AMBIENTE E LAZER: análise da percepção ambiental dos

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AMBIENTE E LAZER: análise da percepção ambiental dos freqüentadores da praia
ponta d’areia em São Luís-MA
Josélio Oliveira de AMORIM (UFMA/LEBAC/GEOTEC)
[email protected]
Márcia Talídia Ferreira RODRIGUES (UFMA/PIBID)
[email protected]
Francisco Afonso CAVALCANTI JÚNIOR (UFMA/LEBAC)
[email protected]
Prof. Ms.Marcelino Silva FARIAS FILHO (DEGEO-UFMA/LEBAC/LABOCART)
[email protected]
1 INTRODUÇÃO
A percepção é mais um conceito da Psicologia que possui diferentes considerações, a
depender da abordagem critica que se pretende fazer (Visconti, 2010). Para a maioria dos
profissionais dessa área, a percepção diz respeito ao processo através do qual os objetos,
pessoas, situações ou acontecimentos reais se tornam conscientes. É através da percepção
que o ser humano conhece o mundo à sua volta de forma total e complexa.
Já a percepção ambiental, segundo Teramussi (2008), busca entender os fatores,
mecanismos e processos que levam as pessoas a terem determinadas opiniões e atitudes em
relação ao meio no qual estão inseridas. Em síntese, é reflexo da relação que um determinado
individuo tem com o ambiente em que vive, é o estudo de como se sente, pensa e age alguém
na paisagem vivida por ele.Quando aplicado a ambientes litorâneos, o conceito de percepção
ambiental torna-se extremamente útil tanto na compreensão da dinâmica desses ambientes,
quanto na redução de problemas ambientais que compõem a realidade do litoral brasileiro.
O Brasil possui um extenso litoral que vai do Amapá ao Rio Grande do Sul, que
concentra grande parte da população do nosso país. O Maranhão possui o segundo maior
litoral do Brasil, com grandes belezas naturais em sua costa, a exemplo dos Lençóis
Maranhenses e também de belas praias, onde a relação do homem com o meio ambiente a
partir da percepção ambiental é notada de várias formas.
E é a Praia Ponta D’areia em São Luis, o nosso objeto de estudo, que fica a 4km do
centro da cidade, possui impactos ambientais a exemplo de esgotos in natura e a falta de
sensibilidade de muitos banhistas que sujam o local,também a área de estudo não possui a
atenção devida do poder público,pois a estrutura do local no que se refere a
Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3
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calçadas,banheiros e lixeiros é praticamente danificada ou inexistente e com relação aos
fenômenos naturais,a maré de sizígia sempre traz preocupação.O local de estudo é cercado
por edifícios, hotéis, restaurantes no entorno, por estar localizada em área nobre da capital
maranhense.
Nesse sentido o trabalho em questão analisa a percepção ambiental dos
freqüentadores, turistas e comerciantes da Praia Ponta D’areia e investiga o nível de
informação dos entrevistados sobre o meio ambiente, identificando o tipo de poluição
presente na área de estudo e ter conhecimento sobre o grau de informação dos usuários
sobre a poluição existente na área.
2 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
Segundo Feitosa & Trovão (2006), o golfão maranhense situa-se ao norte do Estado
e ocupa a porção central da zona costeira, separando o litoral ocidental e o litoral oriental.
Como principal unidade física do golfão, a Ilha do Maranhão é ocupada por quatro
municípios: São José de Ribamar, Raposa, Paço do Lumiar e São Luis, onde está localizada a
nossa área de estudo, a praia Ponta D’areia que fica ao norte da sede municipal de São Luís
(Figura 01).
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Figura 01: Localização da praia Ponta D’areia
Fonte: IBGE, adaptado por Rodrigues (2010)
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3 METODOLOGIA
A pesquisa fundamentou-se no método fenomenológico com abordagem qualitativa,
enfatizando a percepção ambiental. Após a delimitação da área de estudo, foi feito o
levantamento bibliográfico na biblioteca setorial do curso de Geografia, conhecida como
Núcleo de Documentação e Pesquisa em Estudos Geógraficos (NDPEG), na biblioteca do
laboratório de hidrologia da UFMA (LABOHIDRO) e na Biblioteca Central da Universidade
Federal do Maranhão.
Outros procedimentos utilizados envolveram ainda a formulação e aplicação de
questionários para coletar informações acerca da área.
