Perfil clínico dos diabéticos entrevistados da UBSF V. Corumbá

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DENISE TAMAZATO
INTER-RELAÇÃO DIABETES E DOENÇA PERIODONTAL NA UNIDADE
BÁSICA DE SAÚDE DA FAMÍLIA VILA CORUMBÁ
Campo Grande – MS
2011
1
DENISE TAMAZATO
INTER-RELAÇÃO DIABETES E DOENÇA PERIODONTAL NA UNIDADE
BÁSICA DE SAÚDE DA FAMÍLIA VILA CORUMBÁ
Trabalho apresentado à Universidade Federal de
Mato Grosso do Sul como requisito para conclusão
do Curso de Pós Graduação à nível de especialização
em Atenção Básica em Saúde da Família.
Orientadora: Dr. Cibele Bonfim de Rezende Zárate.
Campo Grande– MS
2011
2
RESUMO
Vários estudos têm demonstrado que o diabetes é um fator de risco para a doença
periodontal e que o nível de controle glicêmico alterado da diabetes pode exacerbar a
resposta inflamatória da gengivite e periodontite. A doença periodontal considerada a
complicação oral mais importante da diabetes, pode alterar o metabolismo da glicose,
dificultando o controle da diabetes.
Palavras-chave: diabetes mellitus, periodontia, comportamento de risco, saúde bucal.
3
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Gráfico comparativo de hospitalizações de diabéticos acompanhados pela UBSF
V.Corumbá, Distrito Sul e Campo Grande..........................................................................25
Figura 2- Quadro do total de diabéticos cadastrados – primeiro semestre 2011-UBSF V.
Corumbá..............................................................................................................................25
Figura 3- Gráfico ilustrando porcentagem, de diabéticos entrevistados com cadastro na
UBSF V. Corumbá nos programas HIPERDIA e DM 2 ...................................................29
4
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Comparativo de diabéticos cadastrados e acompanhados na UBSF V. Corumbá,
Distrito Sul e Campo Grande – 2010...................................................................................23
Tabela 2 – Comparativo de diabéticos cadastrados e acompanhados pela UBSF V.
Corumbá, Distrito Sul e Campo Grande – 2011..................................................................23
Tabela 3- Hospitalizações por complicações em diabéticos no ano de 2010.......................24
Tabela 4- Hospitalizações por complicações em pacientes diabéticos no período de janeiro
a junho de 2011....................................................................................................................24
Tabela 5 - Perfil dos diabéticos entrevistados e acompanhados pela UBSF V. Corumbá em
relação a variável : sexo.................................................................................................26
Tabela 5.1- Perfil dos diabéticos entrevistados UBSF V. Corumbá, segundo a variável:
idade.....................................................................................................................................26
Tabela 5.2-Perfil dos diabéticos entrevistados UBSF V. Corumbá, segundo a variável:
estado civil............................................................................................................................27
Tabela 5.3- perfil dos diabéticos entrevistados UBSF V. Corumbá segundo a variável:
escolaridade.........................................................................................................................28
Tabela 5.4-Perfil dos diabéticos entrevistados UBSF V. Corumbá segundo a variável:
renda.....................................................................................................................................28
Tabela 6.0-Dados clínicos de diabéticos entrevistados da UBSF V. Corumbá, segundo a
variável: tempo de diagnóstico da doença...........................................................................30
Tabela 6.1-Dados clínicos de pacientes diabéticos entrevistados da UBSF V Corumbá
segundo a variável: complicações da diabetes....................................................................31
Tabela 6.2- Tratamento prescrito para os pacientes diabéticos entrevistados da UBSF V.
Corumbá...............................................................................................................................31
Tabela 6.3- clínica de pacientes diabéticos entrevistados da UBSF V. Corumbá segundo a
variável: internações e comorbidades associadas.................................................................32
Tabela 7.0- Distribuição dos portadores de diabetes mellitus entrevistados na UBSF V.
Corumbá segundo estilo de vida..........................................................................................33
Tabela 7.1– Classificação do IMC dos diabéticos entrevistados – UBSF Vila Corumbá...34
5
Tabela 8.0- Perfil de saúde bucal em relação ao edentulismo nos pacientes diabéticos
entrevistados da UBSF V. Corumbá...................................................................................34
Tabela 8.1- Condições periodontais clínicas avaliadas nos pacientes diabéticos
entrevistados da UBSF V. Corumbá....................................................................................35
Tabela 8.2- Perfil de condição periodontal de diabéticos entrevistados da UBSF V.
Corumbá...............................................................................................................................36
Tabela 8.3-Métodos de higiene bucal de diabéticos entrevistados da UBSF V. Corumbá..37
6
LISTA DE ABREVIATURAS
ACS – AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE
AMD – AMERICAN DIABETES ASSOCIATION
DCNT-DOENÇA CRÔNICA NÃO TRANSMISSÍVEL
DM - DIABETE MELLITUS
DP - DOENÇA PERIODONTAL
ESF - ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA
Hb - HEMOGLOBINA
HIPERDIA-SISTEMA DE CADASTRAMENTO E ACOMPANHAMENTO DE
HIPERTENSO E DIABÉTICO
IMC – ÍNDICE DE MASSA CORPÓREA
OMS- ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE
PSF - PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA
SBD- SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES
SIAB- SISTEMA DE INFORMAÇAO DA ATENÇÃO BÁSICA
UBSF- UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DA FAMÍLIA
V. CORUMBÁ- VILA CORUMBÁ
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .................................................................................................................................8
REVISÃO DA LITERATURA ......................................................................................................11
OBJETIVOS....................................................................................................................................20
METODOLOGIA ...........................................................................................................................21
Instrumentos de coleta dos dados..................................................................................................21
Amostra .........................................................................................................................................21
RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................................23
Perfil socio-econômico e demográfico dos diabéticos acompanhados pela UBSF Vila Corumbá
......................................................................................................................................................23
Perfil clínico dos diabéticos entrevistados da UBSF V. Corumbá ................................................29
Perfil do estilo de vida dos diabéticos entrevistados da UBSF V. Corumbá ................................32
Perfil das condições bucais dos diabéticos entrevistados da UBSF V. Corumbá .........................34
CONCLUSÕES ...............................................................................................................................38
REFERÊNCIAS ..............................................................................................................................39
APÊNDICE......................................................................................................................................44
ANEXOS ..........................................................................................................................................46
8
INTRODUÇÃO
O diabetes mellitus (DM) é uma enfermidade crônica que aparece quando o
pâncreas não produz insulina suficiente ou quando o organismo não utiliza eficazmente a
insulina que produz. A insulina é um hormônio que regula o açúcar no sangue. O efeito do
diabetes não controlado é a hiperglicemia, que com o passar do tempo pode danificar o
coração, vasos sanguíneos, olhos, rins e nervos, pode provocar o aparecimento de doenças
crônicas e levar a morte prematura (OMS, 2009). Os principais sintomas da diabetes são:
poliúria, polifagia, polidipsia e perda de peso.
De acordo com a American Diabetes Association (2004), a etiologia do diabetes
pode ser dividida em dois tipos principais: diabetes tipo1, causada pela destruição das
células beta, levando a uma deficiência absoluta de insulina, de natureza auto-imune ou
idiopática e, diabetes tipo 2 resultante de uma resistência à insulina com relativa
deficiência desta, até um defeito secretório predominante, com pequena resistência a
insulina.
King et al (2001) relata que de acordo com os indicadores da OMS (2003), o
mundo vive uma epidemia de diabetes. Em 1985, a doença atingia aproximadamente 30
milhões de pessoas. O número aumentou para 135 milhões em 1995 e para 177 milhões em
2000. A OMS estima que a prevalência de diabetes deva alcançar 333 milhões de pessoas
em 2025. No Brasil estima-se que em 2025 a DM atingirá cerca de 11,6 milhões de
pessoas. Embora os países desenvolvidos apresentem uma maior prevalência da doença, a
incidência tende a ser maior nos países em desenvolvimento, como conseqüência do
envelhecimento da população e das mudanças nos padrões nutricionais, que levam ao
aumento da prevalência do sobrepeso e da obesidade. (NOVAES, 2007)
Segundo Pereira (2010), o diabetes mellitus tipo 2 é uma doença cuja detecção
habitualmente ocorre tardiamente e é estimado que o diagnóstico do DM tipo 2 se faça,
em média, com um atraso de aproximadamente quatro a sete anos, permitindo muitas vezes
que complicações micro e macro vascular já tenham se estabelecido.
