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HOSPITAIS DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA
MATERNIDADE DOUTOR DANIEL DE MATOS
DIRECTOR DO DEPARTAMENTO DE MEDICINA MATERNO-FETAL, GENÉTICA E
REPRODUÇÃO HUMANA
Professor Doutor Carlos de Oliveira
DIRECTOR DO SERVIÇO DE OBSTETRÍCIA
Professor Doutor Paulo Moura
Editores:
Lúcia Pinho
Isabel Ramos
Marco Pereira
Luís Marques
Enfermagem
Eugénia Malheiro
Cristina Canavarro
Rosa Henriques
Graça Rocha
Coordenadora:
Lúcia Pinho
Maternidade Dr. Daniel de Matos – Hospitais da Universidade de Coimbra
Rua Miguel Torga – 3030-165 Coimbra
Telefone: 239 40 30 60
Fax: 239 40 16 24
E-mail: [email protected]
Desenhos realizados por:
Paulo Silva
Composição gráfica e design:
José Luís Fernandes
2007, Reedição revista no âmbito do Projecto “Gravidez e Maternidade: Um Estudo Longitudinal sobre
Mulheres Infectadas pelo VIH”
(Coordenação Nacional para a Infecção VIH/SIDA — Proc. 11-7.3/2004)
1ª Edição patrocinada pela Comissão Nacional para Humanização e Qualidade de Serviços de
Saúde/Ministério da Saúde 2000
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Índice
A mulher e a infecção VIH / SIDA.....................................................................................
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O que é o vírus da SIDA e quais as consequências da infecção VIH?............................
8
Quais são as vias de transmissão do VIH? ......................................................................
9
O VIH/SIDA não se transmite............................................................................................
10
A mulher infectada pode engravidar? ...............................................................................
13
O que fazer se a infecção for diagnosticada durante a gravidez? ...................................
15
Cuidados que deve ter durante a gravidez .......................................................................
18
Que vigilância deverá ser dispensada à grávida infectada pelo VIH? .............................
20
Para quando o parto? .......................................................................................................
23
A infecção VIH condiciona o tipo de parto? ......................................................................
23
Seguimento médico da mãe e da criança após o parto ...................................................
24
Como devem as mães seropositivas cuidar dos seus bebés?.........................................
27
O que não deve ser feito........................................................................................
27
O que deve ser feito...............................................................................................
27
Mães e bebés: Uma unidade indissociável.......................................................................
29
Apoios que poderão ser dispensados pela Consulta de Acompanhamento Psicológico
31
Apoios que poderão ser dispensados pelo Serviço Social da maternidade.....................
31
Apoios que poderão ser dispensados pelo Serviço de Enfermagem ...............................
32
Consulta de Obstetrícia-Infecciosas .................................................................................
33
Indicações úteis.................................................................................................................
34
Telefones úteis ..................................................................................................................
35
Poema ...............................................................................................................................
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A mulher e a infecção VIH/SIDA
Introdução
Após a descrição dos primeiros casos de SIDA no início dos anos oitenta (nos EUA),
assistiu-se, nas décadas que se seguiram, ao aumento rápido do número de
infectados em todo o Mundo.
Actualmente, nenhum país ou Continente é poupado a esta epidemia, e apesar dos
avanços consideráveis que se fizeram no que diz respeito ao tratamento das pessoas
infectadas, a SIDA continua a ser uma doença incurável. Como tal, a única maneira
de nos protegermos contra ela será através da prevenção, ou seja, evitando
comportamentos que possam constituir um risco para a aquisição do vírus
responsável pela doença: o VIH ou Vírus da Imunodeficiência Humana.
A Mulher desempenha um papel fulcral no alastrar desta epidemia, pois pode
transmitir a doença a terceiros, não só através das relações sexuais e do contacto
com o seu sangue, mas também porque pode transmiti-la aos seus filhos durante a
gravidez e o parto. Este último facto é tão importante, que hoje podemos afirmar que
a quase totalidade dos casos de SIDA na infância é devida à transmissão do VIH das
mães aos seus filhos.
Poder-se-á então fazer alguma coisa para
proteger as crianças, filhas de mães
infectadas? A resposta a esta questão é
afirmativa e esta publicação destina-se
precisamente a esclarecer sobre o que
pode e deve ser hoje oferecido às
grávidas seropositivas no sentido de lhes
proporcionar um seguimento e um
tratamento adequados da Infecção VIH e,
ao mesmo tempo, reduzir o risco de a
transmitir aos seus bebés.
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O que é o vírus da SIDA e quais as consequências da
infecção VIH?
Os vírus são agentes infecciosos responsáveis por algumas das
infecções mais comuns na comunidade como as constipações, as gripes,
o sarampo, a varicela ou a papeira.
O agente responsável pela SIDA é o Vírus da Imunodeficiência Humana
(VIH). É um vírus frágil, normalmente incapaz de viver fora do organismo e que se
caracteriza por atacar selectivamente o sistema imunitário das pessoas atingidas,
debilitando-o de tal modo que ele não consegue defender-se de infecções banais,
nem de alguns tumores malignos.