Os trabalhos de campo consistiram em aplicação de questionário a freqüentadores,
turistas e proprietários de estabelecimentos comerciais. Foram realizadas entrevistas formais
com a aplicação de 100 (cem) questionários e observações da paisagem, especialmente
sobre aspectos ambientais.
Visando conhecer os problemas vivenciados pelos freqüentadores, turistas e
comerciantes, o registro fotográfico foi um importante procedimento utilizado para melhor
compreensão e posterior análise das formas de comportamento de quem freqüenta o local, no
que tange à utilização do ambiente da Praia Ponta d’Areia como espaço de lazer.
4 RESULTADOS
4.1 Ocupações, poluição, fenômenos naturais e percepção ambiental dos
freqüentadores da praia ponta d’areia.
Os ambientes litorâneos sofrem muitas mudanças e estas são ocasionadas tanto pelo
homem como pela dinâmica própria da natureza.
Segundo Drew (1998 p. 128),
“...As costas do mundo inteiro são focos de povoamento humano.
De toda a população mundial, vivem junto do mar, metade das
cidades do mundo com mais de 1 milhão de habitantes está a
beira-mar. Dessa forma, a pressão sobre a zona litorânea é grande,
enquanto se generalizam as alterações que visam beneficiar o ser
humano.”
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O bairro da Ponta D’Areia surgiu como uma área destinada a acomodar pescadores,
evoluindo com o passar dos tempos até obter a atual configuração espacial (Costa, et al,
2007), onde hoje, na praia Ponta D’areia, fica o bairro de classe alta de mesmo nome, que
surgiu à beira da praia e que modificou muito a área, onde houve retirada de vegetação e de
dunas, para no lugar desta paisagem natural se construir prédios residenciais, com grande
valor imobiliário. (Figura 02)
Figura 02: Prédios residenciais a beira da praia, bairro Ponta D’areia
Todo esgoto da região é lançado na praia, (Figura 03) e mesmo com esse impacto
ambiental, muitos freqüentadores ainda se arriscam a banhar no local, comprometendo assim
a própria saúde. E esse tipo de impacto infelizmente é comum nas praias de São Luis que
sofrem com problemas de planejamento e mau uso do solo visível ao longo das praias
ludovicenses que sofrem com alto índice de poluição. (SOUZA, 2009).
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Figura 03: Lançamento de esgoto na praia ponta d’areia
Fazendo-se uma análise sobre os freqüentadores da área, logo após a tabulação dos
questionários, foram feitas várias perguntas para se ter uma idéia de como anda o grau de
conhecimento dessas pessoas sobre meio ambiente e sobre a percepção ambiental daqueles
que freqüentam o local, onde essa pesquisa foi realizada entre Dezembro de 2009 e Maio de
2010.
Foi perguntado se “Em relação ao meio ambiente, eles se consideram informados
sobre o assunto” e a grande maioria (50%) disse que não, seguidos de 38 % que se diziam
informados (Gráfico 01). Mas no momento em que se foi perguntado o que eles entendiam
por meio ambiente, a maioria não sabia evidenciar um conceito básico sobre tal assunto.
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Gráfico 01: Grau de conhecimento sobre meio ambiente
A grande maioria dos freqüentadores da praia não toma banho por terem
conhecimento que a água é poluída. Indagados sobre os principais problemas de estrutura na
praia, grande parte das pessoas questionadas (59%) afirmaram a falta de banheiros, e 29% a
falta de lixeiros os principais problemas, (Gráfico 02) o que realmente pode ser constatado no
local, onde muitos dos proprietários de estabelecimentos, a exemplo de bares, jogam resíduos
sólidos á beira do calçadão da praia, ato que também é feito por muitos freqüentadores do
local, onde ao longo da linha de costa, é percebida a sujeira.
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Gráfico 02: Principais problemas estruturais na praia
A região da praia ainda é um grande ponto turístico da capital maranhense, mas se
encontra ameaçada devido a grandes problemas de poluição existentes que são visíveis e o
reflexo disso está no número de freqüentadores (Figura 04) da praia que ano após ano tem
reduzido consideravelmente. Percebemos isso quando Tonissi (2005 p.41) afirma que,
“ As mudanças ocorridas nas sociedades ocidentais,
urbano-industriais, denotam a perda em várias dimensões da
qualidade de vida em todas as suas formas. As áreas naturais que
compõem a paisagem das cidades representam uma dessas
dimensões, tendo sido sensivelmente modificadas pelas relações da
sociedade com o ambiente natural.”