No Brasil, segundo dados da Sociedade Brasileira de Diabetes, 6 milhões de
pessoas têm algum tipo de diabetes, entretanto, apenas metade delas sabe que tem a
doença. Este é um dado preocupante, tendo em vista que a diabetes pode desencadear
9
outras moléstias no individuo, entre elas a Doença Periodontal (DP). Dessa forma é
evidente que a saúde bucal influencia a saúde geral e vice-versa. (NERY, 2008)
A doença periodontal tem etiologia multifatorial, na qual além de agentes
etiológicos específicos (placa bacteriana específica) podem estar envolvidos fatores
genéticos, sistêmicos, comportamentais e ambientais de risco. A doença se manifesta
quando há um desequilíbrio entre a agressão microbiana e a resposta do hospedeiro. O DM
pode ser considerado como fator de risco para ocorrência e severidade da doença
periodontal, uma vez que provoca diminuição das defesas do hospedeiro, frente à ação do
biofilme dental. (NOVAES JR et al., 2008).
As toxinas bacterianas, como os lipopolissacarídeos, são sugestivas de que quando
são liberadas na presença das doenças periodontais, podem aumentar a resistência à
insulina, provocando aumento de glicose circulante, resultando em episódios de
hiperglicemia. (MACHIAVELLI et al., 2008)
Em 1993, a OMS incluiu a doença periodontal (DP) como sendo a sexta
complicação clássica da diabetes. (KAWAMURA, 2002). Estas doenças apresentam uma
associação bidirecional, na qual o diabete favorece o desenvolvimento da doença
periodontal e esta, quando não tratada, piora o controle metabólico do diabete,
representando um exemplo de como uma doença sistêmica pode predispor uma infecção
bucal e de como uma infecção bucal pode exacerbar uma condição sistêmica. (NOVAES
JR, 2007)
Sabe-se que o diabete melito tipo 2 influencia negativamente o periodonto,
provocando o agravamento da doença periodontal. Em estudo feito por Beck et al.,(1996)
observou-se que essa via é bidirecional, ou seja, a doença periodontal influencia o controle
metabólico da glicose no diabete, fato esse que evidencia alguns casos de dificuldade de
estabilização glicêmica. (VERARDI et al., 2009)
Dados internacionais projetam que a DM do tipo 2, terá um crescimento alarmante ,
principalmente em países em desenvolvimento, acometendo indivíduos em faixa etária
mais jovens, devido ao aumento do quadro de obesidade, podendo ser arrastada por anos,
até que haja suspeita médica ou detecção em exames de rotina. (FERREIRA, 2004)
Cerca de 80% dos casos de diabetes Tipo 2 podem ser atendidos na atenção básica,
enquanto os casos de diabetes tipo1 requerem maior colaboração com especialistas em
função da complexidade de seu acompanhamento. Em ambos os casos, a coordenação do
10
cuidado dentro e fora do sistema de saúde é responsabilidade da equipe da atenção básica.
(BRASIL, 2006)
Entre as ações propostas de atuação das equipes de PSF foram elencadas as
seguintes: o acompanhamento e tratamento dos portadores de DM, a identificação da
população de risco, a disponibilização do tratamento adequado e o referenciamento dos
casos que necessitassem de atendimento em serviços de média e alta complexidade para o
tratamento de complicações crônicas ou em casos de difícil controle metabólico (BRASIL,
2001).
O diabetes está em segundo lugar como doença crônica de maior prevalência na
UBSF Vila Corumbá e de acordo com os dados do SIAB ano 2010 e primeiro semestre de
2011, é a principal causa de hospitalizações entre as doenças crônicas não transmissíveis
(DCNT) devido as suas complicações .
Diante do exposto, a intenção deste trabalho é estabelecer através da revisão de
literatura, as relações existentes entre a doença periodontal e diabetes mellitus tipo 2 ;
traçar o perfil socioeconômico e demográfico tentando estabelecer correlações entre os
dados clínicos médico-odontológico e estilo de vida dos pacientes diabéticos cadastrados e
acompanhados pela equipe da Unidade Básica de Saúde da Família Vila Corumbá. Os
dados poderão orientar a equipe para projetar ações específicas para esse grupo visando à
integralidade do tratamento.
11
REVISÃO DA LITERATURA
Nos tempos atuais, busca-se o bem-estar e qualidade de vida no tratamento de todos
os pacientes. Entretanto, quando existe uma associação de duas ou mais doenças , este
objetivo torna-se mais difícil de ser alcançado, principalmente quando essas duas doenças
mantêm relação bidirecional, caso observado entre diabetes mellitus e doença periodontal.
(WEHBA, 2004).
A associação entre doença periodontal e diabetes mellitus vem sendo estudada há
mais de três décadas, e atualmente existem evidências científicas suficientes para sustentar
a hipótese de relação. Ambas apresentam prevalências relativamente altas na população
geral (6% de diabetes e 14% de periodontite), são multifatoriais e têm características de
cronicidade. (SOSKOLNE, 2001).
O diabetes mellitus consiste em um grupo de doenças metabólicas, caracterizada
pela hiperglicemia resultante da falha na secreção ou na ação da insulina. De acordo com a
etiologia a American Diabetes Association dividiu a diabetes em dois tipos principais:
Diabetes Tipo 1- ocorre geralmente em crianças e jovens, caracteriza-se pela absoluta falta
de insulina, em geral decorrente de destruição auto-imune das células beta, havendo a
necessidade de reposição hormonal para sua sobrevivência. Início súbito, presença de autoanticorpos circulantes.
O desenvolvimento do DM Tipo 1 pode ocorrer de forma rapidamente progressiva,
principalmente, em crianças e adolescentes(pico de incidência entre 10 e 14 anos), ou de
forma lentamente progressiva, geralmente em adultos,(LADA, diabetes latente autoimune
em adultos). Esse último tipo de diabetes, embora se assemelhando clinicamente ao DM
tipo 1, muitas vezes é erroneamente classificado como Tipo 2 pelo seu aparecimento
tardio. Estima-se que 5-10% dos pacientes inicialmente considerados como tendo diabetes
tipo 2 podem de fato ter LADA.(BRASIL , 2006)
Diabetes Tipo 2- resulta em geral de graus variáveis de resistência à insulina e de
deficiência relativa de secreção de insulina. O DM tipo 2 é, hoje, considerado parte da
chamada síndrome plurimetabólica ou de resistência à insulina e ocorre em 90% dos
pacientes diabéticos.Denomina-se resistência à insulina o estado no qual ocorre menor
captação de glicose por tecidos periféricos (especialmente muscular e hepático), em
resposta à ação da insulina. As demais ações do hormônio estão mantidas ou mesmo
12
acentuadas. Em resposta a essa resistência tecidual, há uma elevação compensatória da
concentração plasmática de insulina, com o objetivo de manter a glicemia dentro dos
valores normais. A homeostase glicêmica é atingida à custa de hiperinsulinemia.. (BRASIL,
2001)
O DM tem distribuição universal, é considerado problema de saúde pública tanto
em países desenvolvidos como em desenvolvimento. Por ser uma doença de elevada
prevalência nas populações, com incidência crescente, relacionada com debilitantes
complicações crônicas, encurtamento da vida útil, aumento de mortalidade e altos custos
individuais e sociais. Razões para aumento da DM: urbanismo, industrialização e o
sedentarismo, que concorrem para hábitos alimentares inadequados e ganho de peso. A
obesidade é o principal fator de risco para a ocorrência da DM. Os avanços terapêuticos
têm proporcionado maior sobrevida aos portadores da doença. (FERREIRA, 2004)
Cerca de 50% da população com diabetes não sabe que são portadores da doença,
por isso, testes de rastreamento são indicados em indivíduos assintomáticos que
apresentem maior risco da doença que são: idade maior que 45 anos; sobrepeso, obesidade
central, antecedente familiar (mãe ou pai) de diabetes, hipertensão arterial >140/90mmhg,
história de diabete gestacional, ovário policístico, doença cardiovascular, cerebrovascular
ou vascular periférica definida. (BRASIL, 2006)
A doença periodontal (DP) é o resultado de um processo interativo entre o biofilme
dental (placa bacteriana) e os tecidos periodontais através de respostas celulares e
vasculares. A instalação e a progressão da DP envolvem um conjunto de eventos
imunopatológicos e inflamatórios, com a participação dos modificadores locais, sistêmicos,
ambientais e genéticos. (SALLUM et al., 2004)
O DM tipo 2 aparece gradativamente em indivíduos de meia idade, freqüentemente
obesos, estando associado a resistência à insulina , onde a dieta combinada a drogas
hipoglicêmicas, tem papel de grande importância, devido a alterações metabólicas
teciduais, o diabetes influencia diretamente na doença periodontal. Numa análise de risco
multivariada, os diabéticos têm de 2,8 a 3,4 vezes mais chance de desenvolver doença
periodontal do que os não diabéticos. (MEALEY; OATES, 2006)
O DM tipo 2 representa de 90% a 95% dos casos de diabetes e ocorre, comumente,
após os 40 anos de idade, mantendo uma evolução lenta. Esse tipo de diabetes acomete
13
com maior freqüência indivíduos com sobrepeso ou obesidade e com histórico familiar da
doença. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2007).
