a ilustração e sua influência no desenvolvimento urbano

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A ILUSTRAÇÃO E SUA INFLUÊNCIA NO DESENVOLVIMENTO URBANO
Durante o século XVIII produziu-se na área do Arco Atlântico um importante desenvolvimento económico
vinculado, na maior parte dos casos, ao comércio transatlântico. As cidades iniciaram um processo de
profundas mudanças no seu traçado urbano, marcadas por critérios de raiz ilustrada.
Algumas destas cidades foram cenário da actuação de eminentes ilustrados que marcaram sua trajectória.
Foi o caso de Jovellanos em Gijón, Montesquieu em Bordéus, Adam Smith em Glasgow.
GIJÓN
O desenvolvimento da cidade de Gijón durante a segunda metade do século XVIII e nos inícios do século
seguinte, está estreitamente ligada a uma das figuras essenciais da Ilustração espanhola como foi Gaspar
Melchor de Jovellanos.
As aspirações reformistas do movimento ilustrado encontram-se na figura do político gijonês um de seus
principais representantes. A preocupação pelo desenvolvimento de sua cidade natal, levou-o a impulsionar
importantes iniciativas com a tendência de assegurar seu progresso. Aspectos que ainda hoje se consideram
essenciais para o avanço da sociedade como a formação de seus habitantes ou a melhoria das
comunicações encontram em Jovellanos um de seus principais promotores. Exemplos de sua intensa
actividade são projectos como a Carretera a Castilla, a reforma do porto local, um plano de urbanismo ou a
criação do Real Instituto Asturiano de Náutica y Mineralogía.
Projecto de alargamento urbano: “Plano de melhorias de 1782”. Ao ilustrado gijonês Gaspar Melchor de
Jovellanos, deve-se o importante projecto urbano conhecido como “Plano de melhorias de 1782” que supõe o
desenvolvimento da cidade até ao sul. O plano proposto parte do núcleo antigo da cidade do qual surgem
várias ruas em disposição radial cortadas por outras traçadas de este a oeste. Forma-se assim um conjunto
de quarteirões rectangulares alargados que ainda hoje definem uma importante zona da cidade. O centro da
trama resultante seria a actual Praça do Parchís, num dos lados levanta-se o Instituto Jovellanos. O carácter
de autêntico alargamento deste projecto o corrobora o facto de que nas novas ruas resultantes encontram
sua residência as novas classes pequena-burguesas. Vias tão significativas na cidade como a do Instituto,
Moros ou Corrida, encontram neste plano a configuração que mantêm até aos nossos dias. Testemunho do
desenvolvimento urbano durante a ilustração é a desaparecida “Porta da Vila”, erguida segundo esboços do
arquitecto Manuel Reguera em 1782 e que marcava a entrada da cidade no denominado Caminho Real a
Castela.
Casa Natal de Jovellanos e Capela dos Remédios. O casarão onde nasceu o ilustrado Gaspar Melchor de
Jovellanos converteu-se em museu de belas artes da cidade além de ser um lugar destinado a perpetuar sua
memória. O edifício foi erguido na primeira metade do século XVI sobre uma construção de épocas
anteriores. No entanto, seu aspecto actual é fruto de uma reedificação levada a cabo na década de sessenta
do século XX quando se converteu em museu. No seu interior pode-se fazer um completo percurso pela arte
asturiana dos séculos XIX e XX. Além disso, em duas salas que correspondem às habitações privadas do
ilustrado gijonês, expõem-se objectos, móveis e obras de arte que pertenceram à sua colecção particular.
Uma nutrida biblioteca e um centro de documentação completam os serviços que o museu oferece.
