ANÁLISE DAS NOTIFICAÇÕES DE DENGUE APÓS ATUAÇÃO DO SERVIÇO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA HOSPITALAR INTRODUÇÃO: A Dengue é uma doença infecciosa febril aguda de amplo espectro clínico e de grande importância epidemiológica, sendo de notificação compulsória, cabe aos profissionais que prestam assistência sua comunicação. A Vigilância Epidemiológica Hospitalar atua no sentido de detectar e investigar os casos otimizando as informações. A cidade de Londrina vivenciou uma epidemia no primeiro trimestre de 2011 e o Hospital Zona Sul também enfrentou esta situação com a implementação de ações da Vigilância Epidemiológica Hospitalar com a finalidade de melhorar o atendimento aos pacientes e melhorar as notificações. OBJETIVOS: O serviço atuou no sentido de reduzir as subnotificações e melhorar a qualidade dos dados das fichas do Sistema de Informação de Agravos de Notificação- SINAN, produzidas no serviço, e melhorar a qualidade da assistência de enfermagem. METODOLOGIA: Realização de um conjunto de ações como auditoria de prontuários, educação profissional, busca ativa, análise de ficha de atendimento do paciente ambulatorial, criação de ficha de controle de sinais vitais para o paciente com suspeita de Dengue e normatização de um protocolo de fluxo interno ao paciente com suspeita de Dengue. RESULTADOS: Foi observado um aumento no número das realizações das fichas de SINAN e também aumento no número de fichas completas. Em janeiro foram atendidos 200 casos suspeitos de dengue e destes 143 (71,5%) foram notificados, destas apenas 43, 9% eram completas, no mês de fevereiro houve a implantação das ações de vigilância hospitalar, com 300 casos atendidos no HZS, sendo que destes 268 (89,3%) foram notificados no serviço, e destas 54,8% foram completas. CONLUSÃO: O aumento na quantidade de fichas realizadas e também no preenchimento de mais dados pela equipe de saúde demonstrou que houve sensibilização por parte dos envolvidos, o serviço de Vigilância Hospitalar contribui para a redução da subnotificação e otimiza a assistência à saúde. Palavras- chave: Vigilância epidemiológica, Dengue, Enfermagem INTRODUÇÃO A Dengue é uma arbovirose transmitida por mosquitos do gênero Aedes, principalmente pelo Aedes aegypit. Após a infecção pelo vírus, o homem é acometido por uma doença infecciosa febril aguda de amplo espectro clínico, podendo variar de manifestações leves a muito graves, levando até ao óbito1. A Dengue continua sendo um problema de saúde pública, e de importância epidemiológica no Brasil, sendo uma das mais importantes doenças epidêmicas registradas no país. A doença viral do Dengue é considerada sem tratamento por alguns autores, já que não existe medicamento capaz de combater ou reduzir a viremia, porém o tratamento ao paciente é sintomático e preventivo das possíveis complicações2. Considerando que é uma doença dinâmica que evolui rapidamente de um estágio ao outro, o paciente deve ser reavaliado com freqüência para que seu estadiamento correto norteie o tratamento indicado para cada fase3. A Dengue é uma doença de notificação compulsória, cabendo aos profissionais de saúde e responsáveis pela prestação de assistência à saúde a comunicação de sua ocorrência. A Vigilância Epidemiológica tem como objetivo a análise permanente da situação de saúde de uma população assim como a organização e execução de práticas de saúde adequadas ao enfrentamento dos problemas, para isso realiza um conjunto de ações que visam detectar e prevenir qualquer mudança nos fatores determinantes da saúde, através de coleta e processamento de dados, análise, investigação epidemiológica de casos individuais e surtos, recomendação e promoção das medidas de controle, formas de prevenção entre outras3. O objetivo da Vigilância epidemiológica no meio hospitalar é o de detectar e investigar doenças de notificação compulsória atendidas em hospital4. A Portaria Nº 2.529 de 23 de novembro de 2004, da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS) institui o Subsistema Nacional de Vigilância Epidemiológica em Âmbito Hospitalar, com a finalidade principal de desenvolver ações de vigilância no ambiente hospitalar, e também ações relacionadas a outros agravos de interesse epidemiológico5. O Hospital Zona Sul de Londrina desde o mês de Fevereiro de 2011, após aprovação e formalização pela Diretoria do Hospital, vem realizando ações de vigilância epidemiológica em âmbito hospitalar. O estado do Paraná apresentou um aumento no número de casos de dengue no primeiro trimestre de 2011 quando comparado ao mesmo período do ano anterior, inclusive com a ocorrência de 10 óbitos. A estimativa de letalidade por casos graves no Brasil no primeiro trimestre foi de 7,1%. O município de Londrina concentrou o maior número de casos notificados no Paraná6 e o Hospital Zona Sul (HZS) de Londrina, também vivenciou o aumento do número de atendimentos e internações neste período, com a finalidade de reduzir a morbimortalidade por Dengue, o Ministério da Saúde preconiza ações mínimas para assistência aos casos suspeitos. OBJETIVOS O Serviço de Vigilância Epidemiológica Hospitalar buscou a redução das subnotificações, melhoria na qualidade do preenchimento das fichas de notificação do Sistema de Informação de Agravos de Notificação- SINAN e a otimização do atendimento ao paciente com suspeita de