RICARDO DO AMARAL ERSE • Graduado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais • Professor Especialista em Língua Portuguesa e Redação pela PUC-Minas; • Autor de coleções de livros didáticos para o Ensino Médio e Pré-Vestibular da Lastro Editora e da rede Pitágoras; • Professor de Língua Portuguesa e Redação em cursos preparatórios para o ENEM, Pré-Vestibulares e Concursos públicos. VOLTADO PARA OS CONCURSOS DE TÉCNICO E ANALISTA • Teoria • Questões comentadas • Questões de concursos separadas por tópicos 2014 3ª edição Atualizada até 30/10/2013 CAPÍTULO 8 Sintaxe 3 Regência verbal Regência é a seção da Gramática Normativa que estuda a relação entre dois termos, observando se um termo serve de complemento a outro. A palavra ou oração que governa ou rege as outras chama-se regente ou subordinante; os termos ou oração que dela dependem são os regidos ou subordinados. A complementação pode ser referir a um verbo (o que se chama regência verbal) ou a um nome (o que se chama regência nominal). REGÊNCIA VERBAL Inicialmente abordaremos a regência verbal. Posteriormente, falaremos de “crase”, já que é muito frequente o mau uso do acento grave – que não se trata de caso de acentuação gráfica, mas de regência. Um pré-requisito para a regência é o estudo da PREDICAÇÃO VERBAL. A predicação verbal (também chamada de transitividade) trata o modo pelo qual os verbos formam o predicado, isto é, verifica se exigem complementos. Os verbos podem ser: intransitivos, transitivos, de ligação. Os transitivos e os intransitivos são também denominados verbos significativos. Verbos Intransitivos Verbos intransitivos são os que, como afirmam as gramáticas, não necessitam de complementação, pois já apresentam sentido completo. É importante que se ressalte, de início, que “complementos verbais” são os termos denominados OBJETO DIRETO e OBJETO INDIRETO. Veja as seguintes frases: O contrato de locação do imóvel se exƟnguiu. O aluno do quinto período chegou cedo à biblioteca. O menino, fascinado com o novo brinquedo, caiu da bicicleta. Note que os verbos dos exemplos não necessitam de algum elemento para complementar seu sentido, pois o que se extingue, extingue; quem chega, chega e quem cai, cai. 159 RICARDO DO AMARAL ERSE Não se deve imaginar que um verbo intransitivo deva terminar um período. Não é um verbo que necessariamente “acaba” a frase. Há certos verbos intransitivos que vêm acompanhados de um termo acessório, que representa alguma circunstância – lugar, tempo, modo, causa, etc. Na frase: O funcionário da empresa, um rapazinho de 18 anos, estava perto do balcão. Ao longo de seus anos de estudo, certamente já orientaram que você decorasse que o verbo “estar” (presente na frase acima) devia ser classificado como verbo de ligação. No exemplo acima, tal verbo vem seguido por uma expressão indicativa de lugar (“perto do balcão”). As circunstâncias de lugar são os adjuntos adverbiais de lugar. Como dissemos, um verbo intransitivo pode ser seguido de um adjunto adverbial. QUEBRANDO UM MITO Nem todo verbo que precisa de um complemento de sentido é transitivo. Há verbos intransitivos que precisam ter o sentido completado. Se essa complementação se der por meio de adjunto adverbial, tem-se o VERBO INTRANSITIVO. Mais um exemplo: Os autores do livro da nova coleção foram ao Rio de Janeiro. Numa primeira impressão, acredita-se que o verbo ir apresenta complementação, pois o sentido da frase não está pleno. No entanto, a expressão que o completa indica LUGAR. Temos, novamente, um VERBO INTRANSITIVO. OBSERVAÇÃO Todos os verbos que indicam destino ou procedência são verbos intransitivos, normalmente acompanhados de um termo de valor adverbial de lugar. Os verbos são os seguintes: ir, vir, voltar, chegar, cair, comparecer, dirigir-se, entre outros. VERBOS TRANSITIVOS Verbos transitivos são os que necessitam de complementação, uma vez que têm sentido incompleto. Lembre-se de que o que se chama complemento verbal é o OBJETO DIRETO e o OBJETO INDIRETO. Observe as orações: O Flamengo venceu o Vasco por três gols a um. O diretor reclamou do professor junto à Corregedoria. O grupo do ParƟdo deu apoio ao candidato representante na comunidade carente. Note que os três verbos utilizados nos exemplos necessitam de complementação, que vez que quem vence, vence alguém, quem reclama, reclama de algo e quem dá, dá algo a alguém. 160 SINTAXE 3 A complementação, no entanto, dá-se de três maneiras diferentes: na primeira, o verbo não exige preposição, mas na segunda, sim, e, na terceira, há dois complementos, um com preposição; outro, sem. Diante dessa situação, os verbos são: Transitivos diretos: são aqueles que pedem o chamado “objeto direto”. Eles apresentam complemento sem preposição obrigatória. O complemento é ligado diretamente ao verbo. Observe: O curso preparatório apresenta assuntos interessantes. O verbo”apresentar” foi completado pela expressão “assuntos interessantes”, ligado a esse verbo diretamente, sem intermédio de preposição. Compõe-se o termo de um substantivo (“assuntos”) e um adjetivo (“interessantes”). Transitivos indiretos: são aqueles que pedem o chamado “objeto indireto”. Eles apresentam complemento com preposição obrigatória. O complemento é separado do