Em seu estagio inicial, o DM tipo 2 é assintomático, retardando seu diagnóstico por
muitos anos, propiciando com isso, o desenvolvimento de complicações crônicas, que
conduzem ao diagnóstico somente por suas manifestações clínicas, às vezes irreversíveis.
As pessoas com esta forma do DM não são dependentes de insulina exógena para
sobrevivência, porém podem necessitar de tratamento com insulina para a obtenção de um
controle metabólico adequado. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2007;
AMERICAN DIABETES ASSOCIATION, 2008).
Novaes Junior et al (1996) avaliaram a doença periodontal e o nível de controle
metabólico de pacientes diabéticos tipo 2 em um estudo longitudinal durante um ano. Os
autores verificaram diferenças significativas na profundidade de sondagem e no nível de
inserção periodontal entre o grupo de pacientes diabéticos pobremente controlados e o
grupo de pacientes não diabéticos, sugerindo, assim que o nível de controle metabólico do
diabetes contribui para a evolução e severidade da doença periodontal. A análise
microbiológica deste estudo demonstrou uma relação direta entre uma maior presença de
biofilme dental periodontopatogênico e o pobre controle metabólico da diabetes.
(NOVAES et al., 1997)
Atualmente, na Medicina Periodontal, é cientificamente apontado que a doença
periodontal está ligada ao controle metabólico de modo bidirecional, ou seja, influenciando
e sofrendo influencia da diabetes. Infecções periodontais podem como qualquer outro tipo
de infecção, dificultar o controle da glicemia no paciente diabético, devido ao fato de uma
infecção aguda predispor a resistência à insulina, desencadeando um estado de
hiperglicemia crônica. (NERY, 2008).
De acordo com Costa, diversas evidências científicas têm apontado que a presença
do biofilme bacteriano no diabético provoca uma inflamação gengival mais acentuada do
que faria em paciente não diabético e que pacientes com controle glicêmico deficiente
podem apresentar doenças mais graves e perdas mais rápidas nos tecidos periodontais.
Embora nem toda inflamação gengival evolua para doença periodontal, o desequilíbrio no
metabolismo glicêmico cria ambiente favorável para a atuação do biofilme existente, o que
predispõe os indivíduos diabéticos jovens à situação de maior risco de desenvolver a
doença periodontal na fase adulta. (IDEM)
14
Os resultados do trabalho de Tomita et al em Condições Periodontais e diabetes
mellitus na população nipo-brasileira, apresentaram que os portadores de diabetes têm
percentuais mais elevados de bolsas profundas e perdas severas de inserção periodontal do
que os indivíduos normoglicêmicos,embora a avaliação entre diabetes e condições
periodontais não apresentou associação estatística significante.(TOMITA et al., 2002).
A condição diabética está associada à elevada morbimortalidade. Entre as
complicações é a primeira causa de cegueira adquirida, está entre as principais causas de
ingresso em programas de diálise e amputações de membros inferiores, e representa
importante fator de risco cardiovascular. As complicações crônicas da DM podem ser
minimizadas ou prevenidas fazendo-se rigoroso controle dos níveis glicêmicos reduzindo
incidência de microangiopatia e neuropatia. Recentemente, ressalta-se a importância de
controlar não apenas a glicemia, mas também fatores de risco cardiovascular comumente
associados-tais como dislipidemia, hipertensão arterial, visando reduzir a microangiopatia
principal causa de mortalidade entre portadores de diabetes tipo 2. (FERREIRA, 2004).
De acordo com a Diabetes Comission, devido às diabetes estar freqüentemente
associadas à doença periodontal, principalmente em pacientes descompensados ela é
considerada a sexta maior complicação. As evidências têm mostrado que a diabetes é um
fator de risco adquirido , favorecendo a susceptibilidade, ocorrência e progressão das
doenças periodontias.( NERY, 2008).
Al Zahrani (2003) apud (FERREIRA, 2004) cita que a doença periodontal é uma
das principais complicações diabéticas da cavidade bucal, cuja prevalência aumenta com a
evolução do DM, chegando a atingir 75% de seus portadores. Pacientes com DM tipos 1 e
2 apresentam provavelmente o mesmo risco de ter doença periodontal. A atual epidemia
de obesidade dependente de dieta hipercalórica e inatividade física tem atingido crianças e
jovens, predispondo-os ao DM tipo 2 precoce. Há indícios de que a obesidade per se possa
predispor à doença periodontal em jovens obesos.
Os custos diretos para atendimento aos portadores de DM oscilam mundialmente
entre 2,5% a 15% dos gastos em saúde, variação dependente de diferenças na prevalência
da doença e na complexidade do tratamento disponível em cada local. Os portadores de
diabetes necessitam de duas a três vezes mais recursos para o cuidado com a saúde do que
aqueles que não apresentam a doença. (BORTOLLETO, 2010).
15
De acordo com a Organização Panamericana da Saúde (1996) as complicações
crônicas provocadas pelo DM são as grandes causadoras dos gastos em saúde. As
complicações crônicas do DM incluem as alterações macrovasculares e microvasculares e
as neuropatias.
Segundo Bortoletto (2010), as complicações macro vasculares manifestam-se,
principalmente, nas artérias coronarianas, cerebrais e periféricas de extremidades
inferiores, e o prognóstico agrava-se devido à aterosclerose desenvolver-se em idade
precoce nos portadores de DM. Os portadores de DM tipo 2 apresentam maior risco de
desenvolvimento de complicações cardiovasculares (40%) e de morrerem por estas
complicações do que os não diabéticos.
Os pacientes com controle inadequado do diabetes apresentam maior sangramento
gengival e gengivite do que aqueles com bom controle glicêmico. Os tecidos periodontais
dos pacientes diabéticos tipo 2, quando comparados aos pacientes saudáveis apresentam:
maior grau de vascularização, maior grau de espessamento de parede vascular, obliteração
total e parcial de luz vascular, alterações vasculares nos tecidos gengivais, e estas parecem
estar relacionadas ao caráter hiper inflamatório desses pacientes. (SCHNEIDER, 1995).
O Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde, com o intuito de
nortear as ações das equipes de PSF, implementou o seguimento da hipertensão arterial
sistêmica e do DM conjuntamente, em razão de compartilharem aspectos em comum,
como cronicidade das patologias, fatores de risco (obesidade,dislipidemia e sedentarismo),
tratamento não medicamentoso (necessidade de mudanças semelhantes nos hábitos de
vida) e necessidade de controle para evitar complicações. (BRASIL, 2000).
Tan et al (2006) afirmam que, apesar de uma melhora na saúde periodontal
observada após a terapia periodontal, não há relação dos efeitos benéficos do tratamento
periodontal sobre o controle metabólico dos pacientes diabéticos. O tratamento eficaz da
infecção periodontal e a redução da inflamação estão associados a uma redução dos níveis
de hemoglobina glicosilada em curto prazo. (VERARDI, 2009).
O monitoramento da diabetes é realizado por meio de exames laboratoriais, como
glicose plasmática em jejum e hemoglobina glicada (HbA1c), sendo que esta última
representa uma média do estado de controle glicêmico do paciente nos últimos dois e três
meses.
16
De acordo com Scombatti, o nível de HbA1c é um importante parâmetro utilizado
ao se avaliar a influência da terapia periodontal na diabetes, cujo nível de controle desejado
é de HbA1c < 7%, de acordo com a recomendação da American Diabetes Association.
Assim, pacientes não controlados devem ser submetidos a um controle periodontal mais
próximo, devido ao maior risco a doença. Pacientes com a diabetes controlada respondem
de maneira normal ao tratamento, devendo ser realizado um acompanhamento semelhante
ao não diabético. (NERY, 2008).
