ANTROPOLOGIA E DIREITOS HUMANOS 12ª aula – 27 mar A Antropologia deve ser militante? Scheper-Hughes, Nancy (1995). “ The Primacy of the Ethics: Propositions for a Militant Anthropology”. Current Anthropology, Vol.36, nº3, pp. 409-440. _____________________________________________________________________________ Abstract Ao defender um relativismo cultural que reifica a “cultura”, os antropólogos podem estar a esquecer o compromisso ético na sua relação com “os outros”. Este relativismo cultural, interpretado como relativismo moral, não é adequado para uma antropologia que se exige, cada vez mais, alicerçada em princípios éticos. Deve, por isso, ser política e moralmente comprometida, combatendo o antropólogo “espectador” e valorizando o antropólogo “testemunha”. _____________________________________________________________________________ Conceitos-chave Antropóloga “companheira” O mesmo que testemunha. Insere-se no seu trabalho com mulheres do Alto do Cruzeiro no Brasil; Antropologia militante Um posicionamento contrário ao papel tradicional do antropólogo como cientista neutral. Combatendo esse relativismo moral artificial com uma antropologia politicamente empenhada e moralmente comprometida; Antropólogo espectador O cientista acima e fora dos eventos que estuda. Actor passivo, neutral e objectivo. Adequado para a ciência; Antropólogo testemunha O cientista dentro dos eventos que estuda. Actor activo, responsável e moralmente comprometido. Adequado para a história; Bluff antropológico Papel tradicional do antropólogo visto como cientista neutral; Relativismo cultural lido como relativismo moral Uma abstracção teórica que reifica a “cultura”, absolutizando o papel neutral do antropólogo, impedindo o compromisso ético com “o outro”; Primado da ética em antropologia Sugere a existência de princípios éticos “pré-culturais”. A existência humana como seres sociais pressupõe a presença e o reconhecimento “do outro”. “O ético” seria assim anterior à cultura; “womanly” antropology Uma antropologia que não se interessa-se apenas pelo que as pessoas pensam mas também como se comportam umas com as outras. Um maior compromisso com questões éticas.