principalmente sobre dosagens, parcelamento dos nutrientes de acordo com a marcha de absorção, tipo de fertilizantes mais recomendados e prevenção à formação de precipitados. A absorção de nutrientes pelas plantas, mais especificamente da melancia, varia de cultivar para cultivar, com a idade da planta, com o tipo de solo e com o clima. O conhecimento da quantidade de nutrientes absorvidos pela planta em cada fase do ciclo é um importante instrumento para fornecer a quantidade correta de fertilizante à planta em cada fase do seu desenvolvimento, embora o que a planta precisa de nutrientes nem sempre representa a quantidade de nutrientes a ser fornecido para a cultura, pois existem fatores externos e internos que influenciam a absorção de nutrientes, como por exemplo, a ciclagem de nutrientes. A marcha de absorção adequada é aquela para a produtividade máxima ou ótima. No polo agrícola Mossoró/Baraúna a melancieira tem respondido de forma mais significativa aos nutrientes N e P, devido aos nossos solos serem, na sua grande maioria, pobres em nitrogênio e fósforo, o que não acontece com o potássio. A importância de se estudar a marcha de absorção de nutrientes pela melancia aplicando diferentes doses de nutrientes se resume ao fato de que a planta absorve quantidades de nutrientes conforme estejam disponíveis no solo, no entanto teores elevados de nutrientes absorvidos pela planta nem sempre resultam em aumento de produtividade ou de matéria seca, pois a planta possui um limite ótimo de nutrientes que maximiza a sua produção em determinadas condições edafoclimáticas. Portanto é necessário saber a dose ideal que maximiza a produção e a absorção de nutrientes pela planta naquela dose. O objetivo desta pesquisa foi estudar a absorção de macronutrienes (N, P, K, Ca e Mg) pela melancieira cvs Olímpia e Leopard fertirrigadas com quatro doses combinadas de nitrogênio e fósforo. 17 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 ASPECTOS E IMPORTÂNCIA DA CULTURA DA MELANCIA 2.1.1 Importância da cultura da melancia A melancia tem grande importância sócio-econômica por ser cultivada principalmente por pequenos agricultores. Tem fácil manejo e menor custo de produção quando comparada a outras hortaliças, constituindo-se em importante cultura para o Brasil pela demanda intensiva de mão-de-obra rural (ROCHA, 2010). Do ponto de vista socioeconômico, gera renda e empregos, e ajuda a manter o homem no campo, além de ter um bom retorno econômico para o produtor. Dados da FAO (2010) apontam como maiores produtores mundiais de melancia, em ordem decrescente: China, Turquia, Irã, Brasil, Estados Unidos e o Egito, correspondendo a 87% da produção mundial, sendo que a produção foi de cerca de 79,5 milhões de toneladas, com a china participando com 71,3%. Araújo, J. e Araújo E. (2008) destaca a atual importância da melancia como uma das principais frutas em volume de produção mundial e também estando dentre os dez produtos hortifrutícolas mais exportados, com um mercado estimado em mais de 1,7 milhões de toneladas por ano. O Brasil tem uma área plantada de 96.477 ha, com uma produção de 2.052.928 toneladas, rendimento médio 21.622 kg.ha-1 e um valor de produção de R$823.755.000, que representa 4% do valor da produção das principais frutíferas produzidas no Brasil (IBGE, 2010). No nordeste, para o mesmo período, a melancia ocupou uma área plantada de 37.201 ha, com uma produção de 701.213 toneladas, apresentando um rendimento médio de 20.218 kg ha-1, e um valor de produção da ordem de R$ 245.223.000. Por outro lado, o RN, ainda no mesmo período, possuía uma área plantada de 3.063 ha, produzindo cerca de 76.872 toneladas, tendo um rendimento médio de 26.471 kg ha-1 e um valor de produção de R$ 28.528.000. A melancia apresentou acréscimo de 16,1% no valor da produção quando comparada com o mesmo período do ano anterior (IBGE, 2010). As regiões Nordeste e Sul são as principais regiões produtoras de melancia no Brasil, contribuindo, respectivamente com 35,95% e 26,93% do total da produção nacional. Os 18 estados com maior produção são Rio Grande do Sul, Bahia e Goiás, representando, respectivamente 16,9%; 16,48% e 13,1% da produção nacional (IBGE, 2010). Os estados brasileiros com maior produtividade nacional são o Ceará (41.148 kg ha-1), Goiás (34.654 kg ha-1), São Paulo (28.260 kgha-1), Rio Grande do Norte (26.471 kg ha-1) e Piauí (26.335 kg ha-1) (IBGE, 2010). No estado do RN, a microrregião de Mossoró, que envolve os municípios de Areia Branca, Baraúna, Grossos, Mossoró, Serra do Mel e Tibau, é a que apresenta maior produção. Porém, pode-se observar, de uma forma geral, que a produção tem diminuído no período de 2003 a 2010. Os valores da produção nos referidos anos, são respectivamente: 113.890t, 101.140t, 61.304t, 70.264t, 53.094t, 45.504t, 59.004t e 64.844 t (IBGE, 2010). 2.1.2 Aspectos da melancia A melancieira é originária da África, embora na Índia seja encontrada grande diversidade desta espécie. A melancieira é uma espécie anual, pertence à família das cucurbitaceae, gênero Citrullus, espécie Citrulluslanatus (Thunb.) Matsumura & Nakai, que apresenta hábito de crescimento rasteiro com ramificações, que podem alcançar de 3 a 5 metros de comprimento e as raízes desenvolvem-se no sentido horizontal, concentrando-se nos 25-30 cm superficiais do solo, embora algumas raízes alcancem maiores profundidades (CASALI, SONNENBERG, PEDROSA, 1982). Quanto à biologia reprodutiva, a melancia é monoica, possui flores masculinas e femininas separadas, mas também ocorrem plantas andromonoicas (flores masculinas e hermafroditas) ou ginandromonoicas — flores masculinas, femininas e hermafroditas. No ápice da floração, normalmente, na segunda semana após o início da abertura das flores, há cerca de três a cinco flores masculinas para cada flor feminina. Durante a floração, as flores abrem entre 1 e 2 horas após o aparecimento do sol e se fecham no mesmo dia à tarde, para não mais abrirem, tendo ou não ocorrido a polinização. O pólen da flor da melancia é pegajoso e as abelhas são os principais polinizadores. Elas são atraídas pelo néctar e pólen, e, ao visitarem as flores realizam polinização. O vento não é suficiente para transportar o pólen entre as flores. Sem o estímulo propiciado pela polinização, o fruto não se desenvolve. É 19 necessário que pelo menos 1.000 grãos de pólen sejam depositados sobre o estigma para que se desenvolva um fruto perfeito (DIAS, REZENDE, 2010). O fruto é uma baga indeiscente que varia quanto ao formato, ao tamanho, cor, espessura da casca, cor da polpa, cor e tamanho de sementes. As variedades de melancia cultivadas possuem frutos de diversos tamanhos, desde 1 kg a mais de 30 kg; formas circular, elíptica e alongada; cores da superfície externa: verde cana, verde-claro, verde-escuro, amarelo, com ou sem listras; e interna: vermelho, rosa, amarelo e branco e inúmeros sabores. A polpa da melancia quanto à textura é classificada em macia ou firme (crocante). As cultivares de polpa macia são muito apreciadas no mercado nacional. Entretanto, para o mercado de exportação, a preferência é por cultivares de polpa firme, muito observado nas cultivares triploides ou sem sementes (DIAS, REZENDE, 2010). A melancia, de forma geral, apresenta cerca de 200 a 800 sementes por fruto, que ficam embebidas na polpa. As cultivares triploides não apresentam sementes perfeitas ou apresentam um número reduzido, variando de 1 a 10, mas apenas rudimentos de sementes, “sementes brancas”, que são comestíveis (DIAS, REZENDE, 2010). Os frutos sem sementes, em melancia são obtidos em plantas triploides (3x=2n=33), híbridas, oriundas do cruzamento de uma planta diploide (2x=2n=22) com uma planta tetraploide (4x=2n=44) (KIHARA, 1951, citado por SOUZA; et al., 1999). O desenvolvimento de híbridos triploides envolve duas etapas básicas. Aprimeira é a obtenção das plantas tetraplóides, que compreende: a indução de poliploidia em plantas diploides e a identificação das plantas tetraplóides resultantes. A segunda é a hibridação das plantas tetraplóides com plantas diplóides, para obtenção das sementes triplóides. A indução de poliploidia em melancia geralmente envolve a quebra da sequência normal de acontecimentos na mitose por aplicação da colchicina (SOUZA; et al., 1999). Em termos práticos, a colchicina tem sido aplicada na gema apical de plântulas ou nas sementes de cultivares diploides de melancia (LOWER; JOHNSON, 1969 citados por SOUZA; et al., 1999). Como nem todas as células são igualmente afetadas pelo anti-mitótico, além das plantas tetraplóides, há geralmente umaexpressiva quantidade de plantas que permanecem diplóides ou de plantas queapresentam partes com diferentes níveis de ploidia (quimeras). Faz-se necessário, portanto, que se identifiquem as plantas tetraploides (SOUZA; et. al., 1999). Obtém-se a semente triploide por meio da polinização controlada. O pólen das plantas diplóides deve ser conduzido ao estigma das flores tetraplóides. O cruzamento recíproco, 20 além de apresentar baixo percentual de pegamento, resulta em poucas sementes por fruto (KIHARA, 1951 citado por SOUZA; et. al., 1999). O aumento do tamanho do fruto emmelancia é incrementado pelos hormônios promotores do crescimento produzidos pelas sementes em desenvolvimento. No caso das plantas triplóides, esses hormônios devem ser fornecidos pelo pólen. Entretanto, como elas praticamente nãoapresentam pólen viável, é preciso quesejam plantadas fileiras de plantas polinizadoras constituídas de plantas diplóides. Os polinizadoresdevem ocupar uma área equivalentea, pelo menos, um terço da área plantada com triplóides (ANDRUS, SESHADRI, GRIMBAL, 1971). Os cultivos comerciais de melancia no Brasil são com cultivares de origem americana ou japonesa, que se adaptaram bem às nossas condições edafoclimáticas. No entanto, deve-se considerar que entre estas, a mais plantada é a cv. Crimson Sweet e tipos semelhantes, que é de origem americana, respondendo praticamente por mais de 90% do fornecimento ao mercado consumidor. Mas, considerando o mercado internacional, há diversas cultivares, que diferem entre si quanto à forma e ao tamanho do fruto, à coloração externa e da polpa, sem considerar a variabilidade genética das raças crioulas na agricultura tradicional (DIAS, REZENDE, 2010). A Tabela 1 mostra algumas das principais cultivares de melancia plantadas em todo o mundo e a massa média de seus respectivos frutos. Tabela 1 – Algumas das principais cultivares de melancia plantadas em todo o mundo, com sua respectiva massa média: Cultivares Au-Sweet Scarlet BRS Kuarah BRS Opara BRS Soleil Charleston Gray Congo Crimson Sweet Dixielee EarlyJubilee (PSX 33484) Fairfax Massa média do fruto (kg) 9-10 4-6 11-13 4-6 10-14 10-14 11 9-14 11-14 Cultivares Jetstream Jubilee II Madera Pérola Shadow Starbrite Sugar Baby Tiffany TopGun Massa média do fruto (kg) 11 11-14 6-10 5-8 Não definido 13 3-5 6-10 7-8 13-18 YellowDoll 2-3 Fonte: Dias, Rezende (2010) Duas cultivares de melancia recentes no mercado nacional são as cultivares Olímpia e Leopard que necessitam de estudos, sobretudo de manejo da nutrição e da fertirrigação. 21 A cultivar de melancia Olímpia foi desenvolvida pela empresa Sakata Seed Sudameria Ltda, apresentando as seguintes características: é um híbrido diplóide com elevada cobertura foliar, que garante à planta maior capacidade fotossintética. O resultado é mais produtividade, frutos mais resistentes e protegidos das queimaduras de sol e brix elevado. Qualidades que rendem uma maior aceitação do mercado. A sua semente custa em média R$ 222,00 a lata com 100g, contendo aproximadamente 1000 sementes. Já a cultivar Leopard de melancia foi desenvolvida pela empresa Israelense Hazera, que a caracteriza como uma mini-melancia Tiger triplóide sem sementes com polpa vermelha, muito firme, de boa consistência e sabor, resistente ao transporte e com excelente póscolheita, ideal para exportação. Possui formato redondo a ligeiramente oval, massa entre 2 a 3kg e brix alto. Um grama de sementes pode ter de 17 a 28 sementes. A indústria de sementes tem, nos últimos anos, se dedicada ao desenvolvimentode híbridos de melancia, por causa do seu maior retorno comercial aos programas de melhoramento, o que pode ser verificado pelo grande número de cultivares lançadas em todo o mundo (DIAS, REZENDE, 2010). Os híbridos, cujas sementes são mais caras, geralmente possuem maior precocidade, produtividade e maior uniformidade. Pode ser uma boa alternativa de cultivo, desde que o investimento na compra de sementes seja recompensado pela obtenção de preços diferenciados na venda dos frutos. Em escala mundial, apenas 22% das cultivares de melancia lançadas são de polinização aberta e as demais são de polinização controlada (híbridos diploides, triploides e linhas tetraploides) (DIAS, REZENDE, 2010). 2.2. ASPECTOS NUTRICIONAIS DO NITROGÊNIO E FÓSFORO NA MELANCIA 2.2.1Nitrogênio (N) 2.2.1.1 Nitrogênio no solo 22 O nitrogênio (N) representa 5% da matéria orgânica do solo. Cerca de 98% está em forma orgânica e somente 2% em forma mineral. Não se deve esquecer a presença de formas gasosas (N2 do ar do solo e óxidos de nitrogênio) (MALAVOLTA, 2006). No estado mineral o nitrogênio encontra-se no solo na forma de amônia, nitrito e nitrato, correspondendo a 2% do nitrogênio total. No estado Orgânico o nitrogênio encontrase nas formas alfa amínica, representando de 24 a 37% do N total; ácidos nucléicos e amino açúcares, com 3 a 10% do N total e produtos de condensação ou complexos de lignina que representam de 40 a 50% do N total (STEVENSON, 1969 citado por MALAVOLTA, 2006). Os compostos nitrogenados são mineralizados por microrganismos do solo. Entretanto, pela dificuldade oferecida pelas formas mais resistentes e que constituem a fração maior do reservatório, somente uma fração se torna disponível para a planta num dado ano agrícola. Os microrganismos responsáveis pelo processo são principalmente bactérias, fungos e actinomicetos. Como regra admite-se que 1 a 4% do total de N orgânico possa ser mineralizado e fornecido a cultura durante o seu ciclo anual (MALAVOLTA, 2006). O nitrogênio pode ser fornecido ao solo como fertilizante mineral, restos orgânicos diversos, água da chuva (as descargas elétricas combinam o N2 da atmosfera com o oxigênio da mesma) e pela fixação biológica. A fonte primária do elemento para a biosfera é, porém, o imenso reservatório da atmosfera, da ordem de 1015t de N2. Perdas ocorrem por diversas vias: lavagem ou lixiviação, principalmente do N-NO3- que não é retido pela fase lábil; exportação pela colheita e erosão. O último processo é particularmente significativo: as perdas irreversíveis de nitrogênio pela erosão são equivalentes a quase todo o nitrogênio contido no adubo aplicado no Brasil. Entretanto, o principal processo de perda, volta do N à atmosfera de onde viera, é a desnitrificação. A desnitrificação ocorre em condições anaeróbicas como os solos encharcados e os campos de arroz inundados (MALAVOLTA, 2006). Malavolta (2006) em seu livro manual de nutrição mineral de plantas diz que existe alguma controvérsia na literatura, e no comércio de fertilizantes, a respeito da forma de N preferida pela cultura. Beeverset e Hageman (1983) afirmam que é frequentemente observado que as plantas crescem e produzem melhor numa mistura de fontes inorgânicas de N (nítrico e amoniacal). 