De entre as células preferencialmente atingidas pelos VIH, encontram-se os
linfócitos. Estes são dos mais importantes elementos que entram na
constituição do sistema imunitário do corpo humano, sendo comparáveis
a “maestros” que regem “a orquestra” dos mecanismos de defesa do
organismo.
O VIH destrói os linfócitos por ele invadidos, fazendo com que o seu número diminua
progressivamente ao longo do tempo.
Depois de alguns anos, o sistema imunitário fica de tal forma
enfraquecido que não consegue detectar e eliminar agentes
invasores (bactérias, vírus e outros germens). Nesta fase os
portadores do VIH poderão adoecer gravemente.
Entre o contágio (ou seja, o momento em que acontece a infecção) e o aparecimento
dos sintomas da doença, podem ocorrer vários anos. No entanto, os indivíduos
atingidos podem desde muito cedo infectar outras pessoas.
Os infectados que não apresentam sintomas, chamam-se portadores assintomáticos
ou seropositivos ou simplesmente portadores do VIH.
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Quais são as vias de transmissão do VIH?
O VIH transmite-se fundamentalmente pelas vias sexual, sanguínea e vertical (da
mãe para o filho).
A transmissão por transfusões de sangue e derivados, tem diminuído graças às
medidas adoptadas pelos serviços responsáveis, os quais fazem o rastreio
sistemático de várias doenças infecciosas (ex: SIDA, sífilis, hepatite B e C, entre
outras) nas dádivas de sangue recolhidas.
A transmissão por via sanguínea entre toxicodependentes que partilham agulhas e
seringas, está a tornar-se cada vez mais preocupante nos países ocidentais, dado o
crescente número de dependentes de drogas ilícitas injectáveis nesta zona do Globo.
Em alguns países europeus assiste-se hoje a uma diminuição da incidência da
infecção VIH entre os homossexuais masculinos, devido às medidas de prevenção
entretanto adoptadas por este grupo populacional. Em Portugal, a incidência da
infecção VIH entre os homossexuais masculinos tem-se mantido mais ou menos
estável desde a declaração dos primeiros casos, na década de 80.
No Mundo actual, as vias heterossexual e materno-infantil estão a adquirir cada vez
mais importância na disseminação do vírus. A mulher aparece aqui como
denominador comum destas situações (seja ela parceira ou mãe), pois pode
transmitir a doença não só por via sexual (para os seus parceiros), mas também para
os seus filhos.
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Numa relação entre parceiros heterossexuais, a
mulher é considerada mais vulnerável à infecção
pelo VIH que o homem.
A transmissão VIH para os descendentes,
pode acontecer durante a gravidez, o parto
ou o aleitamento. Muitas mães transmitem
a infecção ao filho desconhecendo o seu
estado de portadoras do VIH.
Por este motivo, está hoje bem estabelecido
que a Infecção VIH deverá ser
rastreada em todas as grávidas, o
mais precocemente possível e com o seu
consentimento. Só assim se poderão pôr em marcha,
atempadamente, as medidas de tratamento da mãe e prevenção
da transmissão à criança. Idealmente, todos os casais deveriam ser rastreados para a
Infecção VIH antes do início da vida a dois. Os testes de rastreio podem ser realizados
nos Centros de Saúde, Hospitais e CADs (Centros de Aconselhamento e Detecção
Precoce da Infecção VIH). Os seus resultados são confidenciais.
O VHI/SIDA não se transmite
Falar com alguém que tussa ou que espirre
Abraçar ou
acariciar
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Tomar banho
numa piscina
• Sentar-se ao lado de alguém;
• Cuidar de animais e brincar com eles
• Conviver com pessoas no trabalho, na escola, nos transportes públicos, na prática
de desporto, etc.;
• Dormir com alguém;
• Partilhar brinquedos;
• Comer e beber do mesmo prato ou do mesmo copo;
• Partilhar chávenas, pratos, talheres etc.;
• Brincar com alguém;
• Cortar o cabelo;
• Dar ou apertar a mão;
• Partilhar o quarto de banho;
• Ser picado por um mosquito ou insecto
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A mulher infectada pode engravidar?
A infecção pelo VIH, tal como muitas outras doenças de transmissão sexual, atinge
frequentemente a mulher em plena idade reprodutiva. Não foi ainda provado que este
vírus produza esterilidade na mulher e as dificuldades em engravidar apresentadas
por algumas infectadas resultam habitualmente de outras situações: (1) lesões no
aparelho reprodutor por doenças inflamatórias pélvicas em relação com outros
germens; (2) ciclos anovulatórios relacionadas com o consumo de droga (tão
frequente nas toxicodependentes) ou com a caquexia (emagrecimento acentuado),
eventualmente presente nas fases mais avançadas da SIDA.
