1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS À medida que o tempo passa os

Propaganda
ANO 6 – NÚMERO 55 – DEZEMBRO DE 2016• PROFESSORES RESPONSÁVEIS: FLÁVIO RIANI & RICARDO RABELO
1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS
À medida que o tempo passa os resultados dos indicadores econômicos brasileiros e as
notícias sobre o atual quadro político do país revelam gradativamente o equívoco da tese de que a
substituição do governo seria a alternativa para sairmos da crise.
No presente, até mesmo indicadores positivos, como a forte diminuição nas taxas de
crescimento da inflação, não podem ser comemorados na medida em que acabam sendo fruto de
uma situação econômica e social degradante caracterizada pela falta de capacidade de compra
dos indivíduos e resultante, sobretudo, da elevada taxa de desemprego marcante hoje no país.
Paralelamente a esse quadro apuram-se, ainda, taxas negativas de variações no PIB e na
indústria resultantes de fatores diversos, dentre eles a diminuição na capacidade de compra da
população, do baixo nível de investimentos públicos e privados e de um cenário internacional
também nebuloso.
Neste aspecto, a economia mundial aprofunda suas características de baixo crescimento
no caso dos países desenvolvidos e de desaceleração ou recessão nos países emergentes. As
‘soluções” de curto ou de longo prazo não buscam garantir o bem estar social de todos mas
apenas um “equilíbrio econômico” marcado pelo crescimento da desigualdade, reforçado pelos
avanços tecnológicos, sem efetivamente conseguir evitar novas crises financeiras prolongadas.
2 – IPCA DE 0,18% EM NOVEMBRO É O MENOR PARA O MÊS DESDE 1988
Prof. Flávio Riani
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o último Índice de Preços
ao Consumidor Amplo (IPCA) apurado , que representa a inflação oficial do país. A taxa de 0,18%
registrada em novembro além de ser inferior à do mês anterior ( 0,26%) é também a menor taxa
para o mês de novembro desde 1998 cujo valor foi 0,12%.
Tal resultado gera, de certa forma, um alívio para o governo, porém com avaliações
negativas uma vez que ele é fortemente consequência de uma situação extremamente
preocupante revelada pela diminuição na capacidade de compra do consumidor, resultando, de
forma agregada, num menor nível de produção de bens e serviços nos país.
Após os impactos inflacionários tempestivos ocorridos no início do ano, por ocasião dos ajustes
nos preços dos serviços e bens administrados pelo governo, a inflação dá sinais de
enfraquecimento e de que ainda é possível imaginar uma taxa anual bem próxima ao teto máximo
de 6,5%.
– EXPEDIENTE –
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais: Grão-Chanceler – Dom Walmor Oliveira de Azevedo | Reitor – Professor Dom
Joaquim Giovani Mol Guimarães | Vice-Reitora – Professora Patrícia Bernardes | Assessor Especial da Reitoria – Professor José Tarcísio
Amorim | Chefe de Gabinete do Reitor – Professor Paulo Roberto Souza | Chefia do Departamento de Economia – Professora Ana Maria
Botelho | Coordenação do Curso de Ciências Econômicas – Professora Ana Maria Botelho | Coordenação Geral – Professor Flávio Riani e
Professor Ricardo F. Rabelo
Instituto de Ciências Econômicas e Gerenciais: Prédio 14, sala 103 | Avenida Dom José Gaspar, 500 | Bairro Coração Eucarístico
CEP: 30535-901 | Tel: 3319.4309 | www.pucminas.br/iceg/conjuntura | [email protected]
Através das informações descritas no gráfico 1 pode-se avaliar o movimento decrescente
da taxa de inflação mensal de novembro de 2016, tanto em relação ao mês anterior
quanto ao mesmo mês do ano anterior.
Grtáfico 1 -Taxa Mensal de Inflação IPCA % Brasil
1,20
1,01
1,00
0,80
0,60
0,40
0,20
0,26
0,18
0,00
Novembro/2016
Outubro/2016
Novembro/2015
As taxas do IPCA agregadas no ano e nos últimos doze meses até novembro estão
destacadas no gráfico 2.