23 2.2.1.2 Adubação nitrogenada A equação da adubação, válida para qualquer cultura é conhecida e ilusoriamente simples (equação 1) (MALAVOLTA, 2006). Onde: M = macro ou micronutriente; Exigência = necessidade da planta; Fornecimento = contribuição do solo, diretamente proporcional às suas fertilidades química, física e biológica; f = fator maior que 1, destinado a compensar as perdas dos fertilizantes. A prática da adubação não é uma simples operação contábil, especialmente no caso do nitrogênio cuja dinâmica no solo é a mais complicada de todos os elementos. Por esse motivo existem vários métodos para se calcular a quantidade de N em kg ha-1para ser fornecido (MALAVOLTA, 2006). Um dos métodos é baseado no teor de matéria orgânica no solo, que parte do princípio que há uma relação direta entre o teor de matéria orgânica no solo e o fornecimento de nitrogênio para a cultura, desde que as condições favoreçam a mineralização. Apenas os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina fazem recomendação de adubação nitrogenada baseado no teor de matéria orgânica do solo (MALAVOLTA, 2006). Outra forma de fazer recomendação é baseado nas formas solúveis de N no solo. Neste, vários métodos procuram avaliar a necessidade de adubação nitrogenada mediante análise de frações do elemento no solo ou a mineralização da matéria orgânica (MALAVOLTA, 2006). A diagnose foliar é um método destinado a avaliar o estado nutricional. Baseia-se no fato que quando o suprimento de um elemento no solo é alto, o seu teor na folha também o é, o mesmo acontecendo com a produção. De uma forma geral não se usa a diagnose foliar para determinar a dose do elemento a usar. A diagnose foliar é mais comumente usada para fazer 24 ajustes no programa de adubação nitrogenada, sobretudo através de adubações foliares (MALAVOLTA, 2006). Resultados experimentais é também outra forma para fazer adubação. Vários estados brasileiros, do Ceará ao Rio Grande do Sul, possuem publicações em que as doses dos elementos, macro e micro a usar para obter uma dada produção, são apresentadas em função dos resultados das análises de solo. Exceção feita para os estados do RS e SC, as outras recomendações das doses de N são dadas com base em resultados experimentais (MALAVOLTA, 2006). Nas condições brasileiras, as doses médias de N aplicadas, algumas poucas dezenas de kg ha-1, não deve haver motivo de preocupação com poluição por nitrato (MALAVOLTA, 2006). O mau exemplo neste e em outros casos é sempre dado pelo primeiro mundo. De acordo com Reichardt, Libardi e Urquiaga (1982) as perdas de N por lixiviação, em várias culturas brasileiras, variam entre 6 e 32kg ha-1, esomente entre 0,4 e 4 kg se originam do adubo aplicado. Na literatura, as recomendações de adubação de N para a cultura da melancia são para adubação convencional. Silva; et. al. (2010) recomendam aplicar em fundação uma adubação orgânica de 10 a 20m3ha-1 de esterco bovino curtido e uma adubação mineral de 30 kg ha-1 de N no plantio e 90 kg ha-1 em cobertura. Costa; et. al. (1998) recomendam uma adubação na cultivar Crimson Sweet (espaçamento de 3 x 0,8 e produtividade esperada de 25 t ha-1) de 30 kg ha-1 de N na fundação e 60 kg ha-1 em cobertura, que deve ser aplicado aos 25 dias após plantio; se o solo for arenoso ele recomenda parcelar a adubação de cobertura em duas vezes, aos 20 e 40 dias após plantio. Produtores do polo agrícola de Mossoró costumam aplicar uma dose de 121 kg ha-1de N, parcelada em duas a três vezes durante o ciclo da cultura, quando aplicada de forma convencional. 2.2.1.3 Função do N na planta, excessos e deficiências O nitrogênio é o elemento formador da estrutura da planta, sendo constituinte da estrutura de aminoácidos, proteínas, vitaminas, clorofila, enzimas e coenzimas. É ativador enzimático, atua nos processos de absorção iônica, fotossíntese, respiração, sínteses, crescimento vegetativo e herança. Os sintomas de deficiência surgem nas folhas mais velhas 25 (folhas basais), produzindo um amarelecimento generalizado, que progride para toda a planta; há restrição na taxa de crescimento e pegamento de frutos, que apresentam menor desenvolvimento (DIAS; REZENDE, 2010). Os teores médios na folha da melancieira adequados para uma boa produção estão expressos na Tabela 2. Em períodos quentes e de alta luminosidade, a quantidade de N pode ser aumentada para possibilitar um contínuo crescimento e maximizar a produção de frutos. No entanto, o excesso de N em hortaliças de frutos provoca um vigoroso crescimento vegetativo em detrimento da produção de frutos, intensifica a coloração verde, afeta negativamente a qualidade do fruto e faz com que as plantas fiquem mais suscetíveis ao ataque de insetospraga e doenças (CARRIJO; et. al., 2004). Tabela 2 – Parte a ser coletada, época de coleta e teores de nutrientes adequados na cultura da melancia. Parte da planta Folha recém amadurecida 5ª folha a partir da ponta Estágio de crescimento Qtde. de amostra Início do florescimento 40 folhas por glebas homogêneas Início do florescimento ao início da frutificação Frutos pequenos até a colheita Fonte1 Macronutrientes (g.kg-1) N P K Ca Mg S 1 36 4,8 27 13 5 1 40 folhas por glebas homogêneas 2 40-55 3-8 4050 1730 5-8 - 40 folhas por glebas homogêneas 2 40-50 2,57 3545 2032 3-8 - 2550 212 2-3 1020 3-6 3-5 5ª folha a 253 25-50 3-7 partir da 40 Da metade até 2/3 15 plantas ponta, do ciclo da planta 20excluindo a 4 25-50 2-6 60 gema apical 1 Fonte: 1= International Fertilizer Association (2007); 2= Jones et al. (1991); 3= Locascio (1996); citados por Dias et al. (2010). Trani e Raij (1996); 4= No início do ciclo da cultura, devem-se usar formas amoniacais, que são mais bem aproveitadas por plantas jovens, ou amídicas, que são transformadas no solo para amônio, como o MAP e a uréia, respectivamente. A partir de certo período, com o início do florescimento, as formas nítricas são mais prontamente absorvidas e translocadas para a parte aérea da planta. Assim, considerando os aspectos custos, lixiviação e volatilização, é recomendável que a partir do máximo desenvolvimento vegetativo ou do início da floração haja um balanço entre as formas nítricas e amídica ou amoniacal, podendo-se aplicar uma combinação de 30 a 65% do N na forma nítrica e o restante na forma amídica (uréia), que é o fertilizante de menor custo por unidade de N (CARRIJO; et. al., 2004). 26 2.2.1.4 Resposta da Melancia ao N Na literatura verifica-se que a melancia, de uma forma geral, responde de forma quadrática a doses crescentes de nitrogênio. A dose ótima, na maioria das vezes, é inferior a dose adotada pelos produtores de melancia. Andrade Junior; et. al. (2006) avaliando a aplicação de doses de nitrogênio (0, 40, 80, 120 e 160 kg ha-1de N) via fertirrigação na produção e a qualidade de frutos de melancia cultivar Crimson Sweet verificou que a produção total, a produção comercial, o número de frutos total e comercial aumentam significativamente com o aumento dos níveis de nitrogênio, seguindo um modelode resposta quadrático, e que a função de produção ajustada permite verificar que a aplicação de 97,61 kg ha-1 de N aperfeiçoa as características avaliadas, com a produção de 60,17 Mg ha-1 contra uma produção média de 49,90 Mg ha-1. Soares; et. al. (2002) estudando a função de resposta da melancia em cinco lâminas de água (312,1; 288,5; 252,6; 205,2 e 142,5 mm) e quatro níveis de adubação nitrogenada (0, 75, 150 e 300 kg ha-1) no vale do Curu, em Ceará, verificou que a produtividademáxima de 64,9 t ha-1 foi obtida na lâmina de 227,3 mm e com a dose de 229,8 kg ha-1, ambas apresentando resposta quadrática. Faria; et. al. (2003) trabalhando com doses e períodos de aplicação de nitrogênio na melancia no submédio São Francisco concluiu que a melancia apresenta pequena resposta a adubação nitrogenada. Com uma dose de 45 kg ha-1 de N, é suficiente para se obter uma produtividade máxima de frutos com boa qualidade. Dias; et. al. (2005) avaliandoa produtividade de frutos de melancia Crimson Sweet fertirrigadas com cinco doses de nitrogênio (0, 40, 80, 120 e 160 kg ha-1), em Teresina/PI, verificou que as doses não influenciaram significativamente a produtividade da cultura. Feltrim (2010) pesquisando a produtividade da melancia em função de quatro doses de nitrogênio (79,8; 106,4; 133 e 159,6 kg ha-1) nas melancias tipo híbrido sem sementes Shadow e híbrido com sementes Top Gun, verificou que a dose de 79,8 kg ha, correspondendo a 75% da dose de referência (106,4 kg ha-1) foi arecomendada para ser aplicada em fertirrigação em ambas as cultivares. Andrade Junior; et. al. (2007) estudando cinco frequências (F1=diária, F2= a cada dois dias, F3= a cada três dias, F4= a cada 4 dias e F5= a cada 5 dias) de aplicação de nitrogênio e de potássio via água de irrigação por gotejamento na cultura da melancia em Parnaíba, PI 27 verificou que as frequências de aplicação não influenciaram a produção, os componentes de produção, e os parâmetros de qualidade dos frutos. Em alguns casos o parcelamento diário da dose de nitrogênio nem sempre é a melhor alternativa para aumento de produção ou de qualidade de frutos de melancia, embora possa ser uma forma de economizar nitrogênio. 2.2.2 Fósforo (P) 2.2.2.1 Fósforo no solo As quantidades totais de P nos solos brasileiros, na profundidade de 0-20cm variam entre 0,005% e 0,2%, o que corresponde a 110 – 4400 kg ha-1 (MALAVOLTA, 2006). A Tabela 3 mostra simplificadamente como as diferentes formas de fósforo compõem o total do elemento no solo. Tabela 3 – Formas de fósforo nos solos do Brasil. FORMA ORGÂNICA Fosfato de inositol Ácidos nucléicos Fosfolipídios Outras MINERAL P – Ca % APROXIMADA DO TOTAL 10 – 60 5 – 30 P – Fe 10 – 20 P – Al < 10 P – adsorvido (argila, óxidos hidratados, carbonatos) P – ocluso (Fe) 1 40 – 90 Fonte: Malavolta (1980). O fósforo no solo tem sua origem no mineral acessório chamado genericamente de apatita. O intemperismo leva-o a solução do solo, de onde as plantas extraem. No solo o fósforo se encontra, normalmente no seu estado mais oxidado (PO4-3), valência +5. O íon 28 fosfatado é muito estável, quimicamente, não passando por transformações como acontece com o nitrato, que também tem valência +5. (MALAVOLTA, 2006). 2.2.2.2 Adubação fosfatada A adubação fosfatada segue a equação geral da adubação (equação 1). Para o P o fator f, que define as perdas, é o mais alto de todos os nutrientes. Isto se explica pela fixação do fósforo, que se deve em maior grau aos óxidos e hidróxidos de alumínio e ferro, abundantes em solos ácidos, e em menor proporção ao cálcio (MALAVOLTA, 2006). As doses de fósforo a usar na adubação são baseadas na extração feita em laboratório, no qual se estima conjuntamente, embora em proporção variável, o P (lábil) e o P (solução) (MALAVOLTA, 2006). Um dos métodos de extração de nutrientesmais utilizados é o método de Mehlich-1, que utiliza o H2SO4 a 0,025N em HCl a 0,05N para extrair o P (lábil) e P (solúvel) do solo, simulando a extração do elemento pela planta. A Tabela 4, que mostra a classe de interpretação do conteúdo de fósforo no solo em diferentes teores de argila, serve como base para definir os limites do elemento no solo (muito baixo, baixo, médio, bom e muito bom), que auxiliam no programa de adubação das culturas (MALAVOLTA, 2006). Tabela 4 – Classe de interpretação da disponibilidade para fósforo de acordo com o teor de argila do solo. Características Classificação Muito baixo Baixo Médio Bom Muito bom mg dm-3 Argila (%) Fósforo disponível (P)¹ 60 – 100 ≤ 2,7 2,8 – 5,4 5,5 – 8,0 8,1 – 12 >12 35 – 60 ≤ 4,0 4,1 – 8,0 8,1 – 12 12,1 – 18 >18 15 – 35 ≤ 6,6 6,7 – 12 12,1 – 20 20,1 – 30 >30 0 – 15 ≤ 10,0 10,1 - 20 20,1 – 30 30,1 – 45 >45 ¹Método Mehlich-1 Fonte: Malavolta (2006). 29 2.2.2.3 Função do P na planta, excessos e deficiências O fósforo é um componente da estrutura dos ésteres de carboidratos, fosfolipídios, coenzimas e ácidos nucleicos. Atua nos processos de armazenamento e transferência de energia e fixação simbiótica de nitrogênio. É o elemento que mais influencia no tamanho dos frutos e sua deficiência inicia-se com um menor desenvolvimento das plantas, seguido de clorose nas folhas mais velhas que posteriormente necrosam nas margens. As folhas mais novas enrolam-se e encurvam-se (DIAS, REZENDE, 2010). O fósforo (P) desempenha papel fundamental nos processos energéticos das plantas e está presente nos compostos que constituem as substâncias responsáveis pela transmissão do código genético das células (DNA e RNA). Os sintomas de sua deficiência aparecem primeiro nas folhas mais velhas, que apresentam coloração arroxeada, iniciando-se nas nervuras. O excesso afeta a assimilação do nitrogênio, tornando o tecido duro e quebradiço, e diminui o crescimento da planta, provavelmente por afetar a absorção de Zn, Fe e Cu (CARRIJO; et. al., 2004). Os teores médios na folha de melancieira adequados para uma boa produção podem ser observados na Tabela 2. Além disso, Malavolta (2006) cita a importância do P como: acelera a formação das raízes e é essencial para o seu funcionamento como apoio mecânico e órgão de absorção da água e de íons; aumenta o perfilhamento das gramíneas (junto com o N), cereais e forrageiras; maior pegamento da florada, e, por isso, mais frutificação; regulador de maturação; mais viabilidade de sementes; maior teor de carboidratos (açúcares de cana, amido de beterraba e mandioca, fibra de algodão) óleo, gordura e proteínas; essencial para a fixação biológica de nitrogênio; quando deficiente causa menor vegetação e produção, qualidade e senescência precoce. Todo o P é geralmente aplicado no plantio na forma de formulações NPK. No entanto, resultados de pesquisa têm demonstrado que a aplicação de uma parte do fósforo em fertirrigação, por gotejamento, na forma P solúvel, pode aumentar significativamente a produtividade, comparativamente à aplicação de 100% do P em pré-plantio (CARRIJO; et. al., 2004). Todavia, a fertirrigação com P em água salobra ou em mistura com Ca e Mg provoca precipitações de sais no interior das tubulações e o entupimento dos gotejadores (CARRIJO; et. al., 2004). 30 2.2.2.4 Resposta da Melancia ao P Existem poucos trabalhos que estudam a adubação fosfatada na cultura da melancia, sobretudo na aplicação de fósforo via fertirrigação. No entanto, os trabalhos nesta área se concentram no estudo de doses de N e K, por serem nutrientes mais móveis no solo e mais exigidos pela cultura. Um ponto importante a ser observado é que com a fertirrigação o fósforo se torna mais dinâmico no solo e isto pode favorecer a sua absorção pelo sistema radicular da cultura, resultando em aumento deste nutriente na planta e consequentemente aumento de produtividade. Freitas Junior; et. al. (2008) estudando a resposta da melancia, híbrido Congo, irrigada por micro tubos, a diferentes doses de fósforo (0, 90, 180, 270 e 360 kg ha-1) aplicadas na cova de plantio, pôde verificar que o comprimento médio de frutos, número total defrutos, massa média de frutos e a produtividade não foram afetadas pelas doses crescentes de fósforo aplicada em fundação. Abreu (2010) pesquisando doses de fósforo (0, 120, 240, 360 e 480 kg ha-1 de P2O5), aplicadas de forma convencional, na produção e qualidade de frutos de melão amarelo observou quea produção de frutos comerciais, massa e número de frutos comerciais porplanta, diâmetro, comprimento e espessura da polpa de frutos comerciais aumentaramaté a dose de 278 kg ha-1de P2O5; que doses acima de 278 kg ha-1de P2O5 prejudicaram o desenvolvimento inicial dasplantas e a produção de frutos comerciais por planta; e que as doses de fósforo não influenciaram no teor de sólidos solúveis e acidez titulável dos frutos comerciais. Embora este ultimo trabalho seja para a cultura do melão, algumas informações importantes servem de referência para ajudar a discutir esta dissertação. 