Enquanto as outras doenças de transmissão sexual podem beneficiar de um
tratamento curativo, já não se pode dizer o mesmo do VIH: o tratamento que existe
não é curativo e apenas diminui a quantidade de vírus circulantes poupando o
sistema imunitário a uma agressão mais intensiva. Os medicamentos que se usam no
tratamento da Infecção VIH chamam-se, genericamente, de anti-retrovíricos, isto
porque o VIH pertence a uma família particular de vírus - os Retrovírus.
Sem Medicação Anti-retrovírica (circulação sanguínea)
Com Medicação Anti-retrovírica (circulação sanguínea)
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Pelas razões atrás expostas, podemos concluir que
não existem habitualmente razões físicas ou
fisiológicas para que a mulher infectada não possa
engravidar. Mas no entanto, há algumas
questões importantes que não devem ser
esquecidas nem ocultadas a essas mulheres,
pois podem justificar a opção de não ter filhos. E essas questões
são as seguintes:
1 — O risco de transmissão vertical do VIH pode ser hoje
francamente reduzido com as terapêuticas anti-retrovíricas
disponíveis, mas ninguém pode afirmar que ele seja
nulo; há sempre uma probabilidade, mesmo
que pequena, de poder ocorrer transmissão;
2 — Não se sabe ainda se alguns dos anti-retrovíricos usados no tratamento dos
adultos infectados, têm efeitos indesejáveis (nomeadamente de provocarem
malformações) sobre os fetos; por esse motivo, as grávidas (sobretudo no
primeiro trimestre de gravidez), não podem beneficiar de todas as opções
terapêuticas disponíveis para a restante população;
3 — Desconhecem-se também os efeitos a longo prazo da medicação anti-retrovírica
sobre as crianças e adolescentes a ela submetidos, durante a vida intra-uterina;
4 — A gravidez pode ser responsável por uma redução da contagem de linfócitos, da
qual a mãe seropositiva não venha a recuperar após o parto;
5 — A mulher infectada que opte por engravidar, deve assegurar-se de que dispõe de
bons apoios (familiares ou outros) que possam proporcionar os cuidados
adequados aos seus filhos, se por acaso vier a necessitar de internamentos
hospitalares; estas preocupações colocam-se com maior acuidade se o seu
parceiro, for também ele, seropositivo;
6 — A mulher seropositiva que opte por engravidar, deverá estar consciente de que,
na eventualidade de a sua criança estar infectada, irá necessitar do seu apoio e
afecto, bem como de um seguimento médico apertado, com medicações nem
sempre bem toleradas pelas crianças muito pequenas.
Com o conhecimento destas informações, caberá à mulher, em última instância,
decidir sobre se deverá ou não ter filhos.
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O que fazer se a infecção for diagnosticada durante a
gravidez?
Equipas constituídas por Obstetras, Infecciologistas, Psiquiatras, Psicólogos,
Assistentes Sociais, Pediatras e Enfermeiros, constituíram-se em algumas das
Maternidades do nosso País, no sentido de melhor apoiarem estas situações. Só uma
mulher bem esclarecida poderá, em consciência, decidir sobre o seu futuro e o da sua
criança.
Saber que se é portador de uma doença incurável (pelo menos no momento actual)
como a infecção VIH, é sempre um drama para qualquer ser humano. É um momento
dramático na vida de qualquer grávida, a merecer a melhor atenção dos técnicos de
Saúde, no sentido de a ajudarem a encontrar respostas satisfatórias às suas dúvidas
e angústias.
REACÇÕES DE ADAPTAÇÃO: A mulher grávida a quem foi diagnosticada infecção
pelo VIH, experimenta geralmente um sentimento de ruptura na sua vida, pelas
potenciais repercussões que esta situação pode ter sobre os seus hábitos, relações
e projectos.
Apesar de cada pessoa ser única e reagir de forma particular, todas as mulheres
atravessam uma fase mais ou menos longa de adaptação, durante a qual podem
apresentar alterações emocionais e psicossomáticas.
Esta forma de sofrimento psicológico, muitas vezes silenciosa e vivida na solidão pela
impossibilidade de partilhar o problema, com medo das reacções de terceiros, pode ser
partilhado com os profissionais de saúde, com absoluta garantia de confidencialidade.
O psicólogo e o médico especialista em psiquiatria estão naturalmente vocacionados
para proporcionar apoio e ajudar a grávida a lidar com os seus problemas numa
perspectiva de readaptação construtiva às novas circunstâncias da sua vida.
Reconhecem-se cinco formas de reagir que são úteis para compreender os diferentes
estados emocionais que qualquer pessoa pode vivenciar perante um problema grave
de saúde. No entanto, nem todas as grávidas passam necessariamente por todas
estas experiências e, sobretudo, não as vivenciam na mesma ordem, nem com o
mesmo ritmo, nem com a mesma intensidade.
Num período inicial, de Negação e Isolamento, descrito como sendo a reacção
imediata da grávida ao aperceber-se da sua doença, esta pensa: “Não, não posso ser
eu, deve haver algum engano”. É uma reacção praticamente universal de
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incredulidade ou de choque diante de uma notícia inesperada, reacção que concede
à grávida algum tempo para tomar consciência do problema.
