Simone Cristina de Oliveira Silva

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PROCESSOS MORFODINÂMICOS NA PRAIA DA PONTA D’AREIA: USO DE
ESPAÇOS LITORÂNEOS E IMPACTOS AMBIENTAIS
Simone Cristina de Oliveira Silva, mestranda em Geografia-UFC [email protected]
Profª Drª Vanda Carneiro de Claudino Sales, UFC [email protected]
INTRODUÇÃO
Os espaços costeiros estão cada vez mais valorizados, seja para fins turísticos ou mesmo de
moradia. Nos países em desenvolvimento nota-se uma intensificação cada vez maior na
ocupação da referida área, o que traz consigo fatores que podem interferir na dinâmica natural
desta. O Brasil é um país com uma vasta zona costeira, tendo o nordeste vantagem sobre
outras regiões pelo seu clima e pela geomorfologia. No Estado do Maranhão, que tem o
segundo maior litoral no país, com 640 km encontramos uma diversidade de paisagens que
variam de planaltos, tabuleiros, planícies, planície de maré areno-lamosa, planície flúviomarinha, cordões arenosos, falésias, florestas, capoeira, campos, vegetação de dunas ou
restingas, mangues, apicuns e etc.
A praia da ponta D’areia, localizada na capital deste Estado, não foge à regra. Seu processo de
uso e ocupação está a todo vapor, e junto a isso, vêm os impactos ambientais.
OBJETIVOS
O presente trabalho visa identificar os processos morfodinâmicos na praia da Ponta D’areia,
situada no Estado do Maranhão, Nordeste do Brasil, seus problemas ambientais e indicar
medidas mitigadoras para seu processo de degradação.
METODOLOGIA
A metodologia utilizada para se alcançar os objetivos propostos apóia-se no princípio do
uniformitarismo, complementado pela teoria dos geossistemas. Utilizou-se da interpretação de
imagens de satélite e pesquisa bibliográfica com análise de relatórios, dissertações,
monografias, entres outros, e trabalhos de campo.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A área de estudo (Figura1) abrange o sistema estuarino Anil-Bacanga e a praia da Ponta
D’areia, localizados ao norte da Ilha do Maranhão, próxima ao centro urbano de São Luís,
capital do Estado do Maranhão, banhada pelas águas da baía de São Marcos, no interior do
Golfão Maranhense. A praia da Ponta D’areia tem aproximadamente 2,5 km de extensão entre
o pontal arenoso ‘Tia Maria’ e a praia de São Marcos. O rio Bacanga é um curso d’água
invadido pelo mar; tem suas nascentes na região do bairro do Maracanã, situado na zona rural
da cidade de São Luís, e percorre cerca de 22 km na Ilha do Maranhão, sendo seu
comportamento hidrodinâmico quase totalmente influenciado pelo regime de marés. No caso
do rio Anil, trata-se de um rio de porte um pouco menor, e que também é influenciado pela
maré. Esses rios drenam formações geológicas de idade e origens variadas, como os depósitos
de idade cretácea (a Formação Itapecuru), de idade terciária (a Formação Barreiras), e de
idade quaternária (a Formação Içuí, com dunas, praias e planícies de maré lamosa com
manguezal). Quanto à geomorfologia, a área do Golfão caracteriza-se por uma vasta planície
litorânea com morfologia própria. A parte litorânea configura um platô suave ondulado,
variando de 58 a 25m de altitude em direção ao litoral, em alguns pontos originando as
falésias. Entre as características oceanográficas que influenciam o complexo estuário do
Golfão Maranhense e a praia associada estão uma maré semi-diurna de amplitude média de
4.6m, podendo chegar a 7.2m quando em sizígia. O Golfão pode ser caracterizado como uma
zona macrotidal, onde as correntes de maré podem atingir velocidades da até 7,5 m/s, devido
ao seu formato afunilado. Esse fluxo estuarino é responsável pela retenção de sedimentos e
engorda da praia da Ponta D’areia. Porém, ao longo dos anos, esse estuário sofreu e ainda
sofre com a intervenção humana, podendo-se citar no rio Bacanga aterramentos, construção
de barragem e constante assoreamento, problemas que também atingem o rio Anil devido ao
crescente processo de ocupação de suas margens.
Figura1- Localização da área de estudo
Tais fatos têm como conseqüência a diminuição do fluxo de ambos, convertendo a
progradação que deveria ocorrer na praia, em franca erosão, causando impactos a longo, curto
e médio prazo. Existem fatores que agravam ainda mais a evolução do processo erosivo,
como a devastação da cobertura vegetal como efeito da especulação imobiliária e o próprio
crescimento populacional, que acaba impulsionando a ocupação desordenada de áreas de
ecossistema frágil como manguezais, dunas e margens de rios. As zonas costeiras estão em
uma fase de supervalorização e em São Luís isso não é diferente. Mas a ocupação desse meio,
principalmente da área da praia da Ponta D’areia só foi possível depois que o acesso foi
facilitado através da melhoria da malha viária, com a construção da ponte que a liga ao centro
comercial da cidade. Com essa ocupação e valorização, os serviços a serem oferecidos tinham
que ser condizentes aos interesses dos contratantes. E é nesse momento que devido à procura
inicia-se a construção de prédios de luxo para abrigar hotéis e residências e ainda bares e
restaurantes, verificando-se hoje um aumento acentuado nas construções erguidas em áreas de
praias e dunas. (Figura 2)
Figura 2- ocupações na área de estudo.
CONCLUSAO
Com o desenvolvimento do turismo, o interesse em ocupar esses locais vem aumentando,
fazendo-se necessário saber como este tipo de empreendimento pode interferir na dinâmica
natural e realizar a implantação de políticas de uso e ocupação racional do solo em áreas de
ecossistemas frágeis como o estuarino e o meio costeiro, para que o processo de degradação
da praia não seja acelerado ainda mais.
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