Gráfico 2 -Taxa de Inflação Acumulada IPCA Brasil
15,00
10,00
9,62
5,97
10,47
6,99
5,00
0,00
Acumulado até Acumulado até
novembro/2016 novembro/2015
Acumulado
Acumulado
últimos 12
últimos 12
meses até
meses até
Novembro/2016 Novembro/2015
Dados do gráfico 2 mostram as diminuições ocorridas nas taxas de inflação
acumuladas em 2016 comparativamente ao mesmo período em 2015.
Eles indicam claramente a possibilidade de que a taxa anual da inflação de 2016
fique muito próxima ao teto máximo de 6,5% para ela estabelecido pelo governo para o
período.
A diminuição na taxa do IPCA relativa ao mês de novembro foi fortemente
influenciada pela elevada queda no preço dos alimentos, de -0,05% para - 0,20%. O feijão
carioca e tomate – que durante meses foram considerados os vilões da inflação –, tiveram
as maiores quedas juntamente com a batata inglesa. Como esses elementos são básicos
no item Alimentação e Bebidas e como esse grupo tem peso relativo significativo na
apuração do IPCA acabam influenciando, de forma significativa, no valor final do IPCA
Além desses itens os preços relativos a artigos de residência (de -0,13% para 0,16%), sob influência de eletrodomésticos (-0,92%) e aparelhos de TV, som e informática
(-0,92%) foram os que apresentaram maiores quedas.
No sentido oposto tiveram elevações os itens relacionados a saúde e cuidados
pessoais (de 0,43% para 0,57%); despesas pessoais (de 0,01% para 0,47%); educação (de
0,02% para 0,06%) e comunicação (de 0,07% para 0,27%).
3 – PIB DECEPCIONA MAIS UMA VEZ
Após a apuração e divulgação do PIB do trimestre anterior criou-se no país a
expectativa de mudanças no quadro recessivo em função do ligeiro aumento registrado
no item de Formação Bruta de Capital Fixo e na Indústria. Entretanto, o recuo de 0,8%
apurado nesse terceiro trimestre de 2016 frustrou tal expectativa e completou a 7ª queda
trimestral seguida no nível da produção nacional.
Conforme mostra o gráfico 3, depois de uma queda no 2º trimestre de 2014 o PIB
brasileiro apresentou dois trimestres de elevações extremamente baixas. Pior ainda que a
partir do 1º trimestre de 2015 ele caminha numa trajetória decrescente nas apurações
realizadas após aquele período. A queda observada de 0,8% no PIB do terceiro trimestre
de 2016 frustrou a expectativa de possibilidade de sair mais rápido da recessão. A sétima
queda consecutiva além de constituir a mais longa na história econômica brasileira
ocorreu, também, em todos os segmentos que compõem a oferta agregada.
0,5
Gráfico 3 - Taxas Trimestrais de Variações Reais
PIB - Brasil
0
-0,5
-1
-1,5
-2
-2,5
Fonte: IBGE
Informações destacadas na Tabela 1 mostram que, no terceiro trimestre de 2016,
qualquer que for o período de comparação, as taxas de variações no PIB do Brasil foram
negativas. Pelos índices apresentados e pelas informações adicionais sobre indicadores de
desempenho, pode-se esperar uma taxa negativa anual do PIB nacional por volta de 3,5%
em 2016 comparativamente a 2015.
Tabela 1 – PIB Taxas Trimestrais - Brasil
Outro ponto marcante do desempenho do PIB nesse terceiro trimestre de 2016 é o
fato de que os resultados mostram que, tanto pela ótica da oferta quando pela demanda,
todos os indicadores agregados básicos apresentaram queda em relação ao trimestre
imediatamente anterior.A tabela 2 e os gráficos 4 e 5, dela derivados, destacam as
recentes taxas de variações reais do PIB trimestral nas óticas da produção e da demanda.
Tabela 2 – Taxas trimestrais de variações reais do PIB brasileiro
Do ponto de vista da oferta apesar dos três segmentos tradicionais terem
apresentado queda, chama a atenção a performance negativa tanto da indústria quanto
dos serviços, setores esses importante na geração de produção e renda na economia.