Centro de Cultura Antiguo Instituto Jovellanos. A actual sede da Fundação Municipal de Cultura,
Educación y Universidad Popular da Câmara Municipal de Gijón albergou nas suas origens o Real Instituto
Asturiano de Náutica y Mineralogía. A origem da instituição responde ao ideal ilustrado de promover o ensino
público como motor fundamental para o desenvolvimento da sociedade. O Instituto foi criado por Jovellanos
com a ideia de formar técnicos para a exploração das minas de carvão asturianas e pilotos para o
desenvolvimento do transporte marítimo. Inaugurado em 1794 num edifício próximo da casa natal do
ilustrado gijonês, pronto se comprovou que o espaço proporcionado por este imóvel era insuficiente. Assim,
em 1796, Jovellanos encarrega o projecto de um edifício exnovo a Ramón Durán que nunca chegará a
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materializar-se devido ao falecimento do arquitecto. Poucos anos depois será o autor do edifício que alberga
o Museo del Prado, Juan de Villanueva, o encarregado de elaborar um novo projecto sob a estreita
supervisão de Jovellanos. O projecto de Villanueva não se chegaria a completar devido a problemas
financeiros, realizando-se unicamente a cimentação e a planta baixa. Após um largo período no qual o
edifício contava com uma só planta encarrega-se um projecto de ampliação ao arquitecto Ricardo Marcos
Bausá que entre 1885 e 1887 acrescenta as duas plantas que conferem ao edifício seu aspecto actual. Entre
1990 e 1994, o Instituto é submetido a um profundo projecto de reabilitação com o propósito de o converter
num centro cultural, função que cumpre actualmente. Seu interior alberga duas salas de exposições, salão de
actos, aulas e oficinas da Fundación Municipal de Cultura, Educación y Universidad Popular.
AVILÉS
Os Canapés e a Fonte do Rivero. Exemplo de urbanismo ilustrado. A preocupação ilustrada pela
melhoria das comunicações dada a crescente actividade comercial desta vila desembocaria no início do
denominado Caminho a Oviedo. Este projecto tentava evitar a margenisação de Avilés com respeito a outras
cidades portuárias como Gijón. Testemunho de um dos primeiros troços desta via são uns monumentais
assentos de pedra conhecidos como os “Canapés”, projectados pelo escultor e arquitecto José Bernardo de
la Meana, encarregue também do traçado de um dos troços do caminho que foi rematado em 1783. Foi no
entanto Francisco Pruneda quem rematou as obras acrescentando um motivo ornamental como a Fonte do
Rivero à então entrada da Vila.
SANTIAGO DE COMPOSTELA
À renovação dos principais monumentos da cidade na época barroca, seguiu-lhe no último terço do século
XVIII, um conjunto de medidas que, recolhidas nas Ordenanças de Polícia Urbana de 1780, possibilitaram a
reforma da fachada urbana da cidade. O resultado define a actual fisionomia compostelana marcada pelas
fachadas de pedra ou as características galerias.
Palácio de Raxoi. Situado na praça do Obradoiro. Edifício de estilo neoclássico levantado em 1766 sob o
mandato do arcebispo Bartolomé de Raxoi, sobre o solar da antiga prisão. É Casa Consistorial e sede da
Presidência da Junta.
Deve-se ao engenheiro militar francês Carlos Lemour, que segue as directrizes estéticas da Academia de
Paris. As colunas gigantes, jónicas neste caso, convertem-se em recorrentes motivos para uma fachada
compacta, que é também ligeira.
Palácio do Marquês de Santa Cruz. Supõe um dos resultados da política de renovação urbana durante o
período ilustrado. Este sóbrio palácio apresenta uma simples fachada de pedra com vãos em disposição
regular, rematando seu corpo central com um frontão triangular.
Edifício da Universidade (Faculdade de História). O novo edifício da universidade construiu-se no solar
que ocupava o antigo colégio dos Padres Jesuítas. A obra, de grandes dimensões, levantou-se entre os anos
1771 e 1796. Sua fachada apresenta um grande corpo central articulado por colunas de ordem gigante que
se comunica com a praça à qual se abre mediante uma escalinata. Na decoração elimina-se qualquer
referência religiosa para representar o triunfo da ciência sobre o obscurantismo.
Igrejas de São Benito do Campo. Santa Maria do Caminho e Capela das Ánimas. São Miguel dos
Agros. A arquitectura religiosa deixa também durante a ilustração bons exemplos na cidade. Trata-se de um
conjunto de templos de fachadas simples enquadradas por colunas ou pilastras, com porta de acesso com
arco abatido e rematadas na maioria dos casos com frontão triangular.
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JEREZ DE LA FRONTERA.
A cidade experimentou durante o século XVIII um importante desenvolvimento demográfico e económico. As
ideias ilustradas foram difundidas graças à criação da Sociedade Económica de Amigos do País, promovida
por Miguel M. Panes Gonzalez de Quijano, marquês de Villa-Panes. Esta instituição tratou de levar a cabo
alguns projectos para a cidade: a industrialização de sua agricultura, navegação do rio Guadalete, criação de
um grande porto, melhoria das comunicações e instauração de centros de formação para a educação de
seus cidadãos.
