BrECO_127 (SABADO) : Plano 48 : 1

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32 Brasil Econômico Sábado, 13 de março, 2010
FINANÇAS
Empresas buscam
reenquadramento
às regras da bolsa
Shopping Cidade Jardim:
um dos empreendimentos
administrados pela JHSF
Na crise, companhias dos três níveis especiais de governança
deixaram de ter 25% das suas ações em circulação no mercado
Vanessa Correia
[email protected]
A BM&FBovespa prorrogou, até
abril de 2011, o prazo para a incorporadora JHSF se enquadrar
ao percentual mínimo de free
float (ações em circulação) exigido às companhias listadas em
níveis diferenciados de governança corporativa. Mas não é só
a JHSF que está desenquadrada.
Outras seis companhias estão
na mesma situação: Banco do
Brasil, Pine, Cruzeiro do Sul, M.
Dias Branco, MPX e Santander.
Mas, dentre as sete empresas,
o Cruzeiro do Sul é quem mais
está com a corda no pescoço. A
instituição financeira, listada no
Nível 1 de governança corporativa, tem até maio deste ano
para se enquadrar. O cenário foi
agravado quando a Comissão de
Valores Mobiliários (CVM) interrompeu a oferta primária e
secundária de ações que o banco queria fazer no início do ano
por problemas contábeis. “Com
a emissão de ações anteriormente anunciada e por ora arquivada, nosso free float ficaria
em torno de 30%”, afirma
Fausto Guimarães, diretor de
relações com investidores (RI)
do Cruzeiro do Sul.
De acordo com ele, o Cruzeiro do Sul solicitou autorização para seu desenquadramento, em função do fato de suas
ações estarem sendo negociadas bem abaixo do valor patrimonial na ocasião da crise: final de 2008, começo de 2009.
Por isso, em março do ano passado, a companhia recomprou
2,94 milhões de ações próprias,
correspondentes a 10% das
ações à época em circulação no
mercado. Com o programa de
recompra, o percentual de
ações em circulação foi reduzido de 21,29%, para 19,16%.
Principal responsável
Os programas de recompra de
ações foram os principais responsáveis pelo desenquadramento das companhias no free
float mínimo. “Algumas com-
“
Não vejo necessidade
de ampliar ou reduzir
esse percentual.
O assunto também
não consta no
processo de revisão
do regulamento do
Novo Mercado, Nível 1
e 2 de governança
corporativa
Luiz Leonardo Cantidiano,
ex-presidente da CVM
panhias que recompraram suas
ações vão usá-las para pagar
bônus aos executivos e outras
optaram por mantê-las em tesouraria para depois cancelálas. Nesse último caso, a companhia está reduzindo a liquidez
de seus papéis no mercado e, de
alguma forma, terá que recolocá-la”, diz Claudia Kodja, diretora da Kodja Informações e Investimentos.
Segundo ela, quando a companhia cancela suas ações, acaba mostrando ao mercado que
não confia no próprio papel. “O
movimento de redução de liquidez é ruim, principalmente para
as ações consideradas small
caps, uma vez que retroage no
que a bolsa brasileira busca em
governança corporativa. Além
disso, prejudica a sensibilidade
do pequeno investidor quanto à
companhia que escolheu para
investir seus recursos”, ressalta.
A diferença entre uma small
cap e uma blue chip estar desenquadrada também é uma
questão relevante para a diretora da Kodja Informações e Investimentos. “O enxugamento
da liquidez não me preocupa em
grandes empresas, porque elas
recompraram barato e saberão
vir a mercado no momento certo. Preocupo-me com as pequenas empresas.”
Mudanças
Há dez anos, quando o Novo
Mercado foi criado, umas das
preocupações era dar liquidez
ao mercado secundário para
manter o mercado primário ativo. “Por isso, foi estabelecido
free float mínimo de 25%”, explica Luiz Leonardo Cantidiano,
ex-presidente da CVM.
Para ele, o percentual não
tem causado problemas ao
mercado. “Não vejo necessidade de ampliar ou reduzir esse
número. O assunto também
não consta no processo de revisão do regulamento do Novo
Mercado, Nível 1 e 2 de governança”, ressalta o sócio-fundador do escritório Motta, Fernandes Rocha Advogados. ■
CORDA NO PESCOÇO
PRÓXIMO
16/5/2010
é o prazo máximo para o banco
9/7/2010
é o prazo máximo para o banco
Cruzeiro do Sul se enquadrar
nos 25% mínimos de free
float exigidos das companhias
listadas no Nível 1.