Gráfico 4 - PIB Ótica da Oferta
Brasil - Variação 3º Trim-2016/2º Trim 2016
0
-0,5
-0,6
-0,8
-1
-1,5
Agropecuária
-1,4
Indústria
-1,3
Serviços
PIB mercado
Fonte: IBGE
No que se refere à demanda percebe-se também, por intermédio do gráfico 5, que
todos os segmentos apresentaram queda no período em tela. Além disso, deve-se ainda
destacar as quedas apuradas no segmento de consumo das famílias que, devido à
participação desse setor na composição da demanda agregada afeta diretamente o
consumo e por consequência o nível de produção e de investimentos.
Gráfico 5 - PIB Òtica da Demanda Brasil
- Variação 3ºTrim-2016/2ºTrim-2016
0
-0,5
-1
-0,3
-0,6
-1,5
-2
-2,5
-3
-2,8
-3,1
-3,5
Fonte: IBGE
-3,1
Tal situação reflete na queda observada na Formação Bruta de Capital Fixo cujo
índice desse trimestre, além de ter revertido a expectativa de recuperação criada no
trimestre anterior, demonstra a tendência da permanência de manutenção de seu
patamar, até mesmo em função da capacidade ociosa criada pela redução da demanda.
Ainda no quadro das expectativas de crescimento da produção, o índice negativo das
importações, na sua maior parte representada pela diminuição da aquisição de bens de
capital, se incorpora na frustração da expectativa de crescimento imaginada já para esse
terceiro trimestre e que não ocorreu.
4 – DESEMPENHO DA INDÚSTRIA TAMBÉM DECEPCIONA NOVAMENTE
O setor industrial brasileiro voltou a apresentar queda em outubro, após uma
ligeira alta no mês anterior. Na comparação com setembro, a produção do setor caiu
1,1%. É a maior retração para outubro desde 2013, quando foi de 1,5%.
Comparativamente a outubro de 2015, a indústria recuou de 7,3%, o mais forte desde
maio de 2016 (-7,4%). No acumulado do ano, de janeiro a outubro, a atividade industrial
no Brasil acumula baixa de 7,7%. Em 12 meses, o segmento tem queda de 8,4%. Os dados
que compõem o gráfico 6 destacam as variações ocorridas nos principais estados
brasileiros. Inicialmente deve-se ressaltar que todas as taxas destacadas são negativas.
Gráfico 6 - Taxas Negativas de Desempenho Industrial
Brasil - 3º Trim. 2016
25
21,6
20
15
13,2
11,3
8,2
10
5
7,7
7,4
6,2
5,4
4,6
4,2
1,2
0
Fonte: IBGE
Além desse ponto chama atenção a variação de 21,6% observada no Espírito Santo
e, de certa forma, a em Pernambuco que têm um parque industrial relativamente
significativo cujas variações se tornam relevantes para a análise de desempenho
econômico local e nacional. Porém, o destaque maior concentra-se nos três estados mais
industrializados do país (São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro) cujas taxas respectivas
(-6,3 -7,4 e -5,4) mostram a dificuldade de alterar suas expectativas de crescimento,
importante para reverter os impactos negativos causados pelo desempenho desses
setores na formação da produção, na geração de emprego e de renda na sociedade.
5 - ECONOMIA MUNDIAL: QUAL CRISE?
Prof. Ricardo F. Rabelo
A economia mundial apresentou até 2008 ciclos de profunda instabilidade nos mercados
financeiros, onde se alternaram períodos de intenso crescimento, como de 2003 a 2007, com
períodos de forte queda da produção, da renda e do emprego , como ocorreu no período
imediatamente após a crise. A partir de 2011, no entanto, iniciou-se uma nova fase da economia
mundial em que se tem prenúncios de nova crise financeira internacional, caracterizados por
queda acentuada nos preços das ações e de outros ativos de risco em escala internacional,
obrigando a adoção de políticas de estímulo como redução da taxa de juros ou a não efetivação
de sua elevação sempre estimulada por vários analistas e órgãos de imprensa especializados em
economia.