O diabetes mellitus é a doença endócrina metabólica crônica mais comum na
população e estima-se que, no Brasil, 11% da população acima de 40 anos sejam
diabéticos. Menos de 50% dos pacientes mantêm sua doença adequadamente tratada, e
seus portadores podem ter uma redução de aproximadamente 15 anos de vida em
decorrência das complicações cardiovasculares. (LYRA, 2006).
A doença periodontal é altamente prevalente na população mundial, afetando cerca
de 90%, incluindo-se tanto os casos de gengivite como periodontite. A periodontite é uma
doença progressiva, com inflamação crônica dos tecidos de suporte dos dentes, que leva à
destruição do osso e dos tecidos de inserção - ligamento periodontal -, sendo a maior causa
de perda dental nos adultos. Fatores de risco associados à doença periodontal incluem:
aumento da idade, placa/biofilme dental, bactérias patogênicas, disfunção imune,
deficiência nutricional, uso de medicação como corticóide, gênero, estresse, tabaco,
genética e condições sistêmicas, incluindo alterações de neutrófilos, diabetes mellitus,
gravidez, alterações hormonais e osteoporose. (QUIRINO, 2009).
Em estudo realizado por Quirino et al. (2009), para verificar as condições
periodontais dos pacientes diabéticos tipo 2 não controlados, verificou que todos
apresentavam periodondite leve, moderada ou severa e que quando comparados aos não
diabéticos , apresentaram maior número de perda dentária. Nos resultados apresentados
neste estudo em relação à condição periodontal, verificou-se que a periodontite crônica
leve estava presente em 53,1% dos indivíduos diabéticos e em 43,3% dos não diabéticos
doentes, enquanto a periodontite crônica avançada estava presente em 12,5% dos
diabéticos e 6,6% no grupo-controle com doença periodontal, corroborando o estudo de
Löe, que relata que a periodontite avançada ocorre com mais freqüência nos indivíduos
diabéticos tipo 2 do que nos não diabéticos.
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O modo de ação do diabetes mellitus sobre a doença periodontal ainda não está
bem estabelecido, mas estudos baseados em evidências sugerem que estaria relacionado
com mecanismos e mediadores da resposta inflamatória do tecido injuriado. (MEALEY
BL, 2000; OLIVER RC, 1994).
A inter-relação entre doença periodontal e condições sistêmicas tem sido bastante
estudada, e o diabetes mellitus tem sido apontado como importante modificador da
periodontite, uma vez que o diabetes mellitus exacerba a perda óssea por meio do aumento
da reabsorção pela intensidade e duração do infiltrado inflamatório, além das complicações
microvasculares e diminuição da neoformação óssea. (FARIA, 2008).
O diabetes mellitus descompensado pode influir na progressão da periodontite do
mesmo modo que esta atua como fator complicador do controle metabólico da diabetes
mellitus, pois a doença inflamatória periodontal pode aumentar a resistência à insulina de
maneira similar à obesidade, gerando o que se denomina atualmente uma “ via de mão
dupla.
A associação entre DP e DM pode ser explicada por alguns fatores encontrados em
pacientes não controlados: resposta imunológica alterada devida uma deficiência na
resposta macrofágica e quimiotática de polimorfonucleares; há aumento da quantidade de
mediadores inflamatórios; reduz a síntese de matriz pelos fibroblastos, seu crescimento e
proliferação; alteração da função de componentes da matriz extracelular. (WEHBA, 2006)
O hipoglicemiante oral é a medicação mais utilizada no tratamento da diabetes,
conforme mostra o trabalho de Bortoletto (2009), (70,6%) usam o hipoglicemiante oral,
enquanto 22% fazem uso de insulina isoladamente ou associada ao hipoglicemiante oral.
Em outros estudos transversais realizados em serviços de atenção primária de saúde no
Brasil, também se constatou a predominância da utilização de hipoglicemiante oral como
opção de tratamento. (OCHOAVIGO et al., 2006; RODRIGUES; LIMA; NOZAWA,
2006).
De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2001) existe subutilização de
insulina entre portadores de DM tipo 2, ocasionado pelo despreparo dos clínicos para sua
indicação, pois, independente do tipo de tratamento, ocorre uma piora progressiva da
função do pâncreas, fazendo com que, após 9 anos de terapia, 75% dos pacientes
necessitem de associação de múltiplos recursos para manter o controle glicêmico . A piora
18
progressiva é uma evolução natural da doença; entretanto, pode ser acelerada quando o
esquema terapêutico prescrito não é cumprido adequadamente.
Há uma ampla evidência na literatura que o DM pode ser prevenido com mudanças
no estilo de vida. (FERREIRA, 2004). Entre os hábitos de vida, o respeito a dieta e
realização regular de exercício físico são fundamentais para o plano terapêutico do DM
podendo reduzir valores glicêmicos e complicações agudas e crônicas da doença (BRASIL,
2006). Entretanto, é conhecida, a dificuldade de seguimento do tratamento, pois implica
mudanças comportamentais que está alicerçada em crenças e valores que interferem na
motivação, na capacidade de enfrentamento da doença, na busca de soluções para controlar
a diabetes. (COUTO, 2010).
Praticar regularmente algum tipo de atividade física é fundamental para o controle
metabólico do diabético, reduz a necessidade de hipoglicemiantes e melhora sua qualidade
de vida (BRASIL, 2006). A prática de exercícios exige uma avaliação, tanto do individuo
como do tipo de exercício a ser realizado, com o intuito de se respeitar as possibilidades e
limitações impostas pelas complicações do DM, tais como a retinopatia, a nefropatia e a
neuropatia. (BORTOLETTO, 2010).
Cerca de 80% dos pacientes diabéticos recém diagnosticados são obesos. Para
esses, as medidas de controle de peso adquirem importância ainda maior, pois perdas
modestas de peso da ordem de 5% a 10% trazem benefícios metabólicos significativos.
Pacientes que não conseguem emagrecer podem estar precisando de maior suporte
emocional ou orientação nutricional mais individualizada para vencer os desafios da
mudança de estilo de vida. (BRASIL, 2006).
A ingestão de álcool ,quando consumido, deve ser moderada e de preferência com
as refeições. Pacientes com hipertrigliceridemia ou mau controle metabólico não devem
ingerir bebidas alcoólicas. (IBIDEM)
Os efeitos deletérios do fumo no periodonto estão relacionados, especialmente às
condições imunológicas e ao contato com substâncias nocivas capazes de causar danos ao
DNA celular. O fumo é considerado um dos maiores fatores de risco na prevalência,
extensão e severidade das doenças periodontais destrutivas, estando associado ao aumento
na profundidade de sondagem, perda clinica de inserção, perda óssea alveolar e perda
dental. (PANNUTI et al.,2006).
19
A nicotina interfere na ação da insulina, elevando os níveis de glicose no sangue,
causa redução dos vasos sanguíneos, aumenta a pressão arterial, surgem lesões coronárias e
cerebrais, retinopatia. O tabagismo prejudica a circulação periférica, portanto o diabético
fumante tem mais risco de amputações de membros inferiores. Parar de fumar beneficia a
saúde não importando a idade, pois melhora na circulação sanguínea e na cicatrização dos
tecidos. (BOAS, 2010)
Entre as DCNT o diabetes mellitus se destaca tanto por suas altas taxas de
morbimortalidade como pelas repercussões sociais e econômicas, caracterizando-se como
um dos principais problemas de saúde pública na atualidade e tornando-se um indicador
macroeconômico, uma vez que cresce rapidamente em países pobres e em
desenvolvimento, atingindo pessoas em plena vida produtiva, onerando a previdência
social e contribuindo para a continuidade do ciclo vicioso da pobreza e da exclusão social.
(BRASIL, 2006).
O diabetes mellitus e a periodontite são doenças de alta prevalência e incidência na
população mundial que apresentam aspectos comuns em relação à resposta inflamatória,
fatores de risco, necessidade de controle permanente para evitar complicações e de difícil
adesão ao tratamento pela exigência de mudança de hábitos na vida.
20
OBJETIVOS
Verificar através da revisão de literatura a inter- relação entre doença periodontal
e diabetes mellitus tipo 2 .
Traçar o perfil socioeconômico e demográfico buscando correlações entre os dados
clínicos médico-odontológico e estilo de vida dos pacientes diabéticos cadastrados e
acompanhados pela equipe da Unidade Básica de Saúde da Família Vila Corumbá.