O estado seguinte pode ser de Revolta e surge quando a grávida já superou o estado
de negação e começa a confrontar-se com os factos concretos e reais. Neste período
pode sentir raiva, cólera, ansiedade e questionar-se: “Porquê eu, porquê a mim?”.
O estado seguinte pode ser o de Negociação, em que a grávida já tomou consciência
da sua situação e do seu problema, mas procura assegurar algumas contrapartidas,
nem sempre realistas: “Sim, sou eu, mas pode ser que não seja preciso tratamento”.
Outro estado emocional frequente é o da Depressão, em que a grávida, após tomar
conhecimento das consequências reais da sua doença, atravessa um período de
tristeza, desânimo e abatimento perdendo o prazer de viver: “Sim, sou eu, infeliz sorte
a minha!”. Nesta fase, a grávida pode perder o apetite de comer, ter dificuldade em
dormir e chorar facilmente.
Por fim, a grávida alcança um estado de Aceitação e Readaptação às novas
condições da sua vida, integrando de forma mais serena e construtiva, a situação que
vive, no fio condutor da sua existência: “Reconheço a evidência, é difícil mas é o que
tenho, vou aproveitar todos os momentos da minha vida, da melhor forma possível”.
Para além de si própria e da sua saúde, agora a grávida pensa também nas
possíveis consequências para o filho que espera: Será que lhe vou transmitir
esta infecção? O meu filho vai nascer com malformações? Devo prosseguir ou
interromper esta gravidez? Nunca mais poderei engravidar? Como informar o
meu marido / companheiro sobre esta situação? Devo informar a restante
família? Os meus familiares e amigos vão abandonar-me se souberem desta
notícia? Este turbilhão de questões, para as quais parece não haver resposta,
provavelmente assaltarão o pensamento destas mulheres.
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Em termos gerais e se não houver qualquer intervenção médica para modificar estes
resultados, o risco de transmissão do VIH da mãe para o filho, está estimado em
cerca de 25 a 45%.
Desde há alguns anos e nos países que dispõem de medicamentos que combatem o
VIH, descobriu-se que, através desta medicação e de outras medidas de intervenção
(nomeadamente da escolha do tipo de parto e da proibição do aleitamento materno), era
possível reduzir a probabilidade de transmissão vertical para valores inferiores a 5%.
O VIH não é teratogénico; isto significa que este vírus não tem capacidade para
provocar malformações no feto. Por si só, também não parece afectar de forma
negativa a normal evolução de uma gravidez.
A infecção VIH é uma das situações particulares que poderá justificar a interrupção
de uma gravidez, de acordo com a Lei em vigor.
Se a grávida decidir por não prosseguir com a gravidez, a sua situação será avaliada
por uma Comissão de Ética, hospitalar, que se pronunciará sobre a possibilidade da
interrupção, na Maternidade.
Informar o marido ou companheiro sobre a sua situação de infectada, embora
tratando-se de uma tarefa muito dolorosa e difícil, terá de ser feita. É que o parceiro,
poderá também estar infectado e a necessitar de iniciar tratamento dirigido.
O médico psiquiatra e o psicólogo poderão ajudar a grávida quer com indicações
sobre a melhor maneira de dar esta notícia, quer mesmo convocando o companheiro
para uma conversa esclarecedora, entre todos.
Há também que decidir sobre quais as pessoas (se as houver) que deverão conhecer
este diagnóstico. Tratando-se de um assunto da vida privada de cada um, cabe
apenas à grávida a resolução de divulgar ou não a notícia a quem quiser.
Tratando-se de um assunto que é considerado segredo médico, os técnicos de Saúde
estão obrigados ao sigilo, apenas podendo divulgá-lo a pedido expresso dos
interessados.
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Cuidados que deve ter durante a gravidez
Uma grávida infectada pelo VIH deve ter os mesmos cuidados que qualquer outra
grávida, mas de uma forma um pouco mais orientada: para consigo própria, com o
futuro filho, no seu relacionamento com o marido ou companheiro e ainda com os
outros.
Deverá observar uma higiene cuidada de todo o corpo, diariamente, de forma a sentirse bem consigo e com os outros, reduzindo assim o perigo de
outras infecções, nomeadamente as da pele.
As horas de sono deverão ser respeitadas (recomendam-se
cerca de 8 horas / dia) e, durante o dia sempre que possível,
fazer uns períodos de repouso.
Da sua alimentação, devem fazer parte:
peixe, carne, ovos, legumes, fruta (bem
lavada e descascada), leite e derivados,
com excepção de queijo fresco. Estes
alimentos, deverão ser distribuídos por 6
refeições (não muito abundantes) ao longo do
dia.
Suplementos de ferro e cálcio, serão indicados pelo seu
médico para assegurar um aporte suficiente destes
elementos.
Evitar as saladas cruas, desde que não tenha a
certeza que foram bem lavadas.
Os medicamentos antiretrovíricos receitados pelo médico
infecciologista, devem ser tomados com regularidade e nas
doses recomendadas.