Por outro lado, a recuperação do crescimento, ocorrida após a crise, principalmente nos
países centrais e desenvolvidos da economia mundial se mostra cada vez mais limitada e parcial.
Nos países emergentes a retomada se transformou em desaceleração do crescimento ou em
recessão aberta, com exceção apenas da Índia, que segue apresentando crescimento econômico.
Gráfico 7
Crescimento Econômico Mundial Médio (2012-2016)
6
5
PiB (%)
4
3
Mundo
Economias desenvolvidas
Países emergentes
2
1
0
2012
2013
2014
Anos - 2016 - projeção
Fonte: Bureau of Economic Analysis (BEA).
2015
2016
Há fatores estruturais e gerais para esta nova fase, como já apontamos anteriormente
nesta carta: o alto nível de desemprego nos países desenvolvidos, a manutenção de baixos índices
de crescimento na maior parte destes países, além do fracasso das políticas monetárias de
estímulo ao crescimento e da incapacidade dos países emergentes de impedir ou pelo menos
limitar a queda de crescimento econômico que vem apresentando nos últimos anos, além das
tendências recessivas que caracterizam economias emergentes como o Brasil e Rússia.
A atualização da análise sobre este processo é sempre necessária em termos conjunturais,
objetivo principal deste artigo. Cabe também, no entanto, fazer algumas considerações sobre esta
nova fase em termos estruturais, pois sua evolução recente aponta obstáculos para um novo ciclo
de crescimento e fortalece a perspectiva de um período cada vez mais caracterizado por uma
estagnação econômica e ameaças de crises financeiras profundas. Por outro lado, o “admirável
mundo novo” previsto pela chamada Quarta Revolução Industrial se mostra o como um mundo
tenebroso em que as novas tecnologias tornam uma parte considerável da humanidade
dispensável.
6 - ECONOMIA DOS EUA: PERMANECE A ESTAGNAÇÃO
A retomada de crescimento dos Estados Unidos é estruturalmente limitada e bloqueada
pelas incapacidade de resposta às políticas de estimulo financeiro pelo próprio capital financeiro
que pressiona pela elevação das taxas de juros pelo FED e outras medidas recessivas. O PIB tem
crescido a taxas baixas , e manteve-se estagnado nos dois últimos anos. Em 2016, o PIB cresceu
0,8% no 1º. Trimestre e 1,4% no 2º., sendo que os analistas previam 1,1% e 2,6%,
respectivamente. Os últimos dados a respeito do 3o. Trimestre, apesar de um crescimento
anualizado maior – de 3,2% - reforçam esta visão, já que este crescimento se deveu mais à alta nas
exportações, que se elevaram em 10,1% em relação ao trimestre anterior (dados anualizados).
Gráfico 8
Evolução Trimestral do Consumo Pessoal - EUA - 2016
4,50%
4,00%
3,50%
3,00%
2,50%
%
2,00%
1,50%
1,00%
0,50%
0,00%
1o. trimestre
2o. trimestre
Taxas Anualizadas
Fonte: Bureau of Economic Analysis (BEA).
3o. Trimestre
Internamente, os gastos em consumo, que cresceram apenas 1,6% no primeiro trimestre,
desaceleraram dos 4,3% apresentados no 2o. trimestre para 2,8% no terceiro.
Esta redução nos gastos em consumo reflete o desempenho do mercado de trabalho. A
taxa de desemprego nos Estados Unidos registrou redução em outubro, mas com estabilidade na
criação de novos postos de trabalho. Os números oficiais mostram uma leve redução – 0,1% -- no
índice de desemprego e uma queda na criação de novos empregos de 191.000 em setembro para
161.000 em outubro, em dados corrigidos de variações sazonais. Além do consumo, o
investimento das empresas apresentou crescimento de 10%, mas o investimento imobiliário, por
outro lado, contraiu-se 4,4%.
A divulgação de análises positivas e exageradas sobre a “retomada”, sabe-se agora, tinha
apenas um objetivo: fundamentar a política, ansiada pelo mercado financeiro, de aumento da
taxa de juros. O FED finalmente implementou essa política, ao elevar a taxa de 0,50 para 0,75% .