2.3 MARCHA DE ABSORÇÃO A marcha de absorção dos nutrientes, expressa na forma de curvas de resposta em função da idade das plantas, informa os períodos em que as plantas absorvem os nutrientes em maiores quantidades, indicando, assim, as épocas em que a adição de nutrientes faz-se 31 necessária. Por isso, ela constitui ferramenta importantíssima para o manejo e fertilização das culturas (VIDIGAL; et al., 2009). O conhecimento da quantidade de nutrientes acumulada na planta, em cada estádiode desenvolvimento, fornece informações importantes que podem auxiliar no programa deadubação das culturas. Deve-se ter consciência, no entanto, que estas curvas refletem oque a planta necessita, e não o que deve ser aplicado, uma vez que se tem queconsiderara eficiência de aproveitamento dos nutrientes, que é variável segundo ascondiçõesclimáticas, o tipo de solo, o sistema de irrigação, o manejo cultural, entre outros fatores (VILLAS BÔAS, 2001). O efeito do tipo de solo pode ser verificado no trabalho de Pacheco et al. (2005), que estudando o acúmulo de macro nutrientes em melão cultivado em casa de vegetação, com três tipos de solos diferentes, neossolo quartzarênico (NQ), latossolo vermelho amarelo e um neossolo flúvico; verificaram que a mesma cultivar acumulou um teor maior de matéria seca, com o teor de nutrientes comportando-se de forma semelhante, no neossolo quartzarênico; mostrando que a planta absorve nutrientes de forma diferenciada conforme condição edafoclimática específica. Semelhantemente ao trabalho de Pacheco et al. (2005), Silva; et. al. (2010) trabalhando com cana de açúcar puderam observar que o elemento cálcio foi absorvido em maior quantidade no latossolo vermelho eutrófico e no latossolo vermelho amarelo eutrófico, quando comparado com o latossolo vermelho distrófico. Demodo mais efetivo, as curvas de absorção auxiliam no programa de adubação, principalmente naquantidade dos diferentes nutrientes que devem ser aplicados nos distintos estádiosfisiológicos da cultura (VILLAS BÔAS, 2001). Entretanto, a quantidade e a proporcionalidade dos nutrientes absorvidos pelas plantas são funções de características intrínsecas do vegetal, como também dos fatores externos que condicionam o processo. Numa espécie, a capacidade em retirar os nutrientes do solo e as quantidades requeridas varia não só com a cultivar, mas também com o grau de competição existente. Variações nos fatores ambientais, como temperatura e umidade do solo, podem afetar o conteúdo de nutrientes minerais nas folhas, consideravelmente. Esses fatores influenciam tanto a disponibilidade dos nutrientes como a absorção destes pelas raízes e, consequentemente, o crescimento da parte aérea. Por outro lado, o acúmulo e a distribuição dos nutrientes minerais na planta dependem de seu estádio de desenvolvimento (GRANGEIRO; CECÍLIO FILHO, 2005). A época de cultivo, a dose e o tipo de fertilizante utilizado numa cultura influenciam na absorção de nutrientes. Um experimento realizado por Grangeiro e Cecílio Filho (2004), 32 com duas épocas diferentes de cultivo (outubro a dezembro de 2001 e fevereiro a abril de 2002), quatro doses crescentes de potássio (50, 100, 200 e 300kgha-1) e três fontes diferentes para fornecer potássio (cloreto, sulfato e nitrato de potássio) mostrou que a maior absorção de nutrientes ocorreu no período de outubro a dezembro e que a concentração de potássio na planta foi influenciada pelas doses e fontes de potássio aplicadas. As curvas de absorção de nutrientes determinadas para algumas espécies de cucurbitáceas têm mostrado comportamento bem semelhante, onde o acúmulo de nutrientes segue o mesmo padrão da curva de acúmulo de massa seca, geralmente apresentando três fases distintas: na primeira fase a absorção é lenta, seguida de intensa absorção até atingir o ponto de máximo, a partir do qual ocorre um pequeno declínio (PRATA, 1999; ARAÚJO; et. al., 2001; LIMA, 2001; GRANGEIRO; CECÍLIO FILHO, 2004; SILVA JÚNIOR; et. al., 2006; VIDIGAL; et. al., 2007). Os macros nutrientes são absorvidos em proporções diferenciadas na mesma planta. Cada um exerce funções específicas e, portanto são requisitados em quantidades diferentes. De uma forma geral, a ordem decrescente de acumulo de nutrientes na melancieira é: K>N>Ca>Mg>P>S, sendo que em alguns casos o nitrogênio pode ser mais absorvido do que o potássio, o magnésio mais absorvido do que o cálcio e o enxofre mais do que o fósforo (GRANGEIRO, CECÍLIO FILHO e CAZETTA, 2004; GRANGEIRO; CECÍLIO FILHO, 2004; GRANGEIRO, CECÍLIO FILHO, 2005). Quando se fala em teores de nutrientes exportados, faz-se referência apenas ao acúmulo de nutrientes pelos frutos, porque ele é o componente da planta que normalmente é retirado do sistema de cultivo, ou seja, ele é o elemento que geralmente não retorna ao solo, diferentemente das folhas, caules e raízes. Cecílio Filho e Grangeiro (2004), estudando o acúmulo e a exportação de nutrientes pela melancia sem sementes, hibrido Shadow, puderam verificar que o acúmulo máximo de massa seca pela planta foi de 604,2 g planta-1, ocorrida no período de 42 a 56 DAT, que a parte vegetativa participou no final do ciclo com 16% e os frutos com 84% da massa seca total acumulada, que os frutos exportaram: 61 kg ha-1 de N; 3,5 kg ha-1 de P; 77,5 kg ha-1 de K; 6,0 kg ha-1 de Ca; 5,3 kg ha-1 de Mg e 4,5 kg ha-1 de S, considerando uma população de 2.333 plantas ha-1, e que do total dos nutrientes acumulados pelo híbrido de melancia, os frutos participaram com 88% do N, 87% do P, 76% do K, 33% do Ca, 53% do Mg e 83% do S. A absorção de nutrientes pelas plantas é variável de espécie para espécie, e dentro da mesma espécie ela varia de cultivar para cultivar. Cada cultivar possui características 33 particulares, como, por exemplo, a massa do fruto que pode variar de 2 a 3 kg para uma cultivar até 10 a 12 kg para outra cultivar; a cobertura foliar, onde algumas possuem uma maior cobertura foliar do que outras. Existe ainda cultivares com um metabolismo diferenciado, que conseguem absorver nutrientes de forma mais eficiente do que outras. Grangeiro e Cecílio Filho (2005) estudando o acúmulo e exportação de nutrientes pela cultivar de melancia Mickylee puderam concluir que: as plantas de melancia da cultivar Mickylee têm crescimento inicial lento, intensificando-se a partir dos 30 dias após transplantio; a massa seca total acumulada máxima por planta foi de 553,1 g planta-1, com uma participação da parte aérea de 26% e os frutos com 74%; as maiores demandas de nutrientes foram nos períodos de 40 a 50 dias após o transplantio; os frutos participaram com 67% de N, 82 % de P, 73 % de K, 36 % de Ca e 49% de Mg; o máximo acumulado no final do ciclo foi de 13,62 g planta-1 de N; 1,53 g planta-1 de P; 14,75 g planta-1 de K; 1,57 g planta1 de Ca e 2,44 g planta-1 de Mg; para uma produtividade de 20 Mg ha-1 as quantidades exportadas de nutrientes pelos frutos foram de 29,4 kg ha-1 de N, 4,3 kg ha-1 de P, 36,0 kg ha-1 de K, 1,9 kg ha-1 de Ca e 4,0 kg ha-1 de Mg. A população de plantas foi de 3.333 plantas por hectare. O acúmulo e exportação de macro nutrientes pelo híbrido de melancia Tide foi estudado por Grangeiro, Cecílio Filho e Cazetta (2004), que puderam verificaro seguinte: O acúmulo de massa seca foi lento até os 30 dias após transplantio (DAT), intensificando-se a partir deste período e atingindo, no final do ciclo, a contribuição média da parte vegetativa de 31% e dos frutos de 69%; até 30 DAT, o acúmulo de nutrientes também foi pequeno, não ultrapassando 2% do total; com a frutificação, houve forte incremento na quantidade de nutrientes acumulados; o período de maior demanda para N, Ca e Mg foi de 45 a 60 DAT e para P, K e S de 60 a 75 DAT; do total acumulado, a parte vegetativa foi responsável por 29,6% e os frutos com 70,4%%; a ordem decrescente dos nutrientes acumulados pela cultura foi: K>N>Ca>Mg>P>S; para a produtividade alcançada de 40 t ha-1, com uma população de 1.961 plantas por hectare, observou-se a seguinte exportação de nutrientes pelos frutos: 106,4 kg ha-1 de N, 11,1 kg ha-1 de P, 118,0 kg ha-1 de K, 4,3 kg ha-1 de Ca, 6,8 kg ha-1 de Mg e 6,0 kg ha-1 de S. Outra cultivar estudada por Grangeiro e Cecílio Filho (2005), foi o hibrido Nova de melancia sem sementes. Neste estudo eles avaliaram também o acúmulo e a exportação de macronutrientes, chegando às seguintes conclusões: O acúmulo de massaseca foi lento até 30 DAT, intensificando-se a partir deste, alcançando no final do ciclo o total de 545,1 g planta-1, 34 onde as folhas participaram com 30%, caule + ramos com 31% e os frutos com 39%; até 30 DAT, o acúmulo de nutrientes também foi pequeno, sendo que com a frutificação, houve um forte incremento na quantidade de nutrientes acumulados, com maior demanda no período de 45 a 60 DAT; a ordem decrescente dos macronutrientes acumulados pela cultura foi: K>N>Ca>P>Mg>S; os frutos exportaram 20,3 kg ha-1 de N; 4,0 kg ha-1 de P; 26,6 kg ha-1 de K; 1,4 kg ha-1 de Ca; 1,6 kg ha-1 de Mg e 1,4 kg ha-1 de S, considerando uma população de 2.333 plantas ha-1. 2.4 FERTIRRIGAÇÃO A irrigação localizada tem sido uma técnica muito utilizada pelos produtores de melancia do RN por ser uma tecnologia que se adapta muito bem ao cultivo da melancia trazendo inúmeras vantagens, dentre elas a aplicação de água localizada no sistema radicular da planta, técnica essa que restringe o crescimento radicular da planta, necessitando que o adubo esteja presente na porção molhada de solo e isto é possível com a tecnologia da fertirrigação, que veio como uma ferramenta para auxiliar a irrigação localizada e aumentar a produtividade das culturas. A fertirrigação é a prática que permite a aplicação de fertilizantes via água de irrigação. É recomendada para produtores que utilizam o método de irrigação localizada (gotejamento), possibilitando a redução dos custos com aplicação manual de fertilizantes. A injeção dos fertilizantes no sistema de irrigação pode ser efetuada por diferentes métodos e equipamentos, como o injetor venturi, bombas hidráulicas, sucção de bombas centrífugas, dentre outros (ANDRADE JUNIOR; et. al., 2007). A prática da fertirrigação tem sido muito utilizada pelos produtores de melancia e melão do RN, principalmente no agropólo AssúMossoró, porém vem sendo mal utilizada porque os produtores a fazem de qualquer forma, não verificam compatibilidade de adubo, índices salinos e outros coeficientes técnicos necessários para que a tecnologia seja eficiente. A fertirrigação difere significativamente da aplicação sólida de adubo, principalmente porque acelera o ciclo dos nutrientes. Na forma convencional, os nutrientes sólidos são depositados próximo da planta e na superfície do solo. No caso, ficam dependentes da intensidade e frequência das chuvas para se moverem no solo, podendo ou não alcançar o 35 sistema radicular. Muitas vezes, esses fertilizantes sólidos são depositados em posições que podem não corresponder à região do solo de maior concentração de raízes. Na aplicação via água de irrigação, o tempo de chegada do fertilizante às raízes das plantas é significativamente reduzido, uma vez que o mesmo, já solúvel na água, infiltra no solo em solução de forma uniforme, garantindo máximo alcance pelo sistema radicular. Com isso, maior numero de raízes passa a absorver nutrientes, fazendo com que a planta exerça o seu potencial de absorção. Além disso, a aplicação de fertilizante juntamente com a água de irrigação, aliada à alta uniformidade de distribuição do sistema, reduz a lixiviação, resultando em maior eficiência do que a obtida na adubação convencional (BORGES; et. al., 2009). A economia de fertilizantes pode ser da ordem de 25 a 50% com a aplicação via água de irrigação (HAYNES, 1985 citado por SILVA JÚNIOR, et. al., 2007). Burt, O’Cnnor e Ruehr (1995) afirmam que, comparando a fertirrigação por gotejamento com a aplicação de fertilizantes pelo método convencional, há um aumento na eficiência de aproveitamento de nutrientes no primeiro método, despendendo-se 20 a 50% menos fertilizantes que com o método convencional. O ideal para fertirrigação é que os fertilizantes sejam aplicados diariamente, conforme requerimento nutricional diário da cultura. Porém, Macedo Júnior; et. al. (2000) não obtiveram diferenças significativas de produtividade do pepino, cv. Hokuhoo, quando a fertirrigação foi realizada uma vez por semana ou diariamente. Dias; et. al. (2005) testando cinco frequências (1, 2, 3, 4 e 5 dias) de fertirrigação com N e K2O, também não verificou diferença significativa em parâmetros de produção e de qualidade dos frutos avaliados na melancieira. A irrigação por gotejamento com fertirrigação pode aumentar o movimento de P no solo de 5 a 10 vezes se comparado à aplicação na forma sólida. O movimento é maior desta forma porque uma maior concentração, em uma faixa estreita do solo, satura os sítios de fixação próximos ao ponto de aplicação do fertilizante. O movimento de P no solo aumenta com a sua taxa de aplicação e também com o raio de molhamento (BORGES; et. al., 2009). Silva Júnior; et. al.(2007) estudando o balanço da fertirrigação em meloeiro, observou que o balanço de fósforo segue a mesma tendência do balanço para nitrogênio, citado pelo mesmo autor, nesta dissertação, onde ele verificou que houve uma perda total de fósforo de 38% (23,6kg ha-1 / 61,9kg ha-1), aos 69 dias de cultivo, que coincidiu com o período de maior exigência nutricional da cultura. Ele relata ainda que uma atenção especial deve ser dada ao 36 manejo da fertirrigação no período de maior demanda da cultura, devido às perdas ser demasiadamente aumentadas neste período. 2.5 EFICIÊNCIA AGRONÔMICA DA ADUBAÇÃO A eficiência de absorção de um nutriente por uma planta é um índice que quantifica a quantidade do nutriente absorvido pela planta, por unidade do nutriente fornecido (BALIGAR, FAGERIA, 1997). A otimização da eficiência nutricional é de grande importância na produção das culturas anuais, devido ao custo dos fertilizantes, imprescindíveis para o aumento da produtividade. São vários os termos aplicados para avaliar a eficiência nutricional das culturas (OLIVEIRA; et. al., 2008). Nem toda quantidade de nutriente fornecido é absorvida pelas plantas, sendo parte deste lixiviado para fora da zona de solo explorado pelo sistema radicular da cultura. Eficiência nutricional é a capacidade de a planta absorver transportar e utilizar um dado nutriente e ao mesmo tempo produzir, transportar e utilizar os carboidratos fotossintéticos na elaboração de produtos que serão colhidos, como: folha, raiz, tubérculo ou fruto (MALAVOLTA, 1976). Dentre vários índices de eficiências utilizados, a eficiência agronômica merece destaque, visto que relaciona a produção econômica obtida com a quantidade de nutriente fornecido. Às vezes, a eficiência agronômica é também chamada eficiência econômica. Em experimento de campo, a eficiência agronômica é geralmente expressa em kg do produto por kg do nutriente aplicado (FAGERIA, 1998). Oliveira; et. al. (2008) estudando a eficiência agronômica da fertirrigação nitrogenada e potássica na cultura do meloeiro verificou que ela foi afetada pelas doses de N (N1=42, N2=84 e N3=126 kg ha-1) e K (K1=106, K2=212 e K3=322 kg ha-1) e pelas lâminas de irrigação (L1=0,7NTI; L2=0,9NTI; L3=1,1NTI, sendo NTI=1,1ETc considerada como lâmina padrão para cultura) aplicadas, bem como pela interação dos fatores. Verificou ainda que o aumento da lâmina de irrigação favoreceu o aumento na produtividade e, consequentemente, da eficiência agronômica; que a eficiência agronômica da fertirrigação nitrogenada e potássica é reduzida, com o aumento do nitrogênio e do potássio aplicado; e que as maiores eficiências foram encontradas nos tratamentos L3N1K1 (305,57 kg kg-1) e L3N2K1(132,63 kg kg-1), para fertirrigação nitrogenada e potássica, respectivamente. 