Olá baixista! Há muito tempo queria fazer este artigo mostrando um pouco da minha vida: Um baixista numa banda de baile. Antes vou contar um pouco de minha historia na música. Ainda criança, inicio dos anos 70 minhas lembranças musicais. Tudo o que eu ouvia, que meu pai comprava de discos, virou um grande liquidificador em minha cabeça que trago até hoje. Sorte minha, era uma época muito rica. O fim dos Beatles trazia ainda mais suas músicas nas rádios, além de mostrar as novas músicas da carreira solo dos “Fab4”. Elis Regina, Gil, Caetano, Djavan, Secos e Molhados, Milton Nascimento, entre outros tocando nas rádios como hoje se toca os hits do momento. Led Zeppelin, Deep Purple, Queen... e muito soul e disco da melhor qualidade ,tudo isso regado a muito baixo elétrico. Infelizmente a música atual tomou outro rumo para nós baixistas, mas isto é um assunto para um próximo papo. Dois discos fizeram a minha cabeça quando criança e ainda fazem parte do meu “Tocar”: Jesus Cristo Superstar (versão britânica) e “Elis Regina – 1973”. O primeiro traz ao mesmo tempo o rock e a soul music, o LP regado e grooves de baixo e batera em tempos simples e compostos. O segundo é uma escola completa de como tocar Música brasileira! Tenho a convicção de que a paixão e escolha de ser um side man e não um solista veio daí. Minha memória musical foi e é fundamental para o exercício e ofício nas bandas de baile. Afinal, uma banda de baile nada mais é do que uma banda que toca de tudo de varias décadas para todos e para várias gerações – e eu vivi bem algumas delas... Quando ingressei em minha primeira banda de baile, eu já tinha uma carreira de muitos anos tocando em bares – que também foi fundamental, porém em bares você toca do seu jeito, sem o compromisso da perfeição e isto é bom e ruim: Bom porque você aprende a criar e ruim porque pode te deixar relaxado e sem estética. Foi no baile que aprendi a tirar o som o mais próximo possível do original, mas sem perder a autenticidade. É um fino fio com o qual temos que aprender a lidar. Agora umas pequenas dicas. Leitura: É muito importante, pois encurta o trabalho. Não basta só ter a memória musical citada aqui; Em vários momentos somos surpreendidos com músicas de última hora que jamais ouvimos. Minha primeira dica neste assunto é ter uma leitura rítmica rápida, se você não domina bem a leitura pelo menos dê atenção as divisões rítmicas. Entenda bem e pratique as figuras, semínimas, colcheias, semicolcheias. O bom e velho “pozzoli” vale muito. Mapa: Você tem que mapear bem a música saber bem as introduções, retornelos, finais. Disciplina específica: Ser baixista de uma banda de baile exige uma dedicação específica. Dedicar algumas horas por dia revisando sua pasta, executando as músicas, a leitura, a mecânica... Não adianta muito saber tocar um monte de “pedaços” de temas do Jaco, do Marcus Miller. O que vale mesmo é o estudo do bom gosto e não ter preconceito com nenhum estilo. Já foi o tempo em que o sertanejo ou o pagode era “qualquer nota”. Com o aprimoramento técnico dos baixistas encontramos, hoje, linhas de baixo maravilhosas e muito bem executadas nesses gêneros. Em uma banda de baile você vai se deparar com estilos como Jazz, Reggae, MPB (samba, sertanejo, axé, forró, carnaval, etc.), Disco Music dos anos 70, Dance Music, anos 80, 90, 2000, pop, rock, músicas judaicas, árabes, italianas, francesas, portuguesas, salsa e latinas de um modo geral. Bem, como veem, é um universo interminável e isto é muito desafiador, pois temos que incorporar “vários” baixistas em uma única noite. Em um momento estamos tocando “New York, New York” com um timbre aveludado jazzístico e de repente mudamos para um disco funk “Got to be real” com compressor e slaps! O instrumento: Aí você realmente tem que investir em um bom baixo, pode ser passivo ou ativo, mas tem que ter qualidade, pois você estará tocando em um lugar muito grande com um suporte de som muito bom, igual aos dos grandes shows. Amplificadores: Normalmente não precisa se preocupar, pois as bandas já tem todo o equipamento. É claro que você tem que exigir pelo menos um GK com caixas 4x10 e um 15. Para um próximo momento, trarei dicas de como faço para tirar uma música e como executo (timbres ,técnicas etc.). Por hora, espero ter ajudado! Leandro Maciel, diretor da Escola Clube da Música, baixista e baterista, autor do método Brazilian Beats (editora IDEL) à venda na freenote.