As implicações dessa medida serão, provavelmente, abortar precocemente uma possibilidade de
efetivo crescimento da economia americana, além de provocar uma “repatriação” de
investimentos financeiros dos emergentes para os EUA.
7 -UNIÃO EUROPÉIA E ZONA DO EURO: DA AUSTERIDADE À POSSÍVEL DESINTEGRAÇÃO
A retomada do crescimento da economia européia permanece em patamares muito baixos,
aprofundando a assimetria entre centro e periferia da zona do euro e desatando graves conflitos
no interior da União Européia como fica evidente no Brexit e, mais recentemente, a derrota do
projeto de reforma do senado italiano pelo referendo popular. A derrota mostra o fortalecimento
de partidos contrários à União Européia. O que mudou em 2016 foi a atitude dos analistas, em
particular a imprensa especializada, de celebrar pífios avanços no crescimento como uma
perspectiva firme de recuperação. Ao lado da manutenção do eixo básico e políticas de
austeridade fiscal pelas autoridades da “Troika” – Banco Central Europeu – FMI – Comissão
Européia , adotou-se uma política de incentivos monetários como redução dos juros e injeção de
recursos no mercado financeiro que parece se revelar completamente fracassada.
7.1 AS CONTRADIÇÕES DA PROPALADA “RETOMADA EUROPÉIA”
O desempenho da economia da zona do euro evoluiu de uma contração de 0,5% em 2012 e
de 0,4% em 2013 para um crescimento de 0,9% em 2014 e de 1,6% em 2015, amparada por
investimentos em equipamentos e construções.O PIB da zona do euro cresceu 0,6% no primeiro
trimestre de 2016, em comparação aos últimos três meses de 2015. O aumento, quando
comparado ao primeiro trimestre de 2015, é de 1,7%.
Essa rastejante retomada não é, no entanto, linear pois há fatores estruturais da crise, como a
ascensão da China como grande potência produtiva e financeira, o que levou a um deslocamento
de empresas de países de todo o globo rumo ao país asiático e a substituição da produção local
européia por importações de produtos chineses.
O Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro cresceu 0,3% no terceiro trimestre de 2016, a
mesma taxa registrada no período de abril a junho de acordo com dados da Agência de Estatísticas
da União Européia.
A maior contribuição para o crescimento veio do gasto de consumo das famílias, com aumento
de 0,2 ponto percentual ao resultado final.As variações de estoques e os gastos do setor público
contribuíram com 0,1 ponto cada um.O impacto das exportações foi zero, enquanto o aumento
das importações reduziu em 0,1 ponto o crescimento.O investimento não contribuiu para o
crescimento, após expansão em trimestres anteriores.
Em relação ao terceiro trimestre de 2015, a economia da região do euro aumentou 1,7%,
depois de ter registrado expansão da mesma ordem entre abril e junho, no mesmo tipo de
comparação . Na União Européia, o PIB teve ampliação de 0,4% no terceiro trimestre, seguindo
aumento da mesma ordem nos três meses anteriores. A economia da zona do euro cresceu no
terceiro trimestre no mesmo ritmo reduzido visto no segundo e o núcleo da inflação desacelerou
em outubro, aumentando as expectativas de que o BCE (Banco Central Europeu) deverá prorrogar
seu programa de compra de ativos em dezembro. A agência de estatísticas da União Européia,
Eurostat, informou que o PIB (Produto Interno Bruto) nos 19 países que compartilham o euro
cresceu 0,3% na comparação trimestral no período entre julho e setembro, e 1,6% na base anual.
Gráfico 9
Fonte: Eurostat
Ambos os números repetiram as taxas registradas no segundo trimestre, mostrando, ao
contrário dos que querem os analistas, uma estagnação em níveis de crescimento muito baixos.Os
preços ao consumidor na região subiram 0,5% na comparação anual em outubro, contra avanço
de 0,4% em setembro e de 0,2% em agosto, uma vez que a pressão da energia elétrica sobre o
índice diminuiu. Os preços da energia elétrica foram apenas 0,9% mais baixos em outubro do que
12 meses antes.