Arquitectura civil. Durante o século XVIII constroem-se e transformam-se os palácios urbanos da
aristocracia e de uma burguesia enriquecida pelo comércio de seus vinhos. O Palácio de Camporreal é o
mais próximo dos pressupostos classicistas com uma sóbria fachada de vãos em disposição regular. Outros
palácios como o de Domecq ou a Casa de Pérez-Luna incorporam todavia elementos de estética barroca.
FARO
A cidade sofre um devastador terramoto em 1755 após o qual se sucede toda uma série de necessárias
reformas. A reconstrução de alguns de seus principais edifícios faz-se em estilo neoclássico e acompanhase, em algum caso, com transformações do traçado urbano. A cidade está marcada na passagem entre o
século XVIII e o século XIX, pelo mecenato do bispo do Algarve D. Francisco Gomes de Avelar, promotor de
muitas das reformas realizadas, cuja realização encarrega ao arquitecto genovês Francisco Javier Fabri.
Arco da Vila. Esta porta monumental levantada em 1812 é um dos projectos do arquitecto Fabri. Aberta
sobre uma das portas da cerca medieval supôs também uma importante reforma do traçado urbano ao abrirse frente à mesma uma das mais importantes praças da cidade. Magnífico exemplo de arquitectura
neoclássica apresenta um grande arco central sobre o qual se dispõe uma cavidade que alberga a imagem
de São Tomás de Aquino.
Igreja de Estoi e Eremita de São Luís. Ambas as construções haviam sofrido importantes deteriorações
durante o terramoto de 1755. Seria novamente o arquitecto Fabri a encarregar-se de sua reedificação. No
caso de Estoi o projectista, embora respeitasse em grande medida a construção primitiva, edifica uma nova
fachada em estilo neoclássico enquadrada por pilastras lisas e rematada por um sóbrio frontão triangular.
Igreja de São Francisco. Este templo foi fundado a finais do século XVII embora seu aspecto actual se deva
em grande medida a toda uma série de reformas efectuadas a meados do século seguinte. Estas reformas
não afectaram a decoração do interior, provenientes em grande medida do barroco, mas sim ao exterior onde
destaca novamente a racionalidade na composição de seus principais elementos.
BORDÉUS
Bordéus inicia um período de extraordinária prosperidade económica a partir de 1715. A abertura ao
comércio internacional e o tráfico com as colónias, fazem de seu porto um dos primeiros de França.
Empreendem-se grandes construções destinadas a responder a novas necessidades económicas,
administrativas e religiosas. Além disso, inicia-se um processo de modernização da cidade com a criação de
novos passeios públicos, avenidas, zonas arvoradas e praças com fachadas sujeitas a normativas. Os quais
situados à margem do rio Garona se transformam e a cidade estende-se até ao bairro neoclássico dos
Grandes Hommes. Desta forma nasce o palácio Rohan, o Grande Théâtre ou a Place Royale e o estilo
neoclássico determina a arquitectura da nova fachada urbana aberta ao rio. Desenvolvem-se importantes
conjuntos de edifícios como os das praças da Bolsa e do Parlamento, além de novas tramas urbanas como a
gerada pela Praça de Borgonha e o já citado bairro dos “Grandes Homens”.
Praça da Bolsa. Antiga Praça Real construída entre 1729 e 1755 e dedicada ao rei Luís XV. É obra dos
arquitectos reais Jacques e Ange-Jacques Gabriel. A planificação desta praça foi determinante na nova
organização da cidade até esse momento desenvolvida de costas para o rio. As construções que a
enquadram magnificamente alinhados sobre os cais do rio Garona. A praça está configurada por dois
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edifícios gémeos e enfrentados, um destinado à alfândega e outro à bolsa. No centro situava-se uma estátua
equestre de Luís XV, obra de Lemoyne, que foi substituída em 1865 pela Fonte das Três Graças.
Praça do Parlamento. Antiga praça do Mercado Real (até 1760). A arquitectura dos imóveis que formam
esta praça responde a uma tipologia que está presente nos edifícios de Bordéus da primeira metade do
século XVIII (1740-1770). A praça está formada por troços de edifícios com pórtico, coroados mediante uma
balaustrada. As fachadas apresentam uma profusa decoração formada por motivos vegetais e carrancas
além das balaustradas de ferro forjado. A fonte que a adorna é neorenascentista (1865).