Pine se enquadrar nos 25%
mínimos de free float exigidos
das companhias listadas no Nível
1, de governança corporativa.
Sábado, 13 de março, 2010 Brasil Econômico 33
Daniel Acker-Bloomberg
Yellen pode ser vice do Federal Reserve
O presidente dos EUA, Barack Obama, planeja nomear Janet Yellen para
o cargo de vice-presidente do Federal Reserve, disse uma fonte próxima
do assunto. Yellen, presidente do Fed de São Francisco desde 2004,
é considerada uma das mais moderadas entre os 12 presidentes
regionais do Fed. Ela tem sido uma forte defensora das políticas de
Ben Bernanke para combater a crise econômica, como a taxa de juro
perto de zero e a expansão maciça do balanço do banco central.
Marcela Beltrão
BB, Santander
e MPX na lista
dos faltosos
A instituição pública foi uma das
primeiras companhias a informar
sua situação ao mercado
Banco do Brasil (BB), MPX e
Santander são as três gigantes
desenquadradas do percentual
mínimo de free float (ações em
circulação) exigido das companhias listadas em níveis diferenciados de governança corporativa. Inclusive o BB foi um
dos primeiros a comunicar sua
situação ao mercado.
Embora tenha até junho de
2011 para se enquadrar à regra,
o banco quer se antecipar ao
prazo. “O Tesouro Nacional e a
BNDESPar estão concluindo
levantamentos para viabilizar
o alcance do percentual mínimo de 25% de ações em circulação, com a venda de pelo
menos 5% das ações que compõem o capital total do banco.
Nesse sentido, considera-se a
realização de uma oferta primária e secundária (sem prazo
definido)”, segundo comunicado enviado ao mercado no
final de janeiro.
BM&FBovespa deu
prazo de 18 meses,
a partir da realização
da assembleia,
para empresas
se enquadrarem
FREE FLOAT
● Companhias listadas no Novo
Mercado, Nível 1 e 2, precisam
ter, no mínimo, 25% das suas
ações em circulação no mercado.
● Para empresas listadas
no Bovespa Mais, exige-se
25% de free float até o sétimo
ano de listagem, ou condições
mínimas de liquidez.
● Para companhias listadas
no nível tradicional da
bolsa brasileira, não há
regra preestabelecida.
Casos excepcionais
“Do ponto de vista da Associação Brasileira das Companhias
Abertas (Abrasca), não consideramos que uma empresa desenquadrada não tenha um
bom nível de governança”, diz
Antônio Castro, presidente da
associação.
Tanto o Santander, quanto a
MPX, de Eike Batista, têm um
prazo de três anos para enquadramento, prorrogáveis por
mais dois anos, mediante apresentação de um plano, a ser
aprovado pela BM&FBovespa.
Enquanto o prazo da MPX termina em dezembro de 2010, o
Santander terá até outubro de
2012 para de enquadrar à regra.
Cenário previsível
ALIMENTOS
ENERGIA
BANCOS
18/10/2010
A M.Dias Branco terá até
13/12/2010
Mediante pedido fundamentado,
6/10/2012
a filial brasileira do Santander
essa data para se enquadrar
ao percentual mínimo de
free float exigido pelo
regulamento do Novo Mercado.
a MPX comprometeu-se
a adequar o free float exigido
das companhias listadas
no Novo Mercado.
possui o maior prazo para
se adequar ao percentual
de ações em circulação exigido
pelo Regulamento do Nível 2.
Em outubro de 2008, a BM&FBovespa emitiu comunicado ao
mercado, concedendo prazo máximo de 18 meses — contados da
data da reunião do conselho de
administração (realizada até 13
de janeiro de 2009) — para as
empresas que tiverem adquirido
ações de sua própria emissão se
enquadrassem no percentual mínimo de ações em circulação. “O
que está acontecendo é que o
prazo está estourando para algumas empresas”, afirma Claudia
Kodja, diretora da Kodja Informações e Investimentos.
Foi o caso da JHSF. A incorporadora tinha até abril deste
ano para se enquadrar à regra.
Em dezembro do ano passado, o
vice-presidente da companhia,
Eduardo Câmara, afirmou em
entrevista concedida ao BRASIL
ECONÔMICO que as saídas para o
impasse eram vender ações dos
controladores, fazer uma nova
emissão de papéis ou até pedir
um prazo maior. ■
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