No entanto, excluindo os preços mais voláteis de alimentos não processados e energia, a
inflação foi de 0,7% na comparação anual, contra 0,8% nos cinco meses anteriores. O BCE quer
uma taxa maior da inflação geral — perto de 2% no médio prazo — e tem comprado títulos dos
governos da zona do euro para injetar mais dinheiro no sistema bancário e fazer com que os
bancos emprestem para a economia real. O BCE se reúne em dezembro e terá que decidir se
prorroga as compras de títulos além do prazo inicial de março de 2017. Autoridades do banco
central têm dito que a política monetária expansionista será mantida até que a inflação esteja em
uma trajetória sustentável para a meta.
8 - A EVOLUÇÃO RECENTE DE ALGUMAS ECONOMIAS NACIONAIS DA ZONA DO EURO
Espanha
O crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) da Espanha registrou desaceleração no terceiro
trimestre, com alta de 0,7% na comparação com o trimestre anterior, de acordo com os dados
divulgados pelo INE (Instituto Nacional de Estatísticas). No segundo trimestre, o PIB do país
registrou alta de 0,8%. Essa desaceleração pode indicar uma reversão do processo de crescimento
que vem sendo alardeado como evidência do acerto da política de austeridade da “troika” ,
aplicada pelo Governo Espanhol através de medidas fortemente restritivas.
Alemanha
O crescimento econômico da Alemanha desacelerou mais que o esperado no terceiro
trimestre, tendo como um dos fatores a queda nas exportações. A economia cresceu 0,2% no
período de julho a setembro, após expansão de 0,4% nos três meses até junho, sempre
comparando o crescimento com o trimestre anterior de acordo com dados da Agência Federal de
Estatísticas. A expansão foi inferior ao previsto pelos analistas e imprensa especializada, que
projetava crescimento de 0,3%.
A análise o PIB alemão sob a ótica da demanda mostra que o consumo das famílias subiu 0,4%
entre julho e setembro ante os três meses anteriores, enquanto o consumo do governo avançou
1% e os investimentos em construção aumentaram 0,3%. Por outro lado, os investimentos em
fábricas e maquinário diminuíram 0,6% na mesma comparação.Já as exportações alemãs caíram
0,4% no terceiro trimestre ante o segundo, mas as importações avançaram 0,2%. A economia
cresce sob o impulso dos gastos do governo e aumento de consumo, variáveis que o Governo
alemão demoniza quando se trata dos países da periferia da zona do Euro, em nome da ”saúde
fiscal”. O investimento e o setor externo, que foram no passado as principais forças dinâmicas da
economia alemã, mostram um desempenho muito negativo.
França
A economia da França cresceu 0,2 por cento no terceiro trimestre na comparação com o
crescimento com o trimestre anterior uma vez que o forte acúmulo de estoques pelas empresas
compensou a demanda doméstica estagnada.Os gastos dos consumidores apresentaram
estagnação pelo segundo trimestre seguido, disse a INSEE, o que significa que a contribuição de
0,1 ponto da demanda doméstica ao Produto Interno Bruto (PIB) se deveu apenas ao aumento de
0,3 por cento dos gastos do governo.O comércio internacional cortou 0,6 ponto do PIB, com as
importações crescendo muito mais rápido do que as exportações.
9 - A PERSISTENTE DESACELERAÇÃO DOS EMERGENTES
As principais economias emergentes tem sido mais fortemente atingidas pela crise
internacional, pois, mantém um processo de desaceleração, sendo que Brasil e Rússia
mergulharam, por razões distintas, em uma profunda recessão.