Porta de Borgonha. Uma das entradas de gala de Bordéus no século XVIII que constituía o prolongamento
da via que entrava pelo Pont de Pierre. Foi projectada pelos arquitectos Ange-Jacques Gabriel e Nicolas
Portier. O ordenamento neoclássico da praça Bir-Hakein, onde está encravada, antiga Praça de Borgonha,
apenas mudou. O monumento consiste num arco de triunfo de um vão, articulado com quatro pilastras sobre
as quais descansa um friso dórico.
Pont de Pierre. Foi mandado construir por Napoleão sobre o rio Garona entre 1810 e 1822. É obra do
engenheiro Claude Deschamps, e consta de 16 arcos. A dificuldade deste projecto deveu-se à largura do rio
(500 m.) e ao chão arenoso e de pouca consistência, pela acção das fortes marés. Iria permitir unir o centro
da cidade com o bairro da Bastida na margem direita. Permaneceu como única ponte de Bordéus até 1965.
Bairro dos Grandes Homens. Conhecido também como Triangle está dedicado aos ilustrados Voltaire,
Rousseau e Montesquieu. Seu urbanismo remonta aos anos da Revolução Francesa (1792-1797). O espaço
configura-se a partir de uma praça circular de onde saem dois eixos. Exemplos de edifícios singulares
construídos nestes anos são a casa Meyer (1796) e o Théâtre Français (1800) do arquitecto Dufart.
Praça Gambetta. É um exemplo do desenvolvimento urbano da cidade no século XVIII. Sua construção foi
projectada pelo intendente Louis-Urbain Aubert, marquês de Tourny, que também foi arquitecto das casas
que configuram a praça. À mesma acede-se através de uma porta monumental denominada Porta de
Dijeaux. As seis primeiras casas foram terminadas em 1748 e o resto dos imóveis construíram-se a seguir.
Foi concluída em 1770 sob a denominação de Praça Dauphine.
Allées de Tourny. Projecto urbano promovido pelo intendente Marquês de Tourny. É uma grande avenida
arvorada que se inicia no Grande Teatro e finaliza na Praça de Tourny.
Câmara Municipal. Palácio Rohan. Sede da Câmara Municipal desde 1837, o palácio arcebispal conhecido
como palácio Rohan foi construído entre 1772 e 1778 pelo arquitecto Richard François Bonfin, para o
arcebispo Ferdinand Maximilian Mériadeck. Os prelados no s. XVIII regiam-se como promotores e urbanistas
desempenhando um importante papel na transformação da fisionomia da cidade. O edifício foi concebido
segundo o modelo de palácio urbano, entre pátio e jardim.
O Grand Théâtre (1773-1780) Construído pelo arquitecto Victor Louis sobre o lugar onde se encontrava um
monumento da época galo-romana: “Les Piliers de Tutelle”. É desde sua inauguração, o centro da vida
artística de Bordéus. Está concebido como um monumental templo clássico com um pórtico formado por 12
colunas coríntias. O ático remata-se com 12 estátuas; nove representam as musas e três as deusas Juno,
Venus e Minerva. O teatro levanta-se na Praça da Comedia, conjunto urbanístico projectado pelo mesmo
arquitecto, e formado por imóveis de estilo clássico como o Grande Hotel.
Templo des Chartrons. Um dos mais bonitos templos neoclássicos de França. É obra do arquitecto bordalês
Arnaud Corcelle. Uma significativa comunidade de protestantes implantada neste bairro tornou necessária a
construção de um lugar de culto na primeira metade do século XVIII. O templo de Chartrons inaugura-se em
Março de 1835 no lugar onde se encontrava um edifício mais antigo.
Além dos espaços e edifícios singulares citados constrói-se, por parte de uma próspera burguesia, um
importante número de menções. Bons exemplos são: Casa Leberthon (1740), Casa Saige (1774), Casa Rolly
(1780), Casa Aquart (1785) Casa Mayer (1795).
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RENNES
Depois do grave incêndio de 1720 que destruiu 33 ruas da cidade, o centro foi reconstruído. Os encarregados
deste trabalho foram o arquitecto Jacques-Jules Gabriel (1667-1742) que sucedeu ao engenheiro Isaac
Robelín. Criou-se uma nova tipologia urbana formada por edifícios sobre módulos de pórticos de granito,
duas plantas superiores de pedra tufo cobertas por uma mansarda. Além disso, dotou-se a cidade de duas
praças reais personalizadas com as estátuas de Luís XIV e Luís XV, que constituem um exemplo de
urbanismo ilustrado.
