TEORIA e história da Preservação DA A r q u i t e t u r a e do URBANISMO Viollet-le-Duc ANTECEDENTES: frança REVOLUÇÃO FRANCESA (1789-1799) e PERÍODO NAPOLEÔNICO (1804-1815) - Quebra a antiga hierarquia social dividida em Rei absoluto, Clero, Nobreza e Povo. - A rejeição ao regime social de hierarquia feudal se estende à herança material que dele provém. - A ideologia da revolução, baseada na propaganda da igualdade, converge para ações de intenções nacionalistas. Construir uma nação é o objetivo primeiro. Como a realidade social anterior é rejeitada, pretende-se construir uma nova. ANTECEDENTES: frança - Valores do Patrimônio: - a. valor nacional – legitima a preservação com objetivo de enaltecer a capacidade intelectual do povo frente à superação do Absolutismo, logo, aquilo que rememora o antigo regime deve ser rejeitado; - b. valor pedagógico – intenciona legar às futuras gerações os feitos da nação. É pelo valor pedagógico que se fazem os primeiros inventários arquitetônicos, catalogando e classificando edifícios. ANTECEDENTES: frança - c. valor econômico – visa o turismo. Paris foi a cidade que melhor soube explorar esse tipo de valor. Contudo, em coerência com o valor nacional, o turismo religioso não constituía base de exploração econômica; - d. valor artístico – o menor dos valores para a época, visto que o conceito de arte ainda era impreciso e a noção da estética enquanto disciplina de estudo tinha surgido há pouco [o livro Estética, de Alexander Baumgarten foi publicado em 1758, e a Crítica do Juízo, de Immanuel Kant, em 1790] ANTECEDENTES: frança Preservação dos Bens MÓVEIS: _pelo valor pedagógico, submetido ao valor nacional, surgem os primeiros museus, inicialmente chamados “depósitos de arte”. A propaganda nacionalista informava a função de ensinarem civismo, história e competências artísticas e técnicas. _os museus, dentro do valor nacional, eram considerados de extrema importância, sendo recomendado que existisse ao menos um em cada departamento (Estado) do país. ANTECEDENTES: frança Preservação dos Bens IMÓVEIS: _era necessário inventar novos usos para os edifícios que haviam perdido sua destinação original. _como o novo governo revolucionário era antireligioso [por aversão ao passado de domínio clerical], as igrejas perderam o uso, passando muitas vezes a depósitos de munição ou mercados. Os conventos eram transformados em prisões ou quartéis. Muitos telhados com estrutura em ferro foram derretidos e transformados em munição. ANTECEDENTES: frança _os monumentos demolidos, danificados ou desfigurados sob as ordens ou com o consentimento dos comitês revolucionários o foram na medida em que simbolizavam poderes e valores execrados, encarnados pelo clero, pela monarquia e pelos senhores feudais. Diante do valor nacional, só havia sentido a preservação de edifícios que exprimissem a nova ordem social, de nação. Os revolucionários dificilmente permitiam a existência de edifícios que pudessem levar à adoração dos antigos valores que se queriam esquecidos. VIOLLET-LE-DUC “A palavra e o assunto são modernos. Restaurar um edifício não é mantê-lo, repará-lo ou refazê-lo. É restabelecê-lo em um estado completo que pode não ter existido nunca em um dado momento.” Viollet-le-Duc VIOLLET-LE-DUC Viollet-le-Duc foi o grande nome da corrente intervencionista francesa. - Pregava a restauração como instrumento de valorização nacional, principalmente dos monumentos em estado de degradação. Preocupação especial com os monumentos abandonados durante a Revolução Francesa, como os de estilo gótico. A restauração podia ser feita de duas formas distintas: a. reformulação estilística do edifício; b. contraste com novas estruturas, confeccionadas com materiais modernos. À época de Viollet-le-Duc, o ferro. VIOLLET-LE-DUC A reformulação estilística era estimulada em edifícios sem risco de desabamento, com poucos danos estruturais, mas que haviam sofrido intervenções que deturparam a pureza do estilo original. A ideia por trás disso era a de resgatar o apreço social pela história. Viollet-le-Duc reconhecia que o povo só valoriza a história vitoriosa. Logo, o edifício deveria mostrar que o passado é motivo de orgulho. Todo o necessário deveria ser feito para resgatar o orgulho ao passado, mesmo que significasse desfigurar o edifício em seu estado contemporâneo. VIOLLET-LE-DUC QUARTEL DO XX – Cidade de Goiás VIOLLET-LE-DUC IGREJA DA SÉ DE OLINDA - década de 1870 VIOLLET-LE-DUC década de 1920 década de 1940 VIOLLET-LE-DUC final da década de 1970 VIOLLET-LE-DUC CAPELA DO PADRE FARIA – Ouro Preto VIOLLET-LE-DUC CAPELA DO PADRE FARIA – Ouro Preto VIOLLET-LE-DUC CONVENTO FRANCISCANO – São Cristóvão | SE VIOLLET-LE-DUC CONVENTO FRANCISCANO – São Cristóvão | SE VIOLLET-LE-DUC PAÇO MUNICIPAL – Salvador VIOLLET-LE-DUC PAÇO MUNICIPAL – Salvador VIOLLET-LE-DUC A reformulação estilísca proposta por Viollet-leDuc tinha objetivo de revalorizar uma época que de fato havia sido representada no edifício, em sua origem. Porém, com o objetivo de representar o progresso, muitos restauradores recorreram a uma falsa* interpretação da proposta de Violletle-Duc para reformulações estilísticas sem preocupações com a verdadeira história. * A interpretação era falsa porque se conhecia o sentido original, diferente da má interpretação, que é um problema cognitivo. VIOLLET-LE-DUC PALÁCIO RIO BRANCO – Salvador VIOLLET-LE-DUC PALÁCIO RIO BRANCO – Salvador VIOLLET-LE-DUC MOSTEIRO DE SÃO BENTO – São Paulo VIOLLET-LE-DUC MOSTEIRO DE SÃO BENTO – São Paulo VIOLLET-LE-DUC TEATRO DA PAZ – Belém VIOLLET-LE-DUC TEATRO ALA SCALA – Milão VIOLLET-LE-DUC PALÁCIO IMPERIAL – Petrópolis VIOLLET-LE-DUC TEATRO SANTA ISABEL – Recife VIOLLET-LE-DUC ÓPERA DE PARIS (Palais Garnier) VIOLLET-LE-DUC TEATRO DA PAZ – Belém VIOLLET-LE-DUC TEATRO DA PAZ – Belém VIOLLET-LE-DUC Viollet-le-Duc defendia o contraste com novas estruturas em casos de edifícios com danos estruturais. As hastes de ferro fundido eram projetadas para enaltecer a modernidade por contraste com a construção antiga. PROJETOS NÃO EXECUTADOS, DE VIOLLET-LE-DUC PROJETOS NÃO EXECUTADOS, DE VIOLLET-LE-DUC VIOLLET-LE-DUC Apesar da MORAL SELETIVA em relação ao patrimônio, Viollet-le-Duc contribuiu para sistematizar a atuação do interventor: - Alegação da necessidade de levantamentos pormenorizados do edifício existente, antes de tomar decisões de projeto; - Introdução do levantamento fotográfico no processo de inventário; - Defesa da utilização para sobrevivência da obra, pois restaurar não se reduziria à conservação da matéria, mas também de um “espírito” da qual ela é suporte.