Na China, o Produto Interno Bruto (PIB) da China teve expansão anual de 6,7% no terceiro
trimestre, segundo dados do Escritório Nacional de Estatísticas do país. Na comparação do
segundo trimestre com o trimestre anterior, o PIB chinês avançou 1,8% entre julho e setembro,
considerando-se ajustes sazonais. Entre abril e junho, a segunda maior economia do mundo
também havia expandido 1,8% ante o primeiro trimestre. Entre janeiro e setembro, o PIB da China
registrou crescimento de 6,7% ante igual período do ano passado. Os últimos resultados do PIB
mantêm a China na trajetória para cumprir a meta oficial de expansão de pelo menos 6,5% em
2016, embora o ritmo de crescimento dos dois últimos trimestres tenha sido o mais fraco desde
os primeiros três meses de 2009, auge da crise financeira mundial, mostrando que o processo de
desaceleração continua.
Na Rússia, projeta-se uma queda de 0,4% a 0,6% no terceiro trimestre de 2016, na
comparação com o crescimento com o trimestre anterior, de acordo com o Banco da Rússia.
Segundo a autoridade monetária, a redução do PIB no ano ficará entre 0,5% a 0,7%. O
Banco
Central projeta uma leve recuperação em 2017, mas o crescimento não deve passar de 1%. Além
disso, o investimento na Rússia deve cair entre 2,5% e 3,5% no terceiro trimestre. No ano passado,
a economia russa reduziu-se em 3,7% , em meio à queda dos preços do petróleo.
Gráfico 10
Evolução Trimestral do PIB - 2016 - China - Trimestre/Trimestre anterior
1,80%
1,60%
1,40%
1,20%
1,00%
%
0,80%
0,60%
0,40%
0,20%
0,00%
1o. trimestre
2o. trimestre
Fonte: Bureau of Economic Analysis (BEA).
3o. Trimestre
Na Índia, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 7,3% no trimestre até 30 de setembro o
que representa uma aceleração ante o avanço de 7,1% do trimestre anterior, comparando-se com
o mesmo período do ano anterior.O crescimento indiano tem se mostrado consistentemente
superior a 7% nos últimos trimestres, mas a decisão do governo de retirar e substituir cerca de
86% das cédulas de dinheiro em circulação deixou pessoas e pequenos negócios com pouco
dinheiro para gastar, o que significou um freio na economia.
Muitos economistas advertem que a repentina retirada de notas de dinheiro de valor mais
alto pode cortar até 1,5 ponto porcentual do crescimento econômico neste ano, caso a introdução
das novas notas demore muito.
Os resultados do trimestre até setembro tiveram como fatores determinantes os
expressivos resultados na agropecuária e no setor de construção. A produção agropecuária teve
aumento anual de 3,3%, maior que a expansão de 1,8% registrada nos três meses anteriores,
graças aos níveis normais de chuva na temporada entre junho e setembro pela primeira vez em
três anos. A produção industrial manteve-se em nível alto, com crescimento de 7,1% no 3º
trimestre, embora no trimestre anterior o crescimento tenha sido de 9,1%.
10 - RUMO A UMA NOVA CRISE FINANCEIRA?
A situação atual da economia mundial com uma retomada “travada” nos países
desenvolvidos e desaceleração ou recessão nos emergentes, revela as contradições de um
processo generalizado de financeirização. As empresas, mesmo as muito grandes, obtém cada vez
mais rendimentos financeiros e menos rendimentos advindos da produção. Ao mesmo tempo, as
políticas de estímulo econômico adotadas no mundo desenvolvido, com redução de taxas de juros
e injeção de recursos financeiros no mercado tem criado grandes dificuldades para o mercado
financeiro, que amarga taxas de juros cada vez menores , insuficientes para dar os rendimentos
necessários para sustentar o enorme acúmulo de riqueza financeira.
Gráfico 11
Dívida Total dos Agentes Não Financeiros, Privados e Públicos(%PIB) - 2014/15
481
500
450
400
343
346
334
350
333
318
% PIB
300
235
250
200
150
100
50
0
França
Alemanha
Itália
Japão
Países
Espanha
Fonte: Bureau of Economic Analysis (BEA).
RU
EUA
Por outro lado, os estados acumularam enormes dívidas, oriundas de má gestão e das
próprias políticas de estímulo. Crescem, portanto, os passivos financeiros mundiais, que guardam
cada vez menos proporção com a produção e a riqueza real.
