8-Artigo 497 - Cultivares de mamona

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CULTIVARES DE MAMONA EM FUNÇÃO DA ADUBAÇÃO NITROGENADA EM
COBERTURA
Alex Gonçalves1, Oscar Mitsuo Yamashita1*, Walmor Moya Peres1, Waltemilton Vieira Cartaxo2
RESUMO: Foi conduzido um experimento com a cultura da mamoneira (Ricinus communis L.) com as
cultivares BRS Energia, BRS Nordestina e BRS Paraguaçú foi conduzido no Município de Alta Floresta, MT,
com o objetivo de avaliar as características produtivas das cultivares em função da adubação nitrogenada em
cobertura. Utilizou-se um delineamento em blocos ao acaso em esquema fatorial 3 x 4 (3 cultivares e 4 doses de
N) com 3 repetições, em que o elemento N foi fornecido em diferentes doses em cobertura. Cada parcela foi
constituída de 4 linhas com 6 m de comprimento, espaçadas entre si de 2 m e 1 m entre plantas. Foram
consideradas úteis apenas as 8 plantas centrais. A adubação das covas de semeadura foi realizada, levando-se em
consideração as características químicas do solo, utilizando-se 0, 90 e 30 kg ha-1 de N, P2O5 e K2O,
respectivamente. Os tratamentos foram representados pela aplicação de doses de N em cobertura (0, 20, 40 e 80
kg ha-1), utilizando-se como fonte a ureia. Aos 180 dias após a emergência (DAE) foram avaliadas as seguintes
variáveis: altura de inserção de 1° cacho, diâmetro de caule na base, número de nós até o primeiro cacho. Por
ocasião da colheita também foram determinados número de cachos por planta, frutos por cacho, produtividade de
frutos, peso de 100 sementes e tamanho de semente. Os resultados indicaram que a adubação química com 80 kg
ha-1 de N proporcionou aumento na produção de sementes de 90,5%. Assim, conclui-se que a adubação
nitrogenada em cobertura afeta a produção da mamoneira, sendo recomendada para a obtenção de elevadas
produtividades.
Palavras-chave: mamoneira, nitrogênio, produtividade.
GROWERS OF CASTOR BEANS AS A FUNCTION OF NITROGEN TOPDRESSING
ABSTRACT: An experiment with the culture of castor bean (Ricinus communis L.) with the cultivars BRS
Energia, BRS Nordestina and BRS Paraguaçú, was conducted in the municipality of Alta Floresta – MT, with
the goal of evaluating the productive characteristics of cultivars in function of nitrogen fertilization in
topdressing. Was used a delineation in blocks at random in scheme factorial 3 x 4 (three cultivars and four doses
of N) with 3 replicates, where the element N was provided in different doses in topdressing. Each plot was
constituted of 4 rows of 6 m length, spaced between 2 m and 1 m between plants. Only the 8 central plants were
considered useful. The fertilization of the planting pits was carried out taking in consideration the chemical
characteristics of soil, using 0, 90 and 30 Kg ha-1 of N, P2O5 and K2O, respectively. The treatments were
represented by application of N in topdressing (0, 20, 40 and 80 kg ha-1), using urea as source. 180 days after
emergency (DAE) were evaluated the following variable: insertion height of the first bunch, diameter of stalk in
base, number of nodes until the first bunch. At occasion of harversting, were also determined the number of
bunch by plant, fruits by bunch, productivity of fruits, weight of 100 seeds and size of seeds. The results
indicated that the fertilization with 80 kg ha-1 of N provided an increase in seed production of 90,5%. Thus, we
conclude that the nitrogen topdressing affects the production of castor beans, and is recommended to obtaining
high productivity.
Keywords: Castor bean, nitrogen, productivity.
___________________________________________________________________________
1
Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT – Campus Universitário de Alta Floresta. Av. Perimetral Rogério
Silva, Jardim Flamboyant, Caixa Postal 324, Alta Floresta (MT). CEP: 78580-000. *E-mail: [email protected]. Autor para
correspondência.