37 Amorim; et. al. (2006) trabalhando com melancia mickylle, verificou resposta negativa da eficiência agronômica com o aumento das doses de nitrogênio e potássio. Da mesma forma, Silva Júnior; et. al. (2007) avaliando o balanço de N, P e K aplicados por fertirrigação no meloeiro “Pele de sapo”, verificaram maiores perdas nas maiores doses dos nutrientes aplicados, sendo essas perdas mais acentuadas no período de maior exigência nutricional da cultura. O uso da fertirrigação precisa ser questionado, quanto a sua viabilidade ou não, em cada cultura específica e em determinadas condições edafoclimáticas diferentes. A relação custo/beneficio é um bom índice que pode avaliar a fertirrigação comparando-a a adubação convencional. Mendonça e Mantovani (2001) estudando a análise econômica da utilização da fertirrigação na cafeicultura na região de Araguari-MG puderam observar que a adubação convencional foi a alternativa de melhor relação benefício-custo na cafeicultura irrigada, embora o custo de equipamentos, operação e mão-de-obra da fertirrigação tenham sido inferiores aos da adubação convencional, mas o custo dos fertilizantes específicos para a fertirrigação foi o fator que levou a fertirrigação a apresentar uma relação benefício-custo menor que a adubação convencional. 38 3 MATERIAL E MÉTODOS 3.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA EXPERIMENTAL O experimento foirealizado na fazenda Santa Luzia, comunidade de Juremal, município de Baraúnas – RN, no período de 25 de setembro a 10 de dezembro de 2010. As coordenadas geográficas da área experimental são: latitude5º 05’ 57.43”S, longitude 37º 33’ 18.89”O e elevação 123m. A área do experimento era de 0,07776ha (180m x 4,32m), e estava dividida em três blocos, com quatro tratamentos por bloco e uma parcela experimental de 15 m, com duas fileiras de plantas espaçadas entre si de 2,16m (Figura 1). Desta forma cada bloco continha 60 m de comprimento e 4,32 m de largura. Figura 1 – Croqui do experimento com distribuição das parcelas e blocos. C1 = cultivar Olímpia; C2 = cultivar Leopard; T1, T2, T3, T4 = doses de N e P; t1, t2, t3, t4, t5 = 23, 30, 37, 46 e 58 dias após transplantio, respectivamente. T1C1t1 T1C1t3 T1C1t2 T1C1t4 T1C1t5 T1C2t2 T1C2t4 T1C2t3 T1C2t1 T1C2t5 T3C2t3 T3C2t2 T3C2t1 T3C2t5 T3C2t4 T3C1t1 T3C1t5 T3C1t2 T3C1t3 T3C1t4 T2C2t2 T2C2t4 T2C2t3 T2C2t1 T2C2t5 T2C1t2 T2C1t1 T2C1t3 T2C1t5 T2C1t4 T4C1t1 T4C1t4 T4C1t3 T4C1t2 T4C1t5 T4C2t5 T4C2t4 T4C2t3 T4C2t2 T4C2t1 T1C1t1 T1C1t3 T1C1t2 T1C1t4 T1C1t5 T1C2t2 T1C2t4 T1C2t3 T1C2t1 T1C2t5 T3C2t3 T3C2t2 T3C2t1 T3C2t5 T3C2t4 T3C1t1 T3C1t5 T3C1t2 T3C1t3 T3C1t4 T2C2t2 T2C2t4 T2C2t3 T2C2t1 T2C2t5 T2C1t2 T2C1t1 T2C1t3 T2C1t5 T2C1t4 T4C1t1 T4C1t4 T4C1t3 T4C1t2 T4C1t5 T4C2t5 T4C2t4 T4C2t3 T4C2t2 T4C2t1 T1C1t1 T1C1t3 T1C1t2 T1C1t4 T1C1t5 T1C2t2 T1C2t4 T1C2t3 T1C2t1 T1C2t5 T3C2t3 T3C2t2 T3C2t1 T3C2t5 T3C2t4 T3C1t1 T3C1t5 T3C1t2 T3C1t3 T3C1t4 T2C2t2 T2C2t4 T2C2t3 T2C2t1 T2C2t5 T2C1t2 T2C1t1 T2C1t3 T2C1t5 T2C1t4 T4C1t1 T4C1t4 T4C1t3 T4C1t2 T4C1t5 T4C2t5 T4C2t4 T4C2t3 T4C2t2 T4C2t1 Fonte: O próprio autor De acordo com a classificação climática de koeppen, o clima predominante na região é do tipo BSw’h’ caracterizado por ser muito quente e semi-árido, com a estação chuvosa se atrasando para o outono. Os índices pluviométricos situam-se, em média, em torno de 677 mm por ano (AMARO FILHO, 1991). A temperatura média anual é de 27,6ºc (CHAGAS, 1997; SERHID, 2001).Os dados climáticos da região durante o experimento foram coletados 39 na estação climatológica do INMET de Mossoró, apresentando durante o ciclo cultural os seguintes valores médios: temperatura máxima, média e mínima; umidade relativa; evapotranspiração de referência e velocidade do vento a 10m (Figura 2). Figura 2 – Dados climatológicos da área experimental Fonte: O próprio autor. O solo da área foi classificado como Cambissolo Eutrófico (EMBRAPA, 1999), cujas características químicas estão apresentadas na Tabela 5. Tabela 5 - Caracterização química do solo da área experimental. Mossoró-RN, 2011 Profundidade pH MO1 cm (H2O) (g kg-1) 7,2 0 –20 18,5 MO – Matéria orgânica do solo. Fonte: O próprio autor. K Na P -------(mg dm-3)------823,3 89,8 11,6 Al+3 H++Al+3 Ca+2 Mg+2 SB --------------(cmolc dm-3)-----------0,0 0,0 22,7 3,6 28,8 1 3.2 TRATAMENTOS E DELINEAMENTO ESTATÍSTICO A cultura avaliada foi melancia, cultivares Olímpia (diploide) e Leopard (triploide). Os fatores estudados foram quatro doses combinadas de nitrogênio (N) e fósforo (P), sendo, respectivamente: T1(0; 0), T2(48; 88), T3(121; 220) e T4(218; 396); duas cultivares de melancieira e cinco épocas após transplantio (23, 30, 37, 46 e 58 DAT). As doses de N e P equivalem respectivamente a 0%, 40%, 100% e 180% da dose adotada pelos produtores locais do polo agrícola de Mossoró-Baraúna. Foi utilizado o delineamento em blocos inteiramente 40 casualizados com três repetições. Para o estudo das curvas de crescimento e de acúmulo de nutrientes foram utilizadas as quatro combinações de N e P como tratamentos, as duas cultivares de melancia, Olímpia e Leopard, como subparcela e as cinco épocas (23, 30, 37, 46 e 58 dias após transplantio – DAT) de coleta como sub-sub-parcela. A parcela experimental foi constituída de 2 fileiras de plantas, espaçadas de 2,16 x 0,9 e 2,16 x 0,6 respectivamente para as cultivares Olímpia e Leopard. Uma fileira erada cultivar Olímpia (diploide) e a outra da cultivar sem sementes Leopard (triploide). A sub-sub-parcela foi constituída de uma planta. 3.3 INSTALAÇÃO E CONDUÇÃO DO EXPERIMENTO 3.3.1 Preparo do solo e adubação de fundação O preparo da área consistiu de uma aração profunda, com arado de discos, seguida de uma gradagem, com grade pesada, e posterior levantamento de camalhões. Os camalhões foram espaçados de 2,16 m ente si, medidos de centro a centro, e tinham em torno de 20 cm de altura. Na adubação de fundação foram aplicados 60% do fósforo utilizado nos tratamentos, na forma de superfosfato simples (20% de P2O5, 20% de CaO e 12% de S). Para isso foram feitas quatro medidas cada uma tinha um volume suficiente para suportar 60% da massa de cada dose de fósforo dos tratamentos, para que o fertilizante fosse distribuído de forma proporcional em cada tratamento do experimento. O fósforo de fundação foi distribuído de forma localizada, fazendo-se uma abertura no solo, com 10 cm de profundidade, ao lado da planta, com auxílio de um piquete e em seguida colocou-se o fertilizante. 3.3.2 Sistema de irrigação e manejo da irrigação O experimento foi irrigado pelo sistema de irrigação por gotejamento, com linha principal de 32 mm, linhas secundárias de 25 mm e linhas terciárias de 16 mm, com emissores 41 de 1,4 L h-1, espaçados de 0,3 m. A irrigação formava uma faixa molhada ao longo de todo o camalhão, com largura molhada variando de 30 a 50 cm, conforme lâmina aplicada de cada vez. Cada dose combinação de N e P foi aplicada por uma rede de tubulação individual que possuía um sistema de injeção de fertilizante independente. A lâmina de água a ser aplicada diariamente foi calculada com base na evapotranspiração da cultura (ETc) em cada fase fenológica da planta. A ETc foi determinada pela multiplicação da evapotranspiração de referência (ETo) pelo coeficiente de cultura (Kc) determinado diariamente (Figura 3). A determinação da ETo seguiu o método proposto pela FAO 56 (ALLEN; et. al.; 2006), utilizando dados da estação meteorológica do INMET, localizada no município de Mossoró (Figura 2). Para o cálculo do Kc, utilizou-se a metodologia do Kc dual proposto pela FAO 56 (ALLEN et al., 2006) para a cultura melancia com os devidos ajustes para as condições locais de velocidade do vento, umidade relativa mínima e altura média das plantas. Figura 3. Coeficiente de cultivo (Kc) utilizado no experimento de acordo com a idade da planta, durante os meses de setembro a novembro de 2010, Mossoró, RN. Fonte: O próprio autor A irrigação foi feita diariamente, repondo a ETc da melancia acrescida de 10 %e a lâmina foi calculada para ser expressa em horas, conforme vazão dos gotejadores, para facilitar a aplicação da lâmina pelo encarregado da irrigação na fazenda. Dessa forma, a irrigação começou com lâminas pequenas, aumentando-as à medida que a cultura se desenvolvia (Tabela 6). 42 Tabela 6 – Lâminas de água aplicadas na cultura da melancia durante o experimento. Lamina mm dia-1 7,53 3,01 3,01 3,01 2,26 1,51 1,51 1,51 2,12 2,12 2,12 0,00 2,12 2,12 2,12 2,12 DAT 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Laminamm dia-1 2,12 1,24 0,00 1,06 2,47 3,53 2,12 0,00 2,12 0,00 0,00 2,12 2,12 0,00 3,71 4,24 DAT 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 DAT 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 Laminamm dia-1 4,24 4,24 3,53 4,24 0,00 6,36 6,36 6,36 5,30 5,30 8,47 5,65 7,42 7,42 7,42 7,42 DAT 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 Total Lamina mm dia-1 7,42 7,42 7,42 7,42 7,42 7,42 7,42 7,42 7,42 7,42 7,42 7,42 7,42 7,42 7,42 0,00 265,95 Fonte: O próprio autor. A água de irrigação usada no experimento é proveniente de um poço tubular que explora o aquífero calcário, com condutividade elétrica (CEa) de 1,11 dS m-1 (Tabela 7). Tabela 7 - Características da água utilizada no experimento. pH Fonte Poço tubular 8,10 K+ CE Na+ Ca+2 Mg+2 Cl- CO3-2 HCO3- RAS* (dS m-1) --------------------------(mmolc L-1)--------------------- (mmol L-1)0,5 1,11 2,40 2,88 5,35 3,85 4,4 0,40 4,55 1,35 *RAS – razão de adsorção de sódio Fonte: O próprio autor. 3.3.3 Plantio Depois de 12 dias da semeadura em bandejas de poliestireno, as plantas foram transplantadas para o campo, no espaçamento de 0,6 x 2,16 m e 0,9 x 2,16m para as cultivares Leopard e Olímpia, respectivamente. As cultivares foram plantadas uma ao lado da outra (fileiras alternadas), pois a cultivar Leopard (triploide) necessita de uma cultivar polinizadora, que neste caso é a Olímpia (diploide). 43 3.3.4 Fertirrigação e seu manejo Os fertilizantes da fertirrigação foram injetados no sistema por meio de injetores tipo tanque de derivação, denominados na região de “pulmão”, que consiste em tubos de 100 mm de diâmetro, com aproximadamente 1m de comprimento, fechados nas extremidades, com duas mangueiras conectadas uma em cada extremidade, outra mangueira conectada no corpo do tubo, na parte superior, para entrada do fertilizante, e outra na parte inferior, para esvaziáloquando necessário. O tubo de PVC era posicionado de forma inclinada. Todas as mangueiras possuem registropara controlar o fluxo do líquido. As duas pontas das mangueiras localizadas nasextremidades do injetor, foram conectadas na tubulação principal para injetar o fertilizante no sistema. Dessa forma existiam quatro injetores deste tipo, sendo um para cada dose de N e P. Os fertilizantes só eram colocados no sistema após, no mínimo, os primeiros 15 min de irrigação, para que houvesse a pressurização do sistema e consequente uniformização da água aplicada. Os fertilizantes utilizados na fertirrigação foram: cloreto de potássio com 60% de K2O, solubilidade de 340 g L-1, concentração na solução 200 g L-1; ácido fosfórico com 52% de P2O5, concentração na solução de 1000 g L-1; ácido nítrico com 10% de N, solubilidade de 1320 g L-1, concentração na solução de 1000 g L-1; nitrato de cálcio com 14% de N e 28% de Ca, solubilidade de 1.020 g L-1, concentração na solução de 350 g L-1; sulfato de magnésio com 9% de Mg e 12% de enxofre, solubilidade de 710 g L-1, concentração na solução de 150 g L-1 e uréia com 45% de N, solubilidade de 780 g L-1, concentração na solução de 350 g L-1. A fertirrigação foi realizada diariamente. Para o tratamento equivalente a 100% da dose, os teores de fertilizantes aplicados por hectare foram (Tabela 8): ácido fosfórico = 173,08 kg ha-1; ácido nítrico = 126 kg ha-1; nitrato de cálcio = 118,45 kg ha-1; uréia = 197,87 kg ha-1. As doses de 40% e 180% foram estabelecidas proporcionais a esses valores acima citados. Durante todo o ciclo da cultura, além das doses avaliadas, foram aplicados igualmente em todos os tratamentos, via fertirrigação, uma dose 200 kg ha-1 de cloreto de potássio e 70 kg ha-1 de sulfato de magnésio, além de cálcio aplicado junto com os fertilizantes dos tratamentos e micronutrientes. A área do experimento era de 0,07776 ha (180m x 4,32m), sendo duas fileiras de plantas por bloco, uma da cultiva Olímpia e outra da Leopard. 44 Tabela 8 – Quantidade diária (kg ha-1) dosfertilizantes aplicados na fertirrigação para a dose equivalente a 100% do tratamento com fósforo e nitrogênio. Idade (dias) KCl Ac. Fosf. Ac. Nít. Nit. Cálcio Sulf. Mg Uréia 1a7 0 0 0 0 0 0 8 a 14 0 0 0 0 0 0 15 a 21 1,14 2,97 1,71 4,98 0 1,71 22 a 28 1,71 3,71 1,54 4,48 0 1,54 29 a 35 3,43 3,71 2,57 0 2,0 3,24 36 a 42 4,29 4,7 3,09 0 4,0 6,17 43 a 49 5,14 4,45 4,29 7,47 4,0 6,0 50 a 56 5,71 4,45 3,43 0 0 6,86 57 a 63 4,86 0,74 1,37 0 0 2,74 64 a 70 2,29 0 0 0 0 0 Total 200 173,08 126 118,45 70 197,87 Obs.: o KCl e o Sulf. de Mg foram aplicados na mesma quantidade para todos os tratamentos. Fonte: O próprio autor. Todo o nitrogênio foi aplicado na cobertura via fertirrigação ao longo do ciclo da cultura. As doses de fósforo, 60% foram aplicadas na fundação, para elevar o P no volume de solo explorado pelas raízes em 40 ppm, e os 40% restante via fertirrigação. As doses da adubação de cobertura seguiram de acordo com a utilizada pelos produtores locais, alteradas apenas as quantidades de N e P conforme os tratamentos propostos, sendo mantidas as quantidadesdos demais nutrientes. Para determinar as quantidades de fertilizantes a serem aplicados em cada fase da planta de melancia, foi utilizada como referência a marcha de absorção média de outras cultivares de melancieira. 3.3.5 Tratos culturais e fitossanitários Em torno de 5 dias após plantio, foi realizado um replantio de algumas plantas que morreram, tanto na cultivar Olímpia como na Leopard. 45 As capinas para controle das plantas invasoras foram realizadas apenas na linha de plantio, ou seja, no camalhão. Foram realizadas três vezes, pois foi o tempo necessário para que a cultura cobrisse toda a área. A condução das ramas (penteamento) foi realizada à medida que eram feitas as capinas. Para o controle de doenças, sobretudo oídio e míldio, produtos a base de enxofre e cobre foram aplicados de forma preventiva na cultura, além de fungicidas específicos aplicados também de forma preventiva, visto que são doenças que devastam a produção se forem estabelecidas na área. Outros produtos químicosforam aplicados para controle de insetos, sobretudo da mosca-branca, mosca-minadora, pulgão e tripes, que são os principais causadores de danos na cultura da melancia na região. 3.4 CARACTERÍSTICAS AVALIADAS Foram realizadas cinco coletas de plantas. A primeira coleta foi realizada após 23 dias de transplante das mudas, sendo as próximas coletas com 30, 37, 46 e 58DAT. Todas as partes das plantas (caule, folhas e frutos), com exceção das raízes, foram coletadas e levadas ao laboratório para determinar massa seca e posterior quantificação de nutrientes. 