Dengue no HZS. METODOLOGIA Relato de experiência da atuação da Vigilância Hospitalar em relação as notificações dos casos de dengue. No mês de fevereiro iniciaram-se as atividades de Vigilância Epidemiológica Hospitalar no Hospital Zona Sul. A primeira etapa inclui ações de busca ativa dos casos internados e em observação no serviço, com a verificação diária de todas as fichas de atendimento ambulatorial e de pronto socorro para identificação de todos os diagnósticos de casos suspeitos de Dengue. Entre as ações estavam inclusas, além das visitas diárias aos setores, a formulação de um Protocolo de Fluxo de Atendimento Interno baseado nas cartilhas do Ministério da Saúde “Dengue: Manual de Enfermagem: adulto e criança”7 e “Dengue: diagnóstico e manejo clínico adulto e criança”8. A formulação do protocolo interno contou com a participação de enfermeiros do Pronto Socorro e revisão pela Vigilância Epidemiológica Municipal. A segunda etapa envolveu a reformulação de uma ficha contendo campos para preenchimento, a cada duas horas, de sinais vitais, balanço hídrico e resultados de exames laboratoriais, para pacientes com suspeita de Dengue que permaneceram observados ou internados. Atividades sensibilizadoras para melhoria na qualidade do atendimento ao paciente com dengue Na terceira etapa houve uma dinâmica educativa realizada em parceria com o Serviço de Educação e Pesquisa de Enfermagem da instituição em todos os setores, que visava relembrar os sinais e sintomas clássicos, sinais de alerta e cuidados especiais prestados ao paciente no ambiente hospitalar, verificação de pressão arterial em duas posições no acolhimento de todos os pacientes com sinais e sintomas que se enquadrassem como caso suspeito de Dengue, e também treinamento sobre a técnica correta de realização da prova do laço. A quarta etapa incluiu outras ações promovidas pela equipe de enfermagem do ProntoSocorro com a colaboração do Serviço de Nutrição e Dietética, que disponibilizaram a Terapia de Reidratação Oral (TRO) na sala de espera. E na quinta e última etapa foi realizada auditoria dos prontuários, verificando se os mesmos estavam em conformidade com as orientações do Ministério da Saúde e da Vigilância Epidemiológica Hospitalar no que diz respeito aos cuidados e tratamentos dispensados aos pacientes com dengue. RESULTADOS Em janeiro foram atendidos 200 casos suspeitos de dengue, dos quais 143 (71,5%) foram notificados. No mês de fevereiro, enquanto a cidade de Londrina atravessava um período de aumento no número de casos suspeitos e confirmados de Dengue, foram iniciadas as ações da Vigilância Epidemiológica Hospitalar com enfoque para a epidemia. Neste mês, 300 casos foram atendidos no HZS, sendo que 268 (89,3%) tiveram notificações realizadas no serviço. Para análise da qualidade dos dados registrados nas fichas de SINAN, foram avaliados o preenchimento de alguns itens como: dados pessoais, investigação dos sinais e sintomas, sinais hemorrágicos, a verificação da pressão arterial em duas posições e também a realização de prova do laço. No mês de janeiro 62 (43,9%) fichas estavam completas, enquanto que em fevereiro houve um aumento para 147 (54,8%). CONCLUSÃO Após as ações implementadas pelo Serviço de Vigilância Epidemiológica Hospitalar identificamos o aumento no número de notificações das fichas de SINAN, as quais continham maior quantidade de informações em comparação ao mês anterior, o que demonstrou que houve sensibilização de todos os envolvidos no processo de atendimento e notificação dos casos suspeitos. Portanto, o Serviço de Vigilância Hospitalar contribui para a redução das subnotificações e otimização da assistência à saúde e para a qualidade da assistência de enfermagem. REFERÊNCIAS 1 Brasil, Ministério da Saúde; Secretaria de Vigilância em Saúde; Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde. Dengue: decifra-me ou devoro-te. Brasília, Ministério da Saúde, 2007. 2 Brasil, Ministério da Saúde; Secretaria de Atenção à Saúde; Departamento de Atenção Básica. Cadernos de Atenção Básica: Vigilância em Saúde Dengue, Esquistossomose, Hanseníase, Malária, Tracoma e Tuberculose. Série A Normas e Manuais Técnicos. 2ª Edição. Brasília, Ministério da Saúde, 2008. 3 Brasil, Ministério da Saúde; Secretaria de Vigilância em Saúde; Diretoria Técnica de Gestão. Dengue: diagnóstico e manejo clínico adulto e criança. Séria A Normas e Manuais Técnicos. 3ª edição, Brasília, Ministério da Saúde, 2007. 4 Informe Técnico Institucional. Coordenadoria de Controle de Doenças. Secretaria de Estado da Saúde- CCD/SES. Revista de Saúde Pública, v.41 n.3 São Paulo, 2007. 5 Portaria Nº 2.529 de 23 de Novembro de 2004. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. 6 Ministério da Saúde; Secretaria de Vigilância em Saúde; Coordenação Geral do Programa Nacional de Controle da Dengue. Balanço da Dengue. Informe Janeiro à Março/ 2011. [Acesso em 30 de maio 2011]. Disponível em: 7 Ministério da Saúde; Secretaria de Vigilância em Saúde; Diretoria Técnica de Gestão; Série A Normas e Manuais Técnicos Dengue: Manual de Enfermagem Adulto e Criança. Brasília, Ministério da Silva, 2008. 8 Ministério da Saúde; Secretaria de Vigilância em Saúde; Diretoria Técnica de Gestão; Série A Normas e Manuais Técnicos Dengue: Diagnóstico e Manejo Clínico Adulto e Criança. 3ª edição, Brasília, Ministério da Saúde, 2007.