2
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA – Centro Nacional de Pesquisa de Algodão. Rua Oswaldo
Cruz, 1143, Centenário, Caixa Postal 174, Campina Grande (PB). CEP: 58428-095.
Recebido em: 25/04/2012.
Aprovado em: 10/04/2013.
Gl. Sci Technol, Rio Verde, v. 06, n. 01, p.89 – 100, jan/abr. 2013.
A. Gonçalves et al.
INTRODUÇÃO
O esgotamento dos recursos naturais
norteia por meios de produção com maior
eficiência e melhor uso da terra no que se
refere à sustentabilidade e a capacidade em
suprir as necessidades do ser humano,
principalmente, em relação ao consumo de
recursos naturais se torna cada vez mais
importante.
Entre esses recursos, estão as reservas
mundiais de petróleo que não são renováveis.
As reservas atuais no mundo são suficientes
para aproximadamente mais meio século.
Este problema preocupa a sociedade, já que
este combustível fóssil é empregado na
fabricação de diversos produtos utilizados na
produção. Dentre seus derivados está o óleo
diesel, utilizado na produção agrícola, no
setor de transportes e em diversas outras
atividades.
Partindo dessa premissa, existe uma
grande preocupação em buscar fontes de
energia alternativas às não renováveis e
poluentes ao meio ambiente, como o
petróleo. Uma delas é a produção de
biodiesel, combustível renovável obtido a
partir de várias matérias-primas, dentre elas
os óleos vegetais. Com o advento de
produção de biocombustíveis, surgiu a
necessidade de selecionar culturas aptas à
produção dos mesmos. Nesse processo de
renovação das fontes de energia, o Brasil,
devido sua grande extensão territorial e
condições climáticas propícias, é considerado
um país privilegiado para a exploração de
culturas com estes fins.
A demanda por óleos vegetais para
produção de biodiesel tem proporcionado
buscas por espécies com características
agronômicas adaptadas para exploração
econômica.
No campo das oleaginosas, matériaprima potencial para a produção de biodiesel,
as vocações são bastante diversificadas, onde
estudos mostram que as principais culturas
são a soja, o babaçu, o dendê e a mamona,
cada uma dessas culturas localizada em
climas que compreende sua maior adaptação.
A mamoneira (Ricinus communis L.)
é uma oleaginosa com representatividade no
90
cenário econômico e social, pois pode ser
explorada para produção de biocombustíveis.
Essa espécie tem sido cultivada como uma
das oleaginosas fornecedoras de matéria
prima para fabricação de biodiesel no Brasil.
Essa opção de cultivo se deve a adaptação
desta oleaginosa a tecnologia para cultivo em
regiões de tradição para a agricultura
familiar, possibilitando a inclusão social de
milhares de pequenos produtores sem muitas
opções agrícolas rentáveis. Embora haja
importância no aspecto social, essa cultura
pode ser cultivada em várias regiões do país,
desde o Sul até o Norte, desde que se obedeça
a suas exigências climáticas e receba manejo
adequado (SAVY FILHO, 2005, SILVA et
al., 2011).
Entre as alternativas de plantas
oleaginosas visando à produção de biodiesel,
a mamona atualmente é uma planta de grande
potencial, principalmente, nas regiões
carentes do Brasil. A sustentabilidade de um
programa de biodiesel baseia-se no
fortalecimento da base agrícola e tecnológica,
de suporte para o desenvolvimento e
indicação de novas cultivares, tornando-se de
fundamental
importância
para
disponibilização de informações atualizadas
sobre o cultivo e avanços tecnológicos que
contribuam para a melhoria do conhecimento
da comunidade científica e da sociedade a
respeito desta oleaginosa (AZEVEDO &
LIMA, 2001).
O
melhoramento
genético
da
mamoneira e de sistemas de produção
direcionados para esse tipo de cultura faz
com que haja uma maior exigência no uso de
tecnologias, visando o aumento na
produtividade. A mamoneira é uma planta
que necessita ser cultivada em solos muito
férteis
para
que
atinja
elevadas
produtividades, no entanto, o conhecimento
científico sobre o uso de fertilizantes em
solos com essa cultura é incipiente e carece
de aperfeiçoamento e adaptação a diferentes
regiões (SEVERINO et al., 2006).