Assegure-se sempre de que percebeu bem como deve tomar os medicamentos que
lhe foram receitados antes de abandonar o gabinete de consulta. Não se envergonhe
de perguntar, porque para os médicos também é importante saber que foi para casa
bem esclarecida.
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Nunca, em circunstância alguma, poderá reduzir o número de comprimidos
prescritos. Se notar uma intolerância insuportável à medicação, deverá contactar de
imediato o seu médico assistente (para isso terá de dispor do seu número de telefone
ou de outro qualquer meio de o contactar rapidamente).
Em caso de necessidade (intolerância grave ou ausência de melhoria nos resultados
das análises referentes ao VIH), a sua medicação poderá ser alterada.
Perante qualquer sinal de infecção (febre, dor ao urinar, dor de dentes ou abcesso
dentário, dor de garganta, tosse, diarreia, corrimento vaginal) deverá consultar o seu
médico para que este possa indicar um tratamento adequado.
Se surgirem perdas vaginais de sangue, elas poderão estar relacionadas com
complicações da gravidez (tais como ameaça de aborto, placenta prévia ou
descolamento da placenta) ou não.
Em qualquer dos casos anteriores deverá consultar o seu
médico e usar pensos de protecção, de modo a não sujar
as roupas de cama ou o seu vestuário. O repouso torna-se
fundamental nestas situações porque evita as contracções
uterinas, reduzindo assim o risco de transmissão do vírus para
o feto.
Se por acaso cair sangue no chão, nos
sanitários ou nos objectos da casa de
banho, deverá cobrir as manchas com
lixívia, deixar actuar durante 10 minutos
e, só depois, limpar com os produtos de
limpeza usuais.
A ruptura de membranas (ruptura do “saco das águas”) antes da data provável do
parto, aumenta a possibilidade de complicações para o recém-nascido, em qualquer
gravidez. Nas infectadas, dada a presença do VIH nas secreções vaginais, existe o
perigo de contaminação do feto, sobretudo se essa ruptura se deu, há mais de 4
horas. Se se aperceber de qualquer perda anormal de líquido, dirija-se de imediato
ao estabelecimento hospitalar onde é seguida (Maternidade).
O relacionamento com o seu marido/companheiro não pode ser descuidado e a
componente afectiva da relação deverá ser incentivada.
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A sua gravidez também diz respeito ao “pai” e o apoio
mútuo, poderá inclusivamente fortalecer os laços do casal.
Não esquecer porém que, nas relações sexuais, o
marido/companheiro deverá usar preservativo,
para não a re-infectar com diferentes tipos de vírus
(mutantes do VIH) caso seja também seropositivo, ou para
evitar que se venha a infectar, no caso de ser seronegativo.
As mulheres com problemas de toxicodependência deverão
aproveitar a circunstância de estarem grávidas para
se tratarem.
A persistência no consumo de drogas só irá afectar
ainda mais o seu estado de saúde, podendo ainda
resultar em complicações importantes da gravidez, com consequências nefastas para o
recém-nascido (risco acrescido de prematuridade e de atrasos de crescimento, síndromas
de abstinência, entre outros).
Por outro lado, o recém-nascido irá precisar de uma mãe atenta, cuidadosa e
consciente das necessidades (alimentares, afectivas, medicamentosas e de higiene)
do seu bebé. Sob o efeito de drogas, não há mãe que possa cuidar convenientemente
do seu filho.
Que vigilância deverá ser dispensada à grávida infectada
pelo VIH?
Uma grávida infectada pelo VIH deve ser vigiada numa consulta diferenciada onde
colaborem em ligação estreita, diferentes tipos de profissionais de Saúde: Obstetra,
Infecciologista, Psiquiatra, Psicólogo, Assistente Social e Enfermeira preparada nesta
área.
Trata-se de uma gravidez de risco infeccioso com grande carga emocional que
necessita de todo este apoio só possível numa Maternidade Central.
A Enfermeira, que está vocacionada para este tipo de situações, aborda-la-á
primeiro: entrará em diálogo, conversando sobre a gravidez, os cuidados a ter,
avaliando a tensão arterial, peso e analisando a urina.
O Obstetra depois de colher os dados da história clinica, faz uma avaliação obstétrica e
ginecológica: na 1ª consulta far-se-á um exame ginecológico: vulvoscopia, colposcopia,
colheitas do corrimento para pesquisa de germens.
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A determinação da idade gestacional, o mais precoce possível, mediante uma
ecografia obstétrica, ajudará a determinar a data provável do parto.
Além das análises de rotina serão pedidos a serologia das hepatites B e C,
Citomegalovírus, Hemograma com população linfócitária, carga vírica no sangue.
Nas consultas seguintes, os exames a pedir, serão idênticos aos duma gravidez
normal: 4 Ecografias (se tudo estiver a correr bem) e análises de rotina.
A serologia das hepatites B e C, Citomegalovírus, Sífilis (VDRL) faz-se no início, 24 – 32
semanas.