O resultado é o comprometimento da saúde financeira de todas economias, que resultam
no enfraquecimento dos grandes bancos. É o caso do Deutche Bank, que se vê a frente com
grandes dificuldades de manter seu equilíbrio, pois sustenta todas as grande dívidas estatais e
privadas européias e que não são capazes de remunerar adequadamente seu enorme capital.
Enfrenta agora também a exigência, pelos EUA, de pagamento de uma astronômica multa, devido
a práticas irregulares no mercado financeiro.
Outro exemplo é o processo vivido pela economia italiana. A Itália está preste a passar por
uma crise bancária de grandes proporções. Os empréstimos feitos pelos bancos e cujos clientes se
tornaram inadimplentes já totalizam 360 bilhões de euros, o que equivale as 17% de todos os
empréstimos bancários do país, e é igual a aproximadamente 20% de todo o PIB anual italiano.
Desde o início de 2016, os preços das ações dos bancos italianos já caíram mais de 50%. No caso
do banco mais antigo e mais problemático da Itália, o Banca Monte dei Paschi di Siena, o preço de
suas ações já despencaram mais de 75%. A economia italiana ainda não se recuperou da crise
financeira de 2008, sendo hoje 8% menor do que era em 2008, e praticamente do mesmo
tamanho que era ao final do século XX.
A alternativa proposta pelo governo italiano enfrenta todo tipo de problema, pois admite
utilizar recursos tributários para socorrer os bancos, em total desafio às regras da União Européia,
que, desde janeiro de 2016, proíbe resgates, permitindo somente a utilização dos recursos dos
próprios clientes para recapitalizar o banco .
Esta situação em que os Governos possam ser obrigados, em caso de uma crise financeira
global, a implementar políticas de recuperação de grandes bancos revela uma encruzilhada da
economia mundial. A maioria dos Estados está sem condições fiscais e monetárias de investir
recursos em políticas anticíclicas e estão aplicando políticas neoliberais, com a desculpa das
grandes dívidas, promovendo reformas estruturais que reduzem ou acabam totalmente com as
políticas de bem estar social.
A cada vez maior oposição a estas políticas, por sua vez, determina o surgimento da
imposição autoritária de políticas de austeridade, que só ampliam ainda mais os problemas
políticos, como mostram o “Brexit” na Inglaterra e a derrota do governo em referendo das
reformas políticas na Itália. Neste particular, a vitória de Trump nos EUA também vai no sentido de
buscar fortalecer a economia americana com políticas protecionistas que apontam para uma
ruptura com a ordem econômica neoliberal, vigente pelo menos desde a década de 90,de uma
perspectiva ultra conservadora.
A saída de longo prazo da crise para as economias desenvolvidas , tentando superar de
forma estrutural as debilidades e problemas estruturais existentes , seria a chamada Quarta
Revolução Industrial. Ela engloba um conjunto de mudanças reunindo a robótica, a inteligência
artificial, a impressão 3D, a nanotecnologia, a biotecnologia, os veículos autônomos, os novos
materiais, a Internet das coisas etc.
De acordo com relatório do UBS a Quarta Revolução Industrial está ancorada em duas forças. A
primeira é a automatização radical nos negócios, governo e vida privada. A segunda, é
conectividade ampliada, que destrói a distância e o tempo como obstáculos à comunicação cada
vez mais ampla e mais rápida. Isto significa a substituição das mais diferentes habilidades do
trabalho qualificado pelos chamados robôs cooperativos com enorme impacto no mercado de
trabalho. Nos últimos 10 anos, o número global de robôs industriais cresceu 72%, enquanto só
nos Estados Unidos, a quantidade de empregos na indústria caiu 16% de acordo com dados da
Federação Internacional de Robótica.
De acordo com um Relatório do Fórum Econômico Mundial há projeções de uma perda
líquida de 5 milhões de empregos até 2020, que poderá ser compensada com a criação de 2,1
milhões de empregos em áreas mais especializadas, tais como computação, matemática,
arquitetura, engenharia, mídia e entretenimento, especialidades em geral mais competitivas nos
países desenvolvidos
Mapa da Distribuição Mundial de Robôs em 2016
Fonte: Merryl Linch
Download