Praça Real da Câmara Municipal. Após o incêndio que destruiu o centro da cidade em 1720, Jacques V.
Gabriel desenhou um espaço (1734-1742) “construído para a imortalidade”: no centro a estátua de Luís XV e
a torre do relógio, e a norte o tribunal de justiça e a sul a câmara municipal. A estátua, fundida durante a
revolução, é substituída pelo grupo da duquesa Ana de Bretanha e o rei de França e destruída de novo por
independentistas bretões em 1932. O teatro e os edifícios que o franqueiam são obra de Millerdet.
Praça Real do Parlamento. Bretanha, anexada à França em 1532, possui um parlamento com dupla função
jurídica e política. Foi edificado no século XVII, pelo arquitecto G. Gaultier, sobre a praça de Saint-François,
rodeado de casas de madeira. Após o incêndio de 1720, Gabriel dotou-o de uma elegante praça onde se
levanta uma estátua de Luís XV, construindo-se em volta imóveis de granito nos pórticos, pedra tufo nos dois
pisos e mansarda.
Teatro - L’Opéra. É um dos escassos exemplos de teatro neoclássico que chegou até aos nossos dias. Foi
projectado por Charles Millardet, jovem arquitecto da cidade. Inaugurado em Março de 1836, o edifício
desconcertou seus contemporâneos.
Construído em pedra branca, é de grande simplicidade de linhas, com peristilo em rotunda. A originalidade do
edifício é preciso procurá-la também na sua inserção num vasto projecto imobiliário que compreendia
habitações e galerias comerciais protegidas por uma cristalização metálica.
Catedral de Saint-Pierre. Teve início em 1560 sendo concluído em 1705; 83 anos mais tarde os arquitectos
Cruzy e Bidet, de Nantes e Rennes, desenharam no século XVIII um novo edifício de planta basilical. Sua
fachada neoclássica com duas elevadas torres, tem cinco pisos de colunas com capitéis jónicos e as armas
do rei Sol no remate do corpo central. O interior contém uma rica decoração de estuque e ouro.
Basílica de Saint-Savoir. Está situada na união da antiga vila com a cidade reconstruída depois do incêndio
de 1720. O edifício, que se iniciou em 1703, foi rematado em 1765 por Fr. A. Forestier, autor da sóbria
fachada neoclássica. Construída em granito, apresenta o corpo central mais alto e rematado em frontão,
pilastras emparelhadas e simples friso na divisão dos dois pisos. No seu interior contém um ex-voto do
incêndio do século XVIII e um mobiliário destacável: baldaquino, púlpito, fontes baptismais e órgãos dos
séculos XVII e XVIII.
Octroi (alfândega). Situada no nº 1 da rua Louis-Guillou foi projectada pelo arquitecto nantês Cruzy, que
também havia trabalhado na Catedral de Saint-Pierre. Lateralmente bordeada por uma pilastra, a porta de
entrada está rematada por um frontão triangular. Situados nas entradas das cidades, os despachos d´octroi
encarregavam-se de cobrar os impostos aos comerciantes.
NANTES
Durante o século XVIII, a cidade de Nantes experimenta um grande desenvolvimento ao se converter no
primeiro porto francês. Sua prosperidade radica principalmente no comércio com África e as Antilhas. Desde
seu porto partiam os barcos encarregados do tráfico de escravos que conduziam a território americano do
qual logo regressavam com produtos alimentícios como açúcar ou café. Esta riqueza trouxe consigo um
importante crescimento urbano que dotou a cidade de novos bairros como Graslin ou a Ilha Feydeau.
Protagonista destas reformas foi o arquitecto Mathwin Crucy (1749-1826), que estudou na Academia Real de
Arquitectura e que introduziu em Nantes o estilo neoclássico. A ele se deve o traçado geométrico da cidade
nova. Sua actividade urbanística está muito associada com a do promotor J.J.Louis Graslin que adquire
terrenos no oeste de Nantes e os converte na zona de alargamento.
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Praça Real. Projecto urbano que conecta a cidade antiga com o novo bairro Graslin. Constitui um bom
exemplo das exigências da ilustração tanto por seu rigoroso traçado geométrico como porque supõe uma
zona de abertura para o centro antigo da cidade.