verbo por essa pequena palavra. Como a ligação é “intermediada” por uma preposição, ela é indireta. Veja: Os funcionários da empresa se referiram aos problemas com a gerência. O verbo “referir” foi complementado por uma expressão iniciada pela preposição “a”. Assim, tem-se um objeto indireto. Transitivos diretos e indiretos: são aqueles que pedem dois complementos: um “objeto direto” e um “objeto indireto”. Não é necessário que apareçam nessa ordem. Assim, um deles terá de ser preposicionado (o indireto) e o outro, não (o direto). Vamos ao exemplo: O Reitor da Universidade, pessoalmente, entregou os diplomas aos formandos. O verbo “entregar” é complementado por dois termos: o objeto direto (“os diplomas”) é iniciado por um artigo; o objeto indireto (“aos formando”) começa pela preposição “a”. VERBOS DE LIGAÇÃO Os verbos de ligação, como o nome sugere, servem como elementos de ligação entre o sujeito e uma qualidade ou estado ou modo de ser, denominado predicativo do sujeito. Como falamos, existe uma “lista” que os alunos são solicitados a decorar ao longo de sua vida escolar. Nela, os principais verbos de ligação são ser, estar, parecer, permanecer, ficar, continuar. 161 RICARDO DO AMARAL ERSE É importante ressaltar que um verbo de ligação NÃO indica ação. E, como já mostramos, um verbo pode estar na lista tradicional e não ser de ligação. Se o sentido do verbo não for complementado por um predicativo do sujeito, não se terá o verbo de ligação. As provas realizadas no domingo úlƟmo, na opinião dos candidatos, foram fáceis. “Foram” é uma forma do verbo “ser”, que faz parte da tal “lista”. Mas, além disso, observe que ele liga o sujeito (“As provas realizadas no último domingo”) e o predicativo (“fáceis”). Por isso, é um verbo de ligação. Os cantores indicados ao prêmio foram até o saguão do teatro. O verbo da frase acima é o mesmo do exemplo anterior. No entanto, no presente caso, ele não está ligando o sujeito (“Os cantores indicados ao prêmio”) a um predicativo. A expressão “até o saguão do teatro” é indicativa de lugar, sendo um adjunto adverbial. Assim, o verbo, mesmo pertencente à “lista” e mesmo precisando de uma complementação de sentido, deve ser classificando como INTRANSITIVO. Veja, por fim, mais um exemplo: Piloto de Fórmula 1 volta abaƟdo da Alemanha. Observe que no exemplo existe um predicativo: “abatido” se refere ao sujeito “piloto”. No entanto, não se pode classificar o verbo como de ligação, porque, como dissemos, esse tipo de verbo NÃO pode expressar ação. Quando isso ocorrer, tem-se novamente um verbo INTRANSITIVO. Como se viu, a questão da predicação verbal é muito relativa. Qualquer classificação deve ser feita a partir de um contexto, de uma situação específica. Nas questões de concurso, aparecem normalmente os mesmos verbos. Faremos, neste capítulo, o estudo dos principais. No entanto, é impossível saber todas as regências de cor. Assim sendo, uma dica: Um verbo pode ter: • Um objeto direto. - VTD • Um objeto indireto - VTI • Um objeto direto e um objeto indireto - VTDI Assim sendo, verifique a seguinte estrutura: O instrutor do DETRAN avisou-o o dia do exame. O verbo “avisar”, no exemplo acima, tem dois complementos: “o” e “o dia do exame”. Os pronomes “o “, “a”, “os”, “as” – são objetos diretos. Portanto, ligado ao verbo, já se pode ver um OD. O termo “o dia do exame” não é iniciado por uma preposição. Então, ele deve ser classificado como 162 SINTAXE 3 OD também. Assim, sabemos que a frase está INCORRETA quanto à regência uma vez que um mesmo verbo não pode ter dois objetos iguais. A frase poderia ser reestruturada da seguinte maneira: O instrutor do DETRAN avisou-lhe o dia do exame. O pronome “lhe” , quando complemento de verbo, é um objeto indireto. A expressão “o dia do exame”, não preposicionada, como dissemos é um objeto direto. Desta vez a frase está CORRETA, porque tem-se um VTDI – ou seja: um verbo com dois complementos, sendo um direto e um indireto. Outra possibilidade: O instrutor do DETRAN avisou-o do dia do exame. O pronome “o” , como já se afirmou, é um objeto direto; a expressão “do dia do exame” , começa pela preposição “de” e é, portanto, um objeto indireto. Dessa forma, tem-se dois objetos diferentes, tornando o verbo como um VTDI. A frase, assim, fica CORRETA. Antes ainda de começarmos o estudo dos verbos específicos, uma outra observação. Veja: Como trabalhador desempregado, eu quero e preciso do dinheiro. Observe que se destacaram dois verbos no período acima. Para o segundo, usou-se o complemento “do dinheiro”, que, sendo preposicionado, é um objeto indireto. O verbo anterior – “querer” não apareceu seguido de complemento. Pretendeu-se que o complemento único servisse aos dois verbos. Ocorre que “querer” tem regência diferente do verbo seguinte, já que é um VTD. Fique atento: dois verbos de regências diferentes não podem ter um único complemento. A frase está INCORRETA. A correção geraria a seguinte estrutura: Como trabalhador desempregado eu quero o dinheiro e preciso dele. Agora, tem-se dois verbos de regência diferente, cada um deles seguido de seu complemento: “o dinheiro” – complemento de “quero” (OD) e “dele” – complemento de “preciso” (OI). CASOS Vamos listar, a partir de agora, os principais verbos cuja regência é cobrada em prova: 1. Verbo aspirar O verbo “aspirar” pode ter duas acepções: • almejar/objetivar – VTI – nesse caso, ele pede a preposição “a” • sorver o ar/inalar – VTD – nesse caso, sem preposição. 