3.4.1Matéria Seca (MS) Para determinação da matéria seca, as plantas foram coletadas, levadas imediatamente para o laboratório, separadas em folhas, caules e frutos, lavadas com água destilada e em seguida foram colocados individualmente dentro de sacos de papel, que por sua vez foram submetidos à secagem em uma estufa de circulação e renovação de ar, à 65ºc até a umidade permanecer constante. Após isso foram retirados e pesados separadamente, obtendo-se a matéria seca (MS) de cada parte da planta (caules, folhas e frutos). 46 De posse do teor de matéria seca em cada órgão da planta (MSplx) foi obtido amatéria seca total por hectare do determinado órgão (MSTx), para cada parcela, multiplicando o número de plantas por hectare (NP) pela matéria seca do órgão de cada planta (MSplx) (equação 4). MSTx MSplx . NP 1000 (4) Em que: MSTx = matéria seca total de um órgão qualquer da planta contida em umha (kg ha-1); MSplx = matéria seca de um órgão qualquer da planta contida em uma planta, (g pl-1); NP = número de plantas contidas em um hectare. 3.4.2 Acúmulo de N, P, K, Ca e Mg nos órgãos da planta Depois que o material vegetal foi pesado para determinar matéria seca ele foi triturado em moinho tipo willey, tela 2 mm, e acondicionados em recipientes de plásticos para posterior determinação dos nutrientes N, P, K, Ca e Mg. Os macronutrientes N, P, K Ca e Mg foram extraídos do tecido vegetal pelo método dadigestão úmida com ácido sulfúrico (H2SO4) + peróxido de oxigênio (H2O2), também conhecido como método de Kjeldahl. Para isso, utilizou-se 0,4 g da matéria seca, que foi digerida em 4 mL de ácido sulfúrico, 2 mL de peróxido de hidrogênio e 0,7 g de uma mistura digestora composta de sulfato de sódio, sulfato de cobre e selênio, na proporção de 100:10:1, e em seguida os componentes foram colocados em bloco digestor, com capacidade para 40 tubos de ensaio, por uma hora à temperatura de 250 °C até atingir uma coloração castanha e após esse tempo a temperatura foi elevada para 350 °C até obter coloração esverdeada, obtendo-se os extratos que foram completados para o volume de 50 mL (SILVA, 2009). No extrato sulfúrico foi quantificado o nitrogênio pelo método kjeldahl, o potássio por fotometria de emissão de chama, o fósforo por espectrofotometria, e o Ca e Mg foram lidos pelo equipamento de absorção atômica modelo AA 240 FS versão 5.1(SILVA, 2009). 47 3.4.2.1 Nitrogênio (N) A determinação do nitrogênio foi feita pelo método semi–kjeldahl utilizando um destilador de nitrogênio modelo MA – 036/Plus da Marconi®. Para a análise de N retirou-se uma alíquota de 10 mL do extrato, que foi colocado em tubo de ensaio e acoplado ao destilador de nitrogênio. Com o uso de uma proveta graduada adicionou-se 5 ml de solução 10M de hidróxido de sódio (NaOH) a amostra através do copo dosador do equipamento. Para a captura do Nitrogênio utilizou-se como indicador o ácido bórico, na quantidade de 5 ml o qual foi colocado em erlenmeyer na outra extremidade do aparelho. Procedeu-se então a destilação até atingir o volume de 35 mL que foi titulado com ácido sulfúrico diluído a 0,025 M, obtendo-se então a quantidade gasta de ácido (SILVA, 2009). Os valores foram então anotados e submetidos à equação 5: N = (VA - VB)8,75 (5) N - quantidade de nitrogênio em gramas para cada quilograma de matéria seca, g kg-1; VA - volume de ácido sulfúrico gasto para titular a amostra, mL; VB - volume de ácido sulfúrico gasto para titular a prova em branco, mL. 3.4.2.2 Fósforo (P) Para a determinação do fósforo utilizou-se o espectrofotômetro. Para a leitura, retirouse uma alíquota de 1 ml que foi diluída em água destilada, observando-se para que os valores lidos ficassem dentro dos valores da curva. O aparelho foi utilizado no comprimento de onda de 725 nme as leituras eram feitas em Absorbância. Para obter a curva, foram utilizadas as concentrações de P, obtidas a partir de uma solução padrão de 20 ppm, 0; 0,2; 0,4; 0,6; 0,8 ppm de P. As leituras eram feitas em baterias, de acordo com as provas em branco correspondente a cada grupo de material que sofreu o processo de extração junto. Para cada utilização do aparelho, ou seja, a cada nova leitura de uma bateria fazia-se a calibração do 48 aparelho. A diluição foi 1:10 para folhas, caules e frutos (SILVA, 2009). Os valores foram anotados e submetidos à equação 6: Onde: P - Quantidade de fósforo em gramas para cadakg de matéria seca, g. kg-1; L – Leitura (valor obtido no aparelho e convertido em absorbância); b - Coeficiente angular; a - Coeficiente linear; A - Diluição da amostra, mL; B - Concentração de fósforo encontrada na prova em branco, ppm. Esta equação considera que a leitura no aparelho é feita em absorbância, que o volume do extrato após a digestão é de 50 mL e que são pesados 0,4 g de matéria seca. 3.4.2.3 Potássio (K) Para a determinação do potássio, utilizou-se o fotômetro de chama. Para a leitura, retirou-se uma alíquota de 1 ml que foi diluída em água destilada de acordo com a necessidade para que os valores lidos ficassem dentro dos valores da curva. Antes das análises serem iniciadas era feita a calibração do aparelho e determinava-se uma curva de calibração, para a qual se utilizava as concentrações 2, 4, 6, 8 e 10 ppm de K. As leituras eram feitas em baterias, de acordo com as provas em branco correspondente a cada grupo de material que sofreu o processo de extração junto. Para cada utilização do aparelho, ou seja, a cada nova leitura de uma bateria fazia-se a calibração do aparelho. Devido o alto teor de potássio nas várias partes da planta, adotou-se a diluição de 1:50 como padrão em todas as fases de coleta e para todas as partes da planta, pois esta atendeu bem a necessidade de que os valores lidos pelo aparelho fossem apresentados dentro dos valores lidos na curva de calibração (SILVA, 2009). Os valores foram anotados e submetidos à equação 7: 49 em que, K- Quantidade de potássio em gramas para cadakg de matéria seca, g.kg-1; L–Leitura (valor obtido no aparelho, ppm); b - Coeficiente angular; a - Coeficiente linear; A - Diluição da amostra, mL; B - Concentração de K encontrada na prova em branco, ppm. 3.4.2.4 Cálcio (Ca) e Magnésio (Mg) Para determinar o Ca e o Mg utilizou-se o equipamento de absorção atômica modelo AA 240 FS versão 5.1. Para isso, 1 ml da amostra foi colocado em um tubo de ensaio e em seguida foram adicionados para 20 ml, usando água destilada, ficando assim uma diluição de 1:20. Desta amostra diluída coletou-se 1 ml que foi colocado em outro tubo menor e em seguida foi adicionado 4 ml de uma solução de lantânio a 0,1%, que tem como finalidade minimizar a formação de composto refratário de Ca com Al e Fe na chama. Após isso, a solução foi lida no absorção atômica e expressa em mg L-1(SILVA, 2009). Para transformar o resultado da leitura em gramas do elemento por kg de matéria seca (gkg-1) da planta, utilizaram-se as equações 8 e 9 para Ca e Mg respectivamente. Ca = 0,125.D.C (8) Mg = 0,125.D.C (9) Ca = Concentração de cálcio em gramas para cada kg de matéria seca, g kg-1; Mg = Concentração de magnésioem gramas para cada kg de matéria seca, gkg-1; D = diluição da amostra; C = concentração do elemento em mg por litro lida no absorção atômica, mg L-1. 50 3.4.3 Conteúdo de Nutriente acumulado pela planta O acúmulo de nutrientes foi determinado para cada parte individual da planta, ou seja, caules, folhas e frutos. De posse do teor de nutrientes (Cx em g kg-1) e do conteúdo de matéria secaem cada órgão da planta (caule, folhas e frutos), calculada de acordo com a equação 4, foi determinado o conteúdo de nutrientes (Nx em kg ha-1), acumulados em cada parte da planta (equação 10). O conteúdo foi determinado multiplicando-se a matéria seca total de um órgão (MSTx), pelos teores dos respectivos nutrientes (Cx) e o resultado dividido por 1000. Nx C x .MSTx 1000 (10) Em que: Nx = kg do nutriente contido em um órgão da planta por hectare (kg ha-1); Cx = concentração do nutriente na matéria seca (g kg-1); MSTx = matéria seca de um órgão da planta em um hectare (kg ha-1); Com o conteúdo de nutrientes expresso em kg ha-1 em cada órgão da planta, calculouse a quantidade de nutrientes exportados daárea de cultivo da melancieira pelos frutos da planta. 3.4.4 Eficiência Agronômica e fisiológica A eficiência agronômica foi determinada dividindo a produtividade por cada dose de N e P aplicada e foi expressa em kg de fruto por kg de nutriente aplicado, conforme equação 11. EA PTx PT 1 DTx Em que: EA = Eficiência agronômica em kg de fruto por kg de nutriente aplicado, kg kg-1; PTx = Produtividade de um tratamento x, kg ha-1; (11) 51 PT1 = Produtividade do tratamento testemunha, kg ha-1; DTx = Dose do tratamento x, kg ha-1. A eficiência fisiológica (eficiência de absorção) foi determinada dividindo-se o conteúdo do nutriente absorvido aos 58 DAT pela dose de nutriente fornecida, conforme equação 12. EF N Tx N T 1 NF (12) Em que: EF = Eficiência fisiológica, em %; NTx = Quantidade de nutriente absorvido aos 58 DAT em um tratamento x, kg ha-1; NT1 = Quantidade de nutriente absorvido aos 58 DAT na testemunha, kg ha-1; NF = Quantidade de nutriente fornecido, kg ha-1. 3.4.5 Análise estatística dos dados Os dados relativos ao acúmulo de matéria seca e de nutrientes por planta passaram por uma transformação do tipo logarítmica para normalizá-los e para homogeneizar a variânciaentre tratamentos. Depois foram submetidos a uma análise de variância, tendo como fonte de variação: tratamentos, cultivares, cultivares x tratamentos, idade, idade x cultivar, idade x tratamento e idade x cultivar x tratamento. Os efeitos relacionados às cultivares e as quatro doses combinadas de N e P foram avaliadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade e o efeito do tempo (idade da planta) foi analisado por análise de regressão, utilizando o modelo polinomial lny = a + bx + cx2 + dx3, selecionado o modelo mais completo, que fosse significativo a pelo menos 5% de probabilidade, que o coeficiente de maior grau fosse significativo a pelo menos 10% e que o desvio da regressão não fosse significativo a 5% de probabilidade (RIBEIRO JÚNIOR; et al., 2001). Os dados foram analisados pelo software SAEG versão 9.0 (RIBEIRO JÚNIOR, 2001). Para a construção dos gráficos, utilizou-se o Excel versão 2010 e os dados médios de 52 conteúdos de matéria seca e de nutrientes foram convertidos em kg por hectare, multiplicando-os pela densidade de plantas (Olímpia 5144 plantas ha-1 e Leopard 7716 plantas ha-1) e os dividindo por 1000. 53 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 CONTEÚDO DE MATÉRIA SECA E DOS NUTRIENTES N, P, K, Ca e Mg NA MELANCIEIRA As variáveis analisadas apresentaram o mesmo comportamento em relaçãoàs fontes de variações estudadas (Tabela 9 e 10), com exceçãodas variáveis que envolveram Ca e Mg. De uma forma geral pode-se observar que não houve efeito de bloco no experimento, ou seja, as condições para realização do experimento em um bloco eram as mesmas para todos os demais. A fonte de variação tratamento (doses de N e P) apresentou efeito significativo a 1% de probabilidade para a maioria das variáveis analisadas (Tabela 9 e 10), indicando que as doses combinadas de nitrogênio e fósforo provocaram mudança significativa nas mesmas. As cultivares apresentaram diferença significativa a 1% de probabilidade para MS e para as variáveis que envolvem NPK, mostrando que uma cultivar difere estatisticamente em relação à outra. A idade foi significativa a 1% de probabilidade para todas as variáveis, evidenciando que há diferença no conteúdo de matéria seca e de N, P, K, Ca e Mg na planta de melancieira para diferentes épocas de avalição. A interação dupla idade x cultivar foi significativa a 1% para as variáveis que envolvam MS e NPK. A interação tripla idade x cultivar x tratamento não foi significativa para MS, N, P e K, porém foi significativa a 1% e 5% para variáveis que envolvam Ca e Mg (Tabelas 9 e 10). Desta forma, a interação dupla idade x cultivar e a interação tripla idade x cultivar x tratamento serão discutida mais a frente, assim como o efeito isolado dos tratamentos. Tabela 9 – Resumo da análise de variância para os conteúdos (g pl-1) de MS, N, P, K, Ca e Mgna parte vegetativa da planta em função dos tratamentos (doses combinadas de N e P), das cultivares Olímpia e Leopard, e das cinco épocas de coleta. FV GL VARIÁVEIS LMSVEG LCNVEG LCPVEG LCKVEG LCCAVEG LCMGVEG Estatística F ns 0,42 n.s BL 2 0,77 TRATAMENTO (T) 3 4,56** 4,95** ERRO (A) 6 - - 1,09n.s. 1,78n.s 0,84n.s 13,12** 4,45 n.s. 6,81** 2,77n.s - - - - 2,62 n.s. n.s 0,12n.s CULTIVAR (C) 1 15,56** 28,2** 37,22** 43,91** 1,6 CxT 3 0,59ns 0,7n.s 0,78n.s. 0,69n.s. 0,2n.s 0,11n.s ERRO (B) 8 - - - - - - 54 IDADE (I) 4 660,1** 397,26** 482,17** 377,81** 572,57** 449,51** n.s 1,24n.s I*C 4 5,12** 12,5** 13,36** 7,73** 2,05 I*T 12 0,49ns 0,39n.s. 0,49n.s. 0,39n.s. 1,43n.s 1,2n.s I*C*T 12 ns n.s. n.s. n.s. 2,58** 1,87n.s ERRO (C) 64 0,39 0,42 0,82 0,51 - - - - - - MÉDIA GERAL 10,6 7,18 4,83 7,35 6,5666 5,0395 CV1 (%) 3,44 5,563 7,021 5,701 6,262 12,867 CV2 (%) 3,51 6,623 8,461 6,348 7,951 21,831 CV3 (%) 2,83 4,6619 6,1777 4,7112 4,9764 6,6371 n.s. Não significativo; **Significativo a 1% de probabilidade pela estatística F; *Significativo a 5% de probabilidade pela estatística F. LMSVEG = ln(MSVEG); LCNVEG = ln(CNVEG); LCPVEG = ln(CPVEG); LCKVEG = ln(CKVEG); LCCAVEG = ln(CCAVEG) e LCMGVEG = ln(CMGVEG); sendo MSVEG – massa seca da parte vegetativa da planta, em g. planta-1 e CNVEG, CPVEG, CKVEG, CCAVEG e CMGVEG o conteúdo dos respectivos elementos na parte vegetativa da planta, em g. planta-1. Fonte:O próprio autor a partir dos resultados dos experimentos Tabela 10 – Resumo da análise de variância para os conteúdos (g pl-1) de MS, N, P, K, Ca e Mg em toda a planta (caule, folha e fruto) em função dos tratamentos (doses combinadas de N e P), das cultivares Olímpia e Leopard, e das cinco épocas de coleta. FV GL VARIÁVEIS LMST LCNT LCPT LCKT LCCAT LCMGT Estatística F ns 0,87 n.s 2,18 n.s. 1,69n.s. 1,67n.s 0,96n.s BL 2 1,3 TRATAMENTO (T) 3 6,97** 6,57** 10,4** 8,15** 6,59** 2,95n.s ERRO (A) 6 - - - - - 0n.s CULTIVAR (C) 1 21,53** 29,25** 32,91** 39,22** C*T 3 0,12n.s. 0,25n.s. 0,6n.s. 0,4n.s. ERRO (B) 8 - - - - - - IDADE (I) 4 1142** 772,72** 794,57** 832,88** 690,71** 785,28** I*C 4 1,92n.s. 10,59** 11,24** 7,05** 2,11n.s 2,38n.s I*T 12 0,59n.s. 0,71n.s. 1,01n.s. 0,42n.s. 1,05n.s 1,61n.s I*C*T 12 0,4n.s. 0,49n.s. 0,72n.s. 0,48n.s. 2,46* 2,18* ERRO (C) 64 - - - - - - MÉD. GERAL 10,88 7,43 5,19 7,72 6,65 5,28 CV1 (%) 3,31 5,01 8,00 4,79 5,95 10,64 CV2 (%) 4,38 7,38 9,58 6,73 8,08 20,2 CV3 (%) 2,45 3,85 5,71 3,87 4,72 5,64 n.s. 1,93 n.s 0,06n.s 0,05n.s não significativo; **significativo a 1% de probabilidade pela estatística F; *significativo a 5% de probabilidade pela estatística F. LMST=ln(MST); LCNT=ln(CNT); LCPT=ln(CPT); LCKT= ln(CKT); LCCAT = ln(CCAT); LCMGT = ln(CMGT) sendo MST - massa seca total da planta, em gplanta-1; CNT – conteúdo de N na parte aérea total da planta; CPT – conteúdo de P na parte aérea total da planta; CKT – conteúdo de K na parte aérea total da planta; CCAT – conteúdo de Ca na parte aérea total da planta; CMGT – conteúdo de Mg na parte aérea total da planta, em g planta-1 Fonte: O próprio autor a partir dos resultados dos experimentos 55 4.1.1 Conteúdo de matéria seca na parte vegetativa (MSVEG) e total (MST) 4.1.1.1 Conteúdo de MS em função de idade e cultivar O conteúdo de matéria seca na parte vegetativa (caule e folhas), em função de DAT, em ambas as cultivares, foi significativo a 1% de probabilidade e apresentou um comportamento quadrático, ou seja, a equação que melhor respondeu à variação de MSVEG foi uma polinomial de segundo grau. A