13/09/2016 Transferência de calor Geração de calor em sólidos 2º. semestre, 2016 Geração de calor em sólidos Diversas aplicações práticas de transferência de calor envolvem a conversão de alguma forma de energia em energia térmica no meio. Dizemos que nesses meios há geração interna de calor, que se manifesta como um aumento de temperatura. Exemplos: Fios de resistência: energia elétrica energia térmica; Reações química exotérmicas em um sólido: energia química energia térmica; Reações nucleares em pastilhas de combustíveis (nucleares): energia nuclear energia térmica; A absorção de radiação por um volume de um meio transparente (como a água), também pode ser considerada como geração de calor no meio. 2 1 13/09/2016 Geração de calor em sólidos A geração de calor, normalmente, é expressa pela unidade de volume do meio (W/m3) e é chamada de q& g . Por exemplo, o calor gerado em um fio elétrico de raio externo ro e comprimento L pode ser expresso como: q& g = E& ger ,elétrico V fio = I 2 Re πro2 L (W/m3) onde I é a corrente elétrica, Re a resistência elétrica do fio e Vfio o volume do fio. Obviamente que a temperatura do meio aumenta durante a geração de calor (devido à absorção do calor gerado no período transiente inicial), aumentando a transferência de calor para a vizinhança. Isso acontece até atingir a condição de regime permanente. 3 Geração de calor em sólidos A temperatura máxima (Tmax) em um sólido com geração de calor uniforme ocorre no ponto mais distante da superfície externa, quando essa é mantida a uma temperatura constante Ts. Ou seja: No plano central de uma parede plana; No eixo central de um cilindro longo; No centro de uma esfera. Nesses casos, a distribuição de temperatura no sólido é simétrica em relação ao eixo de simetria. 4 2 13/09/2016 Geração de calor em sólidos Considere um meio sólido qualquer, com área superficial de As, volume V e condutividade térmica constante, k. Nesse sólido, calor é gerado a uma taxa constante igual a q& g por unidade de volume. O calor é transferido do sólido para o meio vizinho, com temperatura T∞ e com um coeficiente de transferência de calor por convecção igual a h. Em condições de regime permanente, o balanço de energia é dado por: Taxa de transferência de calor do sólido Taxa de geração = de energia do sólido q&entra − q& sai + q& g = 0 q& g = q& sai q& gV = hA( Ts − T∞ ) Desprezando-se a radiação ou incorporando no h combinado q& gV hAs Ts = T∞ + 5 Geração de calor em sólidos Para uma parede plana de espessura 2L: As = 2 Aparede e V = 2 LAparede e Ts , parede plana = T∞ + q& gV hAs = T∞ + q& g 2 LAparede h 2 Aparede = T∞ + q& g L h Para um cilindro longo de raio externo ro: As = 2πro L e V = πro2 L e Ts ,cilindro = T∞ + q& gV hAs = T∞ + q& g πro2 L h 2πro L = T∞ + q& g ro 2h Para uma esfera sólida de raio externo ro: e Ts ,esfera 4 As = 4πro2 e V = πro3 3 q& g 4 πro3 q& gV q& g ro 3 = T∞ + = T∞ + = T∞ + 2 hAs h 4πro 3h 6 3 13/09/2016 Distribuição de temperatura no sólido com geração de calor (condução com geração) Taxa de calor que Taxa de calor que Taxa de geração de − + sai do v.c calor no v.c entra no v.c Taxa de variação da = energia no v.c Equação da condução de calor unidimensional em regime permanente: Caso de uma parede plana de espessura 2L 1 d kdT( x ,t ) A + q& g = 0 A dx dx d 2T dx 2 + q& g k =0 Considerando que a condutividade térmica, k, é constante. 7 Distribuição de temperatura no sólido com geração de calor A solução geral dessa equação é dada por: T (x ) = − q& g 2k x 2 + C1 x + C2 onde C1 e C2 são as constantes de integração. Para o caso analisado, a temperatura em x=-L é T(-L)=T1 e para x=+L é T(+L)=T2, sendo que T1≠T2. − q& g T1 = (− L )2 + C1 (− L ) + C2 2k − q& g T2 = (L )2 + C1 (L ) + C2 2k C1 = q& g 2 T1 + T2 T2 − T1 e C2 = L + 2L 2k 2 Substituindo as constantes na primeira equação, a distribuição de temperaturas fica: T( x ) = q& g 2k T −T T +T ( L2 − x 2 ) + 2 1 x + 1 2 2 2L 8 OBS.: notar que com a geração interna, o fluxo térmico não é mais independente de x. 4 13/09/2016 Distribuição de temperatura no sólido com geração de calor Quando as duas temperaturas forem iguais, x=-L é T(-L)=Ts e para x=+L é T(+L)=Ts, o resultado anterior é simplificado e a distribuição de temperatura é simétrica em relação ao plano central. T( x ) = q& g 2k ( L2 − x 2 ) + Ts 9 Distribuição de temperatura no sólido com geração de calor– temperatura máxima Para o caso de simetria no plano central, por exemplo, um cabo condutor de eletricidade exposto ao ar, a temperatura máxima ocorre no centro do condutor, isso é, em x=0. Substituindo esse valor na equação abaixo: T( x ) = q& g 2k ( L2 − x 2 ) + Ts T ( 0 ) = To = q& g L2 2k + Ts O ∆T máximo, obtido da equação anterior é dado por: ∆Tmax = To − Ts = q& g L2 2k A distribuição de temperaturas no sólido é dado por: T ( x ) − T0 x = Ts − T0 L 2 10 5 13/09/2016 Distribuição de temperatura no sólido com geração de calor– temperatura máxima Para um cilindro: ∆Tmax,cilindro = To − Ts = q& g ro2 4k Para uma esfera: ∆Tmax,esfera = To − Ts = q& g ro2 6k 11 Distribuição de temperatura no sólido com geração de calor – temperatura máxima É importante notar que no plano de simetria da figura abaixo, o gradiente de temperatura é nulo (dT/dx)x=0=0. Dessa forma, não há transferência de calor cruzando esse plano e ele pode ser representado por uma superfície adiabática. Superfície adiabática (dT / dx )x =0 = 0 e q′′ = 0 Ou seja, que a equação de distribuição de temperatura mostrada anteriormente também se aplica em paredes planas onde uma de suas superfícies (x=0) é perfeitamente isolada, enquanto a outra (x=L) é mantida na temperatura fixa de Ts. 12 6 13/09/2016 Distribuição de temperatura no sólido com geração de calor Para usar os resultados anteriores, a temperatura Ts deve ser conhecida. Uma situação comum é aquela onde um fluido circula em contato com superfície, com temperatura T∞ conhecida e Ts desconhecida. Nesse caso: −k dT dx = h(Ts − T∞ ) x=L Substituindo o gradiente de temperatura em x=L: Ts = T∞ + q& g L h Essa mesma equação pode ser obtida aplicando-se um balanço de energia na superfície de controle ao redor da parede, conforme figura acima, onde a energia gerada no interior da parede deve ser igual à taxa de energia que cruza a superfície, por convecção. Assim: E& g = E& sai Para uma superfície de área unitária: q& g L = h(Ts − T∞ ) Ts = T∞ + q& g L 13 h Exemplo 1: Uma parede plana é composta de 2 materiais, A e B. A parede do material A tem geração de calor uniforme de 1,5 x 106 W/m³, kA = 75 W/mK, e espessura de 50 mm. A parede do material B não tem geração de calor com kB = 150 W/mK e espessura de 20 mm. A superfície interna do material é bem isolada e a superfície externa do material B é resfriada por uma corrente de água a 30 ºC e h= 1000 W/m²K. a. Esquematizar a distribuição de temperatura que existe na parede composta em condições de estado permanente; b. Determine a temperatura To da superfície isolada e a temperatura T2 da superfície resfriada. 14 7 13/09/2016 Distribuição de temperatura no sólido com geração de calor – sistemas radiais Caso de um cilindro longo (unidimensional) com geração interna. Considerando que a condutividade térmica, k, é constante. 1 d dT q& g =0 r + r dr dr k Separando as variáveis e supondo geração uniforme, essa expressão pode ser integrada, resultando em: r q& g dT = − r 2 + C1 dr 2k (I) Na segunda integração: Utilizando as condições de contorno: T( r ) = − dT dr - Em r=0, condição de simetria (I): =0 q& g 4k r 2 + C1 ln r + C 2 (II) 0 = 0 + C1 ⇒ C1 = 0 r =0 15 Distribuição de temperatura no sólido com geração de calor – sistemas radiais Utilizando as condições de contorno: - Em r=ro: T(ro)=Ts em (II): Ts = − q& g 4k r 2 + C2 ⇒ C2 = Ts + q& g 4k ro2 Cujo resultado final é: T( r ) = 2 q& g ro r 2 1 − + Ts 4k ro 2 De forma análoga ao caso de paredes planas, para relacionar a temperatura da superfície do cilindro, Ts, com a temperatura do fluido, T∞, q& g πro2 L = h 2πro L (Ts − T∞ ) { 123 V A Ts = T∞ + q& g ro 2h 16 8 13/09/2016 Exemplo 2: Em um reator nuclear, bastões cilíndricos de urânio de 10 mm de diâmetro são usados como combustível e resfriados externamente em água a 20 ºC. Calor é gerado uniformemente nos bastões a uma taxa de 4 x 107 W/m³. Qual é a temperatura da superfície do bastão? Qual é a temperatura em seu centro? Considere o k do material igual a 29,5 W/mK. - Se o coeficiente de transferência de calor convectivo é 500 W/m²K, qual a distribuição de temperatura desde o centro até a superfície? - Onde se localiza a temperatura máxima? Plotar. 17 9