163 RICARDO DO AMARAL ERSE Durante todo o tempo em que esteve na Polícia, sempre aspirou ao posto de delegado. A expressão “ao posto de delegado” é iniciada pela preposição “a”, sendo um OI. Isso ocorre pela acepção usada no sentido de “almejar”. O homem honrado, trabalhava exausƟvamente, porque sempre aspirou à felicidade dos filhos. Nesse segundo exemplo, o sentido é o mesmo do caso anterior. Por isso, há a necessidade de um OI. Ocorre que o núcleo desse OI é “felicidade”, uma palavra feminina. Por isso, o uso do acento grave, indicativo de crase, é obrigatório. Isso comprova que “crase” é aspecto de regência. O faxineiro aspirou o pó da estante, para depois passar à cozinha. O sentido, desta vez, é outro: “sorver”, “sugar”. Se um verbo muda o sentido, normalmente ele muda a regência. Então, nesse caso, passa a ser um VTD. Por isso, o complemento “o pó da estante” não é preposicionado. O faxineiro aspirou a poeira do sofá, para depois passar à cozinha. O mesmo sentido do da frase anterior; a mesma regência (VTD) da outra frase. Por esse motivo, o “a” não é craseado, por ser só um artigo. 2. Verbo assistir O verbo “assistir” é o que tem mais acepções. Pode ser usado no sentido de: • dar assistência, socorrer, amparar – VTD – nesse caso, sem preposição. • ver, presenciar – VTI – nesse caso, com a preposição “a”. • morar, residir – VI – nesse caso, seguido de adjunto adverbial de lugar. • caber, ter direito – VTI – nesse caso, com a preposição “a”. Na madrugada do acidente, a equipe de plantão assisƟu os feridos./ as víƟmas. Na acepção de “socorrer”, como comentamos, o verbo é transitivo direto, por isso os complementos (tanto o masculino como o feminino) iniciam-se por artigos. Ainda não assisƟmos ao filme/à peça que estreou na sexta-feira passada. Desta vez, a acepção é de “ver”, exigindo um complemento indireto. Por isso, os dois objetos (tanto o masculino quanto o feminino) são preposicionados. Note que o “a” craseado, portanto, é a fusão de “a” (artigo que precede o substantivo “peça” + “a”, preposição exigida pelo verbo. 164 SINTAXE 3 Depois que tomou posse no novo cargo, o deputado agora assiste em Brasília. O verbo está no sentido de “morar”, pedido, portanto, um adjunto adverbial de lugar, representado pela expressão “em Brasília”. Este direito, apesar de muito desejá-lo, não lhe assiste. O sentido do verbo destacado é o de “caber”. A expressão “não lhe assiste” é, portanto, equivalente a “não cabe a você”. O pronome LHE, quando complemento verbal e sinônimo de “a alguém”, é o objeto indireto exigido pela regência do verbo. 3. Verbo chamar O verbo “chamar”, dependendo do contexto, pode assumir os seguintes sentidos: • convocar, seduzir – VTD – nesse caso, sem preposição. • dar nome, designar, qualificar – VTD ou VTI – sendo aceitos complementos com ou sem preposição. O diretor da empresa, depois de ler o relatório, chamou o empregado/ a funcionária ao gabinete. Na frase acima, o sentido é de “convocar”, por isso os complementos (o masculino e o feminino) não aparecem preposicionados. Devido a uma crise de stress, chamou o filho de imbecil. Agora o sentido é de “qualificar”. No exemplo, o termo “o filho” não foi preposicionado, funcionando como OD. O termo seguinte (“de imbecil”), mesmo estando preposicionado NÃO é um OI. Como qualificador do OD, é o que a gramática classifica como predicativo do objeto. Agora veja este outro exemplo: Quanto à filha, chamou-lhe de estúpida na frente de todos os convidados. O verbo da frase tem a mesma acepção do exemplo anterior. Só que, desta vez, o pronome “lhe” é que complementou o verbo. Por isso, a regência é a de um VTI. Por isso é que afirmamos que o verbo “chamar” nessa acepção pode ter duas regências válidas. A expressão “de estúpida”, qualificadora, é também um predicativo do objeto. 4. Verbo custar O verbo “custar” apresenta as seguintes acepções: 165 RICARDO DO AMARAL ERSE • ser custoso, ser difícil – VTI – nesse caso com a preposição “a”. • acarretar, demandar – VTDI – nesse caso, com um complemento preposicionado e o outro, não. • levar tempo, tardar – VI – obviamente, sem complemento do tipo objeto. Custou ao pai / à mãe acreditar que seu filho Ɵnha passado no concurso. Observe que uma oração (“Acreditar que seu filho tinha passado no concurso”) é o sujeito o verbo “custar”, usado no sentido de “ser difícil”. É como se disséssemos: “Acreditar (=isso) custou ao pai”. Veja que os dois complementos sugeridos são preposicionados, como exige a regência dessa verbo nessa acepção. A vitória nas urnas custou ao candidato muitas provas de trabalho sério. O sentido de “demandar” do verbo deste exemplo exige dois complementos: o objeto direto (“muitas provas” – termo sem preposição) e o objeto indireto (“ao candidato” – termo preposicionado). A quarentona, enfim, arranjou um casamento. Custou, mas acertou. O verbo, no exemplo, é sinônimo de “demorar”, sendo intransitivo. Observe que após a forma verbal, começa outra oração. Assim, o verbo não foi seguido de nenhum complemento. 