cultivar Olímpia respondeu de forma quadrática negativa, ou seja, a matéria seca da parte vegetativa aumenta até certo ponto, a partir do qual começa a decrescer; a MSVEG aumentou com o tempo até 58 dias após transplantio (ponto de máximo), acumulando um conteúdo de 800 kg ha-1 de MS, tendendo a decrescer a partir deste valor (Figura 4A). Já para cultivar Leopard a equação foi do tipo quadrática positiva, ou seja, a MSVEG foi crescente desde o início do ciclo até os 58 DAT, acumulando1445 kg ha-1 de MS(Figura 4A).O conteúdo de matéria seca total em função da idade não foi significativo (Figura 4B). Figura 4 – Conteúdo de matéria seca na parte vegetativa (A) e total (B) para as cultivares Olímpia e Leopard acumulado durante seus respectivos ciclos. A. Cultivar Olímpia (O) Leopard (L) B. Equação (MSVEG) y = -0,629**x2 + 77,189**x – 1503 y = 0,2078**x2 + 26,265**x - 765,26 R2 0,96** 0,95** Fonte: O próprio autor a partir dos resultados dos experimentos Cultivar OeL Equação (MST) y = 0,6725x2 + 11,799x - 717,44 R2 0,95 56 De uma forma geral, os gráficos mostram que até os 37 DAT o crescimento e/ou acúmulo de matéria seca de ambas as cultivares é lento, chegando a uma taxa de acúmulo diária de aproximadamente 28,6 kg ha-1 ou 5,56 g planta-1 para a Olímpia (5144 pl ha-1) e 3,71 g planta-1 para a Leopard (7716 pl ha-1); dos 37 aos 58 DAT a taxa média diária de acúmulo de MST foi aproximadamente de 81 kg ha-1(Figura 4B). A cultivar Olímpia apresentou nos primeiros 40 DAT um conteúdo de matéria seca na parte vegetativa similar ao da cultivar Leopard, porém a cultivar Leopard no final do ciclo (58 DAT) apresentou um conteúdo médio de MSVEG de 1450 kg ha-1 que é superior aos 800 kg ha-1 da cultivar Olímpia (Figura 4A). Esse comportamento demonstra que a cultivar Olímpia é mais precoce, pois o acúmulo de MS em folhas e ramos até 58 DAT tendeu a estabilizar enquanto o da cultivar Leopard continuou crescendo. A cultivar Olímpia é uma planta com maior cobertura de solo e possui um fruto de maior volume e massa comparado ao da Leopard, porém a Leopard pode ser plantada em uma densidade maior e produz mais frutos por planta que a Olímpia, tornando-a, em alguns casos, com um maior conteúdo de matéria seca na parte vegetativa e total. Granjeiro e Cecílio Filho (2005), trabalhando com a cultivar Mickylee e o hibrido nova de melancia sem sementes, encontrou resultados semelhantes no conteúdo de MST no final do ciclo da melancia, cerca de 1840 kg ha-1 (população de 3.333 pl ha-1) e 1800 kg ha-1 (população de 3.333 pl ha-1, considerando toda a área cultivada somente com esta cultivar) respectivamente. Granjeiro e Cecílio Filho (2004, 2005), estudando os híbridos de melancia Nova e Tide e a variedade Mickylee, encontraram comportamento semelhante no crescimento das diferentes cultivares; eles verificaram que as três cultivares tinham um crescimento inicial lento até os 30 DAT, intensificando o crescimento a partir daí. 4.1.1.2 Conteúdo de MS em função dos tratamentos (doses de N e P) Os tratamentos aplicados apresentaram resposta significativa ao nível de 1% de probabilidade para as variáveis MSVEG e MST (Tabela 9 e 10). O tratamento T2 (48; 88) foi estatisticamente igual a T3 (121; 220) e T4 (218; 396), e foi superior a T1. O acúmulo médio de MST no tratamento T2 foi 1000 kgha-1(Figura 5). T3 e T4 foram estatisticamente iguais ao 57 tratamento T1 (0; 0). Desta forma T3 e T4 corresponderam a gastos desnecessários, uma vez que T2 acumulou o mesmo conteúdo de MS. Figura 5 – Conteúdo médio de matéria seca na parte vegetativa (MSVEG) e total (MST) da melancieira, durante o ciclo das cultivares Olímpia e Leopard, em função das doses combinadas dos nutrientes N e P 2O5 aplicadas na adubação. Letras minúsculas comparam os valores de MSVEG e maiúsculas a MST pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade Fonte: O próprio autor a partir dos resultados dos experimentos O tratamento T2 demonstra que a planta absorve nutrientes conforme a sua necessidade, doses acima da ideal são consideradas como prejuízo, pois, na maioria das vezes, elas diminuem a massa seca e o conteúdo de nutrientes acumulado na planta e, por outro lado, aumentam o custo de produção com a aplicação de uma maior quantidade de nutrientes. Em melão “Pele de sapo”, Silva Júnior; et. al. (2007) avaliando o balanço de NPK aplicados por fertirrigação, verificaram maiores perdas nas maiores doses dos nutrientes aplicados, sendo essas perdas mais acentuadas no período de maior exigência nutricional da cultura. 4.1.2 Conteúdo de N na melancieira (kgha-1) 4.1.2.1 Conteúdo de N em função de idade e cultivar 58 O conteúdo de N na parte vegetativa (CNVEG) e total (CNT) cresceu em função da idade da planta apresentando comportamentos diferentes para cada cultivar. O CNVEG na cultivar Olímpia seguiu um modelo quadrático negativo (Figura 6A), com os valores de N aumentando até a idade de 58 DAT (ponto de máximo), e a partir daí tendeu a decrescer com o tempo. A partir dos 46 DAT até os 58 DAT oacúmulo de N nas folhas e caules foi muito baixo, variando de 24 kg ha-1 a 26 kg ha-1, com uma média de acúmulo neste período de 25 kg ha-1. A parte vegetativa praticamente parou de acumular N a partir dos 46 DAT, e toda a absorção de N da planta naquele período era destinado para o acabamento dos frutos. Para a cultivar Leopard o CNVEG comportou-se de forma cúbica, aumentando seu valor com o tempo de 23 a 30 DAT, tendo poucos incrementos de 30 a 44 DAT, acumulando, em média, cerca de 10 kg ha-1 de N, e a partir daí tendeu a crescer com a idade, concentrando aos 58 DAT cerca de 45 kgha-1 de N (Figura 6A). O conteúdo de nitrogênio total na cultivar Olímpia, apresentou um comportamento quadrático positivo, crescendo seus valores a partir de 23 DATaté 58 DAT, quando apresentou um conteúdo de 60 kgha-1 de N total(Figura 6B). A cultivar Leopard respondeu de forma cúbica, aumentando o CNT de 23 a 30 DAT, quando acumulou cerca de 10 kg ha-1, e a partir daí teve um menor incremento no conteúdo até 40 DAT, e em seguida a Leopard absorveu um grande conteúdo de Ncom o tempo, atingindo o valor de 80 kg ha-1 aos 58 DAT(Figura 6B). Figura 6 – Conteúdo de N na parte vegetativa (A) e total (B) para as cultivares Olímpia e Leopard acumulado durante seus respectivos ciclos. A Cultivar Olímpia Leopard B Equação (CNVEG) y = -0,0167**x2 + 2,1109**x - 40,233 y = 0,0036**x3 - 0,3962**x2 + 14,668**x - 171,3 R2 0,92** 0,90** Cultivar Olímpia Leopard Equação (CNT) y = 0,0196**x2 + 0,217**x - 16,244 Y = 0,0046**x3 - 0,4822**x2 + 16,977**x - 191,88 R2 0,95** 0,93** 59 Fonte: O próprio autor a partir dos resultados dos experimentos O acumulo inicial de N na planta inteira de melancia cvs. Olímpia e Leopard foi lento até os 45 DAT, com uma taxa diária de acumulo de cerca de 0,35 g pl-1 para Olímpia e 0,12 g pl-1 para a Leopard; no período dos 45 aos 58 DAT, as cultivares aumentaram a taxa e alcançaram, em média, uma taxa diária de acumulo de N de 0,897 g pl-1 e 0,797 g pl-1 para Olímpia e Leopard, respectivamente. Grangeiro, Cecílio Filho e Cazetta (2004) e Grangeiro, et al. (2005) trabalhando com melancia encontraram resultados semelhantes, com o máximo acúmulo de N acontecendo de 45 a 60 DAT. De uma forma geral, a cultivar Leopard apresentou um CNVEG e CNT por hectare superior ao da cultivar Olímpia, mostrado que a cultivar consome um maior conteúdo de N por hectare (Figura 6AB). Este consumo é devido, principalmente, à maior quantidade de plantas por hectare da cultivar Leopard (7716 pl ha-1), pois a cultivar ocupa uma menor parcela de solo, e consequentemente tem uma densidade de plantio maior que a Olímpia (5144 pl ha-1). Concentração semelhante de N foi obtida por Grangeiro; et al.(2005) estudando o hibrido Nova de melancia sem sementes, quando verificou umconteúdo de 77 kg ha-1 na planta inteira aos 70 DAT. Outra cultivar estudada por Grangeiro e Cecílio Filho (2004) foi o híbrido de melancia Tide, que acumulou um teor de N total de cerca de 140 kg ha-1 aos 75 DAT. Essa variação do teor de nitrogênio, ou de qualquer outro nutriente, acumulado de uma cultivar para outra é devido, principalmente, a características particulares de cada cultivar, como hábito de crescimento, tamanho do fruto, absorção diferenciada de nutrientes, ciclo, solo, clima e etc. Assim, conforme a cobertura foliar de cada cultivar há um espaçamento recomendado para que a planta cubra todo o solo e o explore da melhor forma possível, gerando uma densidade de plantas diferente em cada cultivar, conforme verificado nas duas cultivares em estudo. A cultivar Leopard possui plantas e frutos de menor tamanho, quando comparada a cultivar Olímpia, por isso ela tem uma densidade de plantio maior e isto é uma das razões dela conseguir acumular, em alguns casos, mais nutrientes por hectare do que a cultivar Olímpia. Outro ponto importante a ser observado é que na cultivar Olímpia o acúmulo de N na parte vegetativa começou a diminuir bruscamente a partir dos 46 DAT, enquanto o acumulo 60 de N nos frutos continuou crescendo sem limites. Isso mostra que o fruto era o único dreno da planta após esse período. 4.1.2.2 Conteúdo de N em função dos tratamentos O efeito isolado dos tratamentos, para CNVEG e CNT, foi significativo ao nível de 1% de probabilidade pela estatística F(Tabela 9 e 10). Tanto para CNVEG como CNT o tratamento T2 (48, 88) foi superior a T1, embora não tenha diferido estatisticamente dos tratamentos T3 (121,220) e T4 (218,396), que por sua vez foram iguais a T1 (Figura 7). Desta forma, T2, agronomicamente falando, é o mais eficiente, devido eleusar menos fertilizantes e apresentar a mesma resposta do que doses maiores. Figura 7 – Conteúdo médio de nitrogênio na parte vegetativa e total da melancieira, durante o ciclo das cultivares Olímpia e Leopard, em função das doses combinadas dos nutrientes N e P 2O5 aplicadas na adubação. Letras minúsculas comparam os valores de MSVEG e maiúsculas a MST pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Fonte: O próprio autor a partir dos resultados dos experimentos Considerando T2 como o ideal e o mais eficiente por ter elevado o conteúdo de N na planta na mesma proporção que tratamentos com doses bem maiores, pode-se afirmar que a perda de nitrogênio relativa à T1, nas condições em que foram realizadas este experimento, nas doses T3 e T4 foram respectivamente 60% e 78%. Andrade Junior; et. al. (2006) avaliando a aplicação de doses de nitrogênio (0, 40, 80, 120 e 160 kg ha-1 de N) via fertirrigação na produção e a qualidade de frutos de melancia cultivar Crimson Sweet verificaram que a produção total, a produção comercial, o número de frutos total e comercial, aumentam significativamente com o aumento dos níveis de nitrogênio, seguindo um modelo quadrático de resposta, e que a função de produção ajustada 61 permite verificar que a aplicação de 97,61 kg ha-1 de N otimiza as características avaliadas, com a produção de 60,17 Mg ha-1 contra uma produção média de 49,90 Mg ha-1. Faria; et. al. (2003) trabalhando comdoses e períodos de aplicação de nitrogênio na melancia no submédio São Francisco concluíram que a melancia apresenta pequenaresposta à adubação nitrogenada. Com uma dose de 45 kg ha-1 de N, é suficiente para obter uma produtividade máxima de frutos com boa qualidade. Silva Júnior; et. al.(2007) estudando o balanço da fertirrigação em meloeiro, puderam observar que as perdas de nitrogênio aumentaram à medida que aumentava a dose de nitrogênio fornecida na fertirrigação e que as maiores perdas ocorreram na época de maior exigência nutricional da cultura, que era justamente a época em que a fertirrigação foi fortemente incrementada para atender às demandas da cultura. Segundo ele as perdas totais de nitrogênio representaram aproximadamente 25%, 49% e 58%, respectivamente, das doses 83 kg ha-1, 119 kg ha-1 e 156 kg ha-1, aplicadas em fertirrigação aos 69 dias após a semeadura. Eles comentam ainda que se considerar desprezível a contribuição do nitrogênio nativo do solo para nutrição da planta, e que a quantidade de nitrogênio que saiu do sistema solo planta, representa parte do que foi aplicado na fertirrigação, tem-se, então, uma eficiência no sistema solo planta de 75%, 61% e 42%, respectivamente, para as doses 83, 119 e 156kg ha-1de nitrogênio. 4.1.3 Conteúdo de P na melancieira (kg ha-1) 4.1.3.1 Conteúdo de P em função de idade e cultivar O conteúdo de P na parte vegetativa (CPVEG) e total (CPT), em função da idade, para ambas as cultivares, foi significativo a 1% de probabilidade (Tabelas 9 e 10). O conteúdo de P na parte vegetativa da cultivar Olímpia respondeu de forma quadrática negativa, aumentando seu valor com o tempo até os 58 DAT (ponto de máximo), quando acumulou em torno de 2,5 kg ha-1, e a partir daí tendeu a decrescer com o tempo (Figura 8A). Dos 46 aos 58 DAT o incremento de P nas folhas e caules da cultivar Olímpia foi muito pequeno, mostrando que 46 DAT pode ser o limite para absorção de P pela parte 62 vegetativa. O CPVEG da cultivar Leopard seguiu um modelo polinomial cúbico, aumentando seus valores de 23 a 30DAT quando acumulou 0,8 kg ha-1, e em seguida diminuiu a taxa de incremento dos 30 aos 46 DAT, quando acumulou 1,2 kg ha-1, e a partir daí voltou a aumentar o CPVEG dos 46 aos 58 DAT, quando acumulou cerca de 3,5 kg ha-1 de P (Figura 8A). O CPT de ambas as cultivares respondeu de forma quadrática, sendo negativa para a cultivar Olímpia e positiva para a Leopard (Figura 8B). A cultivar Olímpia apresentou um ponto de máximo aos 58 DAT de aproximadamente 6,5 kg ha-1 e a cultivar Leopard dos 23 aos 38DAT teve um aumento pequeno do CPT, que variou de 0,2 a 2 kg ha-1 e dos 38 aos 58 dias o aumento em função da idade foi bem maior, saindo de 2 para 8 kg ha-1 de P2O5 (Figura 8B). Figura 8 – Conteúdo de P na parte vegetativa (A) e total (B) para as cultivares Olímpia e Leopard acumulado durante seus respectivos ciclos. A Cultivar Olímpia Leopard B Equação (CPVEG) y = -0,0022**x2 + 0,2537**x - 4,796 y = 0,0002**x3 - 0,0268**x2 + 1,0162**x - 12,076 R2 0,94** 0,89** Cultivar Olímpia Leopard Equação (CPT) y = -0,0005**x2 + 0,2527**x - 6,0373 y = 0,0074**x2 - 0,386**x + 5,26 R2 0,94** 0,93** Fonte: O próprio autor a partir dos resultados dos experimentos As cultivares Olímpia e Leopard apresentaram um conteúdo de fósforo total aos 58 DAT praticamente igual, porém a cultivar Leopard até aproximadamente 50 DAT apresentou um conteúdo inferior ao da Olímpia, mostrando que a cultivar apresenta um acumulo inicial menor, devido, principalmente, à formação de seus frutos serem mais tardia, pois estes foram considerados os principais drenos de fósforo na planta. Os híbridos Nova e Tide de melancia, estudados por Granjeiro; et. al.(2004, 2005) acumularam na planta inteira, respectivamente 12,3 kg ha-1 e 13 kg ha-1 de fósforo no final do ciclo. A cultivar Mickylee também avaliada por Granjeiro; et. al. (2005), apresentou um conteúdo na planta inteira de 5,3 kg ha-1 de P2O5 no final do ciclo. 63 O fósforo, em linhas gerais, comportou-se da mesma forma do nitrogênio, teve um acúmulo lento até os 37 DAT, intensificando o acúmulo a partir daí. Dessa forma, como dito anteriormente, os frutos são os principais drenos de fósforo na planta como também de nitrogênio, pois foi justamente no período de formação dos frutos que a planta acumulou as maiores quantidades desses nutrientes, consequentemente precisou que estes elementos, neste período, estivessem disponíveis em maiores quantidades no solo para que fossem absorvidos. Resultados semelhantes foram encontrados nas cultivares Crimson Sweet (VIDIGAL et al., 2009) e Mickylee (GRANJEIRO; et. al., 2005) e nos híbridos Tide (GRANJEIRO, CECÍLIO FILHO E CAZETTA, 2004) e Nova (GRANJEIRO; et. al., 2005). 