21
METODOLOGIA
A Unidade Básica de Saúde da Família Vila Corumbá, localiza-se no
Distrito Sul na cidade de Campo Grande, formada por uma equipe tendo como
responsabilidades 3840 habitantes, divididas em dez microáreas.
Instrumentos de coleta dos dados:

SIAB

Ficha A (Anexo)

Ficha B (Anexo

Entrevista/ ficha clínica de levantamento epidemiológico-condições periodontiais
(Apêndice)
Em 2011, de acordo com a Ficha A dos ACS (agente comunitário de saúde), os 115
pacientes cadastrados são 100% do DM tipo 2, sendo 33 do sexo masculino e 82 do sexo
feminino.Desses pacientes cadastrados apenas 80 são acompanhados através da Ficha B
pelos ACS.Através de relatórios do SIAB referentes.ao ano de 2010 e de janeiro a junho de
2011, coletou-se dados de prevalência de diabéticos em maior de 20 anos, hospitalizações
por complicações de diabetes .Por meio de entrevista e exame cínico periodontal foram
avaliados as condições socioeconômico e demográfico, condições clinicas , estilo de vida e
condições periodontais de 32 pacientes diabéticos cadastrados e acompanhados pelos ACS.
Amostra
Os pacientes foram convidados aleatoriamente a participar da pesquisa através dos
agentes comunitário de saúde. A amostra foi conseguida por conveniência e busca ativa
dos pacientes. Dessa forma, foi possível entrevistar e examinar 40% dos portadores de
diabetes mellitus cadastrados na UBSF V. Corumbá, Distrito Sul, município de Campo
Grande, Mato Grosso do Sul, de ambos os sexos (n=32).
Foram investigados o perfil sócio–demográfico e econômico, estilo de vida e dados
clínicos médico-odontológico referentes à diabetes tipo 2 por meio dos instrumentos de
coleta de dados supracitados.
As condições periodontais foram avaliadas através dos seguintes parâmetros:
presença ou ausência de: sangramento gengival, cálculo dentário, bolsa periodontal e
perda de inserção clínica, obtidos mediante sondagem em 5 dentes presentes, pois
22
observou-se que a maioria desses pacientes apresenta grande número de perda de dentes
ou são totalmente edêntulos. Dos 32 pacientes diabéticos examinados, apenas 17
enquadrava-se em condições de avaliação periodontal.
23
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Perfil socio-econômico e demográfico dos diabéticos acompanhados pela UBSF Vila
Corumbá
A meta de acordo com o Ministério da Saúde é que 100% dos diabéticos
cadastrados sejam acompanhados mensalmente pelos agentes comunitário de saúde (ACS).
A UBSF V. Corumbá manteve índices similares de acompanhamento em relação ao
Distrito Sul e Campo Grande no ano de 2010, conforme tabela 1, relatório do Siab.
Tabela 1- Comparativo de diabéticos cadastrados e acompanhados na UBSF V. Corumbá, Distrito Sul e Campo
Grande -2010.
UBSF V. Corumbá
Distrito Sul
Campo Grande
Diabético cadastrado
114
1899
4713
Diabético acompanhado (meta
84
1373
3528
% diabético acompanhado
73.68%
72.30%
74.86%
%prevalência diabéticos > 20
3.81%
3.68%
3.28%
100%)
anos
Fonte: Siab- ano 2010
No primeiro semestre de 2011, houve um declínio de acompanhamento de
diabéticos da UBSF V. Corumbá em relação ao Distrito Sul e Campo Grande, entretanto a
prevalência de diabéticos na UBSF é maior quando comparada ao Distrito Sul e Campo
Grande , de acordo com dados do Siab e apresentados na tabela 2.
Tabela 2- Comparativo de diabéticos cadastrados e acompanhados pela UBSF V. Corumbá, Distrito Sul e
Campo Grande -2011.
UBSF V.Corumbá
Distrito Sul
Campo Grande
Diabético cadastrado
115
1661
4646
Diabético acompanhado (meta
80
1219
3486
% diabético acompanhado
69.57%
73.39%
75.03%
%prevalência diabéticos > 20
3.80%
3.68%
3.46%
100%)
anos
FONTE: Siab- período de janeiro a junho de 2011
A justificativa da meta não ser alcançada é a presença de microáreas descobertas, e
diabéticos apresentarem plano de saúde, dispensando os serviços de acompanhamento
24
realizado pelos ACS. Na ficha de acompanhamento FICHA B-DIA são registrados: data de
visita do ACS, se faz dieta, exercícios físicos, uso de insulina, toma hipoglicemiante oral e
data da última consulta. Os diabéticos acompanhados devem receber orientação sobre a
importância de mudança de hábitos de vida ligada à alimentação e atividade física regular.
A porcentagem de hospitalizações tendo a diabetes como causa é duas vezes maior
na população da UBSF V. Corumbá em comparação com hospitalizações pela mesma
causa no Distrito Sul e Campo Grande, conforme mostra a tabela 3.
Tabela 3- Hospitalizações por complicações em diabéticos no ano de 2010
UBSF V Corumbá
Distrito Sul
Campo Grande
6
62
148
114
1899
4713
5.26%
3.27%
3.14%
6.38%
2.98%
2.90%
Hospitalizações
complicações Dia
Dia cadastrados
% hospitalizações Dia
cadastrados
% hospitalizações por
diabetes
Fonte: Siab
Os dados do Siab do primeiro semestre de 2011 ratificam que o número de hospitalizações
por diabetes da Vila Corumbá é superior ao Distrito Sul e Campo Grande, conforme tabela
4.
Tabela 4- Hospitalizações por complicações em pacientes diabéticos no período de janeiro a junho de 2011
UBSF V Corumbá
Hospitalizações
Distrito Sul
Campo Grande
2
29
76
115
1661
4646
1.74%
1.75%
1.64%
4.76%
2.92%
2.80%
complicações Dia
Dia cadastrados
% hospitalizações Dia
cadastrados
% hospitalizações por
diabetes
Fonte: Siab
A Figura 1 apresenta dados comparativos do ano de 2010 e primeiro semestre de
2011 de diabéticos cadastrados/acompanhados e hospitalizados da UBSF V. Corumbá,
Distrito Sul e Campo Grande.
25
7
6
5
4
3
2
1
0
V.Corumbá
Distrito Sul
Campo grande
Fonte: Siab
Figura 1- Gráfico comparativo de hospitalizações de diabéticos acompanhados pela UBSF
Vila Corumbá, Distrito Sul e Campo Grande.
Os dados permitem visualizar que o número de hospitalizações por complicações
de diabetes é maior na UBSF V. Corumbá em comparação com o Distrito sul e Campo
Grande. Cabe a equipe investigar as causas e os fatores de risco associados.
O número total de diabéticos cadastrados em 2011 na UBSF V. Corumbá é de 115,
sendo a maioria do sexo feminino (71%), conforme mostra a figura 2.
Diabéticos cadastrados
Freqüência absoluta (n=115)
Freqüência relativa (%)
Masculino
33
29%
Feminino
82
71%
Total
115
100%
Figura 2- Quadro do total de diabéticos cadastrados – primeiro semestre 2011-UBSF V. Corumbá .
Fonte: Ficha A
Para conhecer o perfil da população diabética cadastrada e acompanhada pela
equipe da UBSF Vila Corumbá, foram entrevistados 32 pacientes com DM tipo 2, onde
foram avaliados
as condições socioeconômica e demográfica, estilo de vida, dados
clínicos da diabetes e da doença periodontal.
Para avaliar as condições socioeconômica e demográfica dos 32 pacientes
diabéticos tipo 2 entrevistados foram utilizados as seguintes variáveis: sexo, idade, estado
civil, escolaridade e renda .
A tabela 5.0 mostra o número de pacientes entrevistados e acompanhados na
UBSF V. Corumbá em relação ao sexo, há predomínio do sexo feminino (71.88%),dados
26
similares foram observados nos trabalhos de Bortoletto(2010) e Couto (2010)em que 60%
e 90%eram do sexo feminino respectivamente . A maior proporção do sexo feminino pode
ser explicada pela maior expectativa de vida das mulheres devido à maior
sobremortalidade do sexo masculino, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística, 2003). Os homens procuram os serviços geralmente quando já
existe uma complicação da doença, sendo atendidos geralmente no serviço terciário.
Tabela 5 - Perfil dos diabéticos entrevistados e acompanhados pela UBSF V. Corumbá em relação à variável:
sexo.