5. Esquecer/lembrar; esquecer-se/lembrar-se “Lembrar” e “esquecer” têm comportamento diferente de “lembrar-se” e “esquecer-se”. Na linguagem coloquial, usamos indistintamente os complementos. Veja: • Lembrei de você ontem. Objeto indireto • Lembrou os tempos antigos. Objeto direto Não pode ter o mesmo verbo, com o mesmo sentido duas regências diferentes. Ou se deveria ter usado o objeto direto ou o indireto. Mas não de modo indistinto. Vamos, portanto, determinar: • Lembrar / esquecer ( não pronominais) são verbos transitivos diretos, sem preposição. • Lembrar-se / esquecer-se são verbos transitivos indiretos, pedindo a preposição “de”. Assim, teríamos: Com a confusão, nós nos esquecemos da alimentação dos cachorros. 166 SINTAXE 3 Durante toda a viagem, ele se lembrou dos familiares ausentes. Observe que os verbos “esquecer” e “lembrar” são pronominais. Por esse motivo, os complementos apareceram preposicionados. Agora veja os mesmos verbos, na forma NÃO pronominal: Com a confusão, nós esquecemos a alimentação dos cachorros. Durante toda a viagem, ele lembrou os familiares ausentes. Temos, desta vez, objetos diretos (sem preposição) para completar os verbos não pronominais. Existe, ainda, uma terceira possibilidade de regência para esses verbos. Na verdade, é um caso menos frequente, por ser uma construção mais sofisticada e erudita. Ela vai ocorrer, com os verbos significando: • LEMBRAR = vir à memória • ESQUECER = fugir da memória Nesses casos, o complemento será um OBJETO INDIRETO. Veja: Lembrou-me a data de seu aniversário, mas não pude ligar para você. A intenção que se tem é a de dizer que “a data” veio a minha lembrança. Como se “a data” fosse o agente da ação verbal. O verbo, nesse caso, não é pronominal, porque o pronome “me” é de primeira pessoa, ao passo que “lembrou” está na terceira. A forma pronominal equivalente seria: Lembrei-me da data de seu aniversário. (Aqui pronome e verbo são de primeira pessoa). No momento, esqueceu-me seu nome; perdão! A intenção que se tem é a de dizer que “seu nome” fugiu da minha lembrança. Como se “seu nome” fosse o agente da ação verbal. O verbo, nesse caso, não é pronominal, porque o pronome “me” é de primeira pessoa, ao passo que “esqueceu” está na terceira. A forma pronominal equivalente seria: No momento, esqueci-me de seu nome; perdão . (Aqui pronome e verbo são de primeira pessoa). 6. Verbo implicar O verbo “implicar” tem os seguintes sentidos: • acarretar, causar – VTD – nesse caso, sem preposição. • antipatizar, ter implicância – VTI – nesse, caso com a preposição “com”. • envolver, comprometer – VTI – nesse caso, com dois complementos. Os frequentes atos fraudulentos implicaram a demissão do gerente. No sentido de “acarretar”, o verbo pede um objeto direto; por isso, “a demissão do gerente” é termo não preposicionado. 167 RICARDO DO AMARAL ERSE Nos finais de semana, durante almoços de família, o avô sempre implicava com os netos. O complemento preposicionado (“com os netos”) é o OI exigido pelo verbo na acepção de “ter implicância”. Implicaram o Senador em crime de lesão corporal. Há dois objetos: “o Senador” (OD) – sem preposição – e “em crime de lesão corporal” (OI – com a preposição “em”). Observe que o sentido do verbo é o de “envolver” – VTDI. 7. Verbo ir / chegar Os verbos “chegar” e “ir” são intransitivos – seguidos, normalmente, de adjunto adverbial de lugar. Quando chegou ao colégio/ à escola, foi ao banheiro/ à canƟna. As expressões indicativas de lugar, que complementam semanticamente os verbos “chegar” e “ir” são precedidas da preposição “a”. Na linguagem coloquial, costuma-se usar o “em”. 8. Verbo obedecer e desobedecer Os dois verbos, mesmo antônimos, têm a mesma regência e são VTI. Não se deve desobedecer aos mais velhos/à sinalização. Veja que os complementos (masculino e feminino) são preposicionados, atendendo à regência do verbo. 9. Verbos pagar e perdoar Apesar de serem verbos distintos, o comportamento de suas regências é semelhante. Eles podem ser VTD apenas ou VTI apenas ou, ainda, podem admitir dois complementos, revelando-se VTDI. Observe: O cliente, muito apressando, pagou a conta ao garçom. Ocorrem, no exemplo, dois complementos: um direto (“a conta” – sem preposição) e outro indireto (“ao garçom” – com preposição). Observe que o objeto indireto é uma “pessoa”, mas o objeto direto é uma “coisa”. Objeto direto – a conta. “coisa” Objeto indireto – ao garçom. “pessoa a quem se pagou” Assim se determinam os complementos dos dois verbos: São verbos transitivos diretos para coisas. 168 SINTAXE 3 Pagou o carnê. Perdoou os pecados. São verbos transitivos indiretos para pessoas. Pagou ao denƟsta. Perdoou a quem o ofendeu. 10. Verbo preferir O verbo “preferir” é transitivo direto e indireto. E, no complemento indireto, pede a preposição “a”: “preferir uma coisa a outra”. Temos que reforçar nossa adega, porque o convidado prefere vinho a uísque. Os dois objetos completam o sentido de “prefere”: o direto (“vinho”) e o “indireto” (“a uísque”), iniciado pela preposição “a”. Vícios: Existem certas construções, comuns na linguagem do dia a dia, incorretas. Observe: Já disse que prefiro mais a praia. “preferir” já significa “gostar mais”. Prefiro antes ficar parado. “preferir” já significa “colocar antes de”. Prefiro mil vezes o Raciocínio Lógico do que o Português. além de ter-se trocado a preposição “a” pela expressão “do que” (incorreta), colocou-se o reforço desnecessário na expressão “mil vezes”. Há quem fundamente esse desvio, alegando se tratar de pleonasmo estilístico de ênfase. 