Ao Infecciologista cabe avaliar o estado geral de saúde da grávida, o grau de lesão
do seu sistema imunitário e o valor da carga vírica, ou seja, a quantidade de vírus
(VIH) que existe no seu sangue. Com base nestes dados, este médico avalia a
necessidade e oportunidade de iniciar um tratamento anti-retrovírico e, também, ter
alguma noção do menor ou maior risco de transmissão à criança.
Se for necessário começar algum tratamento, o especialista em Infecciologia e a
grávida conversarão sobre a melhor altura para o iniciar e quais os medicamentos
mais indicados para a sua situação.
Estes medicamentos anti-retrovíricos são fornecidos gratuitamente nas farmácias dos
Hospitais que fazem consulta de acompanhamento da Infecção VIH. Para os obter, a
grávida, ou alguém da sua confiança, terá de dirigir-se aos serviços farmacêuticos
hospitalares periodicamente (cada 1 a 2 meses) munida de uma requisição que lhe
será fornecida pelo médico Infecciologista.
Estes tratamentos têm alguns efeitos secundários habitualmente bem suportados,
sendo no entanto conveniente alertar a mulher para a hipótese deles acontecerem.
A grávida infectada deve estar consciente que, sem a sua colaboração no
cumprimento correcto da medicação, não será possível controlar o VIH.
Periodicamente (de 2 em 2 ou 3 em 3 meses) serão pedidas análises, para saber se
há boa resposta ao tratamento instituído e se o organismo materno não se está a
ressentir de eventuais efeitos secundários dos fármacos.
O Psiquiatra e o Psicólogo de preferência na 1ª consulta e outras se necessário,
ajudá-la-ão a restabelecer o seu equilíbrio emocional e afectivo.
A Assistente social procurará a melhor forma de ajudar a resolver alguns problemas,
pela análise social da situação.
As consultas serão com a periodicidade duma consulta normal excepto se surgirem
complicações.
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Para quando o parto?
A programação do parto, far-se-á para as 38 semanas. Nesta idade gestacional, o
feto encontra-se em plena maturidade.
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No parto por via vaginal, dada a presença do VIH nas secreções vaginais, devem
evitar-se: a ruptura de membranas (ruptura do “ saco das águas” superior a 4 horas),
o trabalho de parto prolongado, a utilização de ventosa ou fórceps, assim como de
monitorização interna (cardiotocografia com eléctrodo no polo cefálico do feto depois
da ruptura das membranas).
A presença do VIH nas secreções vaginais, muito embora em quantidades ínfimas ou
muito reduzidas nas grávidas medicadas com anti-retrovíricos, constitui o principal
motivo para que se defenda hoje o parto por cesariana, como mais uma das medidas
que contribuem para reduzir a probabilidade de transmissão do vírus ao recém-nascido.
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Seguimento médico da mãe e da criança após o parto
Depois do parto, a perda dos lóquios infectados pelo vírus, poderá ser um problema
presente no espaço do convívio familiar. Existem normas de higiene que devem ser
rigorosamente cumpridas, para que se sinta bem, no meio
dos que a rodeiam: uma higiene cuidada de todo o corpo, o
uso de pensos de protecção, lavar cuidadosamente e
desinfectar (com lixívia) os objectos comuns aos membros do
agregado familiar.
Cerca de 1 mês e meio depois do parto é a
consulta de revisão, na Maternidade. Depois
do exame ginecológico e das cicatrizes
operatórias, o obstetra aconselha normas
contraceptivas eficazes, normas de conduta
para consigo própria, e para com os que a rodeiam, e indicar-lhe-á as consultas
especializadas que deve frequentar:
— Doenças
Infecciosas
(onde
irá
prosseguir
o
acompanhamento da Infecção VIH e a vigilância dos efeitos
do tratamento anti-retrovírico).
— Ginecologia de Alto Risco.
Uma mulher infectada pelo vírus
VIH
deverá
fazer
controlo
ginecológico de 6 em 6 meses,
uma vez que tem um risco
acrescido
para
desenvolver
infecções do aparelho reprodutor.
Por outro lado e devido ao enfraquecimento das defesas imunitárias provocado pelo
VIH, essas infecções manifestam-se de uma forma mais grave e por vezes têm uma
evolução rápida e progressiva para formas de cancro. São disso exemplo as
infecções do colo uterino por HPV (vírus do papiloma humano) e VHS2 (vírus do
herpes simples genital).
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— Pediatria, onde as crianças,
filhos de mães seropositivas,
irão fazer exames médicos e
análises, no sentido de se
diagnosticarem o mais cedo
possível, os casos (felizmente
pouco frequentes) de infecção.
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Como devem as mães seropositivas cuidar
dos seus bebés?
O que não deve ser feito
A mulher infectada pelo vírus da imunodeficiência
humana não deve amamentar o seu filho. O vírus é
excretado no leite pelo que, se o fizer, vai aumentar a
probabilidade do bebé ser infectado. Ao recém-nascido,
deve ser oferecido um leite adaptado, em biberão,
segundo as orientações do pediatra.