Figura 04: Frequentadores da Praia Ponta D’areia
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Grande parte dos freqüentadores consideram que os maiores responsáveis pela
poluição da praia são eles mesmos e um grande problema ambiental para eles é o esgoto in
natura jogado ao mar (Gráfico 03). Já sobre a responsabilidade pela qualidade ambiental da
praia, para a maior parte dos entrevistados é tanto do poder público como dos
freqüentadores.
Gráfico 03: Grande problema ambiental da área
Não bastasse esses impactos causados pelo homem ainda existem os fenômenos
naturais onde a maré de sizígia na região no mês de Março de 2010 atingiu o seu pico que foi
de 6,7 metros de altura (Fonte: imirante.com). Muitos dos estabelecimentos daquela área
possuem alicerces,o que se torna em vão, pois devido ao fenômeno natural, a maré acaba
destruindo construções ao longo da linha de costa,o que desperta preocupação dos
comerciantes.
Devido a este fenômeno, o governo do Estado anunciou a construção de um espigão
na região (Figura 05), com o objetivo de solucionar os problemas, acima mencionados, a
exemplo, erosão da praia que ocorre devido à força das marés. Esse espigão impedirá que os
sedimentos da Ponta D’areia seja carregado pela correnteza até o canal de navegação,
voltando a se acumular na faixa de praia e ao longo do espigão.
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Figura 05: simulação do espigão logo após construído
Fonte : imirante.com (2010)
A praia da Ponta D’areia sofre sérios problemas como vimos ao decorrer do
trabalho, onde a falta de políticas públicas ainda é um grande problema, pois o Maranhão
com o segundo maior litoral do país sofre sérios problemas ambientais, que são passados
despercebidos tanto pelo governos estadual e municipal como também pela própria
população que muitas das vezes não tem uma consciência ambiental formada. Esta área de
São Luís onde se localiza o a praia em estudo tende a saturar devido a grande especulação
imobiliária que ao decorrer dos anos tem aumento e isso mostra o quão grande será o
agravamento dos impactos antrópicos se nenhuma providência for realizada com urgência.
O estudo da percepção dos freqüentadores sobre a praia ponta d’areia mostrou que
a relação das pessoas que vão ao local com a paisagem natural da área ainda é muito grande,
principalmente com quem não mora no local,que se desloca de vários pontos da cidade e até
de municípios vizinhos para desfrutar do ambiente como forma de entretenimento, apesar da
degradação que é visível naquele lugar.
A degradação ambiental não é simplesmente proveniente da fragilidade natural dos
diferentes elementos que compõem a paisagem, mais também da má utilização do espaço
pelo homem. (TELES et al, 2009).
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REFERÊNCIAS
COSTA, Francisco Wendell Dias Costa et. al. O Crescimento Urbano e os Impactos
Socioambientais no Município de São Luis-MA: o caso da Ponta D’areia-São
Luís/MA/BRASIL. XII Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada. Natal-RN, 2008.
DREW, David. Processos Interativos Homem-Meio Ambiente. Editora DIFEL: São
Paulo, 1986, p. 128.
FEITOSA, Antonio Cordeiro; TROVÃO, José Ribamar. Atlas do Maranhão: Espaço
Geo-Histórico e Cultural. Editora Grafset: João Pessoa, 2006.
SOUZA, Jefferson Bruno Costa et al. Percepção Ambiental na Praia de Boa Viagem,
São José de Ribamar, Maranhão. XIII Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada.
Viçosa-MG, 2009.
TONISSI, Rosa Maria Tóro. Percepção e caracterização ambientais da área verde da
microbacia do córrego da água quente (São Carlos,SP) como etapas de um processo
de educação ambiental.(Tese de Doutorado em em Ciências da Engenharia Ambiental da
USP). São Carlos,2005.
TERAMUSSI, Thais Moreto. Percepção Ambiental de estudantes sobre o Parque
Ecológico do Tietê, São Paulo-SP.(Dissertação de Pós-Graduação em Ciência Ambiental
da USP). São Paulo, 2008.
TELES, Thiago Sousa et al. Percepção Ambiental dos Frequentadores das Praias do
Olho D’água e Araçagi, Ilha do Maranhão-MA. XIII Simpósio Brasileiro de Geografia
Física Aplicada. Viçosa-MG, 2009.
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PERCEPÇÃO. Em: www.psicologia.com/percepcao. Acesso em: 26/02/2010.
_______________. Em http://imirante.globo.com/noticias/pagina233597.shtml. Acesso em:
02/03/2010.
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