18. O movimento de desmaterialização na arquitetura - CAU

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UFPR – CURSO DE ARQUITEURA E URBANISMO – DISCIPLINA DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO – 2013. CAMILA MENINI E DANILO AKIO. EMAIL: [email protected]
O Movimento de Desmaterialização na Arquitetura
Ao contrário do que muitos pensam, a desmaterialização não é inovação da arquitetura
Ao
longo
do
século
XX,
uma
moderna. De acordo com Marquardt (2005), a estrutura integrada (em que existe a mistura entre
corrente das artes e arquitetura que segue
esforços de tração e compressão) já aparecia na idade clássica (o Panteão é um bom exemplo).
a mesma lógica do racionalismo veio a se
Esse sistema de transmissão de forças atingiu seu auge no gótico medieval, quando existiu uma
desenvolver,
concomitância entre a forma e a estrutura, eliminando ao máximo o material sem função estrutural
minimalismo. Essa corrente se caracterizou
precisa e permitindo o uso de vitrais de elementos de vedação, servindo de base para um novo
pela exploração dos limites, buscando o
ideal arquitetônico do século XIX.
extremo da racionalidade e da técnica.
A
arquitetura
moderna
de
pensamento
racionais
formas
Figura 3: Perspectiva do Memorial de Curitiba: juntamente com
a Ópera de Arame, está no rol dos principais exemplares da
arquitetura moderna da cidade. A desmaterialização é evidente
em sua fachada de vidro, bem como na visibilidade das
estruturas internas de aço. Fonte: Própria
esteve em alta uma arquitetura com
enfoque
enxergando-os
a
nos
partir
materiais,
de
O
racionalismo
menor
maciços,
essa linha teórica conduz as edificações à
sua desmaterialização. Quanto à parte
técnica, os problemas estruturais para que
Figura 1: Fachada do Palácio Iguaçu. Pode-se perceber a
influência do movimento de desmaterialização neste edifício
notando-se as colunas estruturais deixadas à mostra e o uso
do vidro como elemento de vedação, que permite a passagem
da luz de um lado a outro da obra. Fonte: Própria
esteticamente proporcionando transparência, simplicidade geométrica e leveza às construções.
Mies Van der Rohe e Ludwig Hilberseimer foram os principais arquitetos que evidenciaram a crise
do objeto moderno, através do minimalismo objetual e geométrico. Eles entendiam o objeto como
volumes isolados e únicos, sem articulações, usando, para isso, a tecnologia como ferramenta.
a
Ludwig Mies Van der Rohe (1886-1969), em seus projetos de inovadores arranha-céus de
máquina
vidro e metal, sempre com a preocupação de integrá-los à rede urbana do redor, já mostrava a
capacitada a absorver a energia do seu
tendência de desmaterialização que ele contribuiria a dispersar. Em seu projeto do Illinois Institute
redor, constituída por peças que se
of Technology, Mies materializa sua obtenção do equilíbrio entre o avanço científico e técnico e as
articulam
leis eternas da arquitetura: ordem, espaço e proporção, como ele mesmo afirma.
arquitetura
como
interpretava
volumes
e
também possibilitou liberdade no controle da iluminação dos interiores, bem como atuou
ideal de arquitetura racional), o que
das demandas funcionais do edifício.
possível
puras
estrutura tão leve foram resolvidos utilizando-se o aço/concreto armado. O uso intenso do vidro
perspectiva objetiva e eficiente (como um
Viollet-le-Duc, por meio da consideração
de
tais edifícios se firmassem mesmo com
uma
somente poderia acontecer, segundo
geométricas
quantidade
e
minimalistas. Em geral, nesse período
grande
denominada
Com a produção de uma arquitetura com
é
caracterizada pela forte presença de
linhas
sendo
uma
mecanicamente.
Essa
arquitetura se caracteriza pelo grande
_____________________________________________________________
enfoque no uso de uma geometria
simples e limpa para articular as partes
REFERÊNCIAS
independentes da construção. Por isso, o
pensamento
racional
separação
de
elementarismo
definidos.
de
possuía
MARQUADT, Seina. A estrutura indepente e a arquitetura moderna brasileira. Rio Grande do Sul:
Editora UFRGS, 2005.
uma
funções
e
formas
tão
um Figura 2: Exterior da Ópera de Arame. A desmaterialização,
neste caso, possibilita a exploração do potencial estético da
bem estrutura de metal. Fonte: Própria.
Eugène-Emmanuel Viollet-le-Duc, Entretiens sur l’architecture (1863).Paris: Q. Morel Et cie, 1863.
MONTANER, Josep Maria. Sistemas arquitectónicos contemporâneos. Badalon: Gráficas Campás,
2008.
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