Diabéticos pesquisados
Freqüência absoluta
(n=32)
Freqüência relativa (%)
Sexo
Masculino
9
28.12%
Feminino
23
71.88%
Total
32
100%
A tabela 5.1 demonstra o perfil dos diabéticos entrevistados em relação a faixa
etária, com predomínio de 60 anos ou mais (75%), dados similares são registrados nos
trabalhos de Bortoletto(2010) e Couto(2010) em que 67% e 81% apresentavam 60 anos ou
mais respectivamente.
Tabela 5.1-Perfil dos diabéticos entrevistados UBSF V. Corumbá, segundo a variável: idade
Freqüência absoluta
Freqüência
(n=32)
relativa(%)
30 a 39 anos
1
3.13%
40 a 49 anos
2
6.25%
50 a 59 anos
5
15.62%
60 a 69 anos
15
46.88%
70 a 79 anos
5
15.62%
>80 anos
4
12.50%
Total
32
100%
Diabéticos pesquisados
Idade
27
A tabela 5.2 avalia a variável estado civil, sendo que a maioria dos usuários, 50% é
casado/amasiado seguido de separados e viúvo. O estado civil pode interferir na resposta
do diabético ao tratamento, pois a perda de companheiro provoca alterações de saúde, tais
como depressão, desanimo e perda de vontade de viver. (OTERO, ZANETTI E
TEIXEIRA, 2007). O apoio familiar a pessoas portadora de doenças crônicas diminui a
possibilidade de desenvolvimento de comorbidades. (BRASIL, 2006).
Tabela 5.2-Perfil dos diabéticos entrevistados UBSF V. Corumbá, segundo a variável: estado civil
Diabéticos pesquisados
Freqüência absoluta
Freqüência relativa (%)
(n=32)
Estado civil
Casado/amasiado
16
50%
Divorciado/separado/desquitado
8
25%
Viúvo
7
21.87%
Solteiro
1
3.13%
Total
32
100%
Estudos mostram que a baixa escolaridade pode dificultar tanto o acesso as
informações como a compreensão dos complexos mecanismos da doença e do tratamento,
restringindo as oportunidades de aprendizagem quanto aos cuidados com a saúde. (Pace et
al; 2002;Gamba et al; 2004)
Tabela 5.3 mostra o perfil de escolaridade dos diabéticos entrevistados, 65.62% dos
pesquisados apresentam baixa ou nenhuma escolaridade representando um desafio para a
equipe encontrar meios eficazes de comunicação para a adesão ao tratamento proposto. Em
outros estudos nacionais com portadores de DM atendidos em serviços públicos de saúde,
observou-se, também, baixo nível de instrução. Em Londrina (PR), Bortolleto (2010)
encontrou 73% tinham até sete anos de estudo, em Uberaba (MG), 59,3% apresentavam
menos de três anos (TAVARES, 2007) e em Porto Alegre (RS), 84% tinham menos de
cinco anos de escolaridade (GRILLO; GORINI, 2007)
28
Tabela 5.3- Perfil dos diabéticos entrevistados UBSF V. Corumbá segundo a variável: Escolaridade
Diabéticos pesquisados
Freqüência
absoluta(n=32)
Freqüência relativa (%)
Escolaridade
Ensino Fundamental incompleto
19
59.37%
Ensino Fundamental completo
3
9.37%
Ensino médio incompleto
0
0
Ensino médio completo
3
9.37%
Ensino superior incompleto
1
3.13%
Ensino superior completo
4
12.50%
Analfabeto
2
6.25%
Total
32
100%
A tabela 5.4 demonstra o perfil renda, a maioria 59.37% recebe entre 2 e 3 salários
mínimo, observa-se a necessidade da equipe de ESF V. Corumbá buscar estratégias junto
com os usuários para solucionar eventuais dificuldades frente ao regime terapêutico.
Informar aos pacientes quanto aos seus direitos para aquisição de medicamentos e insumos
para o tratamento do diabetes.
Tabela 5.4-Perfil dos diabéticos entrevistados UBSF V. Corumbá segundo a variável: renda
Freqüência
Freqüência relativa
absoluta(n=32)
(%)
<1 salário mínimo <2 salários mínimo
7
21.87%
2 a 3 salários mínimo
19
59.37%
4 a 5 salários mínimo
2
6.25%
6 a 7 salários mínimo
1
3.13%
7 a 8 salários mínimo
1
3.13%
Acima 10 salários mínimos
2
6.25%
Total
32
100%
Diabéticos pesquisados
Renda
Visando apoiar as equipes de PSF na identificação precoce e controle da DM e da
hipertensão arterial e suas complicações, o Ministério da Saúde, em 2000, implementou o
Plano de Reorganização da Atenção a Hipertensão Arterial Sistêmica e ao Diabetes
29
Mellitus, instituindo o Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de hipertensos e
diabéticos o HIPERDIA , em razão de compartilharem aspectos comum, como cronicidade
das patologias, fatores de risco (obesidade, dislipidemia e sedentarismo), tratamento não
medicamentoso (necessidade de mudanças semelhantes nos hábitos de vida ) e necessidade
de controle para evitar complicações (BRASIL, 2001).
Na UBSF V. Corumbá, entre os diabéticos entrevistados, 91% estão inscritos no
programa hiperdia, devido à presença de comorbidade hipertensão; 9%estão cadastrados
no programa diabetes 2, conforme ilustra a figura 3.
9%
Hiperdia
91%
Diabetes 2
Figura 3- Gráfico ilustrando porcentagem de diabéticos entrevistados com cadastro na UBSF
V. Corumbá nos programas HIPERDIA e DM tipo 2
Perfil clínico dos diabéticos entrevistados da UBSF V. Corumbá
Para avaliar as condições clínicas dos portadores de diabetes mellitus entrevistados
da UBSF V. Corumbá as seguintes variáveis foram utilizadas: tempo de diagnóstico da
doença, complicações presentes, tratamento prescrito, internações, presença de comorbidade: hipertensão, obesidade e doença periodontal.
Estudos têm demonstrado que na maioria dos casos, o diagnóstico de diabetes é
realizado de forma tardia e que existe um subdiagnóstico dessa doença, sendo que quando
diagnosticado, na maioria dos casos, o paciente apresenta algum tipo de complicação.
(OTERO; ZANETTI e TEIXEIRA, 2007). Segundo relato dos entrevistados da UBSF V.
30
Corumbá, 46.87% tem a doença há mais de 10 anos e apresentam complicações micro e
macrovasculares,conforme mostra a tabela 6.0.
Tabela 6- Dados clínicos de diabéticos entrevistados da UBSF V. Corumbá, segundo a variável: tempo de
diagnóstico da doença.
Dados clínicos
Freqüência absoluta n=32
Freqüência
relativa (%)
Tempo diagnóstico da doençaMenor que 1 ano
2
6.25%
De 1a 5 anos
4
12.50%
De 6 a 10 anos
11
34.37%
Acima de 10 anos
15
46.88%
Dessa maneira, a equipe da atenção primária deve se conscientizar dos riscos e
necessidades a que estão sujeitas as pessoas com DM, principalmente aquelas com longa
duração da doença e de idade avançada , devido a sua gravidade e repercussões para o
paciente, família e sociedade.
O diabetes mellitus tipo 2 é uma doença cujo diagnóstico ocorre com uma média
de
atraso de aproximadamente quatro a sete anos, permitindo muitas vezes que
complicações micro e macro vascular já tenham se estabelecido. (PEREIRA, 2010 ).Como
a maioria apresenta a doença há mais de 10 anos, justifica-se as complicações presentes
nos entrevistados.A retinopatia
principal causa
que pode levar a cegueira,pode ser
encontrada em 37.50% dos entrevistados. A prevalência de nefropatia ocorre em cerca de
5% a 20% de portadores de DM tipo 2 , segundo SBD(2007), o que é confirmado nos
usuários da UBSF V. Corumbá , com18.75% .Entre as complicações , o pé diabético é um
problema de saúde a ser enfrentado, pois aumenta o risco de amputações de membros
inferiores, e está presente em 18.75% dos diabéticos entrevistados, conforme tabela 6.1.
