Relatório de Comércio Exterior – 1º Trimestre de 2016 Redução do déficit comercial não é suficiente para reativar economia Relatório de Comércio Exterior – 1º Trimestre de 2016 Redução do déficit comercial no primeiro trimestre pode reduzir efeito da crise, mas não é suficiente para recolocar a economia brasileira em trajetória de expansão A desvalorização cambial reduziu as importações e estimulou as exportações brasileiras, impactando positivamente no saldo comercial. Porém, a queda dos preços (principalmente das commodities) compensou parte dos ganhos da melhora do setor externo sobre a economia, reduzindo seu efeito sobre o PIB. O efeito câmbio Se por um lado a desvalorização cambial ocorrida entre 2014 e 2016 - associada à redução dos investimentos–desempenhou um papel recessivo na demanda doméstica, por outro, ela foi capaz de reduzir o déficit comercial, uma vez que desvalorizações aumentam a competitividade do país, encarecendo as importações e barateando as exportações, estimulando a economia através do setor externo. A taxa de câmbio, que estava em R$/US$ 2,36 no 1º trimestre de 2014, atingiu 3,91 no mesmo período de 2016. O impacto dessa desvalorização de 65% sobre os preços das exportações e importações fez com que o déficit comercial se reduzisse de US$ 20,3 bilhões no 1º Trimestre de http://www.macromatica.com.br/ 2014 para US$ 2,4 bilhões no mesmo período de 2016 - isso significou US$ 17,9 bilhões a mais na economia. A fonte: importações Este resultado positivo, porém, exige algumas ressalvas. Entre o 1º Trimestre de 2014 e de 2016, houve uma queda das exportações de US$ 51,0 bilhões para US$ 41,6 bilhões. Conforme pode-se verificar no gráfico a seguir, foi a redução mais significativa das importações que fizeram com que o país apresentasse resultados comerciais melhores neste ano. Comércio Exterior - Total (R$ bi) 80,0 60,0 40,0 20,0 0,0 1ºT 2014 1ºT 2015 Exp 1ºT 2016 Imp Fica claro a partir do gráfico que o processo de queda das importações se intensificou de tal forma entre 2015 e 2016 que o déficit comercial foi quase reduzido à zero. As importações, que já vinham caindo em 2015, chegando a US$ 64,3 bilhões, se reduziram ainda mais em 2016, atingindo US$ 42,8 bilhões. 1 Relatório de Comércio Exterior – 1º Trimestre de 2016 Preço x Quantidade Apesar da queda das exportações ocorrida entre o 1º Trimestre de 2014 e o mesmo período de 2016, o volume subiu. Se medidas em quilogramas, as exportações aumentaram 29%. Esse resultado aparentemente contraditório pode ser explicado em grande medida pela redução dos preços dos produtos exportados pelo país. A queda dos preços das commodities, principalmente minerais, foi a principal causa da redução das exportações em valor, a despeito do aumento em volume. As importações, por seu turno, caíram menos em volume do que em valor. A queda em valor, foi de 39% entre o 1º Trimestre de 2014 e 2016, enquanto em volume essa queda foi de 17%. Esse resultado indica que apesar de ter havido uma queda das importações em volume, sua intensidade se explica principalmente pela queda de valor. A desvalorização cambial, portanto, foi capaz de estimular as exportações, fazendo-as crescer significativamente no período analisado, e reduzir as importações. Assim, o resultado da quase reversão do déficit comercial não pode ser explicado apenas pela queda das importações. Deve-se considerar o aumento das exportações, que não aparecem em valor devido à redução de preço. Por um lado, as importações caíram em valor e em volume, aumentando a capacidade dos produtores locais de acessarem o mercado doméstico. Por outro, e certamente mais importante, o processo de queda das exportações foi revertido: entre o 1º Trimestre de 2015 e de 2016, as exportações desses produtos aumentaram 35% (em volume). Conforme apresentado no gráfico a seguir, pode-se verificar como quase todos os setores de ponta se beneficiaram desse processo. Exportações: alta tecnologia (kg mi) 272 219 193 Quim 1ºT 2014 39 33 34 31 23 34 Maq Tran 1ºT 2015 1ºT 2016 Se verifica que os setores de químicos (Quim) e equipamentos de transporte (Tran) foram os mais beneficiados pela desvalorização cambial. Os químicos apresentaram aumento de 40% entre 2015 e 2016, enquanto os equipamentos de transporte aumentaram quase 50%. Já o setor de máquinas, equipamentos e eletrônicos (Maq) não conseguiu recuperar a queda de vendas, apesar do aumento no último ano. Destaque: setores de ponta A partir de uma análise que separa as exportações setorialmente, é possível verificar que os setores de alta tecnologia (químicos, máquinas, equipamentos e eletrônicos e equipamentos de transporte) estão entre os mais beneficiados da desvalorização cambial. http://www.macromatica.com.br/ Texto por: Guilherme Magacho Diretor de Competitividade MacroMatica economia inteligente 2