4.1.3.2 Conteúdo de P2O5 em função dos tratamentos O efeito isolado dos tratamentosfoi significativo a 1% de probabilidadepara as variáveis CPVEG e CPT (Tabelas 9 e 10). O tratamento T2 (48; 88) foi estatisticamente igual aos tratamentos T3 (121; 220) e T4 (218; 396) e foi superior ao tratamento T1 (0; 0) (Figura 9). T3 e T4também foram superiores a T1. Desta forma, levando-se em consideração o conteúdo de Fósforo e Nitrogênio acumulado na planta, os tratamentos T3 e T4podem ser considerados como prejuízos, visto que a planta não absorveu o N e P aplicados em excesso no solo, considerando o T2 como tratamento ideal para as condições edafoclimáticas do experimento. Nesse sentido, as perdas de fósforo representaram 60% e 77,8% respectivamente para T3 e T4. Figura 9 – Conteúdo médio de fósforo na parte vegetativa e total da melancieira, durante o ciclo das cultivares Olímpia e Leopard, em função das doses combinadas dos nutrientes N e P2O5 aplicadas na adubação. Letras minúsculas comparam os valores de MSVEG e maiúsculas a MST pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Fonte: O próprio autor a partir dos resultados dos experimentos 64 Em alguns casos, existem trabalhos que não encontram diferença significativa nas doses de fósforo aplicadas, como é o caso de Freitas Júnior; et. al. (2008), que estudando a resposta da melancia, híbrido Congo, adiferentes doses de fósforo (0, 90, 180, 270 e 360 kgha1 ) aplicadas na cova de plantio, pôde verificar que o comprimento médio de frutos, número total de frutos, massa média de frutos e a produtividade não foram afetada pelas doses crescentes de fósforo aplicada em fundação. Porém, há trabalhos com resultados positivos, ou seja, verificou-se a dose que maximiza determinadas características da planta, que não significa ser a dose mais econômica. A exemplo disto tem-se o trabalho de Abreu (2010), que estudando doses de fósforo (0, 120, 240, 360 e 480 kg ha-1 de P2O5) na produção e qualidade de frutos de melão amarelo observou que a produção de frutos comerciais, massa e número de frutos comerciais por planta, diâmetro, comprimento e espessura da polpa de frutos comerciais aumentaram até a dose de 278 kg ha-1 P2O5; que doses acima dela prejudicaram o desenvolvimento inicial das plantas e a produção de frutos comerciais por planta. 4.1.4 Conteúdo de K na melancieira (kg ha-1) 4.1.4.1 Conteúdo de K em função de idade e cultivar Houve efeito significativo, para a interação dupla idade x cultivar, a 1% de probabilidade, para o conteúdo de potássio na parte vegetativa (CKVEG) e total (CKT). (Tabelas 9 e 10). O CKVEG e CKT, na cultivar Olímpia, seguiu um modelo polinomial quadrático. Na parte vegetativa o modelo foi negativo, com o K aumentando em função da idade até aproximadamente 58 DAT, acumulando cerca de 35 kgha-1 de K, e a partir daí tendeu a diminuir com a idade (Figura 10A). No conteúdo de K total o modelo foi positivo, com pouca variação do potássio total até os 37 DAT, quando acumulou 20 kg ha-1 de K, a partir daí, dos 37 aos 58 DAT, o conteúdo aumentou de forma rápida, acumulando aos 58 DAT cerca de 108 kg ha-1 de K (Figura 10B). 65 Na cultivar Leopard, o CKVEG em função da idade respondeu de forma cúbica, aumentando com a idade dos 23 aos 37 DAT, quando diminuiu muito o incremento de K até os 46 DAT e em seguida voltou a aumentar o conteúdo com a idade, acumulando aos 58 DAT cerca de 35 kg ha-1 de K(Figura 10A). Já o CKT seguiu um modelo quadrático positivo, com pequenos incrementos no CKT nos primeiros 37 DAT, que variou de 0 a 18 kg ha-1; seguido de maiores incrementos dos 37 aos 58 DAT quando a planta aumentou o conteúdo de K total de 18 a 90 kg ha-1 (Figura 10B). Este alto incremento, possivelmente é devido ser a época de formação dos frutos, visto que necessitam de grandes quantidades de potássio para sua perfeita formação. Figura 10 – Conteúdo de K na parte vegetativa (A) e total (B) para as cultivares Olímpia e Leopard acumulado durante seus respectivos ciclos. A Cultivar Olímpia Leopard B Equação (CKVEG) y = -0,0275**x2 + 3,3078**x - 63,694 y = 0,0018**x3 - 0,2008**x2 + 8,0908**x - 100,54 R2 0,94** 0,90** Cultivar Olímpia Leopard Equação (CKT) y = 0,0546**I2 - 1,1281**I - 5,524 y = 0,0792**I2 - 3,9534**I + 51,913 R2 0,96** 0,93** Fonte: O próprio autor a partir dos resultados dos experimentos O acúmulo de potássio na planta inteira, semelhantemente ao de N e P, foi lento no início, até os 37 DAT e intensificou-se a partir daí. A cultivar Leopard, acumulou menos K na planta inteira do que a cultivar Olímpia, desde os 23 DAT até os 58 DAT. O fruto parece ter sido o principal dreno de potássio, pois foi a partir da frutificação que o conteúdo de potássio total aumentou intensamente. Granjeiro, Cecílio Filho (2004) e Granjeiro; et. al. (2005), estudando o híbrido Nova e hibrido Tide de melancia, encontraram conteúdos, respectivamente, de 76,7 kg ha-1 e 160 kg ha-1 de K no final do ciclo da cultura (70 a 75 DAT). A cultivar Mickylee, também estudada por Granjeiro et al.(2005), acumulou cerca de 50 kg ha-1 de K aos 50 DAT (final do ciclo). 66 A variação no acúmulo de potássio, ou melhor, de um nutriente qualquer, nas cultivares de melancia pode ter causas diversas. Um experimento realizado por Grangeiro et al. (2004), com duas épocas diferentes de cultivo (outubro a dezembro de 2001 e fevereiro a abril de 2002), quatro doses crescentes de potássio (50, 100, 200 e 300 kg ha-1) e três fontes diferentes para fornecer potássio (cloreto, sulfato e nitrato de potássio) mostrou que a maior absorção de nutrientes ocorreu no período de outubro a dezembro e que a concentração de potássio na planta foi influenciada pelas doses e fontes de potássio aplicadas. Trabalho semelhante não foi encontrado para o fósforo e nitrogênio. 4.1.4.2 Conteúdo de K em função dos tratamentos Verificou-se efeito isolado dos tratamentos para o conteúdo de potássio total (CKT). Não houve efeito significativo para CKVEG. No CKT, T2 foi estatisticamente igual a T3 e T4, e foi superior a T1 que por sua vez foi estatisticamente igual a T3 e T4 (Figura 11). O tratamento T2 acumulou um conteúdo médio de potássio total de cerca de 42 kg ha-1(Figura 11). Assim, o tratamento 2 (48; 88) foi o melhor tratamento para incrementar potássio de forma econômica na planta. Figura 11 – Conteúdo médio de K na parte vegetativa e total da melancieira, durante o ciclo das cultivares Olímpia e Leopard, em função das doses combinadas dos nutrientes N e P 2O5 aplicadas na adubação. Letras minúsculas comparam os valores de MSVEG e maiúsculas a MST pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Fonte: O próprio autor a partir dos resultados dos experimentos 67 4.1.5 Conteúdo de Ca na melancieira (kg ha-1) 4.1.5.1 Conteúdo de Ca na parte vegetativa (caule e folha) O conteúdo de cálcio na parte vegetativa (CCAVEG) apresentou significância a 1% de probabilidade para a interação tripla idade x cultivar x tratamento (Tabela 9). Na cultivar Olímpia o CCAVEG em função da idade seguiu um modelo polinomial quadrático negativo para T1 (0,0) e T4 (218; 396) com ponto de máximo aos 58 DAT, quando acumularam valores de 15 kg ha-1 e 12 kg ha-1, respectivamente. Já os tratamentos T2 (48; 88) e T3 (121; 220) seguiram um modelo quadrático positivo, acumulando cerca de 18 kg ha-1 e 24 kg ha-1 aos 58 DAT (Figura 12A). Para a Leopard o CCAVEG em função da idade nos tratamentos T2 (48; 88) T3 (121; 220) e T4 (218; 396) seguiu um modelo quadrático positivo, mas o tratamento 1 (0,0) apresentou um modelo quadrático negativo com um ponto de máximo em 58 DAT, acumulando cerca de 15 kg ha-1. O T2 foi o tratamento que acumulou o maior conteúdo de Ca na parte vegetativa, acumulando cerca de 45 kg ha-1 no fim do ciclo, aos 58 DAT (Figura 12B). Figura 12 – Conteúdo de cálcio na parte vegetativa das cultivares Olímpia (A) e Leopard (B) para cada tratamento aplicado, em função de dias após transplantio. As equações mostram o resultado em g pl -1 é preciso multiplicar pelos fatores 5,144 (Olímpia) e 7,716 (Leopard) para transformar em kg ha -1. A. B. Equação (Olímpia) R2 0,81** Equação (Leopard) R2 0,75** 68 0,96** 0,99** 0,90** 0,99** 0,95** 0,92** Fonte: O próprio autor a partir dos resultados dos experimentos O tratamento T2 se destacou no acumulo de Ca na parte vegetativa e total. Nos fertilizantes utilizados como fonte de fósforo e nitrogênio, dois deles também continham Ca em sua composição, um deles é o nitrato de cálcio, com 28% e de Ca, e o outro é o superfosfato simples, com 20% de Ca. Desta forma, o Ca indiretamente participou dos tratamentos e as doses de T3 e T4 foram excessos que não se traduziram em absorção de Ca, pelo contrário prejudicaram o acumulo de Ca nas condições de realização do experimento. Analisando os gráficos de CCAVEG (Figuras 12A) e CCAT (Figura 12B) verifica-se que o Ca acumulou-se em maior quantidade na parte vegetativa, ou seja, os caules e folhas tiveram uma demanda bem maior de Ca, durante todo o ciclo, do que os frutos, diferentemente do que se observa para os outros elementos, NPK. Isto pode ser atribuído ao fato de que o Ca se movimenta quase que exclusivamente pelos vasos xilemáticos, tendo pouca movimentação para os frutos, diferentemente dos outros nutrientes. 4.1.5.2 Conteúdo de Cálcio total (caule, folhas e frutos) O conteúdo de cálcio total (CCAT) foi significativo ao nível de 5% de probabilidade para a interação tripla idade x cultivar x tratamento (Tabela 10). Na cultivar Olímpia, o CCAT em função da idade seguiu um modelo polinomial quadrático negativo nos tratamentos T1 (0; 0), T2 (48; 88) e T4 (218; 396), com ponto de máximo aos 58 DAT, quando acumulou cerca de 20 kg ha-1, 27 kg ha-1 e 14 kg ha-1, respectivamente. O tratamento T3 (121,220) seguiu um modelo quadrático positivo, acumulando no final do ciclo, aos 58 dias após transplantio, cerca de 24 kg ha-1(Figura 13A). Para a Leopard o CCAT em função da idade seguiu um modelo quadrático positivo para os tratamentos T2 (48; 88), T3 (121; 220) e T4 (218; 396) variando pouco o CCAT dos 23 até os 37 DAT, e a partir deste período o incremento de Ca em função da idade foram bem maiores. O T2 foi o que acumulou o maior CCAT aos 58 DAT, cerca de 50 kg ha-1. O tratamento T1 (0; 0) seguiu um modelo quadrático negativo, acumulando o maior conteúdo de Ca na planta total aos 50 DAT, que foi cerca de 23 kg ha-1(Figura 13B). 69 Figura 13 – Conteúdo de cálcio total nas cultivares Olímpia (A) e Leopard (B) para cada tratamento aplicado, em função de dias após transplantio. As equações mostram o resultado em g pl -1 é preciso multiplicar pelos fatores 5,144 (Olímpia) e 7,716 (Leopard) para transformar em kg ha -1. A B Equação (Olímpia) R2 Equação (Leopard) 0,81** 0,92** 0,98** 0,94** R2 0,87** 0,99** 0,95** 0,93** Fonte: O próprio autor a partir dos resultados dos experimentos A cultivar Leopard, cultivada nas mesmas condições da cv. Olímpia acumulou um CCAT quase que o dobro do da cv. Olímpia, possivelmente esta seja uma explicação do porque os frutos da Leopard (cultivar sem sementes) são mais firmes, e, portanto preferidos pelos mercados internacionais. Mais pesquisas são necessárias para confirmar se é o Ca responsável pela firmeza das cultivares sem sementes, se existe outra variável envolvida ou se é uma característica puramente genética, ou ainda se há participação de ambos. Os híbridos Nova (sem sementes) e Tide de melanciae a variedade Mickylee, estudados por Granjeiro, Cecílio Filho (2004) e Granjeiro; et. al.(2005), acumularam um conteúdo de Ca total, no final do ciclo, respectivamente de 17,7 kg ha-1; 27 kg ha-1 e 5,3 kg 70 ha-1. As melancias sem sementes, na maioria dos casos, acumulam maior conteúdo de Ca total, por isso que normalmente são mais firmes que as demais. 4.1.6 Conteúdo de Mg na melancieira (kg ha-1) 4.1.6.1 Conteúdo de Mg na parte vegetativa (CMGVEG) Não foi verificada resposta significativa para o CMGVEG para as variáveis estudadas. Os valores médios dos tratamentos e das cultivares estão expressos na Figura 14. O acúmulo de Mg na melancieira se comportou de forma quadrática, com um ponto de máximo aos 58 DAT. Figura 14 – Conteúdo de magnésio na parte vegetativa da melancia em função de dias após transplantio. Equação y = −0,0008x2 + 0,1819x − 3,9308 Fonte: O próprio autor a partir dos experimentos 4.1.6.2 Conteúdo de Mg total (caule, folhas e frutos). R2 0,94 71 O conteúdo de magnésio total (CMGT) respondeu de forma significativa a 5% de probabilidade para interação tripla Idade x Cultivar x Tratamento (Tabela 10). Para o CMGVEG não houve nenhuma interação significativa (Tabela 10). Na cultivar Olímpia o CMGT em função da idade, seguiu um modelo polinomial quadráticonegativo para os tratamentos T1 (0; 0) e T2 (48; 88) que apresentaram pouca variação no CMGT dos 23 aos 37 DAT, variando de 0,2 a 2 kgha-1, e a partir daí, dos 37 aos 58 DAT o aumento de Mg em função do tempo foi bem maior, passando de 2 para 7 kg ha-1 em T2 e de 2 para 5 kg ha-1 em T1. Em T3 (121; 220) a cultivar Olímpia apresentou um comportamento quadrático positivo, onde teve um acúmulo lento de Mg até os 37 DAT, quando acumulou cerca de 1,3 kg ha-1 de Mg e a partir daí o acúmulo por unidade de tempo foi maior, alcançando 6,2 kg ha-1 aos 58 DAT (Figura 15A). o tratamento T4 comportou-se de forma cúbica, acumulando no final do ciclo cerca de 5 kg ha-1 de Mg. Para a Leopard o CMGT em função da idade seguiu um modelo quadrático positivo paratodos os tratamentos, que acumularam pouco conteúdo de Mg no início do ciclo, variando de 0,2 a 2 kg ha-1 dos 23 aos 37 DAT, e dos 37 aos 58 DAT o acúmulo de Mg com o tempo foi maior, atingindo no fim do ciclo, em média 9 kg ha-1 de Mg (Figura 15B). Figura 15 – Conteúdo de magnésio total nas cultivares Olímpia (A) e Leopard (B) de melancia para cada tratamento aplicado, em função de dias após transplantio. As equações mostram o resultado em g pl -1 é preciso multiplicar pelos fatores 5,144 (Olímpia) e 7,716 (Leopard) para transformar em kg ha -1. A B Equação (Olímpia) R2 0,96** 0,99** 0,93** 0,98** Fonte: O próprio autor a partir dos resultados dos experimentos Equação (Leopard) R2 1** 0,91** 0,98** 0,98** 72 Os dois Híbridos de melancia, Tide e Nova, e a variedade Mickylee estudados por Granjeiro et al.(2004, 2005) acumularam um conteúdo de magnésio no final do ciclo, respectivamente de 17 kg ha-1 (aos 75 DAT); 9 kg ha-1 (aos 70 DAT) e 8,33 kg ha-1 (aos 50 DAT). De uma forma geral, as cultivares estudadas acumularam conteúdos semelhantes de Mg na planta inteira, com a cultivar Leopard acumulando um conteúdo ligeiramente superior. 