O nutriente nitrogênio é um
macronutriente primário ou nobre, além de
ser o mais utilizado mais extraído e mais
exportado pelas culturas. Sendo assim, a sua
utilização na agricultura é essencial para as
Gl. Sci Technol, Rio Verde, v. 06, n. 01, p.89 – 100, jan/abr. 2013.
Cultivares de mamona...
plantas cumprirem seu ciclo de vida.
Contudo, a adubação nitrogenada é a maior
responsável pela disponibilidade do N no
solo.
As formas em que o N se apresenta
nos adubos nitrogenados são: Nítricas (Ex.
Nitrato de Cálcio), amoniacal (Ou ambas
como e o caso do Nitrato de Amônia),
orgânica e amídica (Ureia). A concentração
de N nos adubos pode variar desde 82% na
amônia anidra até alguns décimo de 1% nos
adubos orgânicos (MALAVOLTA et al.,
1997).
O objetivo do presente foi avaliar as
características produtivas de cultivares de
mamona (Ricinus communis.) em função da
adubação nitrogenada em cobertura, na
região de Alta Floresta – MT.
91
O experimento foi realizado em área
experimental da UNEMAT, Campus
Universitário de Alta Floresta – MT, tendo
como coordenadas geográficas 09º 52’ 31”
Latitude Sul e 56º 05’ 6” Longitude Oeste,
com altitude de 282 metros.
A caracterização climática da região é
tropical chuvoso tipo Awi, segundo
classificação de Köppen. Na região ocorrem
duas estações bem definidas, período seco e
período chuvoso com precipitação média de
2750 mm anuais e temperatura entre 18º a 40
ºC, com média de 26 ºC.
O solo da área experimental é
classificada como Latossolo VermelhoAmarelo
distrófico
(LVad)
argiloso,
moderadamente ácido (EMBRAPA, 2006).
As características químicas do solo são
apresentadas na Tabela 1.
MATERIAL E MÉTODOS
Tabela 1 - Composição química do solo da área experimental
Prof.
pH
M.O.
(cm)
H2 O
g kg-1
(mg dm-3)
0-20
4,75
3,60
0,70 189,5
P
K
Ca
Mg
Al
H+Al
SB
T
cmolc dm-3
2,0
1,1
0,2
4,35
V
(%)
3,58
7,9
60,3
Análise realizada no Laboratório de Solos da Unemat, Alta Floresta – MT.
A adubação de semeadura foi
determinada em função dos resultados da
análise química e da produtividade das
cultivares, levando-se em consideração as
características químicas do solo, utilizando-se
0, 90 e 30 kg ha-1 de N, P2O5 e K2O,
respectivamente.
Para o preparo de solo da área do
experimento, foi realizada uma gradagem,
sendo que área era cultivada há 2 anos com
consórcio de leguminosas (crotalária, feijão
de porco e mucuna) com cultura de milho.
Não foi necessária a realização da calagem,
pois a saturação de bases era de 60%.
Foram avaliadas as cultivares BRS
Energia, BRS Nordestina e BRS Paraguaçu,
recomendadas para as regiões produtoras de
mamona, cujas principais características
foram apresentadas. As sementes foram
adquiridas junto á Embrapa (Centro Nacional
de Pesquisa de Algodão), em Campina
Grande – PB.
Cada parcela foi constituída de 4
linhas com 6 m de comprimento, espaçadas
entre si de 2 m e 1 m entre plantas. Foram
consideradas úteis apenas as 8 plantas
centrais. Em cada parcela, os sulcos e a
semeadura foram realizados de forma
manual.
Primeiramente,
foram
colocadas
estacas
nas
extremidades
da
área
experimental e em seguida nas linhas de
cultivo, e com auxílio de uma haste de
madeira foram demarcadas as linhas e
posteriormente realizada a abertura das
covas.