31
Tabela 6.1- Dados clínicos de pacientes diabéticos entrevistados na UBSF V Corumbá segundo a variável:
complicações da diabetes
Dados clínicos
Freqüência absoluta
n=32
Freqüência relativa (%)
Complicações
Retinopatia
12
37.50%
Nefropatia
6
18.75%
Neuropatia
18
56.25%
Pé-diabético
6
18.75%
Amputações
1
3.13%
Os antidiabéticos orais devem ser empregados, no DM tipo 2, quando não se tiver
atingido os níveis glicêmicos desejáveis, após o uso das medidas dietéticas e de exercício
físico.A natureza progressiva do DM, caracterizada pela piora gradual da glicemia de
jejum, ao longo do tempo, provoca a necessidade de aumento da dose dos medicamentos e
acréscimo de outros, no transcorrer da doença. Entre os entrevistados há predomínio
(75%) de hipoglicemiante oral e apenas 3.13% não necessitam de tratamento
medicamentoso como pode ser observado na tabela 6.2.
Tabela 6.2- Tratamento prescrito para os pacientes diabéticos entrevistados da UBSF V. Corumbá
Freqüência absoluta
Dados clínicos
Freqüência relativa (%)
n=32
Tratamento prescrito
Hipoglicemiante oral
24
75%
Insulina
1
3.13%
Hipoglicemiante oral+ insulina
6
18.75%
Não medicamentoso
1
3.13%
Total
32
100%
Segundo a OMS (2003), de 30 a 65% do custo total dispensado ao tratamento de
diabetes mellitus é destinado às hospitalizações relacionadas a complicações associadas a
32
doença.Na população entrevistada,21.88% já foram internadas por complicações da
diabetes; em relação a comorbidade associada 90.62% apresentam a hipertensão associada
e 28.12% apresentam obesidade associada, conforme tabela 6.3.
Tabela 6.3- Dados clínicos de pacientes diabéticos entrevistados segundo a variável; internações e
comorbidades associadas.
Dados clínicos
Freqüência absoluta n=32
Freqüência relativa (%)
Sim
7
21.88%
Não
25
78.12%
Comorbidade hipertensão
29
90.62%
Comorbidade obesidade
9
28.12%
Internações
Perfil do estilo de vida dos diabéticos entrevistados da UBSF V. Corumbá
Mudanças no estilo de vida no diabetes tipo 2, são essenciais para manter o
controle glicêmico adequado. As causas modificáveis do diabetes tipo 2 são alimentação
inadequada (qualidade e quantidade) , inatividade física,parar de fumar.A prática regular
de atividade física reduz a necessidade de hipoglicemiantes , ajuda os obesos a emagrecer,
diminui riscos de doença cardiovascular e melhora a qualidade de vida.
Os resultados da entrevista dos diabéticos pesquisados da UBSF V. Corumbá
mostram que 68.75% não realizam atividade física regular (Foi considerado atividade
física regular, de acordo com SBD (2007) aqueles que realizam atividade de trinta minutos
ou mais no mínimo três vezes por semana), havendo a necessidade de a equipe traçar
estratégias para estimular os usuários a praticarem exercícios físicos, reforçar o hábito de
alimentação saudável, auxiliar a eliminação do tabagismo, controlar uso de bebidas
alcoólicas.
A tabela 7.0 mostra os dados de comportamentos de risco de diabéticos da UBSF
V. Corumbá em relação à atividade física, controle da dieta, tabagismo e etilismo.
33
Tabela 7.0- Distribuição dos portadores de diabetes mellitus entrevistados na UBSF V. Corumbá segundo
estilo de vida
Estilo
Atividade
Atividade
Controle
Controle
Tabagista
Tabagista
Etilista
Etilista
de
física
física
da dieta
da dieta
n=32
%
n=32
%
vida
n=32
%%
n=32
%
Sim
10
31.25%
20
62.50%
1
3.12%
0
0%
Não
22
68.75%
12
37.50%
31
96.88%
0
0%
Total
32
100%
32
100%
32
100%
0
0%
O estilo de vida é um fator de risco para a doença periodontal e diabetes. Hábitos
como fumar atua diretamente no controle dos níveis glicêmicos e resposta do tecido
periodontal. Existe uma relação direta entre obesidade e sedentarismo. Estima-se que 55 a
89% dos portadores de diabetes tipo 2 sejam obesos. A incidência é maior após os 40 anos
(Nery, 2008).
A OMS (Organização Mundial de Saúde) desenvolveu a tabela de IMC (Índice de
Massa Corpórea), para ajudar a população mundial a controlar seu peso, e combater a
crescente epidemia de obesidade. Neste trabalho com a população da UBSF V.Corumbá
foi respeitado a tabela de IMC de acordo com a variável idade, pois na terceira idade as
pessoas costumam perder massa óssea e muscular e o corpo passa a acumular mais
gordura.
Os dados encontrados na ESF V. Corumbá, conforme mostra a tabela 7.0
confirmam os resultados, pois 75% dos diabéticos encontram-se com sobrepeso ou obeso,
embora ao ser questionados sobre controle alimentar 62.50% responderam que fazem
controle, estes dados contrastantes permitem uma reflexão sobre o entendimento da
população diabética em relação ao controle alimentar .
34
Tabela 7.1– Classificação do IMC dos diabéticos entrevistados – UBSF Vila Corumbá
Classificação IMC
Freqüência absoluta n=32
Freqüência relativa (%)
Subnutrido ou abaixo do peso
0
0%
Peso ideal (normal)
8
25%
sobrepeso
15
46.88%
Primeiro grau de obesidade
5
15.62%
Segundo grau de obesidade
4
12.50%
Obesidade mórbida
0
0%
Total
32
100%
A equipe de ESF deve enfatizar o controle do tabagismo, da obesidade, do
sedentarismo, do consumo de bebidas alcoólicas, e o estímulo a uma alimentação saudável.
Nos diabéticos tipos 2, 50% dos casos novos poderiam ser prevenidos evitando-se o
excesso de peso, e outros 30% com o controle do sedentarismo. (BRASIL, 2001).
Perfil das condições bucais dos diabéticos entrevistados da UBSF V. Corumbá
A avaliação do perfil de saúde bucal dos diabéticos da UBSF V. Corumbá é
mostrada na tabela 8.0. Entre os 32 pacientes entrevistados, 15 são edentulos total
(46.88%) e 17 são dentados total ou parciais (53.12%), sendo que 11 pacientes necessitam
de algum tipo de prótese superior ou inferior para completar os dentes da arcada dentária e
3 usam próteses em condições dentárias satisfatórias, e 3 não têm necessidade de prótese.
Tabela 8- Perfil de saúde bucal em relação ao edentulismo nos pacientes diabéticos entrevistados da UBSF
V. Corumbá.
Freqüência absoluta
Pacientes examinados
Freqüência relativa (%)
n=32
Edentulo total
15
Dentado parcial/total
17
46.88%
53.12%
Total
32
100%
35
A avaliação das condições periodontais dos diabéticos entrevistados foram obtidos através
dos seguintes parâmetros: sangramento gengival, cálculo, bolsa periodontal e perda de
inserção clínica. A alta porcentagem das condições periodontais desfavoráveis pode ser
uma explicação para o grande número de perdas dentário e a literatura baseada em
evidencias relaciona que em pacientes com descontrole glicêmico as alterações
periodontais se apresentam em maior quantidade e severidade. A equipe de saúde bucal
deve se apropriar dos dados obtidos na tabela 8.1 e implementar ações para melhorar as
condições periodontais da população diabética
Tabela 8.1- Condições periodontais clínicas avaliadas nos pacientes diabéticos entrevistados da UBSF V.
Corumbá
Condição periodontal
Freqüência Absoluta n=17
Freqüência relativa (%)
Presença sangramento gengival
13
76.47%
Presença de cálculo
12
70.58%
Presença de bolsa periodontal
11
64.70%
Perda inserção clinica >3 mm
14
82.35%
Através do exame clínico periodontal, constatou-se que 88.23% dos entrevistados
apresentam algum problema gengival ou periodontal, sendo a periodontite a doença
prevalente. Por predominar população diabética com idade superior a 60 anos e tempo da
doença maior que 10 anos, e a doença periodontal piorar com o tempo se não controlada,
constatou-se grande número de perdas dentárias.
A tabela 8.2 mostra porcentagem de diabéticos entrevistados com patologias
periodontais e periodonto saudável.
36
Tabela 8.2- Perfil de condição periodontal de diabéticos entrevistados da UBSF V. Corumbá.