11. Verbo proceder O • • • verbo proceder tem três acepções: levar a efeito, executar – VTI – nesse caso, com a preposição “a”. ter origem, derivar – VTI – nesse caso, com a preposição “de” ter procedência, ter fundamento – VI – nesse caso, sem complemento Naquele momento, o juiz procedeu ao inquérito/ à leitura da sentença. O verbo, no sentido de “executar” pede complemento preposicionado (OI), tanto na forma do masculino, quanto na do feminino. A existência dessa lei procede dos grupos interessados no mercado econômico. No sentido de “derivar”, o complemento é com a preposição “de” (OI). 169 RICARDO DO AMARAL ERSE Toda a argumentação contrária à medida adotada realmente não procede. O verbo, desta vez, significa “ter fundamento” e, como verbo intransitivo, não apareceu seguido de qualquer complemento. 12. Verbo querer O verbo “querer” tem duas acepções – uma mais voltada ao lado material e outra, ao sentimento. • desejar – VTD – nesse caso, sem preposição. • querer bem a, amar – VTI – nesse caso, com a preposição “a”. O execuƟvo queria mais dinheiro em caixa. “Mais dinheiro”, termo sem preposição, completa o verbo, que tem o sentido de “desejar”. O pai queria ao enteado, como a seus próprios filhos. O complemento preposicionado (“ao enteado”) é o objeto indireto exigido pelo verbo na acepção de “querer bem”. 13. Verbo visar O • • • verbo “visar” pode ser usado no sentido de almejar / pretender – VTI – nesse caso, com a preposição “a” mirar – VTD – nesse caso, sem preposição dar visto – VTD – também sem preposição. A candidata entrevistada pela manhã visa ao posto máximo/ à presidência. O verbo, no sentido de “almejar”, sendo VTI pede os complementos preposicionados (no masculino ou no feminino). O aƟrador visou o alvo / a presa, mas não conseguiu acertar. Veja que os complementos não são preposicionados (OD), já que o sentido é o de “mirar”. O professor, antes de começar a aula, visou os cadernos/ as provas. Os complementos para o verbo, no sentido de “dar visto”, não podem ser preposicionados. REGÊNCIA NOMINAL Regência Nominal é um conteúdo que, apesar da presença nos editais, não tem sido muito cobrado. Chama-se regência nominal à relação existente 170 CAPÍTULO 11 Sintaxe 5 Termos da oração Neste capítulo, iniciaremos nossos estudos sobre análise sintática. Observaremos a função dos termos que compõem uma oração. São chamados de termos da oração as palavras ou grupos de palavras que possuem uma determinada função sintática dentro de uma oração. O primeiro bloco de nosso estudo é o que se chama de termos essenciais, a saber dois termos que quase sempre aparecem nos enunciados: o sujeito e o predicado. A classificação de “essencial” como algo imprescindível, é, algumas vezes questionada, uma vez que existem orações sem sujeito. Mas trataremos disso posteriormente. Quando se tem um enunciado completo, de um modo geral, declara-se algo sobre alguma coisa. Assim, o que se chama de predicado é o que é dito sobre alguma coisa, que é o sujeito da oração. Pelo fato de o sujeito e o predicado aparecerem na maior parte dos enunciados linguísticos, é que são tratados como termos essenciais. Entretanto, como já adiantamos, podem ocorrer enunciados sem sujeito. Por esse motivo, caracteriza-se deste modo o predicado como o único termo que aparece em literalmente todos os enunciados. SUJEITO Denomina-se sujeito o termo praticante da ação na voz ativa ou aquele que sofre na voz passiva, afirmando ou negando o predicado. De acordo com a maioria das gramáticas, é o termo do qual se diz alguma coisa. Segundo Evanildo Bechara, “É o temo da oração que indica a pessoa ou a coisa de que afirmamos ou negamos uma ação ou qualidade” Talvez o melhor conceito para o termo seja o que afirma: Sujeito é o termo da oração que estabelece com o verbo uma relação de concordância em número e pessoa, denominada concordância verbal. Nós compramos o DVD. O verbo comprar encontra-se flexionado na primeira pessoa do plural do presente do indicativo compramos para concordar com o sujeito nós. 237 RICARDO DO AMARAL ERSE Realizando-se a concordância, teríamos: O avião voa – Os aviões voam. O estudante protesta – Os estudantes protestam. Joaquim saiu cedo – Os colegas saíram cedo. O peƟsco é bom – Os peƟscos são bons. Muitos manuais didáticos ensinam ao estudante que, para localizar o sujeito, é bom fazer uma “pergunta” ao verbo: Quem é que? ou Que é que? e a resposta ao questionamento será o sujeito O menino brinca. Quem é que brinca? O menino, logo, o menino é o sujeito De acordo com a Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB), o sujeito pode classificar-se como: Sujeito Simples O garoto da favela joga bola. (Sujeito Simples) Denomina-se sujeito simples o termo da oração que apresenta apenas um núcleo representativo, e que estabelece com o verbo uma relação de concordância em número e pessoa, denominada de concordância verbal. Eu estou realizando um evento no próximo dia 30. Eu representa uma pessoa que pratica a ação de realizar. Assim, o sujeito é simples porque tem um só núcleo, e que estabelece com o verbo uma relação de concordância em número e pessoa, denominada de concordância verbal. A Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB) não fala mais em sujeito oculto, porém aparece subentendido, expresso na desinência pessoal. Somos um povo trabalhador. Sois uma pessoa digna, com certeza. PraƟcavam boas ações todos os dias. O sujeito é simples: nós, vós e eles. Motivo: o verbo está na 1ª pessoa do plural, caracterizado pela desinência “-mos” , na 2ª pessoa do plural “-is” na terceira pessoa do plural “-m”. Cuidado com orações do tipo: Alguém está batendo lá fora. Sujeito simples: alguém. 