As covas foram abertas a 0,10 m de
profundidade para a realização da adubação
de base e, em seguida, foram distribuídas 3
sementes a 0,05 m de profundidade, a
semeadura foi realizada em 24 de dezembro
Gl. Sci Technol, Rio Verde, v. 06, n. 01, p.89 – 100, jan/abr. 2013.
A. Gonçalves et al.
de 2010 e as covas foram cobertas com solo
do local.
Aos 25 DAE foi realizado o desbate
mantendo-se apenas 1 planta por cova. Os
tratamentos foram representados pela
combinação da aplicação de doses de
nitrogênio (N) em cobertura (0, 20, 40 e 80
kg ha-1), utilizando-se como fonte a uréia e as
cultivares BRS Energia, Nordestina e
Paraguaçu.
A aplicação do adubo foi realizada
aos 45 dias após a emergência das plântulas
(DAE), em orifícios abertos ao lado das
plantas, que posteriormente foram cobertos
com solo, a fim de impedir perdas por
volatilização.
A cultura não sofreu danos relevantes
com ataques de pragas e doenças sendo
dispensado o uso de produtos químicos.
O controle de plantas daninhas foi
realizado por meio de capinas manual,
aplicação de herbicida glyphosate em jato
dirigido e a partir do terceiro mês o controle
foi realizado com ajuda de uma roçadeira
motorizada.
A colheita da mamona foi realizada de
forma manual quando as plantas atingiram
maturidade fisiológica, ou 2/3 dos frutos
maduros nos cachos. Foi realizada a colheita
dos cachos das 8 plantas centrais de cada
parcela. Posteriormente, os cachos foram
armazenados em sacos de plástico separado
com a identificação do respectivo tratamento.
A retirada dos frutos dos cachos foi
realizada manualmente com ajuda de uma
haste de madeira com tiras de borrachas,
onde os frutos eram submetidos a batidas
para desprender-se dos cachos e da casca nos
frutos das cultivares semi-deiscentes.
Já para a cultivar de fruto indeiscente
os cachos foram espalhados em um terreirão
para a secagem e posteriormente submetido
ao mesmo processo das demais cultivares,
sendo que também houve a necessidade da
retirada das sementes das cascas através do
uso de um alicate de poda.
O material coletado foi peneirado para
retirada das impurezas e, em seguida, o
armazenando para posterior avaliação dos
demais parâmetros.
92
O experimento, foi organizado em
delineamento experimental em blocos ao
acaso em esquema fatorial 3 x 4 (3 cultivares
e 4 doses de N) com 3 repetições, em que o
elemento N foi fornecido em diferentes doses
em cobertura.
Para a avaliação das variáveis, foram
escolhidas as 8 plantas centrais dentro da área
da parcela, sendo realizadas as seguintes
avaliações:
• Altura de inserção do primeiro
cacho:
Considerou-se
a
distância
compreendida entre a superfície do solo até a
altura de inserção do primeiro cacho, sendo
que as medições foram realizadas aos 180
dias após a emergência (DAE), utilizando-se
de uma fita métrica;
• Diâmetro do caule na base: A
determinação do diâmetro de caule foi feita
no nível do solo, utilizando uma fita métrica,
sendo que as aferições foram realizadas aos
180 DAE;
• Número de nós até o primeiro
cacho: Para a determinação foi contados o
número de nós presentes a partir do solo até a
inserção do primeiro cacho aos 180 DAE;
• Número de cachos por planta: O
número total de cachos foi obtido através da
contagem direta dos cachos formados em
cada planta, e posteriormente a determinação
da média de cada parcela;
• Frutos por cacho: Foi realizada a
contagem dos frutos presentes em cada cacho
das plantas avaliadas, e em seguida realizada
a determinação da média de frutos de cada
planta dentro da sua parcela;
• Peso de 100 sementes: Na
determinação do peso de 100 sementes,
foram separadas 4 subamostras de 100
sementes por repetição, cujo peso foi
determinado em balança analítica, obtendo-se
a média da parcela;
• Largura de sementes: Para a
determinação da largura de sementes foram
realizadas aferições em 20 sementes por
repetição, utilizando um paquímetro digital;
• Comprimento de sementes: O
procedimento utilizado para aferir a largura
das sementes foi o mesmo utilizado para
obtenção das medidas de comprimento,
Gl. Sci Technol, Rio Verde, v. 06, n. 01, p.89 – 100, jan/abr. 2013.