4.2 EFICIÊNCIA AGRONÔMICA E FISIOLÓGICA Na cultivar Olímpia os tratamentos T2 (48 kg de N e 88 kg de P) e T3 (121 kg de N e 218 kg de P) apresentaram praticamente a mesma eficiência agronômica, ou seja, ambos produziram em média 176 kg de fruto por kg de N aplicado e 97 kg de fruto por kg de P aplicado (Tabela 11). A eficiência agronômica na Olímpia diminuiu de forma substancial a partir da dose do tratamento T3 (121-N e 218-P). Desta forma, o tratamento T3 pode ser mais vantajoso devido ao volume de produção, pois se assemelha ao tratamento T2 em eficiência, mas por ter uma maior produção, é mais vantajoso para a sociedade, que necessita cada vez mais de alimentos. Tabela 11 – Eficiência agronômicadas doses de N e P aplicadas na cultivar Olímpia Tratamento Nutrientes Produtividade EAN EAP N (kg ha-1) P (kg ha-1) (kg ha-1) kg kg-1 kg kg-1 1 0 0 18.377 - - 2 48 88 26.893 177,4 96,8 3 121 218 39.517 174,7 97 4 220 396 23.730 24,3 13,5 EAN = eficiência agronômica para doses de nitrogênio; EAP = eficiência agronômica para doses de fósforo; kg kg-1 = kg de frutos comerciais por kg do nutriente aplicado. Fonte: O próprio autor a partir dos resultados dos experimentos Já na cultivar Leopard, o tratamento T3 (121 kg de N e 218 kg de P) teve ligeiramente uma maior eficiência agronômica do que o tratamento T2. Nele conseguiu-se produzir 99,5 kg de fruto por kg de N aplicado e 55,2 kg de frutos por kg de P aplicado, enquanto no 73 tratamento T2 produziram-se, respectivamente, 85,7 e 46,8 kg de fruto por kg de N e P aplicados (Tabela 12). Observa-se uma diminuição da eficiência agronômica com o aumento das doses de N e P a partir do tratamento T3 (121; 218). Tabela 12 – Eficiência agronômica das doses de N e P aplicadas na cultivar Leopard Tratamento Nutrientes Produtividade EAN EAP N (kg ha-1) P (kg ha-1) (kg ha-1) kg kg-1 kg kg-1 1 0 0 10.793 - - 2 48 88 14.907 85,7 46,8 3 121 218 22.837 99,5 55,2 4 220 396 14.000 14,5 8,1 EAN = eficiência agronômica para doses de nitrogênio; EAP = eficiência agronômica para doses de fósforo; kg kg-1 = kg de frutos comerciais por kg do nutriente aplicado. Fonte: O próprio autor a partir dos resultados dos experimentos Oliveira; et. al. (2008) avaliando a eficiência agronômica em três doses de N (42; 84 e 126 kg ha-1) e três doses de K (106; 212 e 322 kg ha-1) verificou maior eficiência agronômica na combinação 42 kg de N e 212 kg de K e verificou ainda uma diminuição dessa eficiência na medida em que aumentava as doses de N e K acima da dose ótima. Amorim; et. al. (2006) trabalhando com melancia Mickyllee, verificou resposta negativada eficiênciaagronômica com aumento das doses de nitrogênio e potássio. Com relação à eficiência fisiológica, considerando a contribuição do N do solo e desprezando as perdas do N fornecido pelo sistema solo-planta, o tratamento que se destacou foi o T2, ou seja, foi o tratamento que absorveu a maior percentagem do nutriente fornecido, cerca de 18% (Tabela 13). Tabela 13 – Eficiência fisiológica das doses de N e P aplicadas Tratamento Nutrientes fornecidos N absorv. P absorv. EFN EFP N (kg ha-1) P (kg ha-1) (kg ha-1) (kg ha-1) (%) (%) 1 0 0 19 1,9 - - 2 48 88 27,5 3,1 18 1,4 3 121 218 26,5 3,0 6 0,5 4 220 396 23 2,95 2 0,3 N absorv. = nitrogênio absorvido aos 58 DAT em ambas as cultivares; P absorv. = fósforo absorvido aos 58 DAT em ambas as cultivares; EFN = eficiência fisiológica para doses de nitrogênio; EFP = eficiência fisiológica para doses de fósforo. 74 Fonte: O próprio autor a partir dos resultados dos experimentos Levando em consideração a contribuição do solo para fornecer N e P e desprezando a quantidade destes nutrientes que saíram do sistema solo-planta, a eficiência de absorção de nutrientes na melancieira diminuiu na medida em que se aumentava a dose acima de 48 kg ha1 de N e 88 kg ha-1 de P, conforme tabela 13. A quantidade de N aproveitado pela planta nas doses de 48, 121 e 218 kg ha-1 foi, respectivamente 18%, 6% e 2%. Para o P a quantidade do nutriente aproveitada nas doses de 88, 220 e 396 kg ha-1 foi, respectivamente 1,4%, 0,5% e 0,3%. Silva Júnior; et. al.(2007) estudando o balanço da fertirrigação em meloeiro, puderam observar que as perdas de nitrogênio aumentaram à medida que aumentava a dose de nitrogênio fornecida na fertirrigação e que as maiores perdas ocorreram na época de maior exigência nutricional da cultura, que era justamente a época em que a fertirrigação foi fortemente incrementada para atender às demandas da cultura. Segundo ele as perdas totais de nitrogênio representaram aproximadamente 25, 49 e 58%, respectivamente, das doses 83 kgha-1, 119 kg ha-1 e 156 kg ha-1, aplicadas em fertirrigação aos 69 dias após a semeadura. Ele comenta ainda que se considerar desprezível a contribuição do nitrogênio nativo do solo para nutrição da planta, e que a quantidade de nitrogênio que saiu do sistema solo planta, representa parte do que foi aplicado na fertirrigação, tem-se, então, uma eficiência no sistema solo planta de 75, 61 e 42%, respectivamente, para as doses 83, 119 e 156 kg ha-1 de nitrogênio. 4.3 EXPORTAÇÃO DOS NUTRIENTES N, P, K, CA E MG PELAS CVS. OLÍMPIA (5.144 pl ha-1) E LEOPARD (7.716 pl ha-1) 4.3.1 Contribuição percentual do fruto no conteúdo de MS da melancieira Na cultivar Olímpia, o fruto participou com mais da metade do conteúdo de MS da planta em todos os tratamentos (Tabela 14). O T2 foi o que acumulou o maior conteúdo de MS, cerca de 1.344,9 kg ha-1, seguido de T3, T4 e T1, que acumularam respectivamente 75 1221,8; 1082,4 e 971,9 kg ha-1 (Tabela 14). Na cultivar Leopard, de uma forma geral, o fruto acumulou menos de 50% da MST. O tratamento T3 foi o que teve o maior acúmulo, cerca de 1274,2 kg ha-1, seguido de T2, T1 e T4 que acumularam respectivamente 977,9; 856,7 e 535,1 (Tabela 14). Tabela 14 – Percentual de MS na melancieira aos 58 dias após transplantio VAR.* UNID. 1 -1 MST kg.ha 2 OLÍMPIA LEOPARD T1 T2 T3 T4 T1 T2 T3 T4 1670 2223 2136 1798 2105 2672 2479 1989 MSVEG % 41,8 39,5 42,8 39,8 59,3 63,4 48,6 73,1 3 MSFR % 58,2 60,5 57,2 60,2 40,7 36,6 51,4 26,9 MSFR3 kg ha-1 971,9 1344,9 1221,8 1082,4 856,7 977,9 1274,2 535,1 * 1 2 3 variáreis, materia seca total, matéria seca da parte vegetativa matéria seca do fruto. T1, T2, T3 e T4 tratamentos (doses combinadas de N e P2O5). Fonte: O próprio autor a partir dos resultados dos experimentos Em média a cultivar Olímpia exporta, pelos frutos, 59% damatéria seca acumulada e a Leopard cerca de 39%. A cultivar Tide e Mickylee e os híbridos Shadow e Nova, estudados por Granjeiro, Cecílio Filho (2004) e Granjeiro; et. al.(2005) exportaram um conteúdo de MS, pelos frutos, respectivamente de 2.434 kg ha-1 (69%), 1.480 kg ha-1(74%), 1.184 kg ha-1 (84%) e 472 kg ha1 (39%). 4.3.2 Contribuição percentual do fruto no conteúdo de N na melancieira Na cultivar Olímpia mais da metade do N acumulado foi exportado pelo fruto, ou seja, foi retirado do sistema e precisa ser reposto ao solo. O tratamento que mais exportou nitrogênio foi T3, seguido do T4, T2 e T1, que exportaram respectivamente 43,5 kg ha-1; 38,9 kg ha-1; 30,6 kg ha-1 e 29,2 kg ha-1(Tabela 15). A cultivar Leopard, dependendo do tratamento aplicado, exporta cerca de 30 a 50% do nitrogênio acumulado. O T3 exportou a maior quantidade, 41,3 kg ha-1, seguido de T2 (39,5 kg ha-1), T1 (24,8 kg ha-1) e T4 (18,7 kg ha-1) (Tabela 15). 76 Tabela 15 – Percentual de N na melancieira aos 58 dias após transplantio VAR.* UNID. CNT1 OLÍMPIA LEOPARD T1 T2 T3 T4 T1 T2 T3 T4 kg ha-1 47,4 59,7 75,2 61,4 65,3 90,0 79,2 68,6 CNVEG % 38,5 48,7 42,2 36,6 62,0 56,1 47,8 72,8 3 CNFR % 61,5 51,3 57,8 63,4 38,0 43,9 52,2 27,2 CNFR3 kg.ha-1 29,2 30,6 43,5 38,9 24,8 39,5 41,3 18,7 2 * variáreis, 1conteúdo de nitrogênio total, 2conteúdo de nitrogênio na parte vegetativa 3conteúdo de nitrogênio no fruto. T1, T2, T3 e T4 = tratamentos (doses combinadas de N e P2O5). Fonte: O próprio autor a partir dos resultados dos experimentos Em linhas gerais, o tratamento T2 tem sido o mais eficiente no acúmulo de nutrientes. Dessa forma pode-se dizer que a cultivar Olímpia exportou cerca de 51,3% (30,6 kg ha-1) de N na sua dose ótima e a cv. Leopard cerca de 44% (39,5 kg ha-1), que corresponde a um maior conteúdo de N por unidade de área do que a cv. Olímpia. O nitrogênio é o elemento formador da estrutura da planta e atua, dentre outros processos, no crescimento vegetativo (DIAS; REZENDE, 2010). Desta forma, o acúmulo de N nas cvs Olímpia e Leopard, em média, foi divididoem partes iguais para os frutos e para a parte vegetativa. A cultivar Tide e Mickylee e os híbridos Shadow e Nova, estudados por Granjeiro, Cecílio Filho (2004) e Granjeiro; et. al.(2005) exportaram um conteúdo de N, pelos frutos, respectivamente, de 106,4 kg ha-1(77%); 45 kg ha-1 (67%); 61 kg ha-1 (88%) e 20,3 kg ha-1 (38%). 4.3.3 Contribuição percentual do fruto no conteúdo de P na melancieira Para o conteúdo de P, tanto a cultivar Olímpia como a Leopard exportaram, em média, mais do que 50% do fósforo acumulado na planta. Na cultivar Olímpia, o tratamento T3 exportou a maior quantidade, 5,4 kg ha-1, seguido de T4 (4,5 kg ha-1), T1 (3,4 kg ha-1) e T2 (3,3 kg ha-1). Na cultivar Leopard, o tratamento T3 também foi o que exportou a maior 77 quantidade, 5,6 kg ha-1; seguido de T2 (4,4 kg ha-1), T1 (3,7 kg ha-1) e T4 (3,1 kg ha-1). Em média, a cv. Olímpia exportou 64% (4,1 kg ha-1) do P acumulado na planta aos 58 DAT e a cv. Leopard 54% (4,2 kg ha-1) (Tabela 16). Tabela 16 – Percentual de P na melancieira aos 58 dias após transplantio VAR.* UNID. CPT1 OLÍMPIA LEOPARD T1 T2 T3 T4 T1 T2 T3 T4 kg.ha-1 4,95 5,80 8,32 6,85 6,32 9,01 8,73 7,42 CPVEG % 31,8 43,1 35,3 34,3 41,5 51,1 35,4 57,7 3 CPFR % 68,2 56,9 64,7 65,7 58,5 48,9 64,6 42,3 CPFR3 kg.ha-1 3,4 3,3 5,4 4,5 3,7 4,4 5,6 3,1 2 * variáreis, 1conteúdo de fósforo total, 2conteúdo de fósforo na parte vegetativa 3conteúdo de fósforo no fruto. T1, T2, T3 e T4 = tratamentos (doses combinadas de N e P 2O5). Fonte: O próprio autor a partir dos resultados dos experimentos A cultivar Mickylee e Tide e os híbridos sem sementes Shadow e Nova, estudados por Granjeiro et al. (2004 e 2005), exportaram pelos frutos, respectivamente: 5,1 kg ha-1; 11,1 kg ha-1; 5 kg ha-1e 4 kg ha-1 de P. 4.3.4 Contribuição percentual do fruto no conteúdo de K na melancieira A cultivar Olímpia exportou em média, pelo fruto, cerca de 70 a 75% do potássio acumulado na planta. O T2 exportou o maior conteúdo, 103,5 kg ha-1; seguido de T3 (81,6 kg ha-1), T4 (69 kg ha-1) e T1 (63,4 kg ha-1) (Tabela 17). Já a cultivar Leopard exportou em média 60% do K acumulado. O tratamento T2 exportou a maior quantidade (67,5 kg ha-1), seguido de T3 (63,2 kg ha-1), T1 (53 kg ha-1) e T4 (38,2 kg ha-1) (Tabela 17). Tabela 17 – percentual de K na melancieira aos 58 dias após transplantio VAR.* UNID. CKT1 OLÍMPIA LEOPARD T1 T2 T3 T4 T1 T2 T3 T4 kg.ha-1 86,31 126,33 123,01 102,4 82,02 106,44 95,69 77,67 CKVEG % 26,5 18,1 33,7 32,6 35,4 36,6 34,0 50,8 3 CKFR % 73,5 81,9 66,3 67,4 64,6 63,4 66,0 49,2 CKFR3 kg.ha-1 63,4 103,5 81,6 69,0 53,0 67,5 63,2 38,2 2 78 * variáreis, 1conteúdo de potássio total, 2conteúdo de potássio na parte vegetativa 3conteúdo de potássio no fruto. T1, T2, T3 e T4 = tratamentos (doses combinadas de N e P 2O5). Fonte: O próprio autor a partir dos resultados dos experimentos Essa variação do conteúdo de K exportado entre cultivares é comum, Granjeiro, Cecílio Filho (2004) e Granjeiro; et. al.(2005) obteve um conteúdo exportado de 36 kg ha-1; 106 kg ha-1; 77 kg ha-1 e 20 kg ha-1; nas cultivares Mickylee, Tide, Shadow e Nova, respectivamente. 4.3.5 Contribuição percentual do fruto no conteúdo de Ca na melancieira Os frutos de ambas as cultivares de melancia, Olímpia e Leopard, acumularam pouco conteúdo de cálcio no final do ciclo, cerca de 15 a 20%, em média, do total acumulado pela planta (Tabela 18). Na cultivar Olímpia, as plantas do tratamento T3 exportaram o maior conteúdo, 4,3 kg ha-1 e as do tratamento T2 exportaram a menor quantidade, cerca de 2,9 kg ha-1 (Tabela 18). Já na cultivar Leopard, o maior conteúdo foi exportado pelas plantas do tratamento T1, seguida de T3 (5,1 kg ha-1), T4 (4,7 kg ha-1) e T2 (3,4 kg ha-1) (Tabela 18). Tabela 18 – Percentual de Ca na melancieira aos 58 dias após transplantio VAR.* UNID. CCAT1 kg.ha-1 CCAVEG2 % CCAFR3 % CCAFR3 kg.ha-1 OLÍMPIA LEOPARD T1 T2 T3 T4 T1 T2 T3 T4 17,8 26,0 22,8 14,9 22,8 48,3 30,4 31,2 82,8 88,8 81,1 78,1 62,3 93,0 83,3 85,0 17,2 11,2 18,9 21,9 37,7 7,0 16,7 15,0 3,1 2,9 4,3 3,3 8,6 3,4 5,1 4,7 * variáreis, 1conteúdo de cálcio total, 2conteúdo de cálcio na parte vegetativa 3conteúdo de cálcio no fruto. T1, T2, T3 e T4 = tratamentos (doses combinadas de N e P 2O5). Fonte: O próprio autor a partir dos resultados dos experimentos Nas cultivares em estudo, a parte vegetativa pode ser considerada como o principal dreno de Ca na planta, uma vez que acumulou 80% do conteúdo de cálcio total. Isto pode ser atribuído ao fato de que o cálcio é transportado praticamente pelos vasos do xilema da planta, diferentemente dos outros nutrientes. Esse comportamento do Ca também foi verificado por Granjeiro et al. (2004 e 2005), onde verificou que as melancias Mickylee, Tide, Shadow e Nova exportaram pelos frutos, 79 respectivamente: 1,9 kg ha-1 (17%); 4,3 kg ha-1 (17%); 6 kg ha-1 (33%) e 1,4 kg ha-1 (11%) do Ca acumulado. 4.3.6 Contribuição percentual do fruto no conteúdo de Mg na melancieira Em ambas as cultivares o fruto exportou cerca de 45 a 50% do magnésio total acumulado na planta. Na cultivar Olímpia, as plantas submetidas ao tratamento 3 exportaram um conteúdo de magnésio maior que os demais tratamentos, cerca de 3,1 kg ha-1, e as plantas do tratamento T4 exportaram o menor conteúdo, 2,4 kg ha-1. Na cultivar Leopard, o T1 proporcionou o maior acúmulo de Mg no fruto, cerca de 7,3 kg ha-1 enquanto que no T2 as plantas acumularam o menor conteúdo, 1,4 kg ha-1 (Tabela 19). Tabela 19 – Percentual de Mg na melancieira aos 58 dias após transplantio VAR.* CMGT UNID. 1 kg.ha 2 -1 OLÍMPIA LEOPARD T1 T2 T3 T4 T1 T2 T3 T4 4,86 6,01 6,09 4,94 10,32 8,67 9,4 7,86 CMGVEG % 49,0 56,7 49,8 51,6 29,7 83,6 53,4 58,1 CMGFR3 % 51,0 43,3 50,2 48,4 70,3 16,4 46,6 41,9 CMGFR3 kg.ha-1 2,5 2,6 3,1 2,4 7,3 1,4 4,4 3,3 * 1 2 3 variáreis, conteúdo de magnésio total, conteúdo de magnésio na parte vegetativa conteúdo de magnésio no fruto. T1, T2, T3 e T4 = tratamentos (doses combinadas de N e P 2O5). Fonte: O próprio autor a partir dos resultados dos experimentos Os frutos das cultivares Mickylee, Tide, Shadow e Nova, estudadas por Granjeiro, Cecílio Filho (2004) e Granjeiro; et. al.(2005) participaram, respectivamente, com 49%, 41%, 53% e 27% do total de Mg acumulado e exportaram, na mesma ordem: 4 kg ha-1; 6,8 kg ha-1; 5,3 kg ha-1 e 1,6 kg ha-1 de Mg. 80 5 CONCLUSÕES O tratamento T2 (48 kg ha-1 de N e 88 kg ha-1 de P) que corresponde a 40% da dose adotada pelos produtores locais da região de Mossoró, foi o que mais incrementou nutrientes na planta, sendo considerado, agronomicamente, o mais eficiente para acumular nutrientes na planta. O acúmulo de matéria seca e dos nutrientes N, P, K, Ca e Mg, em ambas as cultivares, é lento até os 37 DAT, intensificando-se a partir daí. A cultivar Leopard (1445 kg ha-1) acumulou um maior conteúdo de MSVEG do que a Olímpia (800 kg ha-1). A cultivar Leopard exportou um maior conteúdo de N, P, Ca e Mg do que a Olímpia. Esta, por sua vez, exportou um maior conteúdo de K do que aquela. Os frutos foram os principais drenos de P e K para ambas as cultivares. A parte vegetativa foi o principal dreno para Ca. Em ordem decrescente, as cultivares Olímpia e Leopard, absorveram respectivamente os seguintes nutrientes: K>N>Ca>Mg>P e K>N>Ca>P>Mg. 81 REFERÊNCIAS ABREU, F. L. G. Doses de fósforo na produção e qualidade de frutos de melão amarelo. 2010. 45f. Tese (Doutorado). Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 2010. ALLEN, R. G.; PEREIRA, L. S.; RAES, D.; SMITH, J. Evapotranspiration del cultivo: guias para ladeterminación de losrequerimientos de agua de los cultivos. Roma: FAO, 2006. 298 p. (Estudio Riego e DrenajePaper, 56). AMARO FILHO, J. Contribución al estúdio del clima del Rio Grande doNorte. 1991. 311f. Tese (Doutorado em Edafologia e Climatologia). Universidade Politécnica de Madrid, Madrid, 1991. AMORIM, L. B.; et. al. 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