238 SINTAXE 5 A classificação se deve ao fato de haver um termo escrito. Semanticamente, por ser um pronome indefinido, uma construção como essa poderia levar à ideia de se tratar de sujeito indeterminado. Existe também o que seria o sujeito oracional, isto é, aquele representado por uma oração. Trata-se da oração subordinada substantiva subjetiva. Exerce a função de sujeito da oração principal. É necessário que todos estejam de acordo. A oração que todos estejam de acordo é uma oração subordinada substantiva subjetiva. É o sujeito da oração É necessário; o enunciado equivaleria a “A concordância de todos” é necessária. Sujeito Composto Chitãozinho e Xororó não mais lideram as vendas entre os sertanejos. (Sujeito Composto) O sujeito composto é aquele que tem mais de um núcleo representativo. É bom lembrarmos que o sujeito composto, quando vem posposto ao verbo, pode levar o verbo a concordar com o núcleo mais próximo. Veio Pedro e Paulo para o congresso. Vieram Pedro e Paulo para o Congresso. Sujeito Indeterminado Recorreu-se à JusƟça do Trabalho. (sujeito indeterminado) O sujeito é indeterminado quando não é nomeado ou por não se querer ou por não se saber fazê-lo. Ocorre quando aparece a ação, mas não há como dizer quem a pratica ou praticou. O sujeito indeterminado manifesta-se nas seguintes situações: a) O verbo se encontra na 3ª pessoa do plural. Falam que a falência da empresa foi fraudulenta. ConƟnuam insisƟndo na inocência do canalha. Falam de tudo e de todos. Andam dizendo por aí... Comentaram que você esteve no exterior. b) Com o Verbo Transitivo Indireto (o que tem o complemento precedido de preposição) somente na 3ª pessoa do singular mais a partícula se. 239 RICARDO DO AMARAL ERSE Necessita-se de mais respeito ao trabalhador no Brasil. Precisa-se de alunos que sejam estudiosos. ATENÇÃO: Caso você encontre frases com Verbo Transitivo Direto (complemento verbal não precedido de preposição), Reformam-se estofados. Encontrou-se o cadáver no estacionamento do shopping. não se caracteriza sujeito indeterminado, pois nos casos de VTD, a partícula “se” exerce a função de partícula apassivadora, pois a frase se encontra na voz passiva. Assim: Estofados são reformados. O cadáver foi encontrado no estacionamento do shopping. c) Com o verbo intransitivo (sem complemento verbal) somente na 3ª pessoa do singular – mais a palavra “se”. Vive-se tranquilo na Zona Sul. Oração Sem Sujeito Há verbos que não apresentam sujeito. Gramaticalmente, estabeleceram-se alguns casos considerados como de sujeito inexistente: a) Com os verbos que indicam fenômenos da natureza (anoitecer, trovejar, nevar, escurecer, chover, relampejar). Relampejou durante toda a madrugada. Nevou intermitentemente nos países europeus. Amanhece mais tarde no inverno. Chove bastante na região sul. OBSERVAÇÃO: Esses verbos podem ter sujeito, não estando no sentido próprio: Choveram aplausos ao final do espetáculo. b) Com verbo HAVER (significando existir). Ainda há pessoas bem intencionadas no mundo? Haverá um torneio esporƟvo no Canadá. Há bons estudantes na UFMG. Há gente desocupada neste mundo! Há homens de boa fé. Há dois dias que não tomo banho. 240 SINTAXE 5 c) Com o verbo FAZER, HAVER e ESTAR indicando tempo (decorrido ou não) Está frio neste mês de julho. Faz dez dias que cheguei do Rio de Janeiro. Faz um calor terrível no Nordeste. Está no horário de intervalo. Coloquei há dias seu malote no caminhão d) Com o verbo SER indicando tempo. Era 01 de junho. É muito tarde. Era uma vez um coelhinho. Foi em janeiro. e) Com os verbos ir – vir e passar indicando tempo. Já passa de cinco horas da tarde... Já passa de cinco anos. OBSERVAÇÃO: Algumas vezes, um advérbio pode assumir a de sujeito, o que seria próprio de próprio de substantivos. “Amanhã” é dia de pagamento. (O dia de amanhã...) Aqui já é município do Rio de Janeiro. (Este lugar...) Hoje é feriado de Corpus ChrisƟ. (O dia de hoje...) Agora já é momento de se decidir o problema. (Esta hora...) PREDICADO Na maioria das gramáticas, o predicado é definido como tudo aquilo que se afirma do sujeito. Ou ainda: é tudo aquilo que se diz do sujeito. Ou então: é tudo o que se declara do sujeito. Ana Carolina visitou-nos nas férias. Predicado: visitou-nos nas férias. Amanhã voltarei a Brasília. Predicado: Amanhã voltarei a Brasília. Carol, resolva esta questão, por favor. Predicado: Carol, resolva esta questão, por favor Os alunos da minha turma são compromeƟdos. Predicado: são comprometidos. 