Cultivares de mamona...
foram realizadas medições em 20 sementes
por repetição, utilizando-se através de um
paquímetro digital;
• Produtividade: A produtividade foi
avaliada colhendo-se a área útil de cada
parcela, posteriormente. As amostras foram
encaminhadas ao Laboratório para a
determinação da umidade e da massa
produzida por parcela, sendo que o valor
obtido foi transformado em produtividade
expressa em kg ha-1, com correção de
umidade para 14%.
A análise dos resultados foi realizada
com auxílio do programa estatístico SISVAR
(FERREIRA, 2008). As médias dos
tratamentos foram comparadas pelo teste de
Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. Para
variáveis quantitativas, foi confeccionado o
gráfico de regressão polinomial.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
93
Para a variável altura de inserção de
1º cacho, observou-se interação entre os
fatores cultivar e dose. As cultivares BRS
Energia e BRS Nordestina obtiveram as
menores médias de altura de inserção do
cacho, não havendo diferença entre as doses
de nitrogênio usadas em cobertura (Figura 1).
A altura do primeiro cacho é uma
característica ligada à precocidade da planta,
sendo considerada mais precoce a planta que
lança o primeiro cacho em menor altura.
Porém, neste experimento, a altura do cacho
foi maior nas plantas adubadas não por causa
de precocidade, mas pelo comprimento
médio do internódio que aumentou e o
número de nós diminuiu com o aumento das
doses de adubação, concordando com os
resultados obtidos por Sofiatti et al. (2010).
De acordo com Nakagawa e Neptune
(1971), a adubação de base promove um
incremento no crescimento vegetativo nas
plantas, que pode resultar, entre outras
características, a maior altura na inserção do
primeiro cacho.
ALTURA DE INSERÇÃO DO
PRIMEIRO CACHO (cm)
100
NORDESTINA
y = 0,0294x + 61,02
R2 = 0,9684
ENERGIA
y = 0,051x + 61,04
R2 = 0,7506
PARAGUAÇÚ
y = 0,1823x + 60,42
R2 = 0,8931
80
60
40
0
20
40
60
80
-1
DOSES DE N (kg ha )
Figura 1 - Altura de inserção de 1º cacho (cm) das cultivares de mamonas submetidas a
cultivo com diferentes doses de adubação nitrogenada em cobertura.
Para a variável diâmetro do caule das fator dose isoladamente e o fator cultivar
plantas (DCB), houve significância para o também isolado. A medida que a dose de N
Gl. Sci Technol, Rio Verde, v. 06, n. 01, p.89 – 100, jan/abr. 2013.
A. Gonçalves et al.
aumentaram, o diâmetro de caule aumentou
(Figura 2).
Silva et al. (2011), em pesquisa com a
cultivar BRS Nordestina, sobre adubação
nitrogenada em cobertura, observaram
resultados semelhantes, sendo que o maior
diâmetro (15,9 cm) ocorreu quando a dose
aplicada foi 30 kg ha-1 de N. A partir de 60
94
kg ha-1 também foi observada diminuição no
diâmetro do caule. Severino et al. (2006)
também relataram resultados semelhantes
com a cultivar BRS Nordestina, em que o
diâmetro foi 23,6% superior quando as
plantas receberam 50 kg ha-1 de adubo
nitrogenado, em relação á testemunha.
16
14
DIÂMETRO (cm) .
12
10
8
2
y = -0,0014x + 0,1439x + 9,9001
2
R = 0,9993
6
4
2
0
0
20
40
60
-1
DOSE DE N (kg ha )
Figura 2 - Diâmetro de caule na base (DCB), das cultivares de mamona BRS Energia,
Nordestina e Paraguaçu em função de doses de adubação nitrogenada em
cobertura.
