DEPOSIÇÃO ATMOSFÉRICA E ESTOQUE DE NITROGÊNIO EM REMANESCENTES DE FLORESTA ATLÂNTICA EXPOSTOS A COMPOSTOS NITROGENADOS Giovanna Boccuzzi 1; Milton Augusto Gonçalves Pereira; Márcia Inês Martin Silveira Lopes & Marisa Domingos. 1 Instituto de Botânica, núcleo de pesquisa em Ecologia, São Paulo, SP, Brasil. [email protected] Ações humanas têm proporcionado um aumento da entrada de compostos nitrogenados nos ecossistemas, como os gasosos (NO x ) e os solúveis em água (NO 3 -, NH 4 +). Em São Paulo, os remanescentes de Floresta Atlântica podem ser enriquecidos por tais compostos provenientes de fontes de poluição urbanas, industriais e agrícolas, via deposição seca e úmida, sendo estocado em maiores proporções nos compartimentos do ecossistema. Objetivamos nesta pesquisa avaliar as concentrações de N em 3 espécies arbóreas pioneiras e 3 não pioneiras, solo e serapilheira de três remanescentes de Floresta Atlântica, situados em distâncias crescentes da borda do planalto atlântico paulista e expostos teoricamente a diferentes níveis de deposição atmosférica de compostos de N, de origem antrópica. As amostragens foram realizadas no Parque Municipal de Paranapiacaba/PMP, Santo André, Parque Estadual das Fontes do Ipiranga/PEFI, São Paulo e ARIE Mata de Santa Genebra/MSG, Campinas. A deposição de N foi quantificada entre jan. e dez./2015, determinando-se as variações nas concentrações de NO 2 atmosférico, por períodos de 7 dias, de NO 3 - e NH 4 + na deposição úmida, por eventos de chuva e de NO 3 - e NH 4 + na deposição seca, por períodos de quinze dias. O estoque de N total, NO 3 - e NH 4 + nas folhas e no solo de cada floresta foi quantificado no verão e inverno/2015. Foram encontrados valores mais elevados de deposição atmosférica de NO 2 no PEFI (19 µg/m3) do que na região de PMP (13 µg/m3). Obtivemos, no PEFI, valores mais altos de deposição úmida de N (0,054 mmol/l) do que em PMP (0,044 mmol/l) e de deposição seca (0,19 mmol/l) do que em MSG (0,13 mmol/l). As folhas das espécies pioneiras tenderam a acumular mais N total, NO 3 - e NH 4 + do que as das não pioneiras nas 3 florestas. No verão/15, obteve-se, por exemplo, para as pioneiras do PEFI 35,4mgN total/g e 26,9 mgN total/g para as não pioneiras. No solo, encontramos maior quantidade de N total no inverno, quando há redução das chuvas e maior acúmulo de serapilheira no solo, principalmente na região do PEFI. Isto ocorre possivelmente devido à diminuição da decomposição da matéria orgânica, bem como, da lixiviação desse nutriente do solo no inverno. Concluímos que a maior deposição de N na floresta do PEFI, situada na cidade de São Paulo pode ser de origem antrópica, principalmente pela emissão veicular de NO x e material particulado contendo compostos nitrogenados (FAPESP). Keywords: Nitrato, Amônio, Poluentes atmosféricos