Condição periodontal
Freqüência Absoluta n=17
Freqüência
relativa (%)
Gengivite
4
23.53%
Periodontite
11
64.70%
Saudável
2
11.77%
Total
17
100%
A presença do biofilme dental é fator determinante de doenças periodontais, o
controle da placa bacteriana se faz através de escovação e uso de fio dental. Os
entrevistados, 64.70% fazem apenas a escovação e 35.30% utilizam fio dental e escovação.
O gráfico 8.3 ilustra os métodos de higiene bucal da população diabética dentada parcial
ou total entrevistada .
Tabela 8.3-Métodos de higiene bucal de diabéticos entrevistados da UBSF V. Corumbá
Higiene bucal
Freqüência absoluta n=17
Freqüência relativa (%)
Escovação
11
64.70%
Escovação+ fio dental
6
35.30%
Total
17
100%
A equipe de saúde bucal deve desenvolver atividades educativas coletivas e
individuais em conjunto com outros membros da equipe, orientando os métodos de higiene
bucal e sua relação sobre o controle glicêmico, um bom controle de biofilme dental vai
contribuir para uma boa saúde bucal e geral dos usuários.
De acordo com os dados coletados na amostra da população diabética da UBSF
Vila Corumbá, há uma prevalência alta de doença periodontal, ambas as doenças
apresentam aspectos comuns em relação à resposta inflamatória, fatores de risco
comportamentais, necessidade de controle permanente, exigindo maior integração da
37
equipe para que estratégias em relação a mudanças de hábito e estímulo ao autocuidado
sejam traçadas a fim de se obter um melhor controle da glicemia e do biofilme dental,
evitando complicações e melhorando a qualidade de vida dos diabéticos assistidos.
38
CONCLUSÕES
Fortes evidências mostram a inter-relação entre doença periodontal e diabetes
mellitus. Alterações periodontais podem dificultar o controle glicêmico e agravar a doença,
assim como a diabetes não controlado aumenta a suscetibilidade e gravidade da DP.
O estudo dos dados levantados socioeconômico e demográfico, dados clínicos
médico-odontológico e estilo de vida dos diabéticos da UBSF V. Corumbá podem auxiliar
a realização de um projeto de intervenção com maior resolutividade.
Mudanças no estilo de vida é um grande desafio para a equipe da ESF. Com o
aumento de incidência de casos de diabetes mundialmente, os profissionais de ESF devem
trabalhar os fatores de risco em toda a população, para evitar complicações da diabetes.
DM e DP apresentam fatores de risco comuns, portanto a medicina e a odontologia
devem estreitar relações visando a integralidade do tratamento, elevando os índices de
sucesso terapêutico nas duas profissões.
39
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44
APÊNDICE - FICHA DE EXAME
45
FichaFicha
de de
Exame
– UBSF Vila Corumbá
Exame - UBSF Vila Corumbá
Identificação
Caracterização Socioeconômica
Nome:
Número de pessoas
Idade:
Sexo:
Número de cômodos
Cor:
Renda (No salário-minimo)
Edentulismo
Escolaridade
Uso de Prótese:
Sup
0- Analfabeto
1 -Ensino fundamental incompleto
2 -Ensino fundamental completo
3- Ensino médio incompleto
4- Ensino médio completo
5- Ensino superior incompleto
6- Ensino superior completo
Inf
Necessidade de prótese:
Sup
Inf
Caracterização da DM
Tempo da doença (anos):
Condição Periodontal
CPI
Complicações:
SD17/16
Oftálmica
AS
Renal
11
SE26/27
Neurológica
IE37/36
Pé diabético
IA
31
No de internações:
ID46/47
Sangramento
gengival
PIP
SD17/16
AS
11
SE26/27
IE37/36
IA
Cálculo
dentário
Bolsa
peridonta
llll
Medicações
1 Hipoglicemiantes orais
2 Insulina
3 Ambos
Hábitos de Vida
Exercício físico Sim/Não
Controle da alimentação S/N
Tabagista S/N
31
ID46/47
Etilista S/N
Higienebucal
1 Escovação
2 Escovação + fio dental
Microárea entrevistada:___________________________________________
Autorização:___________________________________________________
46
ANEXO A – FICHA B
ANEXO B – FICHA A
PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMPO GRANDE
Secretaria Municipal de Saúde Pública
CNPJ: 03.501.509/0001-06
MUNICÍPIO
SEGMENTO
UNI DAD E
/__/__/__/__/__/__/__/
/__/__/
/__/__/__/__/__/__/__/
SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE
SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE ATENÇÃO BÁSICA
ÁREA
/__/__/__/
MICROÁREA
/__/__/__/__/
NOME DO ACS:
FICHA
B - DIA
ANO
/__/__/__/__/
ACOMPANHAMENTO DE DIABÉTICOS
Identificação
Sexo
Idade
Mes es
Jan
Nome:
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Observações
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Data da visita do ACS
Faz dieta
Faz exercícios físicos
Endereço:
Usa insulina
Toma hipoglicemiante oral
Glicemia Capilar
Data da última consulta
Nome:
Data da visita do ACS
Faz dieta
Faz exercícios físicos
Endereço:
Usa insulina
Toma hipoglicemiante oral
Glicemia Capilar
Data da última consulta
Nome:
Data da visita do ACS
Faz dieta
Faz exercícios físicos
Endereço:
Usa insulina
Toma hipoglicemiante oral
Glicemia Capilar
Data da última consulta
*Os itens relacionados ao acompanhamento mensal, devem ser assinalados da seguinte forma: "S" se o paciente informar SIM,
"N" se o paciente informar NÃO e "X" se não houver prescrição, a cada mês de acompanhamento
PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMPO GRANDE
Secretaria Municipal de Saúde Pública
CNPJ: 03.501.509/0001-06
FICHA A
CADASTRO FAMILIAR
SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE
SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE ATENÇÃO BASICA
ENDEREÇO
MUNICÍPIO
|__|__|__|__|__|__|__|__|
NÚMERO
BAIRRO
|__|__|__|__|
ÁREA
MICROÁREA
|__|__|__| |__|__|__|
SEGMENTO
|__|__|
FAMILIA
|__|__|__|
UF
|__|__|
CEP
|__|__|__|__|__| -|__|__|__|
DATA
|__|__| - |__|__| - |__|__|
CADASTRO FAMILIA
PESSOAS COM 15 ANOS E MAIS
NOM E
DATA
NASC.
ALFABETIZADO
IDADE
SEXO
OCUPAÇÃO
SIM
PESSOAS DE 0 A 14 ANOS
NOM E
DATA
NASC.
NÃO
FREQUENTA
A ESCOLA?
IDADE
SEXO
OCUPAÇÃO
SIM
NÂO
DOE NÇ A OU
CONDIÇÃO
REFERIDA
(Sigla)
DOE NÇ A OU
CONDIÇÃO
REFERIDA
(Sigla)
Siglas para indicação das doenças e/ou condições referidas
ALC - Alcoolismo
CHA - Chagas
DEF - Deficiência
DIA - Diabetes
EFI - Epilepsia
GES - Gestação
HÁ - Hipertensão Arterial
TB - Tuberculose
HAN - Hanseniase
MAL - Malária
Data de atualização
______/ _____/ ______
SITUAÇÃO DA MORADIA E SANEAMENTO
TIPO DE CASA
TRATAMENTO DA ÁGUA NO
DOMICILIO
Filtração
Fervura
Cloração
Sem tratamento
ABASTECIMENTO DE ÁGUA
Rede pública
Poço ou nascente
Outros
DESTINO DE FEZES E URINAS
Sistema de esgoto (rede geral)
Fossa
Céu aberto
Tijolo / Adobe
Taipa revestida
Taipa não revestida
Madeira
Material aproveitado
Outros - Especificar:
Números de cômodos / peças
Energia elétrica
DESTINO DO LIXO
Coletado
Queimado / Enterrado
Céu aberto
Alguém da família possui Plano de Saúde
OUTRAS INFORMAÇÕES
Número de pessoas cobertas por Plano de Saúde
Nome do Plano de Saúde? |__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|
PARTICIPA DE GRUPOS
COMUNITÁRIOS
Cooperativas
Grupo religioso
Associações
Outros - especificar
MEIOS DE TRANPORTE QUE MAIS
UTILIZA
Ônibus
EM CASO DE DOENÇA PROCURA
Hospital
Unidade de Saúde
Benzedeira
Farmácia
Outros - especificar
MEIO DE COMUNICAÇÃO QUE MAIS
UTILIZA
Rádio
Televisão
Outros - Especificar
Caminhão
Carro
Carroça
Outros - Especificar
OBSERVAÇÕES
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