Com relação às cultivares testadas,
observou-se que a BRS Nordestina
apresentou diâmetro de caule mais espesso
que BRS Energia, entretanto não foi diferente
da BRS Paraguaçu (Tabela 2). Esses
resultados já eram esperados, pois as
características morfológicas dessa cultivar
indicam o maior desenvolvimento que das
demais, promovendo maior porte, estatura e
copa.
Tabela 2 - Diâmetro de caule na base (DCB) das cultivares de mamonas submetidas a cultivo
com diferentes doses de adubação nitrogenada em cobertura
CULTIVAR
NORDESTINA
ENERGIA
PARAGUAÇÚ
CV (%)
DIÂMETRO DE CAULE NA BASE (cm)
12,63 a
11,77 b
11,88 ab
6,23
Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probalilidade.
Quanto à quantidade de nós até a quantitativa (doses de N) (Figura 3). A
inserção do primeiro cacho, houve testemunha apresentou 17,7 nós por planta. A
significância apenas para a variável medida que foi fornecido nitrogênio, a
Gl. Sci Technol, Rio Verde, v. 06, n. 01, p.89 – 100, jan/abr. 2013.
Cultivares de mamona...
95
quantidade de nós por planta decaiu, kg ha-1). Nas demais doses de N testadas, a
significativamente, reduzindo em 24% o média de nós por planta manteve valores
número de nós já na primeira dose de N (20 próximos de 13,5.
NÚMERO DE NÓS
20
15
10
y = 0,0017x2 - 0,1806x + 17,347
R2 = 0,886
5
0
0
10
20
30
40
50
60
70
80
DOSES DE NITROGÊNIO (kg ha-1)
Figura 3 - Média dos nós das cultivares de mamona BRS Energia, Nordestina e Paraguaçu
em função de doses de adubação nitrogenada em cobertura.
De acordo com Nakagawa e Neptune
(1971) e Epstein e Bloom (2006), o N
provoca efeitos sobre o crescimento
vegetativo das plantas adubadas. Essa
adubação nitrogenada promove maior
crescimento vegetativo, que aumenta o
comprimento do internódio, e diminui o
número de nós por planta.
Quanto ao número de cachos por
planta, houve interação entre os fatores
estudados (Figura 4).
Gl. Sci Technol, Rio Verde, v. 06, n. 01, p.89 – 100, jan/abr. 2013.
A. Gonçalves et al.
96
50
CACHOS POR PLANTA
40
30
20
10
NORDESTINA
y = -0,0036x2 + 0,617x + 14,318
R2 = 0,9700
ENERGIA
y = -0,0035x2 + 0,5846x + 16,275 R2 = 0,9470
PARAGUAÇÚ
y = -0,0022x2 + 0,3374x + 13,724 R2 = 0,9824
0
0
20
40
60
80
-1
DOSES DE N (kg ha )
Figura 4 - Cachos por planta das cultivares de mamonas submetidas a cultivo com diferentes
doses de adubação nitrogenada em cobertura.
Essa é uma das variáveis mais
importante do estudo e, que apresentou
resultados mais relevantes em função da
adubação nitrogenada em cobertura, pois o
número de cachos por planta tem relação
direta com a capacidade produtiva da planta,
culminando, invariavelmente, no aumento da
produtividade.
Todas as cultivares estudadas
responderam positivamente quando do
fornecimento de N, sendo que BRS
Paraguaçu foi a cultivar que apresentou as
menores médias em relação às demais
cultivares.
A BRS Nordestina e BRS Energia
apresentaram maiores médias de cachos por
planta quando foram fornecidos 20 e 80 kg
ha-1 em relação à BRS Paraguaçú (Tabela 5).
O aumento no número de cachos por
planta com a adubação também foi verificado
por Nakagawa e Neptune (1971), na cultivar
Campinas e foi atribuído como o principal
fator responsável pelo aumento de produção
da cultura adubada.