Praça Graslin. A praça e o teatro Graslin foram os projectos que melhor definem o trabalho do arquitecto
Crucy em Nantes. A praça apresenta um traçado em hemiciclo presidido pela escada monumental que
conduz à entrada principal do teatro. A unidade do conjunto reforça-se pelo desenho classicista das
fachadas. O teatro que foi inaugurado em 1788 consta de um pórtico com oito colunas rematadas com figuras
de musas.
Ilha Feydeau. É um bairro criado graças à riqueza comercial do século XVIII após a conquista das Antilhas e
o desenvolvimento do tráfico comercial. Era ali que os armadores mais ricos construíam suas mansões
desenhadas por arquitectos de estilo neoclássico. Trata-se de um conjunto de vinte e quatro imóveis com
fachadas idênticas adornadas com mascarões e balaustradas de ferro forjado.
GLASGOW
Durante o último terço do século XVIII e início do século XIX, a cidade converte-se num importante centro
industrial. O desenvolvimento da indústria têxtil e, sobretudo, do mercado do tabaco com América do Norte,
trouxe consigo um importante desenvolvimento urbano. Criam-se novos bairros como Merchant City onde se
desenvolve uma arquitectura de origem classicista que constituiu um dos rasgos distintivos da cidade até aos
nossos dias.
Bairro de Merchant City. Neste histórico bairro da cidade, estabeleceram suas residências e também suas
indústrias, os proprietários das novas fortunas surgidas com o desenvolvimento do mercado do tabaco com
Estados Unidos. Grandes arquitectos do classicismo escocês como David Hamilton ou Robert Adam
projectam nesta zona importantes edifícios alguns dos quais continuam de pé até aos nossos dias. O bairro
sofre um prolongado processo de degradação urbana durante o século XX, que começa a regredir na
passada década de oitenta com a recuperação de alguns edifícios e o estabelecimento de novos negócios.
Royal Exchange. O edifício foi construído para uma das mais importantes corporações de importadores de
tabaco. A monumentalidade do edifício determina o espaço urbano que o circunda gerando em sua frente
uma das mais importantes praças da cidade. O projecto foi encarregado ao arquitecto David Hamilton que o
culmina em 1827. A frente organiza-se à maneira de um templo grego com um esplêndido pórtico rematado
em frontão circular atrás do qual sobressai uma esbelta lanterna. Após ter passado por diferentes usos, o
edifício alberga actualmente a galeria de arte moderna da cidade.
Royal Bank. Este edifício foi desenhado pelo arquitecto Archibald Elliot em 1927 seguindo pressupostos
estritamente classicistas. Sua localização junto ao edifício do Royal Exghange confere à praça onde se
levantam um aspecto unitário. Actualmente alberga uma das maiores livrarias da cidade.
Hutchensons Hall. Outro dos edifícios desenhados por David Hamilton, foi erguido em 1802 no final de uma
das ruas mais largas do bairro, gozando assim de uma esplêndida perspectiva. Construído como hospital de
caridade, alberga actualmente a sede do Nacional Trust For Scotland.
Trades House. O edifício foi construído entre 1791 e 1794 seguindo o projecto de Robert Adams, um dos
arquitectos classicistas mais importantes de Escócia. Sua função era acolher as corporações de
comerciantes mais importantes da cidade, destino que continua a manter actualmente. À semelhança de
outros edifícios da cidade a visão do edifício está favorecida por estar edificada no final da perspectiva
oferecida pela rua Garth.
Tobacco Merchants House. Este pequeno edifício é a única casa da corporação de comerciantes de tabaco
que todavia se conserva no bairro de Merchant City. De sóbrio classicismo foi desenhado pelo arquitecto
John Craig em 1775. O edifício foi totalmente restaurado em 1995.
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Igreja de St. Georges Tron. Como exemplo de arquitectura religiosa na época da ilustração destacamos
esta igreja rematada em 1802 seguindo planos do arquitecto William Stark. O templo apresenta uma fachada
dividida em três ruas por colunas de ordem dórica. Sobre a rua central eleva-se uma grande torre de
influência barroca.
Grecian Justiciary Courts. O arquitecto William Stark é também o autor deste edifício que, embora fosse
reconstruído a inícios do século XX, todavia conserva grande parte de seu aspecto original. Construído entre
os anos 1809 e 1814, o classicismo desta obra evidencia-se no corpo central de sua fachada que adopta a
forma de um pórtico de ordem dórico.
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