O que deve ser feito
Para tentar evitar que a criança se infecte:
A criança deve iniciar entre as 6 e as 12 horas de vida um tratamento com xarope de
AZT (Retrovir). Este medicamento deve ser dado de 6 em 6 horas, durante as
primeiras 6 semanas (a quantidade do xarope a dar depende do peso da criança e
ser-lhe-á explicada na data da alta da Maternidade). É muito importante que em casa
cumpra rigorosamente esta medicação.
Como saber se a criança está ou não infectada?
As crianças, filhas de mães seropositivas para o VIH, devem ser acompanhadas
numa consulta de Pediatria especializada. Na região Centro devem frequentar a
Consulta de Medicina / CDI do Hospital Pediátrico de Coimbra, onde uma equipa
composta por uma Pediatra, uma Técnica do Serviço Social, uma Educadora de
Infância e uma Enfermeira, as vai observar e orientar.
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Apesar das medidas que foram referidas para tentar evitar a transmissão da mãe para
o filho, infelizmente e em alguns casos raros, a criança está infectada. A detecção
dessa infecção deve ser feita cedo para que a criança inicie tratamento.
Os exames que são feitos nos adultos para saber se
estão ou não infectados, não servem para a criança
pequena. De facto a criança filha de mãe
seropositiva tem sempre ao nascer (e pode
manter até aos 18 meses), anticorpos para o
vírus, mesmo não estando infectada. Por
isso, os testes a realizar para diagnóstico na
criança, são de pesquisa do vírus e só
realizados
em
laboratórios
especializados. Assim, deve colher-
-se sangue à criança às 48 horas
de vida, repetir entre o 1º-2º mês e, se
estes forem negativos, entre o 4º-5º mês, para pesquisa do vírus (PCR). A 1ª colheita é
feita na Maternidade e as restantes, na consulta do Hospital Pediátrico de Coimbra.
Vacinações
A vacina do BCG não deve ser administrada ao recém-nascido de
mãe seropositiva. Irá ser administrada ao
4º-5º mês se os testes de pesquisa
do vírus forem negativos.
Todas as restantes serão administradas, segundo o Programa Nacional de
Vacinações, no Centro de Saúde da área de residência.
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Medicação para prevenir outras infecções
A criança infectada pelo VIH tem, ainda mais que o adulto, tendência a ter infecções.
A mais frequente e muitas vezes mortal é a pneumonia por Pneumocystis jirovecci,
que pode acontecer nos primeiros meses de vida.
Por isso toda a criança filha de mãe seropositiva, deve iniciar a partir da 6ª semana
de vida (quando termina a prevenção com o AZT) um antibiótico (cotrimoxazole),
dado três dias na semana, como será indicado na consulta de Pediatria.
Outras indicações
Os filhos de mães infectadas pelo VIH precisam, para além de uma alimentação
adequada, e do cumprimento de tudo o referido nestas notas, de muito carinho e
amor o que obrigatoriamente é devido, a qualquer criança deste Mundo!
Mães e bebés: uma unidade indissociável
A gravidez é um dos acontecimentos mais sensíveis e importantes na vida da mulher,
do homem (e do casal), que gera profundas alterações físicas e psicológicas,
preparando-os para ser mãe e pai.
O nascimento de um filho é considerado um dos principais momentos de transição do
indivíduo ao longo da vida, responsável por mudanças a nível individual, conjugal,
familiar e social, sendo uma oportunidade para mudança, crescimento e
enriquecimento pessoais. Com efeito, quando nasce um bebé, nascem também
uma mãe e um pai. Crianças e mães/pais, embora sejam pessoas separadas, com
direito a uma vida própria, são também uma unidade indissociável.
Tem sido bastante referido que a saúde mental materna durante a gravidez e nos
primeiros tempos após o nascimento do bebé, tem implicações importantes no bem-
-estar psicológico da mãe e da criança ao longo de todo o ciclo de vida. Isto significa
que é importante que sejam desenvolvidos cuidados abrangentes, físicos,
psicológicos e sociais, nos períodos pré e pós-natal, ou seja, durante e após a
gravidez.
Este aspecto é particularmente importante para as mulheres infectadas pelo VIH, que
têm de lidar, não só com as mudanças ocorridas durante a gravidez, como com as
exigências acrescidas da existência de uma doença como é a infecção pelo VIH.
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Ser mãe/pai exige assumir novas responsabilidades e desempenhar novas funções.
Essas responsabilidades e funções prendem-se com cuidados prestados ao bebé
directamente mas também com cuidados relacionados com a própria saúde.
Neste sentido, após o nascimento do bebé, o seguimento da mãe nas consultas de
Infecciosas e de Ginecologia, com o respectivo acompanhamento de enfermagem,
psicológico e social, é extremamente importante na medida em que ao cuidar de si,
a mulher está também a cuidar do seu filho.