Sofiatti (2010) observou que a
adubação nitrogenada proporcionou um
aumento entre 51 e 110% no número de
cachos por planta em relação à ausência desse
nutriente. No presente trabalho foram
verificados incrementos entre 33 e 129%
dentro de cada cultivar, a medida que a dose
de N era aumentada.
Em relação à quantidade de frutos por
planta, houve interação entre cultivar e doses
de N. Os dados demonstram significativo
aumento em função da adubação, havendo a
produção máxima (57,0 frutos) na aplicação
de 80 kg ha-1 de N e a menor produção na
ausência de N ( 23,8 frutos) (Figura 5).
A maior quantidade de frutos por
cacho foi alcançada pela BRS Energia, na
maior dose de N. Já a BRS Paraguaçu obteve
maior produção de frutos por cacho em
relação às outras cultivares em todos os
tratamentos.
Gl. Sci Technol, Rio Verde, v. 06, n. 01, p.89 – 100, jan/abr. 2013.
Cultivares de mamona...
97
FRUTOS POR PLANTA
90
NORDESTINA
y = 0,086x + 36,54
R2 = 0,9054
ENERGIA
y = 0,1411x + 46,26
R2 = 0,9235
PARAGUAÇÚ
y = 0,0546x + 24,84
R2 = 0,7938
60
30
0
0
20
40
60
80
-1
DOSES DE N (kg ha )
Figura 5 - Número de frutos por planta de cultivares de mamonas submetidas a cultivo com
diferentes doses de adubação nitrogenada em cobertura.
De acordo com Azevedo e Lima
(2001), a BRS Nordestina apresenta
características morfológicas semelhantes a
BRS Paraguaçú. Entretanto, no presente
trabalho,
apesar
dessa
semelhança
morfológica, Paraguaçu obteve menores
quantidades de frutos, indicando que, nas
condições experimentais, esta se apresentou
com menor adaptação á região que as demais
cutivares.
Silva et al. (2005) observaram que o
cultivo de BRS Nordestina sobre palhada,
promoveu incremento de 137% no número de
frutos em função do aumento das doses de
nitrogênio fornecido na ocasião da
semeadura, evidenciando a importância da
adubação em N.
Em relação ao peso de 100 sementes,
houve diferença apenas na resposta das
cultivares, sendo que as BRS Paraguaçu e
Nordestina obtiveram médias 53% superiores
que a BRS Energia. Essa diferença é
explicada pela diferença morfológica entre as
cultivares em que a BRS Energia apresenta
ciclo inferior às demais cultivares (150 dias),
além da altura média das plantas não ser
superior a 1,40 m (EMBRAPA, 2011)
(Tabela 3).
Tabela 3 - Peso médio de 100 sementes das cultivares de mamonas submetidas a cultivo com
diferentes doses de adubação nitrogenada em cobertura
CULTIVAR
NORDESTINA
ENERGIA
PARAGUAÇÚ
CV (%)
MASSA DE 100 SEMENTES (g)
62,78 a
29,23 b
62,12 a
5,94
Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probalilidade.
Sobre a largura de sementes observou- sementes da BRS Nordestina apresentaram
se significância apenas entre cultivares e maior largura, sendo seguidas pela BRS
doses de forma isolada (Tabela 4). As Paraguaçú. Essa diferença se deve às
Gl. Sci Technol, Rio Verde, v. 06, n. 01, p.89 – 100, jan/abr. 2013.
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A. Gonçalves et al.
diferenças morfológicas em relação às demais
descritas pela Embrapa (2011).
A utilização de diferentes doses
apresentou uma variação em relação a largura
das sementes (Figura 6).
Quanto ao comprimento médio das
sementes houve diferença apenas entre as
cultivares de maneira isolada.
Pode-se considerar que a variável não
apresenta relevância em uma possível escolha
de cultivar, haja vista que assim como a
largura de sementes, o comprimento não
diferiu entre as cultivares com as mesmas
características morfológicas no caso BRS
Nordestina (16,47 mm) e BRS Paraguaçú
(16,07 mm), diferindo da BRS Energia.