241 RICARDO DO AMARAL ERSE O pagamento saiu. Predicado: saiu. Temístocles fez um discurso inflamado, fato surpreendente. Predicado: fez um discurso inflamado, fato surpreendente. Os tipos de predicado Predicado Nominal O predicado nominal é aquele que tem como o núcleo (ou termo principal) o nome que exprime qualidade, características ou estado do sujeito. Na frase em que esse tipo de predicado aparece, existe sempre formado um verbo denominado de “ligação”. O núcleo do predicado nominal recebe o nome de predicativo. No predicado nominal temos uma estrutura formada de: • verbo de ligação: ser, estar, ficar, parecer, permanecer, andar, continuar, cair, tornar-se... • predicativo do sujeito: qualidade, característica ou estado que se refere ao sujeito. Os autores do livro ficaram saƟsfeitos com o resultado de sua obra. (Ficaram: verbo de ligação + satisfeitos: predicativo do sujeito) (Disponível em: http://www.widesoft.com.br/users/portinar/grupo2.htm) Predicado Verbal Como já sinalizado pelo nome, o predicado verbal tem, como núcleo, sempre um verbo, que pode ser transitivo (o que precisa de complemento) ou intransitivo (o que não precisa de complemento). Para ser núcleo do predicado, é necessário que o verbo seja nocional (que demonstre uma ação). Os ministros decidiram o pleito em menos de cinco horas. 242 SINTAXE 5 Voltei a pé para casa, de madrugada. Os professores lideraram a greve durante três semanas. Predicado Verbo-nominal O predicado verbo-nominal, ao contrário dos anteriores, apresenta dois núcleos, ou seja, um verbo (transitivo ou intransitivo), e um nome (predicativo). (Disponível em: http://www.widesoft.com.br/users/portinar/grupo4.htm) Para você reconhecer facilmente um predicado verbo-nominal, • Procure um verbo de ação e um termo de valor adjetivo na frase. • O adjetivo deverá se referir ao sujeito ou ao objeto. • O verbo de ligação estará sempre implícito. No exemplo acima, poderíamos subentender: José chegou (e estava) cansado. O PREDICATIVO Esse termo expressa, como vimos em exemplos acima, um estado ou qualidade do sujeito ou do objeto. Portanto, é um termo presente nas frases de predicado nominal ou verbo-nominal. As classes gramaticais que representam o predicativo são: substantivo ou expressão substantivada, adjetivo ou locução adjetiva, pronome, numeral ou oração subordinada substantiva predicativa. Os filhos são tesouros. Predicativo do sujeito//termo substantivo. Ela era burra e sem criaƟvidade. Predicativos do sujeito// termo adjetivo e locução adjetiva. Os próximos serão vocês. Predicativo do sujeito//pronome. Todos eram um. Predicativo do sujeito//numeral. O diİcil era que se recebesse o dinheiro. Predicativo do sujeito//oração subordinada substantiva. 243 RICARDO DO AMARAL ERSE O predicativo pode referir-se ao objeto, normalmente o objeto direto. Algumas vezes, serve para exprimir a consequência do fato indicado pelo predicado verbal. Elegeram o professor Ruy deputado. Predicativo do objeto//substantivo. Todos lhe chamavam corrupto. Predicativo do objeto (desta vez, indireto)//adjetivo. Veja mais alguns predicativos do objeto: Todos nos julgam professores competentes. Considero uma afronta isso. As paixões tornam os homens idiotas. Acho perƟnentes suas ponderações. O maior desprazer de um homem é ver o filho deprimido. O governador nomeou a professora sua assessora. O juiz julgou o recurso procedente. COMPLEMENTOS VERBAIS No capítulo 8 deste livro, abordamos a predicação verbal, conceituando verbo de ligação, verbo intransitivo e verbo transitivo. Ao falar de verbos transitivos, especificamos os termos denominados OBJETO DIRETO e OBJETO INDIRETO. Releia a teoria sempre que tiver dúvidas. Explicando e invocando: aposto e vocativo Leia um trecho da Revista Veja: A campanha presidencial deste ano não esquentou até agora, mas já produziu um fenômeno novíssimo. (Disponível em: hƩp://veja.abril.uol.com.br/060906/p_064.html. Acesso em 06/09/06) Observe que o trecho acima fica meio sem sentido, uma vez que o leitor sente a falta de uma especificação. Que “fenômeno novíssimo” foi produzido????? Compare com o que vem a seguir: A campanha presidencial deste ano não esquentou até agora, mas já produziu um fenômeno novíssimo: nunca, desde que o país voltou à democracia em 1985, houve um desgarramento tão profundo entre o voto dos pobres e o voto da classe média. (Disponível em: hƩp://veja.abril.uol.com.br/060906/p_064.html. Acesso em 06/09/06) Agora, sim. O leitor foi informado e esclarecido acerca do que se havia criado como elemento de “suspense”. 244 SINTAXE 5 Observe, agora, a seguinte tirinha: (Disponível em: hƩp://clubedamafalda.blogspot.com. Acesso em 06/09/06) Perceba que Mafalda estabelece um diálogo. E, para isso, dirige-se a um colega: Manolito. Mais uma letra de música: (Disponível em: hƩp://www.losille.blogger.com.br/OUTDOOR.jpg. Acesso em: 06/09/06) Brasil, mostra a tua cara Quero ver quem paga Pra gente ficar assim Brasil, qual é o teu negócio O nome do teu sócio Confia em mim (Cazuza, George Israel e Nilo Romero) Veja que, agora, o interlocutor não é mais uma pessoa, mas permanece a intenção de “diálogo”. O eu poético se dirige ao “Brasil”. Aposto Chamamos de aposto ao termo que explica, desenvolve, identifica ou resume um outro termo da oração. Há quatro tipos de aposto: Aposto Explicativo O aposto explicativo identifica ou explica o termo anterior. Deve, na estrutura da oração, vir separado do termo que identifica por vírgulas, dois pontos, parênteses ou travessões. 