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Apoios que poderão ser dispensados pela Consulta de
Acompanhamento Psicológico
Um psicólogo pertencente à Consulta de Acompanhamento Psicológico (ACOMPSIC),
integra a equipa de Obstetrícia-Infecciosas. Com sua intervenção procura ajudar a
mulher grávida e a sua família em diversas áreas da sua vida. Nomeadamente:
• Compreender melhor os aspectos relacionados com a doença e prevenir a sua
transmissão (através da utilização de estratégias psicoeducativas);
• Facilitar a expressão de emoções relacionadas com a infecção e ajudar a
desenvolver estratégias para lidar com emoções negativas (por exemplo,
ansiedade, tristeza, culpa, revolta);
• Lidar com as preocupações mais frequentes, principalmente as que se
relacionam com a gravidez; saúde própria; saúde dos filhos; responsabilidade;
etc.;
• (Quando necessário) ajudar na revelação sobre a infecção
ao
marido/companheiro e outras pessoas que sejam consideradas importantes;
• Contribuir para a melhoria das relações familiares e sociais da grávida e da sua
qualidade de vida;
• Desenvolver comportamentos positivos relacionados com a saúde ou estilos
de vida saudáveis.
Apoios que poderão ser dispensados pelo Serviço Social
da maternidade
O Serviço Social, integrado na equipa da consulta de Obstetrícia-Infecciosas, visa
efectuar um diagnóstico social, baseado em dados sócio-económicos e familiares,
que permitam detectar problemas que de algum modo estejam a condicionar a saúde
das grávidas e das suas famílias. Pretende, em conjunto com a próprias utentes,
definir estratégias que lhes possibilitem ultrapassar as dificuldades detectadas,
contribuindo assim para melhorar a sua “Vida”.
Poderá sempre que o desejar, solicitar a intervenção deste serviço. A Assistente
Social que apoia esta consulta, estará sempre disponível para os ouvir e, encaminhar
para os recursos existentes.
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Apoios que poderão ser dispensados pelo Serviço de
Enfermagem
A Enfermagem, inserida numa equipe multidiscilpinar, ao receber a grávida com
infecção de VIH/SIDA, tem o objectivo de cuidar de forma organizada e
personalizada, atendendo sobretudo a três aspectos importantes:
• Disponibilidade/Empatia
–
característica
básica
necessária
compreender o comportamento da doente e ajuda-la na sua recuperação
para
• Respeito pela confidencialidade – é um direito humano fundamental. A
grávida não deve ocultar factos sobre a sua doença ou do seu estado em geral,
isso só poderia prejudicá-la. Não receie colocar as suas dúvidas e
preocupações. É essencial a mútua confiança para um melhor atendimento.
• Educação para a Saúde – os ensinos são dirigidos consoante a idade
gestacional da grávida, abrangendo essencialmente:
• Acolhimento
• Alimentação
• Enxoval do bebé e mãe
• Sinais de parto
• Anestesia epidural
• Visita a sala de partos
Adaptando a cada utente estes (e outros) ensinos que sejam necessários/oportunos.
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Consulta de Obstetrícia-Infecciosas
Hospitais da Universidade de Coimbra
Dr.ª Lúcia Pinho: Obstetra - Maternidade Dr. Daniel de Matos
Dr.ª Eugénia Malheiro: Obstetra - Maternidade Dr. Daniel de Matos
Dr.ª Isabel Ramos: Infecto-contagiosas
Dr. Luís Marques: Psiquiatria - Maternidade Dr. Daniel de Matos
Dr. Marco Pereira: Psicologia - Maternidade Dr. Daniel de Matos
Dr.ª Rosa Henriques: Serviço Social da Maternidade Dr. Daniel de Matos
Enfermagem Maternidade Dr. Daniel de Matos
Hospital Pediátrico
Dr.ª Graça Rocha: Pediatra - Consulta de Medicina/CDI do Hospital Pediátrico de
Coimbra (HPC)
Dr.ª Rosa Gomes: Serviço Social do Hospital Pediátrico
Dr.ª Constança Moura Casas: Educadora de Infância do Hospital Pediátrico de
Coimbra
Enf. Isilda Pinto: Enfermeira da Consulta Externa do HPC
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Indicações úteis
Inibidores da
Dose diária
Observações
Inibidores da
Dose diária
Observações
transcriptase
protease
habitual
habitual
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Telefones úteis
Maternidade Dr. Daniel de Matos: ....................................................
Departamento de Doenças Infecciosas dos H.U.C.: ......................
239 403 060
239 400 638
Consulta de Acompanhamento Psicológico da Maternidade: ......
239 403 060
Serviço de Psiquiatria dos HUC: ......................................................
239 400 400
Serviço Social Pediátrico: .................................................................
239 480 306
Serviço Social da Maternidade:........................................................
Hospital Pediátrico: ...........................................................................
239 403 060
239 480 300
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VIVE
Olha nos meus olhos,
O meu olhar não mata!
Beija-me.
O meu beijo não mata!
Pousa a tua mão na minha,
A minha mão não mata!
O que me mata.
É esta solidão
Nascida do teu medo!
O que me mata
Não se chama SIDA!
Mata-me a tua falta de Esperança,
No que ainda resta
Da tua
E da minha vida!
MARTA BRINCA
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