Tabela 4 - Largura de sementes de cultivares de mamonas submetidas a cultivo com
diferentes doses de adubação nitrogenada em cobertura
CULTIVAR
NORDESTINA
ENERGIA
PARAGUAÇÚ
CV (%)
LARGURA DE SEMENTES (mm)
12,94 a
8,39 c
11,54 b
2,17
Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probalilidade.
Ao avaliar a largura e comprimento de
De acordo com Embrapa (2011),
semente, buscou-se obter informações a existem diferenças morfológicas o que
respeito do tamanho da semente, fator esse explica o porquê a BRS Energia apresentou
que afeta diretamente na produção.
sempre as menores médias.
LARGURA (mm)
12
y = 0,0001x2 - 0,0092x + 10,978
R2 = 0,9888
11
10
0
20
40
60
80
-1
DOSES DE NITROGÊNIO (kg ha )
Figura 6 - Largura de sementes das cultivares de mamona BRS Energia, Nordestina e
Paraguaçú submetidas a doses de adubação nitrogenada em cobertura.
Gl. Sci Technol, Rio Verde, v. 06, n. 01, p.89 – 100, jan/abr. 2013.
Cultivares de mamona...
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Tabela 5 - Comprimento de sementes (CS) das cultivares de mamonas submetidas a cultivo
com diferentes doses de adubação nitrogenada em cobertura
CULTIVAR
NORDESTINA
ENERGIA
PARAGUAÇÚ
CV (%)
COMPRIMENTO DE SEMENTES (mm)
16,47 a
12,52 b
16,07 a
2,63
Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probalilidade.
Diante à produtividade, observou-se
interação significativa entre cultivar e dose.
No que se refere a cultivares, é possível
visualizar que todas as cultivares submetidas
a doses crescentes de adubação responderam
de maneira positiva, e de forma crescente,
demonstrando a importância da adubação
com N. A cultivar BRS Nordestina foi que
apresentou as maiores médias (Figura 7), já a
BRS Paraguaçú, apesar de possuir
características morfológicas semelhantes a
BRS Nordestina, não atingiu a mesma
produtividade.
2000
-1
PRODUTIVIDADE (kg ha )
1600
1200
800
NORDESTINA
ENERGIA
PARAGUAÇÚ
400
y = 10,406x + 1046,6
y = -0,0739x2 + 13,946x + 989,46
y = -0,1374x2 + 20,972x + 575,92
R2 = 0,9518
R2 = 0,9524
R2 = 0,9725
0
0
20
40
60
80
-1
DOSE DE N (kg ha )
Figura 7 - Produtividade de plantas kg ha-1 de cultivares de mamonas submetidas a cultivo
com diferentes doses de adubação nitrogenada em cobertura.
Numa produtividade de 2.000 kg ha-1
de sementes, a mamona exporta da área cerca
de 80 kg de N (MELHORANÇA & STAUT,
2005), partindo desse pressuposto os
resultados obtidos na produção tornam-se
relevantes.
Silva et al. (2005) obtiveram
resultados semelhantes fazendo uso de doses
semelhantes (1679,0 kg ha-1 para uma dose
de 60 kg ha-1 de N).
Segundo Sofiatti et al. (2010), a
adubação nitrogenada é a que mais afeta a
produção de sementes da mamoneira, sendo
indispensável para a obtenção de elevadas
produtividades.
Gl. Sci Technol, Rio Verde, v. 06, n. 01, p.89 – 100, jan/abr. 2013.
A. Gonçalves et al.
mamona no Mato Grosso do Sul. Dourados:
Embrapa Agropecuária Oeste, 2005. 65p.
CONCLUSÃO
Com base nos resultados obtidos e nas
condições em que foi conduzido o
experimento, pode-se concluir que: a cultivar
BRS Nordestina mostrou-se recomendada
quando fornecido uma dose 80 kg ha-1 de
nitrogênio em cobertura.
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