245 CAPÍTULO 14 Revisão geral Comentário de questões Como você sabe, a maioria das provas de Tribunais são realizadas pela Fundação Carlos Chagas. E, se você estudar as provas da instituição, verá que sempre haverá uma ou duas questões como as que compõem este capítulo. Por isso, resolvemos apresentar esta “salada”. É uma forma de você se avaliar, de perceber o que aprendeu de fato e o que ainda precisa aprofundar. Antes de observar os comentários, tente resolver cada questão na “honestidade”. Mãos à obra! 1. QUESTÕES COM GABARITO COMENTADO 01. (Fundação Carlos Chagas – ANALISTA JUDICIÁRIO/TRT-2011) Está clara e correta a redação deste livre comentário sobre o texto: (A) Nos blogs há uma subjetividade da qual os outros meios de comunicação jornalística se ressentem, uma vez que não é de sua característica contemplá-la. (B) O autor do texto exime-se ao diferenciar autoria institucional de outras modalidades autorais, presumindo que a primeira obtém maior crédito. (C) Para muitos, os blogs são um recurso de comunicação de eficácia nunca antes alcançada, suplantando em extensão e profundidade os diálogos platônicos. (D) Ainda que possam ser benvindos, os blogs não devem constituir uma obcessão tal que remova seus usuários de diligenciarem outras formas de linguagem. (E) A democratização do pensamento não pode ficar presa à uma forma de comunicação, visto que são os conteúdos que determinam sua consumação. ► Comentários: Resposta correta: (c) (A) Nos blogs há uma subjetividade COM A QUAL os outros meios de comunicação jornalística se ressentem, uma vez que não é de sua característica contemplá-la. (B) O autor do texto exime-se DE diferenciar autoria institucional de outras modalidades autorais, presumindo que a primeira obtém maior crédito. (D) Ainda que possam ser BEM-VINDOS, os blogs não devem constituir uma OBSESSÃO tal que remova seus usuários de diligenciarem outras formas de linguagem. (E) A democratização do pensamento não pode ficar presa A uma forma de comunicação, visto que são os conteúdos que determinam sua consumação. 273 RICARDO DO AMARAL ERSE 02. (Fundação Carlos Chagas – Analista Judiciário/TRF da 4ª. Região/2010)Está clara e correta a redação deste livre comentário sobre o texto: (A) Quando se dedicam às questões ambientais, costuma imperar-se a regra egoísta dos interesses privados, ao passo que se deveria de contemplar os interesses públicos. (B) É bem possível de que ainda venham a haver muitas conferências como a da COP-15, sem que os resultados que se espera sejam minimamente satisfatórios para o bem comum. (C) A maior parte das conferências dedicadas às questões do meio ambiente têm sido frustradas, quase sempre, pela falta de desprendimento de muitas nações, sobretudo as desenvolvidas. (D) Tem-se notado os interesses que movem as nações mais desenvolvidas, em função dos quais ficam difíceis de firmar-se quaisquer acordos quanto a um meio ambiente melhor controlado. (E) Como já está tornando rotina, mais uma vez as nações não chegaram a um acordo, sobre as pungentes questões ambientais, tanto assim que nenhuma delas abre mão de seus interesses particulares. ► Comentários: Resposta correta: (C) - A maior parte das conferências dedicadas às questões do meio ambiente têm sido frustradas, quase sempre, pela falta de desprendimento de muitas nações, sobretudo as desenvolvidas. Tópico relembrado: O sujeito completo é “A maior parte das conferências dedicadas às questões do meio ambiente”. O núcleo do sujeito é “parte” (o primeiro substantivo não preposicionado). Isso permitira o uso do singular: “tem sido frustrada”. Mas, como essa “maior parte” é constituída de “conferências dedicadas às questões do meio ambiente”, pode-se realizar a concordância atrativa, mostrada na alternativa a ser assinalada. Correções: (A) Quando se dedica às questões ambientais, costuma imperar a regra egoísta dos interesses privados, ao passo que se deveriam contemplar os interesses públicos. (B) É bem possível que ainda venha haver muitas conferências como a da COP-15, sem que os resultados que se esperam sejam minimamente satisfatórios para o bem comum. (D) Têm-se notado os interesses que movem as nações mais desenvolvidas, em função dos quais fica difícil firmar quaisquer acordos quanto a um meio ambiente melhor controlado. (E) Como já está tornando rotina, mais uma vez as nações não chegaram a um acordo sobre as pungentes questões ambientais, tanto assim que nenhuma delas abre mão de seus interesses particulares. 03. Fundação Carlos Chagas – Analista Judiciário – TJPA/2009) Está clara e correta esta nova redação de uma frase do texto: (A) Ela atribuía o sentido da velha frase ao propósito de refrear nossos atos de fraglante indisciplina. (B) Ao ouvir aquela frase, que nunca mais me esqueci, soava-me a um só tempo tão justa quanto antipática. (C) O que essa frase me causa espécie está na pressuposição de haver nela uma justa distribuição dos espaços de liberdade. 274