Entrevista

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NO ANO DA UNIDADE
O mundo caminha para a unidade
Um olhar cultural
(Maria Flora Mangano – Viterbo, Itália)
“Outro” significa “alguém diferente de mim”, portanto, no encontro entre culturas, qualquer que
seja a cultura, nas várias épocas e latitudes geográficas, a ideia de pertença a um grupo sempre
estava ligada ao mesmo tipo de cultura. Quem faz parte de outro grupo tem, portanto, outra
língua, outra religião, outros traços físicos; é “diferente”. Esta ideia de não pertencer ao grupo e,
portanto, de alguém que não pertence a mim, que não me interessa, estava na base - e podemos
afirmar desde sempre - da história da humanidade. A história das culturas é uma história de
conflitos entre as culturas, de dominação, segundo a ideia de que, uma vez que o outro é
diferente, ele é inferior.
É preciso dar um salto de séculos, podemos dizer também de milênios, para passar a ter uma
ideia diversa: “O outro é igual a mim”. E um dos princípios da Revolução Francesa é a igualdade.
Atenção, porém. Os conflitos, a escravidão, a dominação do outro não terminam, mas inicia uma
espécie de curiosidade. Entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, surge o que se denominou
depois a filosofia do outro, a filosofia do encontro, a filosofia do diálogo, que se baseia na ideia de
outro como objeto de estudo, como de alguém que me interessa. O outro me interpela, é alguém
que não posso evitar. Daí nasce a escolha. Ou seja, nós somos interpelados pela presença do
outro, pela figura do outro – dirá um destes filósofos – a cada momento, e cabe a nós fazer a
escolha de responder ou não ao apelo desta figura.
(Declan O’Byrne – Dublim, Irlanda)
É preciso pensar de maneira mais ampla esta questão das culturas, porque dentro de uma
mesma cultura há pessoas com formação diferente, com família diferente, profissão diferente e
tudo o que consideramos ser a nossa cultura, não é simplesmente um bem ou simplesmente algo
negativo. É algo que podemos oferecer como dom no relacionamento com o outro. Deste modo,
também quem pertence ao Movimento dos Focolares, tem uma cultura típica do Movimento dos
Focolares, que faz parte da nossa identidade cultural. Isso também é muito positivo, um dom que
devemos oferecer, mas existe também o desafio de como transmitir esta cultura para que não se
torne um empecilho no relacionamento com o outro, para que não se torne um obstáculo e que
pensemos de ir ao encontro do outro com a ideia de que devemos dar-lhe alguma coisa. Viver o
Ideal, dar o Ideal significa descobrir o que o Espírito Santo nos sugere. Chiara nos disse: “perder
Chiara para ser Chiara”, portanto, não devemos nos apoiar naquilo que fizemos no passado ou a
uma tradição, mas também saber atualizar a tradição.
(Bernadette Ngabo – Duala, República dos Camarões)
Quando Chiara esteve em Nairóbi em 1992, encontrando-se com uma personalidade eclesiástica,
que lhe falava sobre as sementes do Verbo, ela teve uma intuição, uma ideia fabulosa: se as
pessoas se sentirem entendidas poderão acolher melhor o Evangelho e também o Ideal. Acho
que foi percorrido um caminho durante todos estes anos: se dissermos que já atingimos a meta
pode ser que paremos; saber que ainda temos que melhorar nos ajuda a seguir em frente.
Vivendo realmente o Ideal, posso dizer que temos todos os elementos para seguir adiante. Os
Diálogos já estão presentes nos nossos Estatutos; o diálogo é muito importante no Movimento.
Quando existe o fazer-se um mais profundo, é possível estabelecer um verdadeiro diálogo em
que alguém pode falar e o outro escutar. E vice-versa. Experimentamos muitas vezes que,
quando entre duas culturas ou entre várias culturas existe um verdadeiro